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Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com
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2
Sumário
1 Conjuntos 5
1.1 Definições básicas e operações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Axiomas ZFC para teoria dos conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.1 Axioma da existência do conjunto vazio . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.2 Axioma da extensão e igualdade de conjuntos . . . . . . . . . . . 7
1.2.3 Axioma da compreensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.4 Interseção de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.5 Axioma do par . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.6 Axioma da união . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.7 Definição da união de dois conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.8 Relação de inclusão-Subconjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.9 O vazio é subconjunto de todo conjunto . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.10 Subconjunto próprio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.11 Nenhum conjunto é elemento de si mesmo. . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.12 Conjunto universo U . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.13 Axioma da potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.14 Propriedades da união de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.15 Conjunto das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.16 Subconjuntos , igualdade e lógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.17 Interseção de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.18 Se A ⊂ B então A ∩ C ⊂ B ∩ C, e A ∩ C ⊂ B. . . . . . . . . . . . . 18
1.2.19 Conjuntos disjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.20 Vale que (A \ B) ∪ B = A ∪ B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.21 Complementar de um Conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3
4 SUMÁRIO
Conjuntos
5
6 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
Apresentamos uma lista de axiomas para teoria dos conjuntos chamada de ZFC
. Em ZFC, as duas primeiras letras se referem aos nomes dos matemáticos Ernst
Zermelo e Abraham Fraenkel, sendo C para denotar o axioma da escolha, choice em
inglês. Tal sistema é um dos modos propostos para formular a teoria dos conjuntos
sem paradoxos que poderiam ser obtidos na teoria ingênua dos conjuntos. Tal sistema
é considerado como fundamentação mais comum da matemática.
1.2. AXIOMAS ZFC PARA TEORIA DOS CONJUNTOS 7
∀ x ∈ A ⇒ x ∈ B,
8 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
m Definição 2 (Conjunto vazio ∅). Existe portanto um único conjunto que não
possui elementos, o chamamos de conjunto vazio e denotamos por ∅.
x ∈ B ⇔ x ∈ A e vale P(x).
b Propriedade 3. {x ∈ ∅|P(x)} = ∅.
ê Demonstração.
Considere a propriedade P(x), x ∈ B. Pelo axioma da compreensão existe um
conjunto A ∩ B tal que x ∈ A ∩ B ⇔ x ∈ A e vale P(x), isto é, x ∈ B.
Z Exemplo 2. Se A = ∅ = B então
{∅} = {∅, ∅},
pois ∅ ∈ {∅} e ∅ ∈
/ ∅, pois ∅ não possui elementos.
Z Exemplo 3. Se A = ∅ e B = {∅} então ∅ ∈ {∅, {∅}} e {∅} ∈ {∅, {∅}} . Temos que
∅ e {∅} são os únicos elementos de {∅, {∅}} . Tem-se que ∅ =
6 {∅, {∅}} e {∅} 6= {∅, {∅}} .
U = {∅}.
b Propriedade
[
7. ∅ = ∅.
[
ê Demonstração. Vamos provar que ∅ é vazio . Suponha que não, então
existe A ∈ ∅ tal que x ∈ A, o que é absurdo pois ∅ não possui elemento.
1.2. AXIOMAS ZFC PARA TEORIA DOS CONJUNTOS 11
• A é parte de B.
• A está incluı́do em B .
• A está contido em B .
$ Corolário 1. x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A.
$ Corolário 2 (Reflexividade). A ⊂ A.
$ Corolário 4. Não podemos ter X = {X}, pois daı́ X seria elemento de si mesmo.
ê Demonstração. Pelo axioma do Par, existe o conjunto {X, Y}. Pelo axioma
da regularidade, existe elemento de {X, Y} disjunto dele. Como od único elemento de
{C, Y} são X e Y , suponha sem perda de generalidade que seja X, então X ∩ {X, Y} = ∅,
porém temos que Y ∈ {Y, X} e daı́ não podemos ter Y ∈ X, pois se assim fosse, tanto
{Y, X} teria o elemento Y , tanto quanto X e daı́ não valeria X ∩ {X, Y} = ∅, pois
conjuntos disjuntos não possuem elemento em comum.
{x | x satisfaz P},
ê Demonstração.
$ Corolário 8. A ∪ B = B ∪ A.
• A ⊂ X, B ⊂ X.
• Se A ⊂ Y e B ⊂ Y então X ⊂ Y .
ê Demonstração.
A primeira condição implica que A ∪ B ⊂ X. A segunda condição com Y = A ∪ B
implica X ⊂ A ∪ B. Das duas segue que A ∪ B = X.
16 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
(A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C).
1. x satisfaz P ⇒ x satisfaz Q ⇒ X ⊂ Y.
2. x satisfaz P ⇔ x satisfaz Q ⇒ X = Y.
ê Demonstração.
A ∩ B = {x ∈ A e x ∈ B}
$ Corolário 10. A ∩ B = B ∩ A.
• X⊂A e X⊂B
• Se Y ⊂ A e Y ⊂ B então Y ⊂ X.
Nessas condições X = A ∩ B.
A∩B⊂X
1.2.18 Se A ⊂ B então A ∩ C ⊂ B ∩ C, e A ∩ C ⊂ B.
A ∩ B = ∅ ⇔ A ⊂ Bc .
(A ∪ B) ∩ C = A ∩ C = ∅ =
6 A ∪ (B ∩ C) = A ∪ ∅ = A.
ê Demonstração.
⇐). Se (A ∩ Bc ) ∪ (Ac ∩ B) = ∅ então A ∩ Bc = ∅ e Ac ∩ B = ∅, logo por resultados
que já provamos A ⊂ B da primeira relação e B ⊂ A da segunda, portanto A = B.
⇒). Se A = B então A ∩ Bc = Ac ∩ B = ∅.
1.2. AXIOMAS ZFC PARA TEORIA DOS CONJUNTOS 21
b Propriedade 25. Se
(A ∪ B) \ (A ∩ B) = (A ∪ C) \ (A ∩ C)
A \ B = {x ∈ A , x ∈
/ B}.
22 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
Ac : B \ A.
ê Demonstração. x ∈ A ⇔ x ∈
/ Ac ⇔ x ∈ (Ac )c .
B = A ∪ Ac .
Dado que A ⊂ B.
y ∈ λ(Ac ) ⇔ y = λx, x ∈ Ac ⇔ y = λx ∈
/ λA ⇔ y ∈ (λA)c .
b Propriedade 30. Dado que A seja um conjunto munido de uma soma por
escalar, vale que
(λ + A)c = λ + (Ac ).
ê Demonstração.
x ∈ (λ + A)c ⇔ x ∈
/ λ+A⇔x−λ∈
/ A ⇔ x − λ ∈ Ac ⇔ x ∈ λ + Ac .
ê Demonstração. Se
y ∈ λ(Ac ) ⇔ y = λx, x ∈ Ac ⇔ y = λx ∈
/ λA ⇔ y ∈ (λA)c .
1. (A ∩ B) × C = (A × C) ∩ (B × C).
2. (A \ B) × C = (A × C) \ (B × C).
24 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
3. Se A ⊂ A 0 e B ⊂ B 0 então A × B ⊂ A 0 × B 0 .
ê Demonstração.
(A × B) ∪ (C × D) = (A ∪ C) × (B × D).
(A × A) ∪ (C × C) = (A ∪ C) × (A × C).
[ [ [
1.2.26 Não vale que [ Gk ] \ [ Fk ] = (Gk \ Fk ).
k∈L k∈L k∈L
[ [ [
1.2.27 [ Gk ] \ [ Fk ] ⊂ (Gk \ Fk )
k∈L k∈L k∈L
• Vale
[ [ [
[ Gk ] \ [ Fk ] ⊂ (Gk \ Fk ) .
|k∈L {z k∈L
} |
k∈L
{z }
A B
[
Seja x ∈ A então x ∈ Gj para algum j e x ∈
/ Fk , portanto x ∈
/ Fk , ∀ k ∈ L em
k∈L
[
/ Fj ,, daı́ x ∈ Gj \ Fj e portanto x ∈
especial x ∈ (Ek \ Fk ).
k∈L
A igualdade não vale em geral pois,
2. C × (A ∪ B) = (C × A) ∪ (C × B).
ê Demonstração.
1.
n
[ n
[
( Ak ) × C = (Ak × C), ∀ n ∈ N.
k=1 k=1
2.
n
[ n
[
C×( Ak ) = (C × Ak ), ∀ n ∈ N.
k=1 k=1
1.
[1
n+ n
[
( Ak ) × C = ( Ak ∪ An+1 ) × C =
| {z }
k=1 k=1
| {z } B
A
n
[
= (A ∪ B) × C = (A × C) ∪ (B × C) = (( Ak ) × C) ∪ (An+1 × C) =
k=1
n
[ [1
n+
= (Ak × C) ∪ (An+1 × C) = (Ak × C).
k=1 k=1
2.
[1
n+ n
[
C×( Ak ) = C × (An+1 ∪ Ak ) =
| {z }
k=1 k=1
A | {z }
B
n
[ n
[
= (C × A) ∪ (C × B) = (C × An+1 ) ∪ (C × Ak ) = (C × An+1 ) ∪ ( [C × Ak ]) =
k=1 k=1
n
[
= (C × Ak ),
k=1
n
[ m
[ n [
[ m
( Ak ) × ( Bj ) = (Ak × Bj ).
k=1 j=1 k=1 j=1
(A × B)c ⊃ Ac × Bc .
ê Demonstração.
Seja z ∈ Ac × Bc então z = (x, y), x ∈ Ac e y ∈ Bc , por isso x ∈
/Aey∈
/ B o que
garante (x, y) ∈
/ A × B e daı́ (x, y) ∈ (A × B)c .
ê Demonstração.
1.2.28 E \ F = E ∩ Fc .
28 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
x ∈ Fc . x ∈ E ∩ Fc ⇔ x ∈ E e x ∈
/ F.
A∆B = (A ∪ B) \ (A ∩ B).
ê Demonstração.
⇒).
Se A∆B = {a} então a ∈ A ∪ B e a ∈
/ A ∩ B, podemos supor que a ∈ B e a ∈
/ A. Se
houvesse outro elemento b 6= a, b ∈ B e b ∈
/ A então b ∈ A ∪ B e b ∈
/ A ∩ B, portanto
b ∈ A∆B, o que não ocorre, da mesma maneira se fosse b ∈ A e b ∈
/ B. Com isso
concluı́mos que B = A ∪ {a}, A ⊂ B.
⇐).
Sendo B = A ∪ {a} com a ∈
/ A, temos A ∪ B = B = A ∪ {a} e A ∩ B = A portanto
segue A∆B = {a}.
1.
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
1.3. PROPRIEDADES DAS OPERAÇÕES 29
2.
A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).
ê Demonstração.
[ \
( A k )c = (Ak )c .
k∈B k∈B
ê Demonstração.
30 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
[
x ∈ ( Ak ) c ⇔ x ∈
/ Ak ∀ k (caso fosse elemento de um dos conjunto seria
k∈B \
elemento da união) ⇔ x ∈ Ack ∀ k ⇔ x ∈ (Ak )c .
k∈B
\ [
( A k )c = (Ak )c ,
k∈B k∈B
sabemos que
[ \ \
( Ack )c = (Ack )c = Ak
k∈B k∈B k∈B
agora aplicamos o complementar, de onde segue
\ [
( A k )c = (Ak )c .
k∈B k∈B
A \ [B ∩ C] = A ∩ [B ∩ C]c =
= A ∩ [Bc ∪ Cc ] = [A ∩ Bc ] ∪ [A ∩ Cc ] = [A \ B] ∪ [A \ C].
1.4 Partições
1.4. PARTIÇÕES 31
b Propriedade 43. Seja o conjunto de naturais em [0, np] com p > 0 natural,
então podemos escrever a partição
[1
n−
[0, np] = ( [sp, sp + p − 1]) ∪ {np}.
s=0
$ Corolário 16. Podemos escrever uma partição desse modo para o conjunto
[p, np], basta retirar de [0, np] o conjunto [0, p − 1]
[1
n−
[0, np] = [0, p − 1] ∪ ( [sp, sp + p − 1]) ∪ {np}
s=1
32 CAPÍTULO 1. CONJUNTOS
daı́
[1
n−
[p, np] = ( [sp, sp + p − 1]) ∪ {np}.
s=1
b Propriedade
[
44. Se A = Bk então Bk ⊂ A.
k∈C
1 1 1 1 1 1
Seja Ak = (− , ), então temos que Ak+1 ⊂ Ak , (− , ) ⊂ (− , )
k k k+1 k+1 k k
pois
1 1 1 1
− <− e <
k k+1 k+1 k
cada conjunto é infinito. Vamos mostrar agora que não existe elemento comum
1
em todos esses conjuntos. Se y < 0 podemos conseguir n ∈ N tal que y < − ,
n
1 1
−y > , se y > 0 existe n tal que < y, daı́ conseguimos um intervalo An onde
n n
y não está contido.
função f e teremos g(n) + g(n) = 2g(n), logo g(n + 1) = 2g(n), com condição inicial
g(1) = 2 tem-se g(n) = 2n .
Tricotomia
Transitividade
z ≤ x ∀ x ∈ A.
[ [
1.5.1 (B ∩ Iy ) = B ∩ ( Iy )
y∈Y y∈Y
[ [
(B ∩ Iy ) = B ∩ ( Iy )
y∈Y y∈Y
1.5.2 B \ (B ∩ A) = B ∩ (R \ A)
se An ↑ e
∞
[
A= Ak .
k=1
se An ↑ e
∞
\
A= Ak .
k=1
[ [
L(Ak ) = L( Ak ).
k∈B k∈B
[ [
ê Demonstração. Seja L(x) ∈ L( Ak ), então x ∈ Ak , daı́ x ∈ Aj para algum
k∈B k∈B
j ∈ B, portanto L(x) ⊂ L(Aj ), então
[ [
L( Ak ) ⊂ L(Ak ).
k∈B k∈B
Com isso fica provada a primeira inclusão. Agora a outra inclusão. Seja Y ∈
[
L(Ak ), então y ∈ L(Aj ) para algum j, daı́ y = L(x), com x ∈ Aj , logo y = L(x) ∈
k∈B[
L( Ak ) e temos a segunda inclusão
k∈B
[ [
L(Ak ) ⊂ L( Ak ).
k∈B k∈B