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Introdução
Este ensaio pretende analisar as urbanidades da Barra Funda do largo da Banana
ao Memorial da América Latina. Para isso, levantarei algumas ideias sobre urbanidade e
suas expressões na cidade de São Paulo, mais especificamente no bairro da Barra
Funda, analisando suas transformações desde a época em que se localizava ali o Largo
da Banana até atualmente onde está o Memorial da América Latina. O ponto de partida
será uma breve explanação do conceito de cidade que utilizarei no ensaio, logo
defenderei o ideal de urbanidade, em seguida farei alguns apontamentos sobre a cidade
de São Paulo. Por fim, analisarei em mais detalhes como se deu a urbanidade na Barra
Funda no último século.
Cidade
Cidade
substantivo feminino
1. Aglomeração humana localizada numa área
geográfica circunscrita e que tem numerosas
casas, próximas entre si, destinadas à moradia
e/ou a atividades culturais, mercantis,
industriais, financeiras e a outras não
relacionadas com a exploração direta do solo;
urbe1.
Ao conceituarmos cidade, ainda que sem muita precisão, vem a ideia de reunião,
de encontro, de junção de pessoas. Também é muito comum ao refletirmos sobre a
cidade conceitos como: caos, desordem, multidão, desigualdade e segregação.
Atribuímos muitas das consequências do modo de produção capitalista à vida em
cidade. Nesse sentido, a cidade não é qualificada por ela mesma, é sempre vista como
decorrência do sistema capitalista. É sabido que em 1850 menos de 3% da população
mundial vivia em cidades. A inversão desse quadro se deu a partir da Revolução
Industrial que por sua vez se desenvolveu em contextos urbanos. Portanto, a Revolução
Industrial e a consolidação do capitalismo são decorrentes da vida em cidade e não o
contrário. Esse processo de urbanização da população mundial continua em curso.
Atualmente a população urbana mundial ultrapassa a polução rural:
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Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-
8#q=o%20que%20%C3%A9%20cidade . Acesso em 27 de junho de 2016.
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Urbanidade
Aqui defenderemos que a cidade deve ser o espaço dessa mencionada interação
máxima da diversidade humana. Partimos do pressuposto de que ainda que haja
urbanidade em contextos não urbanos, a cidade é o espaço de maior potencial urbano.
Sendo assim, a urbanidade funciona como um indicativo de como as cidades e seus
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São Paulo
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Aqui entenderemos a cidade de São Paulo como: aonde a vida das pessoas acontece. Isso pode ir muito
além dos limites do município de São Paulo.
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selva e com a urbe simultaneamente. É possível encontrar aqui uma ideologia anti-
cidade, uma vez que entendemos a cidade como o espaço de junção e convívio com a
diversidade. No início do século XX a cidade de São Paulo tinha uma população
inferior a 400.000 habitantes. Havia uma grande efervescência cultural no que hoje
conhecemos como o Centro Antigo da cidade. Teatros, bares, cinemas, escritores,
músicos, pintores, comerciantes e burocratas compartilhavam o mesmo espaço urbano.
A Barra Funda
3
Disponível em: http://www.saopauloinfoco.com.br/plano-avenidas/ . Acesso em 29 de junho de 2016.
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Entre 1890 e 1920 o bairro tem seu início como um espaço de ocupação mista:
além de ser ocupado por distintas classes sociais, serviu tanto como zona residencial
como área de distribuição de mercadorias e zona industrial (BORIN, 2014). Com o
crescimento da cidade de São Paulo e do movimento nas estações da Barra Funda,
atividades de convívio social que mesclavam o rural e o urbano vão ganhando força no
que ficou conhecido como o Largo da Banana.
No filme “Geraldo Filme – crioulo antando Samba era coisa feia” de Calos
Cortez, o sambista Osvaldinho da Cuíca conta que um importante foco de propagação
deste samba dito “rural” na cidade de São Paulo era o já extinto Largo da Banana,
situado na Barra Funda, o equivalente à Praça Onze no Rio de Janeiro, no que concerne
ao desenvolvimento e festejo do samba.
A Barra Funda que até então tinha um forte setor industrial começa a perder essa
característica a partir da década 1950 à medida que as indústrias mudavam para outras
cidades ou estados. O ápice da retração do setor industrial foi na década de 1980,
quando “grandes áreas industriais próximas ao centro passaram a ser propícias à
implantação de grandes projetos urbanos” 5.
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PIRES, Elaine Muniz. Barra Funda. Disponível em
http://almanaque.folha.uol.com.br/bairros_barra_funda.htm. Acesso em 30 de junho de 2016.
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CANUTTI, Rita Cassia. Planejamento urbano e produção do espaço da Barra Funda. Tese de doutorado.
FAU-USP.2008. Disponível em: file:///C:/Users/Luana/Documents/IEB%20-
%20Mestrado/IEB%205025/Rita_Canutti%20Barra%20Funda.pdf. Acesso em 03 de julho de 2016.
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Do mesmo período, data o Plano Diretor, aprovado em 1988, pelo prefeito Jânio
Quadros. O plano tinha por princípio melhorar a qualidade de vida dos habitantes,
ampliar e tornar mais eficiente as atividades econômicas e resguardar o meio ambiente.
O plano tinha elementos urbanísticos como a promoção de Operações Urbanas
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Considerações Finais
A impressão mais comum que se tem sobre São Paulo como uma cidade de
crescimento desordenado não se verifica, a cidade foi objeto de diferentes concepções
urbanísticas e níveis de planejamento. No caso da Barra Funda, a urbanidade do bairro,
em grande medida, passa pelas estações de transporte coletivo. O bairro pode ser
definido como um lugar de passagem. Local de articulação entre partes da cidade e do
estado. Nesse sentido, o desenvolvimento intra-urbano da Barra Funda não se
apresentou fortemente até a atualidade.
Contudo, é possível notar que o nível de urbanidade da Barra Funda, assim como
no restante da cidade de São Paulo, vem sofrendo interferências de visões urbanísticas
que não priorizam a cidade como um espaço de convívio e de diversidade. Mesmo com
as facilidades de transportes e a implantação de equipamentos culturais a urbanidade
não vem sendo cultivada como um valor nos planejamentos implantados até aqui
evidenciando que a urbanidade precisa ser pensada para além da mobilidade.
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Referências Bibliográficas