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São Cristóvão
2016
São Cristóvão
2016
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso à minha
família que tanto me incentivou e me apoiou em todos os
momentos. Agradeço a Deus por isso, que Deus nos
abençoe sempre.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao Deus Pai todo poderoso que em sua infinita bondade
nos concede o dom da vida e em todos os momentos nos guia e nos dá a livre escolha de
ir e vir e ser feliz.
Agradeço a todos da minha família que sempre acreditaram em mim, dando cada
qual a sua contribuição nos aspectos morais. Aos meus pais José Israel e minha mãe
Dayse Santos por me colocarem nesse mundo e poder chamá-los de pai e mãe.
À minha esposa Miriam e aos meus filhos Carlos Eduardo e Danielly Silva por
terem compreensão, pois estive muitas vezes ausente como pai e esposo por conta dos
trabalhos acadêmicos.
Aos meus colegas de curso com os quais trabalhei junto.
Aos colegas, dirigentes, alunos e a todos que fazem parte da família Banda
Marcial Dom Pedro I do povoado Aguada em Carmópolis-SE.
Aos professores de instrumentos de metal com bocal da Banda Dom Pedro I.
A todos os professores do Departamento de Música da UFS com os quais me
identifiquei e em especial a Profa. Dra. Rejane Harder a qual foi minha orientadora em
todos os estágios obrigatórios e também do PIBID.
A Profa. Dra. Mackely Ribeiro Borges que dedicou muito do seu tempo para que
este trabalho acontecesse da melhor forma possível.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Marcial Dom Pedro I do povoado Aguada em Carmópolis SE? Para responder essa
indagação, foi adotada uma análise descritiva da metodologia que os professores
utilizam na banda. Os dados foram coletados através de observação indireta e descrição
dos fatos.
Com o propósito de esclarecer a questão levantada, este trabalho foi elaborado
respeitando a seguinte estrutura: seguindo à Introdução, o capítulo II faz uma curta
abordagem dos diferentes significados atribuídos ao termo banda de música, além de
um breve histórico das bandas de música no Brasil e a caracterização de quatro
variações de bandas que são mais evidentes devido à presença simultânea das mesmas
em muitas cidades brasileiras: banda de música militar, civil, sinfônica e estudantil ou
marcial.
O Capítulo III tem como foco a Banda Marcial Dom Pedro I, iniciando com
uma breve exposição sobre cidade de Carmópolis e seguindo com a história da banda, a
sua importância para a comunidade e a metodologia aplicada no ensino de instrumentos
de sopro da família dos metais com bocal: sua finalidade, os professores, as aulas, os
ensaios, as apresentações, os desfiles e os campeonatos como elemento facilitador da
aprendizagem.
Nas considerações finais há uma breve abordagem a respeito do conteúdo e
informações obtidas, os quais possibilitaram uma discussão concisa acerca dos
questionamentos levantados no decorrer deste estudo.
Além das motivações pessoais para a realização desta pesquisa, pois o autor
deste trabalho é o próprio regente, este trabalho justifica-se pela necessidade de
ampliação e discussão sobre as metodologias utilizadas no ensino de música nas bandas
que realizam trabalhos como a Banda Marcial Dom Pedro I em foco neste trabalho.
9
A história das bandas de música no Brasil tem seu marco inicial no período
colonial. Pelo menos é o que nos aponta a literatura. Mariz (1983, p. 37), quando
menciona que, nos primeiros séculos de colonização portuguesa, as músicas que eram
ensinadas no Brasil estavam diretamente ligadas à igreja e à catequese. “Os
Franciscanos e, sobretudo os Jesuítas desempenharam um papel muito importante a
partir do século XVI”.
Com o interesse eminentemente catequético, segundo Kiefer (1977), os jesuítas,
vindos de Portugal para a Bahia em 1549, agrupavam e musicalizavam os índios.
Iniciava a primeira espécie de agrupamento instrumental no Brasil. Entretanto,
conforme Mariz (1983), com o precoce interioramento dos indígenas e a crescente mão
de obra escrava africana, os negros e seus descendentes passaram a constituir os
intérpretes e “criadores de músicas que se fazia no Brasil” (MARIZ, 1983, p.39). Ainda,
11
segundo Mariz (1983), “O Francês Laval, que visitou a Bahia em 1610, relata sobre um
ricaço que possuía uma banda com trinta figuras, todos negros escravos, cujo regente
era um francês provençal”.Paralelamente, os padres e os ricos importavam músicas
escritas e instrumentos musicais de Portugal e de outros países da Europa.
Na trajetória da história brasileira, os grupos musicais foram crescendo em
quantidades e formas e, a partir da inserção de instrumentos de sopro e percussão,
atingiram as atuais formações de bandas de música. O grande marco para esse
desenvolvimento foi a chegada da família Real no Brasil, em 1808. Havia uma
preocupação de D. João VI de residir em terra culturalmente desenvolvida e, por esse
motivo, investiu especialmente na cidade do Rio de Janeiro na formação e
aperfeiçoamento das bandas de música (MARIZ, 1983, p. 54).
A banda de música de um modo geral, e independente de sua categoria, faz parte
de um mundo de tradição artístico-cultural de grande importância para a comunidade,
tanto no aspecto de entreter quanto no aspecto educacional. Essa ação de entretenimento
e de educação através da música caracteriza um movimento cultural que se manifesta
em diversas regiões do Brasil e no mundo. No Brasil essas bandas, que também são
chamadas de corporações, lira, Euterpe, filarmônica, entre outros, têm sua origem nos
primórdios da colonização portuguesa, se configurando como forte identidade musical
do país (SILVA, 2012).
Tacuchian (1982) menciona registros que indicam que a primeira banda civil
brasileira que se tem notícia data de 1554, após ser apreciada pelo Padre Manoel Nunes,
que fazia uma viagem de São Paulo a Santos para visitar o colega de ordem religiosa, o
jesuíta Manuel de Paiva. Nessa ocasião, o Padre Manuel constata que a banda é formada
também por músicos brasileiros, porém com a maioria dos integrantes lusitanos. Padre
Manoel que, ao ouvir a execução musical do conjunto instrumental, permaneceu em
estado de encantamento. “Se os índios brasileiros eram musicais, os negros não lhes
ficavam atrás” (TACUCHIAN, 1982, p. 66).
Era coisa normal, coisa de bom tom e sinal de distinção, ter negros
choromelleyros no inventário duma casa de gente abastada. Os choromeleiros
aparecem abundantemente citados nas procissões e actos públicos gerais de
Villa Rica e Mariana.
Diferentemente dos charameleiros, que atuavam no meio rural (nas fazendas e nos
engenhos), as bandas de barbeiros historicamente foram os primeiros responsáveis pela
animação cultural do público nos centros urbanos (BENEDITO, 2005). Os barbeiros
músicos não possuíam ajuda financeira ou qualquer incentivo cultural para que
desenvolvessem essas atividades. Pelo contrário, eram muito discriminados por serem
filhos de escravos ou escravos libertos (ALMEIDA, 2010; COSTA, 2011 e
FAGUNDES, 2010).
Segundo Sadie (1994), a expressão banda militar surgiu no final do século XVIII
se referindo a uma banda de regimento. Os instrumentos que constituem o grupo são as
madeiras, os metais e a percussão. A nomenclatura é empregada também a qualquer
grupo que execute música militar, abrangendo sinais e chamadas militares. A banda de
música militar participa de solenidades militares como: posse de comandantes, visitas
de generais, ministros e outras autoridades, executando música, especificamente
14
1
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, disponível em <http://www.infopedia.pt/$erario-
regio>. Acesso em: 25 abr. 2016. Erário régio significa:
Órgão de controle dos dinheiros públicos, criado pelo marquês de Pombal em
1761, altura em que foi extinta a Casa dos Contos. Centralizava todas as
funções da tesouraria do Estado. Era presidido pelo inspetor-geral do
Tesouro, cargo que foi exercido pelo próprio marquês de Pombal enquanto
esteve no poder, e estava organizado em quatro repartições ou contadorias-
gerais, com atribuições diferenciadas. Referia-se ao cofre público sob o
poderdo rei. O Erário Régio foi extinto em 1833, passando as suas funções
para o Tribunal do Tesouro Público.
15
Alguns estudos têm demonstrado que a banda militar surgiu no Brasil em 1802.
No entanto, a origem da banda militar no Brasil está ligada à vinda da família real em
1808. A sua atuação está ligada às solenidades reais e também se fazia presente nas
visitas e viagens do imperador e nos marcos históricos importantes como a guerra do
Paraguai. O século XIX foi um dos mais significativos períodos para a banda de música
no Brasil, devido à regulamentação da banda militar e, posteriormente, a criação de
corporações musicais militares introduzidas por D. João VI, incluindo a banda dos
Fuzileiros Navais (PEREIRA, 1999).
De modo geral, Fagundes (2010) define banda civil a partir de sua constituição
instrumental de sopro e percussão. Essa conceituação torna-se insuficiente, uma vez que
toda banda de música seja ela militar, civil, sinfônica, estudantil, marcial, dentre outras
variações, possuem sopros e percussão em sua formação instrumental, impossibilitando
a diferenciação (apesar desta não poder ser adensada por não haver um consenso
conceitual entre autores e conhecedores do tema) das diversas modalidades de bandas
existentes.
Benedito (2005,apud FAGUNDES, 2010), sobre a estruturação instrumental das
bandas civis menciona que elas seguem o modelo europeu, especialmente de Portugal,
em que a constituição instrumental se da basicamente por trompetes, trombones,
saxhorns, clarinetas, saxofones e percussão. Além dos instrumentos citados acima,
atualmente no contexto brasileiro as bandas utilizam também as flautas, flautins,
requintas, trompas, bombardinos e variados instrumentos de percussão como: caixa,
bumbo, pratos, afoxé, ganzá e outros.
As bandas civis com essa formação se identificam com as classes sociais
populares e com as cidades do interior, em contrapartida as grandes orquestras que
realizavam concertos nos teatros das capitais acompanhando pianistas, violinistas,
flautistas, cantores líricos, e outros, eram destinadas a classe alta e intelectual.
A respeito do surgimento das bandas civis no Brasil, Carvalho (2006) afirma que
é no século XIX que, em meio à decadência do ciclo do ouro que, por sua vez, acaba
por comprometer a ostentação e esplendor das cerimônias religiosas, as bandas civis são
criadas, a princípio formadas por músicos militares, e passam a assumir os serviços
eclesiásticos antes realizados pelas orquestras. Essa mudança ocorreu certamente pela
dificuldade no pagamento aos serviços musicais das orquestras. Essa nova categoria de
17
A parte cultural mais ativa era ainda a presença de duas filarmônicas, a Nossa
Senhora da Conceição, a cujos componentes Sebrão, sobrinho chamaria de
conceiçoanistas, e a Santo Antônio. Infelizmente, as duas, independente do
brilho, se perdiam na rivalidade política local, vestindo como era de praxe,
camisas partidárias. A Filarmônica N. S. da Conceição reverenciava o
Coronel José Sebrão de Carvalho. A filarmônica Santo Antonio batia
continência para o Dr. Manoel Baptista Itajahy. A música era a única atração
cultural para os homens, independentemente da profissão. Alfaiates, carpinas,
sapateiros, pedreiros, comerciantes, ricos, pobres e remediados, todos
aprendiam música para encher o tempo, visto que, além da profissão, não
havia mais o que fazer. Daí as bandas serem numerosas, principalmente a
Nossa Senhora da Conceição.
18
Com o exposto, fica evidente que as bandas civis desenvolveram-se a partir das
influências das bandas militares. Essas influências se deram a partir da atuação dessas
bandas fora dos quartéis, com apresentações públicas em coretos, praças, desfiles, festas
de igrejas, procissões etc. Nesta mesma linha de pensamento, Tinhorão (1998, p. 180)
afirma que:
A banda musical civil tem em sua formação pessoas de várias classes sociais da
comunidade local. Conforme cita Dal Ré (apud SANTOS, 2004, p. 20), são
agrupamentos formados “essencialmente de operários, artesãos” que não mantêm
“muita relação com a escola tradicional”. Segundo Santos (2014, p. 20), os músicos “se
reúnem pelo prazer de tocar e pelos aspectos sócios musicais do fazer música”. Nessa
mesma linha de pensamento, Cançado (2003, não paginado) diz:
As bandas civis muitas vezes são apelidadas, recebendo nomes como Furiosa,
Esquenta Mulher, Quebra Resguarde, Carne Seca, Rabuja, Pirão D’água, Espanta Gato,
Pelada dentre outros mais. Estes apelidos se davam quanto a questões de afinação,
garbo, fardamento e número de integrantes (HOLANDA FILHO, 2010).
A partir de 1930, surge uma nova categoria de banda de música nas igrejas
evangélicas do país, formadas por membros das igrejas, que executavam músicas
2
Disponível em: < http://anovademocracia.com.br/no-6/1251-a-banda-de-musica-e-a-alma-do-povo>.
Acesso em: 30 abr. 2016.
19
Quando se fala de banda de música, não há como não associá-las com a história
da música popular brasileira, devido a essa corporação representar e ser a grande
difusora e mantedora de vários gêneros musicais populares do século XIX. De acordo
com Holanda Filho (2010), essas entidades são grandes divulgadoras das músicas e
danças oriundas da Europa e trazidas para o Brasil como, por exemplo, a valsa, surgida
na França em finais do século XVI, chegando ao Brasil por volta de 1837. A polca, uma
dança que teve origem na Bohemia, foi dançada no Brasil pela primeira vez em 1845,
vindo depois o scotish de origem inglesa, em 1851. Posteriormente surge o maxixe, o
primeiro gênero de música urbana criada no Brasil, aproximadamente em 1870. O
maxixe mesclava a habanera, a polca e o lundu, esse último de origem africana. Pode-se
ainda acrescentar as danças mazurca, gavota e quadrilha. Assim, as bandas de música
executavam em seu repertório as danças européias e ritmos africanos trazidos pelos
escravos que se abrasileiravam ao chegarem ao Brasil pelo porto do Rio de Janeiro.
Além disso, Granja (1986) observa que as bandas se constituíram como núcleos
20
formadores dos músicos que faziam parte dos primeiros grupos de chorões do final do
século XIX.
3
ROCHA. José Roberto Franco da. O Dobrado:Breve Estudo de um Gênero Musical Brasileiro. Artigo. Disponível
em:<WWW.liraserranegra.org.br/dobrado.pdf.> Acesso em: 04 de mai. de 2016.
21
evento onde esse grupo estará se apresentando, podendo apresentar desde música de
concerto e ópera a grandes sucessos de música popular.
necessário lugares apropriados que irá influenciar em uma boa acústica importante para
um bom desempenho na performance e no repertório.
A banda sinfônica tem uma formação profissional e possui a estética sonora-
musical fundada na música erudita bem como a orquestra sinfônica. Por conseguinte, a
banda sinfônicaé construída a partir de uma instrumentação mais variada, em
comparação de uma banda civil, e é voltada para uma ideologia estético-musical erudita
calcada nos moldes europeus e norte-americanos.
De acordo com Fagundes (2010), a função que a banda sinfônica exerce está mais
relacionada ao papel do ouvinte que é prestigiar e apreciar o concerto, cabendo a banda
o papel de entreter o público, buscando a melhor performance (caracterizada pelos
princípios eruditos) através de sua riqueza timbrística. A banda sinfônica toca em
ambientes fechados com música destinada apenas a uma pequena parcela de pessoas
que freqüentam os lugares onde se apresentam a exemplo das salas de concertos e
teatros, diferentemente da banda civil, que se apresenta geralmente em ambientes
abertos.
que o tambor é o mais antigo instrumento de música que teve acentuada penetração na
Grécia, chegando a ser muito conhecido nos países da Europa por meio das Cruzadas.
De acordo com Carvalho (2006), as cruzadas foram o maior movimento militar
ocorrido na Idade Média. Tudo indica que, nessa época, a música não era empregada no
campo de batalha, apesar de estar presente nas cortes e igrejas da Europa. A música só
foi inserida no campo de batalha pelos Cruzados, assim que estes estabeleceram
contatos com seus inimigos, os Sarracenos4. Entre as funções que a música detinha na
comunidade Sarracena, era a de transmitir ordens e designar formações de combate,
causar pavor e medo nos inimigos e ânimo nos soldados. O povo Sarraceno dispunha
dos instrumentos anfil, espécie de corneta possante; o tabor, tambor pequeno, e os
naker, tipo de percussão usada em pares.
Os cruzados, inspirados nos Sarracenos, ao retornarem para a Europa levam
consigo os instrumentos citados acima e a idéia de seus inspiradores de implementá-los
nos combates. Devido à absorção de muitos homens pelos exércitos feudais, a prática de
música marcial foi rapidamente difundida. Por esse motivo, os músicos assumem o
papel de conduzir as tropas tocando em campanhas e durante as marchas vitoriosas
(CARVALHO, 2006).
Existe uma diversidade de instrumentos de percussão a exemplo da caixa de rufo,
caixa de guerra, caixa surda, a qual compreende vários tipos entre os quais: surdo-mor,
surdão, surdo-gigante e outros, bem como o bombo. Dentre esses instrumentos, o surdo-
mor, o surdão e o surdo gigante costumeiramente são utilizados nas bandas marciais.
Com o passar do tempo o bombo começou a ser utilizado principalmente para dar
reforço ao ritmo.
Tomando como base o regulamento da Confederação Nacional de Bandas e
Fanfarras (CNBF) de 2015, as bandas marciais são caracterizadas pela composição das
seguintes categorias instrumentais: família dos trompetes, família dos trombones,
família das tubas e família dos saxhorns; instrumentos de percussão: bombos, tambores,
prato a dois, prato suspenso, caixa clara. Instrumentos facultativos: marimba, trompa,
tímpano, glockenspiel, campanas tubulares e outros de percutir.
4
“Sarracenos é a denominação de um indivíduo que pertencia a um povo nômade, pré-islâmico, que
habitavam os desertos entre a Síria e a Arábia. [...] Depois, particularmente na época das Cruzadas, o seu
uso estendeu-se a todos os mulçumanos". Disponível em:
<http://www.dicionarioinformal.com.br/sarraceno/>.
Acesso em: 21 mar. 2016.
24
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1 1 1 1 1 1 1
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3 3 3 11 3 3 3
Brasil e o corpo de Fuzileiros Navais. Está estabelecida na Fortaleza de São José da Ilha
das Cobras, situada no interior da baía da Guanabara, pertencente ao estado do Rio de
Janeiro. Ela tem um diferencial que é a utilização de Gaitas escocesas. A banda é
bastante solicitada para apresentar-se em todo território brasileiro, devido a sua
aprimorada técnica nas evoluções executadas pelos seus componentes, causando grande
entusiasmo ao público apreciador. Essa prática tem influenciado a criação de fanfarras
nas escolas brasileiras, considerando a banda marcial um modelo e exemplo para as
bandas escolares. Além disso, essa prática tem contribuído para a manutenção da
tradição de bandas na cidade e principalmente no interior.5
9
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4 4 4 4 4 4 4 4
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6 6 6 6 6 6 6 6
5
Informação extraída no seguinte endereço eletrônico:
<https://www.mar.mil.br/cgcfn/cfn/marcial.htm>Acesso
em:
02
mar.
2016>.
Acesso
em:
15
abr.
2016.
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8 8 8 8 8 8 8 8
2 2 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2
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3 3 3 3 3 3 3 3
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3 3 3 3 3 3 3 3
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3 3 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
Figura 5: Formação da Banda do Corpo dos Fuzileiros Navais com toda instrumentação que a
compõe. Fonte: Reis (1962).
30
Segundo Veronesi (2006), era inexistente a figura da linha de frente nas bandas
em datas anteriores à década de 1950. Só a partir de 1959 a presença da linha de frente
pôde ser percebida em uma das edições do Concurso Nacional da Rádio Record6 e,
6
Segundo Silva (2012, p.46), a Rádio Record foi pioneira na organização de concursos de bandas
marciais. Atualmente as competições promovidas pela rádio seguem sendo referência, mobilizando
músicos, regentes, balizas, coreógrafos e outros, na busca por premiações e reconhecimentos perante a
comunidade. Nas palavras de Brandani (1985, p. 35):
31
mesmo assim, de forma tímida. Porém, essa situação tem mudado com o passar dos
anos, nos dia de hoje, é rara uma banda que não possua a linha de frente em sua
comitiva.
Lima (2007) cita que a linha de frente reúne todo pessoal que desfila à frente dos
músicos instrumentistas, carregando cada qual o seu aparato. Essa servindo como
identificação da corporação: portadores de brasões, porta-bandeiras (estandartes e/ou
bandeirolas), guarda de honra, mor, balizas e corpo coreográfico. O mor se encarrega de
coordenar a movimentação do grupo, em especial a linha de frente por intermédio do
manejo de um bastão. As balizas executam movimentos que podem incorporar passos
de ballet clássico, dança moderna, deslocamento referente à ginástica olímpica e
acrobacias. Faz-se necessário ressaltar o manuseio de objetos como bolas, bastão e
outros. Normalmente, o corpo coreográfico é constituído por jovens do sexo feminino,
que transmitem ao mesmo tempo marcialidade e graciosidade através de sua dança e
gestos.
Segundo Lima (2007), as balizas desenvolveram sua arte apoiada nos objetivos
das escolas públicas de disciplinar seus alunos (e de suas bandas escolares) através da
formação cívica de uma juventude. Além disso, como mencionado anteriormente,
basearam sua arte em algumas modalidades de ginástica e dança, como também fizeram
Com o Campeonato de Fanfarras e Bandas da Rádio Record, as bandas
marciais tiveram seu real significado, pois o único a existir realmente a nível
nacional, durante um quarto de século, com apoio de um veículo de
comunicação de massa. Mobilizando milhares de pessoas – público,
estudantes, músicos, profissionais de comunicação -, o Campeonato faz parte
de nossa história musical, por ter mantido viva essa tradição popular.
32
uma releitura de alguns movimentos proveniente de circo. Porém, essas sob a vigilância
das escolas, para que não fossem admitidos movimentos que remetessem ao burlesco e
à palhaçada, pois o que se predominou principalmente nos campeonatos foram os
elementos da disciplina, do cálculo e do autocontrole do corpo e das emoções.
Como foi dito no início deste subtópico, a banda marcial é uma categoria que tem
em sua origem influências do militarismo grego e que vem sofrendo novas influências
das bandas escolares dos Estados Unidos em muitos aspectos concernentes à sua
conceituação, origem, composição instrumental, repertório, performance, educação
musical, fardamento dos instrumentistas, adereços e indumentária das balizas e que, por
isso, acabam adquirindo novas características que veremos a seguir.
Desde o ano de 1998 vem ocorrendo uma mudança com relação ao material de
bandas e fanfarras devido à “americanização” das corporações, que vem introduzindo
técnicas norte-americanas de percussão e evoluções rítmicas, as quais são chamadas
popularmente de coreografias. Além da introdução de evoluções coreográficas na
organização das bandas, novos investimentos estão sendo realizados pelas corporações
com o objetivo de renovar e modernizar o instrumental rítmico, mais uma vez
referenciado na cultura norte-americana. Os instrumentos de percussão inseridos foram
33
os denominados snare drum que, traduzido para o português significa caixas tenores
para marcha, bass drum, representando um conjunto de bombos de afinações diferentes
e o tenor drum, correspondendo aos quadritons e quintotons. Esses instrumentos se
tornaram uma novidade no cenário da banda marcial brasileira e contribuíram com o
desenvolvimento da mesma, tornando-a mais enriquecida (VERONESI, 2006).
Como foi dito nos parágrafos anteriores, as bandas marciais brasileiras sofreram
influências das bandas marciais norte-americanas e essas implicaram em modificações
ou criações de evoluções rítmicas e coreográficas, além de também influenciarem na
escolha do repertório, assunto que veremos a seguir.
Outro fato que leva as bandas marciais do Brasil a executarem muito pouco o
repertório tipicamente brasileiro é o fato de terem que adaptar ou fazer um novo arranjo
das músicas de bandas de música para banda marcial. Neste caso, na tentativa de
produzir ou pelo menos chegar próximo da sonoridade do naipe de instrumentos de
palhetas de uma banda de música em uma banda marcial, requer uma análise rigorosa
detalhada da comparação de timbres e da tessitura dos instrumentos para que se tenha
um resultado satisfatório.
Segundo Lima (2007), existe nos Estados Unidos uma quantidade mais elevada de
cursos destinados à formação de arranjadores e professores para banda. Tais cursos
garantem o aprendizado dos segredos da instrumentação, que determinam quais notas
são mais indicadas para cada instrumento, em conformidade com o efeito sonoro
desejado. Nesse sentido, existe uma significativa produção bibliográfica alusiva às
bandas de música no país, razão pela qual o pesquisador Joel Barbosa (1994), quando
35
Levando em conta a origem da banda marcial que vem das bandas militares, o que
é priorizado na banda marcial são os ritmos marciais. Contudo, o nome marcial não
restringe a execução de um repertório mais diversificado em outras eventualidades que
não sejam em competições e que permaneçam parados, como apresentações em praças,
parques e outros locais. Isso mostra que não existe uma rejeição do samba, porém
Segundo Lima (2007), outro motivo pelo qual as bandas estudantis se referenciam
nas bandas norte-americanas está no almejo e na tentativa de alcançar o mesmo
prestigio usufruído por elas. De tal modo que as bandas que reproduzem o mesmo
padrão estético e sonoro das bandas estudantis estadunidenses têm um objetivo em
promover boas impressões aos jurados de campeonatos, um poder de diferenciação que
também tende a impressionar por vencer dificuldades técnicas. Vale ainda ressaltar que
essa busca da similitude nas bandas dos EUA, significa obter um status mais
aproximado possível das bandas de concerto e orquestras.
36
Como foi dito nos parágrafos anteriores que as bandas marciais brasileiras
sofreram influências das bandas marciais americanas, é possível perceber que nos
desfiles cíveis em comemoração ao dia 7 de setembro, nos campeonatos e demais
eventos, que o fardamento utilizado pelas bandas marciais brasileiras é inspirado nos
fardamentos das bandas marciais americanas. Porém, a tradição dos fardamentos pode
estar ligada às bandas de charameleiros conforme apontamos anteriormente deste
trabalho.
A Educação Musical promovida pelas bandas marciais é outro ponto que não
deixa de ter influência dos Estados Unidos no processo de ensino. Temos como
exemplo dessa interação cultural educacional o Método Da Capo, que foi criado e
publicado no ano de 2000 pelo professor Joel Barbosa, da Universidade Federal da
Bahia. A criação do método teve como embasamento os métodos modernos de ensino
coletivo instrumental dos Estados Unidos. O título original desse método é Adaptation
of American Instruction Methods to Brazilian Music Education Using Brazilian
Melodies e foi traduzido pelo próprio autor quando regressava do seu doutorado nos
Estados Unidos, para Da Capo: Método elementar para ensino Coletivo ou Individual
de instrumentos de banda. No seu trabalho, Joel Barbosa abordou músicas folclóricas
brasileiras, o que motivou de forma muito rápida sua requisição por parte de diversos
mestres de banda e adeptos do ensino coletivo de grupos musicais.
Todas essas influências que vimos anteriormente das bandas marciais norte-
americanas sobre as bandas marciais brasileiras também influenciaram de algum modo
a Banda Marcial Dom Pedro I do povoado Aguada em Carmópolis SE, assunto que
abordaremos no capítulo seguinte.
7
Art. 17. Tópico 3.1. Banda Marcial:a) Instrumentos melódicos característicos: família dos trompetes,
família dos trombones, família das tubas e saxhorn;b) Instrumentos de percussão: bombos, tambores,
prato a dois, prato suspenso, caixa clara;c) Instrumentos facultativos: marimba, trompa, tímpano,
glockenspiel, campanas tubulares e outros de percutir.
Disponível em: < http://abafavi.webnode.com.br/regulamentos/regulamento-nacional-cnbf/>.
Acesso em: 03 mai. 2016.
37
8
Monte Carmelo é o principal ponto turístico da cidade de Carmópolis e conta com um restaurante, lojas
de artesanato, altar, parque infantil, velário, projeto paisagístico, iluminação temática, estações da Via
Sacra e também uma grande imagem de Nossa Senhora do Carmo, a padroeira do município, em uma
estrutura com mais de 30 metros de altura, tudo isso em uma extensa área com 7.700m².Fonte disponível
em:<http://www.aquidaba.se.gov.br/noticias/turismo/novo-monte-carmelo-desenvolve-turismo-religioso-
em-carmopolis>. Acesso em: 14 abr. 2016.
9
Informações disponíveils no Blog Sou+Carmópolis. Disponível em:
38
Segundo Góes (2002, p. 57), “as referências mais antigas sobre o território que
forma hoje as terras de Carmópolis [...] são de 1575, quando as colunas do conquistador
Cristovão de Barros começaram a invadir Sergipe”. No período entre o fim do período
colonial e início do império surgiu um povoado chamado Rancho. Segundo Góes
(2002, p. 57), o local foi “um ponto de parada de feirantes que ali se aglomeravam e
passavam em comboio para a antiga Mata do Bom Sucesso. Nela existia um quilombo
formado por escravos que fugiam dos engenhos do Cotinguiba e atacavam os viajantes”.
Não se sabe ao certo quando foi mudado o nome de Rancho para Carmo, mas na
Lei Estadual nº 27, de 27 de fevereiro de 189010 já está escrito com os dois nomes,
Rancho e Carmo. A origem do nome “Carmo” pode ter sido pela influência dos freis
Carmelitas da Missão de Japaratuba entre os anos de 1880 e 1890. De acordo com
Góes:
<http://fontesdahistoriadesergipe.blogspot.com.br/2011/01/historia-de-carmopolis-para-o-
concurso_04.html>. Acesso em: 14 abr. 2016.
10
Compilação das Leis e Decretos do Estado de Sergipe, Vol. II – 1892-1893.
11
Lei Estadual nº 83, de 26 de Outubro de 1894.
12
Lei Estadual nº 819, de 07 de Novembro de 1921.
13
Lei Estadual nº 831, de 16 de Outubro de 1922.
39
Figura 9:Banda Marcial Dom Pedro I em frente à sede. Na parte inferior da foto, à
esquerda, o Coreografo Edinho Soutré, no meio a Diretora Islaneide de Jesus e à direita
o Regente Daniel Silva. Na primeira fileira acima o corpo coreográfico e da segunda
fileira em diante o corpo musical.
Fonte: Arquivo da Banda.
Figura 10: Banda Marcial Dom Pedro I em desfile cívico no Povoado Aguada em 2014.
Fonte: Arquivo da Banda.
43
Figura 11: Banda Marcial Dom Pedro I em uma apresentação Natalina em 2014.
Fonte: Arquivo da Banda.
3.3. A IMPORTÂNCIA DA BANDA PARA A COMUNIDADE
As bandas escolares, de um modo geral, assim como outros grupos culturais que
oferecem para seus integrantes um aprendizado significativo de seus valores contidos
em seus respectivos conteúdos educacionais, fazem um papel importante na inserção
social de crianças, jovens e adultos. São as bandas ou grupos musicais, que dão a
oportunidade para as comunidades, muitas vezes carentes, de aprenderem algo tão
significativo a ponto de mudar as perspectivas de vida dos participantes, e isso se
constata através de muitos desses componentes que aprendem tudo que lhes é ensinando
e tomam essa educação de maneira a se tornarem profissionais e conquistarem espaços
de trabalho com o que aprenderam.
Nesta mesma linha de pensamento, Cislaghi (2009) afirma que a banda “permite
afastar crianças e jovens da marginalidade social, possibilitando uma melhora na
qualidade de vida das crianças e jovens atendidos, além de possibilitar uma possível
profissionalização” (CISLAGHI, 2009, p. 19). Esses fatores destacados por Cislaghi
(2009) proporcionam uma confiança por parte dos pais ou responsáveis pelas crianças e
jovens, contribuindo, assim, com o incentivo para que eles participem dessas bandas de
música.
A Banda Marcial Dom Pedro I também tem esse papel de dar oportunidades aos
seus integrantes de aprenderem música e se tornarem profissionais. Desde sua criação
em 2002 até o ano de 2009, a banda teve o papel de oferecer uma educação musical para
seus componentes e em troca dessa educação os alunos tocavam em eventos da
comunidade e mostravam tudo que haviam aprendido ou estavam aprendendo. Porém, a
partir de 2010, além de manter a educação musical, a banda conseguiu junto com a
prefeitura um sistema de Bolsa Música, que é uma verba repassada através da Prefeitura
de Carmópolis para a banda, que é utilizada no pagamento dos professores, regente e
dirigentes, além de ser destinada também aos alunos em suas respectivas categorias A,
B e C, como forma de incentivo ao aprendizado musical. Com tudo, o quadro de
professores aumentou de dois para quatro, possibilitando assim um maior número de
alunos.
A seguir, quadro descritivo dos dirigentes da banda com suas respectivas funções
e quantidades de componentes a partir de 2010:
46
FUNÇÃO QUANTIDADE
Regente 1
Professor de metais 2
Professor de percussão 1
Professor de coreografia 1
Diretor/Presidente 2
A Banda Marcial Dom Pedro I possui sede própria que se constitui de uma sala
ampla com ar condicionado para os ensaios geral do corpo musical e do corpo
coreográfico, duas salas menores onde são guardados os instrumentos e outros materiais
de linha de frente, uma diretoria onde se encontram o arquivo de partituras e um
computador, que é usado para inscrições dos componentes como também na elaboração
de arranjos, adaptações das músicas e pesquisas sobre o repertório.
A Banda Marcial Dom Pedro I é constituída por um instrumental nos moldes da
categoria de Banda Marcial, do regulamento da Confederação Nacional de Bandas e
Fanfarras (CNBF).
Abaixo segue os quadros de instrumentos e quantidades de instrumentistas que
compõem a Banda.
Tuba 3
Caixa 4
Quinton 2
Pratos/pares 3
3.6. A EDUCAÇÃO MUSICAL NAS BANDAS: METODOLOGIA DE ENSINO
51
3.7.1. Finalidade
De acordo com a necessidade da banda que é formar e manter um grupo de alunos
que possam, num curto espaço de tempo (no máximo quatro ou cinco meses), integrar o
quadro de componentes da banda, os professores se empenham o bastante nas aulas
individuais até um ponto em que os alunos tenham a mínima condição de fazer parte do
ensaio em grupo com o respectivo conhecimento: saber identificar a tonalidade, o tipo
de compasso, as células rítmicas, como também a própria execução no instrumento que
se dispõe a tocar. É necessário citar que esses aspectos são os mais básicos para que o
aluno possa se inserir no contexto de ensaio geral, porém, após essa fase entra outra
etapa mais aprofundada da educação musical como, por exemplo: aspectos de
interpretação através de audições de outras bandas ou do próprio professor ao executar
determinados trechos das músicas trabalhadas no repertorio da banda. Além desses
aspectos teóricos e práticos, outra finalidade da banda é o uso da música como
ferramenta educacional na formação do aluno enquanto cidadão, bem como dar
oportunidade ao estudante de se profissionalizar no campo musical.
3.7.2. Os professores
Existe um fator comum nas bandas civis interioranas, especificamente nas bandas
de origens escolares, que é o de possuírem um único professor, geralmente o próprio
regente, que tem a função de ensinar todos os instrumentos da banda. Na Banda
Marcial Dom Pedro I não foi diferente, pelo menos nos anos compreendidos entre 2010
e metade de 2012. Vale citar que nessa mesma época a banda teve dois professores na
área de trombone, Israel Santos Silva e Thiago de Sá Oliveira, porém não
permaneceram por muito tempo por motivo de força maior. Em meados de 2012 foram
inseridos na banda dois professores de instrumentos de metais com bocal, Elton Hudson
e Raimundo Feitosa, para ministrar aulas de trompete, flugelhorn, trombone, tuba,
bombardino e trompa, os quais ainda permanecem na banda. Esses professores já
52
Figura 12: O professor Raimundo ministrando aula de trompete.
Fonte: Arquivo da Banda.
53
Figura 13: O professor Elton ministrando aula de trombone, tuba e bombardino.
Fonte: Arquivo da Banda.
3.7.3. As aulas
meses de fevereiro e março, a segunda entre abril e maio e a terceira etapa entre junho e
agosto, pois no mês de setembro aqueles alunos que tiveram êxitos em todas as etapas
passam a participar dos desfiles cívicos e demais eventos como campeonatos, retretas
etc.
As aulas acontecem duas vezes por semana e de forma sistematizada com duração
de duas horas e meia nos períodos da manhã e tarde. Nos primeiros 50 minutos das
aulas, os professores aplicam conteúdos de teoria musical básica, em seguida aplicam
atividades de prática instrumental. O conteúdo de teoria musical é baseado no método
de Belmira Cardoso e Mário Mascarenhas volume 114. As aulas de prática instrumental
são baseadas a princípio no método Da Capo15, pois o mesmo trabalha com melodias
em uníssono, facilitando a princípio o aprendizado instrumental em conjunto. Após as
primeiras aulas, são feitas algumas adaptações de exercícios de escalas em terças,
quintas e com articulações e células rítmicas variadas. Dessa forma, os alunos se sentem
habituados a tocar em conjunto, cada qual na sua voz em quanto dentro do mesmo naipe
e cada qual na sua célula rítmica, independente de ser dentro do mesmo naipe ou não.
É importante ressaltar que a transmissão dos conhecimentos musicais caminha até
certo ponto, isso se dá por conta da desistência de alguns alunos. Deste modo, as aulas
sempre estão voltando ao início devido ao ingresso de novos alunos no início de cada
ano. Contudo, aqueles que continuam e querem prosseguir com os estudos musicais,
acabam disputando o espaço e horário com os novos alunos, de modo que os
professores tendem a separar, dentro do horário normal de aula, um tempo para poder
dar uma atenção voltada para a continuidade do ensino-aprendizagem desses alunos
mais interessados, proporcionando um aprendizado que caminha para o lado
profissional.
Quando os alunos têm os primeiros contatos com os instrumentos de sopro, são
transmitidas pelos professores questões como respiração, emissão do som com a técnica
denominada “besourinho” – que “consiste em executar os ataques usados pelos
instrumentistas que tocam instrumentos de bocal” (COSTA, 2008, p.102), e a posição
da nota no instrumento.
14
Curso Completo de Teoria Musical e Solfejo, elabora por Belmira Cardoso e Mário Mascarenhas
volume 1. Editora IRMÃOS VITALE.
15
Da Capo – Método para o ensino coletivo e/ou individual para instrumentos de sopro e percussão,
elaborado por Joel Barbosa com base em sua tese de doutorado sobre metodologia de ensino coletivo de
instrumentos de banda.
55
3.7.4. Os ensaios
outros eventos que se faz necessária a presença da banda. A partir do mês de julho até o
final de agosto, a banda aumenta a rotina de ensaios externos, os quais se tornam mais
rigorosos nos aspectos disciplinar e musical. O regente e professores buscam, cada vez
mais, extrair dos alunos uma postura disciplinar nos aspectos de marcha, garbo e
postura, como também nos aspectos de performance musical com os instrumentistas e
performance corporal com o corpo coreográfico, de forma que todos que compõem a
banda, tanto no corpo musical como na linha de frente, consigam uma boa performance
nos desfiles cívicos e campeonatos.
A partir do mês de setembro inicia uma série de apresentações em desfiles
alusivos ao dia sete de setembro. Essas apresentações acontecem no povoado Aguada,
onde fica a sede da banda, na cidade de Carmopolis, como também em outras cidades
do interior de Sergipe. Essas apresentações geralmente vão até o mês de novembro. Por
fim, no início de dezembro começam os ensaios para as apresentações natalinas.
Em relação aos desfiles, a banda possui alguns códigos específicos, tanto verbais
como gestuais, destinados à execução performática da banda inspirados no militarismo
e também outros que são adaptados pela própria direção da banda. Os códigos
inspirados no militarismo são indicações de ordem unidas que englobam, por exemplo,
direcionamentos de “sentido”, “descansar”, “direita”, “esquerda”, “ombro arma”
“preparar para tocar”, “ordinário” e esses comandos são executados geralmente por um
trompetista que funciona como corneteiro. Em outras ocasiões especiais como
campeonatos, esses comandos são feitos verbalmente pelo mor da banda. O mor
funciona como uma espécie de comandante e assume em alguns momentos a posição de
regente. Ele indica o início das músicas executadas pela banda nos desfiles e em
campeonatos conduz a banda a partir do rompimento de marcha até a entrega da banda
para o regente enfrente ao palanque onde ficam os jurados.
vão além das participações em campeonatos como, por exemplo, uma somatória de
fatores que são identificados como: a interação social, a troca de experiências com
outras bandas, as amizades e as viagens para participarem desses campeonatos em
outros estados. Segundo Lima (2007), os concursos de bandas fazem com que as aulas e
os ensaios sejam intensificados em função das competições e premiações. Nesse
contexto, “os alunos costumam relacionar o sentido de sua prática, em aulas e ensaios, a
uma ansiedade por troféus” (LIMA, 2007, p. 84). Porém, o mesmo autor faz uma
observação de que “não se trata do troféu apenas (visto no seu aspecto imediato) ou da
euforia que ele proporciona, mas da legitimação da conquista de um lugar social que
tem o troféu como aval.” (LIMA, 2007, p. 84).
Essas competições em campeonatos se configuram como um evento onde afloram
as mais variadas emoções dos componentes da banda, externando sentimentos de
ansiedade, nervosismo, união, tristeza e alegria. Com relação a esses fatores, Lima
(2007) menciona que:
Trata-se de um jogo (o das competições de bandas) que, uma vez em
andamento, provoca movimentos, os quais impulsionam aspectos musicais
em torno da idéia de competir. Essa idéia é resultado de uma realidade mais
ampla, na qual regentes e jovens adolescentes têm suas vidas transpassadas
por disputas e desafios que se dão mesmo fora dos campeonatos. Eles
encontram, nesses eventos, as formas de representações de suas lutas diárias
por melhores lugares na sociedade (Lima, 2007, p. 86).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Música e Formação Musical. Dissertação(Mestrado) – Universidade Federal do Ceará.
Faculdade de Educação.Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira,
Fortaleza,2010.
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Antônio Cruz. III ENCONTRO INTERNACIONAL DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE ETNOMUSICOLOGIA, São Paulo, 2006.
63
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SEMINÁRIO DE MÚSICA DO MUSEU DA INCONFIDÊNCIA: BANDAS DE
MÚSICA NO BRASIL, Ouro Preto, 2008. Anais do I Seminário de música do Museu
da Inconfidência : bandas de música no Brasil. Ouro Preto: Museu da Inconfidência,
2008. v. 1. p. 33-40.
GÓES, Cristian. Carmópolis: terra do petróleo foi Rancho. In: FREIRE, Edivânia (ed.)
Cinform Municípios: História dos Municípios. Aracaju: Globo Cochrane Gráfica e
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HOLANDA FILHO, Renan Pimenta de. O Papel das Bandas de Música no contexto
Social, Educacional e Artístico. Recife: Caldeira Cultural Brasileira, 2010.
64
LIMA, Marcos de Aurélio de. A banda estudantil em um toque além na música. São
Paulo: Annablume; Fapesp, 2007.
LORENZET, Simone; TOZZO, Astrit Maria Savaris. Bandas Escolares. In: Congresso
Nacional de Edicação-EDUCERE, IX, e III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia,
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MARIZ, Vasco. História da Música no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Editora Civilização
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PEREIRA, José Antônio. A banda de música: retratos sonoros brasileiros. São Paulo:
UNESP, 1999.
SANTOS, Newton Kramer dos Santos. A Banda de Música Civil: importância sócio-
cultural e desafios.2004. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Música) –
Centro de Artes,Universidade do Estado de Santa Catarina, 2004.
SILVA, Thallyana Barbosa da. Banda Marcial Augusto dos Anjos: processo de
ensinino-aprendizagem musical. Dissertação de Mestrado em Educação Musical UFPB,
João Pessoa, maio 2012.
SILVA, Lélio Eduardo Alves da. FERNANDES, José Nunes. As Bandas de Música e
seus “Mestres”. Rio de Janeiro. Caderno do Colóquio, 2009.
65
TINHORÃO, José Ramos. História da vida social da música popular brasileira. São
Paulo: Ed 34, 1998.