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. s 2 + o METODOLOGIAS FEMINISTAS NA PSICOLOGIA SOCIAL CRITICA: A CIENCIA AO SERVICO DA MUDANGA SOCIAL? Resumo As transformagées epistemolégicas e metodol6gicas desencadeadas pelos movimentos criticos dentro da psicologia impeliram a nova ciéncia psico- logica a ocupar outros terrenos de investigacao e de intervencio, terrenos onde as questbes sociis, politcas e histbricas se sobrepGem as questées meramente individuais e psicolégicas. De entre 08 varios movimentos criticos que ecoaram na psicologia e promoveram a sua reconfiguracio, as perspectivas feministas representaram certamente um papel determinante, por todo o trabalho de des- construgio do paradigma dominante que orientava, de forma soberana, a cién- cia tradicional Este artigo introduz os fundamentos da abordagem feminista critica na psi- cologia social, explanando a importincia das metodologias que os corporizam e a viabilidade da sua aplicagio a luz da construgio de uma ciéncia efectivamente ‘comprometida com a mudanga social. Palavras-chave metodologias feministas, abordagens criticas, psicologia social. 41. A Psicologia tradicional na mira das abordagens critcas: Introdugio (0 tempo da cidncia munca pode ser refeido a ordem do eterno, do estfvel edo mud. Ele pertencesomente i histriae Bs suas contingéncis. (Fonseca, 1998: 36) Durante décadas, a investigagio € a intervengéo psicoldgica caracterizaram-se por uma procura obstinada de leis universais que pudessem predizer comporta- mentos ¢ desvendar aquilo que se supunha ser a auténtica esséncia do ser- chumano (Gergen, 2001). Agrilhoada a alguns principios que formatavam 0 que se acreditava ser as linhas mestras para a construgéo da verdadeiraciéncia — a objec 1 Arligo redigido no &mbite da Tese de Doutoramento em curso financiada pela Funda para Ciencia e Terologia 2 Bavio de correspondencst A/C Sofi Nove. IEP ~ Unverskiade do Minho. Campus de Gual- tar 4700 ~ Braga Portugal, asfianevesBeeabo.pt exmque 9°11, 208 9.128188 4 Safe Nee Cina Noga tividade, a neutralidade e a imparcialidade ~ a psicologia foi sendo moldada e alicergada segundo uma légica positivista® (Bem & Looren de Jong, 1997), a qual tendia a afastar a excluir outras que se vislumbrassem dissonantes. O discurso positivista dominante (Gergen, 1973; Miller, 1999) implicou que a psicologia fosse sendo erigida segundo o pressuposto de que ha sempre uma lei externa por detrés da ocorréncia de qualquer fenémeno e que a sua medicao ¢ sempre passi- vel de ser realizada com firme rigor. Nesse sentido, conceitos como racionali- dade, evidéncia e progresso cientifico emprestavam 2 ciéncia moderna uma legi- timidade que se considerava irrefutavel (Gergen, 20012). Em meados dos anos 60, a contestacdo do paradigma modemo pelas abor- dagens crfticas, marcou o inicio da denominada crise da psicologia (Ibatiez, 1994; Gergen, 1996; Nogueira, 1996; Neto, 1998), acusando a disseminacéo do elevado sentimento de descontentamento face aos seus modelos e métodos tradicionais (Burman, 1996; Johnson & Cassell, 2001). 0 enfoque na interioridade e na indivi- dualidade (Gongalves, 1995) e, por consequéncia, na mistica da pessoa isolada dos seus mtiplos contextos e a crenga num conhecimento uno e generalizavel e, nesse sentido, na possibilidade de uma racionalidade cientifce, consubstanciava © ideal iluminista de uma sociedade constituida por seres iguais e dotados de recursos capazes de garantir entre eles o consenso* (Fonseca, 1998). ‘A refutagdo deste arquétipo de conhecimento cientfico,cujas caractersticas presidiram ao desenvolvimento de uma ciéncia psicol6gica individualist, assi- nalou o surgimento de novas correntes epistemolbgicas (e.g. o construccionismo social, o constructivismo radical, Jarvilehto, 1999 citado por Breuer & Roth, 2003, 0 feminismo crftico, o pés-modernismo, entre outras), assumindo as perspectivas rticas especial saliéncia. As primeiras formulagbes da psicologia critica coincidi- ram mesmo com 0 declinio da psicologia experimental e positivista iniciado na década de 60 (Lopez, 2002). ‘As questées colocadas pelas abordagens criticas & ciéncia prenderam-se, desde logo, com a ética e a aplicabilidade dos métodos de investigacio centifica, ‘uma ver que as perspectivas cléssicas néo tinham em conta factores como a agén- a e a autonomia dos/as participantes nos projectos de investigagio cientifca, as ddinamicas de poder existentes entre investigadores/as e investigados/as, oenvol- ‘vimento dos /as investigadores /as e inclusivamente a sua influ€ncia no process0 3 Otermo positivism fol usd pela primeira vex pel fiésofo francés August Comte no século X0X, 0 qual sofreu profundas influtncas de alguns fileofes empricitasIngeses, tal como Locke e Hume (Miler, 199). 4 Gconcsto da ageniedade humana, luz dos prinespis minis, estava fortemente elacio- ‘ado om 0 coneelo de subjecividade individual, qual por sua ver preupuaha que os ind ‘iduosfasesem livemente ae suas escolha e foster os dnicosresponsdvels por elas (Gergen, 1985, 1955). 5 De acordo com Nogueira (205: 2) a windividuaizago da psicologa social 6 largamente atic buida & junio das frgae da experimentarao e do pestvismo que acabaram por dominar a Aisiplina mazcarando-a de wma respeltablidade centfia» = | I | | | | | | METODOLOGIAS FEXENISAS NA PSICOLOGIA SOCIAL cITICA ns INGENGIA AO SERVIQODA MUDANGA SOCIAL de construgdo do conhecimento e as implicagées da propria investigacso nos sujeitos que nela participam (Burman, 1996) Segundo Prilleltenski & Fox (1997) as perspectivascrfticas na psicologia dis- ‘tinguem-se das demais especialmente por desafiarem as instituigdes e os valores sociais dominantes, propondo alternativas & sua conceptualizacéo. Nesta dptica, 1s abordagens criticas fazem com que a psicologia deixe de ser uma ciéncia orien- tada por uma ideologia universal centrada em problemas individuais, para passar ‘a ser uma ciéncia comprometida com quest6es sociais, a partir da andlise dos fac- tores estruturais, politicos e culturais (Salazar & Cook, 2002) que enformam os problemas dos grupos, das comunidades e das populagSes. A investigaglo critica deve, deste ponto de vista, trabalhar as questdes do poder e assumir como objec- tivo a promocio do poder dos grupos desfavorecidos, maximizar a sua participa ‘slo nos processos de pesquisa e potenciar a utilizagdo de métodos qualitativos ‘como garantia da difusio das suas vozes (Nelson & Prilleltensky, 2004). Segundo Garay, ffiguez. e Martinez (2001) a psicologia social critica mate- rializa-se a partir das propostas do construccionismo social, nomeadamente a da reflexividade e a da epistemologia feminista. O construccionismo social redunda de um conjunto amplo de influéncias e de disciplinas cientificas, do qual destaca- riamos 0 pés-modernismo', a teoria erftica e as perspectivas sociolégicas (Nogueira, 1996). No contexto dos estudos pés-modernos, as abordagens cons- truccionistas surgem como uma portentosa alternativa as estratégias hegeméni- cas de conceber 0 conhecimento cientifico (Guanaes & Japutr, 2003) [Na sua generalidade as perspectivas construccionistas sociais norteiam-se por quatro principios: 1) O conhecimento néo resulta nem da inducio, nem da deducio; 2) 0 conhecimento deriva de artefactos sociais, reificados através da lin- sguagem, 3) a manutengdo de certas formas de conhecimento nao decorre da sua validade empirica, mas dos proprios processos sociais e 4) as descrigdes e as expli- cagbes sto formas de comprometimento e de acgdo social (Gergen, 1985 cit. in Gongalves, 1995). Assim sendo, o construccionismo social debruca-se sobre 0 ‘modo como as pessoas adquirem conhecimento e atribuem significado ao mundo que as rodeia, nao considerando os individuos como seres inertes, mas antes, como agentes pré-activos com incontéveis potencialidades e recursos (Beall, 1993). Com origens na teoria sociolégica, 0 construccionismo social encara os fenémenos sociais como construgées dependentes da interaccio entre varios factores que no existem por si s6, mas que ganham forma no émbito de uma matriz de relagées de troca e de influéncia (Arendt, 2003). Ao invés de formular narrativas universais ou meta-narrativas, esta abordagem postula o conhecimento como algo miltiplo, fragmentado, contextualizado e localizado (Hare-Mustin, 1994; Hepburn, 1999). 6 Alguns/as autores/as advogam mesmo que o constrcionismo social ¢ 0 nome de céigo ‘ustdo pea peicologia para denominar 0 poemodemisin (Bara, 1983). O péemodernisino ¢ lim movimento crfico que contests © pensamento modem e que apela acltaio do prs Tsmo, clo contextusismo do ecletirn (Biever, Fantes, Cashion & Franklin, 1938). 135 Safa Neve Conse Noga De um ponto de vista construccionista, 0 acesso neutro & realidade nao existe e qualquer versio da realidade cria um conjunto de potencialidades, mas também de constrangimentos, tomando vers6es alterativas menos plaustveis. Se, para 0 positivismo, as palavras (pelo menos as consideradas «verdadei- ras») sio um reflexo da realidade, para o construccionismo elas constituem o que ‘és percebemos como real (Gongalves & Gongalves, 2001: 14. ‘A proposta da reflexividade, decorrente das abordagens construccionistas, trouxe para as ciéncias sociais em geral contributos ihportantes (Domingues, 2002). Alguns/as autores/as tém-se referido inclusivamente a reflexividade como uma parte integrante e decisiva da viragem epistemoldgica ocorsida na segunda metade do século XX. Para Scholte, por exemplo, areflexividade & uma componente fundamental da passagem da abordagem cientiica para a aborda- gem hermenéutica, da transicio entre a perspectiva objectvista e a perspectiva relativistae da alteraglo da concepcéo da neutralidacle de valores para a concep- G40 dos interesses emancipatérios (1972 cit. in Salzman, 2002). A reflexividade anifesta-se pois como um processo de permanente interrogagio e de andlise, através do qual os/s investigadores/ as avaliam o impacto dos seus valores, das suas ideologias e das suas posicBes nos produtos que executam e nos caminhos que escolhem percorrer para os executar. Como aponta Santos (1989: 8), (..)areflexividade amplia-see aprofunda-se a parti do momento em que a ortodo- xia positivista entra em crise, Nio se trata de simples coincidéncia temporal, trata- “se de uma relagto l6gia, ainda que a ldgica dessa relagio nfo seja inequivoca: a reflexividade € eoncebida por uns como o sinal mais dramdtico dessa crise, © pot ‘outros como um dos expedientes indispenséveis para a superar Com efeito, a reflexividade, ao funcionar como um instrumento de indagacio permanente da ciéncia que se produc (e das teorias e metodologias sobre es quais Se tece essa produgio), rompe o teor cientifico-natural do qual a mocernidade estava fortemente impregnada e imprime um pendor de questionamento cons- tante as acgGes e préticas levadas a cabo pelos /as cientistas sociais (Parker, 1999). Esta possibilidade que a reflexividade nos oferece - de apreciag4o do trabalho cfectuado e dos seus potenciais efeitos ~ decompée a hierarquia de poder outrora separadora dos saberes dos as investigadores/as e dos/ as investigados//as e faz da sua dissolugdo uma alternativa de democratizagio do conhecimento cienttfico (Neves é& Nogueira, no prelob). O termo epistemologia ferinista marca, de acordo com Alcoff e Potter (1983), ‘uma alianga ~ nem sempre pacfica ~ entre o feminismo e filosofia. A epistemolo- fia ferninistaenfatiza a8 conexdes e as intersecgbes entre os valores, a politica, a Giéncia e o conhecimento (Miller, 200), reiterando a impossibilidade da neutrali- dade e da imparcialidade fazerem parte dos quesitos do conhecimento cienttfico. Como salientam Garay, fRiguez & Martinez (2001), as questdes trazidas para a \ME1QDOLOGIAS FRANSTAS NA SICOLOGIA SOCIAL CICA wr 'NEIENCIA AOSHRVIQO DA MUDANCASOCIAL iéncia pelas perspectivas feministas foram imprescindiveis na tarefa de questionar tomar dara a relagfo intima e estreita entre 0 sujeito que percebe 0 objecto € 0 bjecto concreto sobre 0 qual recai a percepgio do sujeito. «A riqueza da epistemo- logia feminista radica no seu claro posicionamento de critica social» (ibid, 20) A hermenéutica ea epistemologia (a hermentutica no seu aspecto epistemol6gico) foram ferramentas muito tes para a reflexto tedrica feminista dos limos tempos, uma vez que a ajudaram a fazer a andlise do presente e a explorar as possibilidades futuras de emancipagto, Nesse sentido, grande parte da fllosoia feminist contem- ppordinea explora a linguagem, a significagko, a metodologia e o aleance dos nossos juizos epistémicos, assim como a posigio a partir da qual se elaboram os discursos (..) (Vllarmea, 2001: 221. Tradugio nossa), ‘A demtincia do viés androcéntrico ¢ da Iogica patriarcal que presidiram ao desenvolvimento da psicologia tradicional foi outra tarefa essencial exercida pelas abordagens ferinistas (Sherif, 1987; Collin, 1991; Amancio, 1994; Inhorn & ‘Whittle, 2001), Revelando o estado de auséncia das mulheres na ciéncia ea forma desajustada como tinham sido tratadas pela psicologia tradicional, as perspecti- vvas feministas abriram caminho a leituras bem mais equilibradas da realidade e, sobretudo, a leituras polifonicas e diversas dos fenémenos sociais (Neves & Nogueira, no prelo a). ‘A hstoricidade e a temporalidade do conhecimento (Garay, fniguez & Mar- tinez, 2001), assim como a consciéncia reflexiva dos/as investigadores /as ocu- ‘pam neste novo terreno da psicologia um espaco vital, Ao reconhecer a dimensio historica dos fenémenos ¢ 0 seu carécter processual, a psicologia social crtica dissolve o teor mecanicista da psicologia social tradicional e reabilita a importan- cia da mudanga social para a compreensio e descrigéo dos produtos sociais” [A psicologia social convencional forse afastando progressivamente do mundo que se supde que teria que explicar, Ainda que nio ignore por completo a temética do ‘mundo real, trata-a de wma forma limitada e conservadore, que abstrai os problemas do seu contexto social Isto aplica-se sobretudo no caso das relagoes entre 0s valores a temtica tratada pela psicologia social (..). © mundo no espera pela psicologia social; as ideias das pessoas mudam e estdo em movimento e a psicologia socal fica para tr (...) (Armistead, 1974: 127-128 cit in fRiguez, 1998: 3, Tradugio nossa). ‘A psicologia social critica pode ser definida como a consequéncia inevitével da continua interrogacao do conhecimento e, assim sendo, condensa as caracteris- 7 NaHistéria da psicologia socal, duas perspectivas da pslcologla socal ~incompatives ene st podem ser ideniicadas: a picologia social pscologica ea psicologa soa socilogic (Neo, {Bee Arendt, 2003), Diriamnos que a psiclogin social socilogica éaquela que mais s aproximt dos pressupostos do construcionismo sci 28 sae New Caen Nagai ticas do construcionismo social, da epistemologia feministae da reflexive {Gany, iniguez & Martinez, 200). © seu enquadramento paradigm tice possibi- Hee himusdo de variantes discursivas dentro da ciéncia psicol6gica, varan'es ‘itcs que derivam nfo 26 de diferentes posturas tesricas ¢ epistemcl6sices ay seas diversas recursos metodol6gicos. Como sublinhou Parker (199%: 6) carnpcoogia crc nfo presreve uma posico epstemolopic em desi de aa eaves aproxima a grande Variedade de perspectivas radiais da disciplinay “ psicalogia etica deve por isso ser encarada como uma estatégia 26s nada poitizar todas a subdisciplinas da psicologia (Parker, 1999). Uma esate, gia concrta e temporal que deve desenvolver-s fundamentalne's desde as Br sgons da disciplina hegeménice, funcionado como um mecanismno de desarti- asc problematizacio das questbes colocedas pela ciénea (LOpe2, 2007) ¢ casa ponto de converyencia de Saberes complementares, como 9 antropo}o- fia, a socologia, a Glosofa, a linguistica, entre outros (Kitzinger 1998). Apro- rare desta estratégia significa aceitar que toda a teora social € incontomavel- Frente interpretativa e avaliativa (Richardson & Fowers, 1997). 2. Metodologias feministas e Psicologia Social Critica: IntersecgBes © Des- continuidades uma mudanga de conscénca permit gue aslo feminists assumisser que todo oeifio via ciénciaprofisonal eo seu conhecimento €scilmente constitu, ‘amazon, & Holland, 2002: 45, Tradugao nossa) ‘Ainda que os feminisnos nfo postam ser confurdidos com um todo homsoatney aan adda em que representam terstérios diversos de debate sobre o que ¢¢ ome aoe patria 2 igualdade entce homens e mulheres (Neves & Barboss 2003) Hee ee Sirandamentos comuns. Especialmente no que toca 8 extica dos feminis- ri errjencia nao debva de ser interessante notar que os argumentos se homoge rep em determinantes pontos (embora se distanciem em alguns outros) Segundo Aménci (2002), 0 pensamento feminists sobre a cincia Prowmes sequencialmente responder a dois objectives. O primeiro objectiva prendew-se ener ia visiblidade as mulheres, 8s Suas experigncias concretas¢ a uma condi Seo costal que o movimento pretendia combater.O segundo objective tna 8 sae ex jemuncia do androcentrismo dos varios campos do saber ¢ a permanente confusdo entre o universal ¢ 0 masculino. aie etcter enviesado do conhecimento cientifico, a asungéo do masculine como valor universal, a tentativa de patologizacio da condigo fining a tendéncia para a uniformizagio, a padronizagio e a cassficaio dos comporamenins £ Partica de andlige soca, histricae politica na letura eteorizagdo dos fenémenos seers (Crawford e Marecek, 1989; Worell, 1996 in Crawford & Unger, 2000; Neves ‘ Nogucia, 2003) foram factores apontados pelas abordagens feminists como eTODOLOGIAS HEMINISTAS NA PSICOLOGIA SOCIAL CRCA NEIENGIA 20 SERVICODA MUDANGA SOCIAL ve condo responsaveis pela criagio de uma ciéncia sexstae falaciosa, que sob a apa- Tente capa da universalidade escondeu 0 favoritism ea discriminaglo. O facto do Conhecimento cientifco reflectr e reforcar 0s valozes de um colectivo espectfico - 0 os homens brancos, ocidentais e de classe média ~ tem significado que a preten- Sao da universalidade postulada pela cifncia tradicional se resume, ela propria, 8 fama forma de marginalizagio de outros coletivos (Itiguez & Monguilod, 2002). Tim oposigho a0 clamor objectvista do positivism, no qual os/as investiga- dores/as omniscientes determinavam a realidade daqueles/as que eram objecto dda investigacdo, as abordagens feministas insistiram na ideia de que deveriam Ser os] as proprios/as investigados/as a definr ea interpretar a8 suas experien- as devendo, para isso, servir-se da utilizagdo de metodologias feministas (Andrews, 2002), Apesar dessa insistincia, a tradigio metodolégica positivista ‘no deixou de se impor no universo académico, mesmo entre as/0s feministas. Muitas/os psictlogas/os feministas esto mais ou menos familirizadas/ os com as tins forinistas dzigidas & ciéncia positivista nos «limos cerca de 28 anos. Con feado tl como nds, tém sido relutantes em mudar a sua pedagogiae afastar-se dos métodos tradicionais de investigaglo (Cravrford & Kisnmel, 1999: 1). Dislamos inchusive, a este respeito, que a introdugio de metodologias feministas na psicologia temese traduzido rum processo pouco expressivo que vigora sila nos Figs de hoje, nomeadamente em Portugal, embora gradualmente se vé notando a Sua prevenga em alguns trabalhos de investigaci0 e de intervengéo, desenvolvidos omeadamente com mulheres e por mulheres (Neves & Nogueira, 2003). Embora a aceitacio da terminologia metodologiasfeministas® no seja con~ sensual entre 05/as autores/as (Harding, 1987; Weatherall, 1999) ela reveste-se, Jo nosso ponto de vista, de uma légica de compromisso com determinados valo- feo que far sentido ser invocada e tornada visivel Esta adjectivacto, porque parece unir do ponto de vista poitco quem esta distante do ponto de vista oftra- égieo ou flosfieo (Ramazono_lu & Holland, 2002) a nosso ver, mais capital: ida de sinergias do que de vulnerabilidades. Porque a designagto eministas esté incrustada de elementos ideolégicos e politicos (ainda que nem sempre coinciden- tea) a sua uflizacdo 6 elucidativa dos efeitos que se espera ver objectivados com @ aplicagio deste tipo de metodologias?, bem como das linhas orientadoras que genericamente estio implicadas na expressio Feminismos'. Neste sentido, qual- ‘facto da maioria dos/ss aulores/as empregar @ nomenclature metodologss feminists no ‘lnc naturea mpl cdo coneto (Ramazono. lu &e Holland, 200), oe et portante fazer acompaniar#designacio meadologia fii: do temo wcficase a naan content de pacoogie sociale Esta espeiicidade demasce um frreno rune qcer dentro da psclots soe quer dentro da vaiedade das metoelogis eines 10 eer, ee galdade ente os sexo justica socal, emancipaio femini, distribu equi, rarer sic economic, soca, polio ctrl paa as mulheres para os homens ¢ eco 130 Sofa Nees Canes Nona quer metodologia pode ser feminista (Thompson, 1992), desde que sea aplicada dom @ intencionalidade de responder a questées feministas e reflectir sobre o pen- ‘samento e a ética ferinista Jayaratne & Stewart, 1991 cit. in Thompson, 1992) ‘Harding (1996: 11) refeze que da pergunta inicial «o que se tem de fizer a res- peito da situagto da mulher na ciéncia?» se passou a uma outra, bem diferente, e que ef posstoel utilizar, com fins emancipatirios, umas ciéncias que estdo to intima e rmanifestamente imersas nos projects ocidentais, burgueses e masculinos?». Parece-nos que esta questo mais recente estimula a discusséo em torno de que metodolo- glas cientificas devem ser implementadas no sentido de melhor atingir 05 fins que consideramos vitais para a construgéo de uma ciéncia menos opressiva. Cos coneritos de opresstoe emancipacio so oceme da psicologacrtice, Por opres- Sto entendemos quer um estado de subjugagto, quer um process de exclasioe de txploragio. A opressto envolve dimensdes psiclégicase poticas, A luz destas caractersticas centr, Prilleltensky ¢ Gonick defniam a oprssto como um estado {fe relagoen de poder assiméticas caracterizado pela dominasto,subordinasio e {eolt@nia, ao qual as pessoas ou os grupos dominantes exercem 0 seu poder re- tengindo o acess a recursos materia efnplantado nos grupos ou pessoes subord ‘nadas vises de medo ou autodepreciativas (Parker, 1999: 4. Tradugao nossa). ‘Ao trazer para a psicologia as questées da opressdo, da desigualdade e da subor- ddinagdo, as porspectivas feministas chamaram a atencdo para a ineficdcia da utii- ‘zagio dé determinadas metodologias classicas no exercicio de anslise das teméti- cas sociais (Russo, 1999). Ao mesmo tempo que metodologias distintas foram temergindo, o objectivo do empowerment comegou a delinear-se como uma das finalidades centrais da investigacao feminista (Cosgrove & McHugh, 2000), sub ‘vertendo-se assim 0 estatuto de submissio a que estavam confinados/as 0s/ a8 pparticipantes dos projectos de pesquisa e das investigagdes e promovendo, em consequéncia, a sua autonomizacdo2, Nos tiltimos anos as /o8 psicélogas/os feministas, ao examinarem crtica- mente a tradiggo empiricista dominante na psicologia (Gergen, Chrisler & LoCi- cero, 1999), tem desenvolvido uma diversidade de abordagens" para estudar as hucnesto pico das muthere como cidade detente de dts ¢ de deveres een feoaos do homens ever Barbs, 203) _ 121384 Go erpomrmet prendenese com foralecimento das foes individu ¢ grup aes fo St a eubitade a tenting creonugi ds problemas, do desenvele SENG ge daguesbangeee de apectiades pass ed coroliacio de etlsie que fram faves danas tacos (Wore, 201 12 BeaeTat imporenes specs das metodo fins ¢preoamente ose compro eae epee ae am spar que dl vor experts deo mulheres tl leas 5 ‘veniam Andre 202), 15. Uno pian abordhgem que proir esta x diferengs de ger, avalindo oats CERES de hore dno mulheres ne segunda aboragem que Bo geero 180 seep aatramar agers eeacctince . snulheres eo géero(Marece, 2001) Par tal tise srvido de dferenes epee nologies Seraeea, aguas defendem a wlopelo de mtodologas dati ‘Harding (1996), na tentativa de esclarecer 0 que distingue as epistemologias femisitas ie el ode qua forma cae us deles teu eres b cidade ‘moderna, classificou-as a partir da seguinte tipologia: 1) empiricismo feminista, Zo ponte de via feminine") 0 plermoderiso fini 1) O empiriiono finite coeoponde 8s tadigbes dominantes dentro da pecloga acederca Gergen, 20012) © ot fundemertedo na premise de gus amit o androotons al trams soci que porn Ger crag ols edenso'a rormes melodelégieas vigwniss na Irvetigacio cletfice. Os viviecinentos sodas manifelanvse sobs forma de attudesdisciminatrias baseadas em crencas falsas e hosts, e fazem-se sentir nos projectos de investiga- sao quer na faze da defnigboe Mlentfcagao doe problema, quer no proprio Seip da penguins eva interprtato dos dadosrecolhidos (Harding 1987) 2) O pont de visa fonivt suporta aida de que 0 conhecinento deriva da eesti « pnt us peal danisares dos homeo aa vido oc trados num conlecmente percaleperveso, enquanto que aeituagto de subj sho des cauthowes denies a poelitads de wr covtecaeets tle ot iGo «menos pervemo, Nesia ptcn, to expeiénis das mulheres congue tis valorao muteral de andl legiimador de un conhecmento ence dst aldo (Harding 1967, «O feminism eo movimento de mulher deelocam a toca oa motivaes pars nvenigagioe part ha pla que podem benaforar a forspectva Gee mulheres hum pono de ists, (lading. 1996 24 Tadugto nossa). As/os feministas que defendem esta posicdo argumentam que a ciéncia Tadiclonal fot desenvolvila por home, cues experiencia ttm sido historic tronte muito ditnts dae da mulheses (Gergen, 200 3) Halen 9 plomaderana fre ela o anguer arirtaios ilo ences Karis palo pot de via fornia eine Tata as caracieruntvemal do cube serio por ete dol pond ep femologias ene aia na deere da ragmertagi da polfonia e da dversidade "enteo ampicama feminita como o pont de vista fesinistapereegutit © ropa de cortnar ma cic fants que poo select mais caarente © redo, pelo menos de um modo menos inoreplet e desalinkado (Harding, ‘em termos as diferengas individuals, mas reorrendo a factors de natueza contextual, fcando ‘Soi a sua atengo nas relagee soils, nos processos interactives e mas pens Unguisticas que fumprem a fungio de etrutura as relagbes entre homens emaleres e uma terceira bordagemt Gq concepualiza o género nama logic pés-modera,recorrendo aos pressuposts da plcolo~ fi crea, defendendo atsim a psiologa ea vida cultural como mutuamente consiutvas € Edvogando que « propria psologla ¢ ui artefact cult. A pslologla social tion, de entre te rs sbordagens eferdas por Maecok (201), entra-ve especialmente na dis, 14 Feminist Standpoint 15 Um poto de ot, segundo Hartsock (1987), no € meramente uma posgio interes, mas ‘um compromiso, 2 Sa Nore Congo Nope 1987). Para o pés-modernismo feminista, o grande problema do modemismo femi- nista 6 que este falha na andlise de como a opressio funciona discursivamente (Hepburn, 1999) e, assim sendo, nao avalia como as miitiplas inguagens de poder (manifestas ou encobertas) se articulam e influenciam o quotidiano das pessoas. {(..) teoria pés-mnodema feminista deve substituir as nogbes unitrias de mulher ¢ de identidade de género feminina, por concepgSes construfdas, complexas e plurais de identidade social, tratando o género como algo relevante e importante entre outras coisas, atendendo também & etnicidade, a idade e orientagSo sexual (Hara- ‘way, 1990 at. x Nogueira, 2003: 19). ‘Ao adoptar, nas suas formulagées, orientagdes provenientes das abordagens cons- truccionistas, des feministas e das p6s-modemas a psicologia social critica impée-se ‘como um espago inovador dentro da ciéncia psicol6gica. O aparente paradoxo da diversidade e da diferenca oferece a psicologia desafios muitissimo interessantes. Tal como advoga Reinharz (1992), a diversidade tomou-se um novo crtério de exceléncia para a investigacio feminista. # curioso notar, no entanto, que fembora algumas/uns feministas tenham aceite com entusiasmo a énfase que © pés-modemismo colocou na diversidade e na multiplicidade de perspectivas, utras/os houve que se sentiram intimidadas/os com o relativismo ea fragmen- tagio que acompanhou este movimento (Miller, 2000). © pés-modemismo, enquanto movimento intelectual gera,coloca desafios sem fim, rejeita suposigdes epistemoldgicas, refuta convengbes metodol6gicas,resiste is pre- tensbes do conhecimento, cbseurece todas as formas de verdade. Tem versdes mais radicais e outras mais moderadas, mas quer umas quer outras, representam um ‘grande desafio para o conhecimento estabelecido no século XX (Rosenau, 1992 cit. in Nogueira, 203: 4). ‘Ainda assim, como refere Nogueira (1996: 180), «a afinidade entre o ferninismo ¢ a teoria pés-modernista parece residir no facto de partilharem um profundo cepti- cismo sobre as reivindicagées universais acerca da existéncia, da natureza e do poder da razio, do progresso, da citncia, da linguagem, de um self tinico e unificador» CCremos que se usadas no sentido da desconstruggo da ciéncia dominante e da reconstrugao de uma psicologia social critica, as metodologias feministas, podem oferecer a investigaglo e & intervengio psicolégica importantes meios de dissolver a perspectiva impositiva e cega do conhecimento. 3, Reflexdo Final: Na esteira do dilogo entre a Ciéncia e a Ideologia (..) 6. psicologiaintimamente articulada com a vida cultural, convidando 20 com promisso apaixonada, ligando o trabalho intelectual as préticas orientadas para a {METCDOLOGIAS FMENISTAS NA FICOLOGIA SOCALCRITICA 13 [SCIENGIA AOSERVICODA MUDANGA SOCIAL rmudanga, favorecendo os dislogos provocatives dentro e fora da disciplina, dispa- rando a imaginagSo dos futuros e ainda conservando uma humildade em relaco ‘208 seus proprios pressupostos ¢ aos dos outros. A mensagem da psicologia social numa perspectiva construccionista é assim, profundamente optimista (Gergen, 1996: 126. Tradugéo nossa). A cigneia psicolégica, tal qual a conhecemos na actualidade, é basicamente um produto daquilo a que usualmente se convencionou chamar de modernidade (Gergen, 2001"). Nao surpreendentemente, esta ¢ a verso que continua a perpas- sar a grande maioria dos curriculos académicos dos cursos de psicologia ¢ a afir- ‘mar-se como a tinica que garante a aquisicéo do verdadeiro conhecimento cientt- fico. A crise da psicologia, iniciada hé cerca de 40 anos, e as erfticas que a despoletaram e a ela se sucederam, longe de ser uma matéria de interesse colec- tivo, é hoje objecto de andlise de um grupo minoritario de académicos/as entu- siastas, mas com reduzida visibilidade e expresso piibica. As promessas da pés-modernidade, do construccionismo social e das abor- dagens feministas, apesar de estimulantes, no tém encontrado em Portugal um. espago substancial de afirmacio. Constata-se que, embora ao nivel das formula Ges tedricas as novas propostas epistemol6gicas tenham tido algum impacto na cigncia psicol6gica, ao nivel dos procedimentos metodolégicos escassos avancos tém sido realizados. Como sustenta Amancio (2002), a propésito da mudanca social, um dos grandes obstéculos com que nos deparamos no nosso pats € a fra- gilidade do pensamento feminista, fora e dentro da academia, assim como a res- trita reflexdo e teorizagao que Ihe esté associado. (Occontexto da pés-modernidade foi todavia fétil para oflorescimento de pos- sibilidades alternativas dentro da acaclemia, impulsionando a reflexividade e a ade- fo a metodologias inovadoras que a reflectissem (ou pelos menos a metodologias que servissem o fim da inovagio). A preocupagao pés-moderna com a construcio linguistica da realidade favoreceu a multiplicagio de metodologias de investigagio (Gergen, 2001a) ea assungao de inequivocos posicionamentos ideolégicos. ‘A relacio entre a ciéncia e a ideologia foi representada de maneiras franca~ mente divergentes por intimeros/as autores/as. Com frequéncia a ciéncia foi vista como estando em oposicio a ideologia, ainda que também a ideotogia tenha sido perspectivada como algo que inevitavelmente se introduz na construgéo do conhecimento cientifco (Ihiguer.& Monguilod, 2001). Encarar a cigncia como francamente influenciada por estruturas sociais, politicas e culturais de um determinado periodo temporal e de um dado espaco, envolve admitir que ela é composta de texturas ideologicas. Mas acreditar no projecto da modernidade implica igualmente perflhar uma ideologia. Ao ali mentar a crenga na «(...) existéncia de uma realidade face & qual podem exist modos privilegiados de acesso, a psicologia ~ tradicional ~ acabou por adexiz a uma ideologia que confere & ra24o cientifica um estatuto ahistérico, afirmando-se ‘como uma potente retérica da verdade» (Nogueira, 2003: 12). i fe Nee Canes Nagin Gieryn (1983) propde que as descrigdes da ciéncia como verdadeira, stil, objectiva ou racional devem ser sempre examinadas como ideologias, quaisquer {Gee elas sejam (ct. in fRiguez & Monguilod, 2001) Gergen (2001) chega mesmo ieferir que a medida que nos tornamos mais conscientes das implicagbes polit tas ¢ ideoldgicas das varias teorias e metodologias com as quais trabalhamos, ais questiondveis essas teorias e metodologias se tornam. Ciencia e ideologia parecem pois ser elementos indissociaveis. Pensé-los desta forma, como construgoes articuladas entre si 6 um passo decisivo no sen- tido da consolidagao de um saber cientifico comprometido com a realidade social. “a redacgio deste artigo teve como pano de fundo alguns pressupostos que tem orentado a tese de doutoramento que estou a desenvolver na drea da psico- Jogia social, nomeadamente da psicologia social extica, ee esurir que cna idevlogia so faces da mesma moeda, fazer dete compromisso um exercicio de dbvia contestacio da psicologia enquanto conjun- fura dominante, implica muites vezes pisar teritérios de risco. Penso contudo «que este desafio de desconstrucSo e reconstrugdo aumenta 0 potencial interven fivo da ciéncia © dos/as seus/uas interlocutores/as e, nessa perspectiva, toma cada um/a de nés mais responsivel pela conhecimento que produz. 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