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O conflito cósmico

Autor: Flávio da Silva de Souza


Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Neste trimestre vamos estudar sobre um assunto fascinante, a preparação para o tempo
do fim. Começaremos buscando entender o conflito cósmico, que chamamos de “grande
conflito”, e seu início.
1. A queda de um ser perfeito
Ao analisar as duas referências bíblicas sobre a queda de Lúcifer, podemos observar que,
embora Isaías fale do rei de Babilônia e Ezequiel mencione o rei de Tiro, ambos os textos
dão descrições que não se encaixam com um personagem humano. A palavra estrela (Is
14:12) em alguns contextos tem o significado de anjo (Jó 38:7). Em Ezequiel, o assunto é
apresentado de maneira mais clara ainda: o rei de Tiro era um querubim (Ez 28:14). Outro
aspecto que chama a atenção é a posição desse ser. Em Isaías 14:12 ele é chamado de
estrela da manhã, a mais brilhante das estrelas. Em Ezequiel, ele possui as pedras
preciosas que se encontravam no peitoral do sumo sacerdote (Êx 28:17-20; 39:8-14). Além
disso, o fato de que ele é descrito como querubim relembra os querubins do propiciatório.
Mas, apesar dessa posição elevada, Lúcifer buscava ser como o Altíssimo.
Ellen White afirmou que Lúcifer “tinha sido grandemente exaltado, mas isso não despertou
nele louvor e gratidão ao seu Criador. Aspirava à altura do próprio Deus.” A criatura queria
ser o Criador. Lúcifer queria participar da criação da Terra. Sua queda começou quando
ele quis ser igual a Deus.
2. Conhecimento e submissão
Em relação à queda do homem, alguns questionam o fato de Deus ter colocado a árvore
da ciência do bem e do mal no jardim do Éden e ter permitido que Satanás ficasse ali.
Ellen White afirmou: “O Pai consultou Seu Filho a respeito da imediata execução de Seu
propósito de fazer o homem para habitar a Terra. Colocaria o homem sob prova a fim de
testar sua lealdade, antes que ele pudesse ser posto eternamente fora de perigo. Se ele
suportasse o teste com o qual Deus considerava conveniente prová-lo, seria finalmente
igual aos anjos. Teria o favor de Deus podendo conversar com os anjos, e estes, com ele.
Deus não achou conveniente colocar os homens fora do poder da desobediência”. Deus
não nos fez sem liberdade para escolher, pois sem ela o livre-arbítrio seria só uma teoria.
Além disso, Deus protegeu o homem limitando a presença de Satanás à árvore. Somente
ali Satanás poderia tentá-los, e Deus ainda os alertou para que não fossem a esse lugar.
Entretanto, apesar do alerta, Eva foi até lá. Então a serpente apresentou um argumento
exagerado: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” (Gn 3:1).
Ela estava distorcendo a palavra de Deus, fazendo Deus parecer irrazoável. Há um
detalhe interessante no texto. Enquanto Moisés usou sempre a expressão “SENHOR
Deus” (Gn 3: 1, 8, 9, 13, 14, 21, 22, 23) para se referir a Deus, a serpente e Eva só usam
“Deus” (Gn 3:1, 3, 5). Apesar de não haver nenhum problema em usar apenas “Deus”,
parece haver um contraste proposital, pois a serpente buscava apresentar um Deus com
características das criaturas, com medo de que os seres humanos fossem iguais a Ele (v.
5). A serpente não falou de um Deus soberano, mas de alguém a quem Adão e Eva
poderiam ser iguais apenas comendo do fruto. Eva gostou da proposta. Mais uma vez a
criatura querendo ser igual ao Criador! Será que hoje é diferente? Muitos buscam ignorar
Deus e até ridicularizar a crença Nele, só para ser o seu próprio “deus”. No grande conflito,
os seres humanos têm duas opções: reconhecer como seu Criador o verdadeiro e único
Deus ou ignorá-Lo. Quando o “eu” e as paixões dominam a vida não há espaço para Deus.
3. Guerra no Céu e na Terra
Após a entrada do pecado na Terra, em vez de punir Adão e Eva com a morte, Deus
prometeu que a semente da mulher alcançaria a vitória sobre a serpente. Adão e Eva
creram na promessa. No momento do cumprimento da promessa, Satanás perseguiu a
mulher e seu Filho (Ap 12:3, 4). Embora Apocalipse 12:7-12 seja apresentado na lição
como tendo acontecido antes de Apocalipse 12:1-6, há uma interpretação de Ángel
Manuel Rodríguez que o coloca após Apocalipse 12:1-6, logo em seguida à ascensão de
Cristo ao Céu. Outro detalhe interessante é que do 13 ao 16 a guerra é contra a mulher, e
no 17 é contra os descendentes, não mais contra a mulher.
4. Ele está conosco todos os dias
A imagem da mulher fugindo para o deserto, assim como as asas de águia relembram o
Êxodo, quando após a perseguição de Faraó ao povo de Israel, o Senhor o protegeu no
deserto (Êx 19:4). Assim como Deus esteve no deserto com o povo de Israel, estaria
também com a igreja. Por mais que o deserto seja um lugar inóspito, na Bíblia ele é um
lugar de proteção divina. Precisamos ter a certeza de que, quando passarmos pelo
deserto, Deus estará conosco. Talvez você esteja passando agora pelo deserto e pareça
impossível encontrar uma saída ou mesmo um oásis. Tenha a certeza de que a Água da
vida está com você e com asas de águia vai ampará-lo.
5. A lei e o evangelho
Muitos creem que há uma antítese entre a lei e o evangelho, como se o evangelho
aparecesse no Novo Testamento e a lei se restringisse ao Antigo Testamento. Em primeiro
lugar, é importante notar que o evangelho não surge no Novo Testamento, mas aparece
pela primeira vez em Gênesis 3:15. Segundo F. F. Bruce, a palavra evangelho tem origem
no Antigo Testamento, no livro de Isaías, principalmente em textos como Isaías 40:9, 52:7,
60:6 e 61:1, onde é empregado o substantivo ou o verbo para indicar a libertação do
cativeiro e o retorno do exílio. E, claro, a lei é exaltada em várias passagens do Novo
Testamento, como Romanos 7:12, onde Paulo diz que a lei é santa, e o mandamento,
santo, e justo, e bom.
A lei revela o pecado e o nosso estado diante de um Deus santo (Rm 3:20-26; 7:7). O
evangelho apresenta a solução para esse problema. A morte de Cristo na cruz pagou o
preço pela nossa transgressão (Rm 5:6-9, 17-21) e nos deu o poder para obedecer a lei
(Rm 8). Portanto, essa obediência não é produzida pelo próprio crente, mas por Deus, pois
Ele santifica aqueles a quem justifica.
Podemos concluir que o “grande conflito” é real, a condenação apontada pela lei é real,
mas o melhor de tudo é que o plano da redenção também é real. Mais que isso, o plano
está à sua disposição. Você quer aceitá-lo?
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O pastor Flávio da Silva de Souza
foi graduado em Teologia pelo SALT-FADBA em 2008. Concluiu seu mestrado em Ciência
da Religião pela UFJF em 2013, e o mestrado em Teologia pelo SALT-FADBA em 2017.
Atua como professor e coordenador do curso de graduação em Teologia no SALT-FADBA.
É casado com a pedagoga Luciana Afonso da Silva de Souza, que é atualmente
coordenadora da educação infantil e das séries iniciais no CAB.

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