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Teoria da plasticidade

Elasticidade - estados de tensão e tensor das tensões

Para se definir o estado de tensão de um ponto material é necessário conhecerem-se as nove


componentes do tensor das tensões σij.
z dy
zz
 zy
 zx

 yz
yy
 xz
 yx
xx y

dz
 xy
dx

 xx  xy  xz 
 
 ij    yx  yy  yz 
  zx  zy  zz 

Estados de tensão elementares:


tracção uniaxial, compressão uniaxial e corte puro (torsão).
1
Teoria da plasticidade
Elasticidade – tensões hidrostáticas/esféricas e desviadoras

O tensor total das tensões σij pode ser decomposto num tensor hidrostático ou de tensões
médias σm envolvendo somente estados puros de tracção ou de compressão, e num tensor
desviador σ’ij onde as componentes normais são o remanescente da tensão esférica para a
total e as tensões de corte são as do tensor das tensões.

z
 xx  xy  xz 
dy
 
zz  ij    yx  yy  yz 
 zy   zx  zy  zz 
 zx 

 yz
yy  m 0 0  xx  xy  xz 
 xz 1    
 yx  ij   ij  kk  ij   0 m 0     yx yy  yz 
xx y 3
dz

 xy  0 0  m    zx  zy zz 
dx

x  2 xx  yy  zz 
  xy  xz 
 3 
 xx   yy   zz 2yy  zz   xx
m  ij  ij  ij m    yx  yz 
3  3 
 2zz   xx  yy 
 zx zy 
 3 
2
Teoria da plasticidade
Elasticidade – tensões principais
As direcções principais resultam de uma reorientação do elemento de volume de tal modo que
as tensões de corte actuantes em cada uma das suas faces sejam nulas e, consequentemente,
a tensão normal e o vector tensão total sejam coincidentes.

z dy
zz
 zy
 zx
 xx  xy  xz 
 yz
yy  
 xz  ij    yx  yy  yz 
 yx   zx
xx y
  zy  zz 
dz

 xy
dx

x Vectores e valores próprios do


tensor das tensões

1

1 0 0
3
 ij   0  2 0  1   2   3
 0 0  3 
2
3
Teoria da plasticidade
Elasticidade – invariantes dos tensores das tensões

Os invariantes são quantidades cujo valor não varia com o sistema de eixos considerado.
É habitual definir os invariantes do tensor das tensões ‘I’ e os invariantes do tensor desviador
das tensões ‘J’.
z dy
zz  xx  xy  xz 
 zx
 zy
 
 ij    yx  yy  yz 
 yz
yy   zx  zy  zz 
 xz 
 yx
xx y
dz

 xy
dx
I 1   ii   xx   yy   zz   1   2   3
x
1 I2  
1
 ii  jj   ij  ij  
2
3   x  y   y  z   x  z    2xy   2yz   2zx   1 2   2  3   3  1 
I 3   ij   x  y  z  2 xy  yz  zx   x  2yz   y  2zx   z  2xy   1 2  3
2

Os invariantes do tensor desviador das tensões são as seguintes quantidades:

J1  1  2  3  0


J 2   1  2   2  3   3  1 
4
J3  1 2 3
Teoria da plasticidade
Elasticidade – representação de um estado de tensão no plano de Möhr

 xy
y 2
 xy
x y  1
2 x 1 
 xy Pólo

2
1  xy

y
 2 x 1 

 xy Pólo
Circulo de Mohr.exe 5
Teoria da plasticidade
Critérios de plasticidade


Se as deformações fossem do tipo uniaxial, como é Força máxima Verdadeira
por exemplo o caso do ensaio de tracção, seria fácil


determinar o início da deformação plástica do R
Correcção da
material, todavia, a generalidade dos processos R estricção

tecnológicos de deformação plástica envolve estados e Nominal


de tensão do tipo biaxial ou triaxial e o problema
torna-se mais complexo, dando origem a que tenham
que existir critérios de plasticidade no sentido lato do
conceito.
0 ee r er
e, 

Os critérios de plasticidade são relações matemáticas,


F(σij)=K comprovadas por um conjunto consistente de
ensaios experimentais, que permitem conhecer as
condições de entrada em domínio plástico de um material,
quando sujeito a uma combinação arbitrária de tensões.

6
Teoria da plasticidade
Critérios de plasticidade – hipóteses simplificativas

As hipóteses simplificativas que são geralmente consideradas na formulação dos critérios de


plasticidade de materiais dúcteis são as seguintes:

(i) Os estados hidrostáticos de tensão não só não provocam deformação plástica, como
também não influenciam a entrada em domínio plástico.

F (σ’ij )=F [ (σ1- σm )a, (σ2- σm )b, (σ3- σm )c ] = K

(ii) Se o material for considerado isotrópico, a condição de plasticidade deve depender da


intensidade das tensões aplicadas, não sendo afectada pela rotação dos eixos de
referência, ou seja, deverá ser um invariante das tensões (desviadoras).

F (σ’ij )=F [ J2, J3 ] = K

7
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de Tresca

O critério de plasticidade de Tresca (1864) considera que a deformação


plástica tem início quando a tensão de corte máxima, max, ultrapassar um
valor crítico, k.
1   3 e
 max  k k
2 2

O valor da tensão de corte crítica k obtém-se substituindo na equação anterior, o valor da


tensão limite de elasticidade do material no ensaio de tracção uniaxial e .


tracção uniaxial
deformação plástica
+k


e e

-k

1   e
2  3  0 8
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de Tresca – representação no plano de Möhr

Existe um número infinito de estados de 


tensão que produzem círculos do mesmo
+k
diâmetro e que, portanto, dão origem a
plasticidade.  xy y
k  xy
y  x
1   3  e x
 k
2 2 xy
Pólo
-k

x y

tracção-compressão
compressão uniaxial
deformação plástica  deformação plástica

tracção uniaxial
deformação plástica
+k


e e

-k

compressão tracção
deformação elástica deformação elástica 9
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de Tresca – representação no plano das tensões principais

Este tipo de representação efectua-se a partir de um tensor das tensões orientado segundo as
direcções principais.

 1 0 0
 
j  ij   0  2 0 1   2   3
 0 0  3 
deformação elástica
e
i   j  k  0
1   i 2   j 3  k  0
1   3   i   k   e  i  e
e i
e


k
e

Nota: Os exemplos apresentados são relativos a estados de tensão biaxiais


(em condições de tensão plana). 10
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de Tresca – representação no espaço tridimensional das
tensões principais

Generalizando este tipo de representação ao espaço tridimensional das tensões principais


(espaço de Haig-Westergaard), verifica-se que a intersecção da superfície limite de
elasticidade de Tresca por um plano k = 0 dá origem a um hexágono distorcido, conforme se
mostrou no caso bidimensional analisado anteriormente.
Este resultado permite então inferir que a forma geométrica da superfície limite de
elasticidade de Tresca no plano das tensões principais é representada por um hexágono
regular infinito, cujo eixo coincide com a diagonal espacial do sistema de eixos, definida por
 1 =  2 =  3. Tresca

von Mises

j k

deformação elástica
e
Corte por um plano

i j k
Cte.

j
e i
e e


e
k
e

i j k Corte por um plano

k

11
i
Teoria da plasticidade
Energia de deformação elástica
A energia de deformação elástica We é a energia que é consumida pela acção das forças
exteriores na deformação elástica de um corpo sólido.
 dx  u  u
 x  ln 
 dx  dx

1 1 1
W e  F u   x A x dx    x xV
2 2 2

A energia de deformação
elástica por unidade de volume

We 1 1  x2 1 2
w 
e
  x x   x E
V 2 2 E 2
Generalização para as restantes direcções:

1 1 J2  m2 3 2  m2
w   ij  ij   x  x   y  y   z  z   xy  xy   xz xz   yz yz  
e
   oct 
2 2 2G 2K 4G 2K

E Módulo de elasticidade
K
31  2  volumétrico

E Módulo de elasticidade Energia elástica de distorção Energia elástica de dilatação ou


G
21    transversal por unidade de volume contracção volumétrica 12
Teoria da plasticidade
Tensões octaedrais
São as tensões que actuam nos planos octaedrais

 1 
 3

n 1
3 
 1 
 3 

 1 0 0   1 
 3

Soct   ij  n   0  2 0   1

  3
 0 0  3   1
3

1
Tensão normal octaedral  oct  Soct
T
 ni   1   2   3    m  I1
3 3
1
Tensão de corte octaedral  oct 
2
Soct   oct
2
  1   2 2   1   3 2   2   3 2  2 J2
3 3
13
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de von Mises

O critério de plasticidade de von Mises (1913) considera que a deformação


plástica tem início quando o valor da energia elástica de distorção por unidade
de volume, wed , atinge um valor crítico.

J
w de  2 
3 2
 oct  w crítico
J 2   1 2   2  3   3  1  
1
6
  1   2    2   3   1   3 
2 2 2

2G 4G
1
 oct   1
  2    2   3    1   3 
2 2 2

O valor da energia elástica de distorção crítica wcrítico obtém-se substituindo na equação


anterior, o valor da tensão limite de elasticidade do material no ensaio de tracção uniaxial e .

2
3 1 2  1 2
w crítico  2   e
4G  3
e 
 6G

 1   2 2   2   3 2   1   3 2  2 e2
1   e                6   
x y
2
y z
2
z x
2 2
xy
2
yz
  2xz   2  e2 14
2  3  0
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de von Mises

A tensão limite de elasticidade em corte puro k que se encontra associada ao critério de


plasticidade de von Mises obtém-se substituindo as tensões principais características do
estado de corte puro.

1  k
2  0
 3  k

 1   2    2   3    1   3   2  e2
2 2 2


corte puro
deformação plástica
+k
e
k
3

e e

  
-k
1
  2    2   3   1   3   k 2
2 2 2
J2  1
6 15
Teoria da plasticidade
Critério de plasticidade de von Mises – representação no plano das tensões
principais
caso plano de tensões k=0.

 i   j    j   k    k   i   2  e2
2 2 2
 i2   2j   i  j   e2

j Tracção

k

i
j Tresca

p=0
e

^
i
j
i i
j

^
j
von Mises

Compressão e e i
Tracção
i i

 j

i
i e
j Máximo desvio ~15.5%

j

i
16
Compressão
Teoria da plasticidade
Trabalho plástico

Os processos de deformação plástica são processos irreversíveis, em que grande parte do


trabalho dispendido na deformação é convertido em energia térmica. Este trabalho, designado
por trabalho plástico, contrasta com a energia armazenada durante a deformação elástica, por
não ser recuperável.
w0 Incremento de trabalho plástico por unidade de volume (1D)

F dl
t0 dw p    x d x
z wtl
y w
l0 t
F
Incremento de trabalho plástico por unidade de volume (3D)
x
l dl
dw p   ij d ijp
  x d x   y d y   z d z   xy d xy   yz d yz   zx d zx
  1d 1   2 d 2   3 d 3

Trabalho plástico por unidade de volume


w p   ij d ijp

Atenção: Desde o início do Capítulo 5 que as tensões 17


verdadeiras são representadas desta forma.
Teoria da plasticidade
Tensão e extensão plástica efectiva

Os processos de deformação plástica envolvem geralmente estados complexos de tensão de


natureza multiaxial mas a teoria da plasticidade desenvolve-se apoiada em ensaios
experimentais simples com características uniaxiais ou quanto muito biaxiais.
Neste contexto existe a necessidade de se definirem variáveis que permitam efectuar esta
equivalência entre estados complexos de deformação e estados de deformação
unidireccionais, surgindo, assim, os conceitos de tensão e extensão plástica equivalente ou
efectiva.

w p    ij d  ijp    d  p

von Mises

1
  
1

  2    2   3    1   3 
2 2 2
 1
2

2
1

 d    d12  d 22  d 32 
1
2 2 
 d 2   d 2  d 3   d1  d 3 
2
2 2 2
d p  1
2

3 3 
18
Teoria da plasticidade
Tensão e extensão plástica efectiva

Os conceitos de tensão e extensão plástica equivalente (ou efectiva) estão directamente


ligados aos critérios de plasticidade.

w p    ij d  ijp    d  p

Tresca

  1   3
d  p  d i max
i  1, 2, 3

19
Teoria da plasticidade
Encruamento – evolução da superfície limite de elasticidade

A continuação da deformação plástica, regra geral, exige um nível de tensões diferente do


inicial, dependente do grau de deformação plástica entretanto sofrida pelo material.
Este fenómeno designa-se por encruamento e determina que a superfície limite de elasticidade
vá variando com a progressão da deformação plástica em função das extensões plásticas
entretanto experimentadas pelo material.

1 e2
1 F(ij - ij ) =
F(ij ) = e2 3
Superfície limite de elasticidade 3

F  ij   K
1 e2
j F(ij ) = j j
3


Carregamento plástico ij

F  ij 
 i  i  i

dF  ij   d ij  0
 ij 1
F(ij ) = e2
3
1 2
Descarga elástica F(ij ) =
3

dF ( ij )  0 Perfeitamente plástico Encruamento isotrópico Encruamento cinemático

F ( ij )  J 2 J2  k 2
Critério de plasticidade de von Mises
1 2
F ( ij )  e 20
3
Teoria da plasticidade
Encruamento – evolução da superfície limite de elasticidade

A evolução da superfície limite de elasticidade no ensaio de tracção uniaxial (em regime


plástico) permite concluir que o incremento de extensão plástica seja proporcional à tensão
desviadora.

1  0
2 1
2  3  0 1  1   m  1 2  3   1
3 3
1
m  1  2 2  2 3 d1p   2 d 2p  2 d 3p
3

d1p d 2p d 3p
   d
1 2
j  1 2 3
F(ij ) = e
3 
e
i
 -1
2

d ij d ijp  d ij
1 
F(ij ) = 2  A constante de proporcionalidade 21
3
tangente designa-se ‘multiplicador plástico’
Teoria da plasticidade
Encruamento e potencial plástico
O nível de encruamento pode ser contabilizado a partir do trabalho F(ij ) =
1 e2
j
3
plástico por unidade de volume wp ou da extensão plástica efectiva p
acumulada durante a deformação plástica.
 i

1 2
F(ij ) =
3

  F  ij   K  H1 (w p )  H1 (   ij d ijp )

  F  ij   K  H 2 (  p )

k

A definição matemática de encruamento permite


j
concluir que o vector incremento de deformação d jij
plástica dp é perpendicular à superfície limite de 
m ij' d iij
elasticidade, expressando-se esta condição através
ij d kij
da noção de potencial plástico (Drucker, 1952). O

i j k d pij
 F ( ij )
d 
p
ij d
  ij i 22
Teoria da plasticidade
Potencial plástico – equações constitutivas de Levy-Mises e Prandtl-Reuss

O potencial plástico é uma função potencial a partir da qual se pode obter o incremento de
extensão plástica dpij por derivação parcial em relação às componentes da tensão ij .

J2  k 2

F ( ij ) 
1
6
  1   2    2   3   1   3 
2 2 2

F ( ij ) 
1
6
  x
2 2 2

  y    y   z    z   x    2xy   2yz   2xz  j d ij
p

d ij d ij
d ij

d ij
 F ( ij ) ij
d  p
ij d
  ij

i

2  
d  x   y   z 
1
Levy-Mises d   d ij
p Exemplo: Levy-Mises na direcção x d  px  d x 
ij 3  2 
1  1  2 d kk
Prandtl-Reuss d ij  d eij  d ijp  dij   ij  d ij
E E 3 23
Teoria da plasticidade
Potencial plástico – determinação do multiplicador plástico d

O multiplicador plástico pode ser determinado a partir da noção de incremento de trabalho


plástico por unidade de volume dwp em condições de tracção uniaxial.

dw p   ij d  ijp   x d  px  x d  px
1
x d  px  d px d px x   x   m  m d px  0
d
2 1
 x d  px  d px d px
3 d
2 1
 d p  d p d p
3 d

x  0 3 d p
d 
y  z  0 2 

Equações constitutivas de Levy-Mises 3 d p


para comportamento rígido-plástico d   d ij 
p
ij ij
2  24
Teoria da plasticidade
Equações constitutivas de Levy-Mises vs. Hooke (elasticidade)
O multiplicador plástico pode ser determinado a partir da noção de incremento de trabalho
plástico por unidade de volume dwp em condições de tracção uniaxial.

d p  
 x  2  y   z 
1
3 d d  p
p
d ijp  ij 3 d x
  
d ijp  ij
2 H 2  d p  1 
d yp 
  y  2  z   x 
 
d p  
  d zp    
1
   

z x y
 2 
1 1 d pxy3 d p
Et H d p
   xy
d d xy
2 2 
e d p d e
e d p d yzp 3 d p
d
d yzp    yz
2 2 
E d p 3 d p
d zxp  zx   zx
2 2 
1
 
d ex 
1
E

d x   d y  d z  
1  1  2 d kk .... etc
d  e
ij dij   ij d exy 1  1
E E 3 d e
  d xy  d xy
xy
2 E 2G
... etc 25
Teoria da plasticidade
Equações constitutivas viscoplásticas

A teoria da viscoplasticidade surge como uma generalização da teoria da plasticidade, e


destina-se a problemas que envolvam grandes deformações plásticas e cujo comportamento
dos materiais seja dependente do tempo, ou melhor, da velocidade de deformação.
Um material com estas características designa-se por viscoplástico, e a sua curva tensão-
extensão, para além de ser função da temperatura, da extensão e de factores que apenas estão
indirectamente relacionados com a deformação (como sejam, por exemplo, o caso da
composição química e da estrutura metalúrgica), também depende da velocidade de
deformação

   ( T , , , S )

A semelhança da teoria da viscoplasticidade com a ‘forma temporal’ da teoria da plasticidade


permite estabelecer uma analogia completa entre as equações obtidas na teoria infinitesimal
da plasticidade e as da teoria da viscoplasticidade aplicada a processos de deformação
plástica.
 p  
 x 2  y   z 
1
 
p
x  
  
3 d p 3  p ... etc
d 
p
ij  
p
ij
ij
2 
ij
2   pxy
3  p
 
p
xy   xy
2 2 
... etc 26
Teoria da plasticidade

Auto estudo
Capítulo 3 - Elasticidade

27

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