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LEI Nº 12.441/2011 - EIRELI

Elaborado em agosto/2012 por Walter Santos

EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

A Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, promoveu modificações no Código Civil


(especialmente a inclusão do art. 980-A) de modo a permitir a constituição de empresa individual de
responsabilidade limitada, denominada de EIRELI, prevendo uma vacatio legis de 180 dias para sua
entrada em vigor (ocorrida em 09/01/2012). Acrescentou-se no rol do art. 44 do CC/2002 as “as
empresas individuais de responsabilidade limitada” como uma nova espécie de pessoa jurídica de
direito privado.

Por meio deste novo tipo societário o empresário poderá constituir a pessoa jurídica
figurando como único titular da totalidade do capital social, que deverá ser integralizado e não
poderá ser inferior a 100 (cem) vezes o valor do salário mínimo (atualmente cerca de R$
62.200,00), além de só poder figurar em uma única empresa com tal modalidade. O nome
empresarial (pode ser firma ou denominação social) deve ser formado com a inclusão “EIRELI”.

Destaca-se como maior atrativo a limitação da responsabilidade pessoal do empresário ao


valor vertido para a formação do capital social, diversamente do que ocorre com o empresário
individual que tem sobre si a não limitação da responsabilidade pelas dívidas da atividade. Ou seja,
o capital da pessoa natural e da jurídica não se confunde.

Houve veto ao artigo 2º, § 4º ("somente o patrimônio social da empresa responderá pelas
dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer
situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, conforme descrito em sua declaração
anual de bens entregue ao órgão competente"), sob o pretexto de que a expressão "em qualquer
situação", poderia ocasionar divergências na aplicação das hipóteses gerais de desconsideração da
personalidade jurídica, previstas no art. 50 do CC. Todavia, o art. 2º, § 6º, do mesmo diploma (art.
980-A), ao tornar subsidiária a aplicação das normas das sociedades limitadas, atrai o entendimento
de que poderá recair sobre os bens do sócio eventuais dívidas trabalhistas e débitos previdenciários,
ou em casos de violação à lei, como ocorre com as demais sociedades.

Controvérsias/Questões polêmicas:
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a) a constituição de EIRELI está limitada às pessoas naturais? Segundo o


Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), órgão do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), “não pode ser titular de EIRELI a pessoa
jurídica, bem assim a pessoa natural impedida por norma constitucional ou por lei especial”
(Instrução Normativa nº 117/2011 – link http://www.dnrc.gov.br/Legislacao/IN
%20117%202011.pdf). Admitindo-se a formação unicamente por pessoa física, continua a existir no
direito apenas a subsdiária integral (art. 251 da Lei nº 6.404/76) como a única forma de sociedade
unipessoal.

b) poderá ser constituída uma EIRELI com capital subscrito de 150 salários e o seu
titular integralizar valor menor, mas superior àquele mínimo de 100 salários? Parece que não,
pois o caput do art. 980-A exige a integralização do capital no momento da constituição. Nos
termos da IN nº 117/2011 do DNRC, “Poderão ser utilizados para integralização de capital
quaisquer bens, desde que suscetíveis de avaliação em dinheiro.”, não se exigindo “a apresentação
de laudo de avaliação para comprovação dos valores dos bens declarados na integralização de
capital de EIRELI”.

c) necessidade de harmonia com o art. 966 do CC, a fim de que a EIRELI prestadora
de serviços corresponda a atividades econômicas organizadas para a produção ou a circulação
de bens ou de serviços, não incluídas as exceções do parágrafo único (“Não se considera
empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa”). Assim, um médico, que não exerça sua atividade com “elemento de
empresa”, não poderá constituir uma EIRELI.

d) EIRELI “ME” ou “EPP”: “A adição ao nome empresarial da expressão ME ou


MICROEMPRESA e EPP ou EMPRESA DE PEQUENO PORTE, se aplicável, não pode ser
efetuada no ato constitutivo. Somente depois de procedido o arquivamento do ato constitutivo e
efetuado pela Junta Comercial o enquadramento da EIRELI na condição de microempresa, ou
empresa de pequeno porte, mediante declaração em instrumento próprio para essa finalidade, é que,
nos atos posteriores, se deve fazer a adição de tais termos ao nome empresarial.” (excerto de
material disponibilizado pelo Conselho Regional de Contabilidade do RS -
http://www.crcrs.org.br/arquivos/palestras/110412_eireli.pdf)
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e) “MEI” (MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL) e a EIRELI: o art. 18-A da Lei


Complementar nº 123/2006 prevê que “considera-se MEI o empresário individual a que se
refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), que tenha auferido
receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), optante pelo
Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011)”. A Lei Complementar
nº 128/2008 criou condições especiais para que o trabalhador informal possa se tornar um
Empreendedor Individual legalizado. Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilitará a abertura de conta bancária, o
pedido de empréstimos, emissão de notas fiscais, participar de licitações e até prestar serviços para
empresas públicas, tais como pequenos consertos nas escolas. Além disso, o Empreendedor
Individual será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (Imposto de
Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). O único custo da formalização é o pagamento mensal de R$ 31,10
(INSS), R$ 5,00 (Prestadores de Serviço) e R$ 1,00 (Comércio e Indústria) por meio de carnê
emitido exclusivamente no Portal do Empreendedor. Essas quantias serão atualizadas anualmente,
de acordo com o salário mínimo. O empresário optante por esta modalidade terá direito a Auxílio
doença, licença maternidade, seguro por acidente de trabalho, aposentadoria por idade ou invalidez
para o empregado e para o microempreendedor individual, comprovação de renda, comprovação de
aquisição de mercadoria evitando problemas com a fiscalização, comprovação de registro do
empregado evitando futuras reclamações trabalhistas. Importa considerar que a principal diferença
com a EIRELI reside na questão da responsabilidade: o empreendedor responde pelos débitos da
empresa com seu patrimônio pessoal, diversamente do que ocorre com o titular da EIRELI.

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