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Departamento de Artes Cénicas – 1º Ciclo em Teatro - Ano: 2017-2018

Unidade curricular: Práticas Dramatúrgicas


Docente: Christine Zurbach (Professora Associada c/agregação)

Resumo
Baseados numa perspectiva histórica e teórica do lugar e da função do texto no teatro, os
objectivos da unidade curricular visam proporcionar ao aluno um conhecimento rigoroso dos
pressupostos dramatúrgicos que caracterizaram e caracterizam hoje a produção do texto de teatro
no contexto europeu.
Com recursos a estudos de caso, pretende-se desenvolver no aluno competências de natureza
crítica e criativa. Nesse sentido, a prática dramatúrgica será abordada no seu carácter variável e
multifacetado, abarcando traços específicos da escrita textual entendida enquanto acto de criação
original em contextos sociais e estético-artísticos marcantes, mas também da dramaturgia
enquanto processo de escrita a partir de materiais não-teatrais, ou de reescrita quando aplicada à
tradução, ou ainda, à encenação associada à produção do espectáculo, de modo a estimular no
aluno uma recepção crítica das práticas artísticas actuais no campo do teatro.

1. Objectivos e competências a desenvolver


A unidade curricular propõe uma aprendizagem da leitura do texto de teatro enquanto texto
escrito de acordo com orientações definidas em termos estéticos e determinados pelos contextos
históricos, quer de produção dos textos, quer da sua recepção.
Pretende desenvolver a capacidade dos alunos para explorar e abordar criticamente as questões
principais relativas à dramaturgia enquanto prática do dramaturgo /autor, e também do
dramaturgista em associação com a produção do espectáculo em cena. Também deve promover a
competência do aluno para produzir textos de natureza ensaística relacionados com os casos
estudados.

2. Programa
1. Apresentação da unidade curricular de Práticas Dramatúrgicas no âmbito dos Estudos
Teatrais. Práticas de escritas: diversidade da tipologia em contextos artísticos e profissionais.
Panorama histórico.
1.1. A prática da escrita de teatro clássica e neoclássica: o modelo aristotélico e os géneros
consagrados. Relação com a cena e a prática artística coeva.
1.2. Questionamentos dos modelos e liberdade da escrita romântica: a consagração do hibridismo
e do drama como contributo para uma revolução cénica.
1.3. A dramaturgia naturalista do texto e da cena. Contaminações e interacções.
2. A escrita contemporânea de/para o teatro. A legibilidade como desafio inicial para a
interpretação do texto.
2.1. Um modelo promissor: a prática dramatúrgica enquanto problemática do palco. O legado do
teatro de Brecht e respectivos continuadores no séc.XX.
2.2. A dramaturgia dos anos 1950/70: rupturas e abertura.
2.3. Uma inovação sem fim: a escrita contemporânea do texto de/para o teatro. O devir dos
constituintes e dos códigos da escrita hoje.
3. O lugar do texto escrito no teatro hoje.
3. 1. O envolvimento do dramaturgo na produção teatral e no processo criativo: do autor à
criação colectiva. Tipologias mais relevantes da função da prática dramatúrgica no séc. XX a
partir de estudos de casos, nomeadamente no contexto português.
3.2. A prática dramatúrgica como processo de reescrita textual específica: a tradução; a
adaptação inter-géneros; a montagem.
8. A articulação entre texto e materiais não-textuais no processo criativo. A performance em
contexto teatral.

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9. A constituição dos repertórios de teatro e dos catálogos de teatro de editores como processo de
escolha dramatúrgica orientada.
10. A crítica de teatro e a investigação teatral como lugar e processos de recepção analítica das
práticas dramatúrgicas.

3. Métodos de Ensino
O ensino dispensado na unidade curricular assenta em duas vertentes metodológicas:
- nas aulas presenciais, com leituras prévias que permitem estimular a participação do aluno pelo
diálogo em torno das questões de natureza teórica levantadas pela escrita dramática;
- no trabalho de pesquisa (sessões acompanhadas na Biblioteca dos Leões) com vista à
elaboração de um trabalho individual, com apresentação oral, de leitura crítica de uma obra do
corpus de trabalho.

4. Acompanhamento e Atendimento dos Alunos


No quadro das horas de apoio tutorial, atendimento individual e/ou em grupo de acordo com a
natureza do trabalho solicitado; recurso aos meios informáticos; correio electrónico e Moodle.

5. Métodos de Avaliação (de acordo com o RAUE)

O aluno pode optar entre:


5.1. Controlo contínuo:
- (40%) - 1 frequência escrita sobre a componente teórica do programa
- (60%) – apresentação oral (20%) e escrita (40%) da leitura pessoal de uma obra no âmbito dos
pontos 1 e 2 do programa
5.2. Exame
12.06.2018 exame época normal (prova escrita presencial)
19.06.2018 exame época de recurso (prova escrita presencial) para os alunos que não
obtiveram aprovação ou desistiram da prova de exame ou do regime de controlo contínuo

6. Bibliografia de trabalho - Leituras obrigatórias:


Ponto 1 do Programa:
ÉSQUILO, As Suplicantes, Clássicos Inquérito, s/d
EURÍPIDES, As Bacantes, Clássicos Inquérito, s/d
SHAKESPEARE, O Rei Lear, Campo das Letras, 2005
STRINDBERG, A Dança da Morte, Editorial Presença, 1966
IBSEN, Uma Casa de Bonecas, in Peças escolhidas 2, Cotovia, 2008
TCHEKOV, A Gaivota, Relógio d’Água, 2006
Ponto 2 do Programa:
BRECHT, Um Homem é um Homem, in Teatro 2, Cotovia, 2004
BECKETT, Endgame, trad. F.L. Parreira (Pdf)
Corpus de trabalho para o Ponto 2.3.
Obras seleccionadas no repertório dramático contemporâneo.

8. Bibliografia de apoio
Dicionários
McConachie Bruce (ed.), Theatre Histories: an Introduction, London & New York, Routledge,
2016
RUBIN, D. (ed.), WECT-The World Encyclopedia of Contemporay Theatre, London & New
York, Routledge, 1994-1999
2. História, teoria e estética do Teatro
ARISTÓTELES, Poética, Lisboa, FCG, 2004, trad. Ana Maria Valente
BELLISCO M. Et al., Repensar la dramaturgia/Rethinking Dramaturgy, Cendeac, 2011
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BORIE, M. et al., Estética teatral, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1996
CARLSON, M., Theories of the Theatre, Cornell University Press, 1993
DANAN, J., O que é a dramaturgia? Évora, Editora Licorne, 2010 [2010]
FISCHER-LICHTE, E., History of European Drama and Theatre, London & New York,
Routledge, 2002
McCONACHIE, B. (ed.), Theatre Histories: an Introduction, London & New York, Routledge,
2016
NELSON, R. & David Jones, Making Plays. The writer-Director Relationship in the Theatre
Today, London, Faber and Faber Limited, 1995
PAIS, A., O Discurso da cumplicidade, Lisboa, Edições Colibri, 2004
RANCIÈRE, J., O Espectador emancipado, Ordeu negro, 2010
ROMANSKA, M., The Routledge Companion to Dramaturgy, London & New York, Routledge,
2016 [2015]
TURNER, C. & Synne K. Behrndt, Dramaturgy and Performance, New York, Palgrave
Macmillan, 2008
VIEIRA MENDES, J. M., Uma coisa não é outra coisa, Lisboa, Livros Cotovia, 2016

Revistas:
Alternatives théâtrales, Écrire, comment?, nº131, mars 2017
Alternatives théâtrales, Écrire le théâtre aujourd’hui, nº61, juillet 1999
Art press, Dossier: le théâtre documentaire, nº435, juillet-août 2016
Sinais de Cena, revista da APCT; Série I, 1-22, disponível on-line (site Instituto Camões); Série
II, Orfeu Negro, 2016/
Théâtre/Public, Nouvelles écritures dramatiques européennes, nº 223, janvier-mars 2017
Théâtre/Public, Le répertoire aujourd’hui, nº 225, juillet-septembre 2017

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