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05/03/2016
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Apresentação
Passados quatro meses completa-se este trabalho exploratório com base estatísticas
cujo objetivo foi, numa situação política e eleitoral excecional, avaliar o comportamen-
to eleitoral e o eventual condicionamento do sentido do voto nos vários distritos e
regiões de Portugal continental relativamente a determinados indicadores socioeco-
nómicos.
O trabalho não pretendeu ser de opinião, nem de comentário, nem de explicações
mais ou menos especulativas, foi efetuado apenas com dados estatísticos de várias
entidades que se relacionaram com o intenção dum confronto com o comentário da
realidade política e partidária mais ou menos especulativa para avaliar porque o eleito-
rado nas várias regiões, face a condicionantes governativas, vota mais num partido do
que noutro.
O trabalho não foi conclusivo, nem o pretendia ser, mas ajudou a perceber que o sen-
so comum por vezes não faz interpretações corretas dos factos políticos nem das
intenções do eleitorado. Quando por vezes de diz que a população de determinada
região que, por se mais desenvolvida ou por qualquer outra, vota num partido em
lugar de outro, por uma ou outra razão, estamos a cair em vícios de raciocínio político
que muitos comentadores da política, por fação, cometem.
Feito num tempo relativamente curto, e sem uma revisão pormenorizada, terá com
certeza algumas falhas que se pretenderão corrigir posteriormente com ajuda de
sugestões de que quem tiver a gentileza de o ler até ao fim, já que se dirige especial-
mente a especialistas da área.
Oportunamente será preparada uma versão menos técnica, com uma redação menos
especializada de modo a despertar interesse a um maior conjunto de pessoas even-
tualmente interessadas por questões relacionadas com o comportamento eleitoral e
intencionalidade do voto na política nacional e fora do comentário político, e de opi-
nião que todos fazemos nos blogs e redes sociais.
Para finalizar, e se a alguma conclusão se pode chegar, é que há fatores vários que,
não apenas a economia, as finanças, o emprego ou o desemprego, terão influência no
comportamento eleitoral das populações em cada região. Em resumo: há outra vida
para além da dívida, do défice, da economia e da sociologia que condiciona a mudança
nas intenções do voto.
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ÍNDICE
1. Introdução 5
2. Variações no comportamento eleitoral na distribuição espacial do voto 6
2.1. Breve contexto histórico
2.2. Caraterização administrativa e estatística do território e análise eleitoral 6
2.3. A distribuição espacial do voto 2011-2015 9
3. Contextualização do comportamento eleitoral e do voto nos partidos 12
4. Análise comparativa do voto nos partidos nas eleições legislativas em 2015 13
4.1. Alguns conceitos de base 13
4.2. Os partidos através do voto distrital 14
4.2.1. O voto distrital do PS e do PSD.CDS-PP 15
4.2.2. Voto distrital do PS e do PCP-PEV 17
4.2.3. Voto distrital PCP-PEV e do PSD.CDS-PP 18
4.2.4. Voto distrital do PCP-PEV e do BE 22
4.3. Os distritos através das votações partidárias 26
5. Análise do voto e alguns indicadores socioeconómicos 29
5.1. O voto e o setor terciário 29
5.2. O voto e o setor secundário 34
5.3. O voto e o setor primário 37
6. O voto e os níveis de escolaridade 40
a) O voto no PSD.CDS-PP e o nível de escolaridade 41
b) O voto no PAN e o nível de escolaridade 42
c) O voto no BE e o nível de escolaridade 44
d) O voto no PS e o nível de escolaridade 45
7. O voto e alguns indicadores sociais e económicos 46
7.1. Introdução 46
7.2. O PIB e o voto regional nos partidos 47
7.3. O voto e a taxa de pensões da Caixa Geral de Aposentações 49
7.4. O voto e a percentagem de pensionistas da Segurança Social na 52
população total
7.5. O voto e as Pensões da Segurança Social e Caixa Geral de 56
Aposentações no total da população em percentagem
a) O voto na coligação PSD.CDS-PP e a taxa de pensionistas 56
b) O voto na coligação PS e a taxa de pensionistas 56
c) O voto na coligação PCP-PEV e a e a taxa de pensionistas 57
7.6. O voto e o índice de dependência de idosos 58
7.7. O voto e o índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR) 61
a) O voto e a competitividade 62
b) O voto e o índice de coesão 64
c) O voto PS e o índice de qualidade ambiental 65
8. O voto a taxa de desemprego e o índice de poder de compra 67
a) O voto e a taxa de desemprego 67
b) O voto e os beneficiários de subsídio de desemprego 69
c) O voto e índice de poder de compra 72
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1. Introdução
O estudo dos fenómenos eleitorais tem sido efetuado nos últimos anos por empresas
especializadas em marketing que apenas se dedicam em saber e divulgar como é que a
distribuição de votos é vista apenas em relação à sua distribuição espacial.
As abordagens sociogeográficas e a sua relação com o voto salvo algumas, poucas,
exceções que se dedicaram apenas ao comportamento eleitoral histórico.
A situação política e os momentos eleitorais que o país viveu desde 2005 até às
eleições de 2015 explicam por si mesmos que fosse dedicado algum tempo a um
estudo com uma abordagem diferente das habituais que têm sido feitos ao nível da
distribuição espacial do voto.
Pretendeu-se avaliar em que medida indicadores e índices económicos e sociais terão
tido influência no comportamento eleitoral. Não se pretendeu tirar quaisquer ilações
favoráveis ou desfavoráveis a qualquer partido dos que foram estudados.
A informação estatística utilizada não foi trabalhada para se obterem resultados
subjetivos. Os números não enganam são aquilo que mostram já que não foram
utilizados quaisquer artifícios que possibilitassem leituras que pudessem dar vantagens
fosse a que partido for.
Os dados que se utilizaram são de fontes que consideradas fidedignas, como sejam o
INE - Instituto Nacional de Estatística, Pordata (Fundação Francisco Manuel dos
Santos), MAI - Ministério de Administração Interna, SGMAI - Secretaria-Geral do
Ministério da Administração Interna e CNE - Comissão Nacional de Eleições.
O reduzido espaço de tempo em que foi efetuado este estudo, acrescido da
precaridade de meios disponíveis, elaborado apenas pelo autor, e a quase total
ausência no nosso país de estudos semelhantes recentes limitou logo de início uma
maior ambição.
A linha condutora que presidiu é de natureza geográfica mas, como é característica da
própria geografia moderna, frequentemente penetramos noutros domínios afins e, por
vezes, pouco convencionais.
Este estudo exploratório escrito numa linguagem sem preocupações de estilo literário,
mas com o rigor possível, para além das limitações já referidas, foi acrescido de outras
como a inexistência de dados e indicadores com desagregação ao nível do mesmo
espaço geográfico que serve aos dados eleitorais.
Ao contrário do que se pretendia não foi possível, por razões técnicas e de rigor
científico, traduzir o estudo numa linguagem mais acessível a um público mais vasto e
a todos os interessados que não tivesse formação neste domínio. Assim, tentou-se o
mais possível utilizar uma linguagem acessível e próxima das pessoas que não sendo
especializadas tivessem interesse em conhecer o estudo para tal, introduziu-se ao
longo do texto, informação que ajudasse a perceber alguns conceitos utilizados.
Apesar de tudo muita informação ficou por ser trabalhada para não complexificar e
tornar demasiado extenso o estudo.
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2. Variações no comportamento eleitoral na distribuição espacial do voto
2.1. Breve contexto histórico
A análise da distribuição espacial do voto faz parte dos estudos em geografia eleitoral
enquadrados no comportamento do eleitorado tarefa a que se procedeu para o
período compreendido entre 1991 e 2015, realizaram-se no nosso país sete eleições
legislativas, que se podem definir como eleições de primeira ordem. Neste tipo de
eleições, à semelhança do que acontece com as eleições presidenciais, o objetivo é
definir o controlo do poder executivo nacional. Dos resultados finais destes escrutínios
é possível extrair uma síntese:
O panorama político nacional tem sido dominado geograficamente por dois
partidos, PS e PSD, e, em 2015, pela coligação PàF formada pelos partidos PSD
e CDS-PP. O PSD e O PS venceram as eleições de forma alternada, e, como tal, é
este o principal padrão eleitoral. A disputa entre o PS e o PSD, e em 2015 a
coligação PSD.CDS-PP é a principal dimensão da competição visto que aqueles
dois partidos têm liderado todos os governos desde a democratização.
Quatro partidos (cinco a partir de 1999) têm dominado a escolha política em
Portugal desde 1975, sendo os únicos que continuamente viera a alcançar
representação parlamentar. Configura-se então à direita, o Partido do Centro
Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP); no centro-direita, o Partido
Social-Democrata (PSD); no centro-esquerda, o Partido Socialista (PS); à
esquerda, o Partido Comunista Português (PCP) e desde 1999 o Bloco de
Esquerda (BE). Claro que estas classificações não são estáticas porque, de
acordo com as evoluções políticas do eleitorado os partidos vão-se ajustando.
A distribuição espacial do voto confirmou até 2015 existência dum
bipartidarismo em Portugal, com os dois principais partidos a obterem
sistematicamente a maioria dos votos. Curiosamente a soma da percentagem
de votos destes dois partidos tem decrescido ao longo do tempo.
Com base nos dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), cartografaram-se os
resultados eleitorais dos escrutínios que relativos ao conjunto dos distritos de Portugal
Continental. Com base nos partidos vencedores em cada um dos distritos foram
construídos os diversos mapas de distribuição do voto apresentados na figura 2.
1979
1975 (AD - 1983 1987 1991 1995
PSD+CDS)
6
1999 2002 2005 2009 2011
Legenda
PPD/PSD-PP
AD
PS
ADU, CDU,
PCP-PEV
2015
(PSD.CDS-PP)
Figura 2 - Evolução e retração dos partidos mais votados ao nível distrital nas eleições legislativas
7
Figura 3 - Regiões de Portugal Continental ao nível NUTS III
Fonte: INE
8
se então o inverso, isto é, o recuo da mancha não no sentido da difusão mas da
regressão do fenómeno.
Em termos puramente teóricos isto significa que, se considerássemos durante quatro
décadas a existência dos mesmos partidos e que havia eleições de quatro em quatro
anos, poderíamos, através da representação espacial dos votos nos partidos, verificar
os avanços e recuos ao longo dos anos, assim como a sua evolução em termos de
difusão ou retração espacial do votos nesses partidos que seria mais visível numa
representação ao nível de concelho e de freguesia dando uma visão mais detalhada da
evolução/retração.
Desde as eleições de 1995 que o PS foi ocupando o espaço do eleitorado do PPD/PSD
com algumas perdas e ganhos nos seus distritos tradicionais de voto, com exceção do
ano de 2011, recuperando em 2015 alguns dos que tinha perdido em 2011.
Se compararmos o ato eleitoral de 4 de outubro de 2015 com os sete atos anteriores
verifica-se que teve uma adesão de baixa grandeza, apenas 5.380.451 eleitores o que
corresponde a 56,9% dos inscritos que foram 9.439.701 (quadro 1 e figura 4).
Ano 1987 1991 1995 1999 2002 2005 2009 2011 2015
% Votantes 71,57 67,78 66,30 61,09 61,48 64,26 60,65 58,03 56,90
70,0
% de Votantes
65,0
60,0
55,0
50,0
1987 1991 1995 1999 2002 2005 2009 2011 2015
Anos
9
do Castelo foi onde se registou a maior taxa de abstenção, pois apenas 22,42% dos
1436 inscritos nesta freguesia foram votar.
Uma análise por freguesia mostra que a coligação PàF nas eleições de 2011 foi
maioritária nas 3092 freguesias, o PS o mais votado em 926 freguesias, o PCP-PEV em
44 freguesias, o Juntos pelo Povo (JPP) em duas e o CDS-PP.PPM em uma.
A cartografia representada nas figuras 4 e 5 mostram a retração que se verificou entre
2011 e 2015 do partido que obteve maior percentagem de votos nos concelhos do país
nas duas últimas eleições mostrando a rosa o PS e a laranja a coligação PàF,
PPD/PSD.CDS-PP.
Quando comparado com a situação observada nas eleições de Junho de 2011, vemos
que o mapa continua predominantemente "laranja", mas está agora mais "rosa". O
PSD, que em 2011 havia sido o partido mais votado em 246 dos 308 concelhos do país,
conseguiu agora, apesar da coligação PàF, constituída por dois partidos, a vitória em
179 concelhos (incluindo resultados do PSD-Madeira). O PS que em 2011 tinha obtido
maioria em 51 concelhos, ganhou agora em 124.
A coligação PCP-PEV que em 2011 tinha obtido maioria em 10 concelhos obteve
apenas a maioria em 4 concelhos em 2015.
A difusão dos votos do PS e a retração da coligação PàF pode ser vista na cartografia
representada nas figuras 5 e 6 onde se encontram representados os resultados obtidos
por estes partidos nas eleições de 2011 e de 2015. As figuras 7 a 11 mostram em tom
mais escuro os concelhos onde cada força política mais votada obteve resultados
acima da média nacional, e vice-versa.
Figura 5 - Votação nos concelhos dos Figura 6 - Votação nos concelhos dos prin-
principais partidos em 2011 cipais partidos em 2015
10
Figura 7 - Concelhos com votações no Figura 8 - Concelhos com votações no
PPD/PSD.CDS-PP acima da média nacio- PS acima da média nacional em 2015
nal em 2015
Fonte: MAI e Marktest
Fonte: MAI e Marktest
A análise destes mapas permite concluir que as regiões do Norte se mantêm fiéis aos
partidos da coligação PàF enquanto nas do Sul o PS e a CDU têm mais peso. A votação
no BE e no PAN distribui-se sobretudo pelos concelhos do Litoral e grandes cidades e
Áreas Metropolitanas, como se pode confirmar pelos mapas que se seguem.
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Figura 9 - Distribuição dos concelhos Figura 11 - Distribuição dos concelhos
com valor médio dos votos do BE em com valor médio dos votos do PAN em
2015 2015
Fonte: MAI e Marktest
Fonte: MAI e Marktest
Os dados dos votos por freguesia permitem-nos uma análise de algumas curiosidades
destas eleições.
O BE obteve o seu melhor resultado na freguesia de Enxames (concelho de
Fundão), com 21,54% dos 260 votantes da freguesia.
A coligação PàF obteve a melhor votação na associação de freguesias de
Codessoso, Curros e Fiães do Tâmega (concelho de Boticas distrito de Viana do
Castelo), com 86,9% dos 221 votantes.
O PCP-PEV registou um máximo de 64.5% dos 279 votantes na freguesia de
Alcórrego e Maranhão (concelho de Avis, distrito de Portalegre)
O PS obteve melhor votação na freguesia de Negrões (concelho de Montalegre,
distrito de Vila Real), com 65.1% dos 109 votos contabilizados
12
Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Esta
situação teve como consequência a queda do Governo minoritário do PS que não
durou uma legislatura completa tendo sido derrubado com os votos conjuntos do PSD,
CDS-PP, PCP, PEV e BE dando lugar à antecipação das eleições em 2011 que deram
uma maioria absoluta ao PSD e ao CDS-PP que formaram uma coligação de Governo.
Uma verificação por concelhos da distribuição eleitoral do voto em 2015 mostra que o
Partido Socialista apresenta-se com a votação predominantemente a sul embora tenha
recuperado em alguns concelhos a norte e no interior a norte do vale do rio Tejo com
menor predominância no litoral norte.
Quer o Partido Socialista, quer a PàF, obtiveram votos espacialmente distribuídos por
todo o país, contudo, evidenciam-se por concelho algumas assimetrias em ambos os
partidos.
O eleitorado do PS ao longo dos anos foi sempres mais reduzido no norte, no distrito
de Leiria e em alguns concelhos do Alentejo, excetuando nas eleições legislativas de
2005 onde obteve a maioria em todos os distritos menos o de Leiria.
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o segundo terá valores baixos e vice-versa para cada um dos casos. Assim, no caso
concreto em estudo compararam-se os valores das votações em cada um dos partidos
nos vários distritos e regiões de nível NUT III.
A análise de regressão é uma técnica estatística que tem como objetivo investigar o
comportamento entre as variáveis. Considerando que exista um relacionamento
funcional entre os valores Y e X, responsável pelo aspeto dum diagrama de dispersão,
tem como função explicar parcela significativa da variação de Y com X. Contudo, uma
parcela da variação permanece inexplicada e deve ser atribuída ao acaso. Colocando
em outros termos: admite-se a existência de uma função que explica, em termos
médios, a variação de uma das variáveis com a variação da outra. Frequentemente, os
pontos observados no diagrama apresentarão uma variação em torno da reta da
função de regressão devido à existência de uma variação aleatória adicional
denominada de variação residual.
A equação de regressão fornece o valor médio de uma das variáveis em função da
outra. Obviamente, caso seja conhecida a forma (equação) do modelo de regressão, a
análise será facilitada. O problema, então, ficará restringido à apreciação dos
parâmetros do modelo de regressão. Esse caso ocorrerá se existirem razões teóricas
que permitam saber previamente que modelo rege a associação entre as variáveis.
Geralmente, a forma da linha de regressão fica aparente na própria análise do
diagrama de dispersão.
Em síntese: Uma regressão simples é uma extensão do conceito correlação/covariância
e tenta explicar uma variável chamada variável dependente, usando a outra variável,
chamada variável independente. Mantendo a tradição estatística, seja Y a variável
dependente e X a variável independente. Se as duas variáveis forem representadas
uma em relação a outra num gráfico de dispersão, com Y no eixo vertical e X no eixo
horizontal, a regressão tenta ajustar uma linha reta através dos pontos. Quando a reta
é ajustada, dois parâmetros emergem - um é o ponto em que a linha corta o eixo Y,
chamado de interceção da regressão, e o outro é a inclinação da linha de regressão.
Um valor de R ao quadrado muito próximo de 1 indica uma forte relação entre as duas
variáveis, podendo a relação ser positiva ou negativa. Uma outra medida numa
regressão é o erro padrão, que mede a dispersão em volta de cada um dos dois
parâmetros estimados - a interceção e a inclinação.
Quanto maior for o valor de R, em módulo, maior será o grau de associação linear
entre as variáveis. O coeficiente de correlação não é uma medida resistente, isto é,
pode ser influenciado pela existência nos dados de alguns valores “estranhos”, ou seja,
valores muito maiores ou menores que os restantes, pelo que deve ser interpretado
com o devido cuidado. A representação prévia dos dados num diagrama de dispersão,
antes de proceder ao cálculo do coeficiente de correlação, permite detetar a existência
de daqueles valores estranhos.
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graficamente. Estas dezoito dimensões correspondem aos dezoito distritos
localizando-se cada partido pela percentagem obtida em cada um deles através dos
coeficientes de correlação.
O facto de só se analisarem quatro partidos alguns partidos e todos terem concorrido
a todos os círculos eleitorais facilitou a sua localização nas dezoito dimensões
tornando possível estabelecer uma matriz de correlação entre eles e que se encontra
representada no quadro 2.
BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP
BE
PAN 0,87
PCP-PEV 0,30 0,22
PSD.CDS-PP -0,54 -0,40 -0,91
PS 0,03 -0,13 0,51 -0,67
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quando aumenta o PS a coligação PSD.CDS-PP também cresce com uma correlação
relativamente forte e de sentido positivo, o que poderá significar um grau de disputa
entre estas duas forças políticas por parte do eleitorado adverso ao voto no PCP-PEV e
BE (figura 13).
Um grupo intermédio que corresponde a alguns distritos onde se verifica uma
aproximação entre os dois partidos que obtiveram votações médias nestes distritos
entre os 34,63% e os 35,65%.
PS %
45,00
G2 Portalegre
40,00
C. Branco
Beja Évora
35,00 Coimbra Bragança
Setúbal Lisboa
Vila Real
Faro Porto Braga
Linha média votos PS
30,00 Viseu
V. Castelo
Aveiro
25,00
Leiria
G1
20,00 y = -0,2704x + 43,833
R² = 0,4548
15,00 r = - 0,67
10,00
5,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00
PSD.CDS-PP %
PS %
45,00 Portalegre
40,00
Beja Évora
35,00 Setúbal
30,00
y = 0,8067x + 18,858
25,00 R² = 0,5666
R=0,75
20,00
15,00
15,00 20,00 25,00 30,00
PPD/PSD.CDS-PP %
16
45,00
PS % Portalegre
40,00
Castelo Branco
Beja Évora
35,00 Lisboa Coimbra
Setúbal Porto
30,00 Faro Santarém
25,00
y = -0,1869x + 41,52
20,00 R² = 0,1569
R = - 0,40
15,00
10,00
5,00
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
PSD.CDS-CDS %
15,0
y = 0,3149x + 30,633
R² = 0,2561
10,0
R=0,51
5,0
0,0
PCP-PEV %
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Uma correlação mais restrita entre os partidos nos distritos do norte do grupo G3 os
dois partidos veem as suas votações evoluir em sentidos opostos, verificando-se um
coeficiente de correlação medianamente significativo mas de sentido negativo,
(R=-0,59), especialmente nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Viseu com uma
evolução mais lenta da tendência decrescente do PCP-PEV (figura 15).
Quanto ao grupo G1 as votações progridem no mesmo sentido, subindo um quando
sobe o outro como mostra o diagrama de dispersão da figura 16, mas a distância entre
as votações dos dois partidos são evidentes. Os distritos de Évora e de Beja
encontram-se muito próximo da linha nas votações de ambos os partidos mas o
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afastamento do PS é nítido em relação ao PCP-PEV. Destaca-se os distritos de Setúbal e
de Beja onde as votações entre os dois partidos estão significativamente afastados.
y = -0,2993x + 13,521
PS % 35,00
Bragança R² = 0,3479
Guarda
R = - 0,59
V. Real
32,50 Porto
Braga
30,00 V. Castelo
Viseu
27,50
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00
PCP-PEV %
PS % 40,00
35,00
Setúbal
y = 0,4872x + 25,686
R² = 0,7151
32,50 R=0,85
30,00
15,00 17,50 20,00 22,50 25,00 27,50
PCP-PEV %
18
Figura 17 - Votos distritais do PCP-PEV e do PSD.CDS-PP
Quer dizer que nos distritos com maior implantação do PCP-PEV o voto na coligação é
nitidamente fraco. Por outro lado, nos distritos de maior implantação da coligação é
menos relevante o voto PCP-PEV relativamente ao outro partido.
Para além dos distritos do grupo os distritos do grupo G2, Faro, Portalegre, Coimbra e
Castelo Branco, mostram votos no PSD.CDS-PP superiores às que seria de esperar. Nos
distritos do grupo G3, tradicionalmente mais conservadores e cujo voto é
tendencialmente dirigido para os partidos de direita, os votos no PCP têm sido muito
baixos em todos os momentos eleitorais para a Assembleia da República.
30,00
PCP-PEV %
25,00 Beja
Évora
20,00
Setúbal
15,00
y = -0,9892x + 43,879
10,00 R² = 0,3927
R = - 0,63
5,00
0,00
19,00 20,00 21,00 22,00 23,00 24,00 25,00
PSD.CDS-PP
19
que se vem verificando desde 1995 até hoje estes distritos eram de votação
dominante no PCP-PEV.
BE % 16,00
Média votos BE 9,27%
14,00 Faro
Setúbal
12,00
Porto
Leiria C. Branco Lisboa
10,00 Coimbra
Aveiro
Portalegre
Braga Évora
8,00 Guarda Beja
V. Castelo
G2
Viseu
6,00
Bragança G1
V. Real y = 0,1065x + 8,3251
4,00 R² = 0,0916
Média votos PCP-PEV R = 0,30
2,00
0,00
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00 27,50
PCP-PEV %
Na correlação, apesar de fraca (R= +0,30), entre os votos destes partidos são evidentes
dois grandes grupos de distritos: o grupo G1 com distritos do norte do país onde a
votação no BE superou em todos o PCP-PEV; o grupo G2 que reúne os distritos de Beja,
Évora e Setúbal que se afastam da reta de tendência foram os únicos onde o voto no
PCP-PEV superou, largamente, o voto no BE. A sul, o distrito de Faro, é outro caso que
sai fora da tendência onde o voto no BE superou consideravelmente o do PCP-PEV
Face a eleições anteriores, a progressão significativa do voto BE nas eleições
legislativas de 2015 merece uma análise mais detalhada, sobretudo se comparado com
o obtido pelo PCP-PEV.
Nos resultados globais das eleições de 2011 a nível nacional as votações do PCP-PEV
situavam-se nos 7,94% e as do BE nos 5,19% tendo havido em relação a 2009 perdas
expressivas ao nível distrito em ambos os partidos. Comparando os votos dos dois
partidos entre 2011 e 2015 (quadro 4 e figuras 20 e 21) verifica-se que houve ganhos
20
substanciais por parte do BE e perdas para o PCP-PEV em alguns distritos, mesmo nos
distritos que tradicionalmente votam neste partido: Beja, Évora, Portalegre e Setúbal.
Diferenças Diferenças
Eleições 2009 Eleições 2011 Eleições 2015
2011-2009 2015-2011
Distritos
BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV
Território Nacional 9,85 7,88 5,19 7,94 10,22 8,27 -4,66 -0,06 5,03 0,33
1
Aveiro 9,01 3,83 5,03 4,09 9,60 4,36 -3,98 -0,26 4,57 0,27
Beja 10,06 28,92 5,19 25,39 8,20 24,96 -4,87 3,53 3,01 -0,43
Braga 7,82 4,63 4,22 4,89 8,80 5,19 -3,6 -0,26 4,58 0,3
Bragança 6,2 2,41 2,30 2,59 5,54 3,07 -3,9 -0,18 3,24 0,48
Castelo Branco 9,08 5,05 4,19 4,89 10,03 6,03 -4,89 0,16 5,84 1,14
Coimbra 10,77 5,76 5,75 6,22 9,89 7,03 -5,02 -0,46 4,14 0,81
Évora 11,12 22,32 4,91 22,06 8,64 21,94 -6,21 0,26 3,73 -0,12
Faro 15,38 7,75 8,16 8,57 14,13 8,68 -7,22 -0,82 5,97 0,11
Guarda 7,55 3,28 3,34 3,48 7,42 3,95 -4,21 -0,2 4,08 0,47
Leiria 9,5 5,11 5,37 4,97 9,66 5,11 -4,13 0,14 4,29 0,14
Lisboa 10,81 9,93 5,72 9,55 10,89 9,84 -5,09 0,38 5,17 0,29
Portalegre 10,75 12,87 4,45 12,81 9,20 12,18 -6,3 0,06 4,75 -0,63
Porto 9,21 5,7 5,13 6,23 11,14 6,83 -4,08 -0,53 6,01 0,6
Santarém 11,91 9,26 5,79 9,02 10,76 9,64 -6,12 0,24 4,97 0,62
Setúbal 14,02 20,07 7,03 19,65 13,05 18,80 -6,99 0,42 6,02 -0,85
Viana do Castelo 8,55 4,19 4,39 4,93 7,96 5,23 -4,16 -0,74 3,57 0,3
Vila Real 5,5 2,86 2,34 3,06 5,18 2,95 -3,16 -0,2 2,84 -0,11
Viseu 6,49 2,86 2,85 2,87 6,72 3,50 -3,64 -0,01 3,87 0,63
Quadro 4 – Votos em % por distrito no BE e no PCP-PEV nas eleições de 2009, 2011 e 2015
Fonte dos resultados eleitorais: CNE - Comissão Nacional de Eleições
1
Inclui Regiões Autónomas da Madeira e Açores
21
16
14
12
%
10
V
o 8
t
BE 2011
o 6
s BE 2015
4
25
% 20
V
o 15
t
PCP-PEV 2011
o
s 10 PCP-PEV 2015
25
20
15
BE
10 PCP-PEV
22
Evidenciam-se nos restantes distritos ligeiros aumentos, mesmo naqueles onde o PCP-
PEV habitualmente tem uma fraca representatividade, nomeadamente nos distritos de
Viseu, Viana do Castelo, Guarda, Bragança, Braga e Aveiro (figuras 21, 22 e 23). A
percentagem média dos votos obtidos neste partido manteve-se aproximadamente
estável, situando-se em 2011 nos 8,63%, passando para 8,85% em 2015.
Votações no BE e no PCP-PEV em 2015
30
25
20
15
BE
10 PCP-PEV
40
35
30
25
% de Votos
20
PS 2011
15
PS 2015
10
23
2011 2015 Diferença 2011 2015
Distritos
PSD.CDS-PP PS PSD.CDS-PP PS PSD.CDS-PP PS
Território Nacional 38,63 28,05 36,83 32,38 -2,80 4,33
2
50
40
% de Votos 30
PSD.CDS-PP 2011
20 PSD.CDS-PP 2015
10
2
Inclui Regiões Autónomas da Madeira e Açores
24
Comparando as votações da coligação PSD.CDS-PP de 2015 com 2011 verifica-se que
perdeu votos em 39% dos distritos (figura 25). Excetuam-se os distritos de Aveiro,
Braga, Leiria, Lisboa, Porto, Viana do Castelo e Viseu que foi onde aquela força
partidária conseguiu obter alguma margem, salientando-se Aveiro e Braga com os
valores positivos mais significativos (quadro 5).
Excetuando o distrito de Braga o comportamento do eleitorado em 2015, no que se
refere ao Partido Socialista comparado com a coligação PSD.CDS-PP foi no sentido do
aumento da votação em todos os distritos não conseguindo, apesar disso, atingir os
resultados eleitorais que obteve em 2009 quando atingiu o resultado global nacional
de 36,56% contra os 32,38% em 2015. A explicação pode ser encontrada numa
eventual passagem de votos para outros partidos à sua esquerda, nomeadamente o
para o PS, para o PAN e para o Bloco de Esquerda este dois últimos como recurso a
voto de protesto (quadro 5).
Outras possíveis explicações podem ser, em parte, justificadas por uma análise
sociopolítica que não se enquadra nos objetivos deste trabalho.
Votações no PSD.CDS e no PS em 2015
55
50
45
40
35
30
% Votos
25
PSD.CDS-PP
20
PS
15
10
5
0
25
Quanto à distribuição espacial por concelho pode ser observada na cartografia das
figuras 5 e 6.
Se compararmos os anos as eleições de 2011 com 2015 os dois partidos coligação
PSD.CDS-PP e o PS é notável a diferença entre os dois partidos em 2011 com uma
perda significativa de votos por parte do PS e uma acentuada votação na coligação de
direita. Em 2015 mantem-se na maior parte dos distritos uma votação maioritária na
coligação de direita PSD.CDS-PP com alguma recuperação do PS em todos eles
verificando-se um recuo apenas no distrito de Braga (figuras 26 e 27). Quanto ao PAN
não existem dados de referência que possibilitem, uma avaliação anterior nas mesmas
circunstâncias que a dos partidos que já tinham assento na Assembleia da República.
Viana do Castelo
Castelo Branco
Portalegre
Santarém
Bragança
Vila Real
Coimbra
Setúbal
Guarda
Aveiro
Lisboa
Braga
Évora
Porto
Viseu
Leiria
Faro
Beja
Aveiro 0,475 0,995 0,989 0,903 0,944 0,614 0,908 0,986 0,997 0,934 0,75 0,973 0,946 0,642 0,996 0,993 0,998
Beja 0,55 0,553 0,725 0,693 0,985 0,715 0,578 0,432 0,73 0,88 0,627 0,714 0,959 0,542 0,531 0,487
Braga 0,997 0,94 0,971 0,682 0,94 0,997 0,985 0,964 0,812 0,99 0,972 0,708 1,000 0,997 0,995
Bragança 0,944 0,972 0,685 0,934 0,999 0,977 0,963 0,819 0,987 0,969 0,702 0,997 0,999 0,994
Castelo Branco 0,994 0,83 0,991 0,958 0,868 0,992 0,955 0,976 0,986 0,864 0,932 0,93 0,906
Coimbra 0,806 0,989 0,982 0,917 0,998 0,925 0,994 0,997 0,836 0,966 0,963 0,946
Évora 0,82 0,707 0,573 0,835 0,941 0,75 0,822 0,985 0,674 0,664 0,625
Faro 0,951 0,877 0,99 0,938 0,978 0,987 0,87 0,931 0,921 0,903
Guarda 0,971 0,974 0,843 0,994 0,979 0,73 0,996 0,996 0,989
26
A matriz dos coeficientes de correlação do quadro 6 e as figuras 28 e 29 traduz o
comportamento eleitoral das populações entre distritos que se podem agrupar
segundo o menor ou maior grau de associação.
Para estas associações selecionaram-se apenas os distritos cujos coeficientes de
correlação são superiores a 0,985 considerados como muito significativos. Todavia,
selecionaram-se também outros distritos cujos coeficientes de correlação são menores
do que o indicado mas que, apesar de serem mais fracos, são também relevantes e
mostram uma tendência de associação entre distritos semelhantes no comportamento
eleitoral tendo-se o cuidado, nestes casos, colocar essas ligações a tracejado. Apesar
de se ter optado, apenas por uma questão de facilidade de representação gráfica pelos
dos distritos com os coeficientes de correlação indicados porque evidenciam uma
maioria de correlações muito fortes ao nível de 0,9XX que traduzem a existência de
grupos de distritos associados. A correlação mais baixa encontrada foi 0,432 verificada
entre os distritos de Beja e de Leiria.
Através das ligações entre os distritos com iguais coeficientes de correlação
evidenciam-se em primeiro lugar as mais fortes que mostra a existência de três
grandes grupos: a) Bragança que se liga primeiro a Vila Real e à Guarda com 0,999 e a
Viana do Castelo e a Viseu com 0,997 e 0,994 respetivamente; b) utilizando o mesmo
critério da correlação do voto entre partidos que lhes são comuns, segue-se ao mesmo
nível Aveiro que se liga a Braga, Viana do Castelo, Viseu e Bragança; c) Aveiro associa-
se em primeiro lugar a Viseu, este com o coeficiente de correlação de 0,998 que forma
um grupo com aqueles três distritos. Os distritos destes três grupos apresentam entre
si coeficientes de correlação significativamente elevados e positivos, daí a sua
associação.
27
Definem-se a partir dos coeficientes de correlação com a votação nos partidos dois
grandes agrupamentos de distritos que correspondem a uma dicotomia norte-centro e
sul, com algumas exceções que provêm do facto do distrito do Porto se associar aos
distritos centro-sul, e o distrito de Leiria a associar-se com os do norte (figura 28),
enquanto Coimbra que se associa a norte (Porto, Viana do Castelo e Vila Real), Leiria
que está no centro encontra-se no grupo de Viseu e de Aveiro.
Braga liga-se a Viana do Castelo com o coeficiente de correlação máximo de 1,000 e a
Vila Real e a Bragança ambas com 0,997, muito próximos do grupo Viseu-Leiria-Aveiro-
Vila Real. Vila Real que, por seu lado, se associa a Bragança, à Guarda e a Vila Real,
ambos com 0,999. Vila Real associa-se mais ao grupo Viseu-Aveiro do que ao conjunto
Bragança-Viseu (0,997).
Os distritos do norte com um elevado coeficiente de associação configuram um grupo
com forte conservadorismo eleitoral e afinidades partidárias no sentido do voto apesar
de alguns apresentarem um certo afastamento dessas afinidades. Assim, Coimbra
apesar de apresentar afinidades com o conjunto dos distritos do norte tem também
afinidades com Santarém e com Lisboa, Castelo Branco mas também pode ser incluído
no conjunto nortenho por ter resultados semelhantes. Braga associa-se plenamente a
Viana do Castelo e muito próximo de Bragança e Vila Real.
O grupo Beja, Évora, Setúbal e Portalegre afasta-se do grupo dos distritos do norte e
mantêm entre si forte associação.
28
O grau de coesão entre os distritos do sul Beja, Évora e Setúbal é elevado mas inferior
ao que seria de esperar por serem, em grande parte, distritos cujo histórico eleitoral
foi sempre de votação mais à esquerda enquanto o conjunto dos distritos do norte
evidenciam uma maior homogeneidade com a maior parte dos níveis de ligação acima
de 0,9, incluindo Coimbra e Porto.
As redes de ligação traduzem o voto um comportamento político nos distritos que se
agrupam pelo seu maior ou menor grau de conservadorismo manifestado pelas suas
populações nos resultados eleitorais, destacando-se à esquerda Beja, Évora e Setúbal
com 0,985 com aproximação a Portalegre e, no polo oposto Vila Real, Bragança, Viseu
e Guarda ficando os restantes associados em posições intermédias.
Estas associações entre distritos consoante o seu voto partidário revelam uma
continuidade espacial de proximidade de comportamento eleitoral como se destaca na
figura 30 onde não se encontram representados os partidos BE e PAN visto que não
obtiveram maioria em nenhum concelho. Destaca-se também um "nicho" de
concelhos no distrito de Coimbra onde há uma continuidade espacial de votações no
PS.
Em síntese, é evidente uma dicotomia em termos de comportamento eleitoral no voto
entre os principais partidos que se verifica entre os distritos do norte e os do sul.
Excetuando os distritos do Alentejo e Setúbal as redes a sul formam outros conjuntos
associados sem ser por proximidade como Lisboa, Santarém, Castelo Branco, Coimbra
e Faro que se estendem até ao Porto que está fortemente associado a Santarém.
Apesar das votações mais elevadas nos partidos em alguns distritos as correlações
menos significativas verificam-se entre os distritos do norte e os do centro e sul,
confirmam a dicotomia salientada pela associação dos distritos de Beja, Évora e
Setúbal e de Portalegre com Faro.
29
A questão que agora se coloca é a de saber se existem fatores sociais, económicos que
possam ser explicativos do voto em cada um dos partidos.
Embora saibamos que a correlação entre dois fenómenos não significa que exista
necessariamente uma relação de causa e efeito é importante, como hipótese de
trabalho, avaliar o grau de correlação entre o voto alguns dos indicadores.
Como já anteriormente se notou os indicadores estatísticos encontram-se são
apurados e desgregados ao nível NUTS e não por distritos pelo que houve necessidade
de fazer o apuramento das votações adequado ao mesmo nível para que se pudessem
respeitar e poder referir-se às mesmas unidades espaciais tornado assim exequível
estabelecer possíveis relações de causa e efeito.
Não se dispondo de indicadores e dados estatísticos exatamente no ano do ato
eleitoral de 2015 utilizaram-se os que tivessem mais proximidade temporal, se não em
termos absolutos pelo menos em termos relativos.
Este tipo de análise, como as anteriores, foi efetuado apenas para os partidos com
acento na Assembleia da República que forneceram as grandes tendências do
eleitorado.
30
PS % 45,00
Região de Leiria
20,00 Terra de Trás-os-
Montes
15,00
10,00
5,00
0,00
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
As correlações dos votos com os três setores de atividade, como se pode verificar no
quadro 7, são relativamente baixas e pouco significativas com exceção da correlação
entre o BE e o setor secundário que é muito fraco, sem significado e de sinal negativo,
mostrando não existir qualquer ligação entre o voto neste partido e a percentagem de
população empregada neste setor de atividade.
O setor terciário na correlação com o voto nos partidos origina grupos de dois partidos
com coeficientes de correlação de sinal oposto: o PS com R= +0,36 e a coligação
PSD.CDS-PP com R= -0,44.
PSD.CDS-PP %
60,00 Alto Tâmega
Regiões Aveiro e de
y = -0,5592x + 76,664
Leiria Terras Trás-os-
R² = 0,1942
R= - 0,44 Montes
50,00
Tâmega e Sousa Douro
Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 AM Porto
Região de Coimbra
Beira Baixa
Algarve AM Lisboa
30,00 Lezíria do Tejo
Alto Alentejo
Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral Médio tejo
10,00
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0
% Pop Empregada no setor terciário 2011
31
As correlações dos votos no PS e do PSD.CDS-PP com o setor terciário são muito
aproximadas, diferença de 0,08 em módulo, mas apresentam variação de sentido
oposto o que indicia de certa maneira que o aumento da percentagem de população
empregada naquele setor é acompanhado por um aumento do voto no PS e por um
decréscimo no voto na coligação PSD.CDS-PP o que é confirmado pelos diagramas das
figuras 31 e 32. Com alguma expressividade os diagramas de dispersão mostram uma
dicotomia norte-sul do voto e uma separação nítida entre das regiões da Área
Metropolitana de Lisboa, mais próxima das regiões do sul, e da Área Metropolitana do
Porto que se aproxima das regiões mais a norte apesar de esta ter percentagens de
população do setor terciário também mais elevadas, ficando a região de Coimbra num
ponto intermédio às duas. A reta de regressão separa, em parte, as regiões do Norte e
as do Sul, confirmando que, a uma menor percentagem de população empregada no
setor terciário correspondem maiores votações no PS. As percentagens superiores a
60% da população empregada naquele setor concentraram os votos no PS e as com
percentagens mais baixas mostraram maior incidência na votação na coligação do
PSD.CDS-PP como pode ser verificado no diagrama de dispersão da figura 32.
Enquanto o PS, o BE e o PCP-PEV vêm o seu voto aumentado quando sobe a
percentagem de população empregada no setor terciário a coligação PSD.CDS-PP, pelo
contrário, apresenta votações mais baixas quando aumenta aquela percentagem.
Estas conclusões são apenas tendenciais, pois, como se pode ver nas figuras e no
quadro dos coeficientes de correlação, a percentagem de população empregada no
setor terciário por regiões NUT III leva a distinguir dois grandes grupos que se agrupam
acima e abaixo da reta de regressão e que correspondem aproximadamente às regiões
localizadas a norte e a sul. As Áreas Metropolitanas do Porto e a Área Metropolitana
de Lisboa situadas sobre a reta distanciam-se, a primeira por ter mais elevada votação
na coligação mas com menos percentagem de população no setor terciário e a
segunda com mais percentagem de população empregada no terciário mas com
menos votação. É curioso verificar ainda que neste caso há uma tendência para o
aumento da votação no partido quando menor a percentagem de população do setor
terciário. Nas regiões do sul tendencialmente com menos votação no caso do PS
verifica-se o inverso. Repare-se que a correlação do PSD.CDS-PP com o setor
secundário é o mesmo que o do PS mas este de sentido contrário (R = - 48), mostrando
que o primeiro ganha o segundo perde.
No que se refere ao BE verifica-se uma correlação positiva muito próximas do PS, con-
tudo, o diagrama de dispersão (figura 33) mostra diferenças significativas na
distribuição do voto naquele partido, nomeadamente na região do Algarve, onde,
devido aos serviços ligados ao turismo, se verificou apesar de fraca, uma correlação
positiva do voto no BE.
32
BE % 16,00
y = 0,0934x + 2,8869
14,00 R² = 0,123 Algarve
R = 0,35
2,00
0,00
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
% Pop Emp no Setor Terciário em 2011
15,00
Lezía do Tejo
AM de Lisboa
Alto Alentejo
10,00
AM do Porto Algarve
Ave Região Coimbra
5,00 Beira Baixa
Tâmega e Sousa Douro Terras de Trá-os-
Alto Tâmega
0,00 Montes
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
% de Pop Emp no Setor Terciário 2011
33
O coeficiente de correlação com o voto no PCP-PEV e a população empregada no setor
terciário é extremamente baixo situando-se em R= +0,27. A comparação da correlação
do setor terciário com o voto nos partidos mostra que, excetuando o PCP-PEV, os três
outros partidos têm coeficientes de correlação mais elevados e que o único que revela
uma correlação negativa com este setor é o PSD.CDS-PP. A explicação para este facto
poderá estar em que a percentagem mais elevada da população empregada no
terciário, acima dos 65 a 70%, concentra-se sobretudo nas regiões do sul com exceção
das Terras de Trás-os-Montes que se encontra no limiar deste valor e que apresenta
votos elevados na coligação.
PAN % 2,50
AM de Lisboa
2,00
Algarve
y = 0,0256x - 0,6868
R² = 0,2667
AM do Porto
R = 0,52 Alentejo Litoral
1,50
Oeste
Lezíria do tejo
Região de Leiria
Baixo Alentejo
1,00 Região de Aveiro Região de Coimbra
Cávado
Tâmega e Sousa Alto Alentejo
Ave Douro Médio Tejo
Alto Minho
0,50 Terras de Trás-os-
Alto Tâmega
Montes
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0
Entre o conjunto dos partidos analisados o PAN é um caso atípico por ser o único que
apresentou com a população empregada no setor terciário uma correlação positiva
relativamente mais elevada do que os restantes, R= +0,52. O diagrama de dispersão da
figura 35 mostra a relativamente elevada percentagem votação no partido em função
da população empregada no setor terciário. A distribuição dos pontos mostra uma
concentração das regiões entre os 0,5% e 1% dos votos nas que apresentam mais de
60% de população empregada no setor e uma percentagem ainda mais elevada de
votos nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto e no Algarve. Não se verifica uma
clara dicotomia entre o norte e o sul com o voto neste partido como se verificou nos
outros partidos.
5.2. O voto e o setor secundário
O setor secundário de atividade inclui indústria transformadora e construção e é
ocupada por trabalhadores comumente denominados por operários.
Com este setor todos os partidos apresentam correlações negativas com exceção do
PSD.CDS-PP que apresenta uma correlação positiva de +0,47 (figura 36).
34
Figura 36 - Correlação entre o voto no PS
PSD.CDS-PP e população empregada no setor
Secundário por NUTS III de 2015
5,00
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
% Pop Emp no Setor Secundário 2011
35
Por sua vez, a correlação do voto no PS com o setor secundário (R= -0,47) sendo
praticamente igual à do PSD.CDS-PP (R= +0,48) é no entanto de sentido inverso como
mostra o diagrama de dispersão da figura 37. O PS obteve, a norte do Tejo, votos tanto
mais quanto menor a população empregada no setor secundário. A tendência mostra
o voto no PS a baixar quando aumenta a percentagem do operariado nas regiões mais
industrializados do litoral-norte Aveiro, Leiria, Ave, Cávado, Tâmega e Sousa e Área
Metropolitana do Porto. Só uma análise mais detalhada ao nível dos concelhos e dos
centros urbanos permitiria saber ao certo qual o tipo de voto da população empregada
neste setor.
Salientam-se regiões como a Área Metropolitana de Lisboa, Algarve, Terras de Trás-os-
Montes e Douro onde se encontra menos população empregada no setor secundário e
onde o PS obteve relativamente menos votos.
O BE apresenta com o setor secundário um coeficiente de correlação negativa sem
significância não existindo qualquer relação entre o voto e a população empregada
neste setor (figura 38). Como se viu anteriormente voto neste partido tem uma
correlação mais significativa com o setor terciário o que leva a admitir que poderá ter
mais influência nos trabalhadores dos serviços do que no operariado.
BE % 16,00
14,00 Algarve
12,00
AM LisboaAlentejo Litoral AM Porto
Médio Tejo Região de Leiria
10,00 Região de Coimbra Região de Aveiro
Alto Alentejo Ave
Beira Baixa Cávado
8,00 Alentejo Central Alto Minho
Viseu Dão Lafões Tâmega e Sousa
6,00 Douro
Baixo Alentejo
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Pop Emo no setor Secundário em % 2011
36
30,00
PCP-PEV %
Baixo Alentejo
25,00 y = -0,2674x + 15,982
R² = 0,1579
Alentejo Central Alentejo Litoral R= - 0,40
20,00
15,00
Alto Alentejo
AM Lisboa Lezíria do Tejo
10,00
Médio Tejo
Algarve Região Aveiro
AM Porto
Região de Coimbra
Cávado Ave
5,00 Beira Baixa Alto douro
Terra de Trás-os
Montes Viseu Dão Lafões Tâmega e Sousa
DouroAlto Tâmega
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Pop Emp no setor Secundário em % 2011
37
Terras de Trás-os-Montes, Douro, Alto Tâmega apresentam inversamente das
anteriores percentagens mais elevadas no setor primário com menos percentagem de
votos no PCP-PEV. No Alto Alentejo decrescem drasticamente os votos no PCP-PEV
assim como na Lezíria do Tejo. As regiões mais rurais a norte, onde se encontram
maiores percentagens de trabalhadores no setor primários são as que apresentem
menor percentagem de votos neste partido.
O voto no PS é o que mais se correlaciona com a distribuição destes trabalhadores
(R=+0,41) encontrando-se nas regiões mais rurais um pouco mais à frente do PCP-PEV
(R=+39).
30,00
PCP-PEV %
y = 0,6083x + 4,9603
R² = 0,1498
R = 0,39 Baixo Alentejo
25,00
15,00
Lezíria do Tejo
AM de Lisboa Alto Alentejo
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Pop Emp no setor Primário em % 2011
38
população empregada no setor como a Lezíria do Tejo, Beira Baixa e Beiras e Serra da
Estrela que apresentam votos altos no PS.
PS % 45,00
Região de Coimbra Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa Alentejo Central Baixo Alentejo
AM Lisboa
Beiras e Serra da
35,00 Ave Estrela Lezíria do Tejo
Douro
Trás-os-Montes
30,00 Tâmega
AM Porto Cávado Dão Lafões
25,00 Médio Tejo Região de Aveiro
Região de Leiria
20,00
15,00
y = 0,438x + 30,348
10,00 R² = 0,166
R = 0,41
5,00
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Pop Emp no setor Primário % 2011
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Pop Emp no setor Primário em % 2011
39
A Lezíria do Tejo, Alto Alentejo, Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo com
elevadas percentagens de setor primário atribuíram menores votos à coligação
PSD.CDS-PP. A região do Algarve onde o setor terciário é dominante o voto neste
partido, a par da Área Metropolitana de Lisboa e da Lezíria do Tejo, foram as regiões
onde o voto foi mais baixo ficando abaixo da média. Estes resultados denotam, mais
uma vez, a dicotomia entre o litoral norte, onde se encontra uma população em certa
medida ocupada no setor secundário, e o sul com maior número de trabalhadores no
setor primário, em especial nas regiões do Alentejo e Lezíria do Tejo. Salienta-se ainda
as regiões do Alto Tâmega, Alto Trás-os-Montes e Douro onde contrariamente à
tendência tendo elevado número de trabalhadores no setor primário contribuíram
com elevada percentagem para o de voto na coligação.
Consultando os resultados eleitorais desde 1975 verifica-se que o PSD sozinho ou
coligado obtiveram percentagens de votos maioritários na maior parte das regiões do
norte, litoral e interior e que apenas em 2005 o PS ganhou votos em todas as regiões
exceto na região de Leiria.
40
Como se pode verificar os coeficientes de correlação mais fortes e positivos verificam-
se nos partidos PAN e BE. O BE apresenta para o nível de escolaridade básico 3º ciclo e
secundário coeficientes de correlação significativos de R= +0,83 e R= +0,79
respetivamente. Estes valores contrastam, no mesmo partido, com as correlações
também significativas, mas negativas, com os grupos sem nível de escolaridade, R= -0,54
e R= -0,73 para o 1º ciclo do ensino básico.
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Básico 1º ciclo %
Figura 45 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população com ensino básico 1º ciclo
41
60,00 Região de Aveiro
Alto Tâmega Viseu Dão Lafões
55,00
Terras Trás-os-
50,00 Região de Leiria
Montes
Douro Cávado
45,00 Tâmega e Sousa Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 Beira Baixa AM do Porto
35,00 Região de Coimbra AM Lisboa
Algarve
PSD.CDS.PP %
30,00 Lezíria do Tejo
Alto Alentejo
25,00 Alentejo central
20,00 Alentejo Litoral
Baixo Alentejo
15,00
y = -2,6279x + 77,398
10,00 R² = 0,2222
5,00 R= -0,47
0,00
10,0 11,5 13,0 14,5 16,0 17,5 19,0 20,5
Nível Secundário %
42
No nível de escolaridade superior é este partido que apresenta a maior correlação
positiva o que significa que as regiões com maiores percentagens de escolaridade de
nível superior terão votado mais no PAN (figura 47).
PAN % 2,50
A média nacional neste nível de escolaridade situa-se nos 11,2% com desvio-padrão de
2,72. A maioria das regiões onde o PAN obteve mais votos foi entre os 0,75% e os
1,25%, que se encontram aproximadamente dentro da média de 1,01% com um desvio
padrão de 0,4. É este o partido que apresenta percentagens mais elevadas de
população com mais elevados níveis de escolaridade ao nível secundário e superior.
Todavia, a maior parte das regiões do norte foram as que menos atribuíram voto ao
PAN.
O retângulo a tracejado demarca as regiões onde se concentram as regiões dentro da
média dos votos e do nível de escolaridade superior que se situa dentro das respetivas
médias não se verificando uma nítida dicotomia norte-sul.
Nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa, Área Metropolitana do Porto, Região de
Coimbra e Algarve foi nas que e o PAN obteve percentagem de votos mais elevada e
também onde se encontra o nível de escolaridade superior mais elevado
possivelmente pela influência de ser nessas regiões onde se localizam universidades
relevantes.
No que respeita à correlação entre o nível secundário da escolaridade e o voto no PAN
o coeficiente é positivo e muito significativo, R= +0,88. No diagrama de dispersão da
figura 48 observa-se que a dicotomia norte-sul não é nítida como se tem verificado na
maior parte dos casos. Os pontos correspondentes às regiões no diagrama
acompanham claramente a reta de regressão mostrando que o voto no PAN aumenta
quando também aumenta a população com aquele nível de escolaridade. A
escolaridade de nível secundário terá tido influência para o voto naquele partido.
43
PAN % 2,50
y = 0,1927x - 1,7594
R² = 0,7815
R = 0,88
2,00 Algarve A M Lisboa
A M Porto
1,50
Oeste
Lezíria do Tejo
Região de Leiria
Região de Aveiro Alentejo Litoral
1,00 Região de Coimbra
Tâmega e Sousa Alto Minho
Alto Alentejo
Baixo Alentejo
0,50 Terras de Trá-os-
Montes
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Ensino secundário %
BE % 16,00
14,00 Algarve
2,00
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Sem escolaridade %
44
Nas regiões do Alentejo percentagens elevadas de população com falta de
escolaridade correspondem votos mais baixos elevados no BE contrariamente às
regiões do norte.
Relativamente à percentagem de população com o 3º ciclo do ensino básico
correlacionada com o voto no BE mostra um coeficiente de correlação muito
significativo com, R= +0,83 como mostra a figura 50.
16,00
BE %
14,00 Algarve
y = 1,0995x - 10,939
R² = 0,6837
R = 0,83
12,00 A M do Porto A M de Lisboa
Alentejo Litoral
Baixo Alentejo
Oeste
10,00 Região de Coimbra Região de Aveiro e Ave
Alto Alentejo
Beira Baixa
Alentejo Central Cávado
8,00 Alto Minho Baixo Alentejo
Tâmega e Sousa
Viseu Dão Lafões
6,00 Douro
Terras de Trás-os-
4,00 Alto Tâmega Montes
2,00
0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 22,5
3º Ciclo %
45
PS %45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Região de Coimbra
35,00 A M de Lisboa
Ave Alentejo Litoral
A M do Porto Algarve Médio Tejo
30,00 Alto Minho
Cávado Alto Tâmega
Viseu Dão Lafões
25,00 Tâmega e Sousa
Região de Aveiro
20,00 Região de Leiria
15,00
y = 0,6088x + 24,725
10,00
R² = 0,1943
5,00 R = 0,44
0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0
Sem escolaridade %
A linha tracejada define o ponto médio do nível sem escolaridade, 13,4%, que separa
as regiões com percentagens de população sem escolaridade acima da média, à direita
e abaixo da média à esquerda e onde as assimetrias são menos nítidas.
A correlação do voto no PS com a percentagem de população com o nível de ensino do
básico 2º ciclo é fraca e de sentido negativo sendo entre os outros partidos a mais
elevada neste nível de escolaridade. Como mostra o diagrama de dispersão da figura
52 não acompanha o voto no PS verificando-se uma concentração em torno das
médias da escolaridade, 12,6%, e dos votos no PS, 32,90%.
45,00
PS % Baixo Alentejo
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
35,00 Ave
AM de Lisboa AM Porto
30,00 Algarve Alto Tâmega Tâmega e Sousa
Alto Minho
Viseu Dão Lafões Cávado
25,00
Região de Leiria Região de Aveiro
20,00
15,00
y = -0,823x + 43,256
10,00 R² = 0,1549
R = -0,40
5,00
0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0
Básico 2º ciclo %
47
devido aos quantitativos do PIB se concentram sobretudo nas regiões da Área
Metropolitana de Lisboa, com aproximado a 40%, e na do Porto com cerca de 15%.
As regiões do Algarve, um pouco acima da média, e as regiões do Ave, Aveiro,
Coimbra, Tâmega e Sousa com valores abaixo da média, 4,35. Verifica-se a
concentração das regiões com valores do PIB regional abaixo dos 5%. Os votos no BE
confirmam que, independentemente do PIB de cada região, o comportamento do voto
neste partido não foi influenciado pelo maior ou menor valor do PIB nas regiões como
mostra o diagrama de dispersão da figura 53.
De modo geral todas as regiões apresentam um PIB regional muito baixo cujas
correlações com os votos não traduzem possibilidades de haver qualquer relação
evidente. É nas duas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto que os partidos obtêm
maior percentagem de votos. Contudo, e mais uma vez, o BE obtém aí uma tendência
para votação mais elevada, enquanto a coligação mostra tendência para naquelas
regiões baixar a seu voto. Verifica-se ainda que o voto naquele partido,
independentemente do PIB, aumenta nas regiões do sul e áreas metropolitanas
enquanto o PSD.CDS-PP aumenta nas regiões do norte e baixa nestas regiões quando
aumenta o PIB (figuras 53 e 44).
Quanto ao voto nos partidos PS e PCP-PEV, cujos coeficientes de correlação são
extremamente baixo e sem significado relevante não se procedeu a uma análise mais
detalhada.
A riqueza económica das regiões representada pelo PIB regional que é um dos
indicadores mais utilizados para quantificar a atividade económica e ser uma
agregação de toda a atividade económica (duma região neste caso) não revelou ser um
fator explicativo para justificar o sentido de voto nos partidos. Possivelmente obter-se-
iam outros resultados efetuando a análise com a desagregação das atividades
económicas que contribuíram para a determinação do PIB regional.
16,00
BE %
14,00 Algarve
2,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
PIB regional %
48
60,00
PSD.CDS-PP %
Alto Tâmega
Viseu Dão Lafões Região de Leiria
50,00 Região de Aveiro
Cávado
Tâmega e Sousa
Minho
Ave
40,00 AM Porto PIB
14,82%
Região de Coimbra
Algarve
30,00 Lezíria do Tejo AM Lisboa PIB
Alto Alentejo 39,41%
Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral y = -0,1875x + 40,441
R² = 0,021
R = - 0,15
10,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
PIB regional %
49
quadro 11 e, mais adiante, as correlações com o total de pensionistas CGA e SS em
2013, últimos dados disponíveis.
10,00
5,00
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Taxa de pensões CGA
50
O Figura 56 mostra uma separação nítida entre as regiões do norte e do sul separadas
pela reta de regressão que as separa. Contudo o coeficiente de correlação é negativo
pois que, quando cresce a taxa de pensionistas, decresce tendencialmente nas regiões
do sul a votação no PSD.CDS-PP quando aumenta a taxa de pensionistas.
60,00
PSD.CDS-PP % Regiões de Aveiro e
Alto Tâmega
Leiria Viseu Dão Lafões
50,00 Terras de Trás-os-
Tâmega e Sousa Cávado Douro Montes
Alto Minho
Ave
40,00 Região de Coimbra
A M do Porto Beira Baixa
51
PCP-PEV % 30,00
y = 0,7345x + 3,6146
R² = 0,0584
R = 0,24 Baixo Alentejo
25,00
Alentejo Litoral
Alentejo Central
20,00
15,00
Alto Alentejo A M de Lisboa
Lezíria do Tejo
10,00
Algarve
Ave A M do Porto Região de Coimbra
5,00 Alto Minho Beira Baixa
Cávado Douro
Tâmega e Sousa
Alto Tâmega Terras de Trás-os -
Região de Aveiro Viseu Dão-Lafões Montes
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Taxa pensões CGA
A correlação entre o voto do PCP-PEV e a taxa de pensões da CGA é muito baixa, +0,24.
A reta de regressão representada no diagrama de dispersão da figura 57 mostra uma
nítida divisão norte-sul e as regiões do norte situadas abaixo da reta e com mais
população a receber pensões da CGA foram as que verificaram baixas votações neste
partido, exceção feita às quatro regiões do Alentejo, não sendo portanto passível
duma associação dos votos neste partido às pensões da CGA. Os restantes partidos
não indicam qualquer associação como o voto por parte destes pensionistas.
Como se verifica no quadro as correlações são quase nulas com o PCP-PEV e com a
coligação PSD.CDS-PP. O PS apresenta um coeficiente de correlação
comparativamente mais elevado mas de sentido negativo. Salientam-se o BE e o PAN
com valores um pouco mais significativos.
52
PS % 45,00
Portalegre
40,00
Castelo Branco
Beja Évora Coimbra
35,00 Setúbal
Santarém Porto Lisboa
Bragança Faro Braga
30,00 Viseu
Castelo Branco Aveiro
25,00 Leiria
10,00
5,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
Pensionistas %
53
BE % 15,00
Faro
Setúbal
12,50
Porto Lisboa
Castelo Branco Santarém
10,00 Coimbra
Portalegre Aveiro
Leiria
Évora Braga
Beja Viana do Castelo
7,50
Guarda Viseu
Bragança
5,00 Vila Real y = 0,1927x + 8,1968
R² = 0,1975
R= 0,44
2,50
0,00
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00
Pensionistas Seg. Social 2014 em %
1,25 Leiria
Santarém
1,00 Aveiro
Beja, Évora Coimbra
0,75 Catelo Branco Braga
Portalegre Viseu y = 0,0598x + 0,7475
Vila FReal R² = 0,460
0,50 R= 0,68
Bragança
0,25
0,00
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00
54
7.5. O voto e as Pensões da Segurança Social e Caixa Geral de
Aposentações no total da população em percentagem
Nos pontos anteriores analisou-se individualmente a relação entre cada uma das taxas
de pensões, CGA e Segurança Social, com o voto em cada partido. Veremos agora qual
a tendência da população pensionista no conjunto dos dois subsistemas de pensões
referentes a 2013, os mais recentes, publicados até à data. Assim, procedeu-se como
anteriormente à determinação dos coeficientes de correlação e à construção dos
respetivos diagramas de dispersão utilizando os mesmos critério.
Para uma melhor comparação apresenta-se agora num outro quadro (Quadro 12) as
correlações dos três subsistemas que mostra como varia em cada partido o coeficiente
de correlação em relação a cada uma das origens das pensões.
Como se pode verificar no quadro 13, a taxa dos pensionistas da Segurança Social e da
Caixa Geral de Aposentações, quando considerados em conjunto, apresentam em
todas as regiões, correlações muito fracas com o voto dos partidos BE e PAN. Quanto
ao PCP-PEV e ao PSD.CDS-PP, tendo correlações próximas R= +0,39 e R= -0,44
respetivamente, mostram evoluir em sentidos diferentes. Note-se que os valores das
correlações dos pensionistas da segurança social poderão ter sido, em parte, afetados
por algumas pequenas diferenças devido a ter sido considerado para o seu
apuramento por falta de informação disponível ao nível NUT áreas geográficas ao nível
de distrito em vez das regiões NUTS III como o foi para os outros dois indicadores.
Os coeficientes de correlação das taxas de pensões da GCA em 2014 com o BE e com o
PAN é praticamente nulo e no conjunto dos pensionistas dos dois subsistemas
mostram valores pouco significativo o mesmo não se verificando com a percentagem
de pensionistas da Segurança Social considerados isoladamente que já se analisou no
ponto anterior.
É nas correlações da taxa do total de pensionistas dos dois subsistemas com os votos
dos cinco partidos (quadro 13) que se mostram um pouco mais fortes os coeficientes
de correlação no PCP-PEV e particularmente mais elevado no PS ambos de sentido
positivo ena coligação PSD.CDS-PP negativo. O BE e o PAN apresentam neste grupo
valores muito fracos e ambos negativos, R= -0,20 e R= -0,28, respetivamente.
55
se verifica nas regiões do Alentejo Central, Baixo Alentejo, Alentejo Central, Lezíria do
Tejo e Algarve afastando-se da tendência pela percentagem do voto, marcadamente
abaixo da média (39,63%). As regiões do Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo
Alentejo, com percentagem de pensionistas marcadamente acima da média foram as
que atribuíram voto à coligação também muito abaixo da média. Em posição oposta,
encontram-se regiões do norte como Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Viseu
Dão Lafões, regiões com taxa total de pensionistas superiores à média de 42,3% com
elevada percentagem de voto na coligação, todas elas muito superiores à média
acompanhadas também pelas regiões de Aveiro e de Leiria com voto elevado atingindo
a diferença próxima do 12% em relação à média. Nestas regiões anteriores o voto não
baixou apesar das taxas de pensionistas serem relativamente elevadas não tendo sido
influenciado negativamente por este tipo de votantes.
Para além de outras explicações mais complexas uma das possíveis poderá ser que,
nestas regiões mais interiores do norte, sendo predominantemente de pensionistas
provenientes do trabalho agrícola, setor primário, as pensões por serem
substancialmente baixas não foram afetadas por cortes. Todavia, o mesmo não se
verificou nas regiões do Alentejo onde o setor primário é muito superior à média,
5,8%, mas o voto na coligação PSD.CDS-PP foi, comparativamente com as outras
regiões, muito mais baixo. A tendência dicotómica norte-sul do voto nas regiões
mantém-se independentemente da tendência decrescente do voto com o aumento da
taxa total de pensionistas.
PSD.CDS-PP % 60,00
Viseu Dão Lafões
55,00 Alto Tâmega
Região de Leiria
50,00 Região de Aveiro Terras de Trás-os
Tâmega e Sousa Cávado Douro Montes
45,00 Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 Alentejo Central
AM do Porto
35,00 y = -0,7144x + 69,853 Região de Coimbra Beira Baixa
AM de Lisboa
R² = 0,1918 Algarve
30,00 Alto Alentejo
R = - 0,44 Lezíria do Tejo
25,00 Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral
Baixo Alentejo
15,00
10,00
5,00
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
2º Quadrante 1º Quadrante
3º Quadrante
4º Quadrante
57
Os pontos referenciados pelas das regiões de Aveiro e de Leiria são as que apresentam
o maior desvio em relação à média dos votos do PS. O seu afastamento dos pontos
destas regiões da sua reta de regressão mostra uma diferença significativa entre a
distância os valores de observados de y (voto no PS) e os valores previstos de Y que
são obtidos pela reta de regressão. Concomitantemente, quanto relativamente mais
próximos da reta de regressão menor é o erro padrão, neste caso de 3,5. Os valores
que ocorrem mais elevados quer de Y, quer de X, refletem os pontos que permanecem
mais próximos da reta de regressão e indicam uma forte probabilidade de estarem
relacionados, com os pontos mais afastados da reta de regressão (erro padrão baixo
de 3,5) são os que se afastam da tendência. Assim, verifica-se que, com exceção
daquelas duas regiões, há uma relativa correspondência entre a taxa total dos
pensionistas e o voto no PS que é explicada por 41% das observações.
PCP-PEV % 27,50
Baixo Alentejo
25,00
10,00
Algarve Oeste
7,50 Região de Coimbra
AM Porto Beiras e Serra da
Média dos votos Ave Alto Minho
5,00 Cávado Estrela
Tâmega e Sousa Douro Beira Baixa
Viseu D Lf
2,50 Região de Aveiro Terras de Trás-os-
Região de Leiria Montes
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
58
Figura 63 - Correlação entre o voto PCP-PEV e o total de pensionistas
da Segurança Social e CGA
Nas restantes regiões, especialmente as do norte, o voto neste partido, não foi acom-
panhado pela elevada taxa de pensionistas, devendo o voto, ou ausência dele, poder
ser explicado complementarmente por fatores e variáveis especificamente culturais,
económicas e sociais.
A coligação PSD.CDS-PP destacou-se por ter uma correlação com pouca expressão de
sentido negativo de R= -19 não tendo o voto acompanhado a proporção de idosos nas
regiões.
O PCP-PEV também apresenta um coeficiente de correlação muito fraco e sem
significado relevante embora positivo, o que demonstra não existir uma correlação
entre o voto neste partido e o índice de dependência de idosos. Contudo, apesar de
pouco significativa, a correlação entre os votos do PCP-PEV e o índice de
independência de idosos, há uma tendência, embora ligeira, para o voto no PCP-PEV se
verificar nas regiões com elevados índices de dependência, nomeadamente nas
regiões do Alentejo e na área Metropolitana de Lisboa (figura 64). A tendência nas
regiões do norte manteve votações baixas naquele partido mesmo nas regiões com
aquele índice de dependência mais elevado.
59
30,00
PCP-PEV %
15,00
5,00
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Índice dependência de idosos
60
16,00
BE %
14,00 Algarve
12,00 AM do Porto
A M de Lisboa Alentejo Litoral
12,00 AM Lisboa
AM Porto
10,00
Ave Beira Baixa
Cávado
8,00 Baixo Alentejo
Tâmega e Sousa
6,00 Douro Terras de Trás-
os-Montes
4,00 Alto Tãmega
2,00
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Índice de dependência de idosos
61
Nesta análise do voto através deste indicador foram utilizados índices da
competitividade, coesão e qualidade ambiental para avaliar o desenvolvimento
regional ao nível das regiões NUTS III.
O índice de competitividade é definido como um número que pretende captar o
potencial de cada região, em termos de recursos humanos e de infraestruturas físicas,
assim como o grau de eficiência na trajetória seguida medido pelos perfis educacional,
profissional, empresarial, produtivo e, ainda, a eficácia na criação de riqueza e a
capacidade demonstrada pelo tecido empresarial para competir no contexto
internacional.
Segundo o INE os resultados relativos a 2013 mostram que as regiões NUTS III com um
índice de competitividade mais elevado se concentram no litoral continental.
Neste contexto o retrato territorial salienta os territórios centrados nas duas áreas
metropolitanas – a sul, envolvendo a Área Metropolitana de Lisboa, a norte,
constituindo um contínuo formado pelo Alto Minho, pelo Cávado, pela Área
Metropolitana do Porto e Região de Aveiro.
Das 23 regiões NUTS III do continente que se têm vindo a analisar apenas três
superavam a média nacional – as duas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e a
região de Aveiro. A Área Metropolitana de Lisboa apresentava o índice de
competitividade mais elevado, destacando-se das restantes regiões, o interior
continental, sobretudo do norte e centro.
De entre as três componentes do desenvolvimento regional, os resultados para o
índice de competitividade nas NUTS III revelavam o maior nível de disparidade
regional, aferido pelo coeficiente de variação.
O índice de coesão procura refletir o grau de acesso da população a equipamentos e
serviços coletivos básicos de qualidade, bem como os perfis conducentes a uma maior
inclusão social e a eficácia das políticas públicas traduzidas no aumento da qualidade
de vida e na redução das disparidades territoriais. No índice de coesão, os resultados
obtidos refletiam um retrato territorial mais equilibrado do que o observado para a
competitividade, na medida em que, em oito das 23 regiões NUTS III, o índice de
coesão superava a média nacional.
62
A qualidade ambiental está associada às pressões exercidas pelas atividades
económicas e pelas práticas sociais sobre o meio ambiente (numa perspetiva vasta que
se estende à qualificação e ao ordenamento do território), mas também aos respetivos
efeitos sobre o estado ambiental e às consequentes respostas económicas e sociais em
termos de comportamentos individuais e de implementação de políticas públicas,
Os resultados de 2013 refletiam uma imagem territorial de algum modo simétrica à da
competitividade, atendendo à concentração de regiões com índices de qualidade
ambiental mais elevados no interior continental. O padrão territorial dos resultados
desta componente sugere um aumento progressivo da qualidade ambiental do Litoral
para o Interior. Assim, destacam-se as NUTS III da faixa Litoral do Continente – Alto
Minho, Área Metropolitana de Lisboa e Região de Leiria – com resultados superiores à
média nacional. A média nacional nesta componente era superada por 14 das 23
regiões NUTS III do Continente, verificando-se uma disparidade territorial mais ténue
do que a observada para as restantes componentes.
a) O voto e a competitividade
Utilizando estes índices e a mesma metodologia anterior tentou-se encontrar uma
relação entre o voto nos quatro principais partidos e o índice de competitividade.
Pelo quadro 14 pode-se confirmar que no índice de competitividade apenas os
partidos BE, PAN e o PS são aproximados apresentando coeficientes de correlação com
alguma relevância conseguindo o PS um valor de sentido negativo. Já no que reporta à
qualidade ambiental o PS mostra um coeficiente de correlação positivo e
relativamente mediano comparado com os restantes partidos.
63
competitividade superiores à média de 92,84 que correspondem também ao maior
voto naquele partido. Numa posição inversa encontra-se a região do Alto Tâmega
também afastado da reta com um índice de competitividade muito abaixo da média e
também com votos no BE muito abaixo da média e da mediana (9,20%).
A região do Algarve mostra ser a exceção com o voto no BE muito acima da média e
com evidente afastamento da reta de regressão verificando as duas variáveis, índice
competitividade e votos um erro padrão relativamente baixo.
16,00
BE %
14,00 Algarve
y = 0,1247x - 2,4981
R² = 0,2011
12,00 R = 0,45 A M do Porto
Alentejo Litoral
Lezíria do Tejo A M de Lisboa
Médio Tejo Região de Coimbra
10,00
Região de LeiriaRegião de Aveiro
Alto Alentejo Beira Baixa Ave
Baixo Alentejo Alentejo Central Cávado
8,00
Tâmega e Sousa Alto Minho
Viseu Dão Lafões
Linha da média Douro
6,00
votações
no BE Terras de Trás-os-
Montes
4,00
Alto Tâmega
Linha da média índice
competitividade
2,00
0,00
60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0
Índice competitividade
5,00
0,00
60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0
Índice de Competitividade
64
Verifica-se que quanto maior o índice de competitividade a tendência do voto é para
ser mais baixo atingindo valores muito abaixo da média nas regiões do litoral norte,
Alto Minho, Cávado, Aveiro e Leiria. A região do Ave, cujo voto se tem verificado
tendencialmente de direita, em relação à competitividade, sai fora do padrão habitual
obtendo ali o PS voto acima da média. Este partido obteve maior percentagem de
votos nas regiões com menores índices de competitividade. Por outro lado, foram as
regiões com competitividade abaixo da média onde o voto no PS foi o mais elevado.
Foi nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto onde os índices são os mais altos e
o voto se situou à volta da média.
O voto no PAN em correlação com o índice de competitividade apresenta um
coeficiente R= +0,55 crescendo tendencialmente, embora com pouca intensidade, com
este índice. O diagrama de dispersão da figura 70 mostra semelhanças com o BE nas
regiões do litoral norte e centro com índices mais elevados de competitividade com
recuo no voto obtendo valores abaixo da média (1,01%).
2,50
PAN %
AM Lisboa
2,00 y = 0,0286x - 1,6468
Algarve
R² = 0,3057
R = 0,55 AM Porto
1,50
Oeste
Lezíria do Tejo
Médio tejo Leiria Alentejo Litoral
Alentejo Central e
1,00 Beira Baixa Coimbra Região de Aveiro
Alto Alentejo
Ave
Douro Viseu D Lf
Tâmega e Sousa
0,50 Terras de Trás-os-
Alto Tâmega
Montes
0,00
20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00
Índice de Competitividade
65
Sendo o BE o partido que apresenta o valor do coeficiente mais significativo construiu-
se o respetivo diagrama de dispersão para análise da tendência do voto em relação à
coesão. O PS apesar da correlação fraca de sentido negativo, como o segundo partido
mais votado optou-se por também conhecer o resultado da dispersão em torno das
duas variáveis.
BE % 16,00
14,00 Algarve
12,00 AM Lisboa
AM Porto
Alentejo Litoral Lezíria do Tejo
Oeste Médio Tejo Região de Coimbra
10,00
Beira Baixa Ave Aveiro
Região Leiria
Tâmega e Sousa Alentejo Central
8,00 Alto Minho
Baixo Alentejo
Viseu Dão Lafões Cávado
6,00 Terras de Trás-os- Douro
Montes
4,00 y = 0,1824x - 8,8376
Alto Tâmega
R² = 0,1679
2,00 Média do índice R = 0,41
de coesão
0,00
88,00 90,00 92,00 94,00 96,00 98,00 100,00 102,00 104,00 106,00 108,00
Índice de coesão
66
PS % 45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Baixo Alentejo Alentejo Central
35,00 Trás-os Montes Lezíria do Tejo Região de Coimbra
Tâmega e Sousa Algarve AM Lisboa
AM Porto
30,00
Alto Tâmega Viseu Dão Lafões Oeste Alto Minho
Cávado
25,00 Região de Aveiro
Região de Leiria
20,00
15,00
0,00
88,00 90,00 92,00 94,00 96,00 98,00 100,00 102,00 104,00 106,00 108,00
Índice de coesão
67
regiões do sul como Alto Alentejo, Beira Baixa e Baixo Alentejo com votos no PS
também acima de média dos 32,9%. Abaixo da média do IQA também não se verifica
uma agregação por semelhança entre regiões antagónicas do ponto de vista do voto.
45,00
PS %
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
Região de Coimbra Baixo Alentejo
Lezíria do Tejo Beiras e Serra bda
35,00Alentejo Litoral Douro AM Lisboa
Algarve EStrela
Ave, Tâmega e Sousa
Alto Tâmega AM Porto Terras de Trás-os-
30,00 Oeste Médio Tejo Montes
Viseu Dão Lafões Alto Minho
Cávado
25,00
Região de Aveiro Região de Leiria
20,00
15,00
y = 0,4961x - 16,994
Média do IQA R² = 0,3182
10,00
R = 0,56
5,00
0,00
92,50 95,00 97,50 100,00 102,50 105,00 107,50 110,00 112,50
Índice de Qualidade Ambiental
Foi o PS que obteve o coeficiente de correlação positivo mais elevado, apesar de fraco,
entre o voto e a taxa de desemprego, como se pode verificar no quadro 15. Pelo
68
contrário o BE obteve um valor de correlação de sentido negativo e mais fraco do que
o PS. No que se refere ao PSD.PSD-PP e PCP-PEV os coeficientes de correlação não
demonstram que tenha havido qualquer tendência de voto com a taxa de
desemprego.
PS % 45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Litoral e Alentejo Central
Coimbra Alto Alentejo
35,00 Lezíria do Tejo Douro
Ave
AM Lisboa
Médio Tejo Algarve AM Porto
30,00 Tâmega e Sousa
Alto Minho Cávado Alto Tâmega
25,00 Região de Aveiro
Região de Leiria Viseu Dão Lafões
20,00
5,00
0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0
Taxa de desemprego 2014
69
BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS
% de Beneficiários de Subsídio de Desemprego
0,78 0,64 0,34 -0,50 0,17
2014
Quadro 16 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos
e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014
60,00
PSD.CDS-PP
Alto Tâmega
Região de Aveiro
50,00 Alto Trás-os- Cávado
Douro
Montes Alto Minho Tâmega e Sousa
Médio Tejo Ave
40,00 AM Porto
Beira Baixa
AM Lisboa
30,00 Algarve
Alto Alentejo
Média votos Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral
y = -10,511x + 66,222 Baixo Alentejo
R² = 0,2535
10,00
R= -0,50 Média beneficiários
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
% Beneficiários com Subsidio de Desemprego 2014
70
O BE contraria a tendência descrita no ponto anterior para a taxa de desemprego,
apresentando uma correlação positiva mais forte de entre todos os partidos, R= +0,78
apenas aproximada com o PAN, R= +64.
16,00
BE %
2,00
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
% Beneficiários com Subsídio de Desemprego 2014
71
45,00 Baixo Alentejo
PS %
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
Alentejo Litoral
35,00 Terra s de Trás-
Douro Ave
os-Montes AM Lisboa
30,00 Alto Tâmega AM Porto Algarve
Alto Minho Cávado
Viseu D. Lf
25,00 Região de Aveiro
Região de Leiria
20,00
5,00
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
% Beneficiários com subsídio de desemprego 2014
PCP-PEV % 30,00
y = 4,51x - 2,9052
R² = 0,1174 Baixo Alentejo
25,00
R= 0,34
Alentejo Central Alentejo Litoral
20,00
15,00
Linha da média Lezíria do Tejo
de votos no PCP-PEV AM Lisboa
Alto Alentejo
10,00 Coimbra Algarve
Médio Tejo Oeste
AM Porto
Alto Minho Cávado Ave
5,00 Terra s de Trás-os- Leiria Tâmega e Sousa
Montes Região de Aveiro
Viseu D Lf
Alto Tâmega Douro
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
O PCP-PEV tem uma correlação positiva fraca, R= +0,34 o dobro do PS, com a
percentagem dos beneficiários de subsídio de desemprego. O diagrama de dispersão
72
da figura 77 mostra um afastamento muito nítido da reta de regressão das regiões do
Alentejo, com exceção da região do Alto Alentejo, que mostram a forte votação neste
partido e a percentagem de beneficiários com subsídio de desemprego com grandes
desvios em relação às médias distorcendo a estimativa. Contudo o voto acompanha a
percentagem de população a beneficiar de subsídio de desemprego acima dos 2,5%.
Qualquer outra extrapolação tem uma margem de erro muito elevada. O
relativamente elevado erro padrão de 6,33 demonstra como o desvio dos pontos das
regiões e o voto se afastam da reta de regressão.
Nas regiões do norte as votações no PCP-PEV ficam abaixo da média e encontram-se
abaixo da reta seguindo a tendência para aumentar o voto quando aumenta a
percentagem da população a receber subsídio de desemprego sendo de 11,7% a
percentagem que pode ser explicada pela relação linear.
Como se pode observar a correlação com o PCP-PEV é fraca, PSD.CDS-PP com uma cor-
relação relativamente fraca mas de sentido negativo e o PS com uma correlação sem
insignificância e de sentido negativo.
73
60,00
PSD.CDS-PP %
Alto Tâmega Terra de Trás-os-Montes
Regiões de Leiria e de
Viseu Dão Lafões
50,00 Aveiro
Tâmega e Sousa Douro Cávado
Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 Oeste AM Porto
Região de Coimbra
Beira Baixa
AM Lisboa
Lezíria do Tejo Algarve
30,00
Alto Alentejo
Alentejo Central
20,00 Baixo Alentejo Alentejo Litoral
Linha da média
10,00 y = -0,3651x + 71,821
do índice de poder
R² = 0,1549
de compra
R= -0,39
0,00
30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0 120,0 130,0
IPC - Índice de Poder Compra 2013 em %
74
16,00
BE %
14,00 y = 0,1368x - 2,9877 Algarve
R² = 0,4932
12,00 R= 0,70 AM Porto AM Lisboa
Alentejo Litoral
Médio Tejo Lezíria Tejo
10,00 Oeste
Beiras e Serra da Estrela Ave Região de Coimbra
Regiões de Aveiro e Leiria
Beira Baixa Alentejo Central
8,00 Alto Minho
Tâmega e Sousa Cávado
Viseu Dão Lafões Alto Alentejo
Baixo Alentejo
6,00 Douro
Terras de Trás-os-Montes
2,00
0,00
30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00 130,00
IPC - Índice de Poder de Compra 2013 em %
O BE e o PAN foram os partidos cujos votos apresentam correlações muito fortes com
o IPC, sendo o PAN o que mais evidencia e que é explicado por cerca de 51% dos casos
com um erro padrão relativamente baixo de 1,60.
Optou-se assim por analisar apenas o BE por este ser o partido que mais
representatividade teve em número de votos e, ao mesmo tempo, apresenta uma
correlação forte com o indicador sendo podendo assim estabelecer-se comparação
com os outros partidos e indicadores analisados anteriormente.
No caso concreto do BE o coeficiente de correlação relativamente forte de R= +0,70 é
elucidativo e a análise de regressão mostra um ajuste dos dados com alguns desvios e
que neste modelo é explicativo pra para 49% dos casos.
A figura 79 mostra a tendência crescente dos votos no BE quando aumenta o IPC
verificando-se afastamentos da reta de regiões com valores abaixo das médias do voto
e do índice IPC e à direita com afastamento pronunciado acima das duas médias.
Encontram-se as regiões do Algarve e das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto,
muito acima da média das votações no BE (9,08%) e do IPC (88,19) e desvio muito
abaixo da reta de regressão das duas médias nas regiões do Douro e Alto Tâmega.
9. Notas conclusivas
9.1 Síntese contextual
O panorama eleitoral e político nacional tem sido predominantemente “controlado”
pelos dois grandes partidos PS e PSD formando um padrão geográfico eleitoral que se
vai repetindo ao longo dos anos liderando alternadamente todos os governos. Em
2011 o PSD fez coligação com o CDS-PP após as eleições desse ano.
Observando as distribuições espaciais dos votod constata-se que existe um padrão de
distribuição bem definido e expectável a priori: a norte do território prevalece o
domínio dos partidos de direita e centro-direita, enquanto a Sul, predominam
claramente os partidos de esquerda e centro-esquerda, embora os dois maiores
partidos, PS e PSD vençam a esmagadora maioria das freguesias de forma cíclica.
75
Existe pois, um vasto eleitorado que deambula entre os dois partidos, ideologicamente
localizados, um que alterna entre a direita e o centro e outro que alterna entre mais
ou menos à esquerda o centro-esquerda, cuja influência é decisiva no espectro político
nacional para o resultado final em cada eleição.
Ao longo do tempo existiram algumas situações que merecem particular atenção. O
domínio do PPD/PSD na região do Algarve em 1991 (ano em que o partido alcançou
uma maioria absoluta), repetiu-se apenas em 2011. Pelo meio, haverá apenas a
registar o razoável desempenho do partido nas Legislativas de 2002 e por certo, uma
vez mais, a volatilidade do comportamento eleitoral funcionou como fator explicativo
para esta alternância.
A norte, especificamente na faixa litoral, o PS consegue em diversas eleições mesclar a
paisagem do PPD/PSD de forma significativa (ver por exemplo no início, na figura 2, as
legislativas de 2005 e 2009) com a vitória em diversos distritos e freguesias.
Quando consideramos o território a sul do rio Tejo o PSD já não apresenta a mesma
tendência que se verifica nas regiões do território litoral e do interior norte onde o
PPD/PSD tem obtido os seus melhores resultados de forma continuada ao longo do
tempo.
As regiões do Alentejo, com menor ou maior incidência, constituíram e são ainda o
bastião do PCP, partido que, sobretudo na região Baixo Alentejo, por diversas razões
históricas, tem apresentado um dos eleitorados mais fiéis ao longo do tempo e onde é
possível constatar que, cada vez mais, o PS passou a desempenhar um papel
preponderante nas em diversas freguesias das regiões alentejanas como se pode
confirmar pelas análises realizadas. A luta pelo domínio nas regiões do Alentejo é um
clássico das disputas do PCP em séria concorrência com o BE, e do PS.
Em 2015, com particular destaque, as regiões de Alto Tâmega, Viseu Dão Lafões, Leiria,
Aveiro, Terras de Trás-os-Montes e Douro foi onde a coligação PSD.CDS-PP apresentou
os resultados mais elevados, muito superior à média de 39,63%. O ano de 2005 foi a
exceção a esta “regra” por serem as regiões onde se localizam o maior número de
freguesias que, ao longo dos diversos escrutínios, têm mostrado fidelidade partidária
aos ideais sociais-democratas, mesmo em determinadas conjunturas adversas para o
partido, situação que apenas encontra paralelo no seio do eleitorado comunista
residente na Região do Baixo Alentejo. Um dos prováveis fatores de ligação de
fidelidade em ambas as regiões, cada uma com o seu partido favorito, poderá estar
relacionado com as classes sociais a que os seus eleitorados maioritariamente
pertencerão.
76
No primeiro caso pretendeu verificar-se o antagonismo ou a proximidade entre pares
de partidos que correspondessem à posição real do eleitorado. Evidenciaram-se
tendências muito distintas e, em alguns casos, dicotomias claras entre as regiões litoral
norte e as do sul no que se refere ao sentido do voto. O PS e os partidos em coligação
PSD.CDS-PP mostraram correlações fortes mas de sentidos opostos. Enquanto a sul o
voto do PS era dominante reduzia nos distritos do norte em favor da coligação.
Contudo, nos distritos do sul, verificaram-se, entre os dois partidos, correlações muito
fortes de sentido positivo mostrando uma penetração embora lenta da coligação.
A correlação entre o PS e o PCP-PEV mostrou que este último ainda mantem alguma
influência nos distritos de Beja, Setúbal e Évora onde atinge as maiores percentagens
de voto, muito acima da média, mas que é substituída pelo PS e pelo BE, embora
moderadamente. Nos distritos do norte evidenciam o distanciamento marcado entre
os dois partidos com vantagem para o PS, ficando o PCP-PEV muito baixo da média dos
8,85%.
O voto distrital do PCP-PEV relacionado com o do PSD.CDS-PP denota uma oposição
geográfica muito clara e um antagonismo manifestado pelo sentido oposto da
correlação entre as percentagens de votação. A correlação muito forte mas negativa
(R = - 0,91) explicada em 83% dos casos torna evidente uma nítida dicotomia entre os
distritos do norte e os do sul. O declive acentuado da reta de regressão demonstra
forte antagonismo eleitoral entre as duas forças políticas aumentando a votação da
coligação quando diminui a do PCP-PEV. Revela-se um grande grupo de distritos com
voto elevado no norte e relativamente mais fraco no centro no caso da coligação
PSD.CDS-PP e um pequeno grupo, com votações relativamente fracas no PCP-PEV em
três distritos do sul onde supera a coligação de direita.
O nível da relação entre os votos no PCP-PEV e no BE não são relevantes mantendo-se
o PCP-PEV a aumentar nos três distritos do sul, Beja, Évora e Setúbal, onde mantém a
predominância sobre o BE que, nos distritos do norte, supera em votos o PCP-PEV e a
sul onde o BE se salienta no distrito de Faro. A correlação positiva entre estes dois
partidos, embora fraca, mostra que, quando um cresce o outro acompanha a
tendência, mas o PCP-PEV em menor grau, mas com desvios nos distritos em que
ambos se distinguem.
A comparação dos votos do PCP-PEV e do BE nas eleições de 2011 e de 2015 mostra
que o PCP-PEV, apesar de ter recuperado votos em quase todos os distritos, perdeu
em cinco deles mas que o BE recuperou e superou em todos os distritos os votos que
perdeu em 2011 apresentando aumentos muito significativos.
Na comparação feita com o PS e o PSD.CDS-PP verificou-se que este último perdeu em
quase todos os distritos com exceção de sete onde os aumentos foram pouco
significativos. O PS perdeu votos apenas no distrito de Braga tendo nos restantes o
acréscimo sido, em média, acima dos 5 pontos percentuais.
Em conformidade com as correlações entre a percentagem dos votos obtidos pelos
partidos analisados mostrou que existem graus de correlação muito fortes que
geraram uma imagem de agrupamentos/associações interdistritais que se pode
traduzir numa espécie de comportamento eleitoral das populações em conformidade
com o menor ou maior grau de associação através do voto.
77
Os graus de associação dos distritos com correlações significativas superiores a 0,985
confirmam a existência duma dicotomia entre o norte e o sul e ainda entre alguns do
centro tais como Coimbra e Leiria onde prevalece o voto na coligação PSD.CDS-PP. Esta
associação é relativa porque se verifica que distritos do norte também se associam,
embora em segunda ordem, com distritos do sul por coeficientes de correlação um
pouco abaixo dos 0,985 que se consideraram para as associações.
As redes de ligação traduzem através do voto distrital um comportamento político e
partidário através do seu grau de ligação a partidos tradicionalmente caracterizados
como sendo à direita ou à esquerda do espetro partidário
78
No setor primário apenas o PS e o PCP-PEV registaram aumento de votos quando
aumenta este tipo de população mas com as regiões a norte as que apresentam menos
votos nestes partidos contrapondo-se ao PSD.CDS-PP que aumenta a percentagem de
voto apesar da menor população empregue no setor primário.
O PIB regional não mostrou ter influência relevante no voto dos partidos sendo o BE o
que apresentou uma correlação, embora pouco significativa, com este indicador.
O nível de escolaridade da população das regiões foi o indicador que mostrou ter
algum significado na correlação com o voto em alguns dos partidos. O BE e o PAN
foram os que mais se distinguem no voto correlacionado com o nível superior de
ensino e correlações fortes mas negativas com o nível básico 1º ciclo, sendo o
PSD.CDS-PP o único partido que apresenta uma relação deste nível de ensino com o
voto.
O baixo nível de escolaridade teve correlações mais altas com a coligação PSD.CDS-PP
e mais baixas nos outros níveis mas de sentido de negativo com exceção do nível de
escolaridade básico 1º ciclo. No que diz respeito ao voto no PS não mostrou que
tivesse tido influência o nível de escolaridade, verificando-se apenas uma correlação
relativamente mais forte e positiva com a população sem nível de escolaridade, sendo
comparado neste nível com o PSD.CDS-PP, cujo coeficiente de correlação não mostrou
valor que tivesse significado.
Evidencia-se que o BE e o PAN têm correlações fortes com os níveis de escolaridade do
básico 3º ciclo e secundário, mas com menor voto nas regiões do norte quando
diminui a percentagem de população com aqueles níveis de escolaridade.
A taxa de pensões da CGA (Caixa Geral de Aposentações) e a Taxa de Desemprego
correlacionadas com o voto apresentam os valores mais elevados de sentido positivo
com o PS mas pouco significativos. O BE e o PAN destacaram-se nas correlações com a
percentagem de pensionistas da Segurança Social. Após o período dos quatro anos do
Governo do PSD.CDS-PP que penalizou os idosos com cortes de pensões e outros
subsídios de subsistência seria expectável que se verificasse uma forte correlação de
sentido negativo com o voto naquele partido o que não se verificou na análise
efetuada. Apena o PS mostrou alguma correlação com o índice de dependência de
idosos.
O BE e o PAN foram os únicos que revelaram correlações muito significativas com o
índice de poder de compra per capita (IPCPC) mostrando uma tendência para o
aumento do voto quanto maior o valor deste índice. Foi nas regiões do interior norte
onde o IPCPC é baixo, onde se verificou menor percentagem de votos no BE e no PAN.
O índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR) não mostrou correlações
significativas com os dois partidos mais votados, PSD.CDS-PP e PS. Só o PS apresentou
uma correlação com algum significado com o índice de qualidade ambiental. O BE e o
PAN distinguiram-se com correlações positivas com a competitividade e a coesão,
assim como co o índice global.
79
9.4. Síntese final
A análise quantitativa que se efetuou correlacionando o voto nos partidos com assento
na Assembleia da Republica com vários índices e indicadores socioeconómicos ao nível
distrital e regiões NUTS III mostrou não existir uma evidente relação entre a
percentagem de votações nos partidos e aqueles indicadores. Em todas as correlações
efetuadas verificou-se uma clara dicotomia nas votações entre o norte e o sul, tendo
os partidos do centro-esquerda e da esquerda obtido mais votos nas regiões do sul e
nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto independentemente da sua ou maior
votação correlacionada com os indicadores utilizados. Todavia também se verificou em
alguns indicadores uma relevante ligação com o voto nos partidos de esquerda.
A influência da religião católica profundamente enraizada nas populações do norte,
pouco propensa a ideologias de esquerda, de que os partidos da direita e centro-
direita tiram proveito.
A variável taxa de desemprego não justificou, com exceção do PS, os votos nos
partidos mesmo nas regiões onde aquela taxa é muito elevada como as regiões do
Ave, Alto Tâmega, Douro, Tâmega e Sousa onde o voto na coligação PSD.CDS-PP foi
predominantemente elevado.
A análise demonstrou ainda que os indicadores utilizados não foram suficientes para
se tirarem conclusões claras sobre o comportamento eleitoral pois que deve ter
obedecido a variáveis mais políticas e de comunicação social do que sociais e
económicas Porém, não é depreciativa a influência destas últimas variáveis no
aumento dos votos em partidos, regularmente classificados como sendo da esquerda e
do centro-esquerda e outro sem ideologia definida, em relação às anteriores eleições
de 2011.
Os resultados verificados terão validade quando posteriormente relacionados com
outros fatores politico-sociológicos que possam justificar o comportamento eleitoral
dos portugueses nas eleições de 2015, realizadas após um período socialmente muito
conturbado pelas políticas sociais e económicas muito restritivas e de austeridade
severa promovidas pela coligação que antes governou. A apreciação que
eventualmente se fizer deverá ter em conta as causas sociais e políticas remotas e
atuais em relação ao sentido conservador do voto das regiões a norte do rio Tejo.
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ANEXO
Eleições 2009 Eleições 2011 Eleições 2015 Diferenças 2011-2009 Diferenças 2015-2011 Diferenças 2015 2009
Distritos % % % % % % % % % % % % % % % % % % %
Aveiro 9,01 3,83 33,75 5,03 4,09 25,93 48,14 9,6 4,36 27,91 -3,98 -0,26 -7,82 4,57 0,27 1,98 0,59 0,53 -5,84
Beja 10,06 28,92 34,82 5,19 25,39 29,79 20,11 8,2 24,96 37,29 -4,87 3,53 -5,03 3,01 -0,43 7,5 -1,86 -3,96 2,47
Braga 7,82 4,63 41,73 4,22 4,89 32,85 45,61 8,8 5,19 30,87 -3,6 -0,26 -8,88 4,58 0,3 -1,98 0,98 0,56 -10,86
Bragança 6,2 2,41 32,98 2,3 2,59 26,10 49,41 5,54 3,07 34,06 -3,9 -0,18 -6,88 3,24 0,48 7,96 -0,66 0,66 1,08
Castelo Branco 9,08 5,05 41,00 4,19 4,89 34,80 35,31 10,03 6,03 38,86 -4,89 0,16 -6,20 5,84 1,14 4,06 0,95 0,98 -2,14
Coimbra 10,77 5,76 37,90 5,75 6,22 29,18 37,18 9,89 7,03 35,28 -5,02 -0,46 -8,72 4,14 0,81 6,1 -0,88 1,27 -2,62
Évora 11,12 22,32 35,01 4,91 22,06 29,07 23,96 8,64 21,94 37,47 -6,21 0,26 -5,94 3,73 -0,12 8,4 -2,48 -0,38 2,46
Faro 15,38 7,75 31,86 8,16 8,57 22,95 31,47 14,13 8,68 32,77 -7,22 -0,82 -8,91 5,97 0,11 9,82 -1,25 0,93 0,91
Guarda 7,55 3,28 35,97 3,34 3,48 28,31 45,59 7,42 3,95 33,78 -4,21 -0,2 -7,66 4,08 0,47 5,47 -0,13 0,67 -2,19
Leiria 9,5 5,11 30,18 5,37 4,97 20,71 48,42 9,66 5,11 24,82 -4,13 0,14 -9,47 4,29 0,14 4,11 0,16 0 -5,36
Lisboa 10,81 9,93 36,35 5,72 9,55 27,53 34,68 10,89 9,84 33,54 -5,09 0,38 -8,82 5,17 0,29 6,01 0,08 -0,09 -2,81
Portalegre 10,75 12,87 38,28 4,45 12,81 32,43 27,63 9,2 12,18 42,43 -6,3 0,06 -5,85 4,75 -0,63 10 -1,55 -0,69 4,15
Porto 9,21 5,7 41,81 5,13 6,23 32,03 39,59 11,14 6,83 32,72 -4,08 -0,53 -9,78 6,01 0,6 0,69 1,93 1,13 -9,09
Santarém 11,91 9,26 33,70 5,79 9,02 25,85 35,82 10,76 9,64 32,91 -6,12 0,24 -7,85 4,97 0,62 7,06 -1,15 0,38 -0,79
Setúbal 14,02 20,07 34,00 7,03 19,65 27,14 22,59 13,05 18,8 34,31 -6,99 0,42 -6,86 6,02 -0,85 7,17 -0,97 -1,27 0,31
V. do Castelo 8,55 4,19 36,26 4,39 4,93 26,18 45,54 7,96 5,23 29,82 -4,16 -0,74 -10,08 3,57 0,3 3,64 -0,59 1,04 -6,44
Vila Real 5,5 2,86 36,05 2,34 3,06 29,12 51,02 5,18 2,95 33,06 -3,16 -0,2 -6,93 2,84 -0,11 3,94 -0,32 0,09 -2,99
Viseu 6,49 2,86 34,71 2,85 2,87 26,69 51,05 6,72 3,5 29,65 -3,64 -0,01 -8,02 3,87 0,63 2,96 0,23 0,64 -5,06
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