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ÍNDICE

Introdução........................................................................1
Tipos de Bolsas e Pré-Requisitos Gerais...................... 2
Como conseguir uma bolsa Chevening.........................4
Como conseguir uma bolsa Fulbright............................ 7
Como conseguir uma bolsa Endeavour........................ 10
Como conseguir uma bolsa do
programa Líderes Estudar............................................. 13
Como conseguir uma bolsa
da Fundación Carolina.................................................. 15
Como conseguir uma bolsa Eiffel................................. 18
Como conseguir uma bolsa MEXT.................................21
Como conseguir uma bolsa do DAAD.........................24
Como conseguir uma bolsa Orange Tulip.................... 27
Como conseguir uma bolsa do NIIED...........................29
Como conseguir uma bolsa
New Zealand Development Scholarship.......................31
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INTRODUÇÃO
Conquistar um bom resultado em um processo seletivo para bolsas é resultado de uma
série de fatores. Uma longa série, diga-se de passagem. E o processo varia muito, de
acordo com a bolsa de estudo em questão. Em todos os casos, porém, há requisitos a
serem cumpridos - por exemplo, comprovação da proficiência em um idioma estrangeiro
- e uma lista de documentos que possam contar um pouco da história do candidato.

Ainda que haja tipos variados de bolsas disponíveis, algumas delas se destacam como
mais concorridas e prestigiadas. Algumas, como o programa Chevening e as bolsas da
Comissão Fulbright, recebem fundos de governos estrangeiros. Outras, como é o caso
do programa de Líderes Estudar, vêm com apoio da iniciativa privada.

Neste e-book, você vai conhecer as principais bolsas de estudo do mundo e saber
que benefícios elas oferecem aos estudantes escolhidos. Mais do que isso, vai
aprender com bolsistas e representantes oficiais o beabá do processo seletivo, o
perfil de candidato ideal e formas de impressionar o comitê de admissão.

SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR SOBRE O ESTUDAR FORA


A Fundação Estudar é uma organização O EstudarFora.org é a principal fonte
sem fins lucrativos que acredita que o de informação e orientação para
Brasil será um país melhor se tivermos quem deseja estudar no exterior. No
mais jovens determinados a seguir portal, é possível encontrar rankings
uma trajetória de impacto. Criada em com as melhores universidades do
1991, a instituição tem como objetivo mundo, detalhes sobre seus processos
disseminar uma cultura de excelência seletivos, novidades sobre bolsas
e alavancar os estudos e a carreira de de estudo, ferramentas de apoio à
universitários e recém-formados por preparação e histórias inspiradoras de
meio da formação de uma comunidade jovens brasileiros que já viveram (ou
de líderes, do estímulo à experiência vivem) essa experiência.
acadêmica no exterior e do apoio à
tomada de decisão de carreira.

→ No site estudarfora.org.br/especiais você


tem acesso a guias exclusivos e gratuitos.

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TIPOS DE BOLSAS Bolsas de estudo são um tema recorrente no portal
Estudar Fora – sempre damos dicas das melhores

E PRÉ-REQUISITOS
oportunidades com inscrições abertas, bem como
histórias de quem conseguiu e dicas de especialistas

GERAIS
sobre como montar uma boa candidatura.

O primeiro passo da preparação, porém, é entender


quais são os tipos de bolsas oferecidos e como
Entenda quais são os tipos de elas se diferenciam.

bolsas oferecidos, bem como


Há instituições que oferecem bolsas com um
alguns aspectos práticos da valor fixo – geralmente, chamadas de “Bolsas de
candidatura e orientações para Mérito”. Outras instituições oferecem bolsas que
variam de acordo com a necessidade financeira do
quem está se preparando estudante – estas são conhecidas como “Bolsas
de Necessidade Financeira”. “Mas além do auxílio
financeiro, as bolsas podem dar acesso a uma
série de benefícios”, explica Leonardo Gomes,
responsável pela Comunidade de Bolsistas da
Fundação Estudar.

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PRÉ-REQUISITOS GERAIS

Scholarships ou Fellowships? estudantes que têm mais potencial de realizarem


As scholarships (ou, numa tradução mais literal, coisas grandes e de serem embaixadores da sua
as bolsas de estudo) oferecem apoio financeiro marca no futuro.
a alunos, em diferentes níveis educacionais.
Quando se candidata a uma “scholarship”, em Pronto para olhar mais a fundo nas bolsas mais
uma universidade como Harvard ou instituições concorridas do mundo?
menores, o aluno deve presumir que há recursos
financeiros envolvidos. Na prática, isso significa
que uma entidade cobrirá gastos que podem ir
das anuidades (tuition) às passagens aéreas para o
país de destino.

Já as fellowships oferecem, na maioria dos casos,


apoio financeiro para alunos em um nível educacional
mais alto – por exemplo, um sujeito que acabou de
concluir o mestrado ou que busca um MBA. É comum
ver fellowships dedicadas a áreas específicas, em
que um pesquisador recebe apoio financeiro para
desenvolver um projeto de pesquisa que interesse
à universidade ou à entidade que promove a
iniciativa. Um fellow pode embarcar para Stanford e
desenvolver uma pesquisa por tempo determinado
sobre educação superior, estando ligado à
instituição ou a um centro específico dentro dela.

Pré-requisitos básicos
Em geral, todas as bolsas de estudo vão exigir
alguns pré-requisitos básicos dos candidatos.
Alguns deles são:

#1 Nível mínimo de domínio do idioma do curso


(que pode ser comprovado através de testes ou de
entrevista);

#2 Um bom histórico acadêmico ou mesmo um


currículo forte na área relacionada

#3 Uma carta de motivação consistente que trate


dos seus planos futuros após aquele curso

Resumindo, é preciso ter em mente que as


universidades ou outras instituições querem
oferecer os recursos que têm disponíveis para os

3
COMO A mineira Letícia Bittencourt decidiu se candidatar
ao mestrado no exterior logo depois de se formar

CONSEGUIR
em Direito. Desde 2013, ela havia estabelecido
como meta conseguir uma bolsa Chevening.

UMA BOLSA
E, logo depois de colar grau, resolveu arriscar
pela primeira vez. “A gente nunca acha que está

CHEVENING
pronto para aplicar”, ressalta a mineira, que nasceu
na cidade de Muriaé, e mudou-se para Belo
Horizonte. No caso dela, a tentativa deu certo – e
meses depois ela já embarcava para Londres.
Aprovada na primeira tentativa, a
Letícia está estudando Direitos Humanos na
mineira Letícia Bittencourt explica
Queen Mary University of London, no Reino Unido.
as etapas do processo seletivo e Formada pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, a PUC-Minas, ela pretende conciliar
dá dicas sobre como conseguir a
o interesse no assunto com a paixão pelo Direito
bolsa do Governo do Reino Unido do Trabalho.

Durante o mestrado, ela planeja estudar questões


ligadas à escravidão contemporânea e aproveitar
as oportunidades na capital britânica.

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UMA BOLSA CHEVENING

“Eu acredito que vou vivenciar um mundo


Quais as etapas mais difíceis
de oportunidades, como a possibilidade de
O processo seletivo tem traços em comum com
fazer estágios de verão”, conta ela. Uma das
muitos outros editais de bolsas, como a exigência
oportunidades que ela tem em mente por exemplo,
de testes de fluência em inglês, a exemplo do IELTS.
é se aproximar da mais antiga organização não-
Também é necessário enviar diplomas, certificados e
governamental que combate a escravidão, a Anti-
detalhar a própria trajetória educacional.
Slavery International, surgiu na cidade.

Por outro lado, alguns itens da candidatura chamam a


Essa não é a primeira experiência no exterior vivida
atenção: a descrição de experiências de liderança e
pela brasileira. Em 2015, com apoio do Departamento
a capacidade de networking. Durante a candidatura,
de Estado americano, participou do curso “Study of
o estudante deve escrever sobre tais temas, assim
the United States Institutes for Student Leaders” e
como seu plano de carreira e o porquê de ter
estudou History, Law & Government por um mês. No
escolhido as universidades britânicas. Tudo isso
ano seguinte, em 2016, embarcou para três semanas
falando muito de si mesmo e da própria trajetória.
na China com apoio do

“Ter um nome programa Top China, do


Banco Santander.
“Nós brasileiros temos muita dificuldade de falar
nas nossas conquistas, não é algo que estamos
acostumados a fazer”, reconhece Letícia.
já consolidado
Como se preparar
no mercado para as bolsas
Ela encontrou uma saída ao copiar as quatro
questões para um documento e trabalhar nelas por
não é definitivo Chevening
meses. “No começo, eu anotei em um documento
Um dos pontos essenciais
tudo que me vinha à cabeça para cada pergunta, em
e a idade do destacados pela brasileira
português. Aí reli várias vezes, selecionei e cortei o
tem a ver com a longa
candidato preparação necessária
texto, e só depois passei para o inglês”, detalha a
estudante mineira.
não serve para o processo
seletivo: montar um
De início, estruturar as respostas foi um desafio. Isso
como critério cronograma. “Passei três
porque conceitos como “liderança” e “networking”
eliminatório. ” meses trabalhando na
application. Chegava à
pareciam abstratos — o que dificultava ainda mais
a tarefa de escrever sobre eles. Em matéria de
noite em casa, ou durante
liderança, Letícia aconselha elencar experiências
os fins de semana, e focava nisso”, detalha a mineira.
que demonstrem proatividade. “Pense nas situações
Simultaneamente, ela dava conta das candidaturas
em que tomou frente, em que se voluntariou a
para as universidades britânicas. “Como são
assumir uma responsabilidade”, indica ela. A
processos bem parecidos, é plenamente possível
partir daí, é possível relacionar a experiência com
fazer os dois em paralelo, se você se planejar”.
capacidades como resolução de problemas,
Letícia também recorreu aos bolsistas de anos
oratória e, claro, networking.
passados para pedir dicas. “Mesmo quando
estava na graduação e não era ainda elegível, eu
Uma boa application conta uma boa história
acompanhava os editais, adicionava os bolsistas
Mais do que ter conquistas excepcionais ou falar
no Facebook e conversava sobre esse meu
vários idiomas, o processo seletivo privilegia quem
sonho”, explica ela, que pedia também dicas
consegue contar bem a sua própria trajetória.
sobre o processo.

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Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA CHEVENING

E isso significa, além de responder bem às


perguntas da candidatura, elencar elementos que
complementem essa narrativa, como cartas de
recomendação. “O ideal é escolher alguém que
conheça sua performance acadêmica e profissional,
que saiba como você trabalha”, explica Letícia.
“Quem vai escrever a carta tem que capturar a sua
essência e ajudar a vender o seu peixe, já que você
está passando a bola para outra pessoa”.

Para além dessas cartas, pedir ajuda a outras pessoas


pode ser bem-vindo em outras etapas. Ao escrever
uma resposta, por exemplo, vale pedir a opinião de
um amigo sobre o texto. No caso de Letícia, isso
significou falar com amigos que conhecera nos
Estados Unidos. “Eles me davam dicas, diziam se o
texto estava claro, e sugeriam como falar o que eu
queria de uma forma diferente, mais atrativa”, conta.
Também vale pedir ajuda para treinar conversas
em inglês. Isso porque, para conseguir uma bolsa
Chevening, é necessário também ser aprovado na
fase de entrevistas. “Para isso, o candidato tem que
estudar bem a própria application”, opina Letícia, que
destaca a coerência entre o que está “no papel” e
o que o aluno apresenta na hora da entrevista. “Eu
treinava sozinha, falava de frente para o espelho,
debaixo do chuveiro”, conta a brasileira.

Ela destaca que não é preciso ter um mega-currículo


para se sair bem no processo. “Ter um nome já
consolidado no mercado não é definitivo e a idade
do candidato não serve como critério eliminatório”.

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COMO O programa Fulbright, promovido pelo governo
americano, já é velho conhecido em terras

CONSEGUIR
brasileiras. Criada em 1946, no período do pós-
guerra, a iniciativa promove intercâmbios entre

UMA BOLSA
diversos países do mundo. Em 1957, surgiu a
Comissão Fulbright no Brasil, inaugurando uma

FULBRIGHT
parceria que já levou mais de 3.500 brasileiros aos
Estados Unidos desde então.

São vários programas voltados a estudantes


Programa é um dos mais brasileiros: de programas de mestrado até bolsas
de doutorado sanduíche e vagas para professores
prestigiados do mundo e oferece
visitantes para pesquisadores mais maduros. No
auxílio generoso para mestrado, caminho oposto, a Comissão também possibilita
que pesquisadores dos Estados Unidos venham
doutorado e pesquisa nos
estudar no Brasil - sendo que, em 60 anos de
Estados Unidos. atuação, foram cerca de 3 mil alunos americanos
trazidos ao país.

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Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA FULBRIGHT

Mas o que há de comum entre os diferentes “Não existe um roteiro nem um checklist, mas o
programas oferecidos pelo Fulbright - conhecido candidato tem de estar preparado para responder
pelos bolsistas de renome, que incluem mais de 50 sobre o que disse na application”, resume ele.
laureados com o Prêmio Nobel? “Sempre temos um
foco em excelência acadêmica, em trazer bolsistas O brasileiro Vinícius Werneck, que foi
americanos que possam agregar à comunidade pesquisador-visitante em Harvard e bolsista
brasileira e vice-versa”, resume Alexandre Prestes Fulbright entre 2014 e 2015, explica que o
Silveira, diretor de programas da Comissão estudante “nunca sabe o que será perguntado”,
Fulbright no Brasil. de fato. Durante sua entrevista, ele recorda haver
perguntas sobre o projeto de pesquisa e sua
Em meio às candidaturas, como explica Alexandre, relevância na área. “Perguntaram sobre como minha
também existe a preocupação em garantir ida para os Estados Unidos pela Fulbright poderia
diversidade entre os selecionados. “Queremos ajudar nesse projeto e por que eu não poderia
garantir a inclusão e a maior diversidade possível, pesquisar o assunto só no Brasil”, conta ele.
como grupos pouco representados na academia

“A Fulbright
brasileira e pessoas de Nessa parte do processo de seleção, o candidato
regiões do país que deve demonstrar também o envolvimento com
costumam ter menos os objetivos da Comissão. “A Fulbright tem uma
tem uma missão candidatos”, detalha ele. missão muito clara, e quer projetos relevantes para a
muito clara, e comunidade, para a vida das pessoas”.
Como funciona o
quer projetos processo seletivo Como já fazia doutorado no Brasil e embarcaria para
para bolsas Fulbright um período de intercâmbio nos Estados Unidos,
relevantes para Há, em resumo, três etapas Vinícius também teve de atestar que a universidade
a comunidade, principais. A primeira delas o receberia como pesquisador. Coube ao brasileiro
trata-se da análise dos enviar seu projeto e currículo às instituições de
para a vida das documentos enviados ensino, como Columbia e Harvard, e obter a carta de

pessoas. ” pelos candidatos, como


histórico escolar e
aceite a tempo.

projeto de pesquisa. Já a segunda conta com um Quais as vantagens de ser um bolsista


esquema de peer-review, em que as informações Fulbright
são verificadas por acadêmicos da área do Além do apoio financeiro generoso, um bolsista
candidato, mas que atuem em outras universidades. Fulbright recebe auxílio para passagens aéreas e
“Nessa etapa, eles veem se o projeto é relevante, hospedagem nos Estados Unidos. Outro aspecto
se há qualidade acadêmica e se tem sentido que o importante que torna a experiência valiosa tem a ver
pesquisador vá para os Estados Unidos”, explica o com a rede de bolsistas.
diretor de programas da Fulbright.
No caso de Vinícius, que hoje atua como
Por fim, na terceira etapa, os candidatos são coordenador geral da Escola de Inovação em
entrevistados, seja presencialmente, por telefone ou Políticas Públicas da Fundação Joaquim Nabuco,
por Skype. Como Alexandre Prestes Silveira explica, é isso significou a facilidade em firmar parcerias
o momento de contato mais “humano”, que vai muito com a Comissão.
além de dados e notas.

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UMA BOLSA FULBRIGHT

“Em poucas semanas de conversa, fechamos uma


cátedra para trazer professores de ponta dos
Estados Unidos para ficar quatro meses aqui em
Recife, debatendo políticas públicas”, conta o
brasileiro.

Outro ponto importante, segundo ele, refere-se ao


acesso à estrutura das universidades americanas.
Como pesquisador em Harvard, Vinícius aproveitou
o vínculo para explorar as bibliotecas da
instituição, acessar livros e bancos de dados. Para
além da infraestrutura, estão as personalidades
que marcam presença na instituição de ensino.
“A quantidade de pessoas incríveis que passam
diariamente pela universidade é de certa forma
assustadora”, brinca ele. Em eventos frequentes no
campus, havia palestras com pesquisadores, ex-
presidentes e governadores.

9
COMO Uma das bolsas mais desejadas por são as bolsas
Endeavour: oferecidas pelo governo da Austrália,

CONSEGUIR
atraem estudantes não apenas por seus benefícios
generosos, mas também pela oportunidade de

UMA BOLSA
estudar em universidades renomadas em um dos
países mais bonitos do mundo. Mas o processo

ENDEAVOUR
seletivo da Endeavour é competitivo e trabalhoso,
como comenta Carolina Modesto – uma das
brasileiras contempladas pela bolsa em 2016. “É
preciso ter persistência para ir atrás de todos os
Carolina Modesto foi aprovada documentos”, afirma.

para mestrado na Austrália com


Carolina, que fez sua graduação em Relações
bolsa do governo. Confira as Públicas na ECA-USP, hoje estuda “Development
Studies” na Universidade de Melbourne. Ao longo
dicas que ela dá para quem
de meses de preparação, ela acumulou bastante
quer seguir o mesmo caminho! experiência com candidaturas: até o aceite da
Endeavour, foram 5 applications sem sucesso. Em
conversa com o Estudar Fora, ela falou sobre o
processo seletivo da Endeavour e dá dicas para
quem sonha em chegar lá em 2017.

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UMA BOLSA ENDEAVOUR

A decisão de estudar no exterior “Por isso brinco que não escolhi a Austrália, a
Ainda durante a graduação, Carolina já tinha Austrália me escolheu”, ri.
passado um ano no Chile, através de uma parceria
da própria USP. Voltando ao Brasil, trabalhou Carolina se deu, então, um ultimato: esta seria
em empresas privadas e não governamentais, a última tentativa. Se não fosse aprovada no
começando a construir uma carreira na área de processo seletivo da Endeavour, tentaria fazer um
comunicação, mesmo sem ter muita segurança mestrado no Brasil.
sobre o rumo que seguiria.
O processo seletivo da Endeavour
Foi ao participar de um dos cursos presenciais Como já tinha preparado boa parte dos
da Fundação Estudar, o Liderança Na Prática documentos solicitados, como traduções e
(antigo Laboratório), que Carolina conseguiu dar certificado de inglês, seu foco foi correr atrás
uma pausa para respirar e refletir. “Eu não sabia o da carta de aceite da Universidade. Desde sua
que queria, que linha seguir. E o curso me deu o participação no Liderança Na Prática, ela tinha
tempo que eu precisava para pensar no meu sonho se envolvido bastante com projetos sociais, e
grande, e no que me fazia feliz”, relembra. queria que este fosse o foco do seu mestrado no
exterior. Encontrou, na Universidade de Melbourne,
Decidiu, então, abandonar o emprego e voltar a um curso que unia a gestão de projetos sociais
estudar. “Sabia que meu emprego não estava no de forma ampla e multidisciplinar à visão
caminho do meu propósito, então decidi focar internacional: “Development Studies”. O curso
100% no processo seletivo para mestrado e em une desenvolvimento internacional a uma visão
buscar bolsas internacionais”. socioeconômica e trabalho humanitário.

Endeavour não era sua primeira opção Mesmo sem ter contatos na universidade, foi
Carolina passou meses pesquisando editais e relativamente simples conseguir a aprovação.
possíveis destinos. A Austrália não estava entre as “Como este mestrado é profissional, não precisei
primeiras opções – antes, ela tentou a Chevening, fazer projeto de pesquisa e nem estabelecer
do Reino Unido, e bolsas do DAAD, da Alemanha. A contato prévio com o orientador”, explica. A
preparação exigiu um investimento grande – tanto candidatura foi toda feita online. A Universidade
financeiro quanto psicológico. anunciava que o retorno seria dado em até 6
semanas, mas a candidatura à bolsa Endeavour
Em seu primeiro exame de proficiência em inglês, se encerrava em 4. No final, a carta de aceite
não conseguiu a nota mínima. O jeito foi tentar a da universidade chegou em três semanas –
prova mais uma vez, conseguindo alcançar 6,5 no tempo exato que ela precisava para concluir a
IELTS. Para conseguir arcar com gastos com provas candidatura com calma.
e traduções, passou por diferentes empregos
temporários durante os meses da candidatura. Carolina acredita que seu envolvimento em trabalhos
voluntários, na ONG Cidadão Pró-Mundo, tenha
Apesar de ter recebido o aceite de universidades somado muitos pontos para sua application. “Era algo
no Reino Unido, não foi aprovada no rigoroso que eu fazia com muito amor, não para conseguir
processo seletivo da bolsa Chevening, do governo preencher nenhuma candidatura. Acho que eles
britânico. “Estava no pico do esgotamento quando pensam ‘se ela está preocupada com a comunidade
vi a Austrália”, relembra ela. dela aqui, é provável que vá fazer um trabalho que
traga o bem para os dois países”, analisa.

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UMA BOLSA ENDEAVOUR

“O processo seletivo da Endeavour é mais Abaixo, Carolina listou seus 8 maiores


trabalhoso que difícil, na verdade”, argumenta aprendizados com o processo seletivo
ela. Afinal, é uma etapa única e candidaturas da Endeavour, que culminaram em sua
incompletas não são nem sequer avaliadas. A aprovação:
Endeavour recebeu mais de 6 mil inscrições em
2016. Destas, apenas 500 foras consideradas 1. Leia e releia todo o edital com calma. Tudo o que
completas e elegíveis. Entre elas, um aceite que você precisa para passar está dentro de você e no
chegou na caixa de e-mail de Carolina. “Foi a edital;
realização de um sonho”, relembra.
2. Reserve tempo para escrever as essays com
Depois de 5 applications negados, aquele 1 coerência, conectando seus interesses com histórico
“sim” mudaria sua vida. “Os ‘nãos’ foram muito e projetos futuros.
importantes para me fortalecer. E, no final, a gente
só precisa de um ‘sim’”, conclui. 3. Escolha bem quem vai escrever suas
recomendações – pense em alguém que te conhece
Hoje, há quase oito meses na Austrália, Carolina bem e seja muito grata a esta pessoa, pois é um
compartilha suas experiências em um blog pessoal, processo bastante trabalhoso.
Modesto Diário.
4. Atenha-se às normas do edital. Por exemplo, eu
Dicas para quem quer se candidatar fiz tradução juramentada e autenticada em cartório
Carolina embarcou para Melbourne em julho de todos os documentos, mas não era necessário
do ano passado, para o curso que se iniciava – tenho colegas que fizeram sozinhos e certificaram
em setembro. Como o curso é full time, ela não com um professor.
trabalhou – embora o visto de estudante permita
trabalhos em meio-período e em finais de semana. 5. Aceite seus ‘nãos’. Tenha humildade de aceitar
O curso escolhido não foi 100% coberto pela que não era o momento certo e resiliência para
bolsa Endeavour, e por isso ela realizou alguns continuar, aproveitando os aprendizados. Não entre
projetos temporários – e economizou bastante – na estatística dos que desistiram, se isso é o que
para pagar a diferença. Mesmo assim, o governo você realmente deseja.
da Austrália arcou com suas passagens, seguro-
saúde, boa parte da mensalidade e 3 mil dólares 6. Cuidado com o fuso horário da Austrália! Sydney,
australianos para manutenção no país. por exemplo, está 13 horas à frente de São Paulo.
Na dúvida, programe-se para enviar a candidatura

“Os ‘nãos’ foram no dia anterior.

7. Fique atento ao valor do curso que você escolheu.


muito importantes A bolsa tem um limite e, se o valor do curso for
superior, caberá a você pagar o excesso.
para me fortalecer.
8.Depois que enviou a candidatura, relaxe. Eles
E, no final, a gente só demoram para dar a resposta, e se preocupar não vai

precisa de um ‘sim’. ” levar a nada neste momento.

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COMO O programa de bolsas da Fundação Estudar existe
há mais de 25 anos e reúne jovens talentos do

CONSEGUIR
Brasil inteiro. O processo de seleção envolve sete
etapas, que incluem testes de lógica, vídeo sobre
a trajetória do candidato e entrevistas. Mas como é
UMA BOLSA DO possível selecionar os melhores entre milhares de
candidaturas, todos os anos?
PROGRAMA Coordenador da equipe de seleção da Fundação

LÍDERES ESTUDAR Estudar, Leonardo Gomes aponta que algumas


características se destacam, como por exemplo a
curiosidade intelectual. “Outro exemplo é quando
o candidato tem a capacidade e o interesse
Processo de seleção divide-se de se aprofundar em alguma temática e obter
em sete etapas e inclui vídeo, aprendizados relevantes”, resume ele.

entrevistas online e presenciais. Não é necessário ter uma formação acadêmica


Bolsas disponíveis incluem específica, nem ter chegado a cargos altos em uma
empresa - mas sim demonstrar excelência, dentro
graduação, duplo-diploma e pós. do perfil do candidato. Uma boa application para
o programa de bolsas, portanto, é a que consegue
contar bem essa história.

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Voltar para o índice COMO CONSEGUIR UMA BOLSA DO
PROGRAMA LÍDERES ESTUDAR

“É preciso ter a capacidade de refletir sobre as Também é necessário responder a um questionário,


próprias experiências, extrair aprendizados delas e além de enviar um vídeo curto sobre a própria
aplicá-los”, explica Leonardo Gomes, que há quatro trajetória. “O vídeo é uma das ferramentas mais
anos seleciona bolsistas para a rede. Além disso, o práticas para darmos escala aos processos seletivos,
perfil do estudante deve se alinhar aos valores da por exigir menos investimento de tempo dos
Fundação Estudar, que procura traços como foco e candidatos, sem perder a qualidade da avaliação”,
capacidade de execução. explica Leonardo Gomes, da Fundação Estudar.

“É preciso Esse é um dos pontos


cruciais, segundo o
bolsista Diego Rodrigues,
A partir daí, o processo se desdobra em entrevistas,
ora presenciais, ora por plataformas como Hangouts

pensar que integra o time


e Skype. Depois da entrevista de competências, o
candidato recebe o convite para o painel com ex-
selecionados para
bolsistas, mais uma rodada de perguntas sobre suas
diversos o programa de 2017.
Natural de São Paulo, ele conquistas e planos.

aspectos, embarcou para o duplo-


diploma em engenharia na Nas palavras do estudante Diego Rodrigues, essa
França e explica que deve etapa significa um “divisor de águas”. “Você tem que
entender haver “lógica” na história responder as perguntas em tempo real, não pode
contada pelo candidato. hesitar”, descreve o bolsista, que hoje estuda em
como os Em outras palavras, “dar Grenoble, na França. Entre as perguntas feitas, estão
ênfase na ligação, no que questões sobre planos a curto, médio e longo prazo.
planos se uma coisa tem a ver com “Tinha que ter tudo muito fresco na cabeça e explicar
a outra”. “Eu colocava em como isso vai ajudar e contribuir com o país”.
encaixam em um papel os pontos que
achava mais relevantes, Para Diego, as perguntas sobre o passado do
um contexto como o motivo de ter
escolhido a engenharia
candidato parecem mais fáceis, em comparação com
as questões sobre seus planos. “Para falar de algo
nacional, em elétrica e o meu curso
técnico, e aí fazia as
passado, basta recontar as histórias, fica muito mais
simples”, explica ele. Já quando o assunto se volta
como você ligações”, conta ele.
aos planos, a tarefa muda de figura. “É preciso pensar
diversos aspectos, entender como os planos se
Processo seletivo,
pode ajudar passo a passo encaixam em um contexto nacional, em como você


pode ajudar o seu país”.
Em um primeiro momento,
o país. cada candidato faz
A última etapa, realizada junto aos membros do
um teste online sobre
conselho da Fundação Estudar (incluindo Jorge
seu perfil e também testes de lógica. Para Diego
Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira), exige
Rodrigues, que fazia engenharia elétrica na
também preparação para perguntas - e coerência
Universidade de São Paulo, se sair mal na prova
com a trajetória narrada até então. “Para mim, o erro
inicial não era opção. “Não dá para ter uma nota ruim
mais comum é se vender mais do que é ou do que
em algo básico”, diz ele. “Eu fui em alguns sites de
entregou”, sintetiza Leonardo Gomes.
concurso, baixei os testes do tipo e treinei”.

14
COMO A Fundación Carolina foi criada no final do ano
2000, pelo Conselho de Ministros espanhol,

CONSEGUIR
pensando em fomentar as relações entre Espanha
e países que tenham vínculos históricos e

UMA BOLSA DA
culturais com o país. Desde o primeiro momento,
a instituição apostou nas bolsas de estudo como

FUNDACIÓN
meio para promover tais vínculos.

Com essa proposta em mente, a Fundación
CAROLINA Carolina já mobilizou mais de 411 mil candidatos
às bolsas de estudo, e concedeu mais de
14 mil “Becas Carolina”. Como a própria instituição
Fundação apoia estudantes constata em seus dados oficiais, a obtenção
do apoio financeiro também impacta a vida dos
interessados em ingressar nos bolsistas: um terço daqueles que conquistam as
programas de pós-graduação, bolsas acabam por ocupar cargos de direção em
suas áreas de trabalho.
cursos de verão, doutorado e
pós-doutorado na Espanha. É possível conseguir apoio da Fundación Carolina
para diversos níveis de estudo - cursos de verão
até doutorado sanduíche. Ainda que todos estejam
sob o guarda-chuva da instituição, há requisitos
específicos para cada um.

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Voltar para o índice COMO CONSEGUIR UMA
BOLSA DA FUNDACIÓN CAROLINA

No caso de programas de doutorado e pós- embarcou para a Escola Complutense de Verão


doutorado, por exemplo, é necessário que o para fazer o curso “Direito Internacional e Relações
solicitante esteja vinculado a uma universidade Internacionais: questões atuais”.
brasileira parceira da Fundación.
Para dar conta dos requisitos, a recomendação
Nos editais de bolsas da de Jéssica é se atentar ao longo do
Fundación Carolina, que
conta com 110 entidades
“Não aconselho processo.
“É importante preencher o formulário
conveniadas, a proposta
de contemplar todos os
que desistam de de solicitação com calma, verificar se
toda a documentação exigida está
campos do conhecimento
é levada a sério. A leva
aplicar, porque a correta, e se suas qualificações se
encaixam nos requisitos requeridos
de bolsas inclui desde
temas tradicionais, como
experiência é única pelo curso”, resume a jovem, natural
de Minas Gerais. Para os que não
Jornalismo e Engenharia, até
cursos de paleontologia. e compensadora. ” conseguiram o apoio financeiro
na primeira tentativa, o caminho
Talvez por essa variedade é persistir. “Não aconselho que
tremenda de cursos, a fundação permita a desistam de aplicar, porque a experiência é única
candidatura, de uma só vez, em cinco programas e compensadora”, ressalta ela.
distintos de formação - que devem ser listados
por ordem de preferência. Depois da notificação positiva sobre a bolsa,
inicia-se a segunda etapa do processo, de
Como funciona o processo seletivo comprovação dos documentos e submissão do
Para se inscrever no processo seletivo, é termo de aceitação da bolsa, que devem ser
necessário enviar uma série de documentos pela encaminhados à Espanha por correio.
plataforma de candidatura da Fundación Carolina,
na “area de becarios y solicitantes”. Essa área Quais os benefícios das bolsas da
não só serve para que o estudante submeta seus Fundación Carolina
dados, mas também funciona como um dos canais O apoio oferecido pela fundação aos alunos
de comunicação com a instituição acerca do contemplados pela bolsa varia de caso a caso.
processo seletivo. Há programas em que as taxas acadêmicas estão
incluídas, bem como um auxílio para manutenção
Entre os documentos solicitados estão currículo em no país. Há outros em que o estudante deve arcar
espanhol, detalhes da formação acadêmica e dados com uma parte dos custos do curso.
pessoais. A partir daí, todas as informações são
analisadas pela Fundación Carolina e instituições Outra opção refere-se às parcerias fechadas pela
parceiras, para determinar se o aluno será ou Fundación Carolina com instituições de ensino latino-
não selecionado. Os resultados dessa etapa são americanas e mesmo com o setor privado, a exemplo
comunicados por e-mail ou ligações telefônicas de instituições financeiras, como o Banco Santander.
para o candidato. “Fiquei muito feliz quando recebi Nesses casos, o apoio financeiro vem de duas ou
a notícia, mas confesso que só acreditei mesmo que mais fontes, e esta informação deve constar nos
tudo aquilo estava acontecendo quando embarquei dados do curso disponíveis no site da fundação.
no avião”, conta a brasileira Jéssica Monteiro, que

16
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR UMA
BOLSA DA FUNDACIÓN CAROLINA

No caso de Jéssica, formada em Relações


Internacionais, a bolsa cobria 80% da taxa da
universidade, bem como passagens aéreas e seguro-
saúde. “Nessa taxa, estavam inclusos, além das aulas,
os materiais e a utilização de algumas dependências
da Universidad Complutense de Madrid (UCM),
como a biblioteca”, explica Jéssica. Além do apoio
financeiro, a fundação também ofereceu aos bolsistas
passeios culturais no país, como visitas guiadas ao
Museu do Prado e ao Palácio Real.

17
COMO Os apaixonados pela França, que se interessem em
estudar no país, podem contar com as bolsas do

CONSEGUIR
programa Eiffel. Lançada em 1999 pelo Ministério
de Relações Exteriores francês, a iniciativa atrai

UMA BOLSA
estudantes que desejem fazer mestrado ou
doutorado no país.

EIFFEL Na hora de selecionar candidatos, entram na equação


fatores como a relevância do projeto que o aluno
pretende desenvolver e o “perfil de excelência”,
Bolsas contemplam estudantes como descreve Renan de Oliveira, responsável
de mestrado e doutorado na pelo Campus France Brasil em Belo Horizonte. “São
estudantes que sempre obtiveram bons resultados
França. Conheça detalhes sobre acadêmicos no país de origem e que se destacam em
o processo seletivo e o perfil suas áreas de estudo, seja com prêmios, publicações
ou participação em projetos inovadores”.
de candidatos.
Se, por um lado, são analisados aspectos ligados
ao passado, ao histórico do estudante, por outro,
há uma preocupação com seu futuro. Para ser
um bolsista do programa Eiffel, é necessário
ambicionar posições de liderança - seja no setor
público ou no privado.

18
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA EIFFEL

Como parte desse plano, deve-se inserir o estudo Decidir quem vai ou não se tornar um bolsista
na França como uma etapa necessária para que Eiffel, então, fica a cargo das instituições de
o aluno se desenvolva ao máximo. “É fundamental ensino francesas. “É um mecanismo colocado
que a escolha do curso e o projeto de estudos à disposição das universidades para recrutar
apresentado à universidade seja coerente com a os melhores candidatos estrangeiros para suas
carreira que o candidato deseja exercer no futuro”, formações”, resume Renan.
sintetiza Renan, que também foi bolsista Eiffel. No caso dele, a indicação veio da Universidade de
Estrasburgo, no leste da França, em 2013.
Como funciona o processo de seleção
Conquistar uma bolsa de estudos para estudar na Quais as dicas para conseguir uma bolsa Eiffel
França, nesse caso, depende muito das próprias Como cabe às universidades “filtrar” quem será
universidades francesas. Isso porque, em vez de elegível ao programa, o jeito é trabalhar bastante
encaminhar sua documentação inicialmente ao no dossiê, que elenca as informações sobre o
Campus France, o estudante precisa garantir uma candidato. Nessa hora, vale destacar aspectos
indicação de sua universidade de interesse. atrativos, como fluência no idioma francês,
premiações, experiência profissional e publicações

“É preciso, antes de tudo, que o próprio


O primeiro passo, acadêmicas.
portanto, é
contatar o setor Mais do que um
de Relações
candidato conheça as razões pelas quais super-currículo,
Internacionais escolheu o curso, a universidade e a França o jovem precisa


da instituição demonstrar que
de ensino de e esteja seguro quanto a isso. sua trajetória
interesse, ou tem coerência
mesmo o responsável pelo curso de mestrado - e que a formação numa instituição francesa se
ou doutorado que mais chame a atenção. encaixa perfeitamente em seu percurso. “Para isso,
Quando a universidade recebe os dossiês - que é preciso, antes de tudo, que o próprio candidato
reúnem dados sobre a trajetória acadêmica e conheça as razões pelas quais escolheu o curso,
profissional do candidato -, passa a selecionar a universidade e a França e esteja seguro quanto a
quais se destacam. Nesse processo, o aluno isso”, aponta Renan.
precisa conseguir uma indicação, passada pela
universidade ao Campus France em Paris. Dedicar tempo à elaboração do dossiê
também faz a diferença. “Passei um bom tempo
Nessa etapa inicial, os critérios das universidades preparando, corrigindo e revisando a minha carta
para selecionar ou não alguém variam. Pode de motivação”, conta Renan de Oliveira. Como ele
ser que uma delas exija, por exemplo, nota mais pontua, tal carta serve como peça-chave para que
alta em exame de proficiência, ou mesmo um o aluno consiga “persuadir” a universidade.
número diferente de cartas de recomendação.
“Evidentemente que, caso a universidade não se Outro ponto crucial tem a ver com o nível de
interesse pelo perfil do aluno ou ele não tenha proficiência em francês comprovada pelo
todos os documentos necessários, ela não estudante. É necessário enviar certificados como
recomendará a candidatura”, diz Renan. DELF e DALF, que atestam a capacidade do aluno
em se comunicar e entender a língua francesa.

19
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA EIFFEL

Por fim, resta ao aluno rechear o dossiê com


informações que façam com que a universidade
consiga distingui-lo dos demais. No caso de
Renan de Oliveira, que buscava um mestrado
na França aos 23 anos, depois de se formar na
Universidade de São Paulo, isso significou obter
documentos extras. “Para chamar atenção para
meu desempenho na graduação, solicitei à minha
universidade um atestado que informava que minha
média global estava entre a dos melhores alunos
da turma”, exemplifica ele.

20
COMO Todos os anos, o governo do Japão oferece apoio
financeiro a estudantes que desejem embarcar

CONSEGUIR UMA
para o país e estudar. Por meio da análise de
documentos, provas e entrevistas, o Ministério de
Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia
BOLSA MEXT (MEXT) seleciona candidatos de destaque em seus
ramos de atuação.

Iniciativa do governo do Japão, São, ao todo, seis tipos de bolsas concedidas pelo
programa Monbukagakusho. Há oportunidades de
programa Monbukagakusho estudo de língua e cultura japonesa, treinamento
seleciona alunos para cursos de para professores, pesquisa (a nível de pós-
graduação) e graduação completa no país, bem
língua japonesa, graduação e como oportunidades em escolas técnicas e em
pós-graduação. cursos profissionalizantes.

Para selecionar uma gama tão ampla de candidatos,


a iniciativa propõe critérios que variam. Em cursos
técnicos, o aluno pode passar por provas sobre
Física, bem como Inglês e Japonês. Em outros
casos, entram em análise fatores como a relevância
do projeto de pesquisa.

21
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA MEXT

Como funciona o processo seletivo das quatro páginas. Como Anna aconselha, um caminho
bolsas MEXT interessante é ter em mente a pergunta “Qual seria a
É possível dividir o processo de escolha dos vantagem de realizar tal pesquisa no Japão?” e usá-
candidatos em duas etapas. Na primeira, cabe ao la na elaboração do projeto.
estudante enviar sua documentação completa ao
MEXT, que inclui formulário de inscrição, diploma “No meu caso, foquei nos cidadãos da terceira
traduzido (para inglês ou japonês), histórico idade e argumentei que grande parte da população
acadêmico e projeto de pesquisa. Tais informações japonesa já passou dos 60 anos”, resume Anna, que
devem ser entregues ao Consulado do Japão da estuda como as interfaces naturais e a inteligência
região onde o candidato vive. artificial podem melhorar a qualidade de vida de
pessoas na terceira idade.
Além da lista de documentos, devidamente Outra estratégia que a doutoranda recomenda é a de
traduzidos, o estudante passa por provas específicas conversar com professores e colegas no Brasil, para
de cada tipo de bolsa. que revisem e deem sugestões sobre o projeto.

“Acredito ser muito importante, no caso Vale lembrar ainda


que a candidatura
precisa demonstrar
da pós-graduação, que o candidato tenha os aspectos
relevantes da
publicações em revistas ou conferências trajetória do

internacionais na área. ” estudante - e


torná-lo atrativo
para as instituições
Em geral, a exigência é de uma avaliação referente japonesas. “Acredito ser muito importante, no
à língua inglesa e outra à japonesa, que ateste a caso da pós-graduação, que o candidato tenha
capacidade do estudante de se comunicar e de publicações prévias em revistas ou conferências
compreender cada idioma. internacionais na área em que pretende pleitear a
bolsa”, diz Anna.
Ainda que a exigência de uma prova em japonês
possa assustar, o conhecimento prévio no idioma Entrevista e candidatura às universidades
não entra nos requisitos da maioria dos programas. Para além da documentação exigida, o processo
“Eu só assinei meu nome na prova de japonês, também convoca candidatos a uma rodada de
porque não tinha nenhum conhecimento da língua”, entrevistas. Novamente, a fluência em japonês não
conta a paraibana Anna Medeiros, que faz seu é exigida pelos avaliadores, que podem conduzir a
doutorado na Universidade de Osaka, com apoio conversa em inglês.
da bolsa MEXT. Em matéria de idioma, prevalece
a nota mais alta obtida nas provas, seja ela em Entre as perguntas apresentadas, estão questões
japonês ou inglês. sobre a trajetória do aluno, como projetos e
pesquisas na graduação e no mestrado, bem como
Já para os interessados em pós-graduação no dos planos futuros. “Eu respondi tudo com muita
Japão, a seleção exige ainda o envio de um projeto paixão pelo o que faço, pela minha pesquisa”, conta
de pesquisa em inglês, que tenha no máximo Anna Medeiros.

22
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA MEXT

Outro aspecto analisado tem a ver com a forma


como o candidato crê que poderá se adaptar no
país estrangeiro e se há intenção de estudar o
idioma japonês.

No caso de Anna, que é natural de João Pessoa,


outro ponto chamou a atenção: a experiência em
associações japonesas. Ainda que não tivesse família
de origem nipônica, a brasileira havia participado de
atividades culturais na Associação Cultural Brasil-
Japão na Paraíba por três anos. “Se você realmente
se importa com a cultura japonesa, essa é uma forma
definitiva de provar isso, se associando”.

Uma vez aprovado, depois da rodada de


entrevistas, o candidato tem um prazo para
contatar a universidade de interesse e obter uma
carta de aceite.

Esse processo, que constitui a segunda etapa da


seleção, exige que o aluno encaminhe novamente
seus documentos - dessa vez, a três instituições
japonesas.

Benefícios da bolsa MEXT


Com o aceite da universidade em mãos, o aluno
pode contar com o apoio do governo do Japão
para passagens aéreas e isenção de taxas
acadêmicas. Além disso, cada estudante recebe
uma quantia mensal para manutenção no país, cujo
valor varia de acordo com o nível de formação.

Mais do que o auxílio financeiro, como pontua


Anna, a vantagem de estudar em uma universidade
japonesa tem a ver com o tipo de conexões
possibilitadas pela experiência. “É uma troca
cultural, tanto dentro do laboratório, com
os estudantes estrangeiros, quanto ao viajar
apresentando sua pesquisa em conferências”,
resume ela.

23
COMO A brasileira Natalia Garcez teve apenas duas
semanas para preparar a própria candidatura.

CONSEGUIR
Ela havia recebido a dica de um amigo sobre
o anúncio de bolsas oferecidas pelo DAAD

UMA BOLSA
(Deutscher Akademischer Austauschdienst, ou,
em português, “Serviço Alemão de Intercâmbio

DO DAAD
Acadêmico”). Para conseguir enviar seus
documentos a tempo, Natalia teria de dar conta da
application em pouquíssimo tempo.

Processo seletivo não exige Mesmo assim, a brasileira se deu bem no


processo seletivo. Quando elaborou sua
proficiência em alemão e aceita
candidatura, Natalia estava finalizando o trabalho
candidatos com perfil variado. de conclusão de curso da graduação em Design,
em São Paulo. No ano seguinte, já embarcava para
Brasileira conta o que fez a
o mestrado na Alemanha.
diferença em sua application.
Ao se candidatar ao DAAD, ela buscava, além de
uma oportunidade acadêmica, a chance de mudar
de ares. “Eu queria me mudar de São Paulo, porque
estava cansada da rotina de oito horas de trabalho,
estudos à noite, trânsito”.

24
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA DO DAAD

Vale lembrar que os programas de bolsa do Nessas horas, o caminho mais certo é apostar
DAAD dividem-se por formação, área e formato na honestidade, em demonstrar qual tipo de
da bolsa, e aceitam candidatos de perfis diversos. estudante o candidato é. “Eu não tentei me
Em outras palavras, graduandos, doutores e fantasiar de uma estudante focada apenas em
professores universitários podem receber estudar, mas mostrei que era alguém que buscava
apoio financeiro vindos do órgão alemão. E os crescimento pessoal”, conta Natalia.
programas elegíveis são tão variados quanto, já Ela explica que esboçou, já na carta, um projeto
que abarcam formação “sanduíche”, pesquisas que gostaria de desenvolver na Alemanha, os
de curta duração e formação completa - como autores que lera sobre o assunto e os interesses
foi o caso de Natalia, que no país. Em outras palavras, um pouco de seu perfil
“Você embarcou para a Anhalt
University, no Leste da
enquanto estudante e profissional. “O histórico na
faculdade não mostra sua personalidade, são só
percebe que Alemanha. dados sobre você”, destaca.

o mundo é Outro ponto essencial das No caso de Natalia, que se inscrevera para a
muito maior bolsas oferecidas pelo bolsa em Design, um portfólio bem feito também
DAAD tem a ver com a conta pontos. Para ela, a vantagem foi ter projetos
do que proficiência em idiomas desenvolvidos em ambiente profissional, durante
estrangeiros exigida. Ao estágios e trabalhos como designer já formada.
achava que contrário do que possa

era. ” parecer, o órgão alemão não


oferece apenas bolsas para
Mestrado na Alemanha: como funciona e
qual o formato das aulas
candidatos fluentes em alemão - apenas exige a Como bolsista do DAAD, e sem saber muito sobre
proficiência em inglês, que pode ser comprovada o idioma alemão, Natalia passou quatro meses
por exames como o TOEFL. no país apenas estudando a língua. A designer
paulista embarcou para Berlim, onde frequentava
A fluência em alemão só integra os pré-requisitos aulas intensivas com duração de cinco horas, de
para cursos ministrados no idioma, sendo que segunda a sexta-feira. Após o intensivo, chegou o
muitas universidades do país já oferecem um momento do mestrado.
currículo completo em inglês. “Eu até comecei a
estudar alemão, mas não estava confiante de que Em sala de aula, o ritmo era ditado por projetos
chegaria no nível necessário para assistir às aulas mais práticos e abertos aos interesses dos alunos.
no idioma”, conta Natalia. “A gente recebia as propostas, com um tópico
específico, e desenvolvia os próprios projetos a
Como é o processo de seleção do DAAD partir disso”, resume a brasileira. No lugar de um
Em um primeiro momento, o candidato precisa briefing “quadrado”, entravam oportunidades de
encaminhar uma leva de documentos traduzidos, desenvolver iniciativas mais autorais.
incluindo histórico escolar, para o DAAD. Também
é preciso selecionar cinco universidades de Em vez de contar com um professor à frente,
interesse e submeter a carta de motivação. “Você explicando teorias, os alunos ganham autonomia
precisa ser honesto sobre o momento da sua e são encarados como profissionais da área.
vida, para que sintam firmeza nos planos que você
explica na carta”, sintetiza Natália.

25
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA DO DAAD

“Você não é mais um estudante, como era no


bacharelado, e então aproveita mais e entende
melhor o porquê de estar ali”.

Como uma das vantagens em estudar na Alemanha,


Natalia cita a diversidade de pessoas dentro e
fora de sala de aula, já que o aluno convive com
pessoas de diversos países. “Você percebe que
o mundo é muito maior do que achava que era”,
conclui a brasileira.

26
COMO Ambiente acadêmico diverso, infraestrutura
excelente e cursos ministrados completamente em

CONSEGUIR
inglês são alguns dos atrativos das universidades
holandesas. Para apoiar estudantes interessados

UMA BOLSA
em estudar no país, o governo holandês oferece
as bolsas Orange Tulip anualmente, desde 2012.

ORANGE TULIP Trata-se de um programa voltado a cursos integrais


de bacharelado (ou do último ano da graduação),
mestrado e MBA. Por meio da iniciativa, o governo
Programa oferece apoio do país europeu concede desde a isenção
das taxas acadêmicas até um valor extra para
financeiro integral ou parcial
despesas, como visto e seguro-saúde.
para os interessados em
Cabe ao estudante, entretanto, arcar com custos
estudar na Holanda. Saiba como
de outra natureza, como materiais do curso e uma
funciona o processo seletivo! quantia mensal suficiente para hospedagem e para
a manutenção no país. Segundo uma estimativa da
própria Nuffic Neso Brazil, o valor adequado seria
de 800 a mil euros mensais.

27
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR UMA
BOLSA ORANGE TULIP

Como funciona o processo seletivo Quais as vantagens de estudar em uma


Há uma ordem específica a ser seguida pelo universidade holandesa
aluno no processo de seleção. Antes de tudo, Embarcar para a Holanda para estudar tem suas
é necessário preparar e enviar as candidaturas vantagens, tanto em termos acadêmicos quanto de
a universidades holandesas de interesse - um ordem profissional. Um corpo discente diverso, em
processo que tem datas limites próprias, de que alunos de várias origens discutem temas em
acordo com a instituição. comum, serve de atrativo. “No ISS, os holandeses
são a minoria, já que só os professores são naturais
Para o advogado de formação Eduardo Farias do país”, comenta Eduardo.
Santos, uma das etapas essenciais nesse processo
é a de submeter uma carta de motivação. “O A infraestrutura oferecida pelas instituições de
documento tem que mostrar no que você acredita ensino também é destaque. “Todo o conceito do
que o mestrado pode ajudar na sua carreira, campus é incrível. É um campus verde, agradável,
mostrar uma questão que você queira estudar”, cercado de ciclovias e parques”, descreve o
sintetiza o brasileiro, que embarcou para o também brasileiro José Maurício Moreira, que
International Institute of Social Studies (ISS) da concluiu o mestrado em Indústrias Criativas
Erasmus University Rotterdam em Haia. na Radboud University. Há ainda bibliotecas e
computadores sempre à disposição dos alunos.
Em outras palavras, o candidato precisa demonstrar
por A + B como sua trajetória encaixa-se nas No caso de Radboud, como José destaca,
possibilidades oferecidas pelo mestrado. Mais há ainda serviços úteis para os estudantes
do que isso, precisa conectar tais aspectos aos estrangeiros, como as sessões de “academic
seus planos futuros. “O aluno tem que demonstrar writing”. “Eu tinha uma tutora que me dava apoio,
que sabe do que o curso se trata e no que isso me passava dicas para escrita acadêmica”, conta
pode acrescentar na sua vida, nos seus interesses”, ele. “Foi muito importante para que eu conseguisse
detalha Eduardo, que se formou se formou no escrever minha tese”.
mestrado em Estudos de Desenvolvimento, com
major em “Direitos Humanos, Gênero e Estudos de A infraestrutura oferecida também diz respeito a
Conflito: Perspectivas de Justiça Social”. eventos que acontecem nos campi universitários,
sempre movimentados. “O ISS tem eventos
A partir do momento em que o estudante recebe acontecendo o tempo todo, sobre os mais
a carta de aceite ou uma oferta condicional diferentes problemas do mundo”, diz Eduardo.
da instituição, pode se candidatar à Orange
Tulip. Nessa etapa, cabe ao aluno interessado
encaminhar documentos como seu diploma mais
recente, histórico escolar e resultado de exame de
proficiência em inglês diretamente através do site da
Nuffic Neso Brasil. Mais uma vez, porém, os prazos
variam de acordo com a universidade – por isso é
bom ficar de olho e se planejar desde a abertura do
edital, que geralmente acontece em outubro.

28
COMO A educação sul-coreana é destaque nos rankings
sobre educação no mundo, desde o ensino

CONSEGUIR
fundamental. Ano após ano, a Coreia desponta em
classificações sobre o conhecimento em matérias

UMA BOLSA
como matemática de seus jovens alunos. Também
no ensino superior, a excelência prevalece.

DO NIIED E não é à toa, já que a 13ª maior economia do


mundo tem seu desenvolvimento impulsionado
pelo investimento em educação. Desde sua
Governo sul-coreano concede divisão em 1948, a Coreia do Sul transformou-
se, pouco a pouco, em um gigante em áreas
bolsas de estudo que abarcam
de tecnologia e ciência. Entre os planos para a
cursos de graduação e pós no educação do país, está o de atrair cada vez mais
estudantes estrangeiros. A meta nacional, para
país. E não é necessário falar
2020, estipula que haja um mínimo de 200 mil
coreano para se candidatar! alunos “de fora” distribuídos pelas 370 instituições
de ensino superior.

Para garantir a presença de estudantes oriundos


de outros países, uma das apostas é, justamente, a
de bolsas de estudo.

29
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA DO NIIED

Para proporcionar os intercâmbios entre a Coreia Entre as grandes vantagens da experiência estão a
do Sul e países do mundo todo, o National possibilidade de estudar em instituições de ensino
Institute for International Education (NIIED) oferece que possuem excelente infraestrutura. “Todas as
programas variados de auxílio financeiro. salas de aula são equipadas com tudo que a gente
precisa”, resume o brasileiro Juliano Paiva Junho,
Como agência executiva que faz parte do que fez o mestrado em Linguística Computacional
Ministério da Educação, faz parte das funções do com apoio da bolsa
NIIED firmar os convênios e programas de bolsas
de estudo que tanto atraem brasileiros. Em dados
concedida pelo NIIED.
“Quem tem a intenção de
“Todas as
atuais, o instituto oferece 1500 bolsas, distribuídas correr atrás e pesquisar tem salas de
por diferentes nacionalidades, que vão da muitas possibilidades”.
graduação à pós. aula são
Como ele explica, outros
equipadas
Como funciona o processo seletivo aspectos importantes da
Há diferentes programas disponíveis para estudar experiência acadêmica têm com tudo
na Coreia do Sul. Um dos mais famosos é o Korean a ver com as atividades “a
Government Scholarship Program, que leva tanto mais” disponíveis - como que a gente
estudantes de graduação quanto de mestrado e
doutorado para o país. Há também iniciativas para
é o caso de estágios em
empresas sul-coreanas. “As
precisa. ”
o ensino de coreano e mesmo oportunidades de grandes empresas coreanas têm muito interesse em
estudo reservadas a descendentes de coreanos entrar no mercado brasileiro, e o estágio serve para
que morem em países estrangeiros. criar laços, fazer networking”, explica Juliano. Ele
trabalha como professor assistente de português na
Em geral, os editais divulgados anualmente exigem Universidade de Estudos Estrangeiros de Pusan, na
que o candidato envie sua documentação para a Coreia do Sul.
Embaixada Geral da Coreia do Sul, localizada no
Distrito Federal. São exigidos documentos como Para aproveitar ao máximo a experiência, vale
carta de motivação, histórico acadêmico traduzido pesquisar mais sobre o país antes de cogitar
e cartas de recomendação - depois de recebidas uma bolsa de estudos. Nas palavras de Juliano,
pela Embaixada, tais informações são repassadas é necessário “saber onde se está pisando” e
às instituições coreanas de interesse. entender que as diferenças do país em relação ao
Brasil. “Uma pessoa realista consegue um futuro
Nos casos de cursos de mestrado e doutorado, promissor”, conclui ele
o estudante deve se comprometer a frequentar
ainda um curso de um ano de língua coreana, com
duração de um ano. O objetivo é que o aluno
chegue, no mínimo, ao nível 3 do teste oficial TOPIK.

Quais os benefícios de estudar em uma


universidade coreana
Quem embarca para a Coreia do Sul, depara-
se com um país que possui normas de etiqueta,
temperos e rotinas bem diferentes do Brasil.

30
COMO CONSEGUIR A Nova Zelândia pode soar como destino inusitado
para um intercâmbio acadêmico. O país, composto

UMA BOLSA
por duas grandes ilhas, apresenta uma população
de 4 milhões de pessoas - o equivalente ao número

NEW ZEALAND
de habitantes de Curitiba e Manaus, somados. As
proporções reduzidas não servem de obstáculo,

DEVELOPMENT
entretanto, para um bom sistema educacional - e
para o oferecimento de boas de bolsas de estudo.

SCHOLARSHIP Em termos de sistema educacional, as universidades


e institutos politécnicos neozelandeses têm
destaque. Ainda que as instituições mais bem
Governo da Nova Zelândia concede colocadas em rankings universitários se localizem em
Wellington, a capital do país, e em Auckland, centro
bolsas de estudo que permitem
econômico e financeiro, há opções distribuídas
a estudantes de fora estudar em por todo o território. Um bom exemplo trata-se da
instituições prestigiadas – visando Universidade de Otago, em Dunedin, a primeira
fundada no país, que hoje desfruta de boa reputação
ajudar no desenvolvimento de seus e bom desempenho em rankings internacionais.
países de origem.

31
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA NEW ZEALAND
DEVELOPMENT SCHOLARSHIP

Para arcar com os custos da educação na Nova Também são cobertos os gastos com anuidade da
Zelândia, os alunos estrangeiros podem contar universidade e com viagem de ida e volta à Nova Zelândia.
com bolsas de estudo oferecidas tanto pelas
próprias universidades quanto pelo governo. Entre O brasileiro Tarcísio Pinhate ficou sabendo
elas, destaca-se a New Zealand Development da existência de uma bolsa para estudar
Scholarship, concedida a estudantes de pós- sustentabilidade na Nova Zelândia em março de
graduação, mestrado e doutorado oriundos de 2014. Em junho, estava com
países como o Brasil. o resultado do TOEFL em
mãos. Em julho, tinha a carta
“Todas as
Como funciona a New Zealand de aceite da universidade de salas de
Development Scholarship Auckland, uma das melhores
A missão das bolsas de estudo é permitir que do país, e em outubro
aula são
estudantes de fora tenham acesso às instituições recebeu resultado final da equipadas
prestigiadas neozelandesas - e que ajudem no aprovação para a bolsa. “Foi
desenvolvimento de seus países de origem. um processo relativamente com tudo
Não à toa, uma das exigências da New Zealand rápido”, afirma ele.
Development Scholarship refere-se aos planos do
que a gente
candidato após a formação, que devem incluir o
retorno à terra natal por, no mínimo, dois anos.
O processo mudou
um pouco de 2014
precisa. ”
para cá (confira os detalhes do processo
Há ainda pré-requisitos necessários para ter abaixo). Atualmente, é possível candidatar-se
acesso às bolsas, que tem duração variável, de simultaneamente à universidade e à bolsa. Com
seis meses a quatro anos. Entre eles, estão a idade isto, o processo que para Tarcísio durou seis meses
máxima de 39 anos, bem como o período mínimo pode ser reduzido a até três.
de um ano de experiência profissional. “Nós
buscamos candidatos que comprovem excelentes Com exceção desta mudança, o restante do
qualificações acadêmicas e experiência processo se manteve: é preciso recolher algumas
profissional na área proposta de estudos, além cartas de recomendação e fazer uma entrevista por
de habilidades de comunicação e de relações Skype. “Na entrevista, eles perguntaram bastante
pessoais”, detalha Caroline Bilkey, embaixadora da por que eu queria ir para a Nova Zelândia e o que
Nova Zelândia no Brasil. eu gostaria de estudar. Precisei explicar tudo
direitinho”, relembra.
Para garantir o desenvolvimento do estudante
durante o período de intercâmbio e formação Como funciona o processo seletivo às
acadêmica no exterior, os programas apoiados pela bolsas NZDS
NZDS oferecem também atividades extras, que vão Para se inscrever no processo seletivo, é necessário
além da sala de aula. Há, por exemplo, oportunidades submeter uma application online pelo sistema de
de desenvolver pesquisas, bem como de realizar bolsas, encaminhando os documentos necessários
estágios - tudo depende do curso de interesse. para cada curso. No caso do Brasil, têm prioridade
os candidatos que sejam das áreas prioritárias,
Durante o período da bolsa, o aluno conta com um Agricultura e Energias Renováveis. De modo geral,
subsídio mensal para manutenção no país, além de são exigidas informações como nível de proficiência
seguro-saúde. em inglês, por meio de testes como o TOEFL, assim
como histórico acadêmico.

32
Voltar para o índice COMO CONSEGUIR
UMA BOLSA NEW ZEALAND
DEVELOPMENT SCHOLARSHIP

Em programas específicos, como os de doutorado,


o candidato deve contatar a universidade de
interesse e garantir que seu possível supervisor para
o projeto de pesquisa envie uma “letter of support”.
O documento em questão serve como indicativo
de que o projeto teria espaço na universidade e
de que o acadêmico neozelandês está disposto a
orientar o doutorado.

Além da submissão da candidatura online, o


aluno interessado nas New Zealand Development
Scholarships deve se preparar para uma etapa de
entrevistas. “A entrevista é a fase em que o perfil,
as habilidades e a experiência profissional dos
candidatos são verificados. É muito importante que
o candidato seja verdadeiro e natural durante a
conversa”, explica Caroline Bilkey, embaixadora do
país no Brasil.

No momento da candidatura online, o estudante


precisa informar o nome das instituições de ensino
de interesse. Entretanto, a bolsa é oferecida antes
de as universidades enviarem as cartas de aceite.

33
Textos
Priscila Bellini

Edição
Nathalia Bustamante

Design
Aaron Saiki

Fundação Estudar, 2017

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