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JURUENA – AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA-ISE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIAS
DIVERSIFICADAS NA EDUCAÇÃO – 04 A 10 ANOS.
CUIABÁ – MT
JULHO/2007
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena – Ajes
Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena - ISE
Curso de Pós-Graduação em Metodologias Diversificadas na Educação – 04 a 10 anos.
CUIABÁ – MT
JULHO/2007
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena – Ajes
Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena - ISE
Curso de Pós-Graduação em Metodologias Diversificadas na Educação – 04 a 10 anos.
TERMO DE APROVAÇÃO
...........................................
NOTA/CONCEITO
AGRADECIMENTO
(Augusto Cury).
RESUMO
In this study we leave of the most recent conceptual developments in mental deficiency to
argue the routes and the current necessities of the pedagogia on the educational inclusion of
the carrying pupil of Educational Necessities Special (NEEs). In relation to the people who
present NEEs, to the acceptance of the differences to the these she is complex, to this reason
the present study opted to a segment, inside of the deficiencies, very estigmatizado in the
society, that are the people who present cerebral paralysis. That, in accordance with Brandão
(1992), is improper this term. Therefore, it uses Cerebral Dismotria Ontogenética (D.C.O.). In
accordance with the related dismotria author means alterations of motricidade and tônus;
cerebral to indicate that these alterations are consequent of the injuries of the brain;
ontogenética e because the alterations are decurrent of the anormalização of the functional
development of the motricidade. We will also approach the paper of the school in this process
of responsible inclusion for the production of the intellectual inadaptations; we will focus,
equally, the qualification of the professors to face this situation in basic regular education.
The cloth of deep of our considerações will be the paradigm of the inclusion, applied to the
pertaining to school reality.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................10
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................48
6. REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................50
10
1. INTRODUÇÃO
recentemente nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (CNE /
CEB, 2001).
A identificação dos perfis de apoio começa a levar em conta não apenas os tipos e a
intensidade de tais apoios, mas os meios pelos qual a pessoa pode aumentar sua
independência, produtividade e integração no contexto comunitário e entre seus pares da
mesma idade.
De acordo com Garcia (2002) as pessoas que apresentam D.C.O. são pessoas que de
alguma forma sofrem preconceitos, pois na maioria das vezes, tem comprometimentos
motores e alteração da aparência física, o que dificultam a locomoção e a vida cotidiana. (p.
50).
A inclusão é um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir as pessoas
com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na
sociedade (SASSAKI, 1997). Um dos maiores desafios da inclusão não é de fato a adaptação ou
não destas pessoas, mas sim a adaptação da sociedade a novos valores, mais sim humanos e
democráticos.
Para Mrech (1999), a Educação Especial pode ser concebida como um campo de
conhecimento, norteada por paradigmas que direcionam os seus processos, procedimentos e
conceitos. Paradigma pode ser conceituado como um conjunto de problematizações,
conceitos, valores, percepções e práticas, compartilhadas por estudiosos de uma área, sempre
considerando-se as relações entre o objeto de estudo e o contexto da .realidade social. Enfim,
o paradigma é a expressão da visão de mundo que guia a construção de um campo de
conhecimento.
Foram quatro os eixos básicos que delinearam o problema da inclusão como uma
questão pública e social e que, portanto, exigem novas práticas educacionais e sociais: a
psicanálise, a luta pelos direitos humanos, a pedagogia institucional e o movimento de
desinstítucionalização manicomial. Mrech (1999) traz as seguintes colocações sobre cada uma
delas:
2.3.1 Psicanálise
Sua importante contribuição foi enfatizar a importância das relações sociais como
determinantes para o desenvolvimento da sexualidade, da inteligência e da afetividade, não se
restringindo apenas aos processos biológicos.
Movimento que eclode no período entre 1964 e 1968, tendo como objetivo garantir
direitos políticos e acesso igual a todas as pessoas aos processos sociais e educativos.
Trazem para a Educação o conceito de situação a partir de autores como Henri Wallon
e Jacques Lacan. Baseiam-se na idéia de que o individuo não deve ser focado isoladamente,
mas sim inserido no contexto social, o qual oferece ou não condições de desenvolvimento e
que são os elementos estratégicos e transformadores da cultura, sociedade e dos sujeitos.
2.4.1 Autonomia
2.4.2 Independência
Capacidade “de decidir sem depender de outras pessoas, tais como: membros da família ou
profissionais especializados”. A pessoa deficiente pode ser mais independente ou menos
independente, e isso vai depender da sua auto determinação e/ou prontidão para tomar
decisões numa situação. Ambas podem ser aprendidas e/ou desenvolvidas.
2.4.3 Empowerment
“Processo pelo qual uma pessoa, ou um grupo de pessoas, usa o seu poder pessoal
inerente a sua condição” – por exemplo: deficiência, gênero, idade, cor – para fazer escolhas e
tomar decisões. O poder pessoal está em cada ser humano. A sociedade não tem consciência
de que o portador de deficiência também possui esse poder pessoal, e aí a sociedade faz
escolhas e toma as decisões por ele.
Processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais
gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para
assumir seus papéis na sociedade. Trata-se de um processo bilateral no qual as pessoas, ainda
excluídas, e a sociedade buscam equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a
equiparação de oportunidades para todos.
Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir da compreensão
de que é ela que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros.
A prática da inclusão social repousa nos seguintes princípios:
Segundo Stainback e Stainback (1999, p. 31), a inclusão é: [...] mais que um modelo
para a prestação de serviços de educação especial. É um novo paradigma de pensamento e de
ação, no sentido de incluir todos os indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade está se
tornando mais normal do que exceção.
Para Leão (2004) a inclusão educacional indica compromisso social de se educar todos
os alunos com NEEs nas classes regulares de ensino comum, de modo que possam desfrutar
de suas experiências de vida junto com os demais alunos ditos "normais". Portanto, na visão
da autora, a inclusão seria eficaz se os estudantes envolvidos fossem realmente acolhidos.
Todavia, como a escola está fundamentada na hegemonia, a questão da aceitação e prática da
diversidade fica comprometida, gerando o preconceito devido à dificuldade que as pessoas
têm em aceitar as diferenças dos outros, redundando num sentimento de intolerância.
Deste modo, a inclusão é um assunto que deve ser tratado com muita cautela, pois, a
sociedade pode estar incorrendo em erros do passado, criando uma nova modalidade: a dos
excluídos dentro da inclusão (CARMO, 2000).
1) Pela inserção das pessoas com deficiência que conseguem utilizar os espaços físicos e
sociais, os programas e serviços, sem nenhuma modificação da sociedade (escola comum,
empresa, clube etc.);
2) Pela inserção das pessoas portadoras de deficiência que necessitam de alguma adaptação
específica no espaço físico comum, no procedimento da atividade comum, a fim de só então,
estudar, trabalhar, ter lazer, conviver com pessoas não-deficientes; e,
3) Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro dos sistemas
gerais. Exemplo: escola especial junto à comunidade.
Moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados (classe especial, escola
especial).
Uma das questões mais relevantes hoje no que se refere à educação de alunos com
deficiência mental, especialmente aqueles com maiores comprometimentos, são os aspectos
referentes à sua terminalidade acadêmica e conseqüente certificação denominada
terminalidade específica vislumbrada como possíveis de serem efetivadas oficialmente, a
partir da LDB nº 9394/96 (Art.59, II).
Neste contexto, vai sendo construído então, um novo mito, chamado educação inclusiva
idealista como todos os mitos necessário para legitimar o intenso processo de exclusão.
Nesta última exige-se, entre outras medidas, uma nova política de formação de
professores, quebra de barreiras arquitetônicas e atitudinais, equipamentos, materiais e
currículos adaptados e equipe técnica de apoio, formada por profissionais das áreas da saúde e
educação.
A polêmica sobre a inclusão de alunos com deficiências/necessidades especiais nas
escolas regulares acontece no sentido de que a depauperada escola brasileira e seus
professores assentes numa sociedade em que o modo de produção capitalista produz mais e
mais concentração de renda e enormes contingentes de excluídos e, por conseqüência, mais e
mais desigualdade social receberam a incumbência de fazer a inclusão, mas, não receberam as
condições materiais para tal. Neste cenário, a legislação nacional garante a esses alunos
possibilidades de prosseguimento de sua vida acadêmica e profissional.
Teria a educação perdido realmente seu caráter aristológico, deixando de ser privilégio
dos que têm melhores condições econômicas e sociais? Considerando-se que hoje cerca de
97% da população brasileira da faixa etária de 7 anos matricula-se na escola, dir-se-ia que sim
e que os ideais das duas primeiras décadas dos anos de 1900 propalados pelo movimento
intitulado “Entusiasmo pela Educação” estariam, 80 anos depois, sendo atingidos, ou seja, a
escola se democratizou em relação a se permitir o acesso de grande parte das crianças; no
entanto, há que se fazer o enfrentamento de questões como permanência na escola e conclusão
de estudos com qualidade, por parte desta população.
Essa visão impõe uma nova limitação em relação à educação a condição “natural” do
sujeito o que implica dizer que aqueles que não possuíam condições biológicas favoráveis,
tinham limitada sua entrada e permanência na escola.
Desta forma, embora garantidas pelas leis e declarações, o que se constata é que há
uma luta desigual das pessoas com deficiências/necessidades especiais por educação, pois
além de elas estarem historicamente atrasadas em exigir sua inclusão social e escolar são
limitadas pelas exigências requeridas hoje pela educação formal, impostas pelo mundo do
trabalho, ou por currículos e práticas pedagógicas que se mantém inalteradas, ou ainda
pressupostos teóricos que não acompanham a visão de educação para todos, encontrando-se
então, em desvantagem em relação às outras pessoas.
22
Neste rol de dificuldades, cumpre colocar que as pessoas com deficiência mental com
mais comprometimentos são aquelas que têm encontrado os maiores obstáculos à sua
educação.
O que a história recente da educação escolar dos alunos com deficiência mental tem
demonstrado, é que eles passam anos de suas vidas estudando e acabam saindo da escola, na
maioria das vezes, sem certificação de conclusão de escolaridade, principalmente os que têm
comprometimentos mais acentuados.
Pan (2001) refere que as escolas não apresentam projetos específicos para promover o
processo inclusivo, o que dificulta a execução deste processo, resultando, entre outros
aspectos, ausência de esclarecimentos sobre as diferentes NEEs.
Atualmente a Escola tem a prerrogativa legal, por que prevista na LDB (art. 12 Inciso I), para
elaborar o seu projeto pedagógico, de forma a atender a diversidade social e cultural e avaliar
as práticas implementadas. Ao construir o projeto pedagógico, deve-se conceber o ato
pedagógico como fruto da relação entre os diferentes níveis e segmentos da comunidade
escolar, que se configura no processo ensino-aprendizagem. Do projeto pedagógico faz parte
o Currículo que, na definição de Coll,
Um dos componentes curriculares que preocupam a escola hoje, é o quê ensinar diante
da imensa gama de conhecimentos historicamente produzidos. Segundo Stainback &
Stainback (1999,), torna-se relevante,
Ainda com referência a se definir sobre o quê ensinar e a fragmentação dos conteúdos
e sua descontextualização, Kuenzer (1999), afirma:
Neste sentido é importante aprofundar os estudos relativos aos saberes necessários à obtenção
da terminalidade acadêmica dos alunos com deficiência mental, qual o momento adequado de
seu processo de escolarização em que a terminalidade deve ocorrer e quais as adaptações
curriculares necessárias ao currículo regular, que possam proporcionar maiores chances de
continuidade do processo de escolarização para estes alunos.
(...) a educação passa cada vez mais a ser valorizada não por seus
conteúdos concretos, mas por produzir as capacidades abstratas que
permitiriam o “aprender a aprender”. O objetivo a ser alcançado
com a educação escolar não é o de formar um indivíduo que possua
determinados conhecimentos, mas um indivíduo disposto a
aprender aquilo que for útil à sua incessante adaptação às mutações
do mercado globalizado (p.116).
26
Ou seja, se apropriar do conjunto dos conteúdos ensinados pela escola já é difícil para
esses alunos com deficiência mental, a situação torna-se mais complicada quando se trata de
escolas que trabalham na lógica neoliberal do “aprender a aprender”.
Então, para a área da Educação Especial em que nem sempre se consegue ensinar
tudo, muito menos a todos, a legislação oficial recomenda que se deve organizar no projeto
curricular das escolas, ajustes ou adaptações num contínuo, que vai desde pequenas
modificações na programação das aulas, até mudanças significativas que podem se distanciar
consideravelmente do projeto curricular estabelecido. São as chamadas adaptações
curriculares, que têm por finalidade conseguir a maior participação possível dos alunos. No
caso daqueles que apresentam deficiência mental, deve-se adaptar as atividades desenvolvidas
no projeto curricular da escola e na programação da sala de aula.
De acordo com Garcia (2002) as práticas educativas escolares inclusivas em geral são
sistemas de ações que deveriam evoluir conjuntamente, dado o seu caráter de
complementaridade. Muitas são as razões que explicam esta impermeabilidade. Uma delas,
sem dúvida, é a rigidez dos sistemas de ensino escolar, que se mantêm fechados além do
necessário. O ensino inclusivo sugere mudanças nos métodos e nas técnicas do ensino
tradicional, que se baseiam na transmissão de conhecimentos e na individualização das tarefas
de aprendizagem.
Nessa concepção pedagógica é impossível criar situações a partir das quais cada aluno
possa trabalhar, aprender e se perceber como sujeito ativo na conquista do conhecimento.
Para Goffredo (1992, p. 32) Frente a esse novo paradigma educativo, a escola deve ser
definida como uma instituição social que tem por obrigação atender todas as crianças, sem
exceção. A escola deve ser aberta, pluralista, democrática e de qualidade.
27
Portanto, deve manter as suas portas abertas às pessoas com necessidades educativas
especiais. A escola que desejamos para nossa sociedade deve conter, em seu projeto
educativo, a idéia de unidade na diversidade. Não é possível a coexistência de democracia e
segregação.
Para Stainback e Stainback (1999, p. 52) a mudança da escola tem papel fundamental
na vida dos alunos com NEEs. A promessa da inclusão total está no tipo de comunidade
escolar que se pode desenvolver quando alunos com deficiências importantes revelam ter
consciência das dimensões da vida escolar e proporcionam oportunidades, para todos que dela
compartilham, de aprender maneiras mais gratificantes de estar juntos.
A escola não está isolada no processo de inclusão. Entretanto, neste momento é mais
que oportuno o surgimento de um novo conceito de comunidade Sergiovanni (1999) definiu
comunidade como sendo o vínculo que une alunos, e professores de forma especial, a algo
mais importante que eles próprios, no caso, com valores e ideais que devem ser
compartilhados. Nesse novo conceito, consegue-se remeter tanto aluno como professor a
níveis mais elevados de autoconhecimento, compromisso e desempenho, facilitando, desta
forma, o enfrentamento do fracasso e das dificuldades cotidianas em suas vidas. A
comunidade pode ajudar alunos e professores a serem transformadores de uma realidade
excludente e segregacionista.
É evidente que muitas mudanças são necessárias para esta nova concepção de escola,
pois falar em comunidade educativa é pensar em um grupo coeso, com alunos, professores,
equipe administrativa, pais e a sociedade em geral trabalhando com um mesmo objetivo: a
educação de qualidade para todos.
28
Neste contexto, a fim de atender a estas aspirações da escola ela terá de buscar
abordagens mais revolucionárias para garantir, a cada indivíduo, uma experiência educacional
que efetivamente corresponda aos ideais de um "cidadão do mundo".
Assim, para que a escola seja inclusiva, ela deve compreender o aluno que apresenta
NEEs, e respeitá-lo na sua diferença, reconhecendo-o como pessoa a qual apresenta
limitações, porém, possui outras habilidades que devem ser observadas e reforçadas
(GARCIA, 2002).
A mencionada autora refere ainda que a fim de que a escola mude de postura, são
importantes que se abandonem os rótulos e as classificações estereotipadas.
E a escola pode ajudar uma pessoa a se tornar menos deficiente. Daí porque o
relevante papel que desempenha a escola inclusiva quanto à cidadania do portador de
deficiência. Ela pode tornar uma pessoa menos deficiente, integrando-a na comunidade.
Contudo, verifica-se2 que ainda hoje esta escola inclusiva não cumpre adequadamente
o seu papel, sendo vários os fatores que contribuem para tal ocorrência, tais como:
os professores não se sentem preparados para atender adequadamente às necessidades
do educando;
as crianças ou adolescentes que não portam deficiência não foram preparadas sobre
como aceitar ou como brincar com o colega com deficiência e, por isso, chegam as
vezes a rejeitá-los;
porque muitos profissionais das escolas se opõem à integração dos alunos com
deficiência;
2
EDUARDO JOSÉ MAZINI. op.cit p. 58
30
os pais e familiares de crianças/jovens com deficiência têm receio de que seu filho
tenha dificuldade no relacionamento interpessoal na escola, preferindo mantê-los em
casa ou em instituições especializadas;
Mas esta inclusão deve ser completa e não apenas parcial, ou seja, o processo de
inclusão que deve ocorrer com:
4) Inclusão ambiental no sentido mais amplo do termo – que representa a queda das
barreiras arquitetônicas. No caso específico da educação inclusiva, mais que adaptar o
aluno à escola, torna-se vital adaptar a escola ao aluno.
Quando todo este processo de inclusão se verificar, pode-se afirmar que a pessoa
portadora de deficiência é um cidadão em sua plenitude.
31
Deste ponto de vista, o professor, na sua prática educacional tem relevância singular,
uma vez que pela sua atividade docente, busca desenvolver no aluno o espírito crítico,
reflexivo, maximizar habilidades/competências (novos paradigmas) e, “dominar a pesquisa,
elaborar projetos, questionar”, (DEMO, 2000).
No entanto, não basta que uma proposta se torne lei para que a mesma seja
imediatamente aplicada. Inúmeras são as barreiras que impedem que a política de inclusão se
torne realidade na prática cotidiana de nossas escolas. Entre estas, a principal, sem dúvida, é o
32
despreparo dos professores do ensino regular para receber em suas salas de aula, geralmente
repletas de alunos com problemas de disciplina e aprendizagem, essa clientela (BUENO,
1999; GLAT, 1995; 2000; GOFFREDO, 1992; entre outros).
Esta concepção de normalidade acabou por gerar dois tipos de processos de ensino-
aprendizagem: o “normal” e o “especial”. No primeiro caso, o professor estaria frente aos
alunos considerados “normais”, que seguem o padrão de aprendizagem para o qual ele foi
preparado durante sua formação; no segundo caso estariam os alunos que apresentam os
denominados “distúrbios ou dificuldades de aprendizagem” e/ou aqueles que precisam de
processos de ensino-aprendizagem diferenciados por apresentarem deficiências ou demais
necessidades educacionais especiais3(GLAT, 1995).
Neste contexto, a prática pedagógica do professor, está impregnada pelo mito, pela
concepção, hoje considerada errônea, mas por muito tempo tomado como verdade científica
de que existem duas categorias qualitativamente distintas de alunos: os “normais” que
freqüentam a escola regular e os “excepcionais”, que são clientela da Educação Especial. Em
outras palavras, ou ele ensina o aluno em um processo de aprendizagem contínuo, e aí ele está
lidando com o aluno “normal”; ou, então, se surgir algum problema de aprendizagem que
perturbe este processo, ele se encontra frente a um sintoma de doença ou desequilíbrio, isto é,
um distúrbio de aprendizagem, algum tipo de deficiência ou doença mental e, portanto, este
aluno não pertence ao seu universo de ensino.
3
Embora esses dois casos sejam distintos sob o aspecto psicopedagógico, na prática os alunos com os chamados distúrbios comuns de
aprendizagem, que poderiam ser inseridos na classe regular, acabam sendo considerados “portadores de necessidades especiais” (termo que
atualmente perdeu muito de seu original significado, sendo entendido como sinônimo de deficiência) e encaminhados para o ensino especial.
33
Conseqüentemente, não é de se espantar que ainda não tenha havido uma efetiva
integração ou inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular
de ensino. O professor, no contexto de uma educação inclusiva precisa, muito mais do que no
passado, ser preparado para lidar com as diferenças, com a singularidade e a diversidade de
todas as crianças e não com um modelo de pensamento comum a todas elas.
Temos convicção de que o professor é uma peça muito importante no conjunto que
movimenta todo o sistema educacional. Nesse sentido, é fundamental que o professor da
35
escola regular seja devidamente capacitado para receber esse novo alunado que está chegando
à escola, pois “juntar crianças em uma sala de aula não lhes garante ensino, não lhes garante
escola cumprindo seu papel, não lhes garante aprendizagem e, portanto, não lhes garante
desenvolvimento” (PADILHA, 2004, p. 96).
Tendo em vista que a prática da inclusão tem sido bastante incentivada, sem que suas
implicações sejam suficientemente conhecidas, parece-nos relevante abordarmos as
concepções dos professores de alunos que apresentam deficiência mental incluídos na classe
comum do ensino regular. Esse novo paradigma surgiu como uma reação contrária ao
processo de integração, e sua efetivação prática tem gerado muitas controvérsias e polêmicas.
Segundo uma pesquisa realizada pela professora Drª. Arlete Miranda (2003), mostram
o quanto os professores estão preocupados com a falta de infra-estrutura das escolas e com a
não preparação dos profissionais para participar da inclusão escolar.
Para que o professor realize um bom trabalho é necessário uma boa estrutura, onde
não falte material pedagógico e de consumo, a estrutura física da escola tem que se adequar
para receber os alunos deficientes mentais. Temos que ponderar que as condições físicas
inadequadas são inerentes às dificuldades de todo o ensino e não só para o deficiente mental.
Assim, não podemos generalizar esse problema para toda a situação de inserção escolar de
36
deficientes mentais, e devemos considerar, também, que é uma situação possível de ser
mudada, ainda que difícil e a longo prazo. (MIRANDA, 2003)
Mello (1998) acredita que é conveniente para o professor estar em constante processo
de formação, exigindo-se iniciativas de formação continuada. O educador deve criar
condições para que o próprio exercício da profissão seja local de aperfeiçoamento das práticas
pedagógicas, vendo a competência como algo em contínuo desenvolvimento, como
desenvolvimento profissional.
Diante desta imensa tarefa, encontram-se os profissionais da educação. A eles cabe dar
conta das reformas educacionais propostas pelas autoridades. É preciso, então, saber se estes
profissionais estão preparados para tal processo.
38
peculiar que caracteriza seu ritmo de aprendizado, tornando-o único. Esta tendência
niveladora revela-se, então, na inflexibilidade dos métodos, currículos e processos de
avaliação. “De um modo geral, o currículo tem constituído grande obstáculo para os alunos
com necessidades especiais na escola regular, porque impõe como uma referência homogênea
a ser alcançada por todos os alunos, independente da ocorrência de condições específicas”
(Carvalho, 1998, p. 31).
É preciso então que o corpo docente reveja suas concepções e reconstrua seus
objetivos para que esses incluam a aceitação das diferenças. Desta maneira, poder-se-á
“buscar, em cada aluno, as suas qualidades desejáveis, em vez de acentuar ainda mais suas
inadequações para determinadas tarefas” (Leite, 1981, p. 245).
Então, que o processo de inclusão requer inicialmente um projeto. Assim poderão ser
feitas mudanças efetivas tais como alterações curriculares, avaliativas e metodológicas. É
necessário também que sejam integrados vários conhecimentos para que se produza a
interdisciplinaridade, indispensável ao processo de inclusão. A capacitação de educadores
requer atenção, pois são necessárias a instrumentalização prática e a reconstrução de
concepções de ensino e aprendizagem para que os objetivos educacionais levem em conta as
particularidades dos alunos, conduzindo à individualização do processo educativo e
desfazendo idealizações niveladoras.
alertar. Assim como não se pode atribuir ao aluno exclusivamente a responsabilidade por suas
dificuldades, não se pode designar exclusivamente à escola a responsabilidade pelos
obstáculos que vem encontrando. É preciso admitir que a escola e seus membros, frente à
nova situação apresentada pela LDB, também têm suas “necessidades educativas especiais”,
pois as escolas precisam “aprender” a lidar com uma nova demanda. Além disso, é necessária
uma integração não só de alunos, mas também de profissionais detentores de conhecimentos
em diversas áreas relacionadas à educação especial. Pode-se, portanto, concluir que, nas
escolas observadas nesta pesquisa, a inclusão é ainda um ideal que, no entanto, não pode ser
perdido de vista.
41
Garante ainda expressamente o direito à igualdade (art. 5º), e trata, nos artigos 205 e
seguintes, do direito de todos à educação. Esse direito deve visar o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art.
205).
4
Trecho reproduzido da Cartilha: “O Acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede
regular / Ministério Público Federal: Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (organizadores) / 2 ed.
ver. atualiz. – Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004.
42
Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a .igualdade de condições de
acesso e permanência na escola. (art. 206, inc. I), acrescentando que o .dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um. (art. 208, V).
5
Art. 4º. O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria
(...).
43
e em seu artigo 6º6 e com a Constituição Federal, que também determina que o acesso ao
Ensino Fundamental é obrigatório (art. 208, inc. I).
Outra situação da LDBEN que merece atenção é o fato de não se referir, nos artigos 58
e seguintes, a atendimento educacional especializado, mas à Educação Especial. Esses termos,
atendimento educacional especializado e Educação Especial, para a Constituição Federal não
são sinônimos. Se nosso legislador constituinte quisesse referir-se à Educação Especial, ou
seja, ao mesmo tipo de atendimento que vinha sendo prestado às pessoas com deficiência
antes de 1988, teria repetido essa expressão que constava na Emenda Constitucional nº 01, de
1969, no Capítulo do Direito à Ordem Econômica e Social.
Assim, para não ser inconstitucional, a LDBEN ao usar o termo Educação Especial
deve fazê-lo permitindo uma nova interpretação, um novo conceito, baseados no que a
Constituição inovou, ao prever o atendimento educacional especializado e não Educação
Especial em capítulo destacado da Educação.
Posterior à LDBEN, surgiu uma nova legislação, que como toda lei nova, revoga as
disposições anteriores que lhe são contrárias ou complementa eventuais omissões. Trata-se da
6
Art. 6º. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no
ensino fundamental.
44
O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo Congresso Nacional por
meio do Decreto Legislativo nº 198, de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo Decreto nº
3.956, de 08 de outubro de 2001, da Presidência da República.
Portanto, no Brasil, ele tem tanto valor quanto uma lei ordinária, ou até mesmo (de
acordo com o entendimento de alguns juristas) como norma constitucional, já que se refere a
direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, estando acima de leis, resoluções e
decretos.
Trata-se de documento que exige agora mais do que nunca, uma reinterpretação da
LDBEN. Isto porque a LDBEN, quando aplicada em desconformidade com a Constituição
(como visto no item anterior), pode admitir diferenciações com base em deficiência, que
implicam em restrições ao direito de acesso de um aluno com deficiência ao mesmo ambiente
que os demais colegas sem deficiência.
Segundo Maria Teresa Mantoan (2004), estas diretrizes e atos devem observar, no
mínimo, os seguintes aspectos fundamentais:
é indispensável que os estabelecimentos de ensino eliminem suas barreiras
arquitetônicas, pedagógicas e de comunicação, adotando métodos e práticas de ensino
escolar adequadas às diferenças dos alunos em geral, oferecendo alternativas que
contemplem a diversidade dos alunos, além de recursos de ensino e equipamentos
especializados, que atendam a todas as necessidades educacionais dos educandos, com
e sem deficiências, mas sem discriminações;
aula, alunos com e sem necessidades educacionais especiais, dentre os quais, alunos
com deficiência; os cursos de formação de professores especializados em Educação
Especial devem preparar esses profissionais, de modo que possam prestar atendimento
educacional especializado, em escolas comuns e em instituições especializadas,
envolvendo conhecimentos como: código Braile, Libras, técnicas que facilitem o
acesso da pessoa com deficiência ao ensino em geral, e outros com a mesma
finalidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Dismotria Cerebral Ontogenética (D.C.O.), como foi tratada durante este estudo,
parece ser o maior problema da inclusão de pessoas com deficiência nas escolas comuns.
Acreditamos, contudo, que é também mais uma provocação para a transformação e melhoria
do ensino escolar como um todo.
Os alunos com D.C.O., especialmente os casos mais severos, são os que forçam a
escola a reconhecer a inadequação de suas práticas para atender às diferenças dos educandos.
De fato, as práticas escolares convencionais não dão conta de atender à deficiência mental, em
49
todas as suas manifestações, assim como não são adequadas às diferentes maneiras de os
alunos, sem qualquer deficiência, abordarem e entenderem um conhecimento de acordo com
suas capacidades. Essas práticas precisam ser urgentemente revistas, porque, no geral, elas
são marcadas pelo conservadorismo, são excludentes e, conforme visto, inviáveis para o
alunado que temos hoje nas escolas, em todos os seus níveis.
Finalmente, é importante ressaltar que não existem receitas prontas para atender a cada
necessidade educacional de alunos com deficiência que a natureza é capaz de produzir.
Existem milhares de crianças e adolescentes cujas necessidades são quase únicas no mundo
todo. Assim, espera-se que a escola, ao abrir as portas para tais alunos, informe-se e oriente-se
com profissionais da Educação e da Saúde sobre as especificidades e instrumentos adequados
para que aquele aluno encontre ali um ambiente adequado, sem discriminações e que lhe
proporcione o maior e melhor aprendizado possível.
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6. REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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