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COMERCIALIZAÇÃO DE
PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
Professor Me. Julyerme Matheus Tonin
graduação
AGRONEGÓCIO
MARINGÁ-pr
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM”.
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COMERCIALIZAÇÃO DE
PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de
referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição
de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação
da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-
estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa;
compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do
trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos,
incentivando a educação continuada.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.
Antes de apresentar cada etapa da nossa análise, cabe destacar que, o tema apresentado
nesse material vem ao encontro com uma grande preocupação da atualidade, a constante
busca por eficiência na comercialização agropecuária, frente a um ambiente globalizado cada
vez mais competitivo. Então, eu pergunto, quem de vocês não tem um amigo, familiar ou
conhecido que tira o seu sustento do meio rural?
No dia a dia dos produtores rurais estão sempre presentes preocupações, como: cortar custos,
aumentar a produtividade, incorporar novas áreas de lavoura, reduzir os desperdícios, buscar
a capacitação para melhorar o gerenciamento da atividade e vender melhor a produção. E
quanto à comercialização, as preocupações se resumem a que preço será vendido o produto.
Porém, cabe destacar que é necessária uma profissionalização de todos os envolvidos com as
atividades agropecuárias, no tocante a comercialização agrícola, buscando o entendimento e
a utilização de novos instrumentos de comercialização e o conhecimento de todos os aspectos
envolvidos com o processo de comercialização.
Nesse contexto, caro(a) aluno(a), o trecho “comercializar com profissionalismo” deve ter-lhes
chamado a atenção, pois esse será o objetivo principal do nosso estudo. Além das mudanças
Caro(a) aluno(a), no momento da comercialização, grande parte dos produtores não apresenta
a mesma eficácia demonstrada na produção. Uma dificuldade dos produtores rurais é a
necessidade de comercializar rapidamente a sua produção para saldar compromissos
assumidos com a implantação da lavoura. Essa conduta traz riscos de entrega da produção a
preços não remuneradores. Desse modo, produtores que não se atinam aos custos de produção,
não acompanham as flutuações de preços, concentram a venda na época da colheita, vendem
apenas quando necessitam de fluxo de caixa na propriedade, são influenciados por vizinhos e
por profissionais da empresa compradora, repetem sem critério as estratégias do ano anterior,
entre outras falácias, estão fadados ao fracasso na atividade.
Cabe ressaltar, que para o aprofundamento nos temas propostos neste material, faz-se
necessário que você recorra aos diversos autores citados na bibliografia, bem como, às demais
obras indicadas, como leituras complementares, além das páginas eletrônicas das diversas
Bolsas de Mercadorias, todos eles apresentados neste material. No corpo de cada parte deste
material, você encontrará momentos de reflexões, denominados REFLITA e CALCULE. Esses
são recursos didático-pedagógicos, como o próprio nome sugere, que permitirão reflexão mais
calma e com maior profundidade científica sobre os subtemas apresentados. Tais recursos
propiciarão novas avaliações estimulando a pesquisa em outras fontes, além desta apostila.
Além disso, você observará que na indicação da reflexão será exigida uma breve composição
sobre o assunto. Esta reflexão estará contextualizada dentro de uma problemática que, por
Para nortear o estudo desta disciplina, segue uma breve descrição das unidades componentes
deste material. Na primeira unidade fazemos uma contextualização do termo comercialização,
demonstrando como esse conceito mudou com o passar do tempo, demonstrando cada vez
mais o papel da comercialização. Depois de definir o que é comercialização de produtos
agropecuários, destacando o seu caráter de atividade intermediária e processo social,
associando com a terminologia de agronegócio cunhada por Goldberg e Davis na década
de 1960, partimos para a análise dos riscos associados com o processo de comercialização.
Nesse contexto, busca-se apresentar a natureza de cada risco, a que tipo de transformação
inerente ao processo de comercialização estão associados (transformação de forma, de
tempo e espaço) e quais os ambientes em que esses riscos são gerenciados. Em seguida,
parte-se para a classificação dos distintos mercados, ressaltando as principais diferenças e
peculiaridades de cada um, para então, demonstrar como ocorre o processo de comercialização
e apresentar os principais níveis existentes. A primeira unidade se encerra apresentando as
principais funções da comercialização agropecuária.
Com o avanço de nossa análise do mercado futuro, sugerimos a leitura dos seguintes livros:
ESPÍRITO SANTO, B.R. Caminhos da Agricultura Brasileira. São Paulo: Evoluir, 2001.
MONTOYA, M.A.; PARRÉ, J.L. (org) O agronegócio Brasileiro no final do século XX. Passo
Fundo: UPF, 2000.
PADILHA JUNIOR, J. B.; MENDES, Judas Tadeu Grassi. Agronegócios: uma abordagem
econômica. 1. ed., v.1, SP: Pearson Education, 2007. 369 p.
Nesse ponto, seria interessante recorrer ao livro de Barros (2007) para entender um pouco
melhor o conceito de demanda derivada, ou seja, a existência de uma curva de demanda ao
nível do fornecedor de insumos, ao nível de produtor e ao nível da agroindústria. Deduzimos,
desse modo, a interdependência da demanda nos diferentes níveis de comercialização.
Conhecendo o instrumental teórico para entender a oferta e demanda, partimos para a análise
específica do setor agropecuário destacando suas principais particularidades, que faz com
que a esfera agropecuária tenha uma forma particular de ser analisada devido a todos os
condicionantes impostos por essas particularidades. Para ressaltar como essas questões
podem afetar a comercialização nesse campo, sugerimos o texto “Barrados na China”, de
autoria de Décio Zylbersztajn.
Partimos, então, para a análise das margens de comercialização, sua importância, os principais
fatores que exercem influência em seu cálculo, sempre com exemplos aplicados, resultado
de estudos empíricos regionais. Bem como, faz-se a comparação com um conceito próximo,
porém diferente, que é o markup de comercialização.
Com a leitura dessa unidade, você vai perceber que o Brasil goza de posição privilegiada
no ranking de exportação das principais commodities (Soja, Café, Açúcar, Carne de Frango,
Carne Bovina entre outros), segundo ensina o dito popular “o difícil não é chegar ao topo, mas
sim manter-se nesta posição”. Nesse contexto, o marketing introduzido no agronegócio é uma
das estratégias que permite esse avanço na cadeia, sobretudo, no que se refere à agregação
de valor ao produto, respeito internacional e, consequentemente, melhores resultados.
Neste sentido, alguns setores do agronegócio vêm se organizando para buscar uma maior
eficiência neste quesito. Um exemplo que citamos no decorrer do nosso material é o Projeto
Setorial Integrado UBABEF-APEX, que visa a disseminação dos valores da marca Brazilian
Chicken e Brazilian Egg.
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS | Educação a Distância 13
Para saber mais sobre esse assunto e também outros cases que a Apex-brasil vem atuando, acesse
o portal da instituição por meio do link: <www.apexbrasil.com.br>.
Outro exemplo, só que esse ligado à cadeia do leite, é a “Láctea Brasil”, é a entidade responsável
pelo marketing institucional dos lácteos no país, que tem como objetivo defender os interesses
convergentes dos setores que a compõem. Os principais programas desenvolvidos nesse
sentido são os materiais educativos direcionados às crianças (Via Láctea) e aos pais (Leite &
Saúde), e o “Caminho do Leite”, exposição de painéis em feiras e eventos do setor que mostram,
de forma lúdica, o trajeto do produto desde a fazenda ao consumidor final e a importância dos
lácteos para a saúde em todas as fases da vida.
É importante você saber que um pequeno agricultor ou pecuarista também pode fazer marketing
no seu negócio. Um exemplo disso é trabalhar com produtos minimamente processados, em
que ele pode limpar classificar e pré-industrializar a sua produção de verdura, hortaliças e
também os produtos oriundos da pecuária, como o leite, queijo, requeijão, defumado e outros.
Isso é importante, principalmente para os pequenos produtores rurais, porque vai agregar valor
a sua produção, que consequentemente, até pode gerar um acréscimo da sua renda. Sabe
por que nós colocamos “até pode”? Colocamos esse ponto de interrogação, porque em alguns
casos, o produtor não consegue renumeração suficiente para pagar todos os custos envolvidos
no processo de fabricação de seus produtos (matéria-prima e mão de obra). Isso porque, em
muitos casos, eles não sabem os seus custos de produção, pois não fazem nenhum tipo de
controle de gestão. Aí que você, meu caro aluno de agronegócio, pode fazer a diferença.
Será que é possível agregar valor a uma commodity? Sim, é possível. Uma solução é buscar a im-
plantação de selos de região de origens – ver exemplo dos vinhos da Serra Gaúcha. Outra solução é
trabalhar com produtos diferenciados, como por exemplo: os produtos orgânicos; concursos regionais
que premiam o produtor pela qualidade da sua produção entre outros.
E, por fim, vamos ver alguns cases de aplicação de estratégias de Marketing no agronegócio,
como por exemplo: Brazilian Beef, Brazilian Chicken, Ethnic Brazil, Brazilian Fruit, Cafés
do Brasil, Marca no Campo (Mel do Cerrado, Mil Mel e Mister Pig). E, por último, você vai
estudar alguns desafios e oportunidades do marketing internacional no agronegócio brasileiro.
Na sua biblioteca virtual da Pearson, você vai encontrar o livro “Marketing & Agronegócio:
KEEGAN, Warren J. Marketing Global. 7. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Além desses citados acima, você vai encontrar mais de 70 obras que tratam sobre o assunto
“Marketing”. Entre lá e confira.
Não se preocupe, a ideia aqui é despertar o interesse, pois as dúvidas que surgirem serão um
dos componentes essenciais do processo de aprendizagem e vamos nos esforçar para sanar
essas dúvidas durante as aulas ao vivo.
Além do mais, nesse material didático, além de apresentar os conceitos, busca-se indicar o
“caminho das pedras”, apresentando, sempre que possível, onde encontrar as informações.
Outro detalhe importante é que em alguns trechos desse material apresentamos informações
adicionais, destacadas pela expressão “saiba mais”. Procure os materiais citados, acesse os
links disponíveis, tudo isso irá contribuir em seu aprendizado. Não deixe de conferir na internet,
no youtube, uma vasta gama de vídeos executivos com noções básicas sobre os mercados
futuros, os links a seguir são alguns exemplos:
• A crise mundial dos alimentos – uma breve ilustração do que está acontecendo com o
preço dos produtos agropecuários pelo mundo afora.
<http://www.youtube.com/watch?v=VteURf5zHzo>.
• O que é marketing?
<http://www.youtube.com/watch?v=zozHZilA_Ho&feature=related>.
<http://www.youtube.com/watch?v=Nlngpr621CQ&feature=related>.
Parte 1 - <http://www.youtube.com/watch?v=xAmibX-3E2Q>.
Parte 2 - <http://www.youtube.com/watch?v=Zbs1Zy8SOu8&feature=related>.
Para quem gosta de filmes, aí vão algumas dicas que fazem alusão ao mercado financeiro e
em alguns casos aos mercados futuros:
Achei interessante citar esse documentário por dois motivos, primeiro para demonstrar que
a comercialização de produtos, agropecuários ou não, está presente em toda a nossa vida e
segundo, para enfatizar o poder da propaganda. Trailer (em inglês) disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=maeXjey_FGA>.
Muitos tópicos abordados neste material são alvo de diversas pesquisas empíricas, então não
deixem de consultar as referências bibliográficas deste material (referências que vão desde
uma abordagem inicial até alguns aspectos avançados). Enfim, o conteúdo deste material foi
dosado tanto para instruir quanto para instigar, estimular a busca por novos conhecimentos.
Bom Estudo!
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz e Professor Me. Julyerme Matheus Tonin
CLASSIFICAÇÃO DO MERCADO 35
NÍVEIS DE MERCADO 39
CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO 47
FUNÇÕES DA COMERCIALIZAÇÃO 53
UNIDADE II
MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO 72
MARKUP DE COMERCIALIZAÇÃO 80
UNIDADE III
UNIDADE IV
A IMPORTÂNCIA DO MARKETING NO AGRONEGÓCIO: CONCEITOS, DEFINIÇÕES,
EXEMPLOS E CASOS
UNIDADE V
MARKETING E AGRONEGÓCIOS
BRAZILIAN CHICKEN178
CONCLUSÃO 200
REFERÊNCIAS 203
UNIDADE I
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS
AGROINDUSTRIAIS
Prof. Me. Silvio Silvestre Barczsz
Prof. Me. Julyerme Matheus Tonin
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Definição de Comercialização
• Classificação do Mercado
• Níveis de Mercado
• Canais de Comercialização
• Funções da Comercialização
INTRODUÇÃO
Olá, meu caro aluno e aluna de Agronegócio, seja bem-vindo ao Módulo de Comercialização.
Estamos iniciando a nossa disciplina de COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS
AGROINDUSTRIAIS.
Nas duas últimas unidades, iremos estudar o Marketing e suas implicações no Agronegócio.
Sobre esse assunto, você acha que os agricultores e pecuaristas brasileiros devem investir
em Marketing? Bom, vou deixar essa pergunta para responder mais à frente. Agora, vamos
estudar alguns conceitos e definições sobre a “Comercialização de Produtos Agropecuários”.
Bom estudo!
Para Karam e Zoldan (2003), embora a comercialização se trate de uma atividade intermediária,
a comercialização envolve um amplo espectro de atores sociais, cujos atributos variam de
acordo com a complexidade da cadeia produtiva envolvida e suas relações consolidam-se
em instituições apropriadas. Para Maluf (2002), a comercialização constitui uma atividade da
esfera de circulação de mercadorias, ou mais propriamente da circulação de capital. E ainda,
deve-se a uma forma particular de capital – o capital comercial.
Na agropecuária estes resultados são influenciados por diversos riscos. Crouhy, Galai e Mark
(2004, p. 33) apresentaram alguns desses riscos:
a) Risco de produção: refere-se à possibilidade do volume de produção esperada
não se concretizar devido a eventos relacionados ao clima (seca, geadas, excesso de
chuvas etc.) ou devido à ocorrência de pragas e doenças.
b) Risco de crédito: refere-se à possibilidade de uma das partes não honrar o
compromisso previamente assumido (pagamento ou entrega do produto/serviço).
c) Risco operacional: risco representado pelas perdas potenciais resultantes de
práticas administrativas e gestões inadequadas, falhas com equipamentos ou falhas
humanas na execução de processos e tarefas da atividade.
d) Risco de preço: representa a possibilidade dos preços oscilarem em sentido
contrário ao interesse do agente no momento da comercialização.
e) Risco legal: está relacionado a possíveis perdas quando um contrato não pode
ser legalmente amparado. Podem-se incluir aqui os riscos de perdas por insolvência,
ilegalidade, falta de representatividade e/ou autoridade por parte de um negociador etc.
Esses riscos estão presentes na atividade produtiva na atualidade. Mas a forma como os
agentes passaram a lidar com esses riscos e os mecanismos utilizados para esse fim exercem
influência sobre o processo de comercialização. Vocês devem ter notado que, as definições
de comercialização foram elaboradas em meados da década de 1970, de lá para cá, uma série
de transformações no âmbito econômico impactaram na maneira como a comercialização é
entendida, revelando a sua real importância. Algumas dessas transformações são: a busca
incessante por maior produtividade, com a mecanização e a utilização de fertilizantes químicos
e a concentração do mercado atacadista.
Nesse contexto, a comercialização passou a ser vista de uma forma muito mais ampla. Para
Barros (2007), a comercialização agrícola compreende uma série de funções e atividades
que ocorre na transmissão do produto pelos estágios produtivos até o consumidor final.
Essas atividades resultam na transformação dos bens, mediante a utilização dos recursos
produtivos – capital e trabalho – que atuam sobre a matéria-prima agrícola ou pecuária. Essas
transformações podem ser de três tipos:
Alterações de Tempo: todo produto agrícola tem um ciclo produtivo característico, sendo
ofertado em um período específico do ano, o período de safra. Como o consumo desse
Mas um ponto em nossa análise sobre comercialização, além dos termos atividade
intermediária, processo social, soma-se o contexto sistêmico em que está inserido o processo de
comercialização. Nesse contexto, o próprio papel da agricultura foi revisto, sendo que em 1957,
Ray Goldberg e John Davis cunharam o termo agribusiness, ou agronegócio em português,
que significa “a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas,
as operações de produção das unidades agrícolas; o armazenamento, processamento e
distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos com eles” (VASCONCELLOS ; PINHO,
2005).
Kon (1999) destaca que essa terminologia (primário, secundário e terciário) foi introduzida por
Fisher em 1935. Com a inclusão do setor terciário na análise, destaca-se a preocupação com
o bem-estar social, além da preocupação com as atividades essenciais para a sobrevivência e,
uma economia desenvolvida, uma sociedade pós-industrial seria a sociedade em que o setor
de serviço fosse dominante, fosse o mais representativo.
Os termos primário e secundário já eram utilizados para fazer um contraponto entre atividades extrati-
vas e manufatureiras. A inovação na época, foi a introdução do termo terciário, sendo que essa visão
da economia dividida em três setores se difundiu nas décadas seguintes.
Essa classificação não captava a real importância do setor agropecuário para a economia
como um todo. Com a visão sistêmica de Goldberg e Davis, a definição de agronegócio,
conseguiu captar as inter-relações entre a agropecuária e a agroindústria. Na Tabela 1.1,
você pode verificar que, em 2009, contabilizando a agricultura e pecuária, em termos de
atividade primária, a agropecuária representa apenas 6,14% do Produto Interno Bruto (PIB) do
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
a) Insumos 2,40% 2,46% 2,75% 3,06% 2,94% 2,56% 2,39% 2,55% 2,86% 2,61%
b) Agropecuária 5,75% 5,93% 6,47% 7,15% 6,71% 5,87% 5,52% 5,84% 6,38% 6,14%
Agricultura 3,02% 3,24% 3,72% 4,27% 3,97% 3,25% 3,12% 3,30% 3,68% 3,45%
Pecuária 2,72% 2,69% 2,75% 2,89% 2,74% 2,62% 2,41% 2,54% 2,70% 2,69%
c) Indústria 8,00% 7,83% 8,07% 8,21% 8,16% 7,92% 7,83% 7,70% 7,34% 6,94%
d) Distribuição 8,02% 8,04% 8,43% 8,67% 8,48% 7,95% 7,72% 7,77% 7,69% 7,40%
TOTAL 24,16% 24,27% 25,72% 27,09% 26,28% 24,29% 23,47% 23,87% 24,27% 23,08%
O ambiente em que ocorrem as interações entre os agentes econômicos por meio das
instituições apropriadas é o mercado. Para Peres et al. (2003), o mercado é o “lócus” em
que os compradores e vendedores se encontram para transacionar bens e serviços. Para
Troster e Mochón (2002), mercado é “toda a instituição social na qual bens e serviços, assim
como os fatores de produção, são trocados livremente”. No mercado ocorre a transferência da
propriedade da mercadoria por uma contrapartida em valores monetários. Essa transferência
de propriedade pode ser simultânea à transferência de posse (mercado à vista), ou ocorre
somente após certo período (mercado a termo ou mercado futuro).
Para Aguiar (2000), outro sentido que pode ser dado ao termo comercialização é o do
ramo da ciência econômica que estuda os mercados agropecuários. Nessa concepção, a
comercialização envolve a utilização de modelos econômicos e métodos quantitativos buscando
explicar o funcionamento do sistema de comercialização agrícola. Essa abordagem permite
a definição de estratégias para a tomada de decisão dos agentes e para a implementação de
políticas públicas visando tornar os mercados mais eficientes.
1. O que produzir e quais cuidados tomar para obter o máximo de receita na venda da produ-
ção? Entender os aspectos relacionados à oferta e demanda de produtos agrícolas já é um
primeiro passo.
2. Quando comprar e vender? Conhecer a sazonalidade dos produtos ajuda a responder essa
questão.
5. Que tipo de contrato deve-se fazer? Entender quais são os contratos existente já é um
primeiro passo.
7. Que outras políticas podem ser implementadas para aumentar a eficiência da comerciali-
zação?
Fonte: PHOTOS.COM
Fonte: PHOTOS.COM
Segundo Marques e Mello (1999), um mercado agropecuário pode ser classificado quanto ao
local de negociação, destacando-se as negociações de Balcão e Bolsa.
Mercado de Bolsa – consiste nos locais e sistemas apropriados para a negociação, com
registros, compensação e liquidação das operações de compra e venda de contratos
predefinidos e com a ampla divulgação das transações ali realizadas. Além disso, estabelecem
mecanismo e normas para o acompanhamento e a regularização dos mercados, garantindo a
autenticidade e a transparência das operações e sua liquidação.
Fonte: PHOTOS.COM
De acordo com BM&F (2005), outra distinção que pode ser feita é entre mercado físico e
mercado de derivativos.
Mercado de Derivativos: são instrumentos cujo preço de mercado “deriva”, ou seja, possui
estreita relação com o preço de mercado de um ativo real ou outro instrumento financeiro.
Do ponto de vista econômico, Carvalho (1996) denota que os derivativos cumprem as funções
de transferência de risco, em que uma parte exposta a um risco indesejado (hedger) pode
passar a outras partes que aceitam correr esses riscos (especuladores). Outra função é a
descoberta de preço, em que esses contratos dão aos seus participantes uma visão do preço
que se pode obter no futuro. E, por fim, os derivativos garantem a integridade das transações,
reduzindo o risco de crédito.
De acordo com BM&F (2005), quatro modalidades de contratos são negociadas nesses
mercados: Termo, Futuro, de Opções e de Swaps.
Contrato a Termo (forward): são acordos de compra e venda de um determinado ativo para
liquidação em uma data futura específica. O preço, espécie, quantidade e local de entrega
são definidos no momento da celebração do contrato. Um exemplo de contratos a termo muito
utilizado no meio rural é a troca por insumos, com a venda antecipada do insumo mediante
a promessa de entrega futura do produto. Com essa operação, o produtor e a agroindústria
eliminam o risco de mercado, ou seja, resolve o problema básico de encontrar um comprador
para um vendedor e vice-versa, mas continuam assumindo o risco de preço, dada a
possibilidade de oscilações adversas de preços. Bem como, não há intercambialidade nesse
contrato, ou seja, durante a vigência do contrato, o agente não pode transferir sua posição a
um terceiro.
Em uma opção de compra, o titular da call paga uma quantia para ter o direito de assumir uma
posição comprada no mercado futuro ao preço especificado no contrato (preço de exercício
ou strike price). Em contrapartida, o lançador da call, ao receber o valor do prêmio, possui a
obrigação de vender o objeto da negociação em uma data futura por um determinado preço,
caso o comprador venha a exercer o seu direito. De forma análoga, no caso das opções de
venda, o detentor da put tem o direito de vender o ativo-objeto em determinada data futura.
O lançador da put está sujeito às mesmas regras do lançador da call, sendo que de ambos é
exigido o depósito de margens de garantia (PURCELL ; KOONTZ, 1999).
Na seção anterior, você aprendeu que o mercado é o lócus em que os compradores e vendedores
se encontram para transacionar bens e serviços, ou seja, no qual a comercialização se realiza.
Nessa seção, foi explorado melhor esse conceito de mercado e suas distintas classificações,
seja quanto ao local de negociação (bolsa ou balcão), ou quando envolve questões temporais
(físico ou futuro). Quando se inclui a questão temporal na negociação, como é o caso do
mercado de derivativos, vários instrumentos contratuais surgem para se adequar às distintas
situações. Nesse sentido, foram apresentadas a definição de contrato a termo, futuros, de
NÍVEIS DE MERCADO
De acordo com Steele, Vera Filho e Welsh (1971), os produtos agrícolas, em sua maioria,
não seguem o fluxo direto entre produtores e consumidores finais. Assim, cada intermediário
presente no chamado canal de comercialização, exerce uma função ou serviço especial, seja
adicionando qualidade ou tornando a mercadoria mais desejável para o consumidor final.
A mudança de níveis de mercado tende a passar por três fases: concentração, equilíbrio e
dispersão (Figura 1.1):
C
O
P N
R S
O U
Cooperativas, Corretores, Bolsas, Atacadistas, Firmas
D M
Transportadoras, Fabricantes etc. etc
U I
T D
O O
R R
O fluxo de comercialização, de uma forma mais abrangente, dentro de uma visão sistêmica,
engloba os setores denominados “antes da porteira” e “depois da porteira”. Para Araújo
(2007), os setores “antes da porteira”, também conhecido como a montante da produção
agropecuária, são compostos basicamente pelos fornecedores de insumos e serviços, como:
máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes e corretivos, medicamentos veterinários,
vacinas, compostos orgânicos, melhoramento genético, rações, sementes, tecnologia,
financiamento etc.
Para Curi et al. (2006), no agronegócio brasileiro tem crescido a concentração nos segmentos
“antes da porteira” e “depois da porteira”. Segundo o autor, no ano de 2000, as dez maiores
empresas do mercado varejista de alimentos, detinham 46% do mercado; as 3 maiores
empresas de carne industrializada detinham 55% da produção; as 5 maiores indústrias de
produtos lácteos representavam 50% da produção, e as 5 maiores tradings possuíam 54% da
capacidade de esmagamento.
Tabela 1.2 - Participação Percentual dos diferentes setores na riqueza gerada pelo
Agronegócio
Produtores de Insumos
Esse segmento é composto por indústrias (de máquinas, adubos etc.), por empresas produtoras
de material genético e os distribuidores de insumos, é um segmento composto por poucas e
grandes empresas que, atuam em conjunto ou isoladamente, são capazes de influir nos preços
e nas quantidades dos produtos ofertados.
Produtores Rurais
Oligopólio e oligopsônio são estruturas de mercado que têm como características: alto poder de
mercado; parcela restrita de produtores domina a maior parte do mercado; produtos ofertados são
similares ou idênticos; há uma baixa competição. A diferença entre oligopólio e oligopsônio é que o
primeiro refere-se ao mercado de produtos (venda de produtos fi nais) e o segundo refere-se ao mer-
cado de fatores (compra de insumos).
Intermediários
Esse seguimento tem uma maior importância nas regiões menos desenvolvidas, com
infraestrutura mais precária e de produtores pequenos e não organizados em entidades
representativas. Em regiões mais desenvolvidas, as associações e cooperativas agroindustriais
desenvolvem esse papel, de coletar a produção nas propriedades rurais e transportar para as
etapas seguintes de comercialização.
Agroindústria
• Agroindústrias não alimentares – como fibras, couros, calçados, óleos vegetais não co-
mestíveis e outros.
Distribuidores
• Varejista - revende os produtos diretamente aos consumidores. Esse ramo é bastante seg-
mentado, engloba desde a formação de grandes redes de supermercados, até armazéns,
conveniências, sacolões, feiras livres etc. Por ter contato direto com o consumidor final,
esse segmento tem informação privilegiada sobre o comportamento da demanda, como
mudanças nos gostos dos consumidores, interferindo de forma significativa na formação
de preços dos produtos do agronegócio.
Consumidores
SERVIÇOS
AUXILIARES
-Pesquisa
- Crédito e
Financiamento
- Extensão Rural e
assistência técnica
- Elaboração de
projetos
- Etc.
C
DISTRIBUIDORES O
PRODUTORES PRODUTORES AGROINDUSTRIA N
IINTER- - Atacadista S
U
MEDIÁRIOS - Alimentares
DE - - Centrais de M
I
RURAIS Não Alimentares Abastecimentos e
D
Bolsa de Mercadorias
INSUMOS O
- Varejista R
E
S
CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO
• Nível 7 – Consumidores.
PRODUTORES RURAIS
INTERMEDIÁRIOS PRIMÁRIOS
INTERMEDIÁRIOS SECUNDÁRIOS
AGROINDÚSTRIAS
MERCADOS DO CONCENTRA-
PRODUTOR DORES
CONSUMIDORES
Você deve ter notado que o Governo aparece com uma função acessória no processo de
comercialização, processo esse, que, na essência, é conduzido pelo mercado. Mas nem
• Natureza do produto – atributos como volume, peso e grau de perecebilidade podem in-
fluenciar os canais de comercialização escolhidos. Para Rodovalho (2006), a maior pereci-
bilidade determina canais de comercialização mais curtos e quanto maior o volume unitário
do produto, maior a possibilidade de sucesso da comercialização direta.
Até aqui, estudou-se a comercialização pela ótica da análise estrutural, ou seja, a análise
das diferentes instituições e agentes que participam da comercialização e quais são as inter-
relações existentes. Essa análise estrutural também é contemplada na teoria econômica pelo
paradigma estrutura-conduta-desempenho (ECD). Para Kupfer e Hasenclever (2002), essas
variáveis podem ser definidas da seguinte forma:
Conforme citado acima, a proposição inicial do modelo ECD argumenta que a estrutura do
mercado influencia na conduta das firmas, o que, por sua vez, influencia no desempenho
do mercado. Porém, a conduta das empresas pode influenciar diretamente na estrutura do
mercado, sendo que as mesmas podem adotar estratégias de diferenciação do produto
mediante de propaganda, prática de preços que afastem potenciais concorrentes, entre outras
estratégias que podem criar barreiras à entrada e tornar o mercado altamente concentrado.
Enfim, essa abordagem econômica faz parte do que foi convencionado na literatura como
Teoria dos Custos de Transação (TCT) e é uma abordagem estrutural que pode ser empregada
para analisar a comercialização de produtos, inclusive produtos agroindustriais.
Porém, na literatura que trata sobre a comercialização agrícola, além da análise estrutural,
tem-se a análise funcional, ou seja, análise das funções da comercialização. Além disso, é
possível estender essas análises para entender o comportamento de um produto específico.
Na próxima seção, busca-se evidenciar alguns pontos da análise funcional.
Fonte: PHOTOS.COM
É nessa fase que o produto adquire a forma definitiva para o consumo e o beneficiamento
será responsável pela agregação de valor ao preço final do produto, incorporando ao mesmo,
características que são desejáveis aos consumidores.
Embalagem
Tem a função acessória ao beneficiamento, sendo que essa função demonstra a preocupação
com o acondicionamento, a conservação, a aparência do produto e a praticidade e facilidade
que o consumidor terá de utilizá-lo. Geralmente, essa função da comercialização é muito
explorada pelas estratégias de marketing, assunto que será abordado nas próximas unidades.
Nesse contexto, muitos autores incluem a propaganda como uma função da comercialização.
Transporte
Possui como função o agrupamento dos produtos, nas diversas unidades de produção,
conduzindo-os aos mercados terminais, que serão distribuídos aos centros de consumo até
os pontos de vendas locais e por fim aos consumidores. Nessa análise são consideradas as
variáveis: valor, volume, perecibilidade, topografia e modal de transporte. Entre os modais
existentes, cabe destacar: dutoviário, hidroviário, ferroviário, rodoviário e aéreo.
Armazenamento
Além da função de troca e das funções físicas, existem uma série de funções auxiliares que
são desempenhadas pela comercialização. Nesse contexto, Azevedo (2002) destaca que o
suprimento de recursos financeiros, a coordenação de cadeias produtivas, o fornecimento
de informações e a redução de riscos e incertezas em relação às oscilações de preços dos
produtos se constituem em novas funções da comercialização agropecuária. Entre as funções
auxiliares, cabe destacar:
Financiamento
Consiste na antecipação de recursos para a realização de certa atividade. Pode ser assumida
pelo intermediário ou transferida a terceiros, como o sistema financeiro.
Padronização e Classificação
Propaganda
Propaganda tem uma série de funções dentro dos sistemas de comercialização, principalmente,
porque afeta os níveis de demanda, incrementando a demanda por produtos existentes,
criando novas fontes de demanda.
Redução de Riscos
Informações de Mercado
Até aqui, vimos que comercialização de produtos agrícolas envolve todas as atividades,
funções e instituições necessárias à transferência de bens e serviços dos locais de produção
aos bens de consumo. Que os mercados agropecuários são classificados em Mercado de
Balcão, de Bolsa, Físico ou Disponível e também em Mercados de Derivativos, a Termo,
Futuro, Opção e Swaps. Existem diferentes níveis de mercados, mercado do produtor, mercado
atacadista e mercado varejista. Enquanto que, os canais de comercialização são os caminhos
percorridos pelos produtores que pode variar de acordo com cada produto e região. E por
último, discutimos as funções da comercialização, que envolvem as funções de troca físicas,
entre outras funções auxiliares.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Defina o que é comercialização agrícola e qual é o seu principal objetivo. Quais os riscos
envolvidos?
4) Vimos na Figura 1.1, o processo de comercialização agrícola e as suas três fases. Explique
e discuta dando exemplo de um produto agropecuário deste tipo de processo.
5) No dia a dia escutamos muito das autoridades ligadas ao agronegócio termos como, por
exemplo, “antes e depois da porteira”. Discuta esse termo, utilizando um produto agrope-
cuário para explicar o significado desse termo.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Margens de Comercialização
• Markups de Comercialização
Assim como a economia brasileira foi afetada por uma série de mudanças em meados da
década de 1990, fruto da abertura comercial e de um bem-sucedido plano de estabilização, o
plano real, a comercialização de produtos agroindustriais também foi afetada.
No âmbito do mercado consumidor, Aguiar (2000) destaca que esse processo levou a
incorporação de hábitos de consumo internacionais por parte dos consumidores brasileiros
como, por exemplo, a preferência por produtos prontos ou semiprontos e a necessidade, por
partes das firmas, de reorganizarem suas estratégias para o atendimento das novas tendências
de consumo.
A oferta de produtos também sofreu uma série de mudanças. Para Aguiar (2000), no setor de
processamento de produtos agropecuários, houve fusões, aquisições e, em menor escala, a
criação de novas plantas produtivas, fatores que tornaram os mercados mais concentrados.
Setores mais concentrados geram maiores economias de escala e utilizam um maior aporte
tecnológico no processo produtivo.
Bom estudo!
Prof. Me. Silvio Silvestre Barczsz e Prof. Me. Julyerme Matheus Tonin
Vamos iniciar nossa discussão pelos princípios de oferta e demanda do mercado agropecuário,
por uma sintética revisão da maneira pela qual, as curvas de oferta e demanda são utilizadas
para descrever o mecanismo de formação de preços. Em seguida, serão analisadas as
especificidades do setor agropecuário e sua influência na formação de preços. Em economia,
costuma-se representar o mercado competitivo mediante as curvas de oferta e demanda.
Atenção!
Se você se sentir meio perdido na leitura deste item, faça então, uma revisão de qualquer livro de intro-
dução à economia. Uma sugestão é você dar uma pesquisada nos livros disponíveis na sua Biblioteca
Virtual da Pearson ou na biblioteca do seu polo.
Para Marques, Mello e Martines (2006), o “problema” da agropecuária está relacionado aos
C
O
P N
R S
O U
Cooperativas, Corretores, Bolsas, Atacadistas, Firmas
D M
Transportadoras, Fabricantes etc. etc
U I
T D
O O
R R
Para Troster e Móchon (2002), a curva de oferta(s) representa as várias quantidades que os
produtores estarão dispostos e aptos a produzir e oferecer no mercado, em função dos vários
O ponto em que as duas curvas se interceptam é conhecido como ponto de equilíbrio (E).
Afirma-se que nesse ponto não há escassez ou excesso de mercadoria no mercado. Um preço
maior que o preço de equilíbrio (P*), fará com que uma parcela do que foi produzido não seja
consumido, gerando um excedente de produção. Essa parcela não consumida faz com que
as empresas acumulem estoques, que exerce influência sobre o preço levando a economia
ao ponto de equilíbrio. Em caso de escassez de produto, a elevação do preço atrai novos
produtos, o que leva a economia ao ponto de equilíbrio.
Ressalta-se que a oferta e demanda são também determinados por outras variáveis, além do
preço.
De acordo com Vasconcellos e Pinho (2005), a tecnologia de produção adotada pela empresa,
os preços dos insumos, o número de concorrentes no mercado, as expectativas futuras, a
regulamentação do governo são alguns dos fatores que afetam a oferta.
Enquanto que, os gostos e preferências dos consumidores, preço dos bens relacionados
(substitutos e complementares), a renda do consumidor, o total da população, a disponibilidade
de crédito, os níveis passados de renda e a regulamentação do governo são fatores que afetam
A demanda de mercado, por sua vez, é o somatório das curvas de demandas dos consumidores
que atuam em um mercado específico. Outro conceito importante na análise da demanda, é o
conceito de elasticidade. Vasconcellos e Garcia (2004) salientam que a elasticidade é o grau
de reação ou sensibilidade de uma variável quando ocorrem alterações em outra variável.
Para Vasconcellos e Garcia (2004), fatores como essencialidade do bem e parcela que o bem
representa do orçamento são fatores que contribuem para a elasticidade desse bem. É nesse
contexto que os produtos agropecuários e agroindustriais se inserem, pois são considerados
bens de primeira necessidade e com isso apresentam demanda inelástica.
Fonte: PHOTOS.COM
Antes de iniciar esse tópico, gostaríamos de lhe fazer uma pergunta: Quais fatores podem
afetar o comportamento dos consumidores e dos produtores? Bom, tratando-se do setor
agropecuário é necessário destacar que algumas particularidades desse setor afetam
diretamente o comportamento de produtores e consumidores. Batalha (2005) destaca algumas
dessas particularidades:
Como exemplo, podem-se citar os principais fatores que afetam a oferta de produtos como
o milho e a soja, fundamentais na produção paranaense. Pelo lado da Oferta, os fatores que
afetam a comercialização são:
a) Infraestrutura de esmagamento.
b) Logística de exportação.
Dessa forma, elencar os fatores que exercem influência sobre os preços de uma determinada
commodity é uma prática bastante utilizada no mercado de derivativos. O agente que
assume uma posição futura, seja em um contrato a termo, contrato futuro ou opções busca
instrumentos para avaliar qual seria o preço justo do ativo que está sendo negociado. Existem
dois tipos de análises utilizadas para avaliação do preço dos ativos no mercado financeiro:
análise fundamentalista e análise grafista.
Rotella (1992), citado por Chaves (2004), destaca que a análise técnica pode ser subdividida
em dois grupos: análise subjetiva, refere-se a interpretação das ferramentas estatísticas, ou
seja, dos diferentes gráficos existentes que refletem comportamentos típicos de mercado
(resistência, suporte, gráficos de candles, ombro-cabeça-ombro etc.); análise objetiva, refere-
se a análise dos resultados obtidos com a utilização de métodos estatísticos ou modelos
matemáticos (índice de força relativa, médias móveis etc).
Tanto a análise fundamentalista, como a análise grafista são úteis para entender o
comportamento dos preços de ativos financeiros ou de commodities. Como essas análises
se baseiam no passado recente para prever o futuro próximo, ambas tem limitações, então é
necessário conciliar as duas análises para obter melhor resultados e aprimorar a gestão de
risco de um determinado empreendimento.
MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO
A demanda do consumidor por bens finais do setor agropecuário se refere, não apenas à
matéria-prima em si, mas também, aos serviços adicionais a esta matéria-prima, tais como:
transporte, armazenamento, processamento, classificação, embalagem etc. Para a realização
destes serviços, os agentes do processo de comercialização incorrem em custos que podem
ser classificados em variáveis (embalagem, fretes e manipulações, impostos como ICMS,
taxas de seguro e financiamento, armazenamento, beneficiamento, perdas, classificação etc.)
e fixos (juro e depreciação sobre benfeitorias, máquinas e equipamentos).
Essa agregação de serviços é que faz a diferença entre o preço recebido pelo produtor e o
preço pago pelo consumidor. Esta diferença é mensurada pela margem de comercialização.
Porém, Barros (2007) destaca que margem e custos de comercialização são conceitos
Em que:
C = é o custo.
Steele, Vera Filho e Welsh (1971) analisam a margem de comercialização como a diferença
entre o que os consumidores finais gastam com o consumo de seus alimentos em uma
economia e o somatório dos preços recebidos pelos produtores por essas mercadorias em
seu estado natural.
Por que é importante os agentes envolvidos na comercialização saberem o valor da margem de co-
mercialização? Fique atento, pois vamos lhe responder esse questionamento no decorrer deste item.
• Quanto mais competitivo o mercado e produtos idênticos, menor será a margem de comer-
cialização.
Outro aspecto interessante foi identificado por Steele, Vera Filho e Welsh (1971), em que a
margem de comercialização muda mais lentamente do que os preços.
Na literatura que trata sobre o tema, você vai perceber que a margem de comercialização
diferencia-se entre distintos produtos e essas diferenças devem-se aos custos de transporte
e armazenagem e grau de desperdício do produto nesses estágios, perecibilidade do produto,
grau de processamento e industrialização do produto entre outros.
Em que:
Como exemplo ilustrativo, atualizaremos os dados do trabalho de Carrer (2009). Nesse estudo,
o autor analisou os preços da uva fina de mesa em Marialva-PR, no período de 1998 a 2009.
Na tabela 2.1 são apresentados os dados para o período de janeiro a setembro de 2010.
Para demonstrar como foi realizado o cálculo das margens, tome como exemplo, o mês de
janeiro de 2010.
Você pode verificar que a margem total, corresponde ao somatório das margens do atacadista
Fonte: Andreotti (2010) com base nos dados básicos do SEAB/DERAL (2010).
O autor identifica algumas questões pontuais que devem ser levadas em conta ao analisar a
margem de comercialização. Os resultados de margem são valores correntes, então não levam
em conta a defasagem entre o período que cada agente fez a comercialização do produto, isso
pode levar a subestimação de seu real valor. Outro ponto relevante, é que nem sempre se
conhece a procedência do produto.
Por exemplo, uma cooperativa compra a soja de diferentes procedências, assim o cálculo da
margem deixa de ser apenas um cálculo entre dois preços.
Para ter acesso a uma relação dos principais trabalhos sobre margem de comercialização realizados
no Brasil e em outros países consulte:
ANDREOTTI, A. Q. A. Aspectos da comercialização de mandioca: uma abordagem empírica para
o estado do Paraná. Monografi a (Graduação em Ciências Econômicas), Universidade Estadual de
Maringá, Maringá, 2010.
Bom, você deve-se estar se perguntando: O que faz com que os valores das margens sejam
diferentes entre produtos? Para lhe responder essa pergunta, vamos apresentar um quadro
com alguns fatores que determinam a margem de comercialização. São eles:
Fatores Margem
Quanto maior for a perecibilidade, perdas ou quebras maior deve ser a margem, tendo em vista que
durante a comercialização, produtos como a carne, leite etc. exigem
refrigeração tanto na estocagem quanto no
transporte, resultando consequentemente em
custos maiores, e às quebras repassadas para
o preço.
Quanto maior for o grau de processamento, maior será a margem, devido aos maiores
embalagens e classificação, custos para executar esse serviço.
Quanto maior for a relação entre o volume de vendas menor será a margem.
e capacidade de estoques, os custos de
financiamento, estocagem e risco podem ser
distribuídos entre um maior número de unidades do
produto, resultando em redução dos custos unitário,
Quanto maior o aumento no custo unitário dos maior será a margem, devido à elevação nos
fatores, custos. Exemplo: aumentos sucessivos nos
preços do petróleo têm elevado os custos de
transporte e consequentemente a margem
Quanto maior a quantidade de serviços adicionados à maior será a margem, devido aos maiores
matéria-prima, custos para executar os serviços.
Quanto mais dispersa a produção em milhares de maior será a margem, pois maiores serão os
produtores com pequeno volume médio de produção, custos de recolher esta produção.
MARKUP DE COMERCIALIZAÇÃO
Fonte: PHOTOS.COM
No Quadro 2.2, você tem um resumo das fórmulas utilizadas no cálculo do Markup Total, no
Atacado e no Varejo, com base no valor absoluto e também no valor relativo.
Para efeito de comparação, utilizaremos o mesmo exemplo anterior, ou seja, os preços da uva
fina de mesa em Marialva-PR, de janeiro a setembro de 2010.
Como foi dito anteriormente, em termos absolutos, não há diferença entre margem e markup.
Como o markup representa o percentual que cada setor acrescente ao valor de aquisição do
produto não há uma relação direta entre os diferentes markups, ou seja, não tem o caráter de
representatividade da margem, podendo, na maioria dos casos, ultrapassar o montante de
100%.
Para demonstrar como foi realizado o cálculo das margens, tome como exemplo, o mês de
janeiro de 2010.
MKT = 4,55 - 1,75 = 2,80 MKT ¢= [4,55 - 1,75 1,75]´ 100 = 160,00%
MKa = 2,76 - 1,75 = 1,01 MKa¢= [2,76 - 1,75 1,75]´ 100 = 57,71%
MKv = 4,55 - 2,76 = 1,79 MKv¢= [4,55 - 2,76 2,76]´ 100 = 64,86%
O valor que o markup assume em cada nível de mercado depende do poder de mercado de
cada um dos agentes. Você pode notar que não foi considerada a parcela do produtor na
análise, pois de acordo com a teoria econômica, o produtor é tomador de preço, ou seja, o
produtor vai ao mercado para verificar quanto que estão pagando pelo seu produto, assim, não
define qualquer tipo de markup sobre o seu produto.
Na Figura 2.3 está apresentado o resultado de uma pesquisa empírica, em que Manfio (2005)
calculou o markup do feijão preto no Paraná no período de 1982 a 2004.
Fonte: Manfio (2005) com base nos dados básicos do SEAB/DERAL (2005).
PADILHA JUNIOR, J. B. ; MENDES, Judas Tadeu Grassi. Agronegócios: uma abordagem econômi-
ca. 1. ed. SP: Pearson Education, 2007. v.1. 369 p
Nesta unidade, vimos a definição de oferta que representa as várias quantidades que
os produtores estão dispostos e aptos a produzirem e oferecer no mercado, em função
dos vários níveis de preços possíveis. Já a curva de demanda mostra a relação entre a
quantidade demandada de um bem por todos os indivíduos e seu preço. Vimos algumas
das particularidades deste setor, como sazonalidade da produção e do consumo, variações
da quantidade do produto agropecuário, perecibilidade da matéria-prima e do produto final,
questões sanitárias entre outras particularidades.
Vimos também os principais fatores que afetam a oferta de produtos como o milho e a soja,
fundamentais na produção paranaense. Os dois tipos de análises utilizadas para avaliação
do preço dos ativos no mercado financeiro: análise fundamentalista e análise grafista. E, por
último, foi visto as margens de Comercialização e a sua interpretação e os fatores que afetam
as margens de comercialização.
Todos esses pontos abordados ajudam a compreender como a análise do setor agropecuário
é uma análise singular, dada às particularidades apresentadas e como os diversos níveis
de mercados (apresentados na unidade anterior) interagem, determinando as margens de
comercialização e markup. Para a próxima seção, seguiremos em nossa análise, interpretando
o preço em diferentes regiões, com a análise da lei do preço único, o que compõe o preço de
determinado produto e a atuação do governo na comercialização.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) O que é Curva de Oferta? Se o preço de um produto aumentar, qual implicação para a
próxima safra para este produto?
10) Discuta quais os fatores que afetam as margens de comercialização de um produto agrí-
cola como a Soja.
11) Vamos supor dois canais de comercialização diferentes, que possuem níveis de processa-
mento e matérias-primas diferentes, porém o produto disponibilizado ao consumidor final é
similar – o lombo de suíno sem osso.Considere que cada agente corresponde aos níveis
produtor, atacado e varejo, respectivamente. Então se pede:
Canal de Comercialização 1 -
Suíno Suíno
Suíno Participação Margem Margem Margem
Período Carcaça Lombo
Comum produtor Atacadista Varejista Total
comum (s/osso)
Suíno Suíno
Suíno Participaçã Margem Margem Margem
Período Carcaça - Lombo
Raça o produtor Atacadista Varejista Total
raça (s/osso)
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Instrumentos de Comercialização
• Estratégias de Comercialização
INTRODUÇÃO
Olá, caro aluno (a), bem-vindo a nossa terceira unidade. Nesta unidade, vamos avaliar os
pressupostos teóricos, relacionados com a formação de preços dos produtos agropecuários,
dado que, os produtos agropecuários produzidos no Brasil transcendem as nossas fronteiras,
comercializamos para quase todos os países do nosso globo terrestre. Por exemplo, a carne
de frango é comercializada para mais de 150 países. Porém, é importante entender como se
dá formação desses preços, e para compreender essa questão iniciaremos nossas discussões
na Lei do Preço Único.
Para saber mais sobre a presença da carne de frango brasileira acesse o site do Brazilianchicken por
meio do link <http://www.brazilianchicken.com.br/industria-avicola/o-frango-pelo-mundo.php>.
Outro assunto abordado nesta unidade refere-se à atuação do governo na comercialização, seja pela
condução da política econômica, pelos instrumentos de apoio a comercialização e também a atuação
do setor privado na comercialização agropecuária.
Prof. Me. Silvio Silvestre Barczsz e Prof. Me. Julyerme Matheus Tonin
Um dos principais fatores que afeta o comércio entre duas nações é a taxa de câmbio. Por
taxa de câmbio entende-se o preço de uma moeda em relação à outra, que é dado pela oferta
e demanda das moedas dos países. Para Vasconcellos e Pinho (2005), para determinar os
fluxos comerciais entre os países, a taxa de câmbio relevante é a chamada taxa de câmbio
real, que corresponde ao relativo de preços do produto nacional e estrangeiro. Tomando como
referência o dólar, a taxa de câmbio pode ser obtida pela seguinte expressão:
E .P *
ε=
P
ε = é a taxa de câmbio real.
Exemplo:
Considere que uma saca de soja no Brasil custe R$ 45,00 e na bolsa de Chicago está sendo cotado a
US$ 20,00. Se a taxa de câmbio nominal no Brasil for de R$ 2,25, teremos a seguinte taxa de câmbio
real:
Uma desvalorização da taxa de câmbio real signifi ca que o produto nacional fi cou relativamente mais
barato que o estrangeiro, estimulando a demanda por esses produtos, tanto pelo aumento da expor-
tação quanto pela diminuição das importações (porque fi ca relativamente mais caro consumir produ-
tos importados). Observe que uma desvalorização da taxa de câmbio nominal não necessariamente
signifi ca uma desvalorização da taxa de câmbio real. Por sua vez, uma valorização cambial signifi ca
que a moeda nacional fi cou mais forte, ou que, o produto nacional fi cou mais caro do que o similar
estrangeiro. Com a valorização cambial, há um estímulo para a redução das exportações e para um
aumento das importações. Enfi m, um primeiro fator que equilíbra o comércio entre os países é a taxa
de câmbio.
Para exemplificar como a lei do preço único opera em diferentes localidades, o Gráfico
3.1 apresenta o comportamento de preço da soja em Maringá e Paranaguá no período de
2003 a 2008. Verifica-se que o comportamento dos preços é similar entre as praças de
comercialização de Maringá e Paranaguá. Isso ocorre porque se o preço de Maringá, mais os
custos de transporte fossem menores que os preços em Paranaguá, haveria oportunidades de
arbitragem entre essas duas localidades.
No fim, ambas as regiões compartilham uma mesma tendência de preços, ou seja, se o preço
da soja sobe, ele sobe em Maringá, em Paranaguá, em Sorriso, em Chicago etc, e vice-versa.
Assim se estabelece a lei do preço único, em que cada commodity tem por sua vez um preço
internacional, e fatores que afetam a oferta ou demanda desse bem tem repercussões no seu
preço em todas as localidades.
Fonte: Elaboração de Tonin et al. (2008) com base nos dados da Cocamar e da Safras e Mercados.
Tendo como base a Lei do Preço Único, podemos auferir que o preço doméstico do produto
agrícola, como uma função do preço internacional da commodity agrícola e da taxa de câmbio
nominal. Algebricamente, esse modelo pode ser representado como: Pit = Pit* .Et
Para captar possíveis desvios, em função de variáveis não introduzidas no modelo, adiciona-se
um termo de erro (µ ) na equação. Então, podemos escrever a equação na forma logarítmica:
Por meio de procedimentos econométricos (que não fazem parte do escopo desse material)
pode-se analisar a aplicabilidade da Lei do Preço Único e mensurar qual é a transmissão de
preço do mercado internacional para o mercado doméstico, de determinadas commodities.
Uma aplicação empírica da Lei do Preço Único pode ser encontrada no seguinte trabalho, que analisa
a transmissão do preço da bolsa de Chicago para a soja na região de Maringá.
TONIN, J. M; BARCZSZ, S.S. Transmissão de Preços da soja entre os mercados externo e interno:
uma abordagem para a região de Maringá. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Econo-
mia, Administração e Sociologia Rural, Rio Branco, 2008. Disponível em: <http://www.sober.org.br/
palestra/9/347.pdf>.
De acordo com Hylleberg et al. (1990), a abordagem estrutural ou análise técnica de séries
temporais, como ficou conhecida essa teoria, analisa uma série por meio de seus componentes:
tendência, ciclo, sazonalidade e componente irregular ou volatilidade.
A tendência é definida como sendo a “direção” de longo prazo da série temporal. Para Chatfield
(2003), a tendência relaciona-se ao declínio, elevação ou estabilidade do valor médio da série
com o decorrer do tempo (aproximadamente 25 anos).
Como a tendência refere-se a um período longo de tempo e como no Brasil, uma série de
preços longa, requer uma série de conversões de moeda, como exemplo, no Gráfico 3.2
utilizou-se a série de preço pago ao produtor de milho em US$/sc. Podem-se verificar duas
séries de preços: preço nominal e preço real. A série de preço nominal foi a série primária
obtida no SEAB/DERAL, a série de preço real é a série de preço nominal deflacionada.
Em uma série de preço, os valores correntes em diferentes anos não são prontamente
comparáveis, devido à ocorrência da inflação e à consequente perda do poder aquisitivo
durante o tempo. Então, ao realizar o deflacionamento busca-se comparar os valores reais
da série durante o período analisado. Para isso, é necessário utilizar um índice de preço para
converter todas as referências de preço para um determinado período-base (que pode ser
um dia, um mês ou um ano, dependendo da análise a ser realizada). São vários os índices
de preço disponíveis (IPCA, INPC, ICV, IGP-M, IGP-DI etc.). Como nesse exemplo utilizou-se
uma série em dólar, o menor índice de preço seria o CPI-U1 , que é o índice de inflação da
moeda norte-americana.
Vc
Vd = ´ Ib
In
Em
Em que:
que:
Vd = é o valor deflacionado.
Vc = é o valor corrente.
I n = é o índice do deflator para um período n qualquer.
I b = é o índice do deflator para o período base.
Como exemplo, abaixo segue o preço deflacionado dos últimos seis meses da série, como
Fonte: Elaborado com base nos dados da SEAB/DERAL(2010) e U.S. Department Of Labor Statistics
(2011).
7,73
Vd = ´ 218,803 = 7,76
217,965
Com a série de preço real, pode-se fazer a análise de seus componentes. A tendência é o
preço médio da série, o caminho de longo prazo dessa série. Em uma planilha do Microsoft
Excel, já está disponível uma função que permite plotar em um gráfico sua tendência. Assim,
o Gráfico 3.3 destaca a tendência observada na série de preço do milho pago ao produtor no
Paraná.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados mensais do SEAB/DERAL (2010).
No setor agropecuário, a cultura do café apresenta ciclos característicos. Bacha (1998) destaca
a presença dos ciclos bienais e os ciclos plurianuais. O ciclo bienal ocorre como consequência
do esgotamento da planta, em que uma boa florada em determinado ano afeta a produtividade
da planta no ano seguinte. O ciclo plurianual ocorre devido ao café ser uma cultura perene
e demandar certo tempo entre o plantio e a maturidade da produção. Com isso, as áreas
ocupadas por cafezais em formação têm impacto significativo sobre a oferta futura do produto.
São várias as formas de se identificar o ciclo de preço, sendo a mais utilizada, o cálculo de
Fonte: Elaboração própria com base nos dados mensais do SEAB/DERAL (2010).
Verifica-se que o ciclo equivale a uma suavização da série de preços. Analisando o ciclo,
fica mais fácil identificar os movimentos de alta ou de queda dos preços. Ao suavizar a série,
retirando do gráfico as frequentes flutuações periódicas de preço, fica mais fácil de observar a
direção que o preço está seguindo em determinado período de tempo.
A análise do componente sazonal tem evoluído muito no decorrer dos anos, sendo elaborados
vários métodos para o ajustamento sazonal de séries históricas. Pino et al. (1994) demonstram
que o estudo da sazonalidade pode ser classificado em três categorias distintas:
A análise espectral consiste em estudar uma série temporal no domínio da frequência, sendo
necessária a utilização de senos e cossenos para identificação dos componentes dessa série.
(Os métodos baseados em modelos probabilísticos são calculados por meio da disciplina de
econometria, muito utilizado pelos economistas). Assim, dada a complexidade desses dois
métodos, o cálculo da sazonalidade será baseado nos métodos não paramétricos, permitem
que os próprios dados indiquem a forma funcional mais apropriada, ou seja, não assume
pressuposições rígidas acerca das variáveis.
Como o proposto por Hoffmann (1998), pode ser expresso algebricamente como:
Em que:
Pij = é empregado quando se analisa diferentes níveis de mercado, em que i indica o nível de
mercado j indica o período de tempo.
Para entender como ocorre o procedimento, utilizou-se como exemplo o cálculo do índice de
sazonalidade do preço do milho pago ao produtor de milho no Paraná, série mensal em US$/
saca, do Departamento de Economia Rural (DERAL/SEAB), no período de 2001 a 2010. Cabe
destacar que para o cálculo da sazonalidade devem ser utilizados períodos longos de tempo,
para evitar que uma safra atípica torne os resultados tendenciosos. Assim, para efeito de
comparação no final da análise, será apresentado o índice para o mesmo produto no período
de 1975 a 2010. Enfim, para o cálculo do índice de sazonalidade siga os passos descritos
abaixo:
Tabela 3.2 – Série Nominal de preços mensais pagos aos produtores de milho no Paraná
no período de 2001 a 2010
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
JAN 4,02 4,37 5,99 5,30 4,82 5,22 7,74 12,52 7,61 8,19
FEV 3,62 4,46 5,51 5,10 5,20 5,93 7,82 11,99 7,47 7,66
MAR 3,36 4,75 5,13 5,40 5,71 5,16 7,77 11,64 6,97 7,76
ABR 3,26 4,93 5,40 6,26 6,26 4,89 7,29 11,86 7,47 7,79
MAI 3,11 4,86 5,25 6,07 6,45 5,37 7,30 12,13 8,45 7,58
JUN 3,21 4,71 5,14 5,54 6,52 5,53 7,65 12,47 8,80 7,71
JUL 3,18 4,56 4,53 5,29 6,78 5,48 7,59 13,40 7,99 7,39
AGO 3,69 4,35 4,35 4,97 6,41 5,50 8,16 11,44 7,97 8,04
SET 3,63 4,76 4,97 5,18 6,32 5,59 10,24 9,85 7,97 9,66
OUT 3,57 4,83 5,02 4,97 5,85 6,22 10,73 7,82 8,75 10,55
NOV 3,96 6,21 5,02 4,84 5,37 7,16 13,11 6,94 8,99 11,60
DEZ 4,32 5,74 5,21 4,62 5,02 7,66 13,85 6,36 8,47 11,52
2º passo – para facilitar o cálculo, monte uma tabela similar com o deflator escolhido. Nesse
caso, como a série é em US$/saca utilizou-se o Consumer Price Index Urban Consumers
(CPI-U), do Boreau of Labor Statistics dos Estados Unidos. Porém, muita atenção, utilizou-
se a série em dólares para facilitar a processo de deflação, dado que para a deflação de um
série longa de preços no Brasil há uma série de empecilhos, dadas as mudanças de moeda e
de indexadores ao longo do tempo. Porém, para o cálculo do índice de sazonalidade deve-se
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
JAN 175,1 177,1 181,7 185,2 190,7 198,3 202,4 211,1 211,1 216,7
FEV 175,8 177,8 183,1 186,2 191,8 198,7 203,5 211,7 212,2 216,7
MAR 176,2 178,8 184,2 187,4 193,3 199,8 205,4 213,5 212,7 217,6
ABR 176,9 179,8 183,8 188,0 194,6 201,5 206,7 214,8 213,2 218,0
MAI 177,7 179,8 183,5 189,1 194,4 202,5 207,9 216,6 213,9 218,2
JUN 178,0 179,9 183,7 189,7 194,5 202,9 208,4 218,8 215,7 218,0
JUL 177,5 180,1 183,9 189,4 195,4 203,5 208,3 220,0 215,4 218,0
AGO 177,5 180,7 184,6 189,5 196,4 203,9 207,9 219,1 215,8 218,3
SET 178,3 181,0 185,2 189,9 198,8 202,9 208,5 218,8 216,0 218,4
OUT 177,7 181,3 185,0 190,9 199,2 201,8 208,9 216,6 216,2 218,7
NOV 177,4 181,3 184,5 191,0 197,6 201,5 210,2 212,4 216,3 218,8
DEZ 176,7 180,9 184,3 190,3 196,8 201,8 210,0 210,2 215,9 219,2
Fonte: U.S. Department Of Labor / Bureau of Labor Statistics - Disponível em: <ftp://ftp.bls.gov/pub/
special.requests/cpi/cpiai.txt>. Acesso em: 26 abr. 2011.
Vc
Vd = ´ Ib
In
Tabela 3.4 – Série Real de preços mensais pagos aos produtores de milho no Paraná no
período de 2001 a 2010
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
JAN 5,03 5,41 7,23 6,28 5,54 5,77 8,38 13,00 7,90 8,29
FEV 4,51 5,50 6,59 6,00 5,94 6,54 8,42 12,42 7,72 7,75
MAR 4,18 5,82 6,11 6,32 6,48 5,66 8,30 11,95 7,18 7,81
ABR 4,04 6,01 6,44 7,30 7,05 5,32 7,73 12,10 7,68 7,83
MAI 3,84 5,92 6,27 7,04 7,27 5,81 7,70 12,27 8,66 7,61
JUN 3,95 5,73 6,13 6,40 7,35 5,97 8,05 12,49 8,95 7,75
JUL 3,93 5,55 5,39 6,12 7,60 5,90 7,98 13,35 8,13 7,43
AGO 4,55 5,28 5,17 5,75 7,16 5,91 8,60 11,45 8,09 8,07
SET 4,46 5,77 5,88 5,97 6,97 6,04 10,77 9,87 8,09 9,70
OUT 4,40 5,84 5,95 5,71 6,44 6,75 11,26 7,91 8,87 10,58
NOV 4,90 7,51 5,96 5,56 5,95 7,79 13,67 7,16 9,11 11,62
DEZ 5,36 6,95 6,19 5,32 5,59 8,32 14,45 6,63 8,60 11,52
4º passo – após a obtenção da série de dados reais, calcula-se a média móvel geométrica
centralizada de 12 meses da série de preços representada por Gt , conforme a fórmula:
Gt = 12 Pt -6
0,5
× Pt -5 × ... × Pt × ... × Pt +5 × Pt + 6
0,5
(5)
Tabela 3.5 – Média Móvel Geométrica Centralizada dos preços reais mensais pagos aos
produtores de milho no Paraná
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
JAN 5,20 6,27 6,16 6,19 6,13 7,47 11,84 8,35 8,12
FEV 5,30 6,25 6,22 6,31 6,02 7,68 12,24 8,06 8,09
MAR 5,39 6,25 6,25 6,41 5,94 7,99 12,34 7,88 8,15
ABR 5,52 6,26 6,25 6,48 5,91 8,36 12,12 7,86 8,27
MAI 5,68 6,21 6,22 6,53 5,99 8,75 11,63 7,97 8,42
JUN 5,85 6,12 6,16 6,56 6,16 9,16 10,95 8,14 8,61
JUL 4,42 5,98 6,05 6,09 6,59 6,36 9,55 10,39 8,25
AGO 4,47 6,10 5,99 6,06 6,62 6,53 9,88 9,97 8,26
SET 4,57 6,16 5,98 6,06 6,61 6,70 10,20 9,57 8,29
OUT 4,71 6,19 6,02 6,06 6,50 6,92 10,55 9,20 8,33
NOV 4,88 6,22 6,08 6,06 6,36 7,11 10,96 8,89 8,29
DEZ 5,04 6,26 6,12 6,10 6,25 7,28 11,38 8,65 8,20
ln( Pt ) = a + bt + et + ut 3(6)
3
Equação equivale a ln( Pt ) = ln( A) + t. ln( B ) + ln(e t ) + ln(U t )
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Jan 0,040 0,143 0,018 -0,111 -0,062 0,115 0,093 -0,055 0,021
Fev 0,036 0,053 -0,036 -0,060 0,083 0,092 0,014 -0,044 -0,043
Mar 0,077 -0,023 0,010 0,012 -0,047 0,038 -0,033 -0,093 -0,042
Abr 0,085 0,029 0,156 0,085 -0,105 -0,078 -0,002 -0,022 -0,055
Mai 0,042 0,010 0,124 0,107 -0,030 -0,128 0,054 0,082 -0,100
Jun -0,020 0,002 0,038 0,114 -0,031 -0,130 0,131 0,094 -0,104
Jul -0,117 -0,075 -0,115 0,004 0,143 -0,075 -0,179 0,251 -0,014
Ago 0,019 -0,145 -0,149 -0,053 0,078 -0,099 -0,139 0,138 -0,021
Set -0,025 -0,066 -0,017 -0,014 0,053 -0,105 0,054 0,030 -0,025
Out -0,068 -0,059 -0,012 -0,059 -0,009 -0,024 0,065 -0,151 0,063
Nov 0,004 0,188 -0,019 -0,086 -0,067 0,091 0,221 -0,217 0,094
Dez 0,061 0,105 0,012 -0,136 -0,112 0,133 0,239 -0,265 0,048
6º Passo – feito isso, procede-se ao cálculo das diferenças, ou seja, o quociente, que se
multiplicado por 100, corresponde ao índice estacional, que pode ser representado por:
Tabela 3.7 – Série de Diferenças entre o Preço Nominal e a Média Móvel Geométrica
Centralizada dos preços reais mensais pagos aos produtores de milho no Paraná
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
JAN 1,04 1,15 1,02 0,90 0,94 1,12 1,10 0,95 1,02
FEV 1,04 1,05 0,96 0,94 1,09 1,10 1,01 0,96 0,96
MAR 1,08 0,98 1,01 1,01 0,95 1,04 0,97 0,91 0,96
ABR 1,09 1,03 1,17 1,09 0,90 0,92 1,00 0,98 0,95
MAI 1,04 1,01 1,13 1,11 0,97 0,88 1,06 1,09 0,90
JUN 0,98 1,00 1,04 1,12 0,97 0,88 1,14 1,10 0,90
JUL 0,89 0,93 0,89 1,00 1,15 0,93 0,84 1,29 0,99
AGO 1,02 0,86 0,86 0,95 1,08 0,91 0,87 1,15 0,98
SET 0,98 0,94 0,98 0,99 1,05 0,90 1,06 1,03 0,98
OUT 0,93 0,94 0,99 0,94 0,99 0,98 1,07 0,86 1,06
NOV 1,00 1,21 0,98 0,92 0,94 1,10 1,25 0,80 1,10
DEZ 1,06 1,11 1,01 0,87 0,89 1,14 1,27 0,77 1,05
Õe
*
7º Passo – para cumprir a j = 1 , calcula-se o valor dos D j , ou seja, a média
i =1
geométrica dos valores de Dij para o j-ésimo mês por meio das fórmulas:
1 1
æ n -1 ö n -1 se æ n ö n -1 (8)
D * j = çç Õ Dij ÷÷ 7 £ j £ 12 e D* j = çç Õ Dij ÷÷ se 1 £ j £ 6
è i =1 ø è i =2 ø
1,00520 1,00541
1,00305 1,00327
0,99434 0,99455
0,98808 0,98828
0,99632 0,99653
0,99184 0,99204
1,00678 1,00699
1,00275 1,00296
0,99747 1,00000
C= 0,99979
*
8º Passo – caso o produtório dos D j for diferente de 1, Hoffmann (1998) salienta que é
1
æ 12 ö12
C = çç Õ D * j ÷÷
è j =1 ø
9º Passo – a dispersão do dij pode ser medida por meio da estimativa do desvio-padrão,
onde dij são as diferenças entre os preços e as respectivas médias móveis centralizadas. A
dispersão é dada por:
se 7 £ j £ 12 se 1 £ j £ 6
*
Em que d j = ln( D j ) .
Tabela 3.8 – Série dos índices de dispersão (dij) da série utilizada, cálculos preliminares
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Jan 0,001 0,019 0,000 0,014 0,005 0,012 0,008 0,004 0,000
Fev 0,001 0,002 0,002 0,004 0,006 0,008 0,000 0,002 0,002
Mar 0,006 0,000 0,000 0,000 0,002 0,002 0,001 0,008 0,002
Abr 0,007 0,001 0,023 0,007 0,012 0,007 0,000 0,001 0,003
Mai 0,001 0,000 0,014 0,010 0,001 0,018 0,002 0,006 0,011
Jun 0,001 0,000 0,001 0,012 0,001 0,018 0,016 0,008 0,012
Jul 0,012 0,005 0,012 0,000 0,022 0,005 0,030 0,066 0,000
Ago 0,001 0,018 0,019 0,002 0,008 0,008 0,016 0,022 0,000
Set 0,000 0,004 0,000 0,000 0,003 0,010 0,003 0,001 0,000
Out 0,004 0,003 0,000 0,003 0,000 0,000 0,005 0,020 0,005
Nov 0,000 0,033 0,001 0,009 0,005 0,007 0,046 0,050 0,008
Dez 0,003 0,010 0,000 0,019 0,013 0,017 0,056 0,072 0,002
10º Passo – para finalizar o cálculo, após a definição dos índices de dispersão de cada mês, é
aplicado o somatório. Por definição, o índice de irregularidade é S j = exp s j . { }
sj = exp {sj}
Σ sj (Irregularidade) Índice Sazonal
Assim, têm-se o intervalo de dispersão dos índices estacionais, com os limites superior e
inferior, resultantes da multiplicação e divisão do índice sazonal pelo índice de irregularidade,
respectivamente.
Você achou tudo isso complicado demais? Não se preocupe, pois durante as aulas ao vivo
vamos desmistificar esse assunto. Segue, abaixo, o gráfico do índice sazonal e, em seguida,
um resultado de pesquisa para o período de 1975 a 2007, para efeito de comparação.
100
80
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Você já percebeu que a política econômica adotada pelo governo interfere tanto na produção
quanto na comercialização agrícola. Desse modo, segue abaixo a descrição de instrumentos
de política econômica, como a tributação e os instrumentos de política comercial (subsídios e
barreiras) que impactam diretamente sobre o setor agropecuário.
Tributação
É a arrecadação tributária do Governo que incide sobre diferentes fontes e são destinadas
para as diferentes esferas da administração pública. No Brasil, ao Governo Federal cabem o
Imposto Territorial Rural (ITR), Imposto de Renda (IR), Programa de Integração Social (PIS) e
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) entre outros. Aos governos
estaduais cabem principalmente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), e aos governos municipais, o Imposto sobre Serviços (ISS). Todos esses impostos,
Subsídios
São formas de incentivos, em valores pagos diretamente pelo governo. Para produtores, visam
compensar preços de mercado inferiores aos custos de produção, como forma de garantir-lhes
uma renda mínima ou, como incentivo para aumentar a produção, segurança alimentar do país
ou importância social. No Brasil, já houve subsídio à produção, por meio de financiamentos
bancários oficiais, principalmente na década de 1970. Nessa época, os financiamentos oficiais
eram fartos e traziam uma parcela de subsídios incluída (subsídio ao financiamento), devido às
taxas de juros muito inferiores aos praticados no mercado. Outro subsídio, também praticado
no Brasil, foi o do trigo, de apoio aos moinhos, visando limitar os preços para o consumidor
final. Nos últimos anos, esses subsídios têm sido contestados, principalmente pelos países
em desenvolvimento, por via da Organização Mundial do Comércio (OMC), que é a instância
máxima em nível de comércio internacional.
Barreiras
As barreiras são medidas de abrangência comercial, adotadas mais comumente nas operações
de importações, para impedir ou diminuir a entrada de determinados produtos, criando uma
reserva de mercado para os produtores nacionais. Para inibir essas práticas protecionistas e
aumentar o fluxo de comércio entre os países, no âmbito da OMC, foram firmados o Acordo
de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) e o acordo sobre Barreiras Técnicas ao Acordo
(TBT, da sigla em inglês). Além das práticas protecionistas dos países, esses acordos têm os
seguintes objetivos:
Enfim, o Governo conta com uma série de instrumentos para defender um setor produtivo
da concorrência externa ou para aumentar a inserção nos fluxos internacionais de comércio.
Uma novidade da política de apoio a agropecuária é o zoneamento agrícola, que com o
mapeamento da área agricultável do Brasil, conseguiu oferecer ao agricultor a chance de
reduzir riscos diante dos fenômenos climáticos previsíveis com certa margem de probabilidade.
Desse modo, as linhas de financiamento e seguro do Governo Federal estão vinculadas ao
cumprimento do cronograma de plantio da(s) variedade(s) de semente(s) disponíveis no
mercado.
O entendimento da utilização dessas políticas pode ser encontrado em livros de introdução à econo-
mia, como Vasconcellos e Pinho (2005).
Em 1943, o governo realizou a primeira tentativa de formalizar uma política agrícola, para
tratar de questões relacionadas com a garantia de preços na comercialização. Nessa ocasião,
foram criadas a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil e a Comissão
de Financiamento da Produção. Conforme Coelho (2001), esse modelo de política agrícola
baseava-se, exclusivamente, no fornecimento de crédito e na garantia de preços mínimos,
visando minimizar as flutuações dos preços recebidos pelos produtores rurais. Apenas em
1951 a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é regulamentada por lei e começa
a funcionar efetivamente no ano seguinte, com dois instrumentos: as Aquisições do Governo
Federal (AGF) e os Empréstimos do Governo Federal (EGF).
• A Aquisição do Governo Federal (AGF) é aquisição direta do produto, por parte do Go-
verno Federal, pelo preço mínimo estabelecido para a safra vigente, condicionado ao re-
passe de recursos do Tesouro Nacional para operacionalização das Operações.
• EGF com Opção de Venda – EGF/COV, proporciona ao produtor rural, condições para
Esses mecanismos foram amplamente utilizados na década de 1970 e 1980, mas com o
esvaziamento da capacidade de financiamento do Estado, já na segunda metade da década de
1980, ocorreu um forte recuo do crédito tradicional aos produtores e empresas agroindustriais
e com isso, os instrumentos de apoio à comercialização também foram afetados.
Fonte: PHOTOS.COM
Mesmo com a sazonalidade na produção agrícola que exerce uma forte influência baixista nos
preços nos períodos de safra, na atualidade, muitos produtores vendem sua produção nessa
época. Esse fato pode ser decorrente das seguintes razões:
Estocagem
Quando um produtor rural decide armazenar seu produto na época da colheita para vender
em um momento futuro mais favorável. Caso o produtor não se defronte com nenhum dos
fatores citados anteriormente (falta de capacidade de estocagem, dívidas vincendas, falta de
recursos etc.) a decisão de estocagem do produtor irá depender de suas expectativas quanto
ao preço que irá vigorar no futuro. Como um dos gargalos do agronegócio brasileiro é a baixa
capacidade de estocagem, a maioria dos produtores que opta por estocar sua produção o faz
por meio de cooperativas, cerealistas, tradings etc. Desse modo, as formas de negociação dos
estoques mais comuns são:
• Preço autorizado – o produtor estipula preços ao longo do tempo, pelos quais a coope-
rativa está autorizada a efetuar a venda da produção. Este procedimento também é muito
usado em leilões, em que os compradores ou vendedores autorizam seus corretores a
efetuar negócios dentro de determinada faixa de preços.
• Preço a fixar – essa alternativa está disponível tanto junto a indústrias, quanto à coo-
perativas e cerealistas. O produtor deposita a produção na época da colheita e monitora
permanentemente o mercado para tomar a decisão de venda do produto.
Venda Antecipada
Para fins didáticos, Peres et al. (2003) classificam as vendas antecipadas em três grupos:
Ficou interessado em aprender mais sobre “soja verde”? Então, leia a obra abaixo, páginas 96 e 97.
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F.; NASSAR, A. M. Economia e gestão dos negócios agroali-
mentares: indústria de alimentos, indústria de insumos, produção agropecuária, distribuição.Cengage
Learning Editores, 2000.
Outra sugestão é o artigo abaixo:
REZENDE, C. L.; ZYLBERSZTAJN, D. PACTA SUNT SERVANDA? O caso dos contratos de soja
verde. Disponível em: <http://www.pensa.org.br/anexos/biblioteca/182007111522_Alacde_Christia-
neLRBrasilia07pdf.pdf>.
Gasques e Villa Verde (1999) enfocam que esses mecanismos apresentam alto custo nas
Cédula de Produto Rural (CPR) – é uma forma mais moderna de venda antecipada da
produção. Pode ser emitida por produtor ou cooperativa, como uma promessa de pagamento
de entrega futura de determinado produto agrícola. É um título líquido e certo, endossável,
exigível pela quantidade e qualidade do produto nela prevista. A venda por CPR, além de
garantir a comercialização antecipada, fornece aos produtores os recursos necessários ao
desenvolvimento das suas lavouras ou criações. As principais características da CPR são: a)
legislação específica; b) compromisso de entrega futura (CPR física) ou liquidação financeira
(CPR financeira); c) recebimento à vista; d) emissão restrita, por produtores rurais e suas
associações; e) emissão em qualquer fase do processo produtivo; f) endossável; g) exigível
pela qualidade e quantidade preestabelecida.
• Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) são commercial papers que mobilizam a capta-
ção de recursos de investidores estrangeiros. Esse papel só pode ser emitido por institui-
ções financeiras, bancos e cooperativas de crédito.
• Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), que será emitido pela ca-
deia produtiva do agronegócio, ou seja, por todas as empresas, armazenadores, comer-
ciantes, processadores, exportadores, indústrias de insumos, de processamento, indústria
de máquinas, equipamentos e cooperativas de produção agropecuária, mas não pode ser
emitido por produtores rurais. Dessa forma, o CDCA será emitido pelos agentes que têm
direitos creditórios nas suas transações com os agricultores.
Garantia Confiabilidade do emissor e/ou Confiabilidade do emissor e Confiabilidade do emissor e Crédito do emissor e garantias Crédito do emissor e garantias
g a r a n t i a s a d i c i o n a i s g a r a n t i a s a d i c i o n a i s d o g a r a n t i a s a d i c i o n a i s d o adicionais do respectivo título. adicionais do respectivo título.
mencionadas no título. respectivo título. respectivo título.
129
Para buscar informações sobre CPR, vá ao site do Banco do Brasil.
<http://www.agronegocios-e.com.br/agronegocios/index.jsp>.
Informações sobre instrumentos de apoio à comercialização do Governo Federal, vá ao site da Conab
– Companhia Nacional de Abastecimento.
<http://www.conab.gov.br/conabweb/index.php?PAG=42>.
Outras informações podem ser obtidas no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
<http://www.agricultura.gov.br/>.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo vimos que uma série de produtos agropecuários, as commodities, são
transacionadas por todo o globo e de acordo com a lei do preço único, é possível avaliar como
mudanças do preço internacional afetam o preço doméstico desses produtos. Outra forma
de avaliar o preço dos produtos agropecuários, é por meio de seus principais componentes:
tendência, ciclo, sazonalidade e volatilidade. No cenário interno vimos que a atuação do
Governo, seja pela política fiscal (tributação, gastos do governo) ou política comercial (subsídios
e tarifas) afeta de maneira significativa o agronegócio. No caso brasileiro, cabe destacar que
a política agrícola adotada pelo governo, foi importante para esse setor produtivo durante
um longo período. E com a redução da intervenção do governo, o setor privado soube se
organizar, criando uma vasta gama de instrumentos e estratégias de comercialização.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Em que interfere a atuação do Governo na Comercialização Agrícola Brasileira?
3) Qual a diferença dos instrumentos AGF – Aquisição do Governo Federal e EGF – Emprés-
timo do Governo Federal?
8) Quais são os cincos títulos que o agente do agronegócio pode utilizar para captar recursos
privados e aumentar capital de giro dentro do próprio setor?
A IMPORTÂNCIA DO MARKETING NO
AGRONEGÓCIO: CONCEITOS, DEFINIÇÕES,
EXEMPLOS E CASOS
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
Nesta unidade, vamos estudar algumas definições e conceitos básicos para entendimento
do Marketing. Você vai ver alguns autores de referência na área, conheceremos as principais
vertentes do marketing e que podem contribuir com a formação do gestor em agronegócio.
Vejamos os principais objetivos de aprendizagem desta unidade.
Bons estudos!
Na definição de Kotler e Keller (2006), Marketing é um processo social por meio do qual
SEGMENTAÇÃO DE MERCADO-ALVO
CRIAÇÃO DE VALOR
Um produto só obterá êxito se proporcionar valor ao seu mercado-alvo. Criar valor aos seus
clientes é a perseguição dos estrategistas de marketing; e criar valor é algo muito difícil de se
mensurar em muitos casos, já que valor é uma representação, na maioria das vezes, imaterial,
intangível do juízo e da percepção que determinado consumidor faz em relação a determinado
produto/serviço.
COMPOSTO DE MARKETING
Para McCarthy (1978 apud McCarthy, 1996), mercado-alvo é o mais homogêneo ou similar
grupo de consumidores para os quais a empresa deseja chamar atenção. Esse autor considera
que a estratégia de marketing especifica o mercado-alvo e define o seu marketing mix. Nessa
visão, o consumidor é o centro do composto de marketing, que inclui algum produto, oferecido
a determinado preço, com certo esforço promocional para contar aos potenciais consumidores
sobre o produto em evidência, além do modo como fazer com que esse produto possa ser/
estar acessível aos consumidores.
Segundo Pride e Ferrell (2001), algumas firmas padronizam seus esforços de marketing no
mundo todo, porém a maioria das empresas ajusta seu composto de marketing às diferenças
em seus mercados-alvo, já que determinados tipos de produtos não podem ser lançados
globalmente sem nenhuma adaptação.
Fonte: McCarthy, E. Jerome. Basic Marketing: A Managerial approach. 12. ed. Homewood, IL: Irwin,
1996.
"Em sentido amplo, produto é o conjunto de todos os bens e serviços resultantes da atividade
produtiva de uma empresa. Envolve o bem material e certas características de construção,
aparência, desempenho, embalagem, prazo de entrega, garantia e preço."
Para Czinkota et al. (1995), o profissional que atua na área de marketing internacional deve
assegurar que seus produtos não são dotados de qualquer ingrediente ou aspectos ofensivos à
cultura de determinado país ou região, bem como que violem as exigências legais ou costumes
sociais.
A vida moderna impõe ao homem suas limitações, sobretudo de restrição de tempo. No ramo
de alimentos, praticidade e conveniência são quesitos essenciais a serem observados no
desenvolvimento e elaboração de produtos, principalmente, quando se atua nos mercados
consumidores mais exigentes do mundo (RODRIGUES, 2008).
No setor de alimentação fast food, o McDonald’s, apesar do apelo pela padronização dos
produtos em todo o mundo, adapta seus produtos à realidade local. Vignali (2001) argumenta
que em virtude de leis religiosas, gostos, necessidades, preferências e conveniências de seus
clientes, a empresa adéqua seus produtos, respeitando esses critérios.
Segundo os estudos de Vignali (2001), o lanche Big Mac é servido sem o tradicional queijo em
Israel; nos países tropicais, como o Brasil, os sucos foram inseridos no cardápio; na Índia foram
elaborados McNuggets vegetarianos; na Alemanha inclui-se cerveja e McCroissants entre os
produtos; café e massas são servidos na Itália; na Turquia, iogurtes prontos para beber fazem
parte do cardápio; McHuevo, um sanduíche com ovos foi elaborado para o mercado uruguaio.
Fonte: PHOTOS.COM
Outras empresas do ramo de fast food, ao encontrarem resistências no mercado que decidiram
competir, foram obrigadas a realizar pequenas adaptações em seus produtos aos gostos
e preferências dos consumidores locais. Habib’s e Pastelândia, apesar de manterem seus
No setor de alimentos, em particular, o consumidor mundial está se tornando cada vez mais
exigente quanto ao produto que consome, considerando os possíveis riscos assumidos no
processo de consumo do produto. Alimentar-se, em pleno século XXI, tornou-se um constante
desafio (RODRIGUES, 2008).
As crises ecológicas, os surtos da vaca louca e da febre aftosa, a gripe aviária, bem como
os transgênicos, têm causado grande preocupação na população sobre como se alimentar
de uma maneira equilibrada, saudável, em que as principais fontes calóricas, energéticas,
vitamínicas e protéicas sejam atendidas, no entanto, atentando para aspectos de paladar,
higiene, sanidade e palatabilidade (RODRIGUES, 2008).
Bumgardner, Bush e West (2000) sugerem que na concepção do design de todo produto, dois
aspectos relevantes devem ser considerados: a funcionabilidade e o visual do produto. Para
Etzel, Walker e Staton (2001), na grande maioria dos bens produzidos, o desenho do produto
tem sido considerado fator de reconhecida importância, podendo ser considerado um fator
crítico de sucesso em um mercado global.
EMBALAGEM
Etzel, Walker e Staton (2001) defendem que uma das funções essenciais da embalagem é
conservar, proteger e promover o produto no caminho, da fabricação ao consumo final. No
processo de internacionalização, as empresas devem levar em consideração as grandes
distâncias a que os produtos serão transportados, também atentando para a questão
relacionada à infraestrutura, muitas vezes precária, a embalagem deve ser resistente o
suficiente para suportar seu transporte até o país de destino.
Uma pesquisa desenvolvida por Becker (2000) concluiu que o consumidor de carne fresca da
União Europeia procura escolher seus produtos e mensurar a qualidade dos mesmos, apenas
atentando para os aspectos visuais (coloração, aparência) do produto, quando compra carne
desembalada. Já quando compra carne embalada, o consumidor faz uso das informações
disponíveis no produto, tais como, sexo do animal, presença de hormônios, informações de
segurança, higiene e país de origem. São funções da embalagem a promoção, a praticidade e
facilidade de manuseio dentre outras.
O fator idioma é um dos primeiros itens a serem trabalhados quando produtos são vendidos
em países de língua estrangeira. Países como o Canadá ainda apresentam uma peculiaridade:
por possuir dois idiomas oficiais (inglês e francês), as exigências incluem a confecção de
embalagens e etiquetas nos dois idiomas (PASQUALOTTO, 2006). Conforme Leonidou
(2004), as instruções nas embalagens precisam ser na língua do país importador, obedecendo
às exigências legais e técnicas do país.
Com o aumento da participação ativa das pessoas na sociedade, a preocupação com a questão
ambiental no processo de concepção da embalagem passou a ser essencial. As organizações
socialmente responsáveis procuram adotar embalagens ecologicamente corretas, como os
materiais biodegradáveis.
Para Knapp (1998), apostar nas cores das bandeiras nacionais pode ser uma boa estratégia.
Para este autor, a cor é considerada um dos componentes mais importantes de uma
embalagem, competindo lado a lado com o design como isca para atrair o consumidor.
O quadro 4.2, discutido por Pasqualotto (2006) em seu trabalho sobre o processo de
adaptação do composto mercadológico do setor moveleiro de Rio Grande do Sul ao mercado
internacional, apresenta mais informações sobre o significado das cores e suas influências no
mercado internacional.
Fonte: Adaptado de Schewe e Smith (1982); Knapp (1988); Kotler (2001); Etzel, Walker e Staton (2001)
apud Pasqualotto (2006).
Becker (2000) em seu estudo sobre a percepção do consumidor de carne fresca no contexto
da União Europeia, salienta que enquanto os profissionais da ciência alimentar focam atenção
nas características intrínsecas do alimento, os profissionais de marketing trabalham com a
percepção do consumidor e procuram explorar as características extrínsecas do produto. Ele
trabalha com o conceito de sinalizadores, em que as estratégias organizacionais devem focar
a percepção do consumidor.
Os resultados dos estudos de Becker (2000) consideram que sinais extrínsecos como: cor,
local de compra e país de origem, desempenham um papel importante na escolha do alimento.
Quando ocorre a atuação no mercado mundial costuma ocorrer que a empresa ao criar
marcas globais, o que exige um esforço de marketing considerável, principalmente no quesito
relacionado à criatividade, além do que o trabalho é dotado de certas peculiaridades, o que
diferencia essa atuação da forma como se trabalha no mercado nacional (KEEGAN; GREEN,
2000).
Para Kotabe e Helsen (2000, p. 335), mesmo considerando que o desenvolvimento de marcas
globais gera um grande impacto, existem motivos para a realização de uma análise prévia
antes da conversão das marcas locais em marcas globais. “As marcas locais, às vezes, têm
muito mais apelo entre os consumidores do que as marcas globais concorrentes”.
Para Pasqualotto (2006, p. 54), “no momento de lançar uma marca globalmente, as empresas
devem ter a preocupação quanto à percepção dos clientes em relação a sua marca. Um
entendimento gerado em determinado país poderá não ser o mesmo em outro”. Entretanto,
marcas mundialmente conhecidas, como Nike, McDonald’s e Coca-Cola são facilmente
identificáveis. “Consumidores de quase todos os cantos do mundo reconhecem o bumerangue
símbolo da Nike, os arcos dourados do McDonald’s e uma lata de Coca-Cola” (PRIDE;
FERRELL, 2001, p.226).
Pride e Farrel (2001) argumentam, ainda, que as marcas verdadeiramente globais são as que
foram concebidas desde o começo para serem globais, e não, as que foram desenvolvidas
domesticamente e expandidas posteriormente. Para Keegan e Green (2000), a missão de
começar uma marca desde o início, é mais fácil do que a proposta de recuperar uma marca
já existente.
PREÇO
Segundo Parente (2000), a variável preço, de todas as que compõem o marketing mix, é
aquela que mais rapidamente afeta a competitividade da organização, bem como o volume de
vendas e as margens de lucro. O cenário atual requer empresas competitivas, com políticas
e estratégias de preços que levem em conta os negócios globais, exigindo planejamento e
gerenciamento adequados para operarem com um ambiente sujeito a altos custos e riscos
inerentes ao processo de comercialização nacional e internacional (RAMOS; MAYA; BORNIA,
2005).
Para Pasqualotto (2006), o elemento preço deve ser coerente com os outros três elementos
do composto de marketing, indo ao encontro dos objetivos de marketing da empresa. Muito
embora a determinação do preço seja parte do composto de marketing, Johansson (2001)
afirma que as empresas, muitas vezes, não possuem o controle integral sobre o preço de seus
produtos. O preço pode ser considerado o elemento do composto de marketing mais difícil de
controlar nos mercados internacionais e, também, segundo Vrontis e Papasolomou (2005), o
elemento que mais necessita adaptação no mercado externo.
Em relações comerciais internacionais, o fator preço pode ser afetado por diversas variáveis.
Os aspectos econômicos, políticos, tributários, bem como os relacionados às leis do país
comprador precisam ser observados. Além destes, eventos relacionados à demanda do
consumidor e ambiente de concorrência podem influir na determinação do preço em mercados
internacionais, podendo estes fatores, gerarem preços díspares em países diferentes, para o
mesmo produto (RODRIGUES, 2008).
Analisando-se a questão sob a ótica monetária, outro fator a ser considerado no processo de
comércio internacional é a ocorrência de diferentes moedas nos diversos países compradores.
Para diminuição dos custos de transação, é fundamental que as cláusulas contratuais que
regem a moeda adotada na negociação sejam claras e objetivas, fruto da negociação direta
entre exportador e importador. Expressar o preço do produto na moeda do comprador
proporciona a diminuição dos custos de transação e aumenta o valor do produto entregue ao
cliente.
Outro fator importante a ser observado nas transações internacionais são as questões
relacionadas à taxa de câmbio. A situação de valorização do dólar perante o real traz duas
consequências. Primeiro, supondo o mesmo preço em dólar e a mesma qualidade vendida, a
receita total com exportações é maior. Segundo, o país perde competitividade em função do
preço mais elevado. Por outro lado, quando ocorre uma desvalorização do dólar em relação ao
real, é gerada uma receita menor em reais para o Brasil, havendo uma possível necessidade
de elevar os preços dos produtos, ou ainda sucumbir diante de competidores internacionais
(RODRIGUES, 2008).
4
Valor é o trade-off qualidade e preço
PLACE OU DISTRIBUIÇÃO
Place, praça, ponto de distribuição, ou canal de distribuição é o meio que possibilita fazer
com que o produto chegue ao consumidor, na forma e condições desejadas. Os canais de
distribuição representam as diferentes formas possíveis dos produtos serem colocados à
disposição do consumidor.
Para Etzel, Walker e Stanton (2001, p. 350), canal de distribuição pode ser definido como um
“conjunto de pessoas e empresas envolvidas na transferência da propriedade de um produto,
durante seu trajeto do produtor até o consumidor final ou usuário empresarial”. A distribuição
consiste num processo de disponibilizar produtos ao cliente, no local, no momento e nas
condições em que o mesmo deseja adquirir, de forma eficiente e eficaz.
Segundo Stern et al. (1996), a gestão dos canais de distribuição são formas de desenhar,
desenvolver e manter relacionamentos entre os membros do canal, de forma a obter vantagens
5
Vendas no exterior com preços abaixo do custo, para conquistar mercado.
Por muito tempo, o estudo de canais de distribuição ficou sendo tratado como tema pouco
relevante, recebendo pouca atenção quando comparado aos outros elementos do composto
de marketing: produto, preço e promoção. No entanto, nos últimos anos este quadro tem
se modificado. O canal de distribuição hoje passa a ser fundamental nas estratégias das
organizações para seu desenvolvimento e participação nos negócios.
Rosenbloom (2002, p.23) também comenta a falta de percepção das organizações, muitas
vezes, para com a relevância estratégica do canal de distribuição, pois “deixavam esta
estratégia em segundo plano, elevando ao primeiro plano, estratégias de produto, preço e
promoção”; esta nova tendência de valorização do elemento canal de distribuição, veio a
ocorrer em função de cinco fatores:
b) Poder crescente dos distribuidores, especialmente dos varejistas, nos canais de marketing.
d) Revalorização do crescimento.
Medeiros et al. (2001, p. 10) afirmam que “quanto maior o número de atividades de agregação
de valor realizada no exterior, maior o grau de envolvimento internacional da empresa”.
Conforme Pasqualotto (2006), o emprego de estratégias de distribuição direta, sem a utilização
de intermediários, como formação de equipes de vendas próprias e lojas de varejo (canal de
distribuição direto), geram maior controle e envolvimento da organização no mercado a ser
atingido. Já um menor grau de controle exige a utilização de um ou mais intermediários (canal
de distribuição indireto).
PROMOÇÃO
Para o autor, a estratégia de comunicação tem como objetivo fixar o produto na mente
dos consumidores e criar uma mensagem única, consistente, mas também compreensível
sobre o produto; construir uma imagem de marca diferenciada e sustentável na mente dos
consumidores, oferecer informações e incentivos para os consumidores adquirirem o produto
Para exemplificarmos com um caso do agronegócio, a empresa Sadia adota uma estratégia
mista de comunicação em seus mercados internacionais. Considerando a importância
do mercado representado pelo Oriente Médio, a empresa tem desenvolvido campanhas
publicitárias exclusivas para a região, com motivos e personagens próprios. Além do Oriente
Médio, a empresa só tem propaganda exclusiva na Rússia, outro mercado representativo para
a empresa (ANBA, 2006).
Keegan e Green (2000) comentam que o emprego da propaganda global confere às empresas,
ganhos de escalas consideráveis em comunicação, além de melhorar o acesso a canais de
distribuição. Em contrapartida, os autores defendem que uma padronização não é sempre
necessária, tampouco aconselhada. Para Perreault e McCarthy (2002), a maiorias das
empresas que utiliza a estratégia de comunicação global alcança péssimos resultados.
Schewe e Smith (1982) demonstram uma situação em que o aspecto cultural foi determinante
no insucesso de uma campanha publicitária no Canadá: um enlatador de peixe adotou uma
estratégia promocional, em que apresentava uma mulher, jogando golfe de short com o marido.
A ideia da propaganda era que a mulher poderia ficar envolvida o dia todo, jogando golfe e
ainda preparar um delicioso jantar. Todos os elementos da propaganda feriam algum princípio
da cultura franco-canadense, já que a esposa provavelmente não estaria jogando golfe com o
esposo, muito menos usando short e não serviria peixe como prato principal.
Pesquisa realizada por Smed e Jensen (2005) teve como objetivo analisar a relação entre
notícias negativas sobre alimentos relacionadas ao risco de consumo e o impacto de demanda
por produtos seguros. Um dos resultados encontrados pelos autores foi que, de fato, notícias
A realização de promoções junto aos consumidores também exige cuidados especiais quando
realizadas no mercado global. Segundo Perreault e McCarthy (2002), na Polônia, o uso
de amostra grátis como elemento promocional não é bem aceito, já que os consumidores
poloneses desconfiam que se o produto está sendo oferecido de graça, algum problema
deve ocorrer com esse produto. Em outros países, os sorteios são proibidos, porque são
considerados como uma forma de jogo.
ESTRATÉGIA DE MARKETING
Fonte: PHOTOS.COM
Antoine (1995) afirma que a estratégia de marketing tem por objetivo a conquista e fidelização
dos mercados. Desta forma, a contribuição da estratégia de marketing, é realizar a ligação
entre a empresa e seus consumidores, concorrentes e demais stakeholders6 . O marketing
é dotado de condições necessárias para obtenção de vantagens competitivas para a
organização, guiando a missão da corporação, devido ao seu acesso às necessidades dos
consumidores.
6
Stakeholders - Parte interessada ou interveniente refere-se a todos os envolvidos em um processo, como
clientes, fornecedores, colaboradores, investidores, acionistas, comunidade.
A população do planeta, de mais de seis bilhões de pessoas, vive em locais que apresentam
grandes diversidades econômicas, culturais e geográficas. Em qualquer dos ambientes, o
alimento é essencial para a manutenção da vida humana. A população mundial vem contando,
a cada dia, com uma diferenciada disponibilidade de alimentos, facilitada pelas novas
tecnologias ligadas ao fluxo da informação e das mercadorias (NEVES, 1999).
Para Gonçalves (1996), em relação à alimentação, o ato da compra pode ter origem na
necessidade fisiológica de se alimentar, ou ainda da necessidade de obtenção de prazer a
partir do consumo de determinado alimento. O marketing de alimentos atua tanto na atenção
das necessidades básicas do indivíduo, atentando para o aspecto fisiológico, característico do
alimento, bem como identificando suas carências e desejos de consumo não atendidas, o que
no caso do alimento, tem tênue relação com o prazer.
A definição de marketing de alimentos proposta por Padberg (1997) não se distancia da visão
de Kohls e Uhl (2002) p.7:
Marketing de alimentos se refere ao conjunto de compradores e vendedores; as
estruturas de incentivo econômico; e o sistema de manipulação de alimentos, desde
o ponto de produção, passando pelo processamento e distribuição, e vendas para os
consumidores finais.
e) Em países de alta renda, o setor de alimentos tem um alto nível de diferenciação de produ-
tos em relação a consumidores de produtos de outras indústrias.
O PENSA é um grupo de pesquisas em estudos ligados ao agronegócio, com foco no estudo dos
sistemas agroindustriais (SAG). Foi fundado em 1990 e congrega pesquisadores dos departamentos
de economia e administração da FEA/USP.
O site do PENSA contém artigos, informações e diversas publicações de interesse aos gestores em
agronegócio:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de mais uma unidade. Nesta unidade, você aprendeu alguns conceitos
fundamentais sobre Marketing. Falando nisso, você lembra o seu significado? Marketing é uma
função organizacional, um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a
entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de
modo que beneficie a organização e seu público interessado.
No item seguinte, vimos o que é segmentação de mercado e também como podemos dividi-lo
em grupos, essa divisão pode ser por indivíduos com as mesmas características ou interesses
comuns/semelhantes. A segmentação de mercado pode ser: Geográfica, Demográfica,
Psicográfica, Conduta, por Volume e MIX de Marketing.
No tópico “criação de valor”, você deve ter percebido que criar valor é algo muito difícil de
mensurar em muitos casos, já que valor é uma representação, na maioria das vezes, imaterial,
intangível do juízo e da percepção que determinado consumidor faz em relação a determinado
produto/serviço. Você já parou para pensar como criar valor aos produtos oriundos do
agronegócio? Na unidade V, eu apresento alguns Cases sobre esse assunto.
No item seguinte, você estudou que Composto de Marketing é utilizado pela organização
para atingir seu mercado-alvo e que ele é composto por quatro dimensões (produto, preço,
promoção e place). Vimos, também, as variáveis que são contempladas por cada elemento do
Composto de Marketing.
Agora, vou deixar algumas atividades para que você possa fixar os conteúdos discutidos aqui
nesta unidade.
Até mais!
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. O que é marketing? Defina a importância desse conceito para a formação do gestor em
agronegócio.
MARKETING E AGRONEGÓCIOS
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
MARKETING E AGRONEGÓCIOS
Bom Estudo!
AGRONEGÓCIOS E MARKETING
Fonte: PHOTOS.COM
A eficiência do sistema não depende apenas da eficiência produtiva dentro da porteira, mas,
também, da forma competente de condução das operações antes e depois da porteira.
Conceitualmente, segundo Davis e Goldberg (1957), o agronegócio envolve o conjunto de
operações de produção, armazenamento, distribuição e comercialização de insumos e
produtos agrícolas, bem como seus derivados.
Agregar maior valor a produtos comoditizados é sim, um grande desafio para o agronegócio
nacional, conforme grande parte dos críticos e analistas de agronegócios insiste. No entanto,
outra ala de analistas e profissionais da área de agronegócios defende que a vocação brasileira
Araújo (2009) discute no site Pensando Marketing, por meio de um artigo, qual a relação entre
marketing e agronegócio. O autor cita o artigo Diferenciando Qualquer Coisa, de Theodore
Levitt: “Não existe essa coisa chamada mesmo mercadoria. Todos os bens e serviços podem
ser diferenciados, e usualmente o são”.
Segundo o autor, com os insumos agrícolas, inclusive sementes, o caminho está sendo no
sentido de tudo se tornar a mesma coisa. Dentro de uma mesma cultivar, com os padrões
legais atendidos, o que diferencia uma marca de sementes de outra? Praticamente, não
há diferença percebida por quem compra, salvo raras exceções, como no milho, em que o
marketing possibilitou criar diferenças de marca e posicionamento, de certa forma, percebida
pelo mercado.
Já em relação aos defensivos agrícolas, com a entrada dos genéricos no mercado, a tendência
também é o da comoditização, o mesmo acontecendo com os fertilizantes. Vem a pergunta:
Como fugir desse lugar comum? Para que os produtos se tornem rentáveis, é imprescindível
definir estratégias que diferenciem o produto e a empresa da concorrência. Criar esse diferencial
é a principal tarefa dos profissionais de marketing que atuam na área de agronegócios.
A adoção de uma estratégia de marketing estruturada permite que valor seja agregado ao
produto, o que garante de um lado, produtos de melhor qualidade para o consumidor, e pelo
lado da agroindústria, vantagens significativas em termos de lucratividade e rentabilidade.
Esta ação de marketing não precisará ser apenas no produto físico, devendo estender-se aos
serviços prestados, tais como a postura da empresa perante seu público consumidor, bem
como a outros recursos que levem o mercado a perceber essa diferenciação.
Uma coisa é inegável: a construção de uma marca consolidada, com vínculos consistentes com
o cliente/consumidor, poderá formar um diferencial competitivo perante seus concorrentes; a
diferenciação pela marca pode criar uma identificação entre produto e consumidor que, de
fato, se torna mais difícil de ser copiada.
Para Araújo (2009), uma estratégia baseada em diferenciação de produto pode ser copiada
mais rapidamente e a vantagem dura menos tempo. Mas a vantagem estabelecida por meio
de fortes vínculos emocionais e psicológicos, embora demore mais tempo para ser construída,
tem seus efeitos muito mais duradouros, formando uma posição única no mercado.
Não raro, ouvimos vendedores reclamando que o cliente não se importa com a qualidade do
produto, mas sim, apenas, com o preço. Percebemos, neste caso, um claro exemplo de um
posicionamento errôneo, em que o vendedor está oferecendo um produto destinado ao público
Assim sendo, o que se pode denotar é que, tanto internamente como externamente, ainda há
muito que fazer no que se refere ao marketing no agronegócio brasileiro. Mas, considerando
o exemplo da notável evolução na tecnologia agrícola nos últimos anos, levando o Brasil à
condição de um dos líderes mundiais no agronegócio, as modernas teorias e técnicas de
marketing estão começando a ser introduzidas e deverão ser cada vez mais empregadas nos
próximos anos, aumentando a competitividade no setor.
A marca Brazilian Beef foi criada pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carne (Abiec) em parceria com a APEX-Brasil – Agência de promoção de exportações, com
o intuito de fortalecer a marca da carne brasileira no exterior e estimular a exportação. A
iniciativa da ABIEC ressalta as características de qualidade do produto nacional, destacando os
Segundo a APEX-Brasil, além dos objetivos explicitados, o projeto Brazilian Beef tem como
foco promover a carne do Brasil em países compradores tradicionais, como Europa e Oriente
Médio e alcançar novos mercados consumidores, como China, Estados Unidos, Japão e
México.
Estima-se que o projeto teve um custo aproximado de seis milhões de reais em gastos com
marketing, alcançando resultados quase que imediatos. A grande vantagem e razão do
sucesso, até então obtido pelo programa Brazilian Beef, é que se procurou valorizar o produto
brasileiro, a carne bovina do Brasil e não divulgar as marcas individuais das empresas.
Essa tendência que o Brasil adota de valorização do produto por meio de ações de marketing,
é reflexo de projetos semelhantes, desenvolvido por concorrentes tradicionais do Brasil no
complexo carne, que também adotam estratégias de marketing. O estudo de Ferraz Machado
et al. (2007) apresenta alguns exemplos de ações de marketing na cadeia da carne bovina pelo
mundo, como foco na valorização a agregação de valor ao produto.
No caso inglês, o Meat and Livestock Commission (MLC) tem a missão de manter e melhorar
a competitividade da indústria pecuária britânica, levando em consideração as necessidades
dos consumidores. É financiada por produtores e frigoríficos, que são responsáveis pela
campanha de marketing que estimula o consumo de carne bovina.
Dos EUA vem outro exemplo bem-sucedido de esforços realizados em conjunto pelos agentes
da cadeia visando à promoção da carne bovina. Conforme Scare et al. (2004 apud Ferraz
BRAZILIAN CHICKEN
Fonte: PHOTOS.COM
Segundo o site, o projeto visa divulgar a Marca Setorial “Brazilian Chicken” e o selo “Brazilian
Certified Chicken” junto aos importadores e consumidores internacionais, associando-as aos
Segundo essa fonte, a campanha de US$ 10 milhões estaria sendo elaborada pela agência
de publicidade Young & Rubicam (Y&R) para fazer do frango brasileiro um símbolo nacional,
tal qual é a champanhe na França e o queijo na Suíça. O objetivo da ABEF é fazer uma forte
campanha publicitária na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes, no Kuwait e na Rússia - quatro
grandes consumidores do frango brasileiro.
A proposta era lançar e consolidar a marca Brazilian Chicken, um selo que as empresas
associadas à Abef passariam a usar como sinônimo de frango de qualidade superior. O grande
A campanha para os países árabes previa a atenção aos fatores culturais e religiosos, no
sentido de não permitir deslizes em relação ao desrespeito e ultraje à cultura e sentimentos
religiosos locais, já que o abate segue rigorosamente os preceitos do halal.
ETHNIC BRAZIL
BRAZILIAN FRUIT
CAFÉS DO BRASIL
Fonte: www.abic.com.br/
A ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) é uma entidade formada pelas empresas
componentes da indústria cafeeira nacional. Fundada em 12 de março de 1973, a ABIC -
Associação Brasileira da Indústria de Café representa as indústrias de torrefação e moagem de
café de todo o país, hoje, cerca de 500 empresas de torrefação, tendo como foco, a divulgação
e garantia da qualidade do produto nacional, bem como o estímulo ao consumo (ABIC, 2009).
MARCA NO CAMPO
Ferelli de Souza (2007) apresenta em sua dissertação de mestrado uma discussão sobre
a temática da marca no campo, sobre as vantagens e benefícios que essa decisão pode
representar para uma organização rural. Em seu trabalho, intitulado Marca “em” Campo: O
Produtor Rural Agregando Valor à Sua Produção, alguns cases são apresentados. Foram
selecionados alguns desses, para nosso estudo, conforme Ferelli de Souza (2007), quais
sejam: Mel do cerrado, Milk mel e Mister Pig.
Mel do cerrado
Fonte: PHOTOS.COM
A marca Mel do cerrado foi criada pelo seu proprietário Sr. Altair Pereira de Oliveira, com 26
Em relação à marca, a mesma foi criada para poder identificar e demonstrar aos consumidores
a qualidade e preço adequado do produto. Esta sinalização permitiria fazer com que o produto
se distinguisse dos concorrentes. A tendência de consumo de alimentos naturais é uma das
bases que consolidou a criação dessa marca.
O que se pode compreender, é que a adoção de uma marca permitiu à empresa buscar o
crescimento e a evolução contínua da empresa, o que norteia as suas atividades, que tem a
meta de conquistar um novo cliente a cada dia.
Milk Mel
O Sr. João Abdala sempre teve sua história ligada ao campo e à atividade rural, já que a família
atua a considerável tempo nessa área. Do conceito familiar, o empreendedor decidiu ampliar
os negócios, para uma visão de empresa com foco comercial. A criação da marca “Milk mel”
ocorreu nesse contexto.
A marca congrega produtos que vão deste leite tipo A, manteiga e Leite light. A preocupação
com a qualidade é um fator essencial na marca, em que o produtor afirma a garantia da
qualidade e origem do produto, como por exemplo, destacando que as vacas são de origem
holandesa, se alimentando com ração e obedecendo às normas sanitárias de ordenha,
processamento, resfriamento e movimentação do leite.
Os consumidores do leite Milk mel procuram qualidade e segurança nos alimentos destinados
às suas famílias; esses, reconhecem esses atributos de qualidade no produto mencionado,
sendo, segundo informações do proprietário, conforme Ferreli de Souza (2007), fiéis ao seu
produto.
Com a integração vertical, de fato nesse caso, assumida pela empresa, a produção deixou
de ser entregue para outras empresas processadoras de leite e passou a eliminar os agentes
intermediários, os “atravessadores”, permitindo, dessa forma, que uma maior parte da receita
ficasse com o produtor rural, nesse novo contexto, empreendedor rural.
Mister Pig
A empresa familiar Mister PIG, é conduzida pelo Sr. Luiz Faccini e a Sra. Santina C. Faccini.
De famílias de produtores rurais, os empresários rurais apenas produziam suínos desde 1996,
numa atividade ligada apenas à granja, criação de suínos para serem processados por outras
empresas.
Porém, devido a crises financeiras sucessivas, o casal resolveu estruturar a organização, criar
O “porquinho de gravata” é o símbolo que consta na marca da empresa Mister Pig. A intenção
é transmitir a ideia da qualidade do produto, aliada a sabor e segurança do produto. A adoção
da marca trouxe diferenciais competitivos para a empresa, pois, com a integração vertical,
maior parte da receita gerada pela venda ao consumidor fica com o produtor rural; o que
possibilitou agregação de valor ao produto e garantia da qualidade.
Fonte: PHOTOS.COM
Como bem sabemos, o Brasil ocupa lugar de destaque entre os maiores produtores e,
principalmente, exportadores de alimentos e demais produtos ligados às respectivas cadeias
produtivas do agronegócio nacional. Desta forma, além de cuidar do marketing aplicado ao
agronegócio em nível nacional, com atenção para o mercado interno, devemos estar atentos
a implementação de ações de marketing no mercado externo, com foco nos mercados
consumidores das commodities brasileiras no mundo.
Para tanto, alguns cuidados devem ser tomados com relação às estratégias e ações de
marketing das empresas nacionais nos diferentes mercados mundiais; a questão principal
que ronda as empresas nacionais ligadas às cadeias agroexportadoras do Brasil, é saber se
adota estratégias de marketing genéricas de atuação nos diferentes mercados compradores,
ou emprega ações e estratégias específicas para cada mercado. Eis a questão!
Para Czinkota et al. (2001), existe uma série de decisões estratégicas que devem ser tomadas
pelas empresas que decidem atuar no mercado externo. Preliminarmente, a organização deve
decidir se compete ou não no mercado internacional, podendo essa decisão comprometer
as ações no mercado doméstico. Segundo Huszagn, Fox e Day (1985), determinadas
categorias de produtos, devido às suas características específicas, não podem ser lançadas
mundialmente, sem nenhuma adaptação.
Segundo Pasqualotto (2006), quando a exportação se torna parte integrante das atividades
de marketing das organizações, em busca de novas direções para o crescimento e expansão,
Para Czinkota et al. (2001), o aumento das atividades relacionadas ao marketing internacional,
oferece crescentes oportunidades às empresas. No entanto, a atuação no mercado externo, ao
mesmo tempo em que permite uma gama variada de opções de negócios, exige das empresas
adaptações das estratégias de marketing à realidade de cada mercado.
Apesar da disciplina de marketing ser universal, algumas de suas práticas variam de país para
país, apresentando peculiaridades regionais, em virtude das diferenças entre os povos. Para
Keegan e Green (2000), o profissional de marketing global deve desenvolver a capacidade de
pensar globalmente e atuar localmente.
Sobre a busca pela compreensão das novas diretrizes da segmentação no mercado mundial,
Hassan et al. (2003) defendem que alguns fatores devem ser observados no processo de
segmentação de mercados mundiais, quais sejam: fatores econômicos, culturais, geográficos
e tecnológicos.
O maior desafio, segundo Hassan et al. (2003, p.453) é “incentivar a marca para identificar o
perfil desse segmento, desenvolvendo estratégias para alcançar estes mercados consumidores
com marcas globais”. Uma das principais conclusões dos autores é que, com a globalização
e segmentação de mercado mundial, aumentam as oportunidades de despertar mercados
potenciais, por meio de estímulos na demanda por produtos com apelo mundial.
Outro fato, é que os mercados mudam constantemente, não são passivos. Desta forma, as
empresas não devem considerar o uso de soluções padronizadas nem mantê-las com o
mesmo formato e composição ao longo do tempo. Um dos fatores do sucesso na atuação
internacional decorre de ações desenvolvidas e criadas para atender as particularidades de
cada mercado (PACAGNAN, 2006).
Kotabe (2000) define o ambiente de marketing, como sendo o conjunto de fatores que atuam
no contexto do marketing e que afetam os resultados da organização, conforme a seguinte
classificação: fatores econômicos, fatores socioculturais e fatores político-legais.
Desta forma, Pacagnan (2006) afirma que a avaliação do ambiente econômico, especialmente
no que diz respeito à orientação que a organização dá em termos de mercado, torna-se crítica
e essencial, na medida em que os propósitos de sucesso dos negócios podem ser diretamente
afetados por essa força incontrolável do ambiente de negócios.
Ao avaliarem-se as potencialidades de um determinado mercado, aspectos como renda,
emprego, estabilidade, inflação e taxa de câmbio são atributos que merecem atenção
especial uma vez que qualquer projeto de internacionalização depende diretamente
destes aspectos. Uma nação cuja oscilação de renda e emprego seja fortemente afetada
pela instabilidade econômica, dificilmente garantirá retornos rápidos e concretos de
investimentos efetuados diretamente ou via intermediário. A taxa de câmbio é elemento
complicador para o desempenho das atividades de marketing internacional, uma vez
que este atributo é que estabelece a relação de paridade de valor entre a moeda de um
país em relação a outras nações. Assim as flutuações podem fazer a moeda de um país
ter mais ou menos valor favorecendo ora o volume de exportações ou de importações
(PACAGNAN, 2006, p. 96).
O acompanhamento das oscilações nas taxas de câmbio é vital para que a estratégia de
marketing internacional seja dotada de sucesso, sobretudo, em operações que envolvam
países com tendência à manipulação ou descontrole nas taxas e que fatalmente acabam por
colocar em risco as operações.
AMBIENTE SoCIOCULTURAL
Fonte: PHOTOS.COM
A necessidade, como um dos elementos centrais do marketing, embora seja manifestada por
um estado de carência, é fortemente influenciada por aspectos culturais que se traduzem em
produtos adequados para o consumo, conforme o local, nação ou região que o mesmo resida.
O desejo de consumo é uma necessidade, embora expressa com base nos valores culturais
de determinado grupo de referência ou nação (PACAGNAN, 2006).
Costumes, crenças, hábitos, idioma, religião, enfim, os aspectos socioculturais que compõem
e formam o perfil de um país ou as características ou traços de uma região, precisam ser
tratados com devota atenção pelos profissionais de marketing, que têm como proposta explorar
mercados internacionais.
c) Estética: refere-se às ideias de determinada cultura sobre valores, como: beleza, bom gos-
to, sensibilidade, arte, música, teatro, pintura, dança, cor e forma.
e) Religião, crenças e atitudes: muitos países são fortemente conduzidos pelos valores reli-
giosos. Nesta situação, a abordagem deverá ser dotada de muita cautela, a fim de não ferir
esses preceitos.
g) Vida política: é fundamental conhecer o que a população pensa em termos políticos, bem
como analisar as regras, condutas de políticos e partidos, a fim de prever questões futuras.
AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL
Para Pacagnan (2006), na dimensão política e legal existem aspectos importantes que o
profissional de marketing deve levar em consideração no processo de expansão internacional
dos negócios. Questões relacionadas ao cenário político do país poderão dar subsídio a
conclusões importantes sobre a segurança dos investimentos realizados. A instabilidade
política dos governantes, a natureza do regime político, a frequência de mudança de governo,
a presença de ações terroristas no país, bem como tumultos, badernas e agitações sociais
e greves intensas podem afastar investimentos externos e anular possibilidades positivas de
negócios.
Para os autores, no âmbito legal, devem ser considerados aspectos como o sistema de
regulação e disposição das leis, em especial as leis relacionadas ao processo de importação
Entre nos links abaixo e pesquise mais sobre marketing e sua aplicação no agronegócio:
<www.cna.org.br/> – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
<www.apexbrasil.com.br/> – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.
<www.abef.com.br/> – Associação brasileira dos produtores e exportadores de frango.
<www.abiec.com.br/> – Associação brasileira das indústrias exportadoras de carne.
<www.aabba.org.br/> – Associação Brasileira dos exportadores e importadores de bebidas e alimen-
tos.
<www.brazilianfruit.org.br/> - Programa de Promoção das exportações das frutas brasileiras e deri-
vados.
<http://www.ibraf.org.br/> - Instituto Brasileiro de Frutas.
Entre e Confi ra!
Uma boa sugestão de leitura é o livro “Marketing e Agronegócio: a nova gestão” dos autores José
Luiz Tejon e do Coriolano Xavier. Nesta obra, você vai ter uma visão de marketing aplicado ao agro-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da última unidade do nosso material didático. Nesta unidade, foi dado foco
no Marketing ligado ao Agronegócio, pois a introdução de estratégias e técnicas do marketing
permite que os stakeholders inseridos nas diversas cadeias agroalimentares possam
desenvolver o agronegócio nacional, para além da barreira da produção de commodities. Sair
da condição de apenas “celeiro de alimentos do mundo” para ser conduzido a posição de líder,
também em inovação, qualidade, produtos diferenciados.
E, por fim, vimos alguns cases de aplicação de estratégias de Marketing no agronegócio como,
por exemplo: Brazilian Beef, Brazilian Chicken, Ethnic Brazil, Brazilian Fruit, Cafés do
Brasil, Marca no Campo (Mel do Cerrado, Milk Mel e Mister Pig). E, por último, desafios e
oportunidades do marketing internacional no agronegócio brasileiro.
Espero que você tenha gostado desta nossa disciplina. Eu lhe espero na aula ao vivo.
Olá, novamente! E aí, você gostou do nosso material didático? Espero que sim, pois eu gostei
muito de estar aqui do outro lado, a distância escrevendo este material para você.
Neste material, vimos quão ampla é a análise da comercialização agrícola, quantas são as
variáveis de análise e quão importante é a comercialização em nossas vidas. Nesse contexto,
muitas são as definições necessárias para o entendimento desses mercados, porém, o auxílio
de exemplos ilustrativos nos ajuda a entender e relacionar esses conceitos.
Esperamos que essa jornada tenha sido interessante para você também. Que os conhecimentos
aqui apresentados sejam úteis no dia a dia, que você se torne disseminador dessas informações,
contribuindo para aumentar a eficiência de todos os agentes envolvidos com a comercialização
de produtos agropecuários. Sinceramente, esperamos que, a disseminação de informações e
a compreensão da real importância da comercialização possibilitem uma mudança na visão
mercadológica, ou seja, de comportamento, de mentalidade, em que os agentes substituam
a prática de plantar para depois vender e incorporem a atitude de vender para depois plantar,
utilizando estratégias de comercialização baseadas em novos mecanismos de negócios.
Esperamos ter cumprido a nobre função de instruir e, mais ainda, de instigar, de estimular
a busca por novos conhecimentos. Bom, vou terminando por aqui, espero sinceramente que
você tenha gostado.
Vamos supor dois canais de comercialização diferentes, que possuem nível de processamento
e matéria-prima diferentes, porém o produto disponibilizado ao consumidor final é similar –
o lombo de suíno sem osso. Considere que cada agente corresponde aos níveis produtor,
atacado e varejo, respectivamente. Então, se pede:
Canal de Comercialização 1 -
Suíno Suíno
Suíno Participação Margem Margem Margem
Período Carcaça Lombo
Comum produtor Atacadista Varejista Total
comum (s/osso)
Suíno Suíno
Suíno Participação Margem Margem Margem
Período Carcaça Lombo
Raça produtor Atacadista Varejista Total
- raça (s/osso)
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