Você está na página 1de 7

Página 1 de 7

EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA


SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE TEÓFILO OTONI/MG.

ADENY PEREIRA LACERDA, brasileira, solteira, lavradora,


nascida em 28/06/1957, inscrita no CPF sob o nº. 510.817.926-04, portadora
do RG nº. M-3.640.294, expedido pela SSP/MG, filha de Orlindo Pereira Lacerda
e Silvina Pereira Lacerda, residente e domiciliado na Fazenda Benfica, distrito
de Jaguarão, zona rural da cidade de Jacinto/MG, CEP: 39930-000 por sua
procuradora que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de V. Exa.
propor AÇÃO DE APOSENTADORIA RURAL POR IDADE COM PEDIDO DE
TUTELA DE URGÊNCIA em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL - INSS, na pessoa de seu representante legal, com endereço na Rua
José de Souza Neves, nº. 75, Marajoara, Teófilo Otoni/MG, CEP 39800-000,
pelos fatos e fundamentos a seguir descritos:

1- DOS FATOS

A Autora, nascida em 28/06/1957, no Distrito de Jaguarão, no


município de Jacinto/MG (carteira de identidade anexa), labora na atividade
rural desde tenra idade, com seus pais e irmãos, com comprovação
documental a partir de 20/05/1958 (Titulo de eleitor do pai da Autora
constando sua profissão como lavrador).

Destaca-se que as lides do campo foram exercidas em regime de


economia familiar, com seus pais e irmãos, sempre na Fazenda Benfica,
situada na zona rural do Distrito de Jaguarão, Município de Jacinto/MG,
realizando a plantação de milho, feijão, mandioca, batata-doce, frutas,
hortaliças, entre outros, e criando galinhas para o consumo e comercialização.

Em 15/08/2013 a Autora efetuou pedido administrativo de


concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, no qual foi
protocolado sob o nº. 161.003.529-9. Entretanto, a despeito da existência de
todos os requisitos ensejadores do benefício, a Requerente, em via
Página 2 de 7

administrativa, teve seu pedido indevidamente negado, sob a justificativa


infundada de falta de período de carência.

Após a entrevista da Requerente, no qual se mostrou totalmente


coerente com as provas dos autos, o servidor do INSS assim concluiu:

“Corroborada pela documentação apresentada,


pesquisas nos sistemas corporativos da Previdência
Social, as informações prestadas pelo requerente
são coerentes quanto ao exercício da alegada
atividade rural.” Destaquei.

Assim, O INSS HOMOLOGOU 111 meses de atividades


rurais, ou seja, 09 ANOS, 02 MESES E 13 DIAS DE ATIVIDADE RURAL e
indeferiu o pedido sob a justificativa infundada de falta de comprovação da
atividade rural em número de meses idênticos à carência do benefício.

Ora Excelência data máxima vênia, totalmente equivocada a


conclusão de indeferimento. A entrevista da Requerente foi contundente e
revelou juntamente com as provas documentais de que a mais de 30 anos
labora em regime de economia familiar para sustento seu e de toda a família.

Assim, a mesma preenchendo todos os requisitos exigidos pela


Legislação Previdenciária para a concessão do benefício pleiteado.

Os documentos descritos abaixo e que nesta oportunidade faz-se


a juntada, comprova o período de carência e não deixam dúvida de que a
Autora efetivamente sempre trabalhou na lavoura, quais sejam:

a) Título de Eleitor do pai da Autora no datado de 20/05/1958,


constando sua profissão como Lavrador.

b) Título de Terras Devolutas em nome do pai da Autora, como


adquirente da Fazenda Benfica, no Distrito de Jaguarão, Município de
Jacinto/MG, datado de 04/12/1978;

c) Certidão de Registro do imóvel rural “Fazenda Benfica”,


constando a Autora como proprietária em 26/02/2009.
d) Cartão da Família emitido pela Prefeitura Municipal de Jacinto,
constando endereço como Fazenda Benfica e visita do agente de saúde
em 03/03/2006;

e) Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de


Jacinto/MG datado de 18/06/2012;
Página 3 de 7

f) CCIR da Fazenda Benfica em nome dos anos de 2000/2001 e 2002;

Ademais, é proprietária de uma área de terras no total de


5,529ha (cinco hectares, cinquenta e dois ares e nove centiares),
desde o ano de 29/12/2008, adquirida por herança pelo falecimento do pai e
5,529ha (cinco hectares, cinquenta e dois ares e nove centiares)
adquirida em 22/09/2010 por doação da mãe, local onde realiza sua atividade
como trabalhadora rural.

Ora Excelência, data máxima vênia, a decisão do INSS foi injusta,


visto que as declarações da Requerente foram totalmente coerentes
com as provas materiais juntadas e demonstraram a verossimilhança
dos fatos narrados. É certo que são provas descontínuas e que não
comprovam ano a ano o trabalho rural, entretanto, a necessidade é de se
demonstrar que o Autor tinha como meio de vida o trabalho rural, o que já traz
a ideia de continuidade.

Portanto, diante da decisão do órgão administrativo de


indeferimento de seu pedido de aposentadoria rural por idade, não existe
outra saída à Autora, senão recorrer as vias do Poder Judiciário, para ver
sanada a injustiça de que fora vítima e ver o seu direito reconhecido conforme
lhe garante a legislação em vigor.

2- DO DIREITO

A Autora comprovou perante o INSS o exercício de suas atividades


rurais no período de carência exigida, através de prova documental acostada
aos autos.

Portanto, encontram-se presentes todos os requisitos básicos para


a concessão da aposentadoria por idade ao rurícola, ou seja, o exercício das
atividades rurais no período de carência exigida e a idade mínima de 55 anos.

Distinguindo-se, não só a injustiça a que estão sendo submetidos


os segurados - trabalhadores rurais, como ocorreu, in casu, com a Autora,
porquanto é certo que compete à Previdência Social conceder e manter
benefícios para os seus segurados, a quem a Constituição Federal e a Lei
evidentemente determinam e desejam assistir.
A Constituição Federal de 1988 diz expressamente em seu artigo
3º que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,
"ERRADICAR A POBREZA E MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS
DESIGUALDADES SOCIAIS".
Página 4 de 7

Portanto, a Autora, conforme sobejamente demonstrado, satisfaz


os requisitos exigidos por força de Legislação em vigor, para a concessão do
benefício da aposentadoria por idade, quais sejam, a comprovação do
exercício das atividades rurais e a idade mínima de idade de 55 (cinquenta e
cinco) anos.

Nesse sentido, a jurisprudência do e. TRF da 1ª Região e do e. STJ,


in verbis:

PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE -


TRABALHADOR RURAL - COMPROVAÇÃO DA
ATIVIDADE EM NÚMERO DE MESES EQUIVALENTE À
CARÊNCIA DO BENEFÍCIO - RAZOÁVEL PROVA
MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL
- 1. A teor do disposto no art. 143 da Lei nº 8.213/91,
o trabalhador rural pode requerer aposentadoria por
idade, no valor de um salário mínimo, desde que
comprove o exercício de atividade rural, ainda que
descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, em número de meses
idêntico à respectiva carência. 2. Não se exige
comprovação documental de todo o período,
bastando sua demonstração através de prova
testemunhal. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ - AGRESP ..... - SP - 6ª T. - Rel. Min.
Paulo Gallotti - DJU 21.06.2004 - p. 00264). Grifei

Logo, carece de razão os fundamentos da decisão do INSS


quando indeferiu o pleito da Parte Autora merecendo, portanto, reforma por
este Juízo.

Diante do exposto e das provas inequívocas apresentadas, temos


que a Autora possui o direito de receber o benefício pleiteado, como medida
de real JUSTIÇA.

2.1) Validade dos documentos apresentados em nome de


terceiros

Em razão do conceito de regime de economia familiar, o Colendo


Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que os
documentos em nome dos parentes podem ser aproveitados pelos demais
familiares como início de prova material para efeito de comprovação da
atividade rural.
Página 5 de 7

Veja-se:

2. Os documentos em nome do pai do recorrido, que


exercia atividade rural em regime familiar,
contemporâneos à época dos fatos alegados, se
inserem no conceito de início razoável de prova
material. (STJ, REsp. 426571, 6ª Turma, Min. Hamilton
Carvalhido). Grifei

Ainda sobre o assunto, o Egrégio Tribunal Regional Federal da


Quarta Região já sumulou a questão:

Súmula nº 73: Admitem-se como início de prova material


do efetivo exercício de atividade rural, em regime de
economia familiar, documentos de terceiros, membros do
grupo parental.

Destarte, tendo em vista os inúmeros documentos juntados com


a presente, os quais qualificam diversos parentes da Parte Autora como
lavradores, devem tais provas serem consideradas documentos hábeis a
demonstrar o período laborado na área rural.

Assim, por qualquer ângulo que se analise a questão, resta


demonstrado o direito da Parte Autora de obter o reconhecimento do exercício
de atividade rural e consequentemente a concessão do benefício de
aposentadoria por idade rural.

3- DA TUTELA DE URGÊNCIA

Das provas colacionadas aos autos resta claro que a parte Autora
preenche todos os requisitos necessários para o deferimento da Antecipação
de Tutela, tornando, assim, todas as alegações verossímeis. O periculum in
mora se configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do
benefício, a Demandante terá seu sustento prejudicado.

De qualquer modo, o caráter alimentar do benefício traduzem um


quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista
que nos benefícios previdenciários desta natureza resta intuitivo o risco de
ineficácia do provimento jurisdicional final.

Desta forma, requer liminarmente sejam antecipados os


efeitos da tutela, através do deferimento, in limine litis, da prestação do
Página 6 de 7

benefício ora requerido, eis que evidenciados os requisitos necessários a tal


medida, ou caso assim não entenda V. Exa., quando da prolação da sentença.

4- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) a concessão da TUTELA ANTECIPADA, com a implantação imediata do


benefício de aposentadoria rural por idade, ou caso assim não entenda Vossa
Excelência quando da prolação da sentença;

b) a CITAÇÃO da Autarquia Ré, por meio de seu representante legal, no


endereço descrito acima, para que, querendo, conteste os termos da presente,
no prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

c) sejam julgados PROCEDENTES TODOS OS PEDIDOS, condenando a


Autarquia Ré à conceder a APOSENTADORIA RURAL POR IDADE à Autora a
partir do Requerimento Administrativo em data de 15/08/2013, com o
pagamento das prestações vencidas e vincendas, corrigidas monetariamente e
acrescidas de juros de mora;

d) a concessão do benefício da JUSTIÇA GRATUITA, tendo em vista que a


parte Autora não tem como suportar as custas judiciais, sem o prejuízo de seu
sustento e de sua família.

e) a renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos.

f) em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios,


eis que cabíveis em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da Lei
9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.

Protesta pela produção de todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente depoimento pessoal do representante legal da
Autarquia Ré, sob pena de confesso, prova testemunhal, juntada de
documentos até o final da instrução, pericial e outras que se fizerem
necessárias.

Dá-se a causa o valor de R$38.000,00 (trinta e oito mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Jacinto/MG, 11 de setembro de 2017.


Página 7 de 7

P/p Mayane Damasceno Góis


OAB/MG 118.212

Você também pode gostar