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O MESTRE IGNORANTE, DE JACQUES RANCIÉRE: REFLEXÕES SOBRE

(DES)EDUCAÇÃO
Geison Araujo Silva*
Luciene Maria de Oliveira**

1 INTRODUÇÃO

A obra “O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual”, de Jacques


Ranciére, surge a partir de uma experiência inusitada, porém bastante reveladora, vivida no
século XIX por Joseph Jacotot, um revolucionário francês exilado nos Países Baixos,
especificamente na Holanda. Sua tarefa? Ensinar alunos cuja língua materna era o holandês –
idioma que Jacotot desconhecia ou “ignorava” – sem que eles conhecessem a dele (o francês).
A solução para esse impasse viera com a descoberta de uma edição bilíngue da obra Telêmaco,
cuja tradução para o francês e análise foram solicitadas por Jacotot e executadas pelos alunos,
que não apenas aprenderam a língua francesa, como também conseguiram posicionar-se sobre
obra. A partir da narrativa centrada na experiência de Jacotot, Ranciére analisa os métodos
educacionais do século XIX e traz para sua atualidade discussões filosóficas, sociais e políticas
inerentes ao ensino e a aprendizagem, sobretudo questões como: por que ensinar? Para quê?
Como?
Isso posto, embora a obra em questão, em sua totalidade, ofereça inúmeros pontos
relevantes a serem discutidos, neste trabalho objetivamos sintetizar algumas das ideias
presentes em seus dois primeiros capítulos intitulados, respectivamente, “uma aventura
intelectual” e “a lição do ignorante”, destacando a noção de emancipação intelectual dos
sujeitos, assim como o método de educação universal e os princípios que regem essa abordagem
proposta por Ranciére.

2 O VELHO E O MESTRE: EMBRUTECIMENTO VERSUS EMANCIPAÇÃO

Segundo Ranciére, o sistema de ensino tradicional, ou seja, aquele no qual os alunos


assumem uma posição inferior e em relação ao professor que detém todo o conhecimento a ser
transmitido e, consequentemente, absorvido, acabam por desenvolver uma relação de

*
Graduando do 8º período do Curso de Letras Português na Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Bolsista
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).
**
Graduanda do 8º período do Curso de Letras Português na Universidade Estadual do Piauí – UESPI.
dependência entre mestre e discípulos. Nesse sentido, difundiu-se a crença de que só podemos
aprender se houver alguém que, a sua maneira, nos explique determinado conteúdo.

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