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12/02/2015 Sociologia ­ A divisão do trabalho social ­ Émile Durkheim ­ O BLOG DA TURMA A

Sociologia ‐ A divisão do trabalho social ‐ Émile Durkheim


Introdução 
      Émile Durkheim nasceu em 1858 em Épinal. É considerado o pai da sociologia francesa, afastando­a da área filosófica e tornando­a uma ciência (com método
próprio) e um instrumento de intervenção social.
      Durkheim preconizou um modelo organicista (funcionalista) de sociedade, em que esta é encarada como um organismo vivo, um conjunto de elementos em que
cada um é indispensável.
      O sociólogo francês morreu em 1917, deixando um contributo fundamental para a sociologia. O seu legado encontra­se essencialmente em quatro obras: “A divisão
do trabalho social” (1893), “As regras do método sociológico” (1895), “O suicídio” (1897) e “As formas elementares da vida religiosa” (1912).
     Neste trabalho, vamos abordar mais aprofundadamente o tema da obra “A divisão do trabalho social”.  
 
 

“A divisão do trabalho social” 
      O interesse de Durkheim encontrava­se essencialmente nas mudanças que transformavam a sua sociedade contemporânea. Centrava­se ainda na solidariedade
social e moral, ou seja, naquilo que une a sociedade e impede a sua queda no caos. Para a solidariedade se manter é necessário que os indivíduos se integrem em
grupos sociais e se sigam por um conjunto de valores comuns.  
      Para Durkheim, existe um conflito omnipresente em todas as sociedades que apresenta dois pólos: Indivíduo vs. Sociedade. Por um lado, o indivíduo pretende
satisfazer todos os seus desejos e ambições e, por outro, a sociedade não o permite e obriga­o a seguir determinadas normas por ela impostas.
      O que distingue a sociedade de um amontoado de indivíduos é a solidariedade, isto é, o conjunto de redes, direitos e deveres determinados pela moral de uma dada
sociedade e que têm como principal função manter o equilíbrio e a coesão social.
Segundo Durkheim, existem dois tipos de sociedade diferentes em função do tipo de solidariedade presente, que pode ser mecânica ou orgânica.  
      A sociedade baseada em solidariedade mecânica não possui divisão do trabalho social e apresenta uma forte consciência colectiva, ao mesmo tempo que uma
grande determinação e uma autoridade colectiva absoluta. Atribui um valor supremo à sociedade e aos seus interesses como um todo (superior aos dos indivíduos).
Verifica­se um número reduzido de indivíduos, que vivem no limiar da sobrevivência e com escassa tecnologia. Há também uma baixa densidade material e moral e as
normas impostas neste tipo de sociedade são repressivas (violentas) e as sanções são punitivas. Este tipo de sociedade tem por base a indistinção e a indiferenciação
dos indivíduos. 
      A sociedade baseada em solidariedade orgânica possui divisão do trabalho social e apresenta uma forte consciência individual, uma preocupação com os interesses
dos indivíduos. Atribui valor supremo à dignidade individual, à igualdade de oportunidades e à justiça social. Verifica­se um grande número de indivíduos, uma
elevada densidade material e moral e a distinção entre os indivíduos faz­se de acordo com os diferentes papéis desempenhados. Neste tipo de sociedade, as normas
não são repressivas e as sanções são do tipo restitutivo (restabelecem a ordem). 
      Enquanto que, por um lado, a sociedade baseada em solidariedade mecânica possa conduzir à não realização pessoal do indivíduo (devido à forte consciência

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colectiva), por outro, a sociedade baseada em solidariedade orgânica leva ao desaparecimento do colectivo e à fragmentação da sociedade.  
      A passagem de uma sociedade baseada em solidariedade mecânica para uma sociedade baseada em solidariedade orgânica pode ocorrer devido ao aumento
demográfico, ao desenvolvimento tecnológico, à maior disponibilidade de mão­de­obra e, consequentemente ao aumento das comunicações e das trocas entre os
indivíduos que compõem a sociedade. 
 
Importância e consequências da divisão do trabalho social  
      Segundo Durkheim, a divisão do trabalho social não se refere somente às actividades económicas, como também influencia todo o conjunto das actividades sociais
porque, para além de servir para procurar uma maior eficácia, tem acima de tudo uma função social. Tal deve­se ao facto de permitir aprofundar a interdependência
entre os elementos que compõem a sociedade, possibilitando assim a criação de solidariedade social. Deste modo, “a divisão do trabalho(…) é e se torna cada vez
mais, uma das bases fundamentais da ordem social” (Durkheim, 1893), tendendo a transformar­se numa regra imperativa de conduta.
     A divisão do trabalho social provoca consequências positivas e negativas.  
Por um lado, sendo uma marca de progresso da sociedade, permite uma maior especialização e qualificação dos indivíduos no trabalho, o que se traduz numa via de
realização pessoal. Contribui para o aumento da força produtiva e para a habilidade no trabalho, assim como também permite o rápido desenvolvimento intelectual e
material das sociedades. Além disso, promove a coesão e a organização social, mantendo o equilíbrio da sociedade.
     Por outro lado, a divisão do trabalho social conduz a uma diminuição da consciência colectiva, a uma excessiva especialização e à desagregação através do
enfraquecimento dos laços sociais. 
 
Conclusão 
     Para concluir, pode afirmar­se que teoria de Durkheim pode, efectivamente, ser aplicada na sociedade actual, já que a solidariedade orgânica está cada vez mais
demarcada. A consciência colectiva tem vindo a diminuir significativamente devido às consequências da divisão do trabalho social. À medida que este aumenta, os
elementos da sociedade tornam­se cada vez mais dependentes uns dos outros, porque cada elemento fornece bens e serviços diferentes

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