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Texto áureo
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Meus diletos e distintos amigos leitores, chegamos pela graça de Deus ao
final de nosso 1º trimestre, cujo tema geral foi a Supremacia de Cristo – Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Desta feita, estudaremos a nossa ultima
lição, a 12ª lição, isto é, nosso último encontro no que diz respeito a esta tão
importante missiva. Assim, abordaremos, conforme os ditames do comentário da
Lição, temas como a maratona da fé na qual nos foi proposta por Deus; a
necessidade de sermos corredores bem treinados e sabermos que estamos em reta
final da nossa corrida da fé.
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Destarte, não estamos participando de uma maratona qualquer, mas a
Maratona da fé. Na lição anterior estudamos a respeito da fé que gera confiança em
Deus e que nos faz ver o impossível; por conseguinte, o que vem a ser fé?, qual é a
sua natureza, neste contexto da carta?
Mas, talvez você, dileto leitor, esteja a perguntar-se: por que existem essas
variantes textuais? Pois bem, o fato é que as principais palavras são usadas em
diferentes sentidos na literatura grega do Novo Testamento. Assim que, a palavra
traduzida como certeza (ARA) ou fundamento (ARC) é hupostasis, podendo
significar “base ou firme alicerce”; “certeza”, “firme confiança ou confiança
firmemente fundamentada”. No que diz respeito à palavra traduzida como
“convicção”, no grego lemos: elegchos, que significa “evidência, demonstração, pôr à
prova, prova real, e até documento de propriedade ou escritura”. Neste ponto, cabe
salientar, que o escritor aos Hebreus não apenas apresenta a fé como regra de vida
dos homens, mas que também a define, com clareza, o que se entende por fé. Logo,
vejamos o que diz Orton H. Wiley, sobre este aspecto:
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Destarte, é importante pensar que Cristo enviou o Espírito Santo para
convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), e é o Espírito Santo,
por Sua graça preveniente (“antecedente”, “que previne”), que toma a “iniciativa e
desperta a alma para o conhecimento da verdade”; contudo, se, evidentemente, nos
submetermos a Ele e não o rejeitarmos, a fé irá tornar-se ativa e conduzirá à
realização manifesta das coisas invisíveis e eternas; e, tendo-se aproximado estas, o
não visto torna-se poder ativo na vida cristã. Andrew Murray, em seu The holiest of
all, tem a seguinte admoestação prática e devocional sobre a fé:
Logo, se depreende que a fé, para o cristão, deveria ser o seu modus vivendi
diário, algo tão natural quanto respirar – Viver.
I – A CORRIDA PROPOSTA
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(Murray, The holiest of all, p. 423)
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testificam com a sua própria vida, e, indubitavelmente, refere-se ao tão grande
número de heróis da fé cujas vitórias foram relatadas no capítulo anterior.
Já o termo traduzido como nuvem não é nephele, uma única nuvem, mas
nephos, uma grande massa de nuvem que cobre o céu, sendo usado pelos gregos e
latinos como o símbolo de uma multidão.
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Maratona é um nome próprio que designa uma planície e uma cidade cerca de 35 km de Atenas, na
Grécia. Em 490 a.C., ali se travou uma batalha cujo resultado foi decisivo para os atenienses e
gregos.Segundo Heródoto (Livro 6, 105-106), o “pai” dos historiadores, o general Milcíades teria
despachado um soldado de nome Fidípedes para avisar os espartanos do desembarque dos persas
em terras gregas Para isso, o mensageiro atravessou correndo os cerca de 240 km que separam
Atenas de Esparta, durante dois dias, deu sua mensagem e morreu do coração.
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2. O exemplo de Jesus.
Neste versículo, o escritor da missiva aos Hebreus chama a atenção dos seus
leitores para que direcionem o seus olhar para Jesus, exaltado acima de todos e
assentado à destra do trono de Deus. Ora o verbo olhar — na expressão olhando
firmemente — é aphorontes , que significa “tirar a vista das coisas que estão perto e
desviam a nossa atenção” e, conscientemente, fixar os olhos em Jesus como o
nosso grande alvo. Significa ainda “interesse que absorve por completo”, claramente
expresso pelas palavras com “olhos só para Jesus”
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3. O exemplo da Igreja.
Aqui é patente, nos versículos 5 e 6a, que o escritor inicia com uma
recomendação e uma citação: “Já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não
desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e
açoita a qualquer que recebe por filho”.
1. Respeitam limites.
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Neste versículo, O verbo diokete, “seguir”, não denota apenas o desejo de
paz, mas tem a conotação da disposição de ir longe para obtê-la. Já o substantivo
hagiasmon, “santificação”, é uma advertência implícita de que não devemos buscar
a paz a ponto de comprometer a santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor”.
Assim, Westcott observou: “O cristão busca a paz com todos igualmente, mas busca
a santidade também, e esta não pode ser sacrificada por aquela” e ainda, a
Santificação é “a preparação para a presença de Deus". Destarte, este verbo, seguir,
se refere a um curso de ação a ser seguido ou a um padrão de vida a ser adotado, e
isto com toda a diligência ou cuidado redobrado.
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A expressão atentando diligentemente (ARA) ou tendo cuidado (ARC) no
grego desta missiva é episkopountes de onde veio a palavra bispo ou
superintendente, ou ainda administrador, mas aqui utilizada no sentido geral de
cuidado fraternal e contínuo uns pelos outros. Logo, são mencionados dois perigos a
serem evitados:
Destarte, a tradição judaica diz que no mesmo dia em que Jacó ganhou por
seu subterfúgio a bênção de Isaque, Esaú, já tinha cometido cinco pecados: “tinha
rendido um culto estranho, tinha derramado sangue inocente, tinha açoitado a uma
jovem comprometida, tinha negado a vida do mundo vindouro, e tinha desprezado
seu direito de primogenitura”. Logo, a interpretação hebreia considerava Esaú, como
o homem do corpo, o homem sensual, o homem que não encontra prazeres mais
além dos deste mundo. Segundo William Barclay, em The Letter to The Hebrews,
assim ele escreve:
O autor de nossa Carta diz que Esaú não teve oportunidade para o
arrependimento. Usa-se a palavra metanoia que literalmente significa
mudança de mente. É melhor dizer que a Esaú foi impossível a mudança de
mente. Não é que se achasse proscrito para sempre do perdão de Deus; é
algo muito mais simples. É o triste fato de que há certas opções que não
podem desfazer-se e certas consequências que nem sequer Deus pode
evitar. Para aduzir um exemplo simples: se um jovem perder sua pureza ou
uma jovem sua virgindade, não há nada que possa restituir o estado
anterior. A escolha foi feita e subsiste. Deus pode e quer perdoar, mas Deus
mesmo não pode fazer com que o relógio do tempo volte atrás para suprimir
a escolha e eliminar as consequências. Lembremos que a vida tem certa
finalidade. Se como Esaú seguimos o caminho do mundo, nosso bem último
serão as coisas sensuais e corporais; se escolhemos os prazeres do tempo,
preferindo-os às alegrias da eternidade, Deus pode e quer ainda perdoar,
mas sucedeu algo que não pode ser desfeito. Há certas coisas nas quais o
homem não pode mudar de mente; seu desejo de mudança sobreveio muito
tarde; deve permanecer para sempre na escolha que fez.
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No que diz respeito à palavra grega “vendeu” é apédoto ou apédeto e, sendo
usada no segundo aoristo médio, indica que aquilo que foi vendido era realmente de
Esaú. Ele não fingiu nem foi enganado. A ele coube, exclusivamente, a culpa. A
atitude de irresponsabilidade de Esaú deixa evidente que ele fora indigno e incapaz
de corresponder à confiança nele depositada; por isso Deus o rejeitou. Assim,
“Corredores bem treinados valorizam as coisas espirituais”.
1. Valorizar a liderança.
Cabe, aqui, ressaltar que a palavra guias neste versículo, na ARC, consta
pastores e se referia, principalmente, aos primeiros líderes dos cristãos judeus. Em
Hebreus 13.17,24, denota os pastores dos nossos dias. Porém vale ressaltar que,
fazendo um paralelo com dois versículos desta missiva (Hb 13.7 e Hb 13.17), vemos
que existe um importante conjunto de ideias aqui relacionados.
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aquela entrega da própria vontade ao julgamento de outrem que reconhece a
autoridade constituída ao mesmo tempo em que mantém independência pessoal”.
2. Valorizar a doutrina.
O texto de Hebreus 13.9 (ARA), assim está escrito: “Não vos deixeis envolver
por doutrinas várias e estranhas”.
Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? (Mt 22.42) foram as perguntas
que nosso Senhor fez para testar os fariseus. Um Cristo imutável requer
uma doutrina imutável, pois, como Cristo vivo, Ele é a substância de todo
verdadeiro ensino. Por isso, Paulo estava resolvido a nada saber entre vós,
senão a Jesus Cristo e este crucificado (1 Co 2.2). O termo traduzido como
várias provém de poikilais e significa multicolorido ou variado; estranhas é
xenais, estranho ou forasteiro. Daí, a admoestação para não nos
desviarmos da verdade pelas doutrinas “multicoloridas”, pois a verdade é
uma só e imutável, e acautelarmo-nos contra o que é alheio e estranho —
que, como os estranhos e forasteiros, não apresentam as velhas faces
conhecidas, mas despertam suspeita desde o início.
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Deste modo, devemos prezar pela sã doutrina bíblica, a qual nos capacitará
em nossa jornada cristã, nos fortalecendo para os embates da vida, sempre
convictos que a Palavra de Deus é poderosa em si para nos direcionar rumo a
Canaã Celestial.
3. Valorizar a adoração.
O texto de Hebreus 13.15 (ARA), assim está escrito: “Por meio de Jesus,
pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que
confessam o seu nome”.
Pois bem, a expressão por meio de Jesus torna-se enfática por sua colocação
no início da frase. Assim, não cabe a nós cristãos simplesmente sofrer por Cristo
fora do acampamento; devemos, a Ele, também o sacrifício de louvor — as
expressões de ação de graças a Deus e a beneficência aos homens. Semelhantes
sacrifícios já não são administrados pelos sacerdotes levitas em épocas
estabelecidas, mas continuamente e por intermédio de Cristo, visto que só Ele,
mediante o Espírito, pode tornar o nosso culto e serviço aceitáveis no altar de Deus.
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Segundo Horton H. Wiley, citando (2 Cr 29.27b,28), tem-se duas coisas
importantes a considerar concernente o louvor:
1ª. Ele era oferecido continuamente e, portanto, com uma atitude íntima de
louvor a Deus. Sendo assim, os que vão até Jesus fora do arraial lamentam
a perda da cidade com suas riquezas e prazeres mundanos e temporais?
Não, a alma que se achega a Cristo, em real e profunda experiência, une-se
ao grupo sobre o qual o profeta Isaías escreveu: Saireis com alegria e em
paz sereis guiados (Is 55.12a ara). Em Cristo, o coração transborda de
alegria, e tão constante é esse gozo interior do Espírito, que, no meio das
mais profundas provações, a alma pode dizer: [fomos] Entristecidos, mas
[estando] sempre alegres (2 Co 6.10ª - ARA); 2ª. Esse sacrifício é o fruto de
lábios que confessam o seu nome (Hb 13.15). A alegria do coração precisa
de expressão exterior antes de completar-se o sacrifício de louvor. Deus
deu aos homens o poder da palavra, e os lábios a Cristo consagrados
devem alegremente expressar louvores a Ele. O autor da Epístola já
descreveu Cristo, o Santificador, como o Chantre, o Mestre do Coro,
regendo os corais do céu e da terra e cantando louvores no meio da
congregação, a Igreja (Hb 2.11,12).
Assim, temos que, “a alegria do SENHOR é a vossa força” (Ne 8.10) e, sem
ela, a Igreja torna-se débil e sem atrativos. Também, além de tudo disso, lemos que
a função máxima do louvor é “a exaltação do nome de Deus, porque é um ato de fé”.
CONCLUSÃO
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Meditemos, nesta linda estrofe extraída do Hino 25 da Harpa Cristã:
Tu mereces louvor,
Ó Cordeiro de Deus!
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