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Informativo 618-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
Acordo de divisão da pensão por morte não altera a ordem legal de beneficiários, mas autoriza desconto pela
entidade de previdência.
DIREITO CIVIL
DPVAT
Associação de defesa do consumidor não tem legitimidade para ajuizar ACP discutindo DPVAT.
PARCERIA RURAL
Falecimento do parceiro outorgante não extingue o contrato de parceria rural.
DIREITO DO CONSUMIDOR
PRÁTICA ABUSIVA
É abusiva a prática da companhia aérea que cancela automaticamente o voo de volta em razão de “no show” na ida.
DIREITO EMPRESARIAL
COMPETÊNCIA
Ações envolvendo trade dress e nulidade de registro de marca.
FALÊNCIA
Contribuição previdenciária reconhecida por juiz trabalhista pode ser habilitada na falência sem CDA.
EXECUÇÃO
Mesmo que o contrato com a escola particular esteja apenas no nome da mãe, o pai também responderá
solidariamente pelas dívidas.
PROCESSO COLETIVO
Associação de defesa do consumidor não tem legitimidade para ajuizar ACP discutindo DPVAT.
Súmula 601-STJ.
DIREITO TRIBUTÁRIO
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Mesmo que a entidade remetente dos valores para o exterior seja imune, ainda assim terá que pagar o IRRF previsto
no art. 11 do DL 401/1968
IRPJ E CSLL
Crédito presumido de ICMS não integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
AUXÍLIO-RECLUSÃO
Se o segurado estava desempregado no momento da prisão, ele é considerado de baixa renda, independentemente
do último salário de contribuição.
DIREITO INTERNACIONAL
HIPOTECA NAVAL
É reconhecida a eficácia, no Brasil, de hipoteca de navio registrada no país de nacionalidade da embarcação.
DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
Acordo de divisão da pensão por morte não altera a ordem legal de beneficiários,
mas autoriza desconto pela entidade de previdência
O acordo de partilha de pensão por morte, homologado judicialmente, não altera a ordem
legal do pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de previdência a obrigação de
depositar parcela do benefício em favor do acordante que não figura como beneficiário
perante a autarquia previdenciária.
STJ. 2ª Turma. RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em
26/09/2017 (Info 618).
A autarquia previdenciária não aceitou, afirmando que se ela fizesse isso estaria descumprindo a ordem
de pagamento prevista na lei municipal. Alegou que este acordo, apesar de homologado judicialmente,
não pode alterar a ordem legal dos beneficiários da pensão. Diante disso, afirmou que não tinha obrigação
nenhuma de depositar metade do valor para Francisca, considerando que ela não é beneficiária. Logo, iria
depositar integralmente o valor para Maria.
A questão chegou até o STJ. O que decidiu o Tribunal? A autarquia previdenciária tem razão?
Em parte.
O acordo, mesmo homologado judicialmente, não pode alterar a ordem prevista na lei
O acordo de partilha de pensão por morte, mesmo homologado judicialmente, não tem a força de alterar
a ordem legal de pagamento da pensão.
Apesar de ter havido acordo de vontades entre a companheira supérstite e a mãe do instituidor da pensão,
este ajuste não tem a força de alterar a previsão legal. Segundo a lei do Município, se existir esposa ou
companheira do servidor falecido, os ascendentes não herdam.
Caso fosse admitido que o acordo alterasse a ordem legal, poderia acontecer a seguinte burla às regras do
sistema previdenciário: se Maria falecesse antes de Francisca, esta, mesmo sem ser beneficiária segundo
a lei, passaria a receber a integralidade da pensão. Desse modo, alguém que não era originalmente
beneficiária teria se tornado pelo simples fato de ter havido um acordo entre particulares.
Veja bem: não se está dizendo que o acordo não é possível. Ele é válido. No entanto, fica limitado
estritamente à esfera privada, sem o condão de gerar vínculo previdenciário, ou seja, não altera as regras
previstas na lei.
Em suma, este acordo não teve a força de transformar a mãe do falecido em beneficiária da pensão por
morte porque a lei prevê que, havendo cônjuge/companheira, esta será a única beneficiária.
Em suma
O acordo de partilha de pensão por morte, homologado judicialmente, não altera a ordem legal do
pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de previdência a obrigação de depositar parcela do
benefício em favor do acordante que não figura como beneficiário perante a autarquia previdenciária.
Caso concreto: companheira do servidor falecido era a única beneficiária da pensão por morte; ela fez
um acordo com a mãe do de cujus dividindo a pensão com ela; esse acordo não transforma a mãe do
falecido em beneficiária da pensão (não altera a ordem legal); no entanto, com esse ajuste, é possível
exigir que a entidade previdenciária pague metade da pensão para a beneficiária e metade para a mãe
do falecido que, mesmo sem ser beneficiária legal, poderá receber o valor porque houve um desconto
autorizado pela titular do benefício.
STJ. 2ª Turma. RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em
26/09/2017 (Info 618).
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não excederá a 35% (trinta e cinco
por cento) da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e
irretratável, o desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração disponível dos valores
referentes ao pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de
arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento
mercantil, quando previsto nos respectivos contratos.
§ 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir sobre verbas rescisórias devidas
pelo empregador, se assim previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento, cartão
de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35% (trinta e cinco por cento), sendo 5%
(cinco por cento) destinados exclusivamente para:
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
§ 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo, da prestação consignável
para os fins do caput e do comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste
artigo.
§ 3º Os empregados de que trata o caput poderão solicitar o bloqueio, a qualquer tempo, de novos
descontos.
§ 4º O disposto no § 3º não se aplica aos descontos autorizados em data anterior à da solicitação
do bloqueio.
§ 5º Nas operações de crédito consignado de que trata este artigo, o empregado poderá oferecer
em garantia, de forma irrevogável e irretratável, até 10% (dez por cento) do saldo de sua conta
vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e até 100% (cem por cento) do valor
da multa paga pelo empregador, em caso de despedida sem justa causa ou de despedida por culpa
recíproca ou força maior, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de
1990.
§ 6º A garantia de que trata o § 5º só poderá ser acionada na ocorrência de despedida sem justa
causa, inclusive a indireta, ou de despedida por culpa recíproca ou força maior, não se aplicando,
em relação à referida garantia, o disposto no § 2º do art. 2º da Lei nº 8.036, de 1990.
Esse limite de 30% imposto pelo art. 45 da Lei nº 8.112/90 e pelo art. 1º da Lei nº 10.820/2003 aplica-se
também para os servidores públicos militares?
NÃO. Os servidores públicos militares não estão sujeitos ao limite previsto no art. 45 da Lei nº 8.112/90 e
na Lei nº 10.820/2003.
Por quê?
Porque existe uma previsão específica para servidores públicos militares na Medida Provisória nº 2.215-
10/2001. Esta MP trata sobre a reestruturação da remuneração dos militares das Forças Armadas. Veja o
que diz o seu art. 14, § 3º:
Art. 14. Descontos são os abatimentos que podem sofrer a remuneração ou os proventos do
militar para cumprimento de obrigações assumidas ou impostas em virtude de disposição de lei
ou de regulamento.
§ 1º Os descontos podem ser obrigatórios ou autorizados.
Informativo 618-STJ (23/02/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5
Informativo
comentado
Cuidado para não confundir. O § 3º acima está dizendo que, mesmo com os descontos, o militar não pode
receber menos que 30% de sua remuneração. Em outras palavras, esse § 3º permite que seja descontado
até 70% da remuneração dos militares. Ou seja, enquanto os descontos em folha dos servidores públicos
civis não podem ultrapassar o valor de 30% da remuneração ou do provento, os descontos em folha dos
servidores militares devem respeitar o limite máximo de 70% da remuneração ou dos proventos.
Mas este valor de desconto (70%) é muito alto, desproporcional... O Poder Judiciário não pode corrigir isso?
NÃO. Foi uma opção do legislador. Logo, não compete ao Poder Judiciário alterar esse quantum com base
nos princípios da proporcionalidade ou razoabilidade, sob pena de incorrer em flagrante interpretação
contra legem, a violar o princípio constitucional da legalidade e a invadir a esfera de competência do Poder
Legislativo.
Com efeito, os descontos em folha de pagamento de servidores públicos militares não estão sujeitos à
limitação de 30% prevista nos arts. 2º, § 2º e 6º, § 5º, ambos da Lei n. 10.820/2003 c/c art. 45 da Lei n.
8.112/1990. Isso porque os militares estão submetidos a um regramento específico capaz de afastar a
limitação contida nas Leis n. 8.112/1990 e 10.820/2003 a partir do art. 2º, § 2º, da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro, que assim dispõe: "a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais
a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior". Essa norma específica está no art. 14, §
3º, da Medida Provisória n. 2.215-10/2001, pois assevera que os militares não podem receber quantia
inferior a 30% da remuneração ou proventos.
Em suma:
As Leis nº 8.112/90 e 10.820/2003 preveem que, se o servidor público civil fizer um empréstimo
consignado, o limite máximo de descontos que ele poderá autorizar que sejam feitos em sua
remuneração é de 30% (mais 5% se forem despesas com cartão de crédito).
Esse limite não se aplica para os militares. Isso porque os militares estão submetidos a um regramento
específico previsto na MP 2.215-10/2001, que permite que seja descontado até 70% da remuneração
dos militares para pagamento de empréstimos consignados.
Desse modo, os descontos em folha, juntamente com os descontos obrigatórios, podem alcançar o
percentual de 70% das remunerações ou dos proventos brutos dos servidores militares.
STJ. 1ª Seção. EAREsp 272.665-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 13/12/2017 (Info 618).
DIREITO CIVIL
DPVAT
Associação de defesa do consumidor não tem legitimidade para ajuizar ACP discutindo DPVAT
Importante!!!
Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade
para o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de
beneficiários do seguro DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista,
faltando, portanto, pertinência temática.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.091.756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 13/12/2017 (Info 618).
PARCERIA RURAL
Falecimento do parceiro outorgante não extingue o contrato de parceria rural
O argumento dos herdeiros está correto? A morte do parceiro outorgante acarreta a extinção do
contrato de parceria agrícola?
NÃO.
Leia novamente o art. 23 acima transcrito. Conforme se verifica pela redação do art. 23, o direito de
retomada dos sucessores deve obedecer aos demais preceitos estabelecidos no Decreto nº 59.566/1966.
Desse modo, devemos analisar o que o Decreto fala sobre o direito de retomada.
O art. 22, § 2º, do Decreto afirma que se o arrendador quiser retomar o imóvel, deverá notificar o
arrendatário no prazo de até 6 meses antes do vencimento do contrato.
Se o arrendador tiver requerido a retomada, quando chegar a data do vencimento, o contrato será extinto,
não tendo o arrendatário direito à renovação.
O STJ entendeu que esse prazo também deverá ser observado no caso dos sucessores causa mortis
(herdeiros), já que o art. 23 (que trata sobre a sucessão causa mortis) fala em “obediência aos preceitos
deste Decreto”.
Esse é o entendimento da doutrina:
“(...) Deve ser observado que a morte do arrendador não é causa de extinção do contrato, apenas
conferido o direito de retomada nas hipóteses legais cabíveis, pois se sub-roga nos direitos e
deveres contratuais, é o que resulta da interpretação do art. 23 do Regulamento”. (COELHO, José
Fernando Lutz. Contratos Agrários. Uma Visão Neo-Agrarista. Curitiba: Juruá, 2006, p. 135)
Desse modo, o que a morte do parceiro outorgante gera é o direito de seus herdeiros requererem a
retomada do imóvel nas mesmas hipóteses que o arrendador teria caso ainda estivesse vivo e respeitado
o prazo do contrato.
No caso de alienação do imóvel rural, o Estatuto da Terra, em seu art. 92, § 5º, e o Decreto nº 59.566/1966,
no art. 15, estabelecem que não há interrupção do contrato de parceria agrícola, ficando o adquirente
sub-rogado nos direitos e obrigações do alienante. Essa orientação também se aplica à hipótese de
transmissão do imóvel em virtude do falecimento do outorgante.
A proteção ao trabalhador rural é o vetor interpretativo do Estatuto da Terra. Assim, o direito de retomada
somente poderá ser exercido no final do prazo contratual e não no momento da sucessão, ou quando
encerrada a partilha.
DIREITO DO CONSUMIDOR
PRÁTICA ABUSIVA
É abusiva a prática da companhia aérea que cancela automaticamente
o voo de volta em razão de “no show” na ida
Importante!!!
É abusiva a prática comercial consistente no cancelamento unilateral e automático de um dos
trechos da passagem aérea, sob a justificativa de não ter o passageiro se apresentado para
embarque no voo antecedente.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.595.731-RO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/11/2017 (Info 618).
No dia 01/03, João teve um problema pessoal e não conseguiu embarcar no voo.
Como precisava estar na capital rondoniense no dia seguinte, ele foi de ônibus para Porto Velho, chegando
lá dia 02/03.
João participou de seus compromissos normalmente, mas quando tentou embarcar de volta para Rio
Branco, no dia 15/03, teve um problema: a companhia aérea cancelou a sua reserva e colocou outra
pessoa no lugar.
A explicação da empresa, quanto ao cancelamento, foi no sentido de que, não havendo embarque em um
dos trechos adquiridos, o segundo, posterior, é automaticamente cancelado. Trata-se do que as
companhias chamam, na prática, de cancelamento pelo no show. “É assim que funciona, senhor”, disse a
funcionária da empresa.
João, contudo, não se conformou e ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a empresa.
Afirmou que a conduta da ré de cancelar a passagem do trecho da volta foi indevida e abusiva. A conduta
de proceder ao cancelamento dos bilhetes da volta, em razão do não embarque da ida, é cláusula nula,
sem eficácia jurídica, por se tratarem de bilhetes distintos, considerando que o consumidor paga um
determinado preço pela passagem de ida e um outro preço distinto pela volta.
A empresa área contestou a demanda afirmando que a prática do no show é aceita pela ANAC, além de
estar prevista no contrato que é firmado com o consumidor.
O STJ concordou com a tese do consumidor? Houve prática abusiva da companhia aérea?
SIM.
Enriquecimento ilícito
Quando o consumidor adquire uma viagem de ida e volta, na verdade, ele compra dois bilhetes aéreos de
passagem. Tanto é assim que o preço pago por apenas um bilhete é, naturalmente, inferior ao valor do
contrato de transporte envolvendo o trajeto de ida e retorno, o que demonstra que a majoração do preço
se deve, justamente, à autonomia dos trechos contratados.
O cancelamento da passagem de volta pela empresa aérea significa a frustração da utilização de um
serviço pelo qual o consumidor pagou. Trata-se, portanto, de inadimplemento desmotivado por parte da
companhia aérea.
Não bastasse isso, o cancelamento unilateral arbitrário faz surgir para o consumidor novo dispêndio
financeiro, dada a necessidade de retornar a seu local de origem, seja por qual meio de transporte for.
DIREITO EMPRESARIAL
COMPETÊNCIA
Ações envolvendo trade dress e nulidade de registro de marca
Importante!!!
As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos, concorrência desleal e
outras demandas afins, por não envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre
particulares, é inequivocamente de competência da Justiça estadual, já que não afeta interesse
institucional da autarquia federal. No entanto, compete à Justiça Federal, em ação de nulidade
de registro de marca, com a participação do INPI, impor ao titular a abstenção do uso, inclusive
no tocante à tutela provisória.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.527.232-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/12/2017 (recurso
repetitivo) (Info 618).
TRADE DRESS
Proteção ao conjunto-imagem (trade dress)
Trade dress ou conjunto-imagem consiste no conjunto de elementos distintivos que caracterizam um
produto, um serviço ou um estabelecimento comercial fazendo com que o mercado consumidor os
identifique.
Nas palavras do Min. Marco Aurélio Bellizze:
“O conjunto-imagem (trade dress) é a soma de elementos visuais e sensitivos que traduzem uma forma
peculiar e suficientemente distintiva, vinculando-se à sua identidade visual, de apresentação do bem no
mercado consumidor.”
Ao contrário de outros países, no Brasil ainda não existe uma legislação que proteja, de forma específica,
as violações ao trade dress. Apesar disso, a jurisprudência tem protegido os titulares das marcas copiadas.
Nesse sentido:
(...) A despeito da ausência de expressa previsão no ordenamento jurídico pátrio acerca da proteção ao
trade dress, é inegável que o arcabouço legal brasileiro confere amparo ao conjunto-imagem, sobretudo
porque sua usurpação encontra óbice na repressão da concorrência desleal. Incidência de normas de
direito de propriedade industrial, de direito do consumidor e do Código Civil. (...)
STJ. 3ª Turma. REsp 1677787/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017.
Na verdade, é possível dizer que a proteção ao trade dress decorre do art. 5º, XXIX, da CF/88, que
estabelece que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
e a outros signos distintivos.
Marca
É um sinal que designa a origem do produto, mercadoria ou serviço.
A marca cria um vínculo duradouro entre o bem e a pessoa que o colocou em circulação
As marcas, para serem registradas, devem atender à distintividade ou novidade relativa, ou seja, dentro
do mercado em que se insere o produto, o sinal visivelmente perceptível deve se distanciar do domínio
comum, a fim de propiciar a utilização comercial exclusiva por seu titular. Esta fruição exclusiva, que será
assegurada por meio do registro, pode se estender indefinidamente no tempo, desde que promovidas as
tempestivas prorrogações. Isso porque o direito de exclusividade da marca tem por escopo assegurar ao
consumidor a correspondência entre o produto designado e a empresa que o colocou em circulação.
Desenho industrial
Protege a configuração externa de um objeto tridimensional ou um padrão ornamental (bidimensional)
que possa ser aplicado a uma superfície ou a um objeto.
O desenho industrial insere no mercado uma inovação estética em objeto comum ou facilmente
reproduzível em escala industrial.
O desenho industrial, por se caracterizar em uma inovação estética facilmente reproduzível em escala
industrial, a partir de sua publicidade, passa a integrar o estado da técnica. Nota-se, portanto, que o
desenvolvimento de desenhos industriais movimenta-se, ao longo do tempo, numa crescente, podendo
ser posteriormente incorporada pelos produtos de seus concorrentes de forma lícita e regular. Ao seu
desenvolvedor (autor) é assegurado, mediante registro, o direito de exploração exclusiva, porém
temporária (até, no máximo, 25 anos), nos termos do art. 108 da Lei nº 9.279/96.
Trade dress
O denominado trade dress, não disciplinado na legislação nacional atual, tem por finalidade proteger o
conjunto visual global de um produto ou a forma de prestação de um serviço. Materializa-se, portanto,
pela associação de variados elementos que, conjugados, traduzem uma forma peculiar e suficientemente
distintiva de inserção do bem no mercado consumidor, vinculando-se à identidade visual dos produtos ou
serviços.
Como vimos, apesar de não haver legislação específica, a proteção do trade dress é assegurada com
fundamento no dever geral de garantia de livre mercado, ou seja, no dever estatal de assegurar o
funcionamento saudável do mercado, de forma a expurgar condutas desleais tendentes a criar distorções
de concorrência.
Conforme explica a doutrina, “(...) no Brasil, a proteção jurídica do 'trade dress' situa-se no âmbito da
Repressão à Concorrência Desleal, e insurge-se contra a prática de atos de natureza fraudulenta que
venham a desviar clientela de outrem, notadamente pela reprodução e/ou imitação desautorizada de
características distintivas de produtos, serviços e estabelecimentos comerciais” (MANARA, Cecília.
ADOLFO, Luiz Gonzaga Silva; MORAES, Rodrigo. Propriedade intelectual em perspectiva. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008, p. 10-11).
As disputas relacionadas com concorrência desleal não são dirimidas diretamente pelo INPI, considerando
que a sua constatação depende de procedimento a ser realizado no âmbito do Poder Judiciário, com ampla
possibilidade de produção de provas, inclusive pericial. Nesse sentido é a lição de Denis Borges Barbosa:
“Em suma, não há competência para o INPI aplicar diretamente a regra de concorrência desleal.
Sempre tal competência recaiu no Poder Judiciário.
(...)
Por isso, a apuração da concorrência desleal se faz num procedimento judicial plenamente sujeito
ao devido processo legal, com apuração de fatos, ampla perícia, avaliação dilatada, tudo que
inexiste no restrito, inespecífico e (no que toca à concorrência desleal) incompetente
procedimento registral do INPI.” (BARBOSA, Denis Borges. Tratado da propriedade intelectual. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 516-518).
Desse modo, entende-se que não há interesse do INPI em figurar na demanda que se discute violação do
trade dress e concorrência desleal, sendo esta ação de competência da Justiça Estadual.
Por outro lado, de quem é a competência para julgar ação na qual se requer a nulidade de uma marca
registrada no INPI, pedindo-se ainda a cessação de seu uso?
Justiça Federal. Isso porque, nesta situação, haverá interesse jurídico do INPI na demanda, considerando
que foi a autarquia que concedeu o registro, incidindo, portanto, na hipótese do art. 109, I, da CF/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
A discussão sobre a validade de um registro de marca, patente ou desenho industrial, nos termos da LPI,
tem de ser travada administrativamente ou, caso a parte opte por recorrer ao judiciário, deve ser
empreendida em ação proposta perante a Justiça Federal, com a participação do INPI na causa. Sem essa
discussão, os registros emitidos por esse órgão devem ser reputados válidos e produtores de todos os
efeitos de direito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1281448/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/6/2014.
A alegação de que é inválido o registro, obtido pela titular de marca perante o INPI, deve ser formulada
em ação própria, para a qual é competente a Justiça Federal. Ao Juiz estadual não é possível,
incidentalmente, considerar inválido um registro vigente perante o INPI.
STJ. 3ª Turma. REsp 1322718/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/06/2012.
Embora a Lei nº 9.279/96 preveja, em seu art. 56, § 1º, a possibilidade de alegação de nulidade do registro
como matéria de defesa, a melhor interpretação desse dispositivo indica que ele deve estar inserido numa
ação própria, na qual que discuta, na Justiça Federal, a nulidade do registro.
STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 254.141/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/06/2012.
FALÊNCIA
Contribuição previdenciária reconhecida por juiz trabalhista pode ser habilitada na falência sem CDA
Falência
Caso a empresa não pague as verbas trabalhistas e as contribuições previdenciárias, a providência normal
que deveria ser adotada pelo juiz trabalhista seria a execução de tais quantias (art. 114, VIII, da CF/88; art.
876, parágrafo único, da CLT).
Ocorre que essa sociedade empresária encontra-se em processo de falência. Logo, não poderá haver
execução no juízo trabalhista, uma vez que isso terá que ser feito no juízo universal da falência.
Assim, em caso de empresas que estejam em processo de falência, a Justiça do Trabalho será competente
para a ação de conhecimento (onde será apurado se existe débito e o seu valor) e o juízo da falência será
responsável pela cobrança de tais quantias apuradas. Confira julgado do STJ nesse sentido:
(...) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que, ultrapassada a fase de
acertamento e liquidação dos créditos trabalhistas, cuja competência é da Justiça do Trabalho, os valores
apurados deverão ser habilitados nos autos da falência ou da recuperação judicial para posterior
pagamento (...)
STJ. 2ª Seção. AgRg no CC 130.138/GO, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 09/10/2013.
Art. 9º A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7º, § 1º, desta Lei deverá
conter:
I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do
processo;
II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação
judicial, sua origem e classificação;
III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem
produzidas;
IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento;
V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor.
Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no
original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.
Caso concreto
O INSS propôs, no juízo falimentar, a habilitação de seu crédito referente às contribuições previdenciárias.
O juízo falimentar indeferiu a habilitação do crédito previdenciário, sob o argumento de que a Fazenda
Pública deveria ter inscrito em dívida ativa o valor da condenação imposta pelo juízo trabalhista e ter
apresentado a CDA (certidão de dívida ativa).
Em outras palavras, o juiz da falência entendeu que o INSS não poderia habilitar na falência a própria
sentença trabalhista, sendo indispensável uma providência anterior, qual seja, a inscrição desse débito em
dívida ativa.
Desse modo, como as contribuições previdenciárias já foram reconhecidas na sentença pelo juiz
trabalhista, já houve a constituição do crédito tributário, sendo desnecessário que haja um procedimento
administrativo de lançamento tributário. Isso já é suprido pela sentença trabalhista.
Logo, foi indevida a exigência feita pelo juízo falimentar, sendo possível que o INSS habilite o crédito
tributário decorrente das contribuições previdenciárias apenas com a sentença trabalhista.
Resumindo:
É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação, em processo de
falência, de crédito previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.591.141-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/12/2017 (Info 618).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.170.750-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/08/2013 (Info 530).
ECA
Importante!!!
A conduta de emissora de televisão que exibe quadro que, potencialmente, poderia criar
situações discriminatórias, vexatórias, humilhantes às crianças e aos adolescentes configura
lesão ao direito transindividual da coletividade e dá ensejo à indenização por dano moral
coletivo.
Caso concreto: existia um programa de TV local no qual o apresentador abria ao vivo testes de
DNA e acabava expondo as crianças e adolescentes ao ridículo, especialmente quando o
resultado do exame era negativo. As crianças e adolescentes não participavam do programa,
apenas seus pais. No entanto, o apresentador utilizava expressões jocosas e depreciativas em
relação à concepção dos menores.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.517.973-PE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2017 (Info 618).
Legitimidade do MP
O Ministério Público Estadual possui legitimidade para ação de reparação dos danos causados a crianças
e adolescentes, nos termos do art. 201, V, do ECA:
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
(...)
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais,
difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º
inciso II, da Constituição Federal;
Vale ressaltar que na ação, o Ministério Público não está pleiteando direitos individuais das crianças e
adolescentes expostos pelo programa. O objetivo é o de resguardar os valores constitucionais encartados
no princípio da dignidade humana, em especial de crianças e adolescentes, seres humanos em
desenvolvimento, cuja incolumidade física, mental, moral, espiritual e social há de ser preservada com
absoluta prioridade.
In re ipsa
Assim, conclui-se que o dano moral coletivo é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera
constatação da prática de conduta ilícita que, de maneira injusta e intolerável, viole direitos de conteúdo
extrapatrimonial da coletividade, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou de
efetivo abalo moral.
Quantum do valor
A quantificação do dano moral coletivo depende do exame das peculiaridades de cada caso concreto,
devendo ser observados alguns critérios:
• a relevância do interesse transindividual lesado;
• a gravidade e a repercussão da lesão;
• a situação econômica do ofensor;
O dano social é, portanto, uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os danos
materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis, que diminuem
o nível social de tranquilidade.
Alguns exemplos dados por Junqueira de Azevedo: o pedestre que joga papel no chão, o passageiro que
atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu filho. Tais condutas socialmente reprováveis
podem gerar danos como o entupimento de bueiros em dias de chuva, problemas de comunicação do
avião causando um acidente aéreo, o incêndio de casas ou de florestas por conta da queda do balão etc.
Diante da prática dessas condutas socialmente reprováveis, o juiz deverá condenar o agente a pagar uma
indenização de caráter punitivo, dissuasório ou didático, a título de dano social.
Conforme explica Flávio Tartuce, os danos sociais são difusos e a sua indenização deve ser destinada não para
a vítima, mas sim para um fundo de proteção ao consumidor, ao meio ambiente etc., ou mesmo para uma
instituição de caridade, a critério do juiz (Manual de Direito do Consumidor. São Paulo: Método, 2013, p. 58).
Os danos sociais representam a aplicação da função social da responsabilidade civil (PEREIRA, Ricardo
Diego Nunes. Os novos danos: danos morais coletivos, danos sociais e danos por perda de uma chance.
Disponível em: http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11307).
Ex: decisão do TRT-2ª Região (processo 2007-2288), que condenou o Sindicato dos Metroviários de São
Paulo e a Cia do Metrô a pagarem 450 cestas básicas a entidades beneficentes por terem realizado uma
greve abusiva que causou prejuízo à coletividade.
Na V Jornada de Direito Civil do CJF/STJ foi aprovado um enunciado reconhecendo a existência dos danos
sociais:
Enunciado 455: A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou
imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem reclamados
pelos legitimados para propor ações coletivas.
Em suma:
A conduta de emissora de televisão que exibe quadro que, potencialmente, poderia criar situações
discriminatórias, vexatórias, humilhantes às crianças e aos adolescentes configura lesão ao direito
transindividual da coletividade e dá ensejo à indenização por dano moral coletivo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.517.973-PE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2017 (Info 618).
RECURSOS
É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória
relacionada à definição de competência
Importante!!!
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à definição de
competência, a despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015.
Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão
interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia recurso de agravo de
instrumento, por uma interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do
art. 1.015 do CPC/2015, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo
incompetente para a causa, permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.679.909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
14/11/2017, DJe 01/02/2018
Agiu corretamente o Tribunal de Justiça? Qual é o recurso cabível contra a decisão interlocutória que
acolhe ou rejeita a alegação de incompetência formulada pelo réu na contestação?
Não agiu corretamente o TJ. O recurso cabível, neste caso, é realmente o agravo de instrumento.
Tema correlato: é possível interpor agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito
suspensivo aos embargos à execução
É admissível a interposição de agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito suspensivo
aos embargos à execução.
As hipóteses em que cabe agravo de instrumento estão previstas art. 1.015 do CPC/2015, que traz um rol
taxativo. Apesar de ser um rol exaustivo, é possível que as hipóteses trazidas nos incisos desse artigo sejam
lidas de forma ampla, com base em uma interpretação extensiva.
Assim, é cabível agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito suspensivo aos embargos
à execução com base em uma interpretação extensiva do inciso X do art. 1.015:
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
STJ. 2ª Turma. REsp 1.694.667-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/12/2017 (Info 617).
Em suma:
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à definição de
competência, a despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015.
Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão interlocutória que
acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia recurso de agravo de instrumento, por uma
interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015, já que
ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo
que o juízo natural e adequado julgue a demanda.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.679.909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
14/11/2017, DJe 01/02/2018
EXECUÇÃO
Mesmo que o contrato com a escola particular esteja apenas no nome da mãe,
o pai também responderá solidariamente pelas dívidas
Importante!!!
A execução de título extrajudicial por inadimplemento de mensalidades escolares de filhos do
casal pode ser redirecionada ao outro consorte, ainda que não esteja nominado nos
instrumentos contratuais que deram origem à dívida.
Ex: mãe assina contrato com a escola e termo de confissão de dívida se comprometendo a
pagar as mensalidades; em caso de atraso, a escola poderá ingressar com execução tanto
contra a mãe como contra o pai do aluno, considerando que existe uma solidariedade legal do
casal quanto às despesas com a educação do filho (arts. 1.643 e 1.644 do CC).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.472.316-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/12/2017
(Info 618).
A questão chegou até o STJ. O pedido formulado pela escola (exequente) pode ser acolhido pelo STJ?
SIM.
A execução de título extrajudicial por inadimplemento de mensalidades escolares de filhos do casal
pode ser redirecionada ao outro consorte, ainda que não esteja nominado nos instrumentos contratuais
que deram origem à dívida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.472.316-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/12/2017 (Info 618).
Solidariedade do casal por dívidas contraídas para a administração do lar e para as necessidades da família
O Código Civil reconheceu a solidariedade entre os cônjuges em relação a determinadas dívidas, mesmo
quando contraídas por apenas um dos consortes. É o que está disposto nos arts. 1.643 e 1.644:
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos
os cônjuges.
Nos arts. 1.643 e 1644 do Código Civil, o legislador reconheceu que, pelas obrigações contraídas para a
manutenção da economia doméstica, e, assim, notadamente, em proveito da entidade familiar, o casal
responderá solidariamente, podendo-se postular a excussão dos bens do legitimado ordinário e do
coobrigado, extraordinariamente legitimado.
Quando o art. 1.643 estabelece que existe solidariedade entre os cônjuges quanto às dívidas contraídas
para fazer frente à economia doméstica, deve-se entender isso de forma ampla. Assim, estão abrangidas
na locução "economia doméstica" as obrigações assumidas para a administração do lar e para a satisfação
das necessidades da família, o que inclui despesas alimentares, educacionais, culturais, de lazer, de
habitação etc.
Logo, as despesas contraídas por um dos cônjuges para custear a educação do filho comum também
podem ser enquadradas nos arts. 1.643, I e 1.644 do CC.
Desse modo, deve-se entender que a dívida que surge de um contrato de prestação de serviços
educacionais aos filhos é uma dívida comum do casal, havendo solidariedade entre eles.
E se os pais estiverem separados/divorciados? Suponhamos que João não mais estivesse casado (ou
nunca tivesse sido casado) com Maria, ainda assim teria legitimidade para figurar na execução?
SIM. Por força do poder familiar. Os pais, detentores do poder familiar, têm o dever de garantir o sustento
e a educação dos filhos, compreendendo, aí, a manutenção do infante em ensino regular, pelo que
deverão, solidariamente, responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho.
A obrigação relativa à manutenção dos filhos no ensino regular é, sem dúvida alguma, de ambos os pais,
o que é evidenciado pelos arts. 21, 22 e 55 do ECA:
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma
do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de
discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-
lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e
responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado
o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança
estabelecidos nesta Lei.
(...)
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular
de ensino.
Assim, como já dito, ambos os pais têm o dever de garantir o sustento e a educação dos filhos,
compreendendo, aí, também a manutenção do infante em ensino regular (art. 55 do ECA), pelo que
deverão, solidariamente, responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho.
Conforme pontua o Min. Paulo de Tarso Sanseverino:
“Essa mútua responsabilidade, própria das dívidas contraídas por apenas um dos pais para o
sustento do filho, não deixa de estar presente pelo fato de a dívida ter sido contraída
posteriormente à separação/divórcio, pois é no poder familiar que ela encontra sua gênese.”
PROCESSO COLETIVO
Associação de defesa do consumidor não tem legitimidade para ajuizar ACP discutindo DPVAT
Importante!!!
Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade
para o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de
beneficiários do seguro DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista,
faltando, portanto, pertinência temática.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.091.756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 13/12/2017 (Info 618).
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os
herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente.
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais.
Quem são os beneficiários do seguro DPVAT? Quem tem direito de receber a indenização?
• no caso de morte: metade será paga ao cônjuge do falecido, desde que eles não fossem separados
judicialmente, e o restante aos herdeiros da vítima, obedecida a ordem da vocação hereditária. Não
havendo cônjuge nem herdeiros, serão beneficiários os que provarem que a morte da vítima os privou dos
meios necessários à subsistência.
• no caso de invalidez permanente: a própria vítima.
• no caso de despesas de assistência médica e suplementares: a própria vítima.
Isso está previsto no art. 4º, caput e § 3º da Lei nº 6.194/74 (Lei do DPVAT).
Caso a pessoa beneficiária do DPVAT não receba a indenização ou não concorde com o valor pago pela
seguradora, ela poderá buscar auxílio do Poder Judiciário?
Sim. A pessoa poderá ajuizar uma ação de cobrança contra a seguradora objetivando a indenização
decorrente de DPVAT.
Em se tratando de obrigação imposta por lei, não há, por conseguinte, qualquer acordo de vontade e,
principalmente, voluntariedade entre o proprietário do veículo e as seguradoras componentes do
consórcio do seguro DPVAT, o que, por si, evidencia que não se trata de contrato.
A estipulação da indenização securitária em favor da vítima do acidente, assim como as específicas
hipóteses de cabimento (morte, invalidez permanente, total e parcial, e por despesas de assistência
médica e suplementares) decorrem exclusivamente de imposição legal, e, como tal, não comportam
qualquer temperamento das partes envolvidas.
Nesse contexto, não há, por parte das seguradoras integrantes do consórcio do seguro DPVAT,
responsáveis por realizarem o pagamento, qualquer ingerência nas regras relativas à indenização
securitária.
Ao contrário do que ocorre no caso de seguro facultativo (esta, sim, sujeita ao CDC), a atuação das
seguradoras integrantes do consórcio do seguro DPVAT não é concorrencial nem se destina à obtenção
de lucro, na medida em que a respectiva arrecadação possui destinação legal específica.
Tampouco seria possível falar em vulnerabilidade, na acepção técnico-jurídica, das vítimas de acidente de
trânsito - e muito menos do proprietário do veículo a quem é imposto o pagamento do "prêmio" do seguro
DPVAT - perante as seguradoras, as quais não possuem qualquer margem discricionária para efetivação
do pagamento da indenização securitária, sempre que presentes os requisitos estabelecidos na lei.
Em suma, não há relação de consumo entre as vítimas do acidente ou beneficiárias e as seguradoras do
DPVAT, não se aplicando as normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido: STJ.
3ª Turma. REsp 1.635.398-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/10/2017 (Info 614).
PROCESSO COLETIVO
Súmula 601 do STJ
Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da
prestação de serviço público.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 07/02/2018, DJe 14/02/2018.
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.
Desse modo, indaga-se: o MP possui legitimidade para ajuizar ACP na defesa de qualquer direito difuso,
coletivo ou individual homogêneo?
O entendimento majoritário está exposto a seguir:
Direitos Direitos Direitos
DIFUSOS COLETIVOS (stricto sensu) INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
2) Se o direito individual homogêneo for indisponível (ex: saúde de um menor carente), o MP sempre terá
legitimidade para propor ACP.
3) Se o direito individual homogêneo for disponível, o MP pode agir desde que haja relevância social.
Ex1: defesa dos interesses de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação.
Ex2: defesa de trabalhadores rurais na busca de seus direitos previdenciários.
4) O Ministério Público possui legitimidade para a defesa de direito individual indisponível mesmo quando
a ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada (tutela do direito indisponível relativo a uma
única pessoa).
Ex: MP ajuíza ACP para que o Estado forneça uma prótese auditiva a um menor carente portador de
deficiência.
Exemplos de direitos individuais homogêneos dotados de relevância social (Ministério Público pode
propor ACP nesses casos):
1) MP pode questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de determinada
Prefeitura, em que se previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos que já integrariam o quadro
da Administração Pública municipal (STF RE 216443);
2) na defesa de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (STF AI 637853 AgR);
3) em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento de indenização
aos adquirentes (REsp 743678);
4) o Ministério Público tem legitimidade para figurar no polo ativo de ACP destinada à defesa de direitos
de natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);
5) o Ministério Público tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de anular Termo de Acordo de
Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas beneficiárias de redução fiscal. O
referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o regime especial de apuração do ICMS,
poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que legitima a atuação do parquet na defesa
do erário e da higidez da arrecadação tributária (STF RE 576155/DF);
6) o MP tem legitimação para, por meio de ACP, pretender que o Poder Público forneça medicação de uso
contínuo, de alto custo, não disponibilizada pelo SUS, mas indispensável e comprovadamente necessária
e eficiente para a sobrevivência de um único cidadão desprovido de recursos financeiros;
7) defesa do direito dos consumidores de não serem incluídos indevidamente nos cadastros de
inadimplentes (REsp 1.148.179-MG).
Exemplos de direitos individuais homogêneos destituídos de relevância social (Ministério Público NÃO
pode propor ACP nesses casos):
1) o MP não pode ajuizar ACP para veicular pretensões que envolvam tributos (impostos, taxas etc.),
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados (art. 1º, parágrafo
único, da LACP). Ex: o MP não pode propor ACP questionando a cobrança excessiva de uma determinada
taxa, ainda que envolva um expressivo número de contribuintes;
2) “O Ministério Público não tem legitimidade ativa para propor ação civil pública na qual busca a suposta
defesa de um pequeno grupo de pessoas - no caso, dos associados de um clube, numa óptica
predominantemente individual.” (STJ REsp 1109335/SE);
3) o MP não pode buscar a defesa de condôminos de edifício de apartamentos contra o síndico,
objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para reformas afinal não efetivadas.
E no caso de direitos dos consumidores? O Ministério Público poderá defender em juízo direitos
individuais homogêneos dos consumidores?
SIM. O Ministério Público possui legitimidade para promover ação civil pública para tutelar não apenas
direitos difusos ou coletivos de consumidores, mas também direitos individuais homogêneos.
Trata-se de legitimação que decorre, de forma genérica, dos arts. 127 e 129, III da CF/88 e, de modo
específico, do art. 82, I do CDC:
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
(...)
Art. 81. (...)
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
(...)
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Vimos acima que o Ministério Público somente tem legitimidade para defender direitos individuais
homogêneos caso estes sejam indisponíveis ou tenham relevância social. E no caso dos direitos
individuais homogêneos relacionados com direitos dos consumidores?
Prevalece o entendimento de que “a proteção coletiva dos consumidores constitui não apenas interesse
individual do próprio lesado, mas interesse da sociedade como um todo. Realmente, é a própria Constituição
que estabelece que a defesa dos consumidores é princípio fundamental da atividade econômica (CF, art.
170, V), razão pela qual deve ser promovida, inclusive pelo Estado, em forma obrigatória (CF, art. 5º, XXXII).
Não se trata, obviamente, da proteção individual, pessoal, particular, deste ou daquele consumidor lesado,
mas da proteção coletiva, considerada em sua dimensão comunitária e impessoal.
Compreendida a cláusula constitucional dos interesses sociais (art. 127) nessa dimensão, não será difícil
concluir que nela pode ser inserida a legitimação do Ministério Público para a defesa de ‘direitos
individuais homogêneos’ dos consumidores, o que dá base de legitimidade ao art. 82, I da Lei nº 8.078/90
(...)” (voto do falecido Min. Teori Zavascki no REsp 417.804/PR, DJ 16/05/2005).
“A tutela efetiva de consumidores possui relevância social que emana da própria Constituição Federal
(arts. 5º, XXXII, e 170, V).” (STJ. 3ª Turma. REsp 1254428/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado
em 02/06/2016).
Assim, “o Ministério Público ostenta legitimidade ativa para a propositura de Ação Civil Pública
objetivando resguardar direitos individuais homogêneos dos consumidores.” (STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp
1569566/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/03/2017).
Os direitos dos consumidores muitas vezes são disponíveis (ex: direitos patrimoniais). Mesmo assim, o
Ministério Público terá legitimidade para a ação civil pública em tais casos? O MP tem legitimidade para
a defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores mesmo que estes sejam direitos
disponíveis?
SIM. O Ministério Público tem legitimidade ativa para a propositura de ação civil pública destinada à defesa
de direitos individuais homogêneos de consumidores, ainda que disponíveis, pois se está diante de
legitimação voltada à promoção de valores e objetivos definidos pelo próprio Estado (STJ. 3ª Turma. REsp
1254428/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 02/06/2016).
A relação de consumo pode se dar com o Poder Público. Em outras palavras, o Estado presta serviços
públicos a uma infinidade de consumidores. Neste caso, o Ministério Público possui legitimidade para a
defesa em juízo dos direitos individuais homogêneos desses consumidores?
SIM. Com mais razão ainda. O Ministério Público possui legitimidade para promover ação civil pública para
tutelar não apenas direitos difusos ou coletivos de consumidores, mas também direitos individuais
homogêneos, inclusive quando decorrentes da prestação de serviços públicos (STJ. 1ª Turma. REsp
929.792/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/02/2016).
Ex: ação civil pública proposta pelo Ministério Público contra o Município e contra a empresa
concessionária do serviço público de transporte de passageiros questionando o reajuste da tarifa de
ônibus, que teria sido abusivo, violando os direitos individuais homogêneos dos consumidores.
A explicação da súmula já acabou. Vamos agora relembrar o que são direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos
Gênero: os direitos ou interesses coletivos (lato sensu) são o gênero.
Eles são chamados de direitos ou interesses transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais.
Espécies: esses direitos coletivos (em sentido amplo) são divididos em três espécies:
a) difusos;
b) coletivos (em sentido estrito);
c) individuais homogêneos.
COLETIVOS
DIFUSOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
(em sentido estrito)
Ex: determinado lote de um
Ex: direito ao meio ambiente Ex: reajuste abusivo das
remédio causou lesão a alguns
ecologicamente equilibrado. mensalidades escolares.
consumidores.
São classificados como direitos
São classificados como direitos São classificados como direitos ACIDENTALMENTE COLETIVOS (isso
ESSENCIALMENTE COLETIVOS. ESSENCIALMENTE COLETIVOS. porque são direitos individuais, mas
tratados como se fossem coletivos).
Há uma transindividualidade
São transindividuais São transindividuais ARTIFICIAL, formal ou relativa (são
(há uma transindividualidade real (há uma transindividualidade real direitos individuais que, no
ou material). ou material). entanto, recebem tratamento legal
de direitos transindividuais).
Obs.: a definição legal dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos é fornecida
pelo art. 81, parágrafo único do CDC.
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
Não existe razão para reter o passaporte de agente diplomático que responde
a processo penal no Brasil se ele goza de imunidade de execução
A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente
do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do
réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para
o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta.
STJ. 6ª Turma. RHC 87.825-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/12/2017 (Info 618).
Princípio da territorialidade
O art. 5º, caput, do Código Penal prevê o seguinte:
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
Esse dispositivo consagra o chamado princípio da territorialidade, segundo o qual a lei brasileira aplica-se
para os crimes cometidos no território nacional.
Ocorre que o Brasil não adotou o princípio da territorialidade de maneira absoluta. Isso porque há
exceções. Assim, dizemos que o nosso país adotou o princípio da territorialidade temperada ou mitigada.
Imunidades diplomáticas
Conforme se vê pelo art. 5º, é possível que as convenções, tratados e regras de direito internacional
prevejam exceções ao princípio da territorialidade, ou seja, tais documentos podem estabelecer situações
nas quais, mesmo o crime tendo sido cometido no Brasil, não se aplicará a lei brasileira.
Como exemplo dessa exceção temos o caso das imunidades diplomáticas.
O Brasil assinou um tratado internacional assegurando imunidade de jurisdição penal aos diplomatas,
agentes diplomáticos e funcionários das organizações internacionais. Trata-se da Convenção de Viena
sobre Relações Diplomáticas (aprovada pelo Decreto Legislativo 103/64, e promulgada pelo Decreto nº
56.435/65), cujo artigo 31 prevê:
Artigo 31
1. O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará
também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de:
(...)
4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da
jurisdição do Estado acreditante.
Apesar da redação do item 1 do artigo 31 da Convenção de Viena, entende-se que a imunidade diplomática
abrange tanto a imunidade de jurisdição como a imunidade de execução.
Desse modo, o agente diplomático não responderá, no Brasil, pelo crime que cometer aqui, salvo se o
Estado que ele representa (Estado acreditante) renunciar à imunidade.
DIREITO TRIBUTÁRIO
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Mesmo que a entidade remetente dos valores para o exterior seja imune,
ainda assim terá que pagar o IRRF previsto no art. 11 do DL 401/1968
A “Viva Bem” ingressou, então, com ação declaratória alegando que, na qualidade de entidade
beneficente de assistência social, goza de imunidade tributária, nos termos do art. 150, VI, “c”, da CF/88,
motivo pelo qual não lhe pode ser exigido o recolhimento de IRRF relativamente à remessa de valores
para o exterior.
Como vimos acima, o art. 11 do DL 401/1968 prevê a incidência do imposto de renda sobre a remessa
de juros ao exterior na compra de bens a prazo. A pergunta que surge é a seguinte: quem é o contribuinte
deste imposto?
O beneficiário dos valores residente no exterior.
Como o fato gerador do imposto sobre a renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de
renda e de proventos de qualquer natureza (art. 43 do CTN), o contribuinte em tal hipótese é o beneficiário
residente no exterior, por ser aquele que possui relação pessoal e direta com o fato gerador (art. 121,
parágrafo único, I, do CTN); afinal, é ele quem teve um acréscimo patrimonial.
Nesse sentido é o caput do art. 45 do CTN:
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem
prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de
renda ou dos proventos tributáveis.
Mas o parágrafo único do art. 11 do DL 401/1968 fala que o contribuinte do imposto é o remetente....
Segundo o STJ, houve um erro de técnica legislativa na redação deste art. 11, parágrafo único. Isso porque
não se pode considerar como contribuinte do imposto de renda alguém que não está auferindo a renda,
tendo apenas e tão somente remetido valores para o exterior.
O comprador de mercadoria do exterior, que remete as quantias referentes aos juros, pelo pagamento a
prazo, à empresa estrangeira vendedora, certamente não pratica o fato gerador do Imposto de Renda,
porquanto não adquire qualquer disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de
qualquer natureza.
Assim, essa previsão de que o remetente é contribuinte do imposto de renda viola o art. 45 do CTN (que
possui status de lei complementar).
Nas palavras do Min. Herman Benjamin:
“A utilização do conceito contribuinte para caracterizar o remetente dos juros constitui erro de técnica
legislativa, passível de correção interpretativa, na medida em que lei ordinária não poderia modificar
conceito estabelecido no CTN.”
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva
O próprio parágrafo único do art. 45 do CTN também permite essa figura do responsável tributário:
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem
prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de
renda ou dos proventos tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a
condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.
Desse modo, a entidade beneficente que comprou o bem e que está remetendo os juros para o exterior
é considerada como “responsável por substituição” pelo recolhimento exigido pelo art. 11 do Decreto-Lei
401/1968.
A imunidade tributária abrange a responsabilidade por substituição? A entidade imune está dispensada
de fazer o recolhimento do imposto como responsável tributária?
NÃO. “A imunidade tributária não afeta, tão-somente por si, a relação de responsabilidade tributária ou
de substituição e não exonera o responsável tributário ou o substituto” (STF. 2ª Turma. RE 202.987, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, DJe de 25/9/2009).
Assim, em nosso exemplo, a imunidade não exclui a obrigação do responsável tributário (entidade
remetente) de reter na fonte o tributo devido pelo denominado “contribuinte de fato” (a empresa que
está recebendo os valores no exterior).
Se a entidade imune ficasse dispensada de reter o imposto de renda sobre os valores remetidos ao
exterior, na prática, quem seria beneficiada com a imunidade seria a empresa estrangeira, considerando
que é ela que ostenta a figura de contribuinte.
Em suma:
O art. 11 do Decreto-Lei nº 401/1968 prevê que “está sujeito ao desconto do imposto de renda na fonte
o valor dos juros remetidos para o exterior devidos em razão da compra de bens a prazo.”
A imunidade tributária de entidade beneficente de assistência social não a exonera do dever de, na
condição de responsável por substituição, reter o imposto de renda sobre juros remetidos ao exterior
na compra de bens a prazo, na forma do art. 11 do Decreto-Lei nº 401/1968.
Ex: entidade beneficente de assistência social adquire, a prazo, uma máquina de uma empresa do exterior;
ao remeter os valores para essa empresa, deverá reter, na fonte, o imposto de renda sobre os juros.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.480.918-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. Herman Benjamin,
julgado em 19/09/2017 (Info 618).
IRPJ E CSLL
Crédito presumido de ICMS não integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL
IRPJ
IRPJ é a sigla para Imposto de Renda de Pessoa Jurídica.
A base de cálculo do IRPJ é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis (art. 44 do CTN).
Em outras palavras, a base de cálculo do IRPJ é o lucro (real, presumido ou arbitrado) correspondente ao
período de apuração.
CSLL
CSLL é a sigla para Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Segundo a Lei que rege a CSLL, a base de cálculo dessa contribuição “é o valor do resultado do exercício,
antes da provisão para o imposto de renda” (art. 2º da Lei nº 7.689/88).
Desse modo, a base de cálculo da CSLL também é o lucro, mas apurado antes da provisão para o IRPJ.
O crédito presumido de ICMS, por representar, indiretamente, um lucro para a pessoa jurídica, deverá
ser incluído na base de cálculo do IRPJ e da CSLL?
NÃO.
Crédito presumido de ICMS não integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.517.492-PR, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 08/11/2017 (Info 618).
A Constituição Federal possui diversos dispositivos que preveem medidas de incentivo fiscal com o
objetivo de reduzir desigualdades regionais, alavancar o desenvolvimento social e econômico do país,
inclusive mediante desoneração ou diminuição da carga tributária.
A outorga de crédito presumido de ICMS insere-se nesse contexto, devendo ser instituída por legislação
local específica do ente federativo tributante.
Não se pode considerar o crédito presumido como lucro da empresa, para fins de tributação do IRPJ e da
CSLL, sob pena de admitirmos a possibilidade de a União retirar, por via oblíqua, o incentivo fiscal que o
Estado-membro, no exercício de sua competência tributária, outorgou. Essa interpretação faria com que
houvesse o esvaziamento ou a redução do incentivo fiscal que foi legitimamente outorgado pelo Estado-
membro. Isso porque se, por um lado, a empresa pagaria menos ICMS, por outro, teria que pagar mais
IRPJ e CSLL.
O art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88, atribuiu aos Estados-membros e ao Distrito Federal a competência para
instituir o ICMS - e, por consequência, outorgar isenções, benefícios e incentivos fiscais, atendidos os
pressupostos de lei complementar:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;
(...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
AUXÍLIO-RECLUSÃO
Se o segurado estava desempregado no momento da prisão, ele é considerado de baixa renda,
independentemente do último salário de contribuição
Importante!!!
O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário pago aos dependentes do segurado que for
preso, desde que ele (segurado) tenha baixa renda, não receba remuneração da empresa
durante a prisão, nem esteja em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de
permanência.
Se o segurado, no momento em que foi preso, estava desempregado, a Portaria Ministerial
determina que será considerado como critério para “baixa renda” o seu último salário de
contribuição (referente ao último trabalho). Ex: João foi preso em 2015, momento em que
estava desempregado; seu último salário de contribuição era de R$ 3.000,00; pela Portaria,
mesmo João estando desempregado, não poderia ser considerado de baixa renda e seus
familiares não teriam direito ao benefício.
O STJ concorda com essa previsão da Portaria? Esse critério do último salário de contribuição
para o segurado preso desempregado é válido?
NÃO. Na análise de concessão do auxílio-reclusão, o fato de o recluso que mantenha a condição
de segurado pelo RGPS estar desempregado ou sem renda no momento em que foi preso
demonstra que ele tinha “baixa renda”, independentemente do valor do último salário de
contribuição.
O critério econômico da renda deve ser aferido no momento da reclusão, pois é nele que os
dependentes sofrem o baque da perda do provedor. Se, nesse instante, o segurado estava
desempregado, presume-se que se encontrava em baixa renda, sendo, portanto, devido o
benefício a seus dependentes.
AUXÍLIO-RECLUSÃO
Em que consiste:
- O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário
- pago aos dependentes do segurado que for preso
- desde que ele (segurado) tenha baixa renda
- não receba remuneração da empresa durante a prisão
- nem esteja em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência.
Atenção:
Se o segurado preso estiver recebendo auxílio-acidente, pensão por morte ou salário-maternidade, ainda
assim seus dependentes poderão ter direito ao auxílio-reclusão. Isso porque a lei, por uma falha, não
proibiu o pagamento nesses casos.
Beneficiários:
Chamo atenção novamente para o fato de que o auxílio-reclusão é um benefício pago aos dependentes do
segurado preso. Quem recebe o dinheiro são os dependentes (mulher, filhos menores etc.) e não o preso.
Não se confunda:
• Quem recebe o benefício: os dependentes do segurado.
• Quem precisa ter baixa renda para o benefício ser pago: o segurado preso.
Para o ano de 2018, o valor foi atualizado para R$ 1.319,18 (Portaria MF nº 15, de 16 de janeiro de 2018).
Assim, o auxílio-reclusão somente será pago se o último salário de contribuição do segurado antes de ser
preso era igual ou inferior a essa quantia.
Até aqui, tudo bem. Vamos agora dificultar um pouco:
Esse teto atualizado todos os anos é absoluto ou pode ser relativizado? Se o valor do salário de
contribuição superar um pouco esse limite, mesmo assim poderá ser concedido o benefício? Ex: João foi
preso em 2018 e, nesta data, seu salário de contribuição era de R$ 1.330,00; seus familiares podem
receber o auxílio-reclusão?
SIM. O STJ recentemente decidiu que é possível a concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do
segurado que recebia salário de contribuição pouco superior ao limite estabelecido como critério de baixa
renda pela legislação da época de seu encarceramento.
Assim, é possível a concessão do auxílio-reclusão quando o caso concreto revelar a necessidade de
proteção social, permitindo ao julgador a flexibilização do critério econômico para deferimento do
benefício pleiteado, ainda que o salário de contribuição do segurado supere o valor legalmente fixado
como critério de baixa renda no momento de sua reclusão.
Com bem assentado pelo Ministro Relator, “a análise de questões previdenciárias requer do Magistrado
uma compreensão mais ampla, ancorada nas raízes axiológicas dos direitos fundamentais, a fim de que a
aplicação da norma alcance a proteção social almejada.”
(STJ. 2ª Tuma. REsp 1.479.564-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 6/11/2014. Info 552).
Se o segurado, no momento em que foi preso, estava desempregado, a Portaria determina que será
considerado como critério para “baixa renda” o seu último salário de contribuição (referente ao último
trabalho). Ex: João foi preso em 2018, momento em que estava desempregado; seu último salário de
contribuição era de R$ 3.000,00; pela Portaria, mesmo João estando desempregado, não poderia ser
considerado de baixa renda e seus familiares não teriam direito ao benefício. O STJ concordou com essa
previsão da Portaria? Esse critério do último salário de contribuição para o segurado preso
desempregado é válido?
NÃO. Na análise de concessão do auxílio-reclusão, o fato de o recluso que mantenha a condição de
segurado pelo RGPS estar desempregado ou sem renda no momento em que foi preso demonstra que ele
tinha “baixa renda”, independentemente do valor do último salário de contribuição.
O critério econômico da renda deve ser aferido no momento da reclusão, pois é nele que os dependentes
sofrem o baque da perda do provedor. Se, nesse instante, o segurado estava desempregado, presume-se
que se encontrava em baixa renda, sendo, portanto, devido o benefício a seus dependentes.
Os requisitos para a concessão do benefício devem ser verificados no momento do recolhimento à prisão,
em observância ao princípio tempus regit actum.
O tema foi apreciado pelo STJ em sede de recurso repetitivo, tendo sido fixada a seguinte tese:
Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei nº 8.213/91), o critério de aferição de renda do
segurado que não exerce atividade laboral remunerada no momento do recolhimento à prisão é a
ausência de renda, e não o último salário de contribuição.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.485.417-MS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/11/2017 (recurso repetitivo)
(Info 618).
DIREITO INTERNACIONAL
HIPOTECA NAVAL
É reconhecida a eficácia, no Brasil, de hipoteca de navio
registrada no país de nacionalidade da embarcação
O debate jurídico, portanto, é o seguinte: essa hipoteca tem eficácia aqui no Brasil?
SIM. Deve ser reconhecida a eficácia, no Brasil, de hipoteca de navio registrada no país de nacionalidade
da embarcação.
Vamos entender as razões do julgado.
Regulamentação
A hipoteca de navios se encontra disciplinada pelo art. 278 do Decreto nº 18.871/1929, que promulga a
Convenção de Direito Internacional Privado de Havana (Código Bustamante), e pelos arts. 12 a 14 da Lei
nº 7.652/88, que dispõem sobre o registro de propriedade marítima.
Em suma:
A hipoteca de navio registrada no país de nacionalidade da embarcação tem eficácia extraterritorial,
alcançando o âmbito interno nacional.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.705.222-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2017 (Info 618).
EXERCÍCIOS
10) Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor possui legitimidade para o
ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do
seguro DPVAT. ( )
11) O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. ( )
12) A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem
autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha renunciado à
imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para o cumprimento de eventual pena
criminal a ele imposta. ( )
13) A imunidade tributária de entidade beneficente de assistência social não a exonera do dever de, na
condição de responsável por substituição, reter o imposto de renda sobre juros remetidos ao exterior na
compra de bens a prazo, na forma do art. 11 do Decreto-Lei nº 401/1968. ( )
14) Crédito presumido de ICMS integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. ( )
15) Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei n. 8.213/1991), o critério de aferição de renda do
segurado que não exerce atividade laboral remunerada no momento do recolhimento à prisão é o último
salário de contribuição. ( )
16) A hipoteca de navio registrada no país de nacionalidade da embarcação tem eficácia extraterritorial,
alcançando o âmbito interno nacional. ( )
Gabarito
1. C 2. C 3. E 4. C 5. C 6. E 7. C 8. C 9. C 10. E
11. C 12. C 13. C 14. E 15. E 16. C