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Jimenez
VIOLÊNCIA, CRIME E CASTIGO.
(RJ: Nova Fronteira, 2011, 196p.)
Jimenez
1 Doutora em Saúde Pública (USP) O livro está dividido em treze capítulos nos quais são narradas,
e docente do Programa de de forma sutil e progressiva, situações do cotidiano, possíveis
Mestrado Adolescente em Conflito de serem vivenciadas pelo leitor; fato que promove
com a Lei, da UNIBAN. identificação e aproximação com o texto. A partir de tais
narrações, o autor fundamenta os argumentos que
desconstroem as noções presentes no senso comum sobre o que
é crime, o que é violência, o que é justiça, o que representa a
prisão para as pessoas que ali vivem e para a coletividade que
precisa dela e, por fim, quais são as alternativas possíveis para
uma convivência mais pacífica na nossa sociedade.
mas que eles não podem comprar. Isso não significa que
o líder bata na porta de quem deseja atrair para seu
grupo. Nada disso. Em geral acontece o contrário.
Quem pede autorização para ingressar no ‘movimento’
é o jovem interessado. Mesmo assim, a sedução existiu
com as exibições diárias de poder e a ostentação das
conquistas. Fazer parte de um grupo unido produz uma
sensação de que se é alguém, de que se tem um lugar no
mundo, de que se tem poder e valor, de que o afeto que
venha a receber e a admiração que venha a provocar são
merecidos. E a união de um grupo muitas vezes depende
da rivalidade com outros grupos. Quanto mais forte for
a rivalidade, a disputa e até mesmo o conflito, mais
intenso será o sentimento de união, de coesão, de
identidade com seu grupo. (...) Depois que se ingressa
numa facção ou num grupo criminoso, pular fora do
barco não é simples (p. 154-5).
protagonista que dá novo significado a seu destino” (p. 164). Por outro
lado, para o agressor, o efeito deste processo é o de quebrar os
grilhões que o amarram às narrativas do seu passado,
responsabilizando-o pelos seus atos, promovendo a reparação das
consequências do ato cometido, e abrindo para novas possibilidades
de futuro. Isto não o inocenta, nem tampouco o exime de reconhecer
sua dose incomparavelmente superior de responsabilidade sobre a
situação, pelo contrário. “Quem agiu de forma monstruosa terá de
encontrar em si vestígios de humanidade pelos quais se sinta
estimulado a acreditar que merece ser estimado, amado e admirado”
(p. 169). Haveria ainda que se ter em cena a comunidade, a fim de que
esta percebesse como contribuiu, ainda que involuntariamente, para o
crime, comprometendo-se a promover as mudanças.