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Comportamento eleitoral e o voto

através de indicadores regionais


nas eleições de outubro de 2015
Uma análise geográfica do voto
Manuel Rodrigues

05/03/2016

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Apresentação

Passados quatro meses completa-se este trabalho exploratório com base estatísticas
cujo objetivo foi, numa situação política e eleitoral excecional, avaliar o comportamen-
to eleitoral e o eventual condicionamento do sentido do voto nos vários distritos e
regiões de Portugal continental relativamente a determinados indicadores socioeco-
nómicos.
O trabalho não pretendeu ser de opinião, nem de comentário, nem de explicações
mais ou menos especulativas, foi efetuado apenas com dados estatísticos de várias
entidades que se relacionaram com o intenção dum confronto com o comentário da
realidade política e partidária mais ou menos especulativa para avaliar porque o eleito-
rado nas várias regiões, face a condicionantes governativas, vota mais num partido do
que noutro.
O trabalho não foi conclusivo, nem o pretendia ser, mas ajudou a perceber que o sen-
so comum por vezes não faz interpretações corretas dos factos políticos nem das
intenções do eleitorado. Quando por vezes de diz que a população de determinada
região que, por se mais desenvolvida ou por qualquer outra, vota num partido em
lugar de outro, por uma ou outra razão, estamos a cair em vícios de raciocínio político
que muitos comentadores da política, por fação, cometem.
Feito num tempo relativamente curto, e sem uma revisão pormenorizada, terá com
certeza algumas falhas que se pretenderão corrigir posteriormente com ajuda de
sugestões de que quem tiver a gentileza de o ler até ao fim, já que se dirige especial-
mente a especialistas da área.
Oportunamente será preparada uma versão menos técnica, com uma redação menos
especializada de modo a despertar interesse a um maior conjunto de pessoas even-
tualmente interessadas por questões relacionadas com o comportamento eleitoral e
intencionalidade do voto na política nacional e fora do comentário político, e de opi-
nião que todos fazemos nos blogs e redes sociais.
Para finalizar, e se a alguma conclusão se pode chegar, é que há fatores vários que,
não apenas a economia, as finanças, o emprego ou o desemprego, terão influência no
comportamento eleitoral das populações em cada região. Em resumo: há outra vida
para além da dívida, do défice, da economia e da sociologia que condiciona a mudança
nas intenções do voto.

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ÍNDICE
1. Introdução 5
2. Variações no comportamento eleitoral na distribuição espacial do voto 6
2.1. Breve contexto histórico
2.2. Caraterização administrativa e estatística do território e análise eleitoral 6
2.3. A distribuição espacial do voto 2011-2015 9
3. Contextualização do comportamento eleitoral e do voto nos partidos 12
4. Análise comparativa do voto nos partidos nas eleições legislativas em 2015 13
4.1. Alguns conceitos de base 13
4.2. Os partidos através do voto distrital 14
4.2.1. O voto distrital do PS e do PSD.CDS-PP 15
4.2.2. Voto distrital do PS e do PCP-PEV 17
4.2.3. Voto distrital PCP-PEV e do PSD.CDS-PP 18
4.2.4. Voto distrital do PCP-PEV e do BE 22
4.3. Os distritos através das votações partidárias 26
5. Análise do voto e alguns indicadores socioeconómicos 29
5.1. O voto e o setor terciário 29
5.2. O voto e o setor secundário 34
5.3. O voto e o setor primário 37
6. O voto e os níveis de escolaridade 40
a) O voto no PSD.CDS-PP e o nível de escolaridade 41
b) O voto no PAN e o nível de escolaridade 42
c) O voto no BE e o nível de escolaridade 44
d) O voto no PS e o nível de escolaridade 45
7. O voto e alguns indicadores sociais e económicos 46
7.1. Introdução 46
7.2. O PIB e o voto regional nos partidos 47
7.3. O voto e a taxa de pensões da Caixa Geral de Aposentações 49
7.4. O voto e a percentagem de pensionistas da Segurança Social na 52
população total
7.5. O voto e as Pensões da Segurança Social e Caixa Geral de 56
Aposentações no total da população em percentagem
a) O voto na coligação PSD.CDS-PP e a taxa de pensionistas 56
b) O voto na coligação PS e a taxa de pensionistas 56
c) O voto na coligação PCP-PEV e a e a taxa de pensionistas 57
7.6. O voto e o índice de dependência de idosos 58
7.7. O voto e o índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR) 61
a) O voto e a competitividade 62
b) O voto e o índice de coesão 64
c) O voto PS e o índice de qualidade ambiental 65
8. O voto a taxa de desemprego e o índice de poder de compra 67
a) O voto e a taxa de desemprego 67
b) O voto e os beneficiários de subsídio de desemprego 69
c) O voto e índice de poder de compra 72

9. Notas conclusivas 743


9.1 Síntese contextual 74
9.2 Relação interpartidária do voto nos distritos 75
9.3 Sobre os indicadores e o comportamento eleitoral 77
9.4. Síntese final 79
ANEXO 80

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1. Introdução
O estudo dos fenómenos eleitorais tem sido efetuado nos últimos anos por empresas
especializadas em marketing que apenas se dedicam em saber e divulgar como é que a
distribuição de votos é vista apenas em relação à sua distribuição espacial.
As abordagens sociogeográficas e a sua relação com o voto salvo algumas, poucas,
exceções que se dedicaram apenas ao comportamento eleitoral histórico.
A situação política e os momentos eleitorais que o país viveu desde 2005 até às
eleições de 2015 explicam por si mesmos que fosse dedicado algum tempo a um
estudo com uma abordagem diferente das habituais que têm sido feitos ao nível da
distribuição espacial do voto.
Pretendeu-se avaliar em que medida indicadores e índices económicos e sociais terão
tido influência no comportamento eleitoral. Não se pretendeu tirar quaisquer ilações
favoráveis ou desfavoráveis a qualquer partido dos que foram estudados.
A informação estatística utilizada não foi trabalhada para se obterem resultados
subjetivos. Os números não enganam são aquilo que mostram já que não foram
utilizados quaisquer artifícios que possibilitassem leituras que pudessem dar vantagens
fosse a que partido for.
Os dados que se utilizaram são de fontes que consideradas fidedignas, como sejam o
INE - Instituto Nacional de Estatística, Pordata (Fundação Francisco Manuel dos
Santos), MAI - Ministério de Administração Interna, SGMAI - Secretaria-Geral do
Ministério da Administração Interna e CNE - Comissão Nacional de Eleições.
O reduzido espaço de tempo em que foi efetuado este estudo, acrescido da
precaridade de meios disponíveis, elaborado apenas pelo autor, e a quase total
ausência no nosso país de estudos semelhantes recentes limitou logo de início uma
maior ambição.
A linha condutora que presidiu é de natureza geográfica mas, como é característica da
própria geografia moderna, frequentemente penetramos noutros domínios afins e, por
vezes, pouco convencionais.
Este estudo exploratório escrito numa linguagem sem preocupações de estilo literário,
mas com o rigor possível, para além das limitações já referidas, foi acrescido de outras
como a inexistência de dados e indicadores com desagregação ao nível do mesmo
espaço geográfico que serve aos dados eleitorais.
Ao contrário do que se pretendia não foi possível, por razões técnicas e de rigor
científico, traduzir o estudo numa linguagem mais acessível a um público mais vasto e
a todos os interessados que não tivesse formação neste domínio. Assim, tentou-se o
mais possível utilizar uma linguagem acessível e próxima das pessoas que não sendo
especializadas tivessem interesse em conhecer o estudo para tal, introduziu-se ao
longo do texto, informação que ajudasse a perceber alguns conceitos utilizados.
Apesar de tudo muita informação ficou por ser trabalhada para não complexificar e
tornar demasiado extenso o estudo.

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2. Variações no comportamento eleitoral na distribuição espacial do voto
2.1. Breve contexto histórico
A análise da distribuição espacial do voto faz parte dos estudos em geografia eleitoral
enquadrados no comportamento do eleitorado tarefa a que se procedeu para o
período compreendido entre 1991 e 2015, realizaram-se no nosso país sete eleições
legislativas, que se podem definir como eleições de primeira ordem. Neste tipo de
eleições, à semelhança do que acontece com as eleições presidenciais, o objetivo é
definir o controlo do poder executivo nacional. Dos resultados finais destes escrutínios
é possível extrair uma síntese:
 O panorama político nacional tem sido dominado geograficamente por dois
partidos, PS e PSD, e, em 2015, pela coligação PàF formada pelos partidos PSD
e CDS-PP. O PSD e O PS venceram as eleições de forma alternada, e, como tal, é
este o principal padrão eleitoral. A disputa entre o PS e o PSD, e em 2015 a
coligação PSD.CDS-PP é a principal dimensão da competição visto que aqueles
dois partidos têm liderado todos os governos desde a democratização.
 Quatro partidos (cinco a partir de 1999) têm dominado a escolha política em
Portugal desde 1975, sendo os únicos que continuamente viera a alcançar
representação parlamentar. Configura-se então à direita, o Partido do Centro
Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP); no centro-direita, o Partido
Social-Democrata (PSD); no centro-esquerda, o Partido Socialista (PS); à
esquerda, o Partido Comunista Português (PCP) e desde 1999 o Bloco de
Esquerda (BE). Claro que estas classificações não são estáticas porque, de
acordo com as evoluções políticas do eleitorado os partidos vão-se ajustando.
 A distribuição espacial do voto confirmou até 2015 existência dum
bipartidarismo em Portugal, com os dois principais partidos a obterem
sistematicamente a maioria dos votos. Curiosamente a soma da percentagem
de votos destes dois partidos tem decrescido ao longo do tempo.
Com base nos dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), cartografaram-se os
resultados eleitorais dos escrutínios que relativos ao conjunto dos distritos de Portugal
Continental. Com base nos partidos vencedores em cada um dos distritos foram
construídos os diversos mapas de distribuição do voto apresentados na figura 2.

1979
1975 (AD - 1983 1987 1991 1995
PSD+CDS)

6
1999 2002 2005 2009 2011
Legenda
PPD/PSD-PP
AD
PS
ADU, CDU,
PCP-PEV

2015
(PSD.CDS-PP)
Figura 2 - Evolução e retração dos partidos mais votados ao nível distrital nas eleições legislativas

2.2. Caraterização administrativa e estatística do território e análise eleitoral


A análise do comportamento eleitoral tem duas vertentes, e, consequentemente, deve
ser visto a partir de dois pontos distintos de observação que se complementam. O
primeiro ponto de vista relaciona-se com a distribuição do voto no espaço geográfico
e, o segundo, com fatores de natureza socioeconómica que pode ter, ou não, nas
várias regiões, uma ligação com o voto nos partidos.
A abordagem foi efetuada referindo-se apenas a Portugal Continental e trabalhada a
duas dimensões regionais. Uma ao nível de distritos e concelho reportada à
distribuição espacial dos votos nos partidos; outra onde se faz uma análise quantitativa
das votações ao nível das regiões NUTS III.

7
Figura 3 - Regiões de Portugal Continental ao nível NUTS III

Fonte: INE

NUT é o acrónimo de “Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos”,


é uma nomenclatura para fins estatísticos cuja última versão entrou em vigor em 2015
e é uma nova divisão regional em Portugal. As NUTS III em relação à versão anterior
(NUTS 2002) houve alterações significativas no que se refere ao número e composição
municipal as quais passaram de 30 para 25 unidades territoriais, agora designadas de
«unidades administrativas (figura 3). A opção por esta unidade territorial deve-se ao
facto das fontes estatísticas e os indicadores socioeconómicos mais recentes que se
utilizaram não se encontrarem desagregadas por distrito e concelho contrariamente o
que acontece com os resultados eleitorais.
Na geografia eleitoral a análise dos mecanismos geoespaciais não se limitam à
expressão espacial da ocorrência de factos de natureza socioeconómica mas também
dos de natureza puramente espacial e de relação de posição. Encontram-se neste
domínio os fenómenos de difusão espacial que têm dois aspetos marcantes: um é a
irradiação dum fenómeno a partir de um foco difusor; outro é o de contágio a partir do
qual um fenómeno se alastra em mancha de modo semelhante ao dum processo de
difusão como a gripe ou dum qualquer processo de inovação tecnológica, por
exemplo. Do mesmo modo pode surgir um recuo no processo de difusão, verificando-

8
se então o inverso, isto é, o recuo da mancha não no sentido da difusão mas da
regressão do fenómeno.
Em termos puramente teóricos isto significa que, se considerássemos durante quatro
décadas a existência dos mesmos partidos e que havia eleições de quatro em quatro
anos, poderíamos, através da representação espacial dos votos nos partidos, verificar
os avanços e recuos ao longo dos anos, assim como a sua evolução em termos de
difusão ou retração espacial do votos nesses partidos que seria mais visível numa
representação ao nível de concelho e de freguesia dando uma visão mais detalhada da
evolução/retração.
Desde as eleições de 1995 que o PS foi ocupando o espaço do eleitorado do PPD/PSD
com algumas perdas e ganhos nos seus distritos tradicionais de voto, com exceção do
ano de 2011, recuperando em 2015 alguns dos que tinha perdido em 2011.
Se compararmos o ato eleitoral de 4 de outubro de 2015 com os sete atos anteriores
verifica-se que teve uma adesão de baixa grandeza, apenas 5.380.451 eleitores o que
corresponde a 56,9% dos inscritos que foram 9.439.701 (quadro 1 e figura 4).
Ano 1987 1991 1995 1999 2002 2005 2009 2011 2015

% Votantes 71,57 67,78 66,30 61,09 61,48 64,26 60,65 58,03 56,90

Quadro 1 - Percentagem de votantes entre 1991 e 2015


Fonte: CNE

Evolução da % de votantes entre 1987 e 2015


75,0

70,0
% de Votantes

65,0

60,0

55,0

50,0
1987 1991 1995 1999 2002 2005 2009 2011 2015
Anos

Figura 4 - Evolução da % de votantes

2.3. A distribuição espacial do voto 2011-2015


A força política mais votada nas eleições de 4 de Outubro de 2015 foi a coligação de
direita PàF-Portugal à Frente constituída pelo PSD e pelo CDS-PP que obteve no
continente 36,8% dos votos. O PS obteve 32,4%, o BE 10,2% e a CDU PCP-PEV 8,3%. Os
restantes partidos juntamente com os votos brancos e nulos atingem 12.3%. O Partido
Pessoas, Animais e Natureza, PAN, obteve representação parlamentar, recolhendo
1,4% dos votos.
A taxa de participação mais elevada no Continente foi na freguesia de S. Saturnino no
concelho de Fronteira, distrito de Portalegre, onde votaram 80,33% dos 239 inscritos.
Pelo contrário, na freguesia de Soajo, concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana

9
do Castelo foi onde se registou a maior taxa de abstenção, pois apenas 22,42% dos
1436 inscritos nesta freguesia foram votar.
Uma análise por freguesia mostra que a coligação PàF nas eleições de 2011 foi
maioritária nas 3092 freguesias, o PS o mais votado em 926 freguesias, o PCP-PEV em
44 freguesias, o Juntos pelo Povo (JPP) em duas e o CDS-PP.PPM em uma.
A cartografia representada nas figuras 4 e 5 mostram a retração que se verificou entre
2011 e 2015 do partido que obteve maior percentagem de votos nos concelhos do país
nas duas últimas eleições mostrando a rosa o PS e a laranja a coligação PàF,
PPD/PSD.CDS-PP.
Quando comparado com a situação observada nas eleições de Junho de 2011, vemos
que o mapa continua predominantemente "laranja", mas está agora mais "rosa". O
PSD, que em 2011 havia sido o partido mais votado em 246 dos 308 concelhos do país,
conseguiu agora, apesar da coligação PàF, constituída por dois partidos, a vitória em
179 concelhos (incluindo resultados do PSD-Madeira). O PS que em 2011 tinha obtido
maioria em 51 concelhos, ganhou agora em 124.
A coligação PCP-PEV que em 2011 tinha obtido maioria em 10 concelhos obteve
apenas a maioria em 4 concelhos em 2015.
A difusão dos votos do PS e a retração da coligação PàF pode ser vista na cartografia
representada nas figuras 5 e 6 onde se encontram representados os resultados obtidos
por estes partidos nas eleições de 2011 e de 2015. As figuras 7 a 11 mostram em tom
mais escuro os concelhos onde cada força política mais votada obteve resultados
acima da média nacional, e vice-versa.

Figura 5 - Votação nos concelhos dos Figura 6 - Votação nos concelhos dos prin-
principais partidos em 2011 cipais partidos em 2015

Fonte: MAI e Marktest Fonte: MAI e Marktest

10
Figura 7 - Concelhos com votações no Figura 8 - Concelhos com votações no
PPD/PSD.CDS-PP acima da média nacio- PS acima da média nacional em 2015
nal em 2015
Fonte: MAI e Marktest
Fonte: MAI e Marktest

Figura 10 - Distribuição dos concelhos


com valor médio dos votos do
PCP-PEV em 2015

Fonte: MAI e Marktest

A análise destes mapas permite concluir que as regiões do Norte se mantêm fiéis aos
partidos da coligação PàF enquanto nas do Sul o PS e a CDU têm mais peso. A votação
no BE e no PAN distribui-se sobretudo pelos concelhos do Litoral e grandes cidades e
Áreas Metropolitanas, como se pode confirmar pelos mapas que se seguem.

11
Figura 9 - Distribuição dos concelhos Figura 11 - Distribuição dos concelhos
com valor médio dos votos do BE em com valor médio dos votos do PAN em
2015 2015
Fonte: MAI e Marktest
Fonte: MAI e Marktest

Os dados dos votos por freguesia permitem-nos uma análise de algumas curiosidades
destas eleições.
 O BE obteve o seu melhor resultado na freguesia de Enxames (concelho de
Fundão), com 21,54% dos 260 votantes da freguesia.
 A coligação PàF obteve a melhor votação na associação de freguesias de
Codessoso, Curros e Fiães do Tâmega (concelho de Boticas distrito de Viana do
Castelo), com 86,9% dos 221 votantes.
 O PCP-PEV registou um máximo de 64.5% dos 279 votantes na freguesia de
Alcórrego e Maranhão (concelho de Avis, distrito de Portalegre)
 O PS obteve melhor votação na freguesia de Negrões (concelho de Montalegre,
distrito de Vila Real), com 65.1% dos 109 votos contabilizados

3. Contextualização do comportamento eleitoral e do voto nos partidos


As eleições de 2015 tiveram lugar num contexto político nacional que se suponha ser
desfavorável aos partidos da coligação no governo saído das eleições de 2011.
Passados quatro anos e meio de austeridade, e apesar descontentamento que gerou
nas populações, as eleições de 2015 deram uma maioria relativa de votos à coligação
PSD.CDS-PP mas sem conseguir o número de deputados suficientes para um apoio
maioritário ao Governo indigitado.
Nas eleições de 2009 o Partido Socialista perdeu a maioria absoluta que tinha obtido
em 2005 ficando minoritário num parlamento em que o PSD, o CDS-PP, o PCP-PEV e o
BE tinham uma maioria de deputados o que não tinha acontecido nos dois anteriores
atos eleitorais. A austeridade e os PEC's (Planos de Estabilidade e Crescimento) tinham
causado um descontentamento geral na população que, juntamente com toda a
instabilidade política provocada pela dificuldade de financiamento do Estado nos
mercados, teve como consequência a ajuda externa pelas instâncias internacionais,

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Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Esta
situação teve como consequência a queda do Governo minoritário do PS que não
durou uma legislatura completa tendo sido derrubado com os votos conjuntos do PSD,
CDS-PP, PCP, PEV e BE dando lugar à antecipação das eleições em 2011 que deram
uma maioria absoluta ao PSD e ao CDS-PP que formaram uma coligação de Governo.
Uma verificação por concelhos da distribuição eleitoral do voto em 2015 mostra que o
Partido Socialista apresenta-se com a votação predominantemente a sul embora tenha
recuperado em alguns concelhos a norte e no interior a norte do vale do rio Tejo com
menor predominância no litoral norte.
Quer o Partido Socialista, quer a PàF, obtiveram votos espacialmente distribuídos por
todo o país, contudo, evidenciam-se por concelho algumas assimetrias em ambos os
partidos.
O eleitorado do PS ao longo dos anos foi sempres mais reduzido no norte, no distrito
de Leiria e em alguns concelhos do Alentejo, excetuando nas eleições legislativas de
2005 onde obteve a maioria em todos os distritos menos o de Leiria.

4. Análise comparativa do voto nos partidos nas eleições legislativas em 2015


Optou-se selecionar para esta análise apenas os partidos que elegeram deputados
para a Assembleia da República através das suas votações por distrito. O apuramento
das votações dos partidos efetua-se por freguesia, concelho e distrito enquanto os
dados socioeconómicos desagregados disponibilizados encontram-se ao nível de
regiões NUTS. Assim, para que fosse possível estabelecer correlações com algumas
variáveis socioeconómicas, efetuaram-se os cálculos para apuramento dos votos de
cada região NUT a partir dos dados das votações por distrito e ou concelho incluídos
em cada uma daquelas regiões (c. f. figura 1).

4.1. Alguns conceitos de base


Ainda antes de se avançar com o desenvolvimento deste ponto é essencial o
esclarecimento de alguns conceitos utilizados ao longo desta análise baseada em
correlações entre o voto nos partidos e indicadores e índices socioeconómicos para
que seja possível a sua compreensão.
O coeficiente de correlação é uma medida estatística que se calcula por comparação
entre diversas observações de duas variáveis, x e y, por exemplo. A medida da variação
conjunta das variáveis ou covariação observada num diagrama de dispersão é a
correlação entre essas duas variáveis.
Um diagrama de dispersão representa graficamente a posição relativa dos pontos que
são conjugados pela relação entre essas duas variáveis. Essa medida expressa
numericamente por meio dos coeficientes de correlação que representam o grau de
associação entre duas variáveis. As medidas genéricas de correlação, frequentemente
designadas por R, variam entre -1 e +1. No que respeita ao sinal + significa que as
variáveis têm um comportamento no mesmo sentido, isto é, que nos distritos ou
regiões em que um partido observa valores altos também o outro terá valores
elevados. Um sinal - significará, ao contrário, que, quando o primeiro tem valores altos

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o segundo terá valores baixos e vice-versa para cada um dos casos. Assim, no caso
concreto em estudo compararam-se os valores das votações em cada um dos partidos
nos vários distritos e regiões de nível NUT III.
A análise de regressão é uma técnica estatística que tem como objetivo investigar o
comportamento entre as variáveis. Considerando que exista um relacionamento
funcional entre os valores Y e X, responsável pelo aspeto dum diagrama de dispersão,
tem como função explicar parcela significativa da variação de Y com X. Contudo, uma
parcela da variação permanece inexplicada e deve ser atribuída ao acaso. Colocando
em outros termos: admite-se a existência de uma função que explica, em termos
médios, a variação de uma das variáveis com a variação da outra. Frequentemente, os
pontos observados no diagrama apresentarão uma variação em torno da reta da
função de regressão devido à existência de uma variação aleatória adicional
denominada de variação residual.
A equação de regressão fornece o valor médio de uma das variáveis em função da
outra. Obviamente, caso seja conhecida a forma (equação) do modelo de regressão, a
análise será facilitada. O problema, então, ficará restringido à apreciação dos
parâmetros do modelo de regressão. Esse caso ocorrerá se existirem razões teóricas
que permitam saber previamente que modelo rege a associação entre as variáveis.
Geralmente, a forma da linha de regressão fica aparente na própria análise do
diagrama de dispersão.
Em síntese: Uma regressão simples é uma extensão do conceito correlação/covariância
e tenta explicar uma variável chamada variável dependente, usando a outra variável,
chamada variável independente. Mantendo a tradição estatística, seja Y a variável
dependente e X a variável independente. Se as duas variáveis forem representadas
uma em relação a outra num gráfico de dispersão, com Y no eixo vertical e X no eixo
horizontal, a regressão tenta ajustar uma linha reta através dos pontos. Quando a reta
é ajustada, dois parâmetros emergem - um é o ponto em que a linha corta o eixo Y,
chamado de interceção da regressão, e o outro é a inclinação da linha de regressão.
Um valor de R ao quadrado muito próximo de 1 indica uma forte relação entre as duas
variáveis, podendo a relação ser positiva ou negativa. Uma outra medida numa
regressão é o erro padrão, que mede a dispersão em volta de cada um dos dois
parâmetros estimados - a interceção e a inclinação.
Quanto maior for o valor de R, em módulo, maior será o grau de associação linear
entre as variáveis. O coeficiente de correlação não é uma medida resistente, isto é,
pode ser influenciado pela existência nos dados de alguns valores “estranhos”, ou seja,
valores muito maiores ou menores que os restantes, pelo que deve ser interpretado
com o devido cuidado. A representação prévia dos dados num diagrama de dispersão,
antes de proceder ao cálculo do coeficiente de correlação, permite detetar a existência
de daqueles valores estranhos.

4.2. Os partidos através do voto distrital


Analisemos agora os cinco partidos que concorreram a todos os distritos e tiveram
assento na Assembleia da República aplicando a técnica num espaço de dezoito
dimensões em que onde se localizaram os partidos e que não pode ser representado

14
graficamente. Estas dezoito dimensões correspondem aos dezoito distritos
localizando-se cada partido pela percentagem obtida em cada um deles através dos
coeficientes de correlação.
O facto de só se analisarem quatro partidos alguns partidos e todos terem concorrido
a todos os círculos eleitorais facilitou a sua localização nas dezoito dimensões
tornando possível estabelecer uma matriz de correlação entre eles e que se encontra
representada no quadro 2.
BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP
BE
PAN 0,87
PCP-PEV 0,30 0,22
PSD.CDS-PP -0,54 -0,40 -0,91
PS 0,03 -0,13 0,51 -0,67

Quadro 2 - Matriz de correlação das votações distritais dos


cinco partidos com assento na Assembleia da República

Como se verifica os partidos que mais se assemelham na distribuição espacial do seu


voto pelo coeficiente de correlação são o BE-Bloco de Esquerda e o PAN-Partido dos
Animais e Natureza (R =+0,87). O mais antagónicos são a coligação PáF constituída pela
coligação PSD-Partido Social-Democrata e o CDS-PP-Centro Democrático Social-Partido
Popular e o PCP-PEV-Partido Comunista Português e o PEV-Partido Ecológico os Verdes
(R = -0,91) partidos que passarão doravante a ser designados pelas suas siglas.
O PS encontra-se numa posição antagónica com o PSD.CDS-PP e uma aproximação ao
PCP-PEV não revelando qualquer ligação com o BE no que se refere aos votos distritais.
Vejamos, através de diagramas de dispersão o significado de alguns destes coeficientes
de correlação.

4.2.1. O voto distrital do PS e do PSD.CDS-PP


A tendência geral do comportamento dos dois partidos ao longo dos dezoito distritos
mostra um antagonismo que corresponde à posição real do eleitorado (figura 12). A
nível distrital evidenciam-se tendências muito distintas. Este contrate é evidenciado
pela correlação negativa relativamente significativa, R=-0,67, que mostra diminuição
de votos no PS quando aumenta a votação no PSD-CDS.PP.
Comparando agora os grupos de distritos G1 e G2 que correspondem a distritos do
norte e do sul e alguns do centro e é clara a maior implantação eleitoral do PS no
grupo G2 que corresponde aos distritos mais a sul e interior centro e de Lisboa que fica
aproximadamente dentro das médias dos dois partidos. O grupo G1 é o de maior
representação do PSD.CDS-PP como votações muito acima da média dos 38,5% e
revela o contraste norte-sul.
Nos distritos do sul, centro e grandes centros urbanos (Lisboa e Porto), grupo G2, a
correlação não sendo muito forte é contudo negativa, R= -0,40, baixando os votos da
coligação quando aumenta os do PS (figura 13a). Numa análise mais fina do grupo G2,
distritos de Portalegre, Évora, Setúbal e Beja a situação é totalmente diferente,

15
quando aumenta o PS a coligação PSD.CDS-PP também cresce com uma correlação
relativamente forte e de sentido positivo, o que poderá significar um grau de disputa
entre estas duas forças políticas por parte do eleitorado adverso ao voto no PCP-PEV e
BE (figura 13).
Um grupo intermédio que corresponde a alguns distritos onde se verifica uma
aproximação entre os dois partidos que obtiveram votações médias nestes distritos
entre os 34,63% e os 35,65%.
PS %
45,00
G2 Portalegre
40,00
C. Branco
Beja Évora
35,00 Coimbra Bragança
Setúbal Lisboa
Vila Real
Faro Porto Braga
Linha média votos PS
30,00 Viseu
V. Castelo
Aveiro
25,00
Leiria
G1
20,00 y = -0,2704x + 43,833
R² = 0,4548
15,00 r = - 0,67

10,00

5,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00
PSD.CDS-PP %

Figura 12 - Votos distritais do PSD.CDS-PP e do PS

PS %
45,00 Portalegre

40,00
Beja Évora
35,00 Setúbal

30,00
y = 0,8067x + 18,858
25,00 R² = 0,5666
R=0,75
20,00

15,00
15,00 20,00 25,00 30,00
PPD/PSD.CDS-PP %

Figura 13 - Correlação entre os votos distritais do


PSD.CDS-PP e do PS nos distritos referenciados (G2) da
figura 12

16
45,00
PS % Portalegre
40,00
Castelo Branco
Beja Évora
35,00 Lisboa Coimbra
Setúbal Porto
30,00 Faro Santarém

25,00
y = -0,1869x + 41,52
20,00 R² = 0,1569
R = - 0,40
15,00

10,00

5,00

0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00

PSD.CDS-CDS %

Figura 13a - Correlação entre os votos distritais do PSD.CDS-PP e do PS


nos distritos referenciados (G2) da figura 12

4.2.2. Voto distrital do PS e do PCP-PEV


Apesar da correlação positiva de valor intermédio de R=+0,51, e da tendência para o
voto acompanhar estes dois partidos ao nível distrital há contudo disparidades
observando-se três grupos distintos (figura 14).

Votos distritais do PS e do PCP-PEV


PS %
45,0
Portalegre
40,0 G3 Castelo Branco
Coimbra Beja
35,0 Bragança Évora
Guarda
V. Real Lisboa Setúbal
Faro Santarém
30,0 Viseu G1
Porto G2
Aveiro
25,0
Leiria V. Castelo e Braga
20,0

15,0
y = 0,3149x + 30,633
R² = 0,2561
10,0
R=0,51
5,0

0,0
PCP-PEV %
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

Figura 14 - Votos distritais do PS e do PCP-PEV

Uma correlação mais restrita entre os partidos nos distritos do norte do grupo G3 os
dois partidos veem as suas votações evoluir em sentidos opostos, verificando-se um
coeficiente de correlação medianamente significativo mas de sentido negativo,
(R=-0,59), especialmente nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Viseu com uma
evolução mais lenta da tendência decrescente do PCP-PEV (figura 15).
Quanto ao grupo G1 as votações progridem no mesmo sentido, subindo um quando
sobe o outro como mostra o diagrama de dispersão da figura 16, mas a distância entre
as votações dos dois partidos são evidentes. Os distritos de Évora e de Beja
encontram-se muito próximo da linha nas votações de ambos os partidos mas o

17
afastamento do PS é nítido em relação ao PCP-PEV. Destaca-se os distritos de Setúbal e
de Beja onde as votações entre os dois partidos estão significativamente afastados.

y = -0,2993x + 13,521
PS % 35,00
Bragança R² = 0,3479
Guarda
R = - 0,59
V. Real
32,50 Porto

Braga
30,00 V. Castelo
Viseu

27,50
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00
PCP-PEV %

Figura 15 - Correlação entre os votos distritais do PS e do


PCP-PEV nos distritos referenciados (G3) da figura 14

PS % 40,00

37,50 Évora Beja

35,00
Setúbal
y = 0,4872x + 25,686
R² = 0,7151
32,50 R=0,85

30,00
15,00 17,50 20,00 22,50 25,00 27,50
PCP-PEV %

Figura 16 - Correlação entre os votos distritais do PCP-PEV e


do PS nos distritos referenciados (G1) na figura 14

4.2.3. Voto distrital PCP-PEV e do PSD.CDS-PP


A oposição geográfica do voto nestes dois partidos é evidente (figura 17) e a
intensidade é antagónica variando de área para área. A evolução do voto de um e de
outro partido faz-se sempre em sentidos opostos. O coeficiente de correlação do voto
nestes dois partidos é muito forte e de sentido negativo R= -0,91 nos 18 distritos
(quadro 2). Tendo em conta a distância entre a reta de regressão e os pontos
correspondentes aos distritos não se verifica uma manifesta dispersão.
No diagrama de dispersão evidenciam-se três grupos de distritos determinados por
mudanças de intensidade no sentido dos votos. No grupo G1 a descida de um partido
quando o outro sobe é mais intensa que no grupo G2 e neste ainda mais do que no
grupo G3.

18
Figura 17 - Votos distritais do PCP-PEV e do PSD.CDS-PP

Quer dizer que nos distritos com maior implantação do PCP-PEV o voto na coligação é
nitidamente fraco. Por outro lado, nos distritos de maior implantação da coligação é
menos relevante o voto PCP-PEV relativamente ao outro partido.
Para além dos distritos do grupo os distritos do grupo G2, Faro, Portalegre, Coimbra e
Castelo Branco, mostram votos no PSD.CDS-PP superiores às que seria de esperar. Nos
distritos do grupo G3, tradicionalmente mais conservadores e cujo voto é
tendencialmente dirigido para os partidos de direita, os votos no PCP têm sido muito
baixos em todos os momentos eleitorais para a Assembleia da República.

30,00
PCP-PEV %

25,00 Beja
Évora
20,00
Setúbal
15,00
y = -0,9892x + 43,879
10,00 R² = 0,3927
R = - 0,63
5,00

0,00
19,00 20,00 21,00 22,00 23,00 24,00 25,00

PSD.CDS-PP

Figura 18 - Correlação entre os votos distritais do PCP-PEV e


do PSD.CDS-PP nos distritos referenciados (G1) da figura 17
A figura 18 mostra, com mais pormenor os distritos do grupo G1, Beja, Évora e Setúbal,
um coeficiente de correlação entre o voto na coligação PSD.CDS-PP e do PCP-PEV uma
tendência relativamente forte mas negativa, R= -0,63, com um fator explicado por 39%
do modelo. Quando aumenta o voto na coligação baixa ligeiramente o do PCP-PEV.
Embora o primeiro tenha obtido votações superiores às que seria de esperar, visto
serem distritos onde o voto é tradicional e significativamente à esquerda (quadro 3).
Apenas 4,85 pontos percentuais separaram a coligação PSD-CDS-PP do PCP-PEV
chegando nos distritos de Évora e Setúbal a ser inferior aos votos dos partidos da
direita coligada, conseguindo o PS obter neste distritos o maior número de votações, o

19
que se vem verificando desde 1995 até hoje estes distritos eram de votação
dominante no PCP-PEV.

% de votos % de votos Diferença de votos % de votos


Distritos
PCP-PEV PSD. CDS-PP PCP-PEV e PSD.CDS-PP PS

Évora 21,94 23,96 -2,02 37,47


Setúbal 18,8 22,59 -3,79 34,31
Beja 24,96 20,11 4,85 37,29

Quadro 3 - Votações em três distritos do sul e respetivas diferenças

4.2.4. Voto distrital do PCP-PEV e do BE


O diagrama de dispersão da figura 19 mostra que nos distritos do norte as votações
nestes partidos não se aproximaram e que o BE superou o PCP-PEV mesmo nos
distritos onde tradicionalmente os votos nos partidos de direita são elevados como
Bragança, Vila Real e Viseu.

BE % 16,00
Média votos BE 9,27%
14,00 Faro
Setúbal
12,00
Porto
Leiria C. Branco Lisboa
10,00 Coimbra
Aveiro
Portalegre
Braga Évora
8,00 Guarda Beja
V. Castelo
G2
Viseu
6,00
Bragança G1
V. Real y = 0,1065x + 8,3251
4,00 R² = 0,0916
Média votos PCP-PEV R = 0,30
2,00

0,00
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00 27,50
PCP-PEV %

Figura 19 – Correlação entre os votos distritais do PCP-PEV e do BE

Na correlação, apesar de fraca (R= +0,30), entre os votos destes partidos são evidentes
dois grandes grupos de distritos: o grupo G1 com distritos do norte do país onde a
votação no BE superou em todos o PCP-PEV; o grupo G2 que reúne os distritos de Beja,
Évora e Setúbal que se afastam da reta de tendência foram os únicos onde o voto no
PCP-PEV superou, largamente, o voto no BE. A sul, o distrito de Faro, é outro caso que
sai fora da tendência onde o voto no BE superou consideravelmente o do PCP-PEV
Face a eleições anteriores, a progressão significativa do voto BE nas eleições
legislativas de 2015 merece uma análise mais detalhada, sobretudo se comparado com
o obtido pelo PCP-PEV.
Nos resultados globais das eleições de 2011 a nível nacional as votações do PCP-PEV
situavam-se nos 7,94% e as do BE nos 5,19% tendo havido em relação a 2009 perdas
expressivas ao nível distrito em ambos os partidos. Comparando os votos dos dois
partidos entre 2011 e 2015 (quadro 4 e figuras 20 e 21) verifica-se que houve ganhos

20
substanciais por parte do BE e perdas para o PCP-PEV em alguns distritos, mesmo nos
distritos que tradicionalmente votam neste partido: Beja, Évora, Portalegre e Setúbal.
Diferenças Diferenças
Eleições 2009 Eleições 2011 Eleições 2015
2011-2009 2015-2011
Distritos
BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV BE PCP-PEV

Território Nacional 9,85 7,88 5,19 7,94 10,22 8,27 -4,66 -0,06 5,03 0,33
1

Aveiro 9,01 3,83 5,03 4,09 9,60 4,36 -3,98 -0,26 4,57 0,27
Beja 10,06 28,92 5,19 25,39 8,20 24,96 -4,87 3,53 3,01 -0,43
Braga 7,82 4,63 4,22 4,89 8,80 5,19 -3,6 -0,26 4,58 0,3
Bragança 6,2 2,41 2,30 2,59 5,54 3,07 -3,9 -0,18 3,24 0,48
Castelo Branco 9,08 5,05 4,19 4,89 10,03 6,03 -4,89 0,16 5,84 1,14
Coimbra 10,77 5,76 5,75 6,22 9,89 7,03 -5,02 -0,46 4,14 0,81
Évora 11,12 22,32 4,91 22,06 8,64 21,94 -6,21 0,26 3,73 -0,12
Faro 15,38 7,75 8,16 8,57 14,13 8,68 -7,22 -0,82 5,97 0,11
Guarda 7,55 3,28 3,34 3,48 7,42 3,95 -4,21 -0,2 4,08 0,47
Leiria 9,5 5,11 5,37 4,97 9,66 5,11 -4,13 0,14 4,29 0,14
Lisboa 10,81 9,93 5,72 9,55 10,89 9,84 -5,09 0,38 5,17 0,29
Portalegre 10,75 12,87 4,45 12,81 9,20 12,18 -6,3 0,06 4,75 -0,63
Porto 9,21 5,7 5,13 6,23 11,14 6,83 -4,08 -0,53 6,01 0,6
Santarém 11,91 9,26 5,79 9,02 10,76 9,64 -6,12 0,24 4,97 0,62
Setúbal 14,02 20,07 7,03 19,65 13,05 18,80 -6,99 0,42 6,02 -0,85
Viana do Castelo 8,55 4,19 4,39 4,93 7,96 5,23 -4,16 -0,74 3,57 0,3
Vila Real 5,5 2,86 2,34 3,06 5,18 2,95 -3,16 -0,2 2,84 -0,11
Viseu 6,49 2,86 2,85 2,87 6,72 3,50 -3,64 -0,01 3,87 0,63
Quadro 4 – Votos em % por distrito no BE e no PCP-PEV nas eleições de 2009, 2011 e 2015
Fonte dos resultados eleitorais: CNE - Comissão Nacional de Eleições

Comparando os resultados das votações do BE em 2011 e 2015 (figura 20) observamos


que em todos os distritos verificou-se um aumento significativo das votações neste
partido destacando-se Faro e Setúbal com resultados substancialmente mais elevados.
Apesar da fraca implantação deste partido nas regiões eleitoralmente favoráveis aos
partidos de direita o BE obteve percentagens de voto significativas. A percentagem
média de 4,79% em 2011 passou em 2015 para 9,27%, tendo quase duplicado.

1
Inclui Regiões Autónomas da Madeira e Açores

21
16

14

12
%
10
V
o 8
t
BE 2011
o 6
s BE 2015
4

Figura 20 – Votos no BE em 2011 e em 2015

Quanto às votações PCP-PEV também se verificaram em 2015 ligeiros aumentos na


maior parte dos distritos sendo de notar que em Beja, Setúbal e Portalegre se
verificaram ligeiras descidas no voto nesta coligação de esquerda.
30

25

% 20

V
o 15
t
PCP-PEV 2011
o
s 10 PCP-PEV 2015

Figura 21 – Votos no PCP-PEV em 2011 e em 2015

Votaçõesno BE e no PCP-PEV em 2011


30

25

20

15

BE
10 PCP-PEV

Figura 22 – Votos no BE e no PCP-PEV em 2011

22
Evidenciam-se nos restantes distritos ligeiros aumentos, mesmo naqueles onde o PCP-
PEV habitualmente tem uma fraca representatividade, nomeadamente nos distritos de
Viseu, Viana do Castelo, Guarda, Bragança, Braga e Aveiro (figuras 21, 22 e 23). A
percentagem média dos votos obtidos neste partido manteve-se aproximadamente
estável, situando-se em 2011 nos 8,63%, passando para 8,85% em 2015.
Votações no BE e no PCP-PEV em 2015
30

25

20

15

BE
10 PCP-PEV

Figura 23 – Votos no BE e no PCP-PEV em 2015

Como já se referiu o BE obteve melhores resultados de sempre em todos os distritos


enquanto o PCP-PEV apresentou os resultados mais fracos.
A comparação dos votos no PS nas eleições de 2011 e nas de 2015 representadas na
figura 24 revela um aumento significativo na maioria dos distritos em 2015
ultrapassando a faixa da média dos 32,42%, excetuando os distritos de Leiria e Braga,
com maior incidência nos distritos de Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda e
Portalegre. É de salientar a baixa percentual de 1,98% que se verificou somente em
Braga.
Votações no PS comparadas
45

40

35

30

25
% de Votos
20
PS 2011
15
PS 2015
10

Figura 24 – Votos no PS em 2011 e em 2015

Foi no distrito de Portalegre onde se verificou o maior crescimento do PS.

23
2011 2015 Diferença 2011 2015
Distritos
PSD.CDS-PP PS PSD.CDS-PP PS PSD.CDS-PP PS
Território Nacional 38,63 28,05 36,83 32,38 -2,80 4,33
2

Aveiro 44,45 25,93 48,14 27,91 3,69 1,98


Beja 23,65 29,79 20,11 37,29 -3,54 7,50
Braga 40,07 32,85 45,61 30,87 5,54 -1,98
Bragança 51,99 26,10 49,41 34,06 -2,58 7,96
Castelo Branco 37,96 34,80 35,31 38,86 -2,65 4,06
Coimbra 40,17 29,18 37,18 35,28 -2,99 6,10
Évora 27,47 29,07 23,96 37,47 -3,51 8,40
Faro 37,03 22,95 31,47 32,77 -5,56 9,82
Guarda 46,32 28,31 45,59 33,78 -0,73 5,47
Leiria 47,00 20,71 48,42 24,82 1,42 4,11
Lisboa 34,10 27,53 34,68 33,54 0,58 6,01
Portalegre 32,46 32,43 27,63 42,43 -4,83 10,00
Porto 39,14 32,03 39,59 32,72 0,45 0,69
Santarém 37,72 25,85 35,82 32,91 -1,90 7,06
Setúbal 25,15 27,14 22,59 34,31 -2,56 7,17
Viana do Castelo 43,59 26,18 45,54 29,82 1,95 3,64
Vila Real 51,41 29,12 51,02 33,06 -0,39 3,94
Viseu 48,38 26,69 51,05 29,65 2,67 2,96

Quadro 5 – Votações por distrito no PSD,CDS-PP e no PS nas eleições de 2011 e de 2015


Fonte dos resultados eleitorais: CNE - Comissão Nacional de Eleições

Votações no PSD.CDS-PP comparadas


60

50

40

% de Votos 30

PSD.CDS-PP 2011
20 PSD.CDS-PP 2015

10

Figura 25 – Votos no PSD-CDS-PP em 2011 e em 2015

2
Inclui Regiões Autónomas da Madeira e Açores

24
Comparando as votações da coligação PSD.CDS-PP de 2015 com 2011 verifica-se que
perdeu votos em 39% dos distritos (figura 25). Excetuam-se os distritos de Aveiro,
Braga, Leiria, Lisboa, Porto, Viana do Castelo e Viseu que foi onde aquela força
partidária conseguiu obter alguma margem, salientando-se Aveiro e Braga com os
valores positivos mais significativos (quadro 5).
Excetuando o distrito de Braga o comportamento do eleitorado em 2015, no que se
refere ao Partido Socialista comparado com a coligação PSD.CDS-PP foi no sentido do
aumento da votação em todos os distritos não conseguindo, apesar disso, atingir os
resultados eleitorais que obteve em 2009 quando atingiu o resultado global nacional
de 36,56% contra os 32,38% em 2015. A explicação pode ser encontrada numa
eventual passagem de votos para outros partidos à sua esquerda, nomeadamente o
para o PS, para o PAN e para o Bloco de Esquerda este dois últimos como recurso a
voto de protesto (quadro 5).

Votações no PSD.CDS-PP e no PS em 2011


55
50
45
40
35
30
% Votos
25
PSD.CDS
20
PS
15
10
5
0

Figura 26 - Votos no PSD.CDS-PP e no PS em 2011

Outras possíveis explicações podem ser, em parte, justificadas por uma análise
sociopolítica que não se enquadra nos objetivos deste trabalho.
Votações no PSD.CDS e no PS em 2015
55
50
45
40
35
30
% Votos
25
PSD.CDS-PP
20
PS
15
10
5
0

Figura 17 – Votos no PSD.CDS-PP e no PS em 2015

25
Quanto à distribuição espacial por concelho pode ser observada na cartografia das
figuras 5 e 6.
Se compararmos os anos as eleições de 2011 com 2015 os dois partidos coligação
PSD.CDS-PP e o PS é notável a diferença entre os dois partidos em 2011 com uma
perda significativa de votos por parte do PS e uma acentuada votação na coligação de
direita. Em 2015 mantem-se na maior parte dos distritos uma votação maioritária na
coligação de direita PSD.CDS-PP com alguma recuperação do PS em todos eles
verificando-se um recuo apenas no distrito de Braga (figuras 26 e 27). Quanto ao PAN
não existem dados de referência que possibilitem, uma avaliação anterior nas mesmas
circunstâncias que a dos partidos que já tinham assento na Assembleia da República.

4.3. Os distritos através das votações partidárias


Nos números anteriores analisaram-se as associações entre as votações nos partidos,
vamos agora ver os graus de associação e ligação entre os distritos tendo em conta o
comportamento eleitoral dos partidos nos dezoito distritos. Com base nas votações
distritais dos partidos com deputados na Assembleia da República calcularam-se os
coeficientes de correlação entre os distritos do continente que se encontram no
quadro 6.
Evidencia-se um elevado número de correlações muito fortes que nos podem dar uma
imagem do agrupamento espacial por grupos de distrito em função das votações nos
partidos em análise.

Viana do Castelo
Castelo Branco

Portalegre

Santarém
Bragança

Vila Real
Coimbra

Setúbal
Guarda
Aveiro

Lisboa
Braga

Évora

Porto

Viseu
Leiria
Faro
Beja

Aveiro 0,475 0,995 0,989 0,903 0,944 0,614 0,908 0,986 0,997 0,934 0,75 0,973 0,946 0,642 0,996 0,993 0,998

Beja 0,55 0,553 0,725 0,693 0,985 0,715 0,578 0,432 0,73 0,88 0,627 0,714 0,959 0,542 0,531 0,487

Braga 0,997 0,94 0,971 0,682 0,94 0,997 0,985 0,964 0,812 0,99 0,972 0,708 1,000 0,997 0,995

Bragança 0,944 0,972 0,685 0,934 0,999 0,977 0,963 0,819 0,987 0,969 0,702 0,997 0,999 0,994

Castelo Branco 0,994 0,83 0,991 0,958 0,868 0,992 0,955 0,976 0,986 0,864 0,932 0,93 0,906

Coimbra 0,806 0,989 0,982 0,917 0,998 0,925 0,994 0,997 0,836 0,966 0,963 0,946

Évora 0,82 0,707 0,573 0,835 0,941 0,75 0,822 0,985 0,674 0,664 0,625

Faro 0,951 0,877 0,99 0,938 0,978 0,987 0,87 0,931 0,921 0,903

Guarda 0,971 0,974 0,843 0,994 0,979 0,73 0,996 0,996 0,989

Leiria 0,908 0,702 0,954 0,922 0,599 0,988 0,983 0,994

Lisboa 0,935 0,99 0,999 0,863 0,959 0,953 0,936

Portalegre 0,878 0,921 0,958 0,801 0,798 0,758

Porto 0,993 0,784 0,987 0,982 0,973

Santarém 0,85 0,968 0,961 0,947

Setúbal 0,696 0,68 0,644

Viana do Castelo 0,998 0,997

Vila Real 0,997


Quadro 6 - Matriz de correlação entre os distritos
segundo o voto de quatro partidos e uma Viseu
coligação (BE, PAN, PCP-PEV, PSD,CDS-PP e PS)

26
A matriz dos coeficientes de correlação do quadro 6 e as figuras 28 e 29 traduz o
comportamento eleitoral das populações entre distritos que se podem agrupar
segundo o menor ou maior grau de associação.
Para estas associações selecionaram-se apenas os distritos cujos coeficientes de
correlação são superiores a 0,985 considerados como muito significativos. Todavia,
selecionaram-se também outros distritos cujos coeficientes de correlação são menores
do que o indicado mas que, apesar de serem mais fracos, são também relevantes e
mostram uma tendência de associação entre distritos semelhantes no comportamento
eleitoral tendo-se o cuidado, nestes casos, colocar essas ligações a tracejado. Apesar
de se ter optado, apenas por uma questão de facilidade de representação gráfica pelos
dos distritos com os coeficientes de correlação indicados porque evidenciam uma
maioria de correlações muito fortes ao nível de 0,9XX que traduzem a existência de
grupos de distritos associados. A correlação mais baixa encontrada foi 0,432 verificada
entre os distritos de Beja e de Leiria.
Através das ligações entre os distritos com iguais coeficientes de correlação
evidenciam-se em primeiro lugar as mais fortes que mostra a existência de três
grandes grupos: a) Bragança que se liga primeiro a Vila Real e à Guarda com 0,999 e a
Viana do Castelo e a Viseu com 0,997 e 0,994 respetivamente; b) utilizando o mesmo
critério da correlação do voto entre partidos que lhes são comuns, segue-se ao mesmo
nível Aveiro que se liga a Braga, Viana do Castelo, Viseu e Bragança; c) Aveiro associa-
se em primeiro lugar a Viseu, este com o coeficiente de correlação de 0,998 que forma
um grupo com aqueles três distritos. Os distritos destes três grupos apresentam entre
si coeficientes de correlação significativamente elevados e positivos, daí a sua
associação.

Figura 28 - Graus de associação e ligação entre os distritos correspondentes ao quadro 6


com coeficientes de correlação iguais ou superiores a 0,9 distritos do norte

27
Definem-se a partir dos coeficientes de correlação com a votação nos partidos dois
grandes agrupamentos de distritos que correspondem a uma dicotomia norte-centro e
sul, com algumas exceções que provêm do facto do distrito do Porto se associar aos
distritos centro-sul, e o distrito de Leiria a associar-se com os do norte (figura 28),
enquanto Coimbra que se associa a norte (Porto, Viana do Castelo e Vila Real), Leiria
que está no centro encontra-se no grupo de Viseu e de Aveiro.
Braga liga-se a Viana do Castelo com o coeficiente de correlação máximo de 1,000 e a
Vila Real e a Bragança ambas com 0,997, muito próximos do grupo Viseu-Leiria-Aveiro-
Vila Real. Vila Real que, por seu lado, se associa a Bragança, à Guarda e a Vila Real,
ambos com 0,999. Vila Real associa-se mais ao grupo Viseu-Aveiro do que ao conjunto
Bragança-Viseu (0,997).
Os distritos do norte com um elevado coeficiente de associação configuram um grupo
com forte conservadorismo eleitoral e afinidades partidárias no sentido do voto apesar
de alguns apresentarem um certo afastamento dessas afinidades. Assim, Coimbra
apesar de apresentar afinidades com o conjunto dos distritos do norte tem também
afinidades com Santarém e com Lisboa, Castelo Branco mas também pode ser incluído
no conjunto nortenho por ter resultados semelhantes. Braga associa-se plenamente a
Viana do Castelo e muito próximo de Bragança e Vila Real.
O grupo Beja, Évora, Setúbal e Portalegre afasta-se do grupo dos distritos do norte e
mantêm entre si forte associação.

Figura 29 - Grau de associação e ligação entre os distritos correspondente ao quadro 6


com coeficientes de correlação ao nível 0,9 distritos centro e sul

As exceções provêm do facto do distrito do Porto associar-se ao nível da correlação


0,97X e 0,98X com alguns distritos quer do centro, quer do sul.

28
O grau de coesão entre os distritos do sul Beja, Évora e Setúbal é elevado mas inferior
ao que seria de esperar por serem, em grande parte, distritos cujo histórico eleitoral
foi sempre de votação mais à esquerda enquanto o conjunto dos distritos do norte
evidenciam uma maior homogeneidade com a maior parte dos níveis de ligação acima
de 0,9, incluindo Coimbra e Porto.
As redes de ligação traduzem o voto um comportamento político nos distritos que se
agrupam pelo seu maior ou menor grau de conservadorismo manifestado pelas suas
populações nos resultados eleitorais, destacando-se à esquerda Beja, Évora e Setúbal
com 0,985 com aproximação a Portalegre e, no polo oposto Vila Real, Bragança, Viseu
e Guarda ficando os restantes associados em posições intermédias.
Estas associações entre distritos consoante o seu voto partidário revelam uma
continuidade espacial de proximidade de comportamento eleitoral como se destaca na
figura 30 onde não se encontram representados os partidos BE e PAN visto que não
obtiveram maioria em nenhum concelho. Destaca-se também um "nicho" de
concelhos no distrito de Coimbra onde há uma continuidade espacial de votações no
PS.
Em síntese, é evidente uma dicotomia em termos de comportamento eleitoral no voto
entre os principais partidos que se verifica entre os distritos do norte e os do sul.
Excetuando os distritos do Alentejo e Setúbal as redes a sul formam outros conjuntos
associados sem ser por proximidade como Lisboa, Santarém, Castelo Branco, Coimbra
e Faro que se estendem até ao Porto que está fortemente associado a Santarém.
Apesar das votações mais elevadas nos partidos em alguns distritos as correlações
menos significativas verificam-se entre os distritos do norte e os do centro e sul,
confirmam a dicotomia salientada pela associação dos distritos de Beja, Évora e
Setúbal e de Portalegre com Faro.

Figura 30 - Votação nos concelhos dos principais partidos em 2015

5. Análise do voto e alguns indicadores socioeconómicos


Em estudos de geografia eleitoral procura-se correlacionar o comportamento eleitoral
nas várias unidades espaciais com os valores correspondentes de certos indicadores de
natureza social, económica, religiosa e outros mais específicos.

29
A questão que agora se coloca é a de saber se existem fatores sociais, económicos que
possam ser explicativos do voto em cada um dos partidos.
Embora saibamos que a correlação entre dois fenómenos não significa que exista
necessariamente uma relação de causa e efeito é importante, como hipótese de
trabalho, avaliar o grau de correlação entre o voto alguns dos indicadores.
Como já anteriormente se notou os indicadores estatísticos encontram-se são
apurados e desgregados ao nível NUTS e não por distritos pelo que houve necessidade
de fazer o apuramento das votações adequado ao mesmo nível para que se pudessem
respeitar e poder referir-se às mesmas unidades espaciais tornado assim exequível
estabelecer possíveis relações de causa e efeito.
Não se dispondo de indicadores e dados estatísticos exatamente no ano do ato
eleitoral de 2015 utilizaram-se os que tivessem mais proximidade temporal, se não em
termos absolutos pelo menos em termos relativos.
Este tipo de análise, como as anteriores, foi efetuado apenas para os partidos com
acento na Assembleia da República que forneceram as grandes tendências do
eleitorado.

5. O voto da população empregada por setores de atividade


5.1. O voto e o setor terciário

Analisaram-se os três grandes setores de atividade económica: o setor Primário que


inclui a agricultura, a floresta, a caça, a pesca e a extração mineral; o Secundário que
congrega a indústria transformadora e a construção; o Terciário que inclui serviços,
tais como comércio, transporte, administração pública, educação e saúde.
Calcularam-se as correlações entre a percentagem de voto nos partidos em 2015 por
regiões NUTS III e a população empregada por setor de atividade com dados relativos a
2011 cujos valores não terão sofrido alterações significativas nos últimos quatro anos
que provocassem o enviesamento dos cálculos.
Setores de atividade
Partidos
Primário Secundário Terciário
BE -0,51 -0,08 0,35
PAN -0,49 -0,23 0,52
PCP-PEV 0,39 -0,40 0,27
Coligação PSD.CDS-PP -0,24 0,47 -0,44
PS 0,41 -0,48 0,36

Quadro 7 - Coeficientes de correlação entre o voto nas regiões NUTS III


e os setores de atividade em 2011.

30
PS % 45,00

y = 0,1992x + 19,71 Alto Alentejo


40,00 R² = 0,1325 Alentejo Litoral
R= 0,36 Região Coimbra
35,00 Ave
AM Lisboa
Tâmega e Sousa Alto Minho
30,00 AM Porto Algarve
Cávado
25,00 Região Aveiro Viseu Dão-Lafões

Região de Leiria
20,00 Terra de Trás-os-
Montes

15,00

10,00

5,00

0,00
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0

% Pop Emp no Setor Terciário 2011

Figura 31 - Correlação entre o voto no PS e população empregada no setor terciário por


NUTS III

As correlações dos votos com os três setores de atividade, como se pode verificar no
quadro 7, são relativamente baixas e pouco significativas com exceção da correlação
entre o BE e o setor secundário que é muito fraco, sem significado e de sinal negativo,
mostrando não existir qualquer ligação entre o voto neste partido e a percentagem de
população empregada neste setor de atividade.
O setor terciário na correlação com o voto nos partidos origina grupos de dois partidos
com coeficientes de correlação de sinal oposto: o PS com R= +0,36 e a coligação
PSD.CDS-PP com R= -0,44.

PSD.CDS-PP %
60,00 Alto Tâmega
Regiões Aveiro e de
y = -0,5592x + 76,664
Leiria Terras Trás-os-
R² = 0,1942
R= - 0,44 Montes
50,00
Tâmega e Sousa Douro
Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 AM Porto
Região de Coimbra
Beira Baixa

Algarve AM Lisboa
30,00 Lezíria do Tejo
Alto Alentejo
Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral Médio tejo

10,00

0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0
% Pop Empregada no setor terciário 2011

Gráfico 32 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população empregada


no setor terciário por NUTS III de 2015

31
As correlações dos votos no PS e do PSD.CDS-PP com o setor terciário são muito
aproximadas, diferença de 0,08 em módulo, mas apresentam variação de sentido
oposto o que indicia de certa maneira que o aumento da percentagem de população
empregada naquele setor é acompanhado por um aumento do voto no PS e por um
decréscimo no voto na coligação PSD.CDS-PP o que é confirmado pelos diagramas das
figuras 31 e 32. Com alguma expressividade os diagramas de dispersão mostram uma
dicotomia norte-sul do voto e uma separação nítida entre das regiões da Área
Metropolitana de Lisboa, mais próxima das regiões do sul, e da Área Metropolitana do
Porto que se aproxima das regiões mais a norte apesar de esta ter percentagens de
população do setor terciário também mais elevadas, ficando a região de Coimbra num
ponto intermédio às duas. A reta de regressão separa, em parte, as regiões do Norte e
as do Sul, confirmando que, a uma menor percentagem de população empregada no
setor terciário correspondem maiores votações no PS. As percentagens superiores a
60% da população empregada naquele setor concentraram os votos no PS e as com
percentagens mais baixas mostraram maior incidência na votação na coligação do
PSD.CDS-PP como pode ser verificado no diagrama de dispersão da figura 32.
Enquanto o PS, o BE e o PCP-PEV vêm o seu voto aumentado quando sobe a
percentagem de população empregada no setor terciário a coligação PSD.CDS-PP, pelo
contrário, apresenta votações mais baixas quando aumenta aquela percentagem.
Estas conclusões são apenas tendenciais, pois, como se pode ver nas figuras e no
quadro dos coeficientes de correlação, a percentagem de população empregada no
setor terciário por regiões NUT III leva a distinguir dois grandes grupos que se agrupam
acima e abaixo da reta de regressão e que correspondem aproximadamente às regiões
localizadas a norte e a sul. As Áreas Metropolitanas do Porto e a Área Metropolitana
de Lisboa situadas sobre a reta distanciam-se, a primeira por ter mais elevada votação
na coligação mas com menos percentagem de população no setor terciário e a
segunda com mais percentagem de população empregada no terciário mas com
menos votação. É curioso verificar ainda que neste caso há uma tendência para o
aumento da votação no partido quando menor a percentagem de população do setor
terciário. Nas regiões do sul tendencialmente com menos votação no caso do PS
verifica-se o inverso. Repare-se que a correlação do PSD.CDS-PP com o setor
secundário é o mesmo que o do PS mas este de sentido contrário (R = - 48), mostrando
que o primeiro ganha o segundo perde.
No que se refere ao BE verifica-se uma correlação positiva muito próximas do PS, con-
tudo, o diagrama de dispersão (figura 33) mostra diferenças significativas na
distribuição do voto naquele partido, nomeadamente na região do Algarve, onde,
devido aos serviços ligados ao turismo, se verificou apesar de fraca, uma correlação
positiva do voto no BE.

32
BE % 16,00
y = 0,0934x + 2,8869
14,00 R² = 0,123 Algarve
R = 0,35

12,00 AM Porto AM Lisboa


Alentejo Litoral
Lezíria do Tejo
Região de Aveiro e Oeste
10,00 de Leiria
Ave
Região de Coimbra
8,00 Tâmega e Sousa
Alto Minho
Viseu Dão Lafões
6,00 Douro
Terras Trás-os-
Montes
4,00 Alto Tâmega

2,00

0,00
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
% Pop Emp no Setor Terciário em 2011

Gráfico 33 - Correlação entre o voto no BE e população empregada no setor Terciá-


rio por NUTS III de 2015

Nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto as votações praticamente foram iguais


sendo a diferença de 0,01% derivado ao cálculo ter sido efetuado ao nível NUTS III que
não incluem apenas os concelhos dos respetivos distritos mas abrangem também
outros às suas periferias. A AM de Lisboa inclui o antigo distrito de Setúbal e a AM
Porto inclui uma parte do distrito de Braga e uma parte do distrito de Aveiro (antiga
região de Entre Douro e Vouga). Para esta análise a diferença de décimas ou
centésimas não é relevante visto não afetar o apuramento de mandatos.
As regiões do norte, Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes, Douro, Viseu Dão Lafões
e Alto Minho, apesar das percentagens relativamente elevadas de população
empregada no setor terciário, superior a 60%, não corresponderam a mais votos no
BE. Nas regiões do sul o efeito foi contrário ao do PSD.CDS-PP (figura 34).
PCP-PEV %
30,00

y = 0,2193x - 6,0191 Médio Tejo


25,00 R² = 0,0751
R = 0,27 Alentejo Litoral Alentejo Central
20,00

15,00
Lezía do Tejo
AM de Lisboa
Alto Alentejo
10,00
AM do Porto Algarve
Ave Região Coimbra
5,00 Beira Baixa
Tâmega e Sousa Douro Terras de Trá-os-
Alto Tâmega
0,00 Montes
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
% de Pop Emp no Setor Terciário 2011

Gráfico 34 - Correlação entre o voto no PCP-PEV e população empregada no setor


Terciário por NUTS III de 2015

33
O coeficiente de correlação com o voto no PCP-PEV e a população empregada no setor
terciário é extremamente baixo situando-se em R= +0,27. A comparação da correlação
do setor terciário com o voto nos partidos mostra que, excetuando o PCP-PEV, os três
outros partidos têm coeficientes de correlação mais elevados e que o único que revela
uma correlação negativa com este setor é o PSD.CDS-PP. A explicação para este facto
poderá estar em que a percentagem mais elevada da população empregada no
terciário, acima dos 65 a 70%, concentra-se sobretudo nas regiões do sul com exceção
das Terras de Trás-os-Montes que se encontra no limiar deste valor e que apresenta
votos elevados na coligação.

PAN % 2,50

AM de Lisboa
2,00
Algarve
y = 0,0256x - 0,6868
R² = 0,2667
AM do Porto
R = 0,52 Alentejo Litoral
1,50
Oeste
Lezíria do tejo
Região de Leiria
Baixo Alentejo
1,00 Região de Aveiro Região de Coimbra
Cávado
Tâmega e Sousa Alto Alentejo
Ave Douro Médio Tejo
Alto Minho
0,50 Terras de Trás-os-
Alto Tâmega
Montes

0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

Pop Emp no setor Terciário em % 2011

Figura 25 - Correlação entre o voto no PAN e a população empregada no setor


Terciário por NUTS III de 2015

Entre o conjunto dos partidos analisados o PAN é um caso atípico por ser o único que
apresentou com a população empregada no setor terciário uma correlação positiva
relativamente mais elevada do que os restantes, R= +0,52. O diagrama de dispersão da
figura 35 mostra a relativamente elevada percentagem votação no partido em função
da população empregada no setor terciário. A distribuição dos pontos mostra uma
concentração das regiões entre os 0,5% e 1% dos votos nas que apresentam mais de
60% de população empregada no setor e uma percentagem ainda mais elevada de
votos nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto e no Algarve. Não se verifica uma
clara dicotomia entre o norte e o sul com o voto neste partido como se verificou nos
outros partidos.
5.2. O voto e o setor secundário
O setor secundário de atividade inclui indústria transformadora e construção e é
ocupada por trabalhadores comumente denominados por operários.
Com este setor todos os partidos apresentam correlações negativas com exceção do
PSD.CDS-PP que apresenta uma correlação positiva de +0,47 (figura 36).

34
Figura 36 - Correlação entre o voto no PS
PSD.CDS-PP e população empregada no setor
Secundário por NUTS III de 2015

Nas regiões de Aveiro, Leiria, Ave


Ave, Cávado, Tâmega e Sousa e Área Metropolitana do
Porto regiões onde existe uma elevada percentagem de população empregada na
indústria como é o caso, por exemplo
exemplo, do vale do Ave, zona caracterizada
acterizada por um forte
nível de industrialização devido à forte presença de empresas ligadas à indústria têxtil,
sobretudo vestuário. Sendo regiões especializada em indústrias com base no uso
intensivo de mão-de-obraobra que se reflete num
um elevado número de empregados
e do
setor secundário, acrescido o facto d duma possível insegurança na manutenção dos
postos de trabalho ameaçada pelo eventual fecho de empresas devido a imprevisíveis
conjunturas políticas adversas pode ser um fator explicativo o que lhes confere
confe um
cariz politicamente mais conservador
conservador.
PS % 45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
Alto Trás-os-Montes
35,00 Alentejo Litoral Ave
AM de Lisboa AM do Porto
Douro
Algarve Alto Douro Tâmega e Sousa
30,00 Alto Tâmega
Cávado
25,00 Viseu Dão Lafões Região de Aveiro

20,00 Região de Leiria


y = -0,2209x + 39,078
15,00 R² = 0,2306
R= - 0,48
10,00

5,00

0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
% Pop Emp no Setor Secundário 2011

Figura 37 - Correlação entre o voto n


no PS e população empregada no setor
Secundário por NUTS III de 2015

35
Por sua vez, a correlação do voto no PS com o setor secundário (R= -0,47) sendo
praticamente igual à do PSD.CDS-PP (R= +0,48) é no entanto de sentido inverso como
mostra o diagrama de dispersão da figura 37. O PS obteve, a norte do Tejo, votos tanto
mais quanto menor a população empregada no setor secundário. A tendência mostra
o voto no PS a baixar quando aumenta a percentagem do operariado nas regiões mais
industrializados do litoral-norte Aveiro, Leiria, Ave, Cávado, Tâmega e Sousa e Área
Metropolitana do Porto. Só uma análise mais detalhada ao nível dos concelhos e dos
centros urbanos permitiria saber ao certo qual o tipo de voto da população empregada
neste setor.
Salientam-se regiões como a Área Metropolitana de Lisboa, Algarve, Terras de Trás-os-
Montes e Douro onde se encontra menos população empregada no setor secundário e
onde o PS obteve relativamente menos votos.
O BE apresenta com o setor secundário um coeficiente de correlação negativa sem
significância não existindo qualquer relação entre o voto e a população empregada
neste setor (figura 38). Como se viu anteriormente voto neste partido tem uma
correlação mais significativa com o setor terciário o que leva a admitir que poderá ter
mais influência nos trabalhadores dos serviços do que no operariado.
BE % 16,00

14,00 Algarve

12,00
AM LisboaAlentejo Litoral AM Porto
Médio Tejo Região de Leiria
10,00 Região de Coimbra Região de Aveiro
Alto Alentejo Ave
Beira Baixa Cávado
8,00 Alentejo Central Alto Minho
Viseu Dão Lafões Tâmega e Sousa
6,00 Douro
Baixo Alentejo

4,00 Alto Tâmega


y = -0,0177x + 9,5693
R² = 0,0062
2,00
R= 0,08

0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Pop Emo no setor Secundário em % 2011

Figura 38 - Correlação entre o voto no BE e população empregada no setor secundário por


NUTS III 2015

No que se refere ao PCP-PEV estes partidos em coligação apresenta um coeficiente de


correlação com a população empregada no setor secundário muito próxima do PS e do
mesmo sentido. O diagrama de dispersão da figura 39 mostra uma tendência para a
uma menor votação no PCP-PEV quando aumenta a percentagem da população
empregada no setor secundário nomeadamente nas regiões do litoral-norte mais
industrializadas que, como já se viu, mostram uma tendência para um comportamento
eleitoral mais direitista.

36
30,00
PCP-PEV %
Baixo Alentejo
25,00 y = -0,2674x + 15,982
R² = 0,1579
Alentejo Central Alentejo Litoral R= - 0,40
20,00

15,00
Alto Alentejo
AM Lisboa Lezíria do Tejo

10,00
Médio Tejo
Algarve Região Aveiro
AM Porto
Região de Coimbra
Cávado Ave
5,00 Beira Baixa Alto douro
Terra de Trás-os
Montes Viseu Dão Lafões Tâmega e Sousa
DouroAlto Tâmega
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Pop Emp no setor Secundário em % 2011

Figura 39 - Correlação entre o voto no PCP-PEV e população empregada no setor secundá-


rio por NUTS III 2015
As regiões do sul, nomeadamente a Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo Central,
Alentejo Litoral e Baixo Alentejo são que, tendo menos população empregada no setor
secundário, abaixo do 25%, mostram uma tendência para o voto na coligação PCP-PEV.
A região do Algarve abaixo da reta de regressão que separa em grande medida as
regiões do norte e do sul, destaca-se do grupo das regiões do sul tendencialmente de
votação no PCP-PEV aproximando-se a algumas regiões do norte e centro onde há uma
baixa percentagem de trabalhadores no setor, entre os 15% e os 20%, ficando abaixo
da linha de votação dos 10% naquele partido.
Sendo o PCP um partido cuja base eleitoral seriam os trabalhadores do secundário,
que designada por classe operária, a explicação para esta "fuga" do seu eleitorado
tradicional poderá ser idêntica à que se apontou para explicar a forte votação no
PSD.CDS-PP da população empregada neste setor.

5.3. O voto e o setor primário


O voto nos partidos e os trabalhadores do setor primário, agricultura, silvicultura
(floresta), caça, pesca e extração mineral mostram correlações muito baixas de sentido
negativo com a coligação PSD.CDS-PP, e médias mas também negativas com o BE e o
PAN. Apenas o PS e o PCP-PEV apresentam coeficientes de correlação aproximados e
do mesmo sentido positivo.
As percentagens mais baixas da população empregada no setor primário ocorrem nas
regiões litorais e mais industrializadas. O Algarve insere-se no grupo das que têm
percentagens de população no setor próximas da mediana, 4,8%.
No diagrama de dispersão da figura 40 pode verificar-se que a coligação PCP-PEV
obteve menos votações na maior parte das regiões que apresentam menores
percentagens de população a trabalhar no setor primário. As regiões do sul, Alentejo
Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo apresentam um grande afastamento da reta
de regressão enviesando a tendência de voto das restantes regiões. A norte, as regiões

37
Terras de Trás-os-Montes, Douro, Alto Tâmega apresentam inversamente das
anteriores percentagens mais elevadas no setor primário com menos percentagem de
votos no PCP-PEV. No Alto Alentejo decrescem drasticamente os votos no PCP-PEV
assim como na Lezíria do Tejo. As regiões mais rurais a norte, onde se encontram
maiores percentagens de trabalhadores no setor primários são as que apresentem
menor percentagem de votos neste partido.
O voto no PS é o que mais se correlaciona com a distribuição destes trabalhadores
(R=+0,41) encontrando-se nas regiões mais rurais um pouco mais à frente do PCP-PEV
(R=+39).
30,00
PCP-PEV %
y = 0,6083x + 4,9603
R² = 0,1498
R = 0,39 Baixo Alentejo
25,00

Alentejo Central Alentejo Litoral


20,00

15,00

Lezíria do Tejo
AM de Lisboa Alto Alentejo

10,00 Região de Aveiro


Algarve
AM do Porto
Alto Minho
5,00 Ave
Douro
Região de Leiria Viseu DãoLafões Alto Trás-os-Mpntes Alto Tâmega

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Pop Emp no setor Primário em % 2011

Figura 40 - Correlação entre votos no PCP-PEV e a população empregada no setor


primário por NUTS III 2015

O voto neste partido aparenta correlacionar-se mais com a população empregada no


setor primário e terciário do que no secundário, este com maior predominância no
litoral norte onde obtém, como já vimos, uma correlação negativa (R= -40).
Nas regiões com maior percentagem de população empregada no setor primário
conseguiu percentagens de votos acima dos 25% que tendencialmente também cresce
com o aumento dos empregados naquele setor (figura 41) com destaque para as
regiões do Alentejo Litoral, Alentejo Central e Baixo Alentejo. As regiões de Aveiro e de
Leiria, apesar de terem menos população a trabalhar no primário, é onde obtém
percentagem de votos abaixo dos 25%. É ainda nestas regiões mais industrializadas a
norte onde este partido baixa a tendência de voto relativamente aos trabalhadores do
secundário.
O PS mostra assim significativa votação nas regiões com elevada percentagem de
população empregada no setor primário não se verificando neste caso uma clara
dicotomia entre o norte e o sul, mas, nas regiões abaixo 7,5% de trabalhadores neste
setor há um nítido decréscimo dos votos neste partido. Nestas condições encontram-
se regiões do norte como o Douro, Tâmega, Trás-os-Montes, abaixo da reta de
regressão que estão próximas do Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo.
Encontra-se ainda um grupo de regiões intermédias em termos de percentagem de

38
população empregada no setor como a Lezíria do Tejo, Beira Baixa e Beiras e Serra da
Estrela que apresentam votos altos no PS.

PS % 45,00
Região de Coimbra Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa Alentejo Central Baixo Alentejo
AM Lisboa
Beiras e Serra da
35,00 Ave Estrela Lezíria do Tejo
Douro
Trás-os-Montes
30,00 Tâmega
AM Porto Cávado Dão Lafões
25,00 Médio Tejo Região de Aveiro
Região de Leiria
20,00

15,00
y = 0,438x + 30,348
10,00 R² = 0,166
R = 0,41
5,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Pop Emp no setor Primário % 2011

Figura 41 - Correlação entre votos no PS e a população empregada no setor primário


por NUTS III 2015
A coligação PSD.CDS-PP apresenta com o setor primário a mais baixa correlação
negativa dentre todos os partidos, R= -0,24, que é pouco significativa e com grande
dispersão das regiões como mostra a figura 42. O voto neste partido mostra não existir
uma relação bem definida com a percentagem de trabalhadores no setor primário.
Todavia, menores percentagens de população ocupada no setor primário
correspondem a percentagens de voto mais elevadas. Verificam-se contudo exceções
como as regiões do Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Douro onde a uma
população mais elevada a trabalhar no setor primário correspondem também votações
muito superiores à média daquele partido, 39,63%.
PSD.CDS-PP % 60,00
Região de Aveiro
Região de Leiria Alto Tâmega
Viseu Dão Lafões
50,00 Alto Trás-os-Montes
Cávado Tâmega e Sousa Douro
Ave Alto Minho
Beira Baixa
40,00 Oeste
AM Porto Região de Coimbra

AM Lisboa Algarve Lezíria do Tejo


30,00
Alto Alentejo
Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral Baixo Alentejo
y = -0,5892x + 43,061
R² = 0,0559
R = - 0,24
10,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Pop Emp no setor Primário em % 2011

Figura 42 - Correlação entre o voto no PSD,CDS-PP e a população empregada


no setor primário por NUTS III 2015

39
A Lezíria do Tejo, Alto Alentejo, Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo com
elevadas percentagens de setor primário atribuíram menores votos à coligação
PSD.CDS-PP. A região do Algarve onde o setor terciário é dominante o voto neste
partido, a par da Área Metropolitana de Lisboa e da Lezíria do Tejo, foram as regiões
onde o voto foi mais baixo ficando abaixo da média. Estes resultados denotam, mais
uma vez, a dicotomia entre o litoral norte, onde se encontra uma população em certa
medida ocupada no setor secundário, e o sul com maior número de trabalhadores no
setor primário, em especial nas regiões do Alentejo e Lezíria do Tejo. Salienta-se ainda
as regiões do Alto Tâmega, Alto Trás-os-Montes e Douro onde contrariamente à
tendência tendo elevado número de trabalhadores no setor primário contribuíram
com elevada percentagem para o de voto na coligação.
Consultando os resultados eleitorais desde 1975 verifica-se que o PSD sozinho ou
coligado obtiveram percentagens de votos maioritários na maior parte das regiões do
norte, litoral e interior e que apenas em 2005 o PS ganhou votos em todas as regiões
exceto na região de Leiria.

6. O voto e os níveis de escolaridade


Neste ponto continuamos a recorrer à técnica estatística da correlação para
correlacionar o voto dos partidos. As unidades espaciais foram as regiões ao nível NUT
III.
Tomando como base aquelas unidades espaciais analisou-se o voto de cada um dos
quatro partidos em função do nível de escolaridade segundo os Censos 2011 calculado
em percentagem. Estes dados dos níveis de escolaridade são os mais recentes e
referem-se a quatro anos antes das eleições o que poderá de algum modo distorcer os
resultados ainda que minimamente não afetando em grande medida os coeficientes
calculados já que as retas de regressão daí resultantes mostram apenas uma
tendência. Em síntese, o objetivo desta parte da pesquisa é tentar identificar no geral a
importância de tais características, ou de algumas delas, no comportamento eleitoral
em cada uma das unidades espaciais.
A análise incidiu sobre o nível de escolaridade do total da população em cada região
NUT III e não apenas sobre a escolaridade da população votante visto o que o
pretendido não é apenas a população eleitora mas o total em cada região. Para
determinação dos coeficientes de correlação considerou-se, como se disse, o voto nos
partidos e o nível de escolaridade da população total em cada região cujos valores
podem ser verificados no quadro 9.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS


Sem nível de escolaridade -0,54 -0,65 0,23 -0,15 0,44
Básico 1º ciclo -0,73 -0,76 -0,47 0,52 0,04
Básico 2º ciclo -0,05 -0,12 -0,20 0,32 -0,39
Básico 3º ciclo 0,83 0,73 0,30 -0,37 -0,21
Secundário 0,79 0,88 0,35 -0,47 -0,03
Superior 0,39 0,60 -0,02 -0,08 -0,09
Quadro 9 - Coeficientes de correlação entre o voto regional e o nível de escolaridade.

40
Como se pode verificar os coeficientes de correlação mais fortes e positivos verificam-
se nos partidos PAN e BE. O BE apresenta para o nível de escolaridade básico 3º ciclo e
secundário coeficientes de correlação significativos de R= +0,83 e R= +0,79
respetivamente. Estes valores contrastam, no mesmo partido, com as correlações
também significativas, mas negativas, com os grupos sem nível de escolaridade, R= -0,54
e R= -0,73 para o 1º ciclo do ensino básico.

e) O voto no PSD.CDS-PP e o nível de escolaridade


O quadro 9 destaca que, contrariamente aos outros partidos, a coligação PSD.CDS-PP
apresenta correlações positivas com o voto apenas nos níveis de escolaridade básica
do 1º e 2º ciclo, R= +0,52 e R= +0,32 respetivamente. Nos restantes níveis de
escolaridade as correlações são fracas e de sentido negativo, ou seja, o voto naquele
partido aumenta quando o nível de escolaridade das regiões é mais baixo. O nível do
ensino superior mostra uma correlação negativa sem significado com os votos no
PSD.CDS-PP.
A uma maior percentagem de população com escolaridade básica do 1º ciclo
corresponde uma maior percentagem de votos na coligação (R= +0,52), verificando-se
uma vez mais assimetrias regionais entre o norte e o sul. O diagrama de dispersão da
figura 45 mostra claramente que, com exceção das regiões do sul, a uma percentagem
de população mais elevada com o nível de escolaridade do 1º ciclo do ensino básico
corresponde uma maior percentagem de votos na coligação o que significa que, nas
regiões do norte, a um maior número de votos na coligação corresponde a uma maior
percentagem de população com mais baixo nível de escolaridade.
Salienta-se ainda que em todas as regiões a percentagem de população que possuí
apenas escolaridade ao nível do 1º ciclo é a mais elevada de todos os níveis de
escolaridade sendo a média de 29,3% com desvio-padrão de 2,98. Os restantes níveis
de escolaridade apresentam médias de 12,6%, 18,2%, 14,4% e 11,2% para o básico 2º
ciclo, básico 3º ciclo, secundário e superior respetivamente.
60,00
PSD.CDS-PP % Regiões de Aveiro Alto Minho
e de Leiria
Viseu Dão Lafões
50,00
Cávado Douro
Alto Minho Tâmega e Sousa
Oeste
40,00 A M do Porto
Beira Baixa
A M Lisboa
30,00 Algarve Lezíria do tejo
Alto Alentejo
Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral Baixo Alentejo
y = 1,8143x - 13,604
R² = 0,2683
10,00 R = 0,52

0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Básico 1º ciclo %

Figura 45 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população com ensino básico 1º ciclo

41
60,00 Região de Aveiro
Alto Tâmega Viseu Dão Lafões
55,00
Terras Trás-os-
50,00 Região de Leiria
Montes
Douro Cávado
45,00 Tâmega e Sousa Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 Beira Baixa AM do Porto
35,00 Região de Coimbra AM Lisboa
Algarve

PSD.CDS.PP %
30,00 Lezíria do Tejo
Alto Alentejo
25,00 Alentejo central
20,00 Alentejo Litoral
Baixo Alentejo
15,00
y = -2,6279x + 77,398
10,00 R² = 0,2222
5,00 R= -0,47

0,00
10,0 11,5 13,0 14,5 16,0 17,5 19,0 20,5
Nível Secundário %

Figura 36 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a população com o nível secundário

No nível do ensino secundário no qual o BE e o PAN mostram correlações


relativamente fortes e de sinal positivo o PSD.CDS-PP apresenta um coeficiente de
correlação negativo fraco (figura 46) R= -0,47. A média de todas as regiões na
escolaridade do secundário é de 14,4% com um desvio padrão de 1,87, ocorrendo nas
regiões do norte as percentagens regionais mais baixas, portanto abaixo da média,
onde o voto na coligação foi também mais elevado. Excetuam-se o Alto Alentejo e
Baixo Alentejo onde a coligação obteve votações das mais baixas.
A região de Leiria e do Cávado são as que mais se destacam por terem uma
percentagem de população com o nível secundário elevada contrariando a tendência
apresentando percentagem de voto também elevado.
A região de Aveiro apresenta naquele nível de escolaridade uma percentagem muito
próxima da média apesar de ser no nível de ensino superior que esta região se salienta
com percentagens muito acima da média, 13,2%, numa média de 11,2%, o que a
coloca em quarto lugar entre todas as regiões. Um dos fatores explicativo poderá ser a
existência da universidade com elevado prestígio e nível de qualidade cujos alunos que
dela saem alimentam, em parte, as empresas desta região industrializada. No entanto,
é de notar que o coeficiente de correlação da coligação PSD.CDS-PP com este nível de
ensino é irrelevante e de sentido negativo, R= -0,08, se comparado com o BE e o PAN.
O coeficiente de correlação daquela coligação com a população sem escolaridade, R = -15,
explica apenas 0,02% do fenómeno mostra que não existe qualquer relação com os
votos na coligação, daí não se apresentar o respetivo diagrama de dispersão.

f) O voto no PAN e o nível de escolaridade


No grupo dos partidos analisados o PAN evidencia-se apresentando um coeficiente de
correlação relativamente elevado entre a percentagem de população com nível do
ensino secundário e o voto neste partido. Abaixo deste nível de escolaridade as
correlações mais significativas são negativas evidenciando que a diminuição do voto
neste partido é acompanhada por elevadas percentagens de baixo nível de
escolaridade. Isto é, quanto mais baixo o nível de escolaridade menor a votação no
PAN.

42
No nível de escolaridade superior é este partido que apresenta a maior correlação
positiva o que significa que as regiões com maiores percentagens de escolaridade de
nível superior terão votado mais no PAN (figura 47).
PAN % 2,50

2,25 y = 0,0899x + 0,0004


R² = 0,3592
2,00 Algarve A M Lisboa
R =0,60
1,75
A M Porto
1,50
Oeste
1,25 Lezíria do Tejo
Alentejo Litoral Região de Leiria
1,00 Região de
Alentejo Central Coimbra
Ave
0,75 Tâmega e Sousa Cávado Região de Aveiro
Baixo Alentejo Alto Minho
0,50 Terras de Trás-os-
Alto Tâmega
Montes
0,25 Douro
0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 22,5
Ensino superior %

Figura 47 - Correlação entre o voto no PAN e a população com ensino superior

A média nacional neste nível de escolaridade situa-se nos 11,2% com desvio-padrão de
2,72. A maioria das regiões onde o PAN obteve mais votos foi entre os 0,75% e os
1,25%, que se encontram aproximadamente dentro da média de 1,01% com um desvio
padrão de 0,4. É este o partido que apresenta percentagens mais elevadas de
população com mais elevados níveis de escolaridade ao nível secundário e superior.
Todavia, a maior parte das regiões do norte foram as que menos atribuíram voto ao
PAN.
O retângulo a tracejado demarca as regiões onde se concentram as regiões dentro da
média dos votos e do nível de escolaridade superior que se situa dentro das respetivas
médias não se verificando uma nítida dicotomia norte-sul.
Nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa, Área Metropolitana do Porto, Região de
Coimbra e Algarve foi nas que e o PAN obteve percentagem de votos mais elevada e
também onde se encontra o nível de escolaridade superior mais elevado
possivelmente pela influência de ser nessas regiões onde se localizam universidades
relevantes.
No que respeita à correlação entre o nível secundário da escolaridade e o voto no PAN
o coeficiente é positivo e muito significativo, R= +0,88. No diagrama de dispersão da
figura 48 observa-se que a dicotomia norte-sul não é nítida como se tem verificado na
maior parte dos casos. Os pontos correspondentes às regiões no diagrama
acompanham claramente a reta de regressão mostrando que o voto no PAN aumenta
quando também aumenta a população com aquele nível de escolaridade. A
escolaridade de nível secundário terá tido influência para o voto naquele partido.

43
PAN % 2,50
y = 0,1927x - 1,7594
R² = 0,7815
R = 0,88
2,00 Algarve A M Lisboa

A M Porto
1,50
Oeste
Lezíria do Tejo
Região de Leiria
Região de Aveiro Alentejo Litoral
1,00 Região de Coimbra
Tâmega e Sousa Alto Minho
Alto Alentejo
Baixo Alentejo
0,50 Terras de Trá-os-
Montes

0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Ensino secundário %

Figura 48 - Correlação entre o voto no PAN e a população com ensino secundário

g) O voto no BE e o nível de escolaridade


O BE apresenta uma correlação média e negativa com a percentagem da população
sem escolaridade. O diagrama de dispersão da figura 49 mostra a tendência para que a
associação de percentagens mais elevadas de população sem nível de escolaridade
com a baixa votação neste partido revelando também a dicotomia norte-sul, embora
neste caso com disparidades reveladas pelo afastamento da reta de regressão. A
região do Algarve é um caso evidente visto que, encontrando-se numa posição um
pouco abaixo da média neste nível de escolaridade (13,4%), consegue um resultado
em votos muito acima da média de 9,08%.

BE % 16,00

14,00 Algarve

12,00 Alentejo Litoral


A M Lisboa A M Porto
Região de
10,00 Coimbra
Ave Alto Alentejo
Região de Leiria
8,00 Baixo Alentejo
Alto Minho
Viseu Dão Lafões
6,00
y = -0,3643x + 13,969
R² = 0,2934 Terra de Trãs-os-
4,00 R = - 0,54 Montes
Alto Tâmega

2,00

0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Sem escolaridade %

Figura 49 - Correlação entre o voto no BE e a população sem escolaridade

44
Nas regiões do Alentejo percentagens elevadas de população com falta de
escolaridade correspondem votos mais baixos elevados no BE contrariamente às
regiões do norte.
Relativamente à percentagem de população com o 3º ciclo do ensino básico
correlacionada com o voto no BE mostra um coeficiente de correlação muito
significativo com, R= +0,83 como mostra a figura 50.

16,00
BE %

14,00 Algarve
y = 1,0995x - 10,939
R² = 0,6837
R = 0,83
12,00 A M do Porto A M de Lisboa
Alentejo Litoral
Baixo Alentejo
Oeste
10,00 Região de Coimbra Região de Aveiro e Ave
Alto Alentejo
Beira Baixa
Alentejo Central Cávado
8,00 Alto Minho Baixo Alentejo
Tâmega e Sousa
Viseu Dão Lafões
6,00 Douro
Terras de Trás-os-
4,00 Alto Tâmega Montes

2,00

0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 22,5
3º Ciclo %

Figura 50 - Correlação entre o voto no BE e a população com 3ºciclo ensino básico

A dispersão das regiões entre votos e as percentagens de população com escolaridade


do 3º ciclo do ensino básico não evidencia uma clara dicotomia norte-sul e que,
independentemente da região, verifica uma forte tendência para crescer o número de
votos no BE quanto mais elevada a percentagem de população com aquele nível de
escolaridade. A norte são as regiões de Terras de Trás-os-Montes, Alto Tâmega e
Douro que se afastam nitidamente das outras, apresentando percentagens de
população com o nível 3º ciclo abaixo da média dos 18,2% e voto muito baixo da
média de 9,08% do BE.

h) O voto no PS e o nível de escolaridade


A análise das correlações dos níveis de escolaridade com o voto no PS mostra este
partido com coeficientes com os níveis de escolaridade extremamente fracos e a não
existência de qualquer correlação significativa com os níveis de escolaridade mais
altos. Apenas o nível sem escolaridade é o que revela ter algum significado, R= +0,44,
aproximando-se do BE mas no sentido inverso. A figura 51 mostra o diagrama de
dispersão onde não se observa não existir distinção entre as regiões norte-sul e litoral-
interior nos votos do PS com este nível de escolaridade.

45
PS %45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Região de Coimbra
35,00 A M de Lisboa
Ave Alentejo Litoral
A M do Porto Algarve Médio Tejo
30,00 Alto Minho
Cávado Alto Tâmega
Viseu Dão Lafões
25,00 Tâmega e Sousa
Região de Aveiro
20,00 Região de Leiria

15,00
y = 0,6088x + 24,725
10,00
R² = 0,1943
5,00 R = 0,44

0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0
Sem escolaridade %

Figura 51 - Correlação entre o voto no PS e a população sem escolaridade

A linha tracejada define o ponto médio do nível sem escolaridade, 13,4%, que separa
as regiões com percentagens de população sem escolaridade acima da média, à direita
e abaixo da média à esquerda e onde as assimetrias são menos nítidas.
A correlação do voto no PS com a percentagem de população com o nível de ensino do
básico 2º ciclo é fraca e de sentido negativo sendo entre os outros partidos a mais
elevada neste nível de escolaridade. Como mostra o diagrama de dispersão da figura
52 não acompanha o voto no PS verificando-se uma concentração em torno das
médias da escolaridade, 12,6%, e dos votos no PS, 32,90%.

45,00
PS % Baixo Alentejo
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
35,00 Ave
AM de Lisboa AM Porto
30,00 Algarve Alto Tâmega Tâmega e Sousa
Alto Minho
Viseu Dão Lafões Cávado
25,00
Região de Leiria Região de Aveiro
20,00

15,00
y = -0,823x + 43,256
10,00 R² = 0,1549
R = -0,40
5,00

0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0
Básico 2º ciclo %

Figura 52 - Correlação entre o voto no PS e a população com 2º ciclo ensino básico

7. O voto e alguns indicadores sociais e económicos


7.1. Introdução
Analisam-se neste ponto valores de natureza económica e social que possibilitem
traçar um retrato social da população votante e, ao mesmo tempo, verificar
desenvolvimentos ocorridos neste domínio.
Existe um conjunto de fatores e cadeias de variáveis envolvidos no comportamento
eleitoral que podem contribuir para o voto dos sujeitos eleitores, que podem ser
46
distanciados como os históricos, socioeconómicos, valores, atitudes e grupos de
pertença, e fatores próximos como candidatos, campanha eleitoral, situação política e
económica, ação do governo e influência dos amigos. É na entrada de alguns
indicadores socioeconómicas, de proteção social e de rendimento que se irá centrar
este ponto da análise do voto partidário.
Neste âmbito foram analisados três grupos de indicadores regionais ao nível NUTS III:
Taxa de Pensões da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social, Taxa de
Desemprego, Índice de Poder de Compra per capita e Índice de Dependência de
Idosos.
O índice de poder de compra per capita - IPCPC, é um número que serve de indicador
para traduzir o poder de compra em termos per capita que permite comparar o poder
de compra manifestado quotidianamente nas diferentes regiões.
Este índice é útil para comparar o poder de compra das famílias em cada região. Nesta
análise utilizou-se este índice para verificar eventuais correlações com os votos nos
partidos com assento na Assembleia da República.
O objetivo da análise é detetar se determinado indicador foi ou não fator de incidência
no voto partidário, avaliando ao mesmo tempo a aceitação maior ou menor das
políticas seguidas pelos partidos que governaram durante a última legislatura no
espaço geográfico regional de Portugal continental.

7.2. O PIB e o voto regional nos partidos


O PIB regional corresponde ao valor acrescentado pelas unidades de produção
localizadas num certo espaço geográfico sendo aproximado ao rendimento gerado
nesse espaço não sendo, portanto, o mesmo que o rendimento per capita.
O objetivo foi verificar qual o eventual contributo que o PIB regional poderia ter no
voto dos partidos. As estatísticas do PIB regional de 2013 do INE (dados preliminares)
encontravam-se apenas ao nível da NUTS III de 2003 pelo que foi necessário efetuar
uma correspondência para o nível das NUTS III de 2015 que pudesse ser compatível
com os votos nos partidos, também estes já calculados para as NUTS III, como se fez
para os pontos anteriores.
Para facilidade de leitura e de análise os valores do PIB regional em euros foram
convertidos em valores percentuais para cada região para assim se calcularem os
coeficientes de correlação com os votos nos partidos, cujos resultados são
apresentados no quadro 10.
BE PCP-PEV PSD.CDS-PP PS

PIB regional 2013 Dados Preliminares 0,38 0,06 -0,15 -0,02


Quadro 10 - Correlação entre o PIB regional e o voto nos partidos

Os coeficientes de correlação referentes ao PIB regional e o voto não se revelaram


significativos sendo na generalidade muito fracos destacando-se o BE, o mais forte,
com R= +0,38. Verifica-se ainda a não existência de qualquer correlação entre aquele
indicador e os votos no PCP-PEV e no PS. A coligação PSD.CDS-PP mostra uma
correlação de sentido negativo, R= -0,15. A explicação para este facto poderá ser

47
devido aos quantitativos do PIB se concentram sobretudo nas regiões da Área
Metropolitana de Lisboa, com aproximado a 40%, e na do Porto com cerca de 15%.
As regiões do Algarve, um pouco acima da média, e as regiões do Ave, Aveiro,
Coimbra, Tâmega e Sousa com valores abaixo da média, 4,35. Verifica-se a
concentração das regiões com valores do PIB regional abaixo dos 5%. Os votos no BE
confirmam que, independentemente do PIB de cada região, o comportamento do voto
neste partido não foi influenciado pelo maior ou menor valor do PIB nas regiões como
mostra o diagrama de dispersão da figura 53.
De modo geral todas as regiões apresentam um PIB regional muito baixo cujas
correlações com os votos não traduzem possibilidades de haver qualquer relação
evidente. É nas duas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto que os partidos obtêm
maior percentagem de votos. Contudo, e mais uma vez, o BE obtém aí uma tendência
para votação mais elevada, enquanto a coligação mostra tendência para naquelas
regiões baixar a seu voto. Verifica-se ainda que o voto naquele partido,
independentemente do PIB, aumenta nas regiões do sul e áreas metropolitanas
enquanto o PSD.CDS-PP aumenta nas regiões do norte e baixa nestas regiões quando
aumenta o PIB (figuras 53 e 44).
Quanto ao voto nos partidos PS e PCP-PEV, cujos coeficientes de correlação são
extremamente baixo e sem significado relevante não se procedeu a uma análise mais
detalhada.
A riqueza económica das regiões representada pelo PIB regional que é um dos
indicadores mais utilizados para quantificar a atividade económica e ser uma
agregação de toda a atividade económica (duma região neste caso) não revelou ser um
fator explicativo para justificar o sentido de voto nos partidos. Possivelmente obter-se-
iam outros resultados efetuando a análise com a desagregação das atividades
económicas que contribuíram para a determinação do PIB regional.

16,00
BE %

14,00 Algarve

12,00 Alentejo Litoral AM Porto


Região de Aveiro Lezíria do Tejo PIB 14,82 %
AM Lisboa
10,00 Região de Coimbra PIB 39,14%
Alentejo Central Região de Leiria
Cávado
8,00 Tâmega e Sousa
Viseu Dão Lafões
6,00 Douro
Terras de Trás-os- y = 0,1024x + 8,6302
Montes R² = 0,1432
4,00
Alto Tâmega R = 0,38

2,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
PIB regional %

Figura 53 - Correlação entre o voto BE e o PIB regional por NUTS III

48
60,00
PSD.CDS-PP %
Alto Tâmega
Viseu Dão Lafões Região de Leiria
50,00 Região de Aveiro
Cávado
Tâmega e Sousa
Minho
Ave
40,00 AM Porto PIB
14,82%
Região de Coimbra
Algarve
30,00 Lezíria do Tejo AM Lisboa PIB
Alto Alentejo 39,41%
Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral y = -0,1875x + 40,441
R² = 0,021
R = - 0,15

10,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
PIB regional %

Figura 54 - Correlação entre o voto PSD.CDS-PP e o PIB regional por NUTS


III

7.3. O voto e a taxa de pensões da Caixa Geral de Aposentações


Seguindo a meta informação e nomenclatura do INE considerou-se pensionista quem
recebe uma ou mais pensões, tais como a pensão de velhice ou de sobrevivência. No
caso específico da Caixa Geral de Aposentações (CGA) distingue-se entre quem recebe
pensão de aposentação (aposentado), pensão de reforma (reformado) e outras pen-
sões (pensionista). No caso da Segurança Social, é o titular de uma prestação
pecuniária nas eventualidades de invalidez, velhice, doença profissional ou morte.
No caso da Caixa Geral de Aposentações, "é o utente que adquiriu o direito a uma
pensão, seja na qualidade de herdeiro hábil do contribuinte falecido, seja na qualidade
de titular de pensão de preço de sangue ou outra de natureza especial". É aposentado
quem recebe uma pensão de aposentação da Caixa Geral de Aposentações. Esta pen-
são é atribuída por velhice ou incapacidade permanente a quem foi funcionário
público.
As taxas utilizadas referem-se a 2013 e aos pensionistas da Segurança Social e da Caixa
Geral de Aposentações no total da população residente com 15 e mais anos em per-
centagem. A taxa de pensões refere-se ao cálculo da percentagem total de Pensões no
final do ano civil sobre o total da população residente com 15 e mais anos no final do
ano civil multiplicado por 100. Considerou-se ser irrelevante para esta análise o facto
da idade considerada para o cálculo efetuado pelo INE incluir as faixas etárias a partir
dos 15 apesar da idade legal para o exercício do direito ao voto ser a partir dos 18
anos. Para efeito do cálculo dos coeficientes de correlação considerou-se que as taxas
de pensão correspondem a um certo número de pensionistas que as recebem em
determinada região. De acordo com este pressuposto determinaram-se numa primei-
ra análise apenas os coeficientes de correlação entre as percentagens de votos de
cada partido e as percentagens nos referidos indicadores nas vinte e três regiões NUTS
III com as taxas de pensões referentes a 2014 que se encontram representados no

49
quadro 11 e, mais adiante, as correlações com o total de pensionistas CGA e SS em
2013, últimos dados disponíveis.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS


Taxa Pensões CGA 2014 -0,06 0,06 0,24 -0,36 0,57
Taxa Desemp, 2014 -0,28 -0,17 -0,08 0,05 0,34
IPCPC 2013 em % 0,70 0,84 0,29 -0,39 -0,02
Quadro 11 - Coeficientes de correlação entre o voto regional NUTS III
com alguns indicadores de condições de vida

As correlações da taxa de pensões da CGA com o voto são baixa e mesmo


insignificantes, com exceção do PS (R= +0,57) e do PCP-PEV (R =+0,24) - os menos
fracos de sentido positivo - verificando-se uma variação em sentido contrário com a
coligação PSD.CDS-PP (R= -0,36) o que pode ser explicado por o aumento em cada
região da percentagem de pensionistas ser acompanhado por um aumento de voto no
PS e, em parte, no PCP-PEV fazendo decrescer o voto na coligação quando aumenta a
percentagem da população aposentada.
Os diagramas de dispersão das figuras 55 e 56 mostram que, a um aumento da taxa de
pensões da CGA corresponde também um aumento de votos no PS. Contrastando com
análises anteriores não existe, neste caso, uma tão nítida dicotomia norte-sul,
verificando-se que, em várias regiões do norte como a região de Coimbra, Douro, Alto
Tâmega e Terras de Trás-os-Montes, onde há um maior número de pensionistas a
receber pensões do subsistema da CGA houve também uma crescente na votação no
PS.
45,00
PS % Baixo Alentejo Alto Alentejo
Região de Coimbra
40,00 Lezíria do Tejo Beira Baixa
Alentejo Litoral
35,00 Ave
A M do Porto A M de Lisboa
Tâmega e Sousa Algarve Douro
30,00 Alto Tâmega

Cávado Viseu Dão Lafões Terra de Trás-


25,00 Região de Aveiro os.Montes
Alto Minho
Região de Leiria
20,00
y = 1,1891x + 24,981
R² = 0,3276
15,00 R = 0,57

10,00

5,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Taxa de pensões CGA

Figura 55 - Correlação entre o voto PS e a taxa de pensões da CGA

Evidenciam-se as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto cujas votações no PS,


33,89% e 32,40%, respetivamente, se aproximam mas em que as taxas de pensões das
duas regiões se encontram substancialmente distantes. A região do Algarve aproxima-
se do grupo de algumas regiões do norte, como Alto Minho, Viseu Dão Lafões e Alto
Tâmega, ao nível da menor taxa de pensionistas da CGA.

50
O Figura 56 mostra uma separação nítida entre as regiões do norte e do sul separadas
pela reta de regressão que as separa. Contudo o coeficiente de correlação é negativo
pois que, quando cresce a taxa de pensionistas, decresce tendencialmente nas regiões
do sul a votação no PSD.CDS-PP quando aumenta a taxa de pensionistas.
60,00
PSD.CDS-PP % Regiões de Aveiro e
Alto Tâmega
Leiria Viseu Dão Lafões
50,00 Terras de Trás-os-
Tâmega e Sousa Cávado Douro Montes
Alto Minho
Ave
40,00 Região de Coimbra
A M do Porto Beira Baixa

30,00 Algarve A M de Lisboa


Lezíria do Tejo Alto Alentejo
Alentejo Central
Alentejo Litoral
20,00 Alto Alentejo

10,00 y = -1,7503x + 51,284


R² = 0,1319
R = -0,36
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Taxa de pensões CGA

Figura 56 - Correlação entre o voto PSD.CDS-PP e a taxa de pensões da CGA

As principais exceções são as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto com posições


extremas no que respeita à taxa de pensões e que é superada por Lisboa que atinge o
seu máximo. Uma explicação pode ser a região onde existe o maior número de
funcionários públicos e, consequentemente, o maior número de aposentados da CGA.
Nas regiões localizadas a norte é onde se verifica uma elevada votação na coligação e
menores taxas de aposentados. Comparando os dois diagramas de dispersão e sem
pretender tirar conclusões apressadas pode dizer-se que as regiões com maior número
de aposentados não terão votado na coligação PSD.CDS-PP e que as votações no PS,
apesar de a norte a tendência ser para o voto na coligação observa-se uma inversão na
posição relativa das retas de regressão representadas no PS e na coligação.
Nas regiões com taxa de pensões da CGA no total da população muito abaixo da média
(6,7%), Ave, Tâmega e Sousa, Cávado, Leiria, Aveiro e Alto Minho a votação foi mais
elevada na coligação e mais baixas no PS. São também as mesmas regiões que, como
veremos adiante, as que apresentam um índice baixo de dependência de idosos e, por
isso, menos envelhecidas.

51
PCP-PEV % 30,00
y = 0,7345x + 3,6146
R² = 0,0584
R = 0,24 Baixo Alentejo
25,00
Alentejo Litoral
Alentejo Central
20,00

15,00
Alto Alentejo A M de Lisboa
Lezíria do Tejo
10,00
Algarve
Ave A M do Porto Região de Coimbra
5,00 Alto Minho Beira Baixa
Cávado Douro
Tâmega e Sousa
Alto Tâmega Terras de Trás-os -
Região de Aveiro Viseu Dão-Lafões Montes
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Taxa pensões CGA

Figura 57 - Correlação entre o voto PCP-PEV e a taxa de pensões da CGA

A correlação entre o voto do PCP-PEV e a taxa de pensões da CGA é muito baixa, +0,24.
A reta de regressão representada no diagrama de dispersão da figura 57 mostra uma
nítida divisão norte-sul e as regiões do norte situadas abaixo da reta e com mais
população a receber pensões da CGA foram as que verificaram baixas votações neste
partido, exceção feita às quatro regiões do Alentejo, não sendo portanto passível
duma associação dos votos neste partido às pensões da CGA. Os restantes partidos
não indicam qualquer associação como o voto por parte destes pensionistas.

7.4. O voto e a percentagem de pensionistas da Segurança Social na


população total
De modo idêntico aos pensionistas da CGA apuraram-se as correlações entre os votos
nos principais partidos e a percentagem de pensionistas da Segurança Social ativos em
31 de Dezembro de 2014 para se verificar se os resultados relativos ao
"comportamento" deste grupo social estariam correlacionados com as votações nos
partidos em análise cujos resultados se apresentam no quadro 12.
Os coeficientes calculados tiveram como base os valores por centro distrital da
Segurança Social que correspondem aos distritos.
BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS
% de Pensionistas da Segurança Social 0,44 0,68 -0,03 -0,04 -0,21
Quadro 12 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos
e os pensionistas da Segurança Social por distrito

Como se verifica no quadro as correlações são quase nulas com o PCP-PEV e com a
coligação PSD.CDS-PP. O PS apresenta um coeficiente de correlação
comparativamente mais elevado mas de sentido negativo. Salientam-se o BE e o PAN
com valores um pouco mais significativos.

52
PS % 45,00
Portalegre
40,00
Castelo Branco
Beja Évora Coimbra
35,00 Setúbal
Santarém Porto Lisboa
Bragança Faro Braga
30,00 Viseu
Castelo Branco Aveiro
25,00 Leiria

20,00 y = -0,162x + 34,319


R² = 0,0446
15,00 R = -0,21

10,00

5,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
Pensionistas %

Figura 58 - Correlação entre o voto PS por distrito e os pensionistas


da Segurança Social por centro distrital

Os resultados relativos aos "comportamentos" dos pensionistas da segurança social


como de outras variáveis são bastante curiosos: o PCP-PEV com coeficiente de
correlação irrelevante e negativo e a coligação PSD.CDS-PP acompanhando o PCP-PEV
apresentam a mesma tendência nos vários distritos. O com coeficiente de correlação
com o PS, apesar de mais elevado é mesmo assim bastante fraco e também de sinal
negativo. Os resultados sugerem fundamentalmente uma relativa mas nítida
concordância entre a distribuição do voto e os pensionistas que acompanhou a
tendência do voto no PCP-PEV e no PSD.CDS-PP.
O coeficiente de correlação com o PS não revela que haja uma correlação significativa
com a percentagem de pensionistas mas pelo diagrama de dispersão da figura 58
verifica-se que a maior parte dos distritos do norte tem votos mais baixos que
acompanham a menor percentagem de pensionistas e a posição relativa da
percentagem de pensionistas em cada distrito com o voto no Partido Socialista. Só os
distritos de Lisboa e Porto apresentam um afastamento dos restantes devido ao maior
número de pensionistas que pode ser justificado por ser nestes dois centros urbano
onde se concentra a maior percentagem de população mais idosa.
Nos distritos do sul, acima da reta de regressão, verifica-se o inverso, o voto no PS
atinge percentagens mais elevadas apesar da baixa percentagem de pensionistas.
Evidenciam-se os distritos de Lisboa e do Porto onde, devido ao maior número de
pensionistas, o PS obteve tendencialmente menos percentagem de votos podendo
concluir-se grosso modo que nestas eleições o voto no PS não foi influenciada pelo
número de pensionistas da segurança social.
Relativamente ao BE e ao PAN passa-se o inverso, apresentam coeficientes de
correlação mais significativos de sinal positivo revelando que os distritos do norte, que
ficam abaixo da reta de regressão, têm menor percentagem de pensionistas também o
BE obteve menos votos. Os distritos a sul, Faro e Setúbal, são os que tendo mais
pensionistas também deram mais votos no BE.

53
BE % 15,00
Faro
Setúbal
12,50

Porto Lisboa
Castelo Branco Santarém
10,00 Coimbra
Portalegre Aveiro
Leiria
Évora Braga
Beja Viana do Castelo
7,50
Guarda Viseu
Bragança
5,00 Vila Real y = 0,1927x + 8,1968
R² = 0,1975
R= 0,44
2,50

0,00
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00
Pensionistas Seg. Social 2014 em %

Figura 59 - Correlação entre o voto BE por distrito e os pensionistas


da Segurança Social por centro distrital

Verifica-se haver uma tendência para aumentar o voto no BE quando aumenta a


percentagem de pensionistas (figura 59). Todavia, observam-se grandes desvios a essa
tendência: nos distritos de Beja, Évora e Portalegre onde o voto no BE aumenta a um
ritmo superior à dos pensionistas evidenciando-se os distritos de Faro e Setúbal onde o
aumento foi mais pronunciado, enquanto nos do norte se passa o inverso.
PAN % 2,25
2,00 Faro Lisboa
Setúbal
1,75
Porto
1,50

1,25 Leiria
Santarém
1,00 Aveiro
Beja, Évora Coimbra
0,75 Catelo Branco Braga
Portalegre Viseu y = 0,0598x + 0,7475
Vila FReal R² = 0,460
0,50 R= 0,68
Bragança
0,25

0,00
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00

Pensionistas da Seg. Social 2014 em %

Figura 60 - Correlação entre o voto PAN por distrito e os pensionistas


da Segurança Social por centro distrital

Salientam-se ainda os distritos do Porto e de Lisboa onde o BE obteve votações mais


altas e que são também aqueles onde se concentra o maior número de pensionistas.
Foi no distrito do Porto onde o BE obteve uma percentagem de votos um pouco
superior ao de Lisboa embora tenha uma muito menor percentagem de pensionistas
16,23% e 21,48% respetivamente.
Se compararmos os diagramas de dispersão do PAN (figura 60) com o do BE verifica-se
uma relativa equivalência na distribuição dos pontos dos distritos e da percentagem de
pensionistas e do voto em cada um dos partidos que, apesar da relativa diferença na
dimensão do voto mas que evidenciam a mesma tendência de crescimento embora
mais lento no caso do voto no PAN com a percentagem de pensionistas.

54
7.5. O voto e as Pensões da Segurança Social e Caixa Geral de
Aposentações no total da população em percentagem

Nos pontos anteriores analisou-se individualmente a relação entre cada uma das taxas
de pensões, CGA e Segurança Social, com o voto em cada partido. Veremos agora qual
a tendência da população pensionista no conjunto dos dois subsistemas de pensões
referentes a 2013, os mais recentes, publicados até à data. Assim, procedeu-se como
anteriormente à determinação dos coeficientes de correlação e à construção dos
respetivos diagramas de dispersão utilizando os mesmos critério.
Para uma melhor comparação apresenta-se agora num outro quadro (Quadro 12) as
correlações dos três subsistemas que mostra como varia em cada partido o coeficiente
de correlação em relação a cada uma das origens das pensões.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS


Taxa Pensões CGA 2014 -0,06 0,06 0,24 -0,36 0,57
% Pensionistas da Segurança Social por distrito 2014 0,44 0,68 -0,03 -0,04 -0,21
Taxa total de Pensões CGA e Seg. Social Ano 2013 -0,20 -0,28 0,39 -0,44 0,65
Quadro 13 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e o total de pensionistas
da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações

Como se pode verificar no quadro 13, a taxa dos pensionistas da Segurança Social e da
Caixa Geral de Aposentações, quando considerados em conjunto, apresentam em
todas as regiões, correlações muito fracas com o voto dos partidos BE e PAN. Quanto
ao PCP-PEV e ao PSD.CDS-PP, tendo correlações próximas R= +0,39 e R= -0,44
respetivamente, mostram evoluir em sentidos diferentes. Note-se que os valores das
correlações dos pensionistas da segurança social poderão ter sido, em parte, afetados
por algumas pequenas diferenças devido a ter sido considerado para o seu
apuramento por falta de informação disponível ao nível NUT áreas geográficas ao nível
de distrito em vez das regiões NUTS III como o foi para os outros dois indicadores.
Os coeficientes de correlação das taxas de pensões da GCA em 2014 com o BE e com o
PAN é praticamente nulo e no conjunto dos pensionistas dos dois subsistemas
mostram valores pouco significativo o mesmo não se verificando com a percentagem
de pensionistas da Segurança Social considerados isoladamente que já se analisou no
ponto anterior.
É nas correlações da taxa do total de pensionistas dos dois subsistemas com os votos
dos cinco partidos (quadro 13) que se mostram um pouco mais fortes os coeficientes
de correlação no PCP-PEV e particularmente mais elevado no PS ambos de sentido
positivo ena coligação PSD.CDS-PP negativo. O BE e o PAN apresentam neste grupo
valores muito fracos e ambos negativos, R= -0,20 e R= -0,28, respetivamente.

a) O voto na coligação PSD.CDS-PP e a taxa de pensionistas


O diagrama de dispersão da figura 61 mostra que o voto no PSD.CDS-PP decresce
quando aumenta a taxa do total de pensionistas e que o principal afastamento da reta

55
se verifica nas regiões do Alentejo Central, Baixo Alentejo, Alentejo Central, Lezíria do
Tejo e Algarve afastando-se da tendência pela percentagem do voto, marcadamente
abaixo da média (39,63%). As regiões do Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo
Alentejo, com percentagem de pensionistas marcadamente acima da média foram as
que atribuíram voto à coligação também muito abaixo da média. Em posição oposta,
encontram-se regiões do norte como Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Viseu
Dão Lafões, regiões com taxa total de pensionistas superiores à média de 42,3% com
elevada percentagem de voto na coligação, todas elas muito superiores à média
acompanhadas também pelas regiões de Aveiro e de Leiria com voto elevado atingindo
a diferença próxima do 12% em relação à média. Nestas regiões anteriores o voto não
baixou apesar das taxas de pensionistas serem relativamente elevadas não tendo sido
influenciado negativamente por este tipo de votantes.
Para além de outras explicações mais complexas uma das possíveis poderá ser que,
nestas regiões mais interiores do norte, sendo predominantemente de pensionistas
provenientes do trabalho agrícola, setor primário, as pensões por serem
substancialmente baixas não foram afetadas por cortes. Todavia, o mesmo não se
verificou nas regiões do Alentejo onde o setor primário é muito superior à média,
5,8%, mas o voto na coligação PSD.CDS-PP foi, comparativamente com as outras
regiões, muito mais baixo. A tendência dicotómica norte-sul do voto nas regiões
mantém-se independentemente da tendência decrescente do voto com o aumento da
taxa total de pensionistas.
PSD.CDS-PP % 60,00
Viseu Dão Lafões
55,00 Alto Tâmega
Região de Leiria
50,00 Região de Aveiro Terras de Trás-os
Tâmega e Sousa Cávado Douro Montes
45,00 Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 Alentejo Central
AM do Porto
35,00 y = -0,7144x + 69,853 Região de Coimbra Beira Baixa
AM de Lisboa
R² = 0,1918 Algarve
30,00 Alto Alentejo
R = - 0,44 Lezíria do Tejo
25,00 Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral
Baixo Alentejo
15,00
10,00
5,00
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Taxa de Pensões totais CGA e Seg. Social Ano 2013

Figura 61 - Correlação entre o voto PSD.CDS-PP e o total de pensionistas


da Segurança Social e CGA

c) O voto na coligação PS e a taxa de pensionistas


O diagrama de dispersão da figura 62 mostra uma nítida tendência para o crescimento
do voto no PS com um coeficiente de correlação relativamente significativo de R= +65
que mostra que, quando aumenta a taxa total de pensionistas aumenta o voto neste
partido não se revelando muito clara a dicotomia norte-sul que vimos em outras
análises.
As linhas tracejadas no diagrama indicam os pontos médios da taxa de pensionistas
(linha vertical, 42,3%) e o voto no PS (linha horizontal, 32,9%). No primeiro quadrante
56
definido por estas linhas encontram-se as regiões com os valores acima da média da
taxa de pensionistas totais dos dois subsistemas e da média do voto no PS que
correspondem a cerca de 50% do total das regiões não sendo evidente uma distinção
dicotómica. No quarto quadrante abaixo da média do voto no PS, mas acima da média
do total de pensionistas, encontram-se apenas três regiões do norte que votaram em
maior percentagem na coligação mas que mesmo assim acompanham o crescimento
do voto no PS.

2º Quadrante 1º Quadrante

3º Quadrante
4º Quadrante

Figura 62 - Correlação entre o voto PS e o total de pensionistas


da Segurança Social e CGA

57
Os pontos referenciados pelas das regiões de Aveiro e de Leiria são as que apresentam
o maior desvio em relação à média dos votos do PS. O seu afastamento dos pontos
destas regiões da sua reta de regressão mostra uma diferença significativa entre a
distância os valores de observados de y (voto no PS) e os valores previstos de Y que
são obtidos pela reta de regressão. Concomitantemente, quanto relativamente mais
próximos da reta de regressão menor é o erro padrão, neste caso de 3,5. Os valores
que ocorrem mais elevados quer de Y, quer de X, refletem os pontos que permanecem
mais próximos da reta de regressão e indicam uma forte probabilidade de estarem
relacionados, com os pontos mais afastados da reta de regressão (erro padrão baixo
de 3,5) são os que se afastam da tendência. Assim, verifica-se que, com exceção
daquelas duas regiões, há uma relativa correspondência entre a taxa total dos
pensionistas e o voto no PS que é explicada por 41% das observações.

d) O voto na coligação PCP-PEV e a e a taxa de pensionistas


Vale ainda a pena analisar a correlação entre o voto no PCP-PEV com a taxa total de
pensionistas que apresenta o coeficiente de R= +0,39 que pode ser considerado fraco.
Comparativamente o coeficiente de correlação do PCP-PEV é menos de metade do PS
e apresenta uma grande dispersão de pontos cujas regiões se localizam abaixo da
média do voto (8,51%) representada a tracejado, mesmo nas que apresentam uma
elevada taxa de pensionistas (figura 63), com uma maior incidência nas regiões do
norte litoral e interior apresentando uma forte dicotomia norte-sul.
Com grande afastamento da reta, justificado pelo elevado erro padrão de 6,2,
encontram-se as regiões do Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo, únicas
que apresentam voto mais elevados também acompanhado pela também elevada taxa
de pensionistas.
O Alto Alentejo acompanha a Área Metropolitana de Lisboa e a Lezíria do Tejo na
tendência de crescimento do voto, acima da média, com um crescimento da taxa de
pensionistas também elevada.

PCP-PEV % 27,50
Baixo Alentejo
25,00

22,50 Alentejo Litoral


Alentejo Central
20,00
y = 0,3972x - 8,2996
17,50
R² = 0,1492
15,00 R = 0,39
Lezíria do Tejo
12,50 AM Lisboa Alto Alentejo

10,00
Algarve Oeste
7,50 Região de Coimbra
AM Porto Beiras e Serra da
Média dos votos Ave Alto Minho
5,00 Cávado Estrela
Tâmega e Sousa Douro Beira Baixa
Viseu D Lf
2,50 Região de Aveiro Terras de Trás-os-
Região de Leiria Montes
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Taxa de pensões totais CGA e Se. Social Ano 2013

58
Figura 63 - Correlação entre o voto PCP-PEV e o total de pensionistas
da Segurança Social e CGA

Nas restantes regiões, especialmente as do norte, o voto neste partido, não foi acom-
panhado pela elevada taxa de pensionistas, devendo o voto, ou ausência dele, poder
ser explicado complementarmente por fatores e variáveis especificamente culturais,
económicas e sociais.

7.6. O voto e o índice de dependência de idosos


O indicador do índice de dependência de idosos está, de certa forma, associado à taxa
de pensionistas, complementando-se, considerando que a maioria dos idosos em cada
região recebe uma pensão. Este índice é calculado, de acordo com o INE, entre o
número e pessoas com 65 e mais anos por cada 100 pessoas em idade ativa.
Considera-se a idade ativa entre os 15 e os 64 anos. Um valor inferior a 100 significa
que há menos idosos do que pessoas em idade ativa. Assim, correlacionando este
indicador social com os votos nos partidos obtiveram-se os valores dos coeficientes de
correlação apresentados do quadro 13. Nesta análise o partido que revela o valor mais
significativo é o PS com o coeficiente de correlação mais elevado e de sentido positivo
com este índice R= +0,47 mas bastante inferior à taxa do total dos pensionistas que
conforme se verificou no ponto anterior.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS


Índice de dependência de idosos 2014 -0,31 -0,32 0,14 -0,19 0,47
Quadro 13 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e o índice
de dependências de idosos

A coligação PSD.CDS-PP destacou-se por ter uma correlação com pouca expressão de
sentido negativo de R= -19 não tendo o voto acompanhado a proporção de idosos nas
regiões.
O PCP-PEV também apresenta um coeficiente de correlação muito fraco e sem
significado relevante embora positivo, o que demonstra não existir uma correlação
entre o voto neste partido e o índice de dependência de idosos. Contudo, apesar de
pouco significativa, a correlação entre os votos do PCP-PEV e o índice de
independência de idosos, há uma tendência, embora ligeira, para o voto no PCP-PEV se
verificar nas regiões com elevados índices de dependência, nomeadamente nas
regiões do Alentejo e na área Metropolitana de Lisboa (figura 64). A tendência nas
regiões do norte manteve votações baixas naquele partido mesmo nas regiões com
aquele índice de dependência mais elevado.

59
30,00
PCP-PEV %

y = 0,1196x + 4,2541 Baixo Alentejo


25,00
R² = 0,0204
Alentejo Litoral e
R = 0,14 Alentejo Central
20,00

15,00

AM Lisboa Alto Alentejo


10,00 Algarve Região de
AM Porto Coimbra
Ave Alto Minho
5,00 Beira Baixa
Tâmega e Sousa Região de Terras de Trás-
os-Montes
Aveiro Região de Leiria Alto Tâmega
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
Índice de dependência de idosos

Figura 64 - Correlação entre o voto PCP-PEV e o índice de dependência de idosos

O diagrama de dispersão da figura 65 mostra claramente um ligeiro aumento do voto


no PS quando aumenta o índice de dependência de idosos, isto é, quando nas regiões
existe maior número de idosos relativamente à população em idade ativa. Contudo,
em vez duma nítida dicotomia norte-sul verifica-se uma dispersão das regiões em que
existe uma relação da maior dependência de idosos também com o aumento do voto
naquele partido e que inversamente as regiões com menos dependência de idosos
mostram uma tendência para o voto se inferior. Evidenciam-se as regiões de Aveiro e
de Leiria com um afastamento pronunciado abaixo da reta de regressão e o Alto
Alentejo acima.
PS %
45,00
Alto Alentejo
Região de
40,00 Terras de Trás-os-
Coimbra
Montes Beira Baixa
A M de Lisboa
35,00 Alentejo Litoral
Ave
Tâmega e Sousa Douro
Algarve Médio Tejo
30,00 Alto Tâmega
A M do Porto
Oeste
Cávado Viseu Dão Lafões
25,00
Região de Aveiro Região de Leiria
20,00

15,00 y = 0,2685x + 23,352


R² = 0,22
R =0,47
10,00

5,00

0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Índice dependência de idosos

Figura 65 - Correlação entre o voto PS e o índice de dependência de idosos

As regiões de Aveiro e de Leiria apresentam voto baixo no PS e um índice de


dependência de idosos abaixo da média de 35,6% e o Alto Alentejo pela razão inversa,
índice de dependência acima da média e a mais alta votação no PS. Nos cerca de
cinquenta por cento das regiões com índices superior à média, isto é, com mais idosos,
também foram a que se situaram acima da média de votos no PS.

60
16,00
BE %
14,00 Algarve

12,00 AM do Porto
A M de Lisboa Alentejo Litoral

Oeste Médio Tejo


10,00 Ave R Coimbra
Região de Aveiro Beira Baixa
Cávado
8,00 Alto Minho
Viseu Dão Lafões Alto Alentejo
Tâmega e Sousa
6,00
Douro
Terras de Trás-os- Alto Tâmega
4,00
Montes
y = -0,0868x + 12,162
2,00 R² = 0,0969
R = -0,31
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Índice de dependências de idosos 2014

Figura 66 - Correlação entre o voto BE e o índice de dependência de idosos

O BE e o PAN marcam pelos fracos coeficientes de correlação próximos dos da taxa


total de pensões.
Comparado o PAN com o BE que têm um coeficientes de correlação praticamente
iguais e do mesmo sentido, verifica-se nos diagramas de dispersão das figuras 66 e 67
que existem apenas ligeiras diferenças na dispersão das regiões relativamente ao
índice de dependência de idosos, apresentando ambos a mesma tendência com uma
dicotomia norte-sul, ressalvando as percentagens de votação mais elevadas no BE.

BE % 16,00 y = -0,0868x + 12,162


R² = 0,0969
14,00 r= -0,31 Algarve

12,00 AM Lisboa
AM Porto
10,00
Ave Beira Baixa
Cávado
8,00 Baixo Alentejo
Tâmega e Sousa
6,00 Douro Terras de Trás-
os-Montes
4,00 Alto Tãmega

2,00

0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Índice de dependência de idosos

Figura 67 - Correlação entre o voto BE e o índice de dependência de idosos

7.7. O voto e o índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR)


O ISDR - Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (Competitividade) é um
indicador heterogéneo (Portugal = 100) que pretende acompanhar as assimetrias do
processo de desenvolvimento regional, nas vertentes competitividade, coesão e
qualidade ambiental.
Antes de iniciar as análises destes índices com o voto nos partidos será útil a
clarificação destes conceitos.

61
Nesta análise do voto através deste indicador foram utilizados índices da
competitividade, coesão e qualidade ambiental para avaliar o desenvolvimento
regional ao nível das regiões NUTS III.
O índice de competitividade é definido como um número que pretende captar o
potencial de cada região, em termos de recursos humanos e de infraestruturas físicas,
assim como o grau de eficiência na trajetória seguida medido pelos perfis educacional,
profissional, empresarial, produtivo e, ainda, a eficácia na criação de riqueza e a
capacidade demonstrada pelo tecido empresarial para competir no contexto
internacional.
Segundo o INE os resultados relativos a 2013 mostram que as regiões NUTS III com um
índice de competitividade mais elevado se concentram no litoral continental.
Neste contexto o retrato territorial salienta os territórios centrados nas duas áreas
metropolitanas – a sul, envolvendo a Área Metropolitana de Lisboa, a norte,
constituindo um contínuo formado pelo Alto Minho, pelo Cávado, pela Área
Metropolitana do Porto e Região de Aveiro.
Das 23 regiões NUTS III do continente que se têm vindo a analisar apenas três
superavam a média nacional – as duas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e a
região de Aveiro. A Área Metropolitana de Lisboa apresentava o índice de
competitividade mais elevado, destacando-se das restantes regiões, o interior
continental, sobretudo do norte e centro.
De entre as três componentes do desenvolvimento regional, os resultados para o
índice de competitividade nas NUTS III revelavam o maior nível de disparidade
regional, aferido pelo coeficiente de variação.
O índice de coesão procura refletir o grau de acesso da população a equipamentos e
serviços coletivos básicos de qualidade, bem como os perfis conducentes a uma maior
inclusão social e a eficácia das políticas públicas traduzidas no aumento da qualidade
de vida e na redução das disparidades territoriais. No índice de coesão, os resultados
obtidos refletiam um retrato territorial mais equilibrado do que o observado para a
competitividade, na medida em que, em oito das 23 regiões NUTS III, o índice de
coesão superava a média nacional.

62
A qualidade ambiental está associada às pressões exercidas pelas atividades
económicas e pelas práticas sociais sobre o meio ambiente (numa perspetiva vasta que
se estende à qualificação e ao ordenamento do território), mas também aos respetivos
efeitos sobre o estado ambiental e às consequentes respostas económicas e sociais em
termos de comportamentos individuais e de implementação de políticas públicas,
Os resultados de 2013 refletiam uma imagem territorial de algum modo simétrica à da
competitividade, atendendo à concentração de regiões com índices de qualidade
ambiental mais elevados no interior continental. O padrão territorial dos resultados
desta componente sugere um aumento progressivo da qualidade ambiental do Litoral
para o Interior. Assim, destacam-se as NUTS III da faixa Litoral do Continente – Alto
Minho, Área Metropolitana de Lisboa e Região de Leiria – com resultados superiores à
média nacional. A média nacional nesta componente era superada por 14 das 23
regiões NUTS III do Continente, verificando-se uma disparidade territorial mais ténue
do que a observada para as restantes componentes.

a) O voto e a competitividade
Utilizando estes índices e a mesma metodologia anterior tentou-se encontrar uma
relação entre o voto nos quatro principais partidos e o índice de competitividade.
Pelo quadro 14 pode-se confirmar que no índice de competitividade apenas os
partidos BE, PAN e o PS são aproximados apresentando coeficientes de correlação com
alguma relevância conseguindo o PS um valor de sentido negativo. Já no que reporta à
qualidade ambiental o PS mostra um coeficiente de correlação positivo e
relativamente mediano comparado com os restantes partidos.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS


Índice global 0,45 0,48 0,13 -0,17 -0,15
Competitividade 0,45 0,55 0,10 -0,06 -0,38
Coesão 0,41 0,38 0,07 -0,09 -0,26
Qualidade ambiental -0,15 -0,24 0,06 -0,21 0,56

Quadro 14 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e os três índices


de sintéticos de desenvolvimento regional (ISDR)

Com a competitividade e com a coesão o BE e o PAN foram os partidos onde se


verificaram os coeficientes e correlação mais significativos, mas foi na qualidade
ambiental que o PS foi o que mostra o coeficiente de correlação comparativamente
mais forte. Em relação ao PCP-PEV os valores dos coeficientes embora todos positivos
são irrelevantes, o mesmo se verificando no PSD.CDS-PP mas neste com sentido
negativo.
O diagrama de dispersão da figura 68 mostra uma tendência para o voto no BE
acompanhar o índice de competitividade refletindo graficamente um retrato regional
onde se salientam os territórios centrados nas duas áreas metropolitanas – a sul,
envolvendo a Área Metropolitana de Lisboa; a norte, constituindo um contínuo
formado pelo Alto Minho, Cávado, Ave, Área Metropolitana do Porto e região de
Aveiro. Como se pode observar são as regiões que apresentam maiores índices de

63
competitividade superiores à média de 92,84 que correspondem também ao maior
voto naquele partido. Numa posição inversa encontra-se a região do Alto Tâmega
também afastado da reta com um índice de competitividade muito abaixo da média e
também com votos no BE muito abaixo da média e da mediana (9,20%).
A região do Algarve mostra ser a exceção com o voto no BE muito acima da média e
com evidente afastamento da reta de regressão verificando as duas variáveis, índice
competitividade e votos um erro padrão relativamente baixo.
16,00
BE %

14,00 Algarve
y = 0,1247x - 2,4981
R² = 0,2011
12,00 R = 0,45 A M do Porto
Alentejo Litoral
Lezíria do Tejo A M de Lisboa
Médio Tejo Região de Coimbra
10,00
Região de LeiriaRegião de Aveiro
Alto Alentejo Beira Baixa Ave
Baixo Alentejo Alentejo Central Cávado
8,00
Tâmega e Sousa Alto Minho
Viseu Dão Lafões
Linha da média Douro
6,00
votações
no BE Terras de Trás-os-
Montes
4,00
Alto Tâmega
Linha da média índice
competitividade
2,00

0,00
60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0
Índice competitividade

Figura 68 - Correlação entre o voto do BE e o índice de competitividade

Pelo contrário, o diagrama de dispersão da correlação do índice de competitividade


com o voto no PS (figura 69) mostra que não há um padrão definido entre as regiões
do norte, sul e litoral.
45,00
PS %
Alto Alentejo Alentejo Central
40,00 Beira Baixa Região de Coimbra
Alentejo Litoral
35,00 AM de Lisboa
Douro Ave
Algarve AM do Porto
30,00 Alto Tâmega Alto MInho
Médio tejo
Cávado
25,00 Região de Aveiro
Tâmega e Sousa
Região de Leiria
20,00
Viseu Dão Lafões
15,00 y = -0,2156x + 52,92
R² = 0,1427
R = -0,38
10,00

5,00

0,00
60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0
Índice de Competitividade

Figura 69 - Correlação entre o voto do PS e o índice de competitividade

64
Verifica-se que quanto maior o índice de competitividade a tendência do voto é para
ser mais baixo atingindo valores muito abaixo da média nas regiões do litoral norte,
Alto Minho, Cávado, Aveiro e Leiria. A região do Ave, cujo voto se tem verificado
tendencialmente de direita, em relação à competitividade, sai fora do padrão habitual
obtendo ali o PS voto acima da média. Este partido obteve maior percentagem de
votos nas regiões com menores índices de competitividade. Por outro lado, foram as
regiões com competitividade abaixo da média onde o voto no PS foi o mais elevado.
Foi nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto onde os índices são os mais altos e
o voto se situou à volta da média.
O voto no PAN em correlação com o índice de competitividade apresenta um
coeficiente R= +0,55 crescendo tendencialmente, embora com pouca intensidade, com
este índice. O diagrama de dispersão da figura 70 mostra semelhanças com o BE nas
regiões do litoral norte e centro com índices mais elevados de competitividade com
recuo no voto obtendo valores abaixo da média (1,01%).
2,50
PAN %

AM Lisboa
2,00 y = 0,0286x - 1,6468
Algarve
R² = 0,3057
R = 0,55 AM Porto
1,50
Oeste
Lezíria do Tejo
Médio tejo Leiria Alentejo Litoral
Alentejo Central e
1,00 Beira Baixa Coimbra Região de Aveiro
Alto Alentejo
Ave
Douro Viseu D Lf
Tâmega e Sousa
0,50 Terras de Trás-os-
Alto Tâmega
Montes

0,00
20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00
Índice de Competitividade

Figura 70 - Correlação entre o voto no PAN e o índice de competitividade

A maior parte das regiões que possuem um índice de competitividade superior à


média (92,94) apresentam votos baixo no PAN. Exceção às regiões com desvio muito
acentuado em relação à reta de regressão, Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, e
Algarve, esta última com um índice abaixo da média. O erro padrão das duas variáveis
que mede a variabilidade dos valores à volta da média, situa-se para o índice de
competitividade em 2,01 e em 0,35 para o voto.
Quanto ao PCP-PEV e ao PSD.CDS-PP não se encontram correlações significativas nem
uma tendência que pudesse indiciar um comportamento eleitoral em função do índice
de competitividade.

b) O voto e o índice de coesão


Nos resultados da correlação do "comportamento" do voto com o índice de coesão
estão próximos em quase todos os partidos evidenciam-se o BE e o PAN com
correlações positivas, embora com valores ligeiramente menores se comparados com
a competitividade. O PS mantem-se na mesma linha mas com uma diferença de 0,12.

65
Sendo o BE o partido que apresenta o valor do coeficiente mais significativo construiu-
se o respetivo diagrama de dispersão para análise da tendência do voto em relação à
coesão. O PS apesar da correlação fraca de sentido negativo, como o segundo partido
mais votado optou-se por também conhecer o resultado da dispersão em torno das
duas variáveis.
BE % 16,00

14,00 Algarve

12,00 AM Lisboa
AM Porto
Alentejo Litoral Lezíria do Tejo
Oeste Médio Tejo Região de Coimbra
10,00
Beira Baixa Ave Aveiro
Região Leiria
Tâmega e Sousa Alentejo Central
8,00 Alto Minho
Baixo Alentejo
Viseu Dão Lafões Cávado
6,00 Terras de Trás-os- Douro
Montes
4,00 y = 0,1824x - 8,8376
Alto Tâmega
R² = 0,1679
2,00 Média do índice R = 0,41
de coesão
0,00
88,00 90,00 92,00 94,00 96,00 98,00 100,00 102,00 104,00 106,00 108,00
Índice de coesão

Figura 70 - Correlação entre o voto no BE e o índice de coesão

O diagrama de dispersão e respetiva reta de regressão do BE que tem a correlação


mais forte permite avaliar as diferentes posições das várias regiões (figura 70). Os
resultados não sugerem uma nítida dicotomia entre regiões mas sim uma dispersão
independente do seu posicionamento espacial do território. No resultado não se
distinguem grupos regionais como os que se verificavam em a. Podemos considerar
que se agrupam e distinguem em função da média do índice de coesão é
acompanhada pelo aumento do voto.
O grupo de regiões que mais se aproximam e verificam um comportamento de voto
baixo consonante com o baixo índice de coesão são a Terras de Trás-os-Montes, Douro
e Alto Tâmega. Outras, como as regiões do Ave e do Cávado, encontram-se próximas
de regiões do sul. Mais de metade das regiões apresenta índices de coesão superiores
à média de 98,19 acompanhados que são pelas percentagens mais elevadas de voto no
BE. Embora se verifique uma correlação próxima do ponto médio, (-1; +1) R = +0,41 a
distribuição evidencia que a distribuição do voto não se opõe aos perfis básicos
estabelecidos para a coesão de acordo com a definição dada anteriormente, até
porque esta está em certa medida relacionada com a gestão das autarquias.

66
PS % 45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Baixo Alentejo Alentejo Central
35,00 Trás-os Montes Lezíria do Tejo Região de Coimbra
Tâmega e Sousa Algarve AM Lisboa
AM Porto
30,00
Alto Tâmega Viseu Dão Lafões Oeste Alto Minho
Cávado
25,00 Região de Aveiro
Região de Leiria
20,00

15,00

10,00 y = -0,2336x + 55,838


R² = 0,0653
5,00 R= -0,26

0,00
88,00 90,00 92,00 94,00 96,00 98,00 100,00 102,00 104,00 106,00 108,00
Índice de coesão

Figura 71 - Correlação entre o voto no PS e o índice de coesão

Como no índice de competitividade o PS também apresenta com o índice de coesão


um coeficiente de correlação fraco e negativo, R= -0,26. O diagrama de dispersão da
figura 71 mostra uma queda pouco marcada no voto PS que a reta de regressão
evidencia. À medida que o índice de coesão vai aumentando acima da média (98,19)
algumas regiões do norte manifesta o voto naquele partido abaixo da média, 33,9%.
Nestas circunstâncias encontram-se as regiões do Alto Minho, Cávado, Douro, Região
de Aveiro e Região de Leiria. Verifica-se no diagrama que a reta de regressão, na
generalidade, separa as regiões a norte das mais a sul. Por outro lado, são as do
interior norte, Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Tâmega e Sousa as que, tendo
índices de coesão muito baixos, mais contribuíram para o voto no PS.
Com o PCP-PEV e a coligação PSD-CDS-PP não se encontraram com este índice
correlações que justificassem uma análise mais detalhada pelo, R= +0,07 e R= -0,09
respetivamente, como tal não se considerou relevante efetuar uma análise detalhada.
No caso do PSD.CDS-PP o voto neste partido poderá ter sido determinado por outras
variáveis independentemente do índice de coesão verificando a tendência para
maiores votações no norte e menores nas regiões do sul assim como naquelas onde se
localizam grandes centros urbanos.

c) O voto PS e o índice de qualidade ambiental


No índice de qualidade ambiental o PS foi o partido que mostrou a correlação positiva
mais forte com o voto, R= +56, do que qualquer outro merecendo por isso análise mais
detalhada.
A observação do diagrama de dispersão da figura 72 mostra uma ligeira tendência para
o aumento do voto no PS com o aumento do índice de qualidade ambiental (IQA) não
manifesta uma distinta dicotomia norte-sul. As regiões do norte, centro e sul,
independentemente dos índices de qualidade ambiental não demonstram uma divisão
clara entre elas no que se refere ao voto, encontrando-se regiões com índices baixos e
elevados que também revelam voto mais elevado neste. Verifica-se, por exemplo, que
no diagrama a dispersão dos pontos as regiões Terras de Trás-os-Montes, Alto Minho,
Tâmega e Sousa e Ave distribuem-se acima da média do IQA (100,57) juntamente com

67
regiões do sul como Alto Alentejo, Beira Baixa e Baixo Alentejo com votos no PS
também acima de média dos 32,9%. Abaixo da média do IQA também não se verifica
uma agregação por semelhança entre regiões antagónicas do ponto de vista do voto.
45,00
PS %
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
Região de Coimbra Baixo Alentejo
Lezíria do Tejo Beiras e Serra bda
35,00Alentejo Litoral Douro AM Lisboa
Algarve EStrela
Ave, Tâmega e Sousa
Alto Tâmega AM Porto Terras de Trás-os-
30,00 Oeste Médio Tejo Montes
Viseu Dão Lafões Alto Minho
Cávado
25,00
Região de Aveiro Região de Leiria

20,00

15,00
y = 0,4961x - 16,994
Média do IQA R² = 0,3182
10,00
R = 0,56

5,00

0,00
92,50 95,00 97,50 100,00 102,50 105,00 107,50 110,00 112,50
Índice de Qualidade Ambiental

Figura 72 - Correlação entre o voto no PS e o índice de coesão

As regiões de Aveiro e de Leiria são as que se afastam da reta de regressão, a primeira


muito abaixo da média do IQA, e a segundo dentro da média mas cujo voto no PS sãos
dos mais baixos com afastamento da tendência com desvios em relação à média do
voto de 8,27 para Aveiro e de 9,98% em Leiria cerca de dois desvios padrão cujo valor
é 4,5. A tendência do voto em relação ao IQA é explicada em R para 31% das
observações.

8. O voto a taxa de desemprego e o índice de poder de compra


a) O voto e a taxa de desemprego
A taxa de desemprego divulgada em 2014 foi um dos indicadores utilizados para
analisar a tendência do voto nos partidos. A taxa de desemprego e foi calculada tendo
em conta os desempregados inscritos nos centros de emprego em percentagem da
população residente com 15 a 64 anos e de formação profissional no ano civil pela
população média residente com 15 a 64 vezes 100. Como já se disse anteriormente a
idade dos 15 anos não é relevante para os cálculos visto que as correlações calculadas
em função da população total das regiões considerando cada um dos indicadores
sociais e não apenas para os eleitores inscritos nos cadernos eleitorais com mais de
dezoito anos.
BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS
Taxa de Desemprego 2014 -0,28 -0,17 -0,08 0,05 0,34
Quadro 15 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos
e a taxa de desemprego em 2014

Foi o PS que obteve o coeficiente de correlação positivo mais elevado, apesar de fraco,
entre o voto e a taxa de desemprego, como se pode verificar no quadro 15. Pelo

68
contrário o BE obteve um valor de correlação de sentido negativo e mais fraco do que
o PS. No que se refere ao PSD.PSD-PP e PCP-PEV os coeficientes de correlação não
demonstram que tenha havido qualquer tendência de voto com a taxa de
desemprego.
PS % 45,00
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Litoral e Alentejo Central
Coimbra Alto Alentejo
35,00 Lezíria do Tejo Douro
Ave
AM Lisboa
Médio Tejo Algarve AM Porto
30,00 Tâmega e Sousa
Alto Minho Cávado Alto Tâmega
25,00 Região de Aveiro
Região de Leiria Viseu Dão Lafões
20,00

15,00 y = 1,0791x + 23,161


R² = 0,113 Média da Taxa
10,00 R= 0,34 desemprego

5,00

0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0
Taxa de desemprego 2014

Figura 73 - Correlação entre o voto no PS e a taxa de desemprego em 2014

O diagrama de dispersão da figura 73 mostra que a taxa de desemprego apresenta


uma ligeira tendência para o crescimento do voto no PS quando aumenta a taxa de
desemprego. As regiões onde a taxa de desemprego está acima da média, 9,03%, o
voto no PS foi também mais elevado mas abaixo da reta de regressão verifica-se uma
tendência de crescimento mais fraco onde se agrupam a maior parte das regiões do
norte opondo-se às regiões do sul cujo os pontos de dispersão se localizam acima da
reta com voto no PS mais elevado. Considerando apenas a taxa de desemprego
podemos afirmar que se verificou nas regiões nortenhas alguma tendência para o
aumento relativo do voto neste partido, nomeadamente a regiões do Ave, Douro e
Área Metropolitana do Porto. Outras regiões também do norte e centro onde se
verificaram taxas de desemprego mais baixas percentagens o voto também é
correspondentemente mais baixo. Nas regiões do sul verifica-se uma homogeneidade
no que se refere ao voto no PS independentemente do valor da taxa de desemprego.
Repare-se por outro lado, que, há regiões do norte, tradicionalmente votantes na
direita, e onde encontram em 2014 taxas de desemprego mais altas, como já
referimos, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Ave, Douro e Tâmega e Sousa o
voto foi também aí elevado naquele partido.

b) O voto e os beneficiários de subsídio de desemprego


Uma das variáveis que está ligada ao desemprego é o número de beneficiários que
recebem um subsídio em determinado momento e durante certo tempo.
Para efeito do cálculo da percentagem de beneficiários a receber subsídio de
desemprego é considerado o montante compensatório atribuído pela segurança social,
durante um número limitado de meses, enquanto o trabalhador que perdeu o seu
emprego procura um novo trabalho.

69
BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS
% de Beneficiários de Subsídio de Desemprego
0,78 0,64 0,34 -0,50 0,17
2014
Quadro 16 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos
e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

60,00
PSD.CDS-PP
Alto Tâmega
Região de Aveiro
50,00 Alto Trás-os- Cávado
Douro
Montes Alto Minho Tâmega e Sousa
Médio Tejo Ave
40,00 AM Porto
Beira Baixa
AM Lisboa
30,00 Algarve
Alto Alentejo
Média votos Alentejo Central
20,00 Alentejo Litoral
y = -10,511x + 66,222 Baixo Alentejo
R² = 0,2535
10,00
R= -0,50 Média beneficiários

0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
% Beneficiários com Subsidio de Desemprego 2014

Figura 74 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a % de beneficiários


com subsídio de desemprego em 2014

Observando o quadro 16 e o diagrama de dispersão da figura 74 nota-se que,


comparativamente ao quadro anterior (quadro 15), o comportamento dos
beneficiários do subsídio de desemprego relativamente ao voto nos partidos, avaliado
pelo coeficiente de correlação, não apresenta qualquer semelhança. Vimos que a taxa
de desemprego apresentou correlações negativas e positivas sem relevância, com
exceção do PS que apresentou uma correlação positiva com algum significado embora
fraco. No que respeita aos beneficiários que recebem subsídio de desemprego em
verifica-se em cada região a existência de correlações relevantes, elevadas em alguns
partidos sendo a coligação PSD.CDS-PP que apresenta uma correlação negativa com
esta variável com algum significado, R= -0,50. O diagrama de dispersão da figura 74
referente a este partido mostra uma tendência do voto tanto menor quanto maior a
percentagem de beneficiários do subsídio de desemprego.
Abaixo da reta de regressão situam-se as regiões do sul com voto médio inferior à
média e acima da reta as do norte que apresentam voto acima da média mas com
baixas percentagens de beneficiários com subsídio de desemprego a maior parte
abaixo da média. Abaixo da média dos votos neste partido encontram-se as regiões
com população com maiores taxa de subsídio que se situam no centro e no sul onde
estão incluídas as duas regiões das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. As
regiões do Alentejo são as que se evidenciam com menor votação na coligação e que
se encontram abaixo da reta contrastando com todas as regiões do norte que se
localizam acima sendo a região do Algarve uma exceção.
Haverá outra explicação de natureza socioeconómica para os principais desvios à reta
já que, a percentagem da população com subsídios poderá ter afetado apenas em
parte o comportamento de voto neste partido.

70
O BE contraria a tendência descrita no ponto anterior para a taxa de desemprego,
apresentando uma correlação positiva mais forte de entre todos os partidos, R= +0,78
apenas aproximada com o PAN, R= +64.
16,00
BE %

14,00 y = 3,4002x + 0,4717 Algarve


R² = 0,6016
12,00 R = 0,78 AM Lisboa
AM Porto
Lezíria do Tejo
Médio Tejo Alentejo Litoral
10,00 Coimbra Aveiro
Região de Leiria Alto Alentejo Ave
Al. Central Cávado
8,00 Alto Minho
Baixo Alentejo Tâmega e Sousa
Região de Coimbra
6,00 Terras de Trás-os- Douro
Montes
4,00 Alto Tâmega Média subsídios

2,00

0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
% Beneficiários com Subsídio de Desemprego 2014

Figura 75 - Correlação entre o voto no BE e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

As regiões localizadas acima ou abaixo da reta de regressão que exprime uma


tendência, como se pode observar na figura 75, os desvios não são muito
pronunciados o que pode explicar o comportamento de voto neste partido poderá
estar mais relacionado com o corte do respetivo subsídio que o Governo da coligação
acentuou durante o seu mandato, do que com o próprio desemprego que, como se
verificou anteriormente, não mostrou um coeficiente de correlação com uma
significativa.
O diagrama de dispersão mostra uma concentração de votação mais elevada no BE
quando a percentagem de população a receber subsídios de desemprego se situa
acima dos 2%, cerca de 0,5% abaixo da média (2,5%).Também não há evidência da
existência duma nítida dicotomia norte-sul encontrando-se regiões do norte onde o
voto no BE foi também acima da média (9,08%), regiões onde é tendencialmente à
direita e onde encontram também regiões do norte, mais próximas do litoral, como
Ave, Cávado, Tâmega e Sousa, Área Metropolitana do Porto e Aveiro, mais
industrializadas que foram afetadas pelos desemprego.
Salientam-se regiões do interior norte Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes e em
parte a região do Douro que ficam abaixo da reta de tendência onde o voto no BE foi
dos mais baixos acompanhando a baixa percentagem de população a receber subsídio
de desemprego, contrastando com a região do Algarve com a votação máxima e
também muito elevada percentagem de beneficiários de subsídio.
O comportamento que se deduz para os beneficiários de subsídio de desemprego é
uma forte tendência de voto no BE com um fator explicativo de 60%. É provável que
muitos dos desempregados que não recebendo subsídio, dada a legislação até então
em vigor, tenham dirigido o seu voto para este partido.

71
45,00 Baixo Alentejo
PS %
Alto Alentejo
40,00 Beira Baixa
Alentejo Central
Alentejo Litoral
35,00 Terra s de Trás-
Douro Ave
os-Montes AM Lisboa
30,00 Alto Tâmega AM Porto Algarve
Alto Minho Cávado
Viseu D. Lf
25,00 Região de Aveiro
Região de Leiria
20,00

15,00 y = 1,5058x + 29,091 Linha média


R² = 0,028 beneficiários
10,00 R= 0,17

5,00

0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
% Beneficiários com subsídio de desemprego 2014

Figura 76 - Correlação entre o voto no PS e a % de beneficiários de subsídio de desemprego 2014

A figura 76 mostra que a correlação entre a percentagem de benificiários é muito fraca


com o voto PS mas revela uma tendência para o voto neste partido acompanhar as
percentagens mais elevadas de beneficiários nas regiões mas que apesar da variável
subsídio não ser suficientemente explicativo.
Em algumas regiões do norte o voto no PS sobe um pouco acima da média dos 32,9%
com como Viseu Dão Lafões, Aveiro e Leiria.
A região de Leiria distingue-se com o acentuado afastamento da reta regressão o que
pode significar que o voto no PS foi excecionalmente baixo em relação ao que seria de
esperar face ao desemprego gerado durantes os quatro anos de governação da
coligação de direita. Relativamente ao voto no PS não se verificou uma correlação com
os beneficiários do subsídio de desemprego não sendo esta variável um fator
explicativo praticamente nulo, 0,3.

PCP-PEV % 30,00
y = 4,51x - 2,9052
R² = 0,1174 Baixo Alentejo
25,00
R= 0,34
Alentejo Central Alentejo Litoral
20,00

15,00
Linha da média Lezíria do Tejo
de votos no PCP-PEV AM Lisboa
Alto Alentejo
10,00 Coimbra Algarve
Médio Tejo Oeste
AM Porto
Alto Minho Cávado Ave
5,00 Terra s de Trás-os- Leiria Tâmega e Sousa
Montes Região de Aveiro
Viseu D Lf
Alto Tâmega Douro
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

% de Beneficiários com Subsídio de Desemprego 2014

Figura 77 - Correlação entre o voto no PCP-PEV e a % de beneficiários


de subsídio de desemprego 2014

O PCP-PEV tem uma correlação positiva fraca, R= +0,34 o dobro do PS, com a
percentagem dos beneficiários de subsídio de desemprego. O diagrama de dispersão

72
da figura 77 mostra um afastamento muito nítido da reta de regressão das regiões do
Alentejo, com exceção da região do Alto Alentejo, que mostram a forte votação neste
partido e a percentagem de beneficiários com subsídio de desemprego com grandes
desvios em relação às médias distorcendo a estimativa. Contudo o voto acompanha a
percentagem de população a beneficiar de subsídio de desemprego acima dos 2,5%.
Qualquer outra extrapolação tem uma margem de erro muito elevada. O
relativamente elevado erro padrão de 6,33 demonstra como o desvio dos pontos das
regiões e o voto se afastam da reta de regressão.
Nas regiões do norte as votações no PCP-PEV ficam abaixo da média e encontram-se
abaixo da reta seguindo a tendência para aumentar o voto quando aumenta a
percentagem da população a receber subsídio de desemprego sendo de 11,7% a
percentagem que pode ser explicada pela relação linear.

c) O voto e índice de poder de compra


O índice de poder de compra é um indicador obtido a partir de várias componentes
que pretende traduzir o poder de compra per capita. Segundo o INE é um número
índice com o valor 100 na média do país, que compara o poder de compra manifestado
quotidianamente, em termos per capita nos diferentes municípios ou regiões.
Os dados mais recentes deste indicador referem-se a 2013 e a informação base
utilizada, segundo a Pordata, teve a última atualização em 09-11-2015.
A partir deste indicador e seguindo o mesmo critério das análises anteriores procedeu-
se ao cálculo dos coeficientes de correlação que se encontram no quadro 17.

BE PAN PCP-PEV PSD.CDS-PP PS


IPCPC - Índice de Poder de Compra 2013 0,70 0,84 0,29 -0,39 -0,02
Quadro 17 - Coeficientes de correlação entre o voto nos partidos e a %
de IPCPC- Índice de Poder de Compra per Capita 2013

Como se pode observar a correlação com o PCP-PEV é fraca, PSD.CDS-PP com uma cor-
relação relativamente fraca mas de sentido negativo e o PS com uma correlação sem
insignificância e de sentido negativo.

73
60,00
PSD.CDS-PP %
Alto Tâmega Terra de Trás-os-Montes
Regiões de Leiria e de
Viseu Dão Lafões
50,00 Aveiro
Tâmega e Sousa Douro Cávado
Alto Minho
Ave Médio Tejo
40,00 Oeste AM Porto
Região de Coimbra
Beira Baixa
AM Lisboa
Lezíria do Tejo Algarve
30,00
Alto Alentejo
Alentejo Central
20,00 Baixo Alentejo Alentejo Litoral

Linha da média
10,00 y = -0,3651x + 71,821
do índice de poder
R² = 0,1549
de compra
R= -0,39
0,00
30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0 120,0 130,0
IPC - Índice de Poder Compra 2013 em %

Figura 78 - Correlação entre o voto no PSD.CDS-PP e a % de IPCPC 2011

A correlação entre o voto na coligação PSD.CDS-PP e o IPCPC mostra um progressivo


enfraquecimento, embora fraco, do voto quando aumenta o IPC, sobretudo acima da
média dos 88,19%. É também claro que nas regiões do norte a coligação obteve
maiores votações independentemente do seu índice de poder de compra. Contudo,
nas que têm o índice mais baixo de IPC, abaixo da média, foi também onde se
verificaram percentagens de voto elevadas na coligação. São exceção as regiões do
Alto e Baixo Alentejo onde a um IPC abaixo da média corresponde também ao voto
mais baixo.
Nas restantes regiões do sul onde se encontra mais elevado IPC o voto na coligação
PSD.CDS-PP foi abaixo da média dos 39,63%.
A explicação poderá ser atribuída a outras variáveis que não se enquadram apenas na
mera relação estatística mas com opções que se prendam com a religiosidade e com
questões políticas e ideológica mais conservadoras, alimentada ou não por órgãos de
comunicação ou campanhas locais onde existem pressões comunitárias de vária espé-
cie. Sem uma análise sociológica local qualquer explicação terá sempre uma base
especulativa.

74
16,00
BE %
14,00 y = 0,1368x - 2,9877 Algarve
R² = 0,4932
12,00 R= 0,70 AM Porto AM Lisboa
Alentejo Litoral
Médio Tejo Lezíria Tejo
10,00 Oeste
Beiras e Serra da Estrela Ave Região de Coimbra
Regiões de Aveiro e Leiria
Beira Baixa Alentejo Central
8,00 Alto Minho
Tâmega e Sousa Cávado
Viseu Dão Lafões Alto Alentejo
Baixo Alentejo
6,00 Douro
Terras de Trás-os-Montes

4,00 Alto Tâmega


Linha da Média IPC

2,00

0,00
30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00 130,00
IPC - Índice de Poder de Compra 2013 em %

Figura 79 - Correlação entre o voto no BE e a % de IPCPC 2013

O BE e o PAN foram os partidos cujos votos apresentam correlações muito fortes com
o IPC, sendo o PAN o que mais evidencia e que é explicado por cerca de 51% dos casos
com um erro padrão relativamente baixo de 1,60.
Optou-se assim por analisar apenas o BE por este ser o partido que mais
representatividade teve em número de votos e, ao mesmo tempo, apresenta uma
correlação forte com o indicador sendo podendo assim estabelecer-se comparação
com os outros partidos e indicadores analisados anteriormente.
No caso concreto do BE o coeficiente de correlação relativamente forte de R= +0,70 é
elucidativo e a análise de regressão mostra um ajuste dos dados com alguns desvios e
que neste modelo é explicativo pra para 49% dos casos.
A figura 79 mostra a tendência crescente dos votos no BE quando aumenta o IPC
verificando-se afastamentos da reta de regiões com valores abaixo das médias do voto
e do índice IPC e à direita com afastamento pronunciado acima das duas médias.
Encontram-se as regiões do Algarve e das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto,
muito acima da média das votações no BE (9,08%) e do IPC (88,19) e desvio muito
abaixo da reta de regressão das duas médias nas regiões do Douro e Alto Tâmega.

9. Notas conclusivas
9.1 Síntese contextual
O panorama eleitoral e político nacional tem sido predominantemente “controlado”
pelos dois grandes partidos PS e PSD formando um padrão geográfico eleitoral que se
vai repetindo ao longo dos anos liderando alternadamente todos os governos. Em
2011 o PSD fez coligação com o CDS-PP após as eleições desse ano.
Observando as distribuições espaciais dos votod constata-se que existe um padrão de
distribuição bem definido e expectável a priori: a norte do território prevalece o
domínio dos partidos de direita e centro-direita, enquanto a Sul, predominam
claramente os partidos de esquerda e centro-esquerda, embora os dois maiores
partidos, PS e PSD vençam a esmagadora maioria das freguesias de forma cíclica.

75
Existe pois, um vasto eleitorado que deambula entre os dois partidos, ideologicamente
localizados, um que alterna entre a direita e o centro e outro que alterna entre mais
ou menos à esquerda o centro-esquerda, cuja influência é decisiva no espectro político
nacional para o resultado final em cada eleição.
Ao longo do tempo existiram algumas situações que merecem particular atenção. O
domínio do PPD/PSD na região do Algarve em 1991 (ano em que o partido alcançou
uma maioria absoluta), repetiu-se apenas em 2011. Pelo meio, haverá apenas a
registar o razoável desempenho do partido nas Legislativas de 2002 e por certo, uma
vez mais, a volatilidade do comportamento eleitoral funcionou como fator explicativo
para esta alternância.
A norte, especificamente na faixa litoral, o PS consegue em diversas eleições mesclar a
paisagem do PPD/PSD de forma significativa (ver por exemplo no início, na figura 2, as
legislativas de 2005 e 2009) com a vitória em diversos distritos e freguesias.
Quando consideramos o território a sul do rio Tejo o PSD já não apresenta a mesma
tendência que se verifica nas regiões do território litoral e do interior norte onde o
PPD/PSD tem obtido os seus melhores resultados de forma continuada ao longo do
tempo.
As regiões do Alentejo, com menor ou maior incidência, constituíram e são ainda o
bastião do PCP, partido que, sobretudo na região Baixo Alentejo, por diversas razões
históricas, tem apresentado um dos eleitorados mais fiéis ao longo do tempo e onde é
possível constatar que, cada vez mais, o PS passou a desempenhar um papel
preponderante nas em diversas freguesias das regiões alentejanas como se pode
confirmar pelas análises realizadas. A luta pelo domínio nas regiões do Alentejo é um
clássico das disputas do PCP em séria concorrência com o BE, e do PS.
Em 2015, com particular destaque, as regiões de Alto Tâmega, Viseu Dão Lafões, Leiria,
Aveiro, Terras de Trás-os-Montes e Douro foi onde a coligação PSD.CDS-PP apresentou
os resultados mais elevados, muito superior à média de 39,63%. O ano de 2005 foi a
exceção a esta “regra” por serem as regiões onde se localizam o maior número de
freguesias que, ao longo dos diversos escrutínios, têm mostrado fidelidade partidária
aos ideais sociais-democratas, mesmo em determinadas conjunturas adversas para o
partido, situação que apenas encontra paralelo no seio do eleitorado comunista
residente na Região do Baixo Alentejo. Um dos prováveis fatores de ligação de
fidelidade em ambas as regiões, cada uma com o seu partido favorito, poderá estar
relacionado com as classes sociais a que os seus eleitorados maioritariamente
pertencerão.

9.2 Relação interpartidária do voto nos distritos


Analisou-se a medida de similaridade, forte ou fraca, positiva ou negativa, entre os
partidos a partir da sua percentagem do voto obtido por regiões ao nível distrital
utilizando como unidade de comparação os coeficientes de correlação, diagramas de
dispersão e retas de regressão calculados a partir de dados estatísticos publicados por
instituições credenciadas. Os resultados obtidos por esta técnica possibilitaram
verificar a tendência no geral, e em particular, o comportamento interpartidário
distrital, primeiro entre partidos e depois através de indicadores socioeconómicos.

76
No primeiro caso pretendeu verificar-se o antagonismo ou a proximidade entre pares
de partidos que correspondessem à posição real do eleitorado. Evidenciaram-se
tendências muito distintas e, em alguns casos, dicotomias claras entre as regiões litoral
norte e as do sul no que se refere ao sentido do voto. O PS e os partidos em coligação
PSD.CDS-PP mostraram correlações fortes mas de sentidos opostos. Enquanto a sul o
voto do PS era dominante reduzia nos distritos do norte em favor da coligação.
Contudo, nos distritos do sul, verificaram-se, entre os dois partidos, correlações muito
fortes de sentido positivo mostrando uma penetração embora lenta da coligação.
A correlação entre o PS e o PCP-PEV mostrou que este último ainda mantem alguma
influência nos distritos de Beja, Setúbal e Évora onde atinge as maiores percentagens
de voto, muito acima da média, mas que é substituída pelo PS e pelo BE, embora
moderadamente. Nos distritos do norte evidenciam o distanciamento marcado entre
os dois partidos com vantagem para o PS, ficando o PCP-PEV muito baixo da média dos
8,85%.
O voto distrital do PCP-PEV relacionado com o do PSD.CDS-PP denota uma oposição
geográfica muito clara e um antagonismo manifestado pelo sentido oposto da
correlação entre as percentagens de votação. A correlação muito forte mas negativa
(R = - 0,91) explicada em 83% dos casos torna evidente uma nítida dicotomia entre os
distritos do norte e os do sul. O declive acentuado da reta de regressão demonstra
forte antagonismo eleitoral entre as duas forças políticas aumentando a votação da
coligação quando diminui a do PCP-PEV. Revela-se um grande grupo de distritos com
voto elevado no norte e relativamente mais fraco no centro no caso da coligação
PSD.CDS-PP e um pequeno grupo, com votações relativamente fracas no PCP-PEV em
três distritos do sul onde supera a coligação de direita.
O nível da relação entre os votos no PCP-PEV e no BE não são relevantes mantendo-se
o PCP-PEV a aumentar nos três distritos do sul, Beja, Évora e Setúbal, onde mantém a
predominância sobre o BE que, nos distritos do norte, supera em votos o PCP-PEV e a
sul onde o BE se salienta no distrito de Faro. A correlação positiva entre estes dois
partidos, embora fraca, mostra que, quando um cresce o outro acompanha a
tendência, mas o PCP-PEV em menor grau, mas com desvios nos distritos em que
ambos se distinguem.
A comparação dos votos do PCP-PEV e do BE nas eleições de 2011 e de 2015 mostra
que o PCP-PEV, apesar de ter recuperado votos em quase todos os distritos, perdeu
em cinco deles mas que o BE recuperou e superou em todos os distritos os votos que
perdeu em 2011 apresentando aumentos muito significativos.
Na comparação feita com o PS e o PSD.CDS-PP verificou-se que este último perdeu em
quase todos os distritos com exceção de sete onde os aumentos foram pouco
significativos. O PS perdeu votos apenas no distrito de Braga tendo nos restantes o
acréscimo sido, em média, acima dos 5 pontos percentuais.
Em conformidade com as correlações entre a percentagem dos votos obtidos pelos
partidos analisados mostrou que existem graus de correlação muito fortes que
geraram uma imagem de agrupamentos/associações interdistritais que se pode
traduzir numa espécie de comportamento eleitoral das populações em conformidade
com o menor ou maior grau de associação através do voto.

77
Os graus de associação dos distritos com correlações significativas superiores a 0,985
confirmam a existência duma dicotomia entre o norte e o sul e ainda entre alguns do
centro tais como Coimbra e Leiria onde prevalece o voto na coligação PSD.CDS-PP. Esta
associação é relativa porque se verifica que distritos do norte também se associam,
embora em segunda ordem, com distritos do sul por coeficientes de correlação um
pouco abaixo dos 0,985 que se consideraram para as associações.
As redes de ligação traduzem através do voto distrital um comportamento político e
partidário através do seu grau de ligação a partidos tradicionalmente caracterizados
como sendo à direita ou à esquerda do espetro partidário

9.3 Sobre os indicadores e o comportamento eleitoral


Justificar o comportamento eleitoral duma população é complexo por estarem
envolvidos vários esquemas teóricos representativos dum comportamento, dum
fenómeno ou conjunto de fenómenos sociológicos e psicossociais, teorias da escolha
racional, e respetiva complementaridade que os une e determinam aquele
comportamento.
Os indicadores utilizados nesta análise foram a informação utilizada para se
estabeleceram comparações regionais ao nível NUTS III com o voto nos partidos. A
análise quantitativa efetuada utilizou alguns indicadores sociais e económicos como os
setores de atividade económica, desemprego, apoios sociais, aposentação, bem-estar
social, escolaridade, saúde e PIB regional que pareceram ser relevantes que
potencialmente pudessem ter influenciado o sentido do voto.
As correlações do voto com o PIB regional mostraram não existir uma relação evidente
com este indicador, isto é, a maior ou menor riqueza das regiões não terá influenciado
consideravelmente o sentido do voto, quer à direita, quer à esquerda.
Os setores de atividade económica fornecem indicações sobre o quantitativo de
população a trabalhar em cada setor de atividade e foram correlacionados com o voto
nos partidos apresentando correlações com algum significado. O PS obteve
coeficientes de correlação positiva nos setores primário e terciário e negativo no
secundário contrariamente à coligação PSD.CDS-PP que obteve valor idêntico mas de
sentido positivo tendo os restantes partidos valores aproximados ao do PS mas de
sentido negativo. O BE distingue-se com o mais elevado coeficiente no setor primário
mas de sentido negativo. Em todos os setores verificou-se para o PSD.CDS-PP a
tendência do voto decrescente nas regiões do sul e crescente nas do norte onde foi
acompanhado pelo PS nas mesmas regiões mas com menos intensidade.
No setor terciário o BE acompanha a sua votação com o aumento da população no
terciário e apresenta votações crescentes em todas regiões excetuando quatro regiões
mais a norte, Viseu Dão Lafões, Douro, Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes o PCP-
PEV baixa o voto com o aumento da população empregada no terciário.
A coligação PSD.CDS-PP mostrou maior tendência de voto no setor secundário em
oposição ao PS que mostrou uma tendência decrescente de voto com o número de
pessoas a trabalhar neste setor, também acompanhado pelo PCP-PEV. O BE não
mostrou qualquer relação de voto com o setor secundário.

78
No setor primário apenas o PS e o PCP-PEV registaram aumento de votos quando
aumenta este tipo de população mas com as regiões a norte as que apresentam menos
votos nestes partidos contrapondo-se ao PSD.CDS-PP que aumenta a percentagem de
voto apesar da menor população empregue no setor primário.
O PIB regional não mostrou ter influência relevante no voto dos partidos sendo o BE o
que apresentou uma correlação, embora pouco significativa, com este indicador.
O nível de escolaridade da população das regiões foi o indicador que mostrou ter
algum significado na correlação com o voto em alguns dos partidos. O BE e o PAN
foram os que mais se distinguem no voto correlacionado com o nível superior de
ensino e correlações fortes mas negativas com o nível básico 1º ciclo, sendo o
PSD.CDS-PP o único partido que apresenta uma relação deste nível de ensino com o
voto.
O baixo nível de escolaridade teve correlações mais altas com a coligação PSD.CDS-PP
e mais baixas nos outros níveis mas de sentido de negativo com exceção do nível de
escolaridade básico 1º ciclo. No que diz respeito ao voto no PS não mostrou que
tivesse tido influência o nível de escolaridade, verificando-se apenas uma correlação
relativamente mais forte e positiva com a população sem nível de escolaridade, sendo
comparado neste nível com o PSD.CDS-PP, cujo coeficiente de correlação não mostrou
valor que tivesse significado.
Evidencia-se que o BE e o PAN têm correlações fortes com os níveis de escolaridade do
básico 3º ciclo e secundário, mas com menor voto nas regiões do norte quando
diminui a percentagem de população com aqueles níveis de escolaridade.
A taxa de pensões da CGA (Caixa Geral de Aposentações) e a Taxa de Desemprego
correlacionadas com o voto apresentam os valores mais elevados de sentido positivo
com o PS mas pouco significativos. O BE e o PAN destacaram-se nas correlações com a
percentagem de pensionistas da Segurança Social. Após o período dos quatro anos do
Governo do PSD.CDS-PP que penalizou os idosos com cortes de pensões e outros
subsídios de subsistência seria expectável que se verificasse uma forte correlação de
sentido negativo com o voto naquele partido o que não se verificou na análise
efetuada. Apena o PS mostrou alguma correlação com o índice de dependência de
idosos.
O BE e o PAN foram os únicos que revelaram correlações muito significativas com o
índice de poder de compra per capita (IPCPC) mostrando uma tendência para o
aumento do voto quanto maior o valor deste índice. Foi nas regiões do interior norte
onde o IPCPC é baixo, onde se verificou menor percentagem de votos no BE e no PAN.
O índice sintético de desenvolvimento regional (ISDR) não mostrou correlações
significativas com os dois partidos mais votados, PSD.CDS-PP e PS. Só o PS apresentou
uma correlação com algum significado com o índice de qualidade ambiental. O BE e o
PAN distinguiram-se com correlações positivas com a competitividade e a coesão,
assim como co o índice global.

79
9.4. Síntese final
A análise quantitativa que se efetuou correlacionando o voto nos partidos com assento
na Assembleia da Republica com vários índices e indicadores socioeconómicos ao nível
distrital e regiões NUTS III mostrou não existir uma evidente relação entre a
percentagem de votações nos partidos e aqueles indicadores. Em todas as correlações
efetuadas verificou-se uma clara dicotomia nas votações entre o norte e o sul, tendo
os partidos do centro-esquerda e da esquerda obtido mais votos nas regiões do sul e
nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto independentemente da sua ou maior
votação correlacionada com os indicadores utilizados. Todavia também se verificou em
alguns indicadores uma relevante ligação com o voto nos partidos de esquerda.
A influência da religião católica profundamente enraizada nas populações do norte,
pouco propensa a ideologias de esquerda, de que os partidos da direita e centro-
direita tiram proveito.
A variável taxa de desemprego não justificou, com exceção do PS, os votos nos
partidos mesmo nas regiões onde aquela taxa é muito elevada como as regiões do
Ave, Alto Tâmega, Douro, Tâmega e Sousa onde o voto na coligação PSD.CDS-PP foi
predominantemente elevado.
A análise demonstrou ainda que os indicadores utilizados não foram suficientes para
se tirarem conclusões claras sobre o comportamento eleitoral pois que deve ter
obedecido a variáveis mais políticas e de comunicação social do que sociais e
económicas Porém, não é depreciativa a influência destas últimas variáveis no
aumento dos votos em partidos, regularmente classificados como sendo da esquerda e
do centro-esquerda e outro sem ideologia definida, em relação às anteriores eleições
de 2011.
Os resultados verificados terão validade quando posteriormente relacionados com
outros fatores politico-sociológicos que possam justificar o comportamento eleitoral
dos portugueses nas eleições de 2015, realizadas após um período socialmente muito
conturbado pelas políticas sociais e económicas muito restritivas e de austeridade
severa promovidas pela coligação que antes governou. A apreciação que
eventualmente se fizer deverá ter em conta as causas sociais e políticas remotas e
atuais em relação ao sentido conservador do voto das regiões a norte do rio Tejo.

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ANEXO
Eleições 2009 Eleições 2011 Eleições 2015 Diferenças 2011-2009 Diferenças 2015-2011 Diferenças 2015 2009

Distritos % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS PSD.CDS BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS BE PCP-PEV PS

Aveiro 9,01 3,83 33,75 5,03 4,09 25,93 48,14 9,6 4,36 27,91 -3,98 -0,26 -7,82 4,57 0,27 1,98 0,59 0,53 -5,84

Beja 10,06 28,92 34,82 5,19 25,39 29,79 20,11 8,2 24,96 37,29 -4,87 3,53 -5,03 3,01 -0,43 7,5 -1,86 -3,96 2,47

Braga 7,82 4,63 41,73 4,22 4,89 32,85 45,61 8,8 5,19 30,87 -3,6 -0,26 -8,88 4,58 0,3 -1,98 0,98 0,56 -10,86

Bragança 6,2 2,41 32,98 2,3 2,59 26,10 49,41 5,54 3,07 34,06 -3,9 -0,18 -6,88 3,24 0,48 7,96 -0,66 0,66 1,08

Castelo Branco 9,08 5,05 41,00 4,19 4,89 34,80 35,31 10,03 6,03 38,86 -4,89 0,16 -6,20 5,84 1,14 4,06 0,95 0,98 -2,14

Coimbra 10,77 5,76 37,90 5,75 6,22 29,18 37,18 9,89 7,03 35,28 -5,02 -0,46 -8,72 4,14 0,81 6,1 -0,88 1,27 -2,62

Évora 11,12 22,32 35,01 4,91 22,06 29,07 23,96 8,64 21,94 37,47 -6,21 0,26 -5,94 3,73 -0,12 8,4 -2,48 -0,38 2,46

Faro 15,38 7,75 31,86 8,16 8,57 22,95 31,47 14,13 8,68 32,77 -7,22 -0,82 -8,91 5,97 0,11 9,82 -1,25 0,93 0,91

Guarda 7,55 3,28 35,97 3,34 3,48 28,31 45,59 7,42 3,95 33,78 -4,21 -0,2 -7,66 4,08 0,47 5,47 -0,13 0,67 -2,19

Leiria 9,5 5,11 30,18 5,37 4,97 20,71 48,42 9,66 5,11 24,82 -4,13 0,14 -9,47 4,29 0,14 4,11 0,16 0 -5,36

Lisboa 10,81 9,93 36,35 5,72 9,55 27,53 34,68 10,89 9,84 33,54 -5,09 0,38 -8,82 5,17 0,29 6,01 0,08 -0,09 -2,81

Portalegre 10,75 12,87 38,28 4,45 12,81 32,43 27,63 9,2 12,18 42,43 -6,3 0,06 -5,85 4,75 -0,63 10 -1,55 -0,69 4,15

Porto 9,21 5,7 41,81 5,13 6,23 32,03 39,59 11,14 6,83 32,72 -4,08 -0,53 -9,78 6,01 0,6 0,69 1,93 1,13 -9,09

Santarém 11,91 9,26 33,70 5,79 9,02 25,85 35,82 10,76 9,64 32,91 -6,12 0,24 -7,85 4,97 0,62 7,06 -1,15 0,38 -0,79

Setúbal 14,02 20,07 34,00 7,03 19,65 27,14 22,59 13,05 18,8 34,31 -6,99 0,42 -6,86 6,02 -0,85 7,17 -0,97 -1,27 0,31

V. do Castelo 8,55 4,19 36,26 4,39 4,93 26,18 45,54 7,96 5,23 29,82 -4,16 -0,74 -10,08 3,57 0,3 3,64 -0,59 1,04 -6,44

Vila Real 5,5 2,86 36,05 2,34 3,06 29,12 51,02 5,18 2,95 33,06 -3,16 -0,2 -6,93 2,84 -0,11 3,94 -0,32 0,09 -2,99

Viseu 6,49 2,86 34,71 2,85 2,87 26,69 51,05 6,72 3,5 29,65 -3,64 -0,01 -8,02 3,87 0,63 2,96 0,23 0,64 -5,06

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