Introdução • A antropologia teológica do Novo Testamento não rompe com a do Antigo Testamento • Trata-se de uma reinterpretação à luz da pessoa e da obra de Jesus Cristo • Outras interpretações se tornaram possíveis graças às ideias transmitidas pelo idioma grego na tradução da Septuaginta Sarx • Corresponde ao hebraico basar • Traduzido por “carne” • O próprio corpo (I Pd 4.1) • Substância que forma os animais (I Co 15.39) • Um meio de relacionamento (I Co 6.16) • Fragilidade e mortalidade humana (Jo 1.14) • O lado pecaminoso do homem (Gl 5.19) Pneuma • Corresponde ao hebraico ruah = sopro, vento • Pode se referir tanto ao homem quanto ao Espírito Santo (I Co 12.4) • O lado regenerado do homem (I Co 2.11) • Pensamento ou intenção (I Co 5.3) • Disposição (I Co 4.21) • Pode ser sinônimo de nous (Ef 4.23) Outros termos antropológicos • Soma = corpo = conjunto das partes visíveis do homem (Ef 4.16) • Nous = Razão, mente, entendimento; parte imaterial do homem em oposição à matéria (de acordo com a concepção helênica) (Rm 7.25) • Kardia = coração = sede das intenções, dos planos e dos sentimentos (Mc 7.8) Psiquê • Corresponde ao hebraico nefesh = vida natural • É traduzido por alma • É o princípio vital que anima o ser humano (I Co 15.45) • É, portanto, a vida do corpo (Rm 16.4) • É usado para designar o homem natural, sem o Espírito Santo (psiquê x pneuma: I Co 2.14,15; Jd 19) O homem como totalidade indivisível • Alguns destes termos são usados também para designar o homem inteiro: • Sarx = carne (At 2.17) • Psyché = alma (Rm 2.9; Lc 12.19) • Pneuma = espírito (At 17.16) • Soma = corpo (Mt 6.22) • Falsa oposição entre corpo e espírito (I Co 5.5; II Co 12.2,3) O homem como totalidade indivisível • Às vezes a combinação destes termos é usada para designar o homem inteiro: • Corpo e alma (Mt 10.28) • Corpo e espírito (I Co 5.3) • Espírito e carne (Mt 26.41) • Coração, alma e mente (Mt 22.37) • Corpo, alma e espírito (I Ts 5.23) O homem e o pecado • O homem no NT é pecador (Rm 3.23) • Entretanto, a doutrina do pecado original foi elaborada no séc. V por Agostinho baseada em uma interpretação de Rm 5.12-20 • Nela o homem já nasce pecador e inclinado a pecar • Mas Gregório de Nazianzano (329 – 390 d.C) e Gregório de Nissa (335 – 394 d.C) ensinavam que as crianças nascem sem pecado • E para João Crisóstomo (347 – 407 d.C) todos apenas nascem sujeitos ao pecado O homem e o pecado • O homem peca por que é pecador ou é pecador por que peca? • O pecado é inerente ou é aderente ao homem? • Seja como for, com exceção dos pelagianos, todos aceitam que o pecado é universal O homem e a vida após a morte • O homem no NT é predestinado em Cristo à imortalidade • A doutrina da ressurreição é central na fé cristã (I Co 15.12-14) • Foi ensinada por Cristo (Jo 5.28,29; 11.23-26; Mc 12.18-27) • Não há doutrina clara sobre um estado intermediário • Nada se fala sobre uma suposta separação entre corpo e alma/espírito após a morte O homem e a vida após a morte O caso do ladrão na cruz (Lc 23.43, 46) • O próprio ladrão não esperava ir no mesmo dia • É improvável que o ladrão tenha morrido no mesmo dia (Jo 19.31-33; Mc 15.44) • Jesus, logo após ressuscitar, afirma que ainda não havia subido ao Pai (Jo 20.17) • A Bíblia diz que Jesus foi retirado do Sheol depois de três dias (At 2.27; Mt 12.40) O homem e a vida após a morte • A palavra hoje é usada antes de sentenças categóricas, como mandamento, profecia e promessa (Dt 6.6; Dt 4.8; Jr 42.21; Zc 9.12) • Vários manuscritos e traduções não acrescentaram o pronome “que” ou vírgula antes do “hoje”: Patrologia Grega, Antigo Siríaco (Bc e Sy-C), Tradução Trinitariana, Emphasized New Testament (de Joseph B. Rotherham), Manuscrito Curetoniano da Versão Siríaca, etc. O homem e a vida após a morte O caso do Rico e Lázaro (Lc 16.19-31) • São personagens de uma parábola • A história é contada em uma sequência de parábolas (do cap.14 ao 18: da grande festa, da ovelha perdida, da moeda perdida, do filho pródigo, do administrador desonesto, do servo inútil, da viúva e do juiz) • Nem sempre Jesus nomeou como parábola uma história, mas os discípulos sabiam (Mt 13.14; Lc 12.35-41) O homem e a vida após a morte • Uma história pode ser anunciada como uma parábola por um evangelista, e não ser por outro (Lc 5.36; Mc 2.21) • Nenhuma parábola deve ser interpretrada literalmente (Deus seria um administrador desonesto ou um juiz mau? “Espíritos desencarnados” tem língua e sentem sede?) • As palavras psiquê (alma) e a palavra pneuma (espírito) não aparecem no texto O homem e Cristo • O homem foi criado à imagem de Deus • Cristo é a imagem perfeita de Deus (Cl 1.15) • Cristo foi totalmente humano, mas não pecou (Gl 3.22) • O cristão é predestinado a tornar-se à imagem de Cristo (Rm 8.29) • O cristão, ao se tornar à imagem de Cristo, torna- se mais perfeitamente humano – um novo homem (Ef 4.20-24)