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Instituto Hora da Leitura

Apostila

Treinamento e Capacitação de Mediadores de Leitura

Rio de Janeiro, R.J.

2016

“Não basta alfabetizar é preciso ensinar a gostar de ler”. Dr. José Mindlin e
Priscila Mendes.
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Bem vindo ao Instituto Hora da Leitura!

Cada participante da equipe é único, sendo muito importante para a missão do


Instituto de formar leitores em larga escala em escolas públicas brasileiras.

O programa começou sendo realizado na Baixada Fluminense, no Rio de


Janeiro, desde 18 de Agosto 2008.

Durante estes anos, estruturamos o Hora da Leitura, construímos uma


metodologia, ajustamos o rumo corrigindo os erros e aprimorando os acertos. Para tal,
tem sido fundamental a participação de todos, destacando características de
comprometimento e motivação de cada participante da equipe. A opinião individual é
incentivada, com um espírito de equipe colaborativo, atuante, sendo vital ter uma
atitude proativa para solucionar as questões.

Há uma enorme fatia da população que não conhece os materiais de leitura ou os


conhecem muito mal. Mesmo tendo os livros por perto falta a descoberta do prazer em
ler e a conscientização do papel da leitura na formação do indivíduo.

Como diz Monteiro Lobato, “Quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê. Um país
se faz com homens e livros”.

A nossa visão é que sociedade, governos e setor privado devem continuar


atuando para ampliar o acesso ao livro e fomentar as práticas de leitura.

O Instituto Hora da Leitura tem o objetivo de trabalhar junto à escola no


aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem e na continuidade do
desenvolvimento da leitura para a formação de uma boa base acadêmica, incentivar o
raciocínio e estimular o senso crítico nos leitores.

A filosofia do Instituto é da leitura com prazer, aproximando a criança do livro,


transmitindo emoção na leitura. O objetivo é "desbloquear os entraves" do leitor para
que ele desperte o desejo na leitura, criando o hábito da leitura para toda a vida. Sendo o
princípio baseado em “eu ensino e eu aprendo”.
3

"Não basta alfabetizar é preciso ensinar a gostar de ler". Dr. José Mindlin e
Priscila Mendes.

Facebook: Instituto Hora da Leitura


Site: www.horadaleitura.org.br

Atenciosamente,

Fundadora e Presidente Voluntária


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Sumário

Apresentação .................................................................................................................. 5

Introdução ...................................................................................................................... 8

Capítulo I: O livro e a sua importância social ...........................................................10

1.1 – As asas de Gutemberg e a proliferação do conhecimento .....................................10

1.2 – O livro, o indivíduo e a sociedade .........................................................................11

1.3 – O livro sem tarefas .................................................................................................12

1.4 – O livro e a legislação educacional brasileira .......................................................13

Capítulo II: Os espaços de leitura ...............................................................................17

2.1 – Espaços de leituras .................................................................................................17

2.2 – Organizando o espaço de leitura ............................................................................18

Capítulo III: A mediação e o mediador ......................................................................21

3.1 – A mediação ............................................................................................................21

3.2 – O mediador ............................................................................................................21

3.3 – Propostas metodológicas de mediação ..................................................................22

Capítulo IV: Avaliação .................................................................................................26

4.1 – O que você está escrevendo? (reflexões sobre a avaliação) ..................................26

4.2 – Os indicadores para a avaliação das leituras .........................................................30

ANEXO I - Avaliação Trimestral de Leitores IHL .......................................................36

ANEXO II - Avaliação Trimestral da Atuação do Programa nas Escolas ....................38

ANEXO III – Questionários de Informações das Escolas Participantes .........................40

ANEXO IV - Questionário pré IHL - Treinamento e Implementação ..........................42

Bibliografia ....................................................................................................................44
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Apresentação
Márcia Beatriz Prema

A leitura está presente em todas as coisas. Em todas as formas. O Antes e o


Depois já se fazem, lendo, antecipam o decifrar da palavra, seja ela, escrita ou falada...

Quando o bebê ainda em tenra idade começa a perceber o mundo a sua volta, ele
vai “lendo” além do alfabeto sócio-emocional dos seios maternos! Ele lê o vento, o sol,
a chuva, o calor, o frio, a noite, o dia, os pássaros, as flores, rios e marés, a fome, a sede,
a sociedade... O pai, os irmãos, a família, os amigos, as comunidades, tudo, afinal, que
faça parte do contexto de sua vida... Pouco a pouco, através dos sentidos,
espontaneamente, a criaturinha vai “lendo”, à luz da compreensão do que todos estes
signos e símbolos trazem para ela, sendo um processo muito natural, pessoal e até
atemporal... Alguns antes, outros um pouco mais tarde... Mas, todos, sem exceção,
desenvolvem naturalmente a capacidade de observação... E é pela observação serena e
amorosa que as primeiras leituras do universo, surgem, ou pelo menos, deveriam nascer
e crescer desta forma: aprendendo a ler um mundo que começa a se construir pelo Bom
e pelo Belo que há dentro de cada entidade humana independente a que grupo de
pessoas ela pertença.

Essa realidade presencial deve ser estendida a todo modo de comunicação e


expressão, seja ela escrita, manualmente, seja ela pelo viés da modernidade digital ou
virtual.

Ortograficamente lidamos hoje com alguns pontos de concorrência que


atravessam a estrada da leitura e nos apontam os corretores automáticos, o que por um
lado pode potencializar dificuldades na escrita passando desapercebidamente e mais
adiante comprometendo a extensão razoável da própria compreensão do conteúdo, no
processo ensino-aprendizagem. Por outro lado, os corretores automáticos acabam por
impor um algo a mais no todo, o fato é que o texto produzido em formato digital não
diminui a qualidade produtiva do aluno, uma vez que é possível avaliar, mesmo no texto
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digitado, se o aluno foi coeso e coerente, e se usou as características do gênero textual


exigido.

Neste caso o que muda é o suporte e não a função do texto. É essencial que o
aluno saiba se expressar verbalmente e de forma coerente. Já o uso correto da ortografia
dependerá do repertório de leitura e da pratica textual do estudante, seja ela manual ou
digital. Além disso, mesmo que a ferramenta corrija os erros ortográficos ainda
(AINDA!) não pode corrigir o conteúdo, que é um dos critérios de correção de maior
peso cobrado nas redações para vestibulares.

Ou seja, ler e escrever aponta um caminho sócio-afetivo. As primeiras


percepções da leitura e da escrita estão intrinsecamente ligadas a um contexto que
indique o prazer, o bem estar, o gostar, o vínculo que se possa estabelecer de forma
positiva com a descoberta dos livros e das histórias, estejam elas num contexto de livro
impresso ou em tecnologia digital.

Então é Hora da Leitura focada e formada por ferramentas abrangentes, onde a


escola precisa oferecer um leque de possibilidades para o aluno e um ambiente para que
ele possa desenvolver o maior numero de habilidades possíveis e escolher, de acordo
com suas necessidades, qual delas utilizar. Abolir a letra cursiva ou manuscrita do
currículo é limitar as possibilidades do aluno, assim como insistir em utilizar somente
uma escrita impede que ele domine outras formas. O importante é que o estudante possa
praticar a escrita de diversos gêneros textuais e conheça suportes diferentes para o texto.
Portanto é dever da escola ensinar a escrita cursiva, assim como utilizar as ferramentas
digitais.

E o livro? Ah! O LIVRO! Este como protagonista e precursor de uma longa


história evolutiva da humanidade traduz desde o primitivo pergaminho à obra
digitalizada mais moderna. Porque o livro é simultaneamente o corpo e o espírito da
literatura que abraça.

Suas folhas, páginas, capas, ilustrações, grampos ou brochura, sua opacidade ou


verniz, são os membros, as partes do corpo, seus órgãos, tecidos e músculos. Suas veias
e sangue correm pelo viés amoroso da percepção que nasce da capacidade natural de
observar para ler e escrever o espírito da literatura.
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As letras, símbolos, sílabas, códigos, sinais, gêneros, palavras, idiomas, são os


canais que fazem todo o sentido nas almas que o encerram. Simultaneamente é verbo,
substantivo e adjetivo, pronome e preposição, é artigo, em suma, o livro é a
materialização da palavra que precisa ser dita de forma palpável, compreensível e
lúdica.

E por tudo isso, posto, cabe, aqui, agradecer e reconhecer em grande mérito ao
Instituto Hora da Leitura que contempla um gosto a mais para todos que aprendem a ler,
porque alfabetizar é simples, mas, não é o bastante, é preciso ensinar a gostar de ler e o
afeto deste “gostar de ler” está cotidianamente de mãos dadas com o referido Projeto em
pleno exercício de seus propósitos no incentivo à leitura.

Comungando com as escolas, o HL entra como suporte e aporte para que os


corpos docente e discente de cada instituição possam desfrutar de um mecanismo
prático de complementação pedagógica, essenciais aos acessos de conhecimentos. Essa
plataforma digital humaniza a “hora da leitura” oferecendo um treinamento onde a
liberdade de escolha e de expressão aparecem significativamente.

Finalmente, a formação de leitores se dá quando o vinculo é estabelecido de


forma positiva, prazerosa, lúdica, espontânea, complementar e sadia: com amorosidade
naquilo que se observa sem nada dizer, naquilo que se escreve sem mesmo uma letra
codificar, falo de uma cultura capaz de apreciar e valorizar a leitura como ferramenta
premiada concedida a um ser vivo apenas: ao homem em suas infinitas potencialidades.
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Introdução

O Instituto Hora da Leitura é uma associação sem fins lucrativos, no formato


jurídico de Associação e Oscip, com governança corporativa de voluntários da iniciativa
privada. A Missão precípua do Hora da Leitura é contribuir para que o professor atinja
uma de suas grandes tarefas que é promover o hábito e o gosto pela leitura em crianças
e jovens de escolas públicas brasileiras, despertando o desejo de ler com prazer.
Acreditamos que todos deveriam perseguir a ideia de que leitura e prazer podem andar
juntos e que quando isso acontece um novo mundo se abre na mente de crianças e
jovens.

Idealizado e gerido de forma voluntária por Priscila Maria Carballido Mendes,


limitada ao tempo disponível, o Hora da Leitura iniciou em Agosto de 2008 levando
rodas de leituras com histórias para alunos das Escolas Públicas da Educação Infantil e
Ensino Fundamental nos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu e Vilar dos Teles.
Sem possuir sua própria identidade jurídica (CNPJ), o Programa Hora da Leitura operou
junto ao Instituto da Criança de 2008 a 2015. A consultora metodológica do Hora da
Leitura é Claudia Brandão.

Durante esse tempo de existência, beneficiamos mais de 5 mil crianças e jovens,


arrecadamos e distribuímos mais de 30 mil livros. E capacitamos em torno de 50
Estagiários Universitários para serem os Mediadores de Leitura. Atuamos em 17
Escolas Públicas nos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu e Vilar dos Teles (RJ).

A conclusão é simples: se o mediador de leitura for gentil e amoroso, contar com


acervo de livros apropriado, com um ambiente acolhedor e livre, o êxito é 100%! Isto é,
seremos bem sucedidos em plantar a semente da leitura na criança e no jovem.

Imagine a oportunidade de regarmos essa semente do prazer em ler para jovens


leitores com idades de 4 a 18 anos! Nós do Hora da Leitura acreditamos que é possível
9

sonhar grande e formarmos uma geração de leitores, em 20 anos, em nosso país. Sonhe
conosco! Isto é uma iniciativa da sociedade civil, em uma ação voluntária.

O Instituto Hora da Leitura se articula metodologicamente em torno de três eixos


básicos:

• Técnica de mediação específica;


• Construção de um ambiente aprazível para uma prática de leitura integradora entre o
leitor e o livro;
• Acompanhamento sistematizado do processo de desenvolvimento do leitor.

O material que ora tem em mãos é o resultado de profundas reflexões acerca das
ações nacionais e internacionais em curso, em torno do incentivo a leitura livre. Esse
trabalho representa um esforço de síntese sobre algumas dessas reflexões teóricas e
metodológicas, sem pretensão de esgotar o assunto.
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Capítulo I

O livro e sua importância social


Elenise Barbosa Silva Restier
1.1 As asas de Gutemberg e a proliferação do conhecimento

A Proliferação de livros foi uma das grandes inovações ocorridas durante o


Renascimento, processo de ampliação do conhecimento humano no final da Idade
Média. Foi um período marcado por transformações em muitas áreas da vida humana:
nas artes, na ciência, nas relações sociais influenciando as visões de mundo dos povos
europeus. Contudo, foi um movimento de caráter intelectual e artístico elitista, por isso
suas obras eram restritas às pessoas ricas.

Um inventor gráfico alemão contribuiu decisivamente para a expansão do


conhecimento ao introduzir a forma moderna de impressão de livros, possibilitando a
redução do tempo para a divulgação e cópia de livros e jornais, chegando com mais
rapidez nas mãos dos leitores. O uso de tipos móveis foi um marcante aperfeiçoamento
nos manuscritos, que era o método então existente de produção de livros na Europa,
como também na impressão em blocos de madeira. A tecnologia de impressão de
Johannes Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo
mundo. Sua maior obra foi a Bíblia de Gutenberg, admirada pela sua alta estética e
qualidade técnica. Porém, Gutenberg e sua invenção sofreram algumas conseqüências
negativas do momento sociocultural do início dos séculos XIV e XV, pois sua
tecnologia não foi benquista por todos no início. A nova arte de imprimir livros
provocou temores de toda ordem, a população, desacostumada com aquele invento,
resistiu em utilizar aquele tipo de impressão. Contudo, sua importância venceu:
11

A imprensa é o maior acontecimento da história. É a


revolução mãe… é o pensamento humano que larga uma
forma e veste outra… é a completa e definitiva mudança
de pele dessa serpente diabólica, que, desde Adão,
representa a inteligência. (Victor Hugo, Nossa Senhora de
Paris, 1831).

Gutemberg possibilitou não apenas a proliferação de livros, mas a proliferação


de idéias, de valores, de conhecimento de uma maneira geral. A partir daí, o homem
pode entender que poderia buscar o conhecimento por meios dos próprios esforços. O
inventor alemão permitiu ao homem a liberdade de conhecer, de interpretar e de pensar.
Certamente, a máquina criada por Gutemberg ampliou as “asas” para a humanidade se
soltar das amarras dogmáticas de um conhecimento controlado.

1.2. O livro, o indivíduo e a sociedade

Na virada do século XX para o XXI, vivenciamos um novo momento de grande


revolução tecnológica, transtornando nossas noções de tempo e espaço, influenciando a
vida social de diferentes gerações, confundindo e tornando cada vez mais vagas as
nossas percepções e sentimentos sobre o universo a nossa volta. Num momento em que
o virtual e o teletransmissível são cada vez mais partícipes da formação dos indivíduos,
um grande número de pessoas considera o livro algo ultrapassado.
Se a sociedade brasileira precisa de pessoas que saibam compreender o contexto
em que vivem para, a partir daí, modificá-lo de acordo com as suas necessidades, é
imprescindível a formação de leitores já desde os primeiros anos de vida. O hábito de
ler não se desenvolve de um dia para o outro, conforme observou Sandroni e Machado
(1988, p.16): “o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”, se aprende,
como qualquer elemento cultural. Entendemos que cultura é tudo o que uma sociedade
produz (valores, costumes, crenças, etc). As sociedades transmitem seus patrimônios
culturais para as próximas gerações por meio do aprendizado – aliás, uma das maiores
riquezas da humanidade é o ensinar e o aprender. É assim que as culturas se
reproduzem, se transformam ou se resignificam. Falar, sorrir, amar, dar carinho, cuidar
são coisas que se aprendem, como o costume de ler.
12

Ler promove a formação de indivíduos críticos, questionadores, e, nesse sentido,


sendo a leitura e a escrita um direito de todos, implica um grande problema para os
sistemas de imposição de poder, muitas vezes desejosos por massas que apenas
decifrem códigos e símbolos e que não saibam pensar sobre os sentidos que esses
códigos constroem.
Segundo Pedro Demo, todos desenvolvemos um esquema de leitura do mundo,
ou, nas palavras do próprio autor, para construirmos uma “teoria do mundo”. Sendo
assim, quando lemos temos a possibilidade de reestruturar constantemente a nossa
teoria do mundo. Ler permite a reflexão e a capacidade de questionar, pois a leitura
“reestrutura as idéias e expectativas, reformulando novos horizontes”. (, p. 27.).

1.3 – O livro sem tarefas

Até meados do século XX vigorava um simplismo interpretativo de leitura como


apenas o ato de decodificar grafemas (escrita) e fonemas (fala). Entendemos que a
leitura deve transpor a simples barreira da decifração de códigos e auxiliar o indivíduo
na formulação de suas teorias sobre a vida (ROJO, 2004, p. 2). A leitura envolve a
aplicação de procedimentos e o desenvolvimento de diferentes capacidades. Por
procedimentos entende-se um conjunto de fazeres da prática de leitura, como folhear,
ordenar a seqüência das palavras, etc. Capacidades são elementos mais profundos da
leitura, como percepção, cognição, conhecimento do mundo.
Entrando propriamente nas diversas combinações de capacidades presentes em
diferentes processos de letramento, utilizamos o modelo interpretativa de Roxane Rojo
em seu livro Letramento e capacidade de leitura para a cidadania, que descreve-as do
seguinte modo: Capacidades de decodificação1, como a compreensão entre a escrita e
outras formas gráficas, o domínio das convenções gráficas, do alfabeto, das relações
entre grafemas e fonemas, etc; Capacidades de compreensão,2 daí exigindo operações
mais complexas como o acionamento do conhecimento de mundo, a antecipação ou
predição de conteúdos ou propriedades dos textos (o que o auxilia a ler mais rápido,
porque impede que o leitor fique preso a palavras que desconheça porque entendeu sua
propriedade naquele contexto de leitura), checagem de hipóteses, comparação de
informações, etc; e, por fim, Capacidades de apreciação e réplica do leitor em relação

1
Podemos vincular essa classificação com o seu entendimento sobre alfabetização.
2
Estas outras classificações e inserem no que se entende por letramento.
13

ao texto, ou seja, a capacidade de interagir com a obra, questionando o seu contexto de


produção, seu posicionamento ideológico, bem como as finalidades da própria leitura, a
relação do texto lido com outros textos também conhecidos sobre determinada temática,
a elaboração de apreciações estéticas, afetivas, éticas e políticas.

Grande parte dos especialistas já se convenceu de que quanto mais cedo ocorrer
o contato do indivíduo com o mundo da literatura, mesmo antes da alfabetização, tão
logo se desenvolve um sujeito leitor.3

O grande problema para a formação de sujeitos leitores em que o instituto se


debruça é a ausência do hábito da leitura livre. Normalmente, o livro está encarcerado
em contextos temporais e fundamentalmente escolares, ligado sempre a algum tipo de
resultado prático como uma tarefa de alguma matéria. E por que isso? Por um lado, a
convicção de alguns de que a literatura deve aparecer na vida da criança apenas no
processo de alfabetização, ou seja, no momento em que o indivíduo já está decifrando
os códigos. Há um entendimento de que o processo de aprendizado da leitura é algo que
acontece apenas quando a criança entra na escola. Por outro e atrelado ao primeiro,
naturalizou-se uma relação muito negativa com os livros em que os mesmos são
utilizados apenas para cumprir uma tarefa escolar.

Essa cristalização dos hábitos antipatiza o livro em relação aos jovens leitores. O
que se propõe é justamente o inverso, a busca pelo prazer em ler por meio da liberdade,
da leitura livre. Daí poderemos falar em sujeitos leitores.

1.4 – A legislação educacional brasileira e a leitura

Procuramos, nessa etapa do trabalho, apresentar os documentos normativos que


regulam a educação nacional até o presente momento, recortando as partes que se
vinculam diretamente aos livros e a leitura.

1.4.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96)

Seção II

3
Podemos citar, por exemplo, os clássicos Emília Ferreiro Reflexões sobre Alfabetização, publicado em
2008; e Nelly Coelho A Literatura Infantil, em 2000.
14

Da Educação Infantil
Art. 29º. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.

Seção III
Do Ensino Fundamental
Art. 32º. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e
gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno
domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

1.4.2 Plano Nacional de Educação (2014-2024)

Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do


ensino fundamental.

Observações: Embora saibamos que o Hora da Leitura não tem por objetivo alfabetizar,
contudo contribui para atender a essa meta do PNE. Por essa determinação, todas as
instituições de ensino estão obrigadas a alfabetizar em todos os sentidos, as crianças até
o 3º ano do fundamental I (entre 9 e 10 anos de idade).

Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para
93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da
vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50%
(cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional.

Observações: O Instituto HL possui como um dos seus principais objetivos o


desenvolvimento da capacidade crítica (o que só pode ser desenvolvida pela capacidade
de interpretação), logo, auxiliando o PNE quanto a erradicação com o analfabetismo
funcional.
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Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 Anos


(Resolução CNE nº 7/2010), encontra-se estabelecido que os três anos iniciais do ensino
fundamental devem assegurar a alfabetização e o letramento e o desenvolvimento das
diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, da
Literatura, da Música e demais Artes e da Educação Física, assim como o aprendizado
da Matemática, da Ciência, da História e da Geografia.

1.4.3 Diretrizes Curriculares Nacionais ((Brasil. Ministério da Educação. Secretaria


de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica.
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013).

 Educação Infantil:
As diretrizes consideram que na fase atendida pela educação infantil, deve ser
entendido como um dos princípios (item III do artigo 9) a possibilidade das crianças
terem “(...) experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem
oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos
(...)” (Brasil, 2013, p. 99), e em toda a parte do referido documento podemos encontrar
referências ao desenvolvimento da criatividade, ludicidade e liberdade de expressão.
Portanto, segundo o documento:

“Também é preciso haver a estruturação de espaços que facilitem que as


crianças interajam e construam sua cultura de pares, e favoreçam o contato com
a diversidade de produtos culturais (livros de literatura, brinquedos, objetos e
outros materiais), de manifestações artísticas e com elementos da natureza”.
(BRASIL, 2013, p. 99)

Importante também para o Instituto HL o item IX do mesmo artigo


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“Art. 9º As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da


Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a
brincadeira, garantindo experiências que:

IX – promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas


manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança,
teatro, poesia e literatura; (...)”.

 Ensino Fundamental

Conforme as Diretrizes, a escola deve adotar práticas que proporcionem maior


mobilidade as crianças em sala de aula, “explorar com elas mais intensamente as
diversas linguagens artísticas, a começar pela literatura, utilizar mais materiais que
proporcionem aos alunos oportunidade de racionar manuseando-os, explorando as
suas características e propriedades, ao mesmo tempo em que passa a sistematizar
mais os conhecimentos escolares”. (p. 121).
Ainda de acordo com as Diretrizes, no artigo 30, os três anos iniciais do Ensino
Fundamental (1º, 2º e 3º anos), devem assegurar:

“II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o


aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a
Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da
História e da Geografia; (...)”. (p. 137).
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Capítulo II

Os espaços de leituras

Claudia Maria de Lima Brandão

Nessa parte da apostila, o leitor se deparará com nossas definições do conceito


“espaços de leitura” e o passo a passo para a organização dos mesmos.

2.1 – Espaços de leituras

A ação cultural de leitura de histórias promovida pelo Hora da leitura pode se


adequar facilmente nos mais diversos espaços. Qualquer lugar pode se tornar um
“Canto” aconchegante para a instalação de momentos aprazíveis de leitura de livros de
acordo com a realidade das escolas ou outras instituições interessadas em desenvolver
esta ação. Na própria sala de leitura da escola, porém sem a formalidade da mesma, ou
em qualquer outro espaço informal.

Esses espaços culturais devem ser lúdicos e livres de toda e qualquer


preocupação pedagógica, onde crianças, jovens e adultos possam evoluir de maneira
espontânea numa troca rica, desenvolvendo suas capacidades de ouvir, criar, inventar,
reinventar seus objetivos, o que só é possível num espaço onde as atividades não sejam
impostas nem dirigidas. Esta leitura de histórias, contos e poesias nos locais de
coletividade permite uma familiarização com a escrita, que será também um fator
amenizador dos efeitos da ausência dos livros nas famílias.

Esse “Canto Hora da Leitura” pode também ser realizado num espaço aberto, no
pátio do recreio, debaixo de uma árvore frondosa, num belo dia de sol.

Por isso talvez a melhor definição não seja “sala de leitura”. Propomos, então, o
termo “Espaço de Leitura”.
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2.2 – Organizando o espaço de leitura

Reiteramos que não há necessidade de se ter uma sala específica para se instalar
o Hora da Leitura, mas é importante que no espaço físico que lhe será destinado, um
“canto” acolhedor seja montado. Alguns itens são fundamentais para que essa ação
possa se desenvolver de maneira a favorecer o interesse das crianças e jovens pelos
livros e seus conteúdos.

2.2.1 O “canto” do Hora da Leitura

Pode ser fixo, caso o material possa ficar arrumado em permanência na sala ou
“desmontável”, quando o espaço é compartilhado com outras atividades. O importante é
que um espaço seja delimitado dentro dessa sala.

2.2.2 – O material:

- um grande tapete (emborrachado se for possível) ou


edredons coloridos;

- almofadões e almofadas coloridos;

- caixas coloridas para colocar uma parte do acervo (e/ou estantes).


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Uma parte dos livros é disperso sobre o tapete de forma atrativa, enquanto outros
livros podem ficar nas caixas ou prateleiras.

As crianças, principalmente as pequenas, gostam de procurar os livros nos


compartimentos, de arrumá-los, brincar de esvaziar e encher as caixas.

Almofadas para se instalarem confortavelmente são colocadas em volta do


tapete e no espaço.

Assim, esse espaço informal e aconchegante será rapidamente associado aos


momentos de prazer do “Era Uma Vez...”.

2.2.3 – O acervo:

É importante que o acervo seja de boa qualidade estética e literária, e que seja
diversificado o suficiente para que toda criança e jovens possam se encontrar no seu
nível de relação com os livros, isto é, que contenha livros de imagens, livros com
histórias curtas, livros com histórias longas, contos de fadas (versão original), poesias,
romances, ficção...

Um número mínimo de livros para um acervo interessante é de 100/200 títulos.


É fundamental que os livros estejam em bom estado. À medida que forem estragados
(muito rasgado, muito remendado, desbotados, faltando páginas...) eles devem ser
retirados do acervo e substituídos.

É importante que o mediador conheça seu acervo de forma a fazer o melhor uso
possível de suas leituras. Às vezes, lendo uma história muito longa e percebendo certo
cansaço da parte de seu público, o mediador saberá que trecho (mais descritivo de uma
situação, por exemplo) ele poderá pular, sem que prejudique a trama e a poesia da
narrativa, adaptando assim a leitura à situação do momento e mantendo-se fiel ao texto.
20

Como proceder a escolha de um acervo de qualidade?

É importante levar em conta a qualidade do texto, sua relação com as imagens, a


qualidade das ilustrações.

A literatura infantil, aquela que pode ser lida por crianças, não tem nada a ver
com livros para crianças. “Tem a ver com literatura, arte da palavra, beleza,
ambiguidade, polissemia, qualidade de texto, a função poética da linguagem”, nos
afirma Ana Maria Machado.

Ricardo Azevedo completa essa noção de qualidade dos livros infantis e juvenis:
“Os livros para crianças não recorrem a uma linguagem infantil, mas sim a uma
linguagem capaz de gerar identificação e ser compreendida por crianças e adultos,
pobres e ricos, cultos e analfabetos”. Ao mesmo tempo tem-se o respeito pela norma
culta, mas sem o cultismo exagerado e artificial.

Utilizando uma linguagem pública, que ao mesmo tempo é rica e original, a


maioria das pessoas pode ler e se identificar na literatura infantil e juvenil,
independentemente da faixa etária.

Os textos e as imagens formam um diálogo, que faz do LIVRO um material


semiótico muito rico e é um exemplo de sinergia entre linguagens.

Os livros de literatura infantil não devem ser usados, como acontece


frequentemente nas escolas, como simulacros de livros didáticos, pois é uma forma de
reduzir e descaracterizar a literatura retirando sua essência.

Vale lembrar que a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ)


realiza anualmente uma seleção de obras de alta qualidade, que pode servir de
orientação para as instituições que se interessem em formar um acervo.
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Capítulo III

A mediação e o mediador

Claudia Maria de Lima Brandão

LENDO HISTÓRIAS... Das leituras orais às leituras silenciosas

Alberto Manguel no seu livro "Uma História da Leitura", apresenta um breve


histórico no qual o autor pontua que a leitura silenciosa se tornou usual no Ocidente
somente no século X, em substituição à leitura normal feita em voz alta, desde os
primórdios da palavra escrita. As letras, que foram inventadas para que pudéssemos
conversar até mesmo com o ausente, eram signos de sons, que por sua vez, eram signos
das coisas que pensamos (Aristóteles).

O texto escrito era uma conversação, que uma vez posta no papel servia para que
o parceiro ausente pudesse pronunciar as palavras destinadas a ele. “Diante do texto
escrito, o LEITOR empresta sua voz às letras silenciosas, a scripta, e permite que elas
se tornem verba, palavras faladas”. Podemos inferir uma continuidade da tradição oral,
como se não fosse ainda possível fazer o corte. A linguagem escrita vem garantir a
fixação da oralidade.

Foi com este objetivo, o de fixar as histórias, que até então faziam parte da
tradição oral, que Charles Perrault, no século XVII, e mais tarde os irmãos Grimm
(séc.XVIII) reuniram em coletânea seus famosos Contos de Fadas, que se tornaram
clássicos na literatura infantil.

A criança no seu desenvolvimento vai traçar esse caminho, das histórias lidas em
voz alta pelo adulto compartilhada por todos, ao domínio da leitura, quando ela poderá
tornar-se autônoma na sua leitura silenciosa.

A ação cultural do Hora da Leitura se situa nessa oralidade, levando, aos poucos,
cada qual no seu ritmo, crianças e jovens de todas as idades, da passagem das histórias
lidas pelo mediador, ouvidas, escutadas e investidas pelo público, às leituras silenciosas,
individuais, num encontro secreto com o autor (que nessa fase vai se diferenciar do
narrador).
22

Esse longo período que antecede o domínio da leitura, ou seja, a leitura de


histórias em voz alta feita por adultos durante toda a fase da pré-alfabetização já é
reconhecida como fundamental no desenvolvimento emocional e nas aquisições
escolares da criança.

Pesquisas sobre o contato precoce da criança com os livros foram feitas por
grandes psicanalistas internacionais, que demonstraram a importância da linguagem
narrativa no desenvolvimento emocional de toda criança. Os efeitos positivos dessa
ação cultural foram comprovados ao longo de anos, nas áreas educacionais, sociais, de
comunicação e clínica.

A linguagem narrativa é estruturada com começo, meio e fim para relatar os eventos à
distância, ela introduz a noção de tempo, organiza o pensamento, desenvolve o
imaginário e a fantasia, funções indispensáveis para o acesso ao simbólico. A criança
precisa brincar durante muitos anos com a linguagem narrativa, para que ela esteja
pronta para aprender a ler e a escrever.

3.1 – A mediação

No campo da cultura, especificamente, a mediação de leitura de histórias, é um


momento, compartilhado entre o adulto mediador e crianças e jovens, de descoberta dos
livros e suas narrativas, num ambiente acolhedor, sem a formalidade das salas de aula e,
sem as cobranças escolares. Espaço onde a criança/jovem é livre para escolher suas
leituras para se expressar nas suas projeções e identificações com as personagens das
histórias, e onde todos são respeitados e acompanhados nas suas individualidades.

3.2 – O mediador

O mediador de leitura é aquele que serve de intermediário entre a criança/jovem


e o livro, aquele que coloca a criança em contato com os livros e a linguagem narrativa
de forma lúdica e prazerosa, que faz a ponte entre o leitor e o autor, que durante muito
tempo será confundido, pela criança, com o narrador.

Através das histórias lidas em voz alta, ou contadas, o mediador transmite um


patrimônio cultural universal de milênios. “Se reais e concretas, as histórias transmitem
23

experiência e ensinam alguma coisa, se fictícias e abstratas exorcizam medos, canalizam


desejos, projetam um plano” (Ana Maria Machado)

Ouvindo histórias e lendo-as mais tarde, a criança cria um espaço mental para
um mundo mágico, literalmente fabuloso. Identificando-se com as personagens, a
criança vai contar sua própria história, vai aprender a reagir a situações desagradáveis e
a resolver os seus conflitos pessoais.

Em outras palavras, o MEDIADOR é um grande ANIMADOR DE LIVROS,


isto é, aquele que anima os livros. Animar, derivado de ANIMA em latim significando
“dar alma à”, é aquele que dá VIDA, que dá ALMA aos livros, é um facilitador dos
processos de incentivo à leitura literária.

O mediador ou o animador de livros pode ser um profissional ou qualquer familiar,


mãe, pai, avô, avó, irmão mais velho que ocupe a função de apresentar à criança os
livros, com seus textos, suas imagens, sua estética, iniciando a criança às emoções,
ajudando-a a entender a importância, a grandiosidade dos livros, tanto pelo seu lado
prazeroso quanto pela possibilidade de crescer, de se transformar, de descobrir o sentido
da leitura na vida do indivíduo e da sociedade. Em qualquer momento pode-se ler,
contar uma história a uma criança: no banho, durante uma refeição, na hora de dormir...

3.3 – Propostas metodológicas de mediação

Ao entrarem as crianças/jovens são solicitados a retirarem os sapatos. O


mediador pode deixar o grupo manusear livremente os livros por algum tempo e em
seguida propõe que escolham um livro para que ele leia a todo o grupo. Muito
provavelmente vários livros serão estendidos ao mesmo tempo. Nesse caso, cabe ao
adulto seguir uma ordem de “chegada” dos livros. Com frequência as próprias crianças
gerenciam essa organização.

Geralmente as crianças estão descontraídas e interessadas pela história que está


sendo lida em voz alta, mas tantos livros a disposição suscita a curiosidade e muitas
crianças vão folheá-los sozinhas ou compartilhando com outro colega enquanto
escutam, ou ainda um brinquedo que tenha sido levado terá também a atenção de
alguns.
24

Algumas crianças são mais motoras que outras e tem necessidade de se


locomoverem no espaço, ao mesmo tempo em que escutam a história lida em voz alta, o
que não significa que elas não prestem atenção. Na maior parte do tempo temos a prova
de que a criança não perde o fio da meada.

É importante que todos esses movimentos paralelos sejam respeitados. O


mediador deve ler a história, mas estar atento e aberto para acompanhar a criança no seu
próprio ritmo, na sua escuta e nas suas necessidades, com todas as interrupções que se
fizerem necessárias.
Com frequência temos no grupo crianças com mais dificuldades: hiperativas,
agressivas, ou ainda no extremo oposto, excessivamente tímidas, ou ainda crianças ditas
“especiais” e todas são bem vindas com suas singularidades.
Essa democratização da do acesso à literatura é um dos objetivos do Hora da
Leitura.
Ao lermos uma história, uma relação se instala entre o adulto leitor e o público.
As crianças vão se expressar ou não, e isso também deve ser respeitado sem
interferência do adulto. As crianças comentam livremente sobre as histórias que ouvem,
sobre os livros ou ainda sobre suas próprias histórias que se misturam às fictícias. O
mediador acolhe todas essas manifestação de forma amorosa e, principalmente, isenta a
criança de toda e qualquer obrigação escolar, não solicitando nenhuma tarefa sobre as
leituras feitas nesse espaço.
Outra coisa importante: as histórias devem ser lidas exatamente como se
apresentam no texto escrito. O texto não deve ser modificado, não deve ser
simplificado ou inventado, sob o pretexto de adaptá-lo para a melhor compreensão da
criança, nem deve ser acrescido de gestos exagerados ou dramatizações. A leitura deve
ser fluente, agradável e respeitando o que o autor desejou transmitir.
25

Respeitando a integridade do texto, o adulto permite que as histórias possam ser


lidas várias vezes, de forma idêntica, o que é de grande importância quando a criança
solicita a mesma história e, geralmente exige que seja lida com as mesmas palavras.
Escutar uma mesma história muitas vezes consecutiva e durante certo
tempo, é algo que muitos adultos (pais, professores) conhecem bem. Essa repetição dá à
criança a sensação de controle do conhecido, o que transmite segurança e possibilita
novos conhecimentos, visto que a cada releitura novas associações são feitas. Portanto,
é esperado que o mediador possa responder a essa necessidade da criança, lendo e
relendo quantas vezes for solicitado, mas se naquele momento o adulto não se sentir
capaz, é melhor não fazê-lo.
Mas como respeitar essas releituras quando as crianças se encontram em
grupo? Nesse caso, o mediador deve negociar com o grupo, caso sinta que para
determinada criança, naquele momento ouvir novamente determinada história é
importante ou ele pode negociar o inverso, se as outras crianças não aceitarem a
releitura daquele livro, protelando um pouco a situação.
Ler em grupo não significa não ter relação individual com uma criança. É
uma dinâmica com vários movimentos diferentes:
 Geralmente no começo da leitura, todos prestam atenção, aos poucos, pequenos
grupos se afastam do mediador com outros livros, outro grupo se mantém em
volta do adulto leitor. Mais adiante as crianças circulam e tudo muda de novo. E
o mediador pode se encontrar lendo para apenas uma criança, ou duas...

 O mediador deve estar atento para poder ter esse contato individual no grupo.

O mediador deve ser “móvel” no espaço, quando necessário, por exemplo:

 Se um grupo de crianças/jovens está disperso, falando alto demais, atrapalhando


um pouco o andamento da sessão de leitura, o mediador pode se aproximar deles
e continuar lendo a história e pode/deve propor a esse grupo a escolha de um
livro. Geralmente isso reanima a atenção.

 Se uma criança estiver mais agitada, o mediador pode propor a criança que se
sente em seu colo, onde ela pode se sentir “contida” e acolhida. Com frequência
a criança se acalma.
26

 Ou ao contrário, se uma criança é extremamente tímida, que se isola no espaço,


também pode ser acolhida no colo, ou simplesmente, o mediador muda de lugar
se aproximando dela.

Em geral as crianças que se encontram em volta do adulto o acompanham nesses


deslocamentos.

A apresentação do livro que está sendo lido também merece uma observação:

 É importante que o livro seja apresentado (as imagens, o texto), durante sua
leitura. A forma de segurá-lo deve permitir que as crianças explorem as imagens
e acompanhem a leitura, se o desejarem. Desse modo, o livro deve ser apoiado
sobre o braço do mediador, que se encontra sentado no chão, braço apoiado na
perna.

 O livro deve ficar “móvel”, podendo passar de um lado para o outro permitindo
assim a que todos tenham contato visual com ele.

 Colocá-lo no chão no meio do grupo também é uma forma interessante de expô-


lo.

 O mediador deve estar confortável nessa(s) hora (s) de leitura de história, então
não deve segurá-lo no alto, ele todo voltado para o público, isso dificulta a
leitura do mediador, que deve se contorcer todo para ler e passar as páginas (o
que dificulta o contato visual com o público). Em pouco tempo o braço vai dar
sinais de cansaço.

O contato visual do mediador com o público é extremamente importante:

 O mediador deve olhar para o público com frequência durante sua leitura. É uma
forma de demonstrar que ele está atento a cada um.
27

 Olhando para a criança, durante a leitura, que se encontra, por exemplo, longe, o
mediador, pelo olhar, demonstra à criança que ela está incluída, apesar da
distância.

O ritmo da leitura de histórias é outro item importante:

 A história não deve ser lida muito rápida ou lenta demais, o que pode dificultar a
compreensão por parte da criança.

Enfim todos esses itens dão suporte técnico para uma leitura entusiasmada,
agradável e contagiante para os ouvintes que estarão ávidos de boas histórias.

Fechando o Espaço do Hora da Leitura: o espaço deve ser inteiramente


arrumado, depois de cada sessão de leitura, para o grupo que vem em seguida ter o
mesmo acolhimento.

Caso as crianças queiram, espontaneamente, participar na arrumação, essa ajuda


pode ser bem vinda, mas nunca obrigatória. É importante que a criança sinta que
alguém, no caso o mediador/professor, presenteie propondo-lhe esse espaço lindamente
arrumado e preparado especialmente para ela.
28

Capítulo IV

Avaliação

Claudia Maria de Lima Brandão

A observação, a avaliação qualitativa e a avaliação quantitativa são uma etapa


importante para a compreensão do desenvolvimento da criança em relação a sua
experiência com os livros e as narrativas.

Mas o que seria observar?

Observar significa, dentre seus vários sentidos, “examinar com os olhos


atentamente”, ou seja, analisar, estudar, considerar, investigar...

Observar implica, então, em recolher dados com menor ou maior grau de


precisão para proceder à avaliação. O observador se tornará cada vez mais apto a
destacar os fatores essenciais em detrimento de fatores secundários (que não são úteis
para a análise das informações), com o treinamento do ato mesmo de observar.

O que seria então avaliar?

Avaliar seria apresentar os resultados alcançados e compará-los. Nas suas duas


dimensões, qualitativa e quantitativa o mesmo fenômeno é medido, controlado e
acompanhado.

Avaliar sob o aspecto qualitativo significa observar e interpretar de forma


consistente as manifestações do aluno/leitor, o que vai além dos sinais de “mais ou
menos” ou outros conceitos pré-estabelecidos para proceder à avaliação quantitativa. A
avaliação qualitativa confere e esclarece a avaliação quantitativa. Elas devem caminhar
juntas.

Um exemplo de como organizar um relatório de observação segue no texto


abaixo.
29

4.1 – O que você está escrevendo? (reflexões sobre a avaliação)4

O que você está escrevendo? Pergunta Hugues, seis anos, quando, ao final de
nosso encontro, me vê entre os livros, tomando notas.

- Você escreve todos os livros?

- Não, eu anoto apenas os livros que lemos.

- Por que?

- Porque assim posso saber quais são aqueles que cada um de vocês gosta,
aqueles que vocês pedem sempre e, assim, posso me lembrar melhor para nossos
próximos encontros.

- Então, você escreve sobre nós?

- Sim, escrevo sobre vocês.

- Você sabe de que livros eu gosto?

Eu cito para ele todas as suas histórias preferidas. Ele me olha com um grande
sorriso, os olhos brilhando.

- Sim, é isto, e hoje eu gostei muito daquele ali.

Hugues me dá o livro de Sam MacBratney e Anita Jeram Adivinha quanto eu te amo


(Martins Fontes) onde um coelho pai e um coelho filho medem reciprocamente os seus
amores.

- Você anota heim!

Eu lhe mostro que já tinha sido anotado, então ele me beija e se vai.

Como expliquei a este menino, após uma sessão de leitura de histórias eu anoto
aquilo que considero mais importante na reação das crianças a certos livros, às imagens,
aos textos, aos temas. Anoto também as situações de grupo, as reações dos adultos em
relação às crianças e aos livros. O fato de anotar, portanto de selecionar um elemento

4
Originalmente publicado sob o título “Qu’est-ce que tu écris?” In Les Cahiers A.C.C.E.S. nº 1: “Les
observations”
30

dentre outros, já constitui um trabalho de reflexão: que não pode ser dissociado do
trabalho de leitura de histórias.

Há sessões durante as quais temos a impressão que poucas coisas aconteceram,


onde procuramos em vão uma reação marcante que poderia dar lugar a uma reflexão
sobre o psiquismo da criança ou dos adultos quando confrontados com o texto escrito. É
importante aceitar essas lacunas, admitir as sessões que deixam, às vezes, um
sentimento de vazio e insatisfação e o fato de que algumas coisas nos escapam. Esta
impressão se atenua com o tempo e com a experiência que nos ensina que não temos o
controle de tudo. Sabemos que a criança usa seu tempo e, muitas vezes, muito tempo
para armazenar um grande número de informações, é essencial aceitar e respeitar o
ritmo de cada um.

Mas nada nos impede de anotar algumas particularidades que nos pareçam
interessantes: elas podem um dia fazer parte de uma observação e, agrupadas, tornarem-
se um tema central de reflexão. Muitas vezes, é a posteriori que compreendemos o que
a criança pôde viver ou exprimir, no contato com este ou aquele livro, sua alegria, ou
suas angústias...

A escolha dos livros tem também importância na observação. É sempre


interessante anotar todos, e se possível em ordem, os livros escolhidos pelas crianças.
Isto permite localizar as preferências, perceber a persistência de um tema que voltará
sobre diferentes formas ou, ao contrário que serão rejeitados sistematicamente.
Constatamos assim, o gosto pelas situações banais e cotidianas, sem grandes
compromissos afetivos, enquanto algumas crianças preferem a imersão no imaginário,
ou ainda pela repetição infinita da leitura dos mesmos livros, enquanto outras exigem
sem parar novos títulos. Há ainda as que intercalam, durante a sessão, temas
angustiantes e temas mais leves e as que agrupam todas as histórias que dão medo para
recuperar um tempo de calma em seguida, com uma sequência de histórias menos
assustadoras.

O trabalho de observação nos ajuda a perceber aptidões inesperadas das


crianças, capacidade de memorização, de antecipação, as identificações com as
personagens das histórias e suas próprias histórias que se misturam com as fictícias,
como por exemplo, no caso da criança que, num período de pesadelos, solicita
repetidamente o livro “Tico e os Lobos Maus” (Valeri Gorbachev – Brinque-Book) e
31

nos conta com detalhes o quanto “seus” lobos noturnos se assemelham aos que
amedrontam o pobre coelho Tico.

A repetição de uma mesma história, numa sessão ou durante um lapso de tempo,


significa um trabalho de elaboração importante que a criança faz em determinados
momentos de sua vida. Com frequência a história preferida diz respeito a um conflito
psíquico inerente ao desenvolvimento emocional da criança, como vimos acima, ou
ainda a um traumatismo real que ela tenha vivido. Essa repetição pode também,
simplesmente, significar o prazer do jogo com a linguagem narrativa.

Enfim, esses relatórios devem ser feitos de forma bem concreta, o mais próximo
possível do detalhe observado. Devem traduzir o que se passou naquele dia: o ambiente,
os participantes, os movimentos das crianças, os livros lidos, de modo que cada pessoa
que os leia possa ter sua própria representação e se encontrar de imediato face ao que é
relatado.

É um instrumento de transmissão que deve dar uma ideia fiel do que se passa,
levando aos leitores do relatório, sentirem-se testemunhas dos diferentes movimentos
das crianças. Cada um pode então se representar a cena, refletir sobre elas e, além do
que é relatado, interrogar-se sobre sua própria prática, assim como a do autor das
observações.

Pode-se ver pelo exposto acima o quanto o trabalho de observação e registro não
é uma mera formalidade burocrática, mas um instrumento fundamental do trabalho, não
só da compreensão do publico leitor, mas também para a organização sistemática do
conhecimento do mediador.

A partir dessas observações podemos proceder a uma avaliação quantitativa,


situando cada leitor no seu grau de relação com os livros e a linguagem narrativa, com
seu grupo de pares e com o mediador. Para facilitar essa avaliação alguns indicadores
foram elaborados.
32

4.2 – Os indicadores para as avaliações qualitativa e quantitativa do progresso da


criança nas sessões de leitura de histórias

Todos os indicadores quantitativos elaborados e organizados em quadros devem ser


acompanhados de um comentário/descrição, o que nos dará a possibilidade de entender,
com precisão, a evolução de cada individuo.

1) A Escuta do leitor: evolução do tempo de escuta do leitor

A escuta da criança pequena é uma escuta-ativa. Ela está na descoberta do mundo e


por isso qualquer estímulo é suficiente para interessá-la e fazê-la partir no meio de uma
história que está sendo lida. É com idas e vindas no espaço, com brincadeiras paralelas,
ou ainda, folheando outros livros, que ela vai escutar uma história.

Esses mesmos movimentos ativos são frequentemente encontrados, também, em


crianças com mais idade, quando estas não são familiarizadas com os livros e a
linguagem narrativa. Se elas não tiveram a oportunidade de vivenciar esta escuta livre e
ativa num período mais precoce, elas vão resgatar essa etapa agindo da mesma forma
que as crianças mais jovens. Assim, é comum vermos crianças de 8, 9, 10 anos ou mais
reproduzirem esse comportamento.

Aos poucos, a criança desenvolve a capacidade de atenção e concentração e o


tempo de escuta torna-se cada vez mais longo.

2) Evolução da relação do leitor com os livros e as histórias

Na medida em que a criança se desenvolve, há uma evolução no interesse dos


diferentes tipos de livros. A criança passa dos livros de imagens, às histórias curtas e
simples até ser capaz de escutar histórias mais longas e mais complexas. Esse ciclo de
leitura é fundamental para a formação do usuário como leitor. É interessante observar
quando essas passagens se fazem.
33

Com frequência observamos crianças que levam muito tempo para verbalizar
qualquer comentário sobre os livros ou suas próprias histórias, enquanto outras o fazem
rapidamente e o tempo todo associando diferentes narrativas.

Muitos momentos de diálogo surgem naturalmente com a identificação que o


leitor faz com alguns livros. Debates durante a mediação sobre descobertas, novos
livros, histórias semelhantes. Os mediadores, por terem um trato diferenciado com os
usuários, mais carinhoso e aconchegante, acabam virando confidentes, e escutam, em
tempos vagos e recreio, histórias de problemas na escola, problemas em casa... Esse
processo é avaliado e medido como positivo. Quando uma história leva o usuário ao
diálogo, seja ele qual for, mostra que a leitura está impactando a vida dele.

Na medida em que o leitor investe cada vez mais nas sessões Hora da Leitura ele
vai desejar levar tal ou tal livro para casa. É interessante notar quando cada leitor pede
livros emprestados e quais livros.

3) Relação do leitor com a linguagem escrita/leitura

Essa informação deve ser obtida pelo(s) professor(es) dos alunos antes mesmo
da inauguração das mediações Hora da Leitura e sua evolução deve ser acompanhada
durante o progresso das mediações. Isto não significa de forma alguma colocar o
público para fazer leituras nesses espaços onde a leitura em voz alta, para todo o grupo,
deve ser feita pelo adulto mediador e onde a gratuidade e o não caráter pedagógico é a
norma fundamental do HL, o que deve prevalecer.

Esse indicador é mensurado através do que os professores dos leitores falam


sobre seus desempenhos em sala de aula (que observam avanços nesse item) ou mesmo
durante as mediações, mas quando isto se dá de forma espontânea: são muitos o número
de crianças que descobriram que estavam lendo, durante as mediações do Hora da
Leitura, quando ao pegar um livro para sua leitura silenciosa, descobrem realmente
terem entendido o conteúdo e com todo entusiasmo e orgulho, pedem para nos mostrar e
comprovar para si mesmos lendo uma história.
34

4) Relação do leitor com o grupo

O LIVRO leva à socialização da criança, permite compartilhar emoções e


diálogos com o adulto e entre crianças. É importante observar a evolução de cada leitor
na sua relação com seu grupo de pares: dificuldade de se relacionar (tendência a se
isolar), ou por ser agressivo, compartilha facilmente ou não os livros, impõe ou
consegue esperar sua vez, é generoso, atencioso... Normalmente observa-se uma
mudança significativa.

“A boa literatura estende pontes entre diferentes povos, culturas, usos, costumes
e preconceitos que nos separam... cria uma fraternidade dentro da diversidade humana e
eclipsa fronteiras...” (Mario Vargas Llosa) que erguemos contra as diferenças.

A ação cultural do Hora da Leitura permite aplacar essas fronteiras


possibilitando uma melhor interação do grupo, mais respeito, mais companheirismo...
diminuindo certa violência que com frequência é presente.

Muitos são os relatos que mostram como a literatura e a habilidade do mediador


podem trazer benefícios para cada usuário, contribuindo para reduzir, por exemplo, atos
de bullyng. Como comprova um dos casos relatados do Hora da Leitura: o mediador,
após perceber que uma leitora se sentia incomodada pelos colegas devido ao seu peso,
leu um texto que mostrava como cada pessoa é diferente uma das outras. Essa atitude do
mediador acarretou em uma série de pedidos de desculpa por parte dos colegas de
turma, sem precisar mencionar nem uma palavra sobre a problemática.

5) Interesse nas mediações

Será que os leitores tem interesse pela atividade realizada? Nesse indicador os
professores avaliam o quanto o usuário se faz presente dentro e fora do seu horário de
atividade, se ele busca livros e solicita o empréstimo. Essa avaliação é um apanhado
geral do desempenho de cada leitor durante os três primeiros meses de observações.
Muitos leitores procuram nossas Salas de Leitura em momentos de lazer como recreio,
intervalos e até na hora da saída. Eles comentam sobre as histórias lidas nos Espaços
Hora da Leitura nas salas de aula? Os professores detectaram alguma melhora em
alguma matéria específica?
35

Essa ação cultural tem, entre outros, como efeito uma melhora bastante
significativa no desempenho escolar, o que já foi constatado em pesquisas
internacionais e na pesquisa realizada pelo Hora da Leitura.
36

ANEXO I

Avaliação Trimestral de Leitores IHL


Prezado Intermediador de leitura, bem-vindo à avaliação trimestral do Hora da
Leitura!

No questionário que se inicia, você terá a oportunidade de avaliar cada leitor de


suas turmas que participam do Hora da Leitura.

1) É essencial que tenha em mãos a lista de chamada e frequência de cada leitor. A


avaliação será confrontada com a chamada enviada ao IHL inicialmente.

2) Todos os leitores matriculados na turma devem ser citados na avaliação


independente da frequência.

Avaliação individual por Leitor

I) Por favor nos diga qual a especificação da turma em que trabalha, nome completo
da Escola e estado de sua localização, conforme exemplo abaixo! *

Exemplo: 8º ano - Turma 3B - Escola Municipal Ministro Edgard Romero - RJ

II) Quantas vezes você realizou o Hora da leitura, com essa turma, no último
trimestre?
A avaliação é individual por Leitor e analisa os seguintes critérios:

a) Frequência
b) Escuta do Leitor
c) Relação do Leitor com o Livro
d) Relação do Leitor com a Escrita e Leitura
e) Relacionamento com o Grupo
f) Interesse nas Mediações

Basta digitar o número de 1 a 5 para cada critério e Leitor analisado, segundo escala
abaixo:

1. Insatisfatório 2. Fraco 3. Satisfatório 4. Mais que satisfatório 5. Excelente

1) A avaliação do leitor a seguir é individual e para iniciá-la é necessário que você


digite o nome completo do mesmo, ok?

a) O nome completo do leitor é:


b) Em relação aos Horas da Leitura realizados por você, nos últimos 3 meses, em
quantas o aluno em questão esteve presente?
c) Escuta do Leitor: Diz respeito ao tempo em que os leitores se mantém atentos às
leituras sem desvio de atenção.
37

d) Relação do Leitor com os Livros: Evolução no interesse de diferentes tipos de


livros, mostrando entusiasmo e sendo capaz de se relacionar com livros mais
longos e complexos, e não só imagens ou histórias curtas.
e) Relação do Leitor com a Escrita e Leitura: Relacionado à melhora do desempenho,
em sala de aula ou nas mediações, das aptidões em Escrita e Leitura.
f) Relacionamento com o Grupo: Evolução dos leitores na capacidade de
compartilhar emoções e profundidade no diálogo junto aos seus grupos de
relacionamento.
g) Interesse nas Mediações: O quanto o leitor se faz presente dentro e fora do horário
de atividade. Busca ir nas mediações, frequenta a biblioteca fora do horário das
mediações, tem interesse em levar livros para casa, etc.

(*) Esse procedimento se repete para todos os alunos da turma. A quantidade de


alunos no questionário é de acordo com a lista oficial enviada pela escola.
38

ANEXO II

Avaliação Trimestral da Atuação do Programa nas


Escolas
Bem-vindos à avaliação mensal do Hora da Leitura!

No questionário que se inicia, você terá o prazer de avaliar três eixos essenciais do
Instituto Hora da Leitura: metodologia; estrutura e valores IHL.

É obrigatório a resposta de todas as perguntas, o questionário não possui armazenamento


de dados, portanto, quando começar, vá até o fim. Demora em média 5 minutos.

Bom proveito!

I) Informações Complementares

a) Qual o nome completo da escola em que trabalha? (Ex: Escola Municipal Ministro
Edgard Romero)
b) Em qual o Estado que se localiza a Escola? (Ex: Rio de Janeiro)
c) Em qual cidade se localiza a Escola? (Ex: Rio de Janeiro)
d) Em qual bairro se localiza a Escola? (Ex: Madureira)
e) Qual o total de turmas mediadas por você no Hora da Leitura?
f) Esta avaliação cujo preenchimento está sendo realizado por você, é referente a
qual trimestre?
g) Quantos Horas da Leitura foram realizadas por você no trimestre citado?

II) Avaliação Qualitativa

h) De maneira geral, qual a sua avaliação referente ao último mês de trabalho como
mediador do Hora da leitura?

1) Metodologia

Avaliação dos conceitos e premissas adotados pelo Instituto Hora da Leitura.


Assim como sua compreensão e a influência direta no desenvolvimento dos
leitores no dia a dia.

i) De que modo você compreende a metodologia aplicada pelo Instituto Hora da


Leitura?
j) De que modo os temas abordados pela equipe de treinamento HL e seu suporte
contínuo contribuem para a melhora no seu desempenho na formação de leitores?
k) Como você avalia a contribuição do HL no desenvolvimento sócio - cognitivo dos
alunos das turmas que você leciona?
39

l) De que modo a metodologia aplicada pelo HL tem contribuído para o


autoconhecimento e a ressignificação da história pessoal do aluno através da
leitura de histórias como ferramenta?

2) Estrutura

Além de toda estrutura física oferecida, este item engloba também a disposição e
ordem dos elementos essenciais que influenciam no andamento do desemprenho
do Instituto Hora da Leitura. Tecnologia, assistência, comunicação, materiais, etc.

m) Como você avalia o estado físico onde o Hora da Leitura se desenvolve?


n) Como você avalia a condição do acervo do Hora da Leitura?
o) Como você avalia a acessibilidade ao material pedagógico (vídeos e site) e a
comunicação (WhatsApp, e-mail e telefone) com o Instituto Hora da Leitura?
p) Como você avalia o seu entrosamento e a sua comunicação com seu Supervisor
Local?

3) Valores Hora da Leitura - Amor, Liberdade e Prazer

Avaliação do conjunto de premissas básicas que formam o conceito de atuação do


Instituto Hora da Leitura junto aos parceiros e leitores. Características que
constituem as diretrizes do programa.

q) De que modo os livros contribuem para a relação professor-aluno e entre o grupo


de alunos?
r) Tendo como a leitura livre e amorosa de diferentes autores e histórias, de que
modo o livro entra como suporte aos relacionamentos que vão sendo construídos
ao longo do processo acadêmico?
s) Em sua opinião, de que modo o "minuto de silêncio" contribui para a construção de
um ambiente prazeroso de leitura?
40

ANEXO III

Questionário de Informações das Escolas


Participantes
Caro colaborador(a)!

É um prazer que tenha demonstrado interesse em dividir conosco esse grandioso desafio
que temos pela frente!

Para iniciarmos nossa parceria, precisamos que preencha alguns dados em relação à
cada escola.

Preparado? Não demora mais que 5 minutos.

III) Informações Complementares

Para as respostas das perguntas a seguir, é importante que se tenha algumas


informações da escola ao alcance: localização, contatos, estrutura, horários,
número de professores, turmas, alunos, etc.

t) Caro colaborador, informe o seu nome completo e sem abreviações, por favor.
Muito obrigado Professor! Siga as instruções abaixo.

u) É obrigatório a resposta de todas as perguntas, o questionário não possui


armazenamento de dados, portanto, quando começar, vá até o fim.
v) Qual o nome completo da escola/colégio cujas respostas deste questionário serão
referentes? (Ex: Escola Municipal Ministro Edgard Romero)
w) Em qual Estado se localiza a escola? (Ex: Rio de Janeiro)
x) Em qual cidade se localiza a escola? (Ex: Rio de Janeiro)
y) Em qual bairro se localiza a escola? (Ex: Madureira)
z) Qual o endereço completo da escola?
aa) CEP referente ao endereço: (responda apenas o número completo, sem pontos ou
dígitos)
bb) A escola se encontra em uma zona rural e nós teremos alguma dificuldade no
acesso ao local?
i.1) Sim, é uma zona rural com dificuldades no acesso.
i.2) Sim, é uma zona rural porém sem dificuldades no acesso.
i.3) Não, é uma zona urbana porém com dificuldades no acesso.
i.4) Não, é uma zona urbana e sem dificuldades no acesso.
cc) Qual o nome completo do diretor(a) responsável pela escola?
dd) Qual o e-mail de contato do diretor citado?
ee) Qual o número de telefone que podemos ligar e/ou trocar mensagens com o diretor
citado. (Ex: (21) xxxxx-xxxx)
ff) Qual o nome completo do coordenador(a) responsável pela escola?
gg) A/O wefwe possui biblioteca, sala de leitura ou algum outro ambiente que
possamos utilizar para realizar o Hora da Leitura?
n.1) Há biblioteca/sala de leitura e podemos utilizá-la com prazer.
n.2) Não há biblioteca/sala de leitura mas podemos montar o "canto da leitura" em
outro ambiente.
41

n.3) Não temos espaços para o "canto da leitura" mas podemos montá-lo dentro
das salas.
n.4) Precisamos encontrar outra alternativa.
hh) Caso haja espaço para criarmos a Sala de Leitura, esse ambiente possui espaço
para colocar tapete, almofadas e caixas de livros no chão para realizarmos o Hora
da Leitura? Sim ou Não
ii) Quanto ao acesso à Internet:
P.1) Há acesso à internet e Wi-Fi.
P.2) Há acesso à Internet mas não Wi-Fi.
P.3) Não há acesso à Internet.
jj) A/O wefwe aceita doações de livros infanto-juvenis?
kk) Antes de fazermos a separação de alunos e professores por turmas, nos diga:
Qual o total geral de alunos na(o) wefwe ?
ll) Qual o total de professores na(o) wefwe ?

IV) Informações por turmas

mm) Qual o total de alunos cursando a Creche na escola?


nn) Esse total de alunos estão divididos em quantas turmas?
oo) Em relação à essas turmas da Creche, responda por favor, qual o total de alunos
em cada turma, o respectivo turno e horário, conforme exemplo abaixo.
Especificação da turma - número de alunos - turno - horário da aula

Turma A - 08 - manhã - 09:00 / Turma B - 15 - manhã - 11:30 / Turma C - 09 -


tarde - 13:15 /Turma D - 22 - tarde - 16:45 / ...

Caso não haja nenhum coloque o algarismo 0 (zero).

pp) Qual o total de professores que dão aula para as turmas de creche na escola?

(*) O Grupo de quatro perguntas feito anteriormente se repete para as turmas de:
 Pré-escola
 Fundamental I
 Fundamental II
 Ensino Médio
Educação Especial
42

ANEXO IV

Questionário de pré IHL - Treinamento e


Implementação
Caro colaborador(a)!
É um prazer que tenha demonstrado interesse em dividir conosco esse grandioso
desafio que temos pela frente!
Para iniciarmos nossa parceria, vamos confirmar alguns dados e informações. Não
demora mais que 5 minutos.

I) Informações Complementares

qq) Qual o e-mail que podemos estabelecer contato direto com você?
rr) Informe também um telefone para entrarmos em contato e trocar mensagens, por
favor. (Ex: (21) xxxxx-xxxx)
ss) Data treinamento e capacitação dos professores da Rede Pública: (data pré-
determinada).

Quanto ao treinamento já agendado responda. Quantas escolas, no total, irão


adotar o Hora da Leitura? (apenas algarismos)
tt) Todos os professores podem participar do treinamento, não apenas os professores
de Português. Todos os participantes receberão apostilas e certificados de
conclusão.

Qual o total de professores que irão participar do treinamento na data marcada?


(apenas algarismos)
uu) Qual o total de coordenadores que irão participar do treinamento na data marcada?
(apenas algarismos)
vv) Quais os horários de início e término do treinamento para os dias já marcados?
(Ex: 9:00 - 12:00)
ww) Serão disponibilizados almoço e/ou lanche para os dias do treinamento?
xx) Quanto ao acesso à Internet:
1) Há acesso à internet e Wi-Fi.
2) Há acesso à Internet mas não Wi-Fi.
3) Não há acesso à Internet.
yy) Há estrutura para a utilização de notebook e projetor?
zz) Qual o endereço completo do local onde será realizado o treinamento?
aaa) CEP referente a esse endereço? (responda apenas o número completo, sem
pontos ou dígitos)
bbb) O local do treinamento se encontra em uma zona rural e nós teremos alguma
dificuldade no acesso ao local?
l.1) Sim, é uma zona rural com dificuldades no acesso.
l.2) Sim, é uma zona rural porém sem dificuldades no acesso.
l.3) Não, é uma zona urbana porém com dificuldades no acesso.
43

l.4) Não, é uma zona urbana e sem dificuldades no acesso.

II) Detalhes para o treinamento e implantação

O Coordenador de cada escola poderá acompanhar o período de implantação das salas


de leitura, no período de (período combinado). Isto é muito importante para
replicação e acompanhamento do método, após a equipe do Hora da Leitura retornar
e o coordenador poder dar continuidade no suporte junto aos professores e escolas
que adotarem o Hora da Leitura.
ccc)Haverá disponibilidade de algum tipo de transporte para a equipe do Hora da Leitura
na implantação das salas de leitura, para ir a cada escola?

Fique à vontade para fazer observações que nos ajude a realizar o melhor treinamento
possível. Nos vemos em breve!
em nome de toda equipe HL, muito obrigado!
44

Bibliografia

ABUD, Maria José Milharezi. O ensino da leitura e da escrita na fase inicial da


escolarização. São Paulo: EPU, 1987.

AZEVEDO, Ricardo in O que é qualidade em literatura infantil e juvenil? Com a


palavra o escritor, organizado por OLIVEIRA, Ieda de. São Paulo, DCL, 2005.
BARBOSA, Silvia, “Na pesquisa com crianças, o exercício de compreender e ser
compreendido”. In: KRAMER, Sônia (Org.), Retratos de um desafio: crianças e adultos
na educação infantil. Ática: São Paulo, 2009, p. 24-35.
BRANDÃO, Claudia Maria de Lima. “Qu’est-ce que tu écris?” In Les Cahiers
A.C.C.E.S. nº 1: “Les observations”.

BRITO, Armando Assis de Souza. “Os materiais na história da escrita”. Ciência e


Tecnologia, Vol. 19, no 3/4, 2007.

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Editora


Unesp / Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999.

COELHO, Neli. A Literatura Infantil. 7ª ed., São Paulo: Moderna, 2000.

CORSINO, Patrícia. “Linguagem na educação infantil: as brincadeiras com as palavras


e as palavras como brincadeiras”. In: CORSINO, Patrícia (Org.), Educação Infantil:
cotidiano e políticas. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2009.

_____; PIMENTEL, Claudia. “Reflexões sobre leitura literária na escola”. In:


CORSINO, P. (Org.) Travessias da literatura na escola. Rio de Janeiro: Editora
7Letras, 2015, p. 257-258.

DEMO, Pedro. Leitores para sempre. Porto Alegre: Mediação, 2006.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Trad. Horácio Gonzales. São Paulo:
Cortez, 2001.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2008.


45

_____, Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

_____, Pedagogia da autonomia: saberes necessário à prática educativa. São Paulo: Paz
e Terra, 1996.

KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do
texto. São Paulo: Contexto, 2009.

KRAMER, S. (org.) Retratos de um desafio: crianças e adultos na educação infantil.


São Paulo: Ática, 2009.

KRAMER, Sonia Et. alii. Educação infantil em curso. Rio de Janeiro: Ravil, 1997.

LLOSA, Mario Vargas. Elogio da Leitura. Santos, São Paulo, Editora Simonsen, 2015.

MANGUEL, Alberto. Uma história da Leitura. São Paulo: Companhia Das Letras,
1997.

RESTIER, Elenise Barbosa Silva. Práticas literárias como mediadoras das interações
na educação infantil. Monografia do Programa de Pós-Graduação em Educação Infantil
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015.

RIZZOLI, Maria Cristina. “Literatura com letras e sem letras na educação infantil do
Norte da Itália”. In: FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suely Amaral.
Linguagens infantis: outras formas de leitura. Campias: Autores Associado, 2009.

RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

ROJO, Roxane. Letramento e capacidade de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE,
SEMP, 2004.

SANDRONI, Laura C; MACHADO, Luís Raul. A Criança e o livro: guia prático de


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SEVCENKO, Nicolau. O renascimento: os humanistas, uma nova visão de mundo: a


criação das línguas nacionais: a cultura renascentista na Itália. São Paulo: Atual;
Campinas: Universidade Estadual de Campina, 1985.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de ler – fundamentos psicológicos para uma nova
pedagogia da leitura.7.ed-São Paulo, Cortez.
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SOARES, Gilda Menezes Rizzo. Estudo comparativo dos métodos de ensino da leitura
e da Escrita, 5º edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1989.

SOARES, Magda. “Letramento e alfabetização: as muitas facetas”. Revista Brasileira


de Educação. Número 24, Jan/Fev/Mar/Abr de 2014, páginas 5-17.

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