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Antropologia do Novo

Testamento

Antropologia Teológica

Prof. Anderson Nunes Pinto


Introdução
• A antropologia teológica do Novo Testamento
não rompe com a do Antigo Testamento
• Trata-se de uma reinterpretação à luz da
pessoa e da obra de Jesus Cristo
• Outras interpretações se tornaram possíveis
graças às ideias transmitidas pelo idioma
grego na tradução da Septuaginta
Sarx
• Corresponde ao hebraico basar
• Traduzido por “carne”
• O próprio corpo (I Pd 4.1)
• Substância que forma os animais (I Co 15.39)
• Um meio de relacionamento (I Co 6.16)
• Fragilidade e mortalidade humana (Jo 1.14)
• O lado pecaminoso do homem (Gl 5.19)
Pneuma
• Corresponde ao hebraico ruah = sopro, vento
• Pode se referir tanto ao homem quanto ao
Espírito Santo (I Co 12.4)
• O lado regenerado do homem (I Co 2.11)
• Pensamento ou intenção (I Co 5.3)
• Disposição (I Co 4.21)
• Pode ser sinônimo de nous (Ef 4.23)
Outros termos antropológicos
• Soma = corpo = conjunto das partes visíveis
do homem (Ef 4.16)
• Nous = Razão, mente, entendimento; parte
imaterial do homem em oposição à matéria
(de acordo com a concepção helênica) (Rm
7.25)
• Kardia = coração = sede das intenções, dos
planos e dos sentimentos (Mc 7.8)
Psiquê
• Corresponde ao hebraico nefesh = vida
natural
• É traduzido por alma
• É o princípio vital que anima o ser humano (I
Co 15.45)
• É, portanto, a vida do corpo (Rm 16.4)
• É usado para designar o homem natural, sem
o Espírito Santo (psiquê x pneuma: I Co
2.14,15; Jd 19)
O homem como totalidade indivisível
• Alguns destes termos são usados também
para designar o homem inteiro:
• Sarx = carne (At 2.17)
• Psyché = alma (Rm 2.9; Lc 12.19)
• Pneuma = espírito (At 17.16)
• Soma = corpo (Mt 6.22)
• Falsa oposição entre corpo e espírito (I Co 5.5;
II Co 12.2,3)
O homem como totalidade indivisível
• Às vezes a combinação destes termos é usada
para designar o homem inteiro:
• Corpo e alma (Mt 10.28)
• Corpo e espírito (I Co 5.3)
• Espírito e carne (Mt 26.41)
• Coração, alma e mente (Mt 22.37)
• Corpo, alma e espírito (I Ts 5.23)
O homem e o pecado
• O homem no NT é pecador (Rm 3.23)
• Entretanto, a doutrina do pecado original foi
elaborada no séc. V por Agostinho baseada em
uma interpretação de Rm 5.12-20
• Nela o homem já nasce pecador e inclinado a
pecar
• Mas Gregório de Nazianzano (329 – 390 d.C) e
Gregório de Nissa (335 – 394 d.C) ensinavam que
as crianças nascem sem pecado
• E para João Crisóstomo (347 – 407 d.C) todos
apenas nascem sujeitos ao pecado
O homem e o pecado
• O homem peca por que é pecador ou é
pecador por que peca?
• O pecado é inerente ou é aderente ao
homem?
• Seja como for, com exceção dos pelagianos,
todos aceitam que o pecado é universal
O homem e a vida após a morte
• O homem no NT é predestinado em Cristo à
imortalidade
• A doutrina da ressurreição é central na fé cristã (I
Co 15.12-14)
• Foi ensinada por Cristo (Jo 5.28,29; 11.23-26; Mc
12.18-27)
• Não há doutrina clara sobre um estado
intermediário
• Nada se fala sobre uma suposta separação entre
corpo e alma/espírito após a morte
O homem e a vida após a morte
O caso do ladrão na cruz (Lc 23.43, 46)
• O próprio ladrão não esperava ir no mesmo
dia
• É improvável que o ladrão tenha morrido no
mesmo dia (Jo 19.31-33; Mc 15.44)
• Jesus, logo após ressuscitar, afirma que ainda
não havia subido ao Pai (Jo 20.17)
• A Bíblia diz que Jesus foi retirado do Sheol
depois de três dias (At 2.27; Mt 12.40)
O homem e a vida após a morte
• A palavra hoje é usada antes de sentenças
categóricas, como mandamento, profecia e
promessa (Dt 6.6; Dt 4.8; Jr 42.21; Zc 9.12)
• Vários manuscritos e traduções não
acrescentaram o pronome “que” ou vírgula antes
do “hoje”: Patrologia Grega, Antigo Siríaco (Bc e
Sy-C), Tradução Trinitariana, Emphasized New
Testament (de Joseph B. Rotherham), Manuscrito
Curetoniano da Versão Siríaca, etc.
O homem e a vida após a morte
O caso do Rico e Lázaro (Lc 16.19-31)
• São personagens de uma parábola
• A história é contada em uma sequência de
parábolas (do cap.14 ao 18: da grande festa, da
ovelha perdida, da moeda perdida, do filho
pródigo, do administrador desonesto, do servo
inútil, da viúva e do juiz)
• Nem sempre Jesus nomeou como parábola uma
história, mas os discípulos sabiam (Mt 13.14; Lc
12.35-41)
O homem e a vida após a morte
• Uma história pode ser anunciada como uma
parábola por um evangelista, e não ser por
outro (Lc 5.36; Mc 2.21)
• Nenhuma parábola deve ser interpretrada
literalmente (Deus seria um administrador
desonesto ou um juiz mau? “Espíritos
desencarnados” tem língua e sentem sede?)
• As palavras psiquê (alma) e a palavra pneuma
(espírito) não aparecem no texto
O homem e Cristo
• O homem foi criado à imagem de Deus
• Cristo é a imagem perfeita de Deus (Cl 1.15)
• Cristo foi totalmente humano, mas não pecou (Gl
3.22)
• O cristão é predestinado a tornar-se à imagem
de Cristo (Rm 8.29)
• O cristão, ao se tornar à imagem de Cristo, torna-
se mais perfeitamente humano – um novo
homem (Ef 4.20-24)

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