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ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO

PROF. RAIMUNDO LEIDIMAR BEZERRA


DEC/CCTS/UEPB
leidimarbezerra@superig.com.br
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA O PROJETO


1. Topografia da área;
2. Dados geológicos-geotécnicos;
3. Dados da estrutura a construir;
4. Dados sobre construções vizinhas.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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REQUISITOS DE UM PROJETO DE FUNDAÇÃO


1. Deformações aceitáveis sob as condições de
trabalho;
2. Segurança adequada ao colapso do solo de
fundação (estabilidade “externa”);
3. Segurança adequada ao colapso dos
elementos estruturais (estabilidade “interna”);
4. Durabilidade.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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 Caso (a): a resistência do terreno é bem menor


que a do material da estaca (concreto, aço, etc.)
estabilidade comandada pelo terreno.
 Caso (b): ocorre o inverso estabilidade
governada pela resistência do material da estaca.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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ALTERNATIVAS:
a) Fundações superficiais ou diretas
1. Bloco;
2. Sapata isolada;
3. Sapata associada (com ou sem viga de
fundação);
4. Grelha;
5. Radier.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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b) Fundações profundas
1. Estaca;
2. Tubulão;
3. Caixão.

c) Fundações mistas
1. Sapatas sobre estacas (estaca t ; estapata);
2. Radiers estaqueados (sobre estacas ou
tubulões).
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 Obras/locais que impõem um certo tipo de


fundação;
 Obras/locais que podem permitir uma
variedade de soluções:
• fundações superficiais - vários tipos;
• fundações profundas - vários tipos.
 A escolha será baseada em:
• menor custo;
• menor prazo de execução.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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 Com relação à economia:


• blocos são mais econômicos que as sapatas
para pequenas cargas;
• sapatas associadas - as áreas das sapatas se
interpenetram ou se deseja uniformizar
recalques;
• radiers - quando a área total da fundação
ultrapassa metade da área de construção, o
radier pode ser indicado.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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 Com relação à economia:


 Estacas - depende:
• nível das cargas nos pilares;
• ocorrência de outros esforços → tração e
flexão;
• características do subsolo;
• características do local da obra;
• características das construções vizinhas.
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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 Fundações rasas
 A ordem de grandeza da tensão admissível
pode ser obtida por:
a) tensão de preadensamento de solos
predominantemente argilosos
𝝈𝒂𝒅𝒎 = 𝝈´𝒗𝒎
b) Com resultados do SPT
𝑺𝑷𝑻𝒎é𝒅𝒊𝒐
𝝈𝒂𝒅𝒎 𝒌𝑷𝒂 = (𝒔𝒐𝒍𝒐𝒔𝒄𝒐𝒎 𝑺𝑷𝑻 ≤ 𝟐𝟎)
𝟓𝟎
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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Fundações rasas
 Quando não se dispõe do cálculo estrutural, é
comum estimar a ordem de grandeza das
cargas de fundação a partir do porte da obra.
 Assim, para estruturas em concreto armado
destinadas a moradias ou escritórios, pode-se
adotar a carga média de:

𝑷𝒎é𝒅𝒊𝒐 = 𝟏𝟐 𝒌𝑷𝒂
𝒎𝟐
𝒂𝒏𝒅𝒂𝒓
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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Ex:
1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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1.4 ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
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1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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a) Terrenos que quase obrigam um determinado


tipo;
b) Terrenos em que o recalque fixa o tipo de
fundação;
c) Correlação entre estrutura e terreno.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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a) I – Terrenos em que fundações


por sapatas rasas se impõe.

Figura – Perfil com resistência


crescente com a profundidade.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Solução:
1. p/ Z = 1,0 m → σadm ≈ 200 kPa → prédio de ≈ 17 andares
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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a) II – Terrenos em que
fundações profundas
se impõe.

Figura – Perfil com camada


superficial mole.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Solução
a) II – Terrenos em que fundações profundas se
impõe:
1. Eliminado o emprego de fundações superficiais;
2. Por estacas, cravadas até cerca de 12 m de
profundidade;
3. Por tubulões assentes na camada de pedregulho.
4. Para cargas pequenas ou muito distribuídas a
fundação por estacas prevalecerá
economicamente.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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a) III - Terrenos em
que fundações
profundas são
eliminadas.

Figura – Perfil com


camada arenosa na
superfície.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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a) III - Terrenos em que fundações profundas são


eliminadas.
1. Fundação profunda é eliminada. O uso de
estacas cravadas na areia transmitirá cargas
às camadas moles inferiores, provocando
recalques;
2. Fundação direta rasa até 3,0 m profundidade c/
σadm ≈ 200 kPa
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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a) IV – Camada compressível
intermediária pode impedir o uso
de fundação direta.

Figura – Terreno com camada


argilosa intermediária.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Solução: Edifício de 20 andares


a) IV – Camada compressível intermediária pode
impedir o uso de fundação direta:
1. A carga distribuída será: (20)(12) = 240 kPa →
Apesar da camada superficial suportar tensões
dessa ordem de grandeza, não é aconselhável
utilizar fundações diretas, já que os recalque
por adensamento da camada argilosa entre 4 e
8 m serão consideráveis;
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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2. Regra prática: a tensão distribuída na superfície


superior da camada argilosa deve ser inferior à
metade da tensão admissível nessa camada para
evitar recalques excessivos;
3. Evidentemente, ressalva-se o caso em que tais
recalques sejam calculados previamente e a
estrutura projetada para absorve-los.
4. Fundações por tubulões ou estacas cravadas até
cerca de 12 m de profundidade.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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b) I – Terreno em que o
recalque fixa o tipo de
fundação.

Figura – Terreno com camada


compressível.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Solução: Edifício com 10 pavimentos. Área


construída: 8 m x 20 m. A estrutura do edifício não
pode suportar recalque diferencial entre o bordo e
o centro do edifício superior a 10 cm.
b) I – Terreno em que o recalque fixa o tipo de
fundação.
1. Tensão média distribuída = (10)(12) = 120 kPa →
a camada superior suporta essa tensão, porém
tem que ser verificado o recalque por
adensamento da camada argilosa;
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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2. σZ ≈ 22 kPa → δ = 27,5 cm;


3. Regra prática: O recalque diferencial entre o
bordo e o centro da área carregada será a
metade do calculado → 27,5/2 ≈ 13,8 >10 cm →
não é possível o uso de fundações diretas;
4. Estacas até a rocha alterada existente na cota
– 16,0.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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c) I - Num mesmo terreno é possível que o


tipo de fundação mais conveniente varie
com a estrutura a ser construída.

Figura - Terreno com aterro sobre camada


superficial compressível.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Exemplo: Suponhamos que se deva escolher o


tipo mais adequado de fundação para dois
edifícios:
Edifício 1 – 3 pavimentos, pilares com
espaçamento de 6,45 m na direção transversal e 7
m na direção longitudinal;
Edifício 2 – 25 pavimentos e 1 subsolo, pilares com
espaçamento de 6,45 m na direção transversal e 5
m na direção longitudinal. Pé direito do subsolo é
3,40 m.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Solução – Edifício 1
1. Carga por pilar: E1 = (3)(12)(6,45)(7) ≈ 1625 kN;
2. Sapata 4,0 x 4,0 m = 16 m² → σ ≈ 102 kPa;
3. Fundações diretas na cota 808,0.
1.4.1 INCOMPATIBILIDADE ENTRE TERRENO E FUNDAÇÃO

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Solução – Edifício 1
1. Carga por pilar: E2 = (26)(12)(6,45)(5) –
(18)(3,4)(6,45)(5) ≈ 8088 kN;
2. A carga distribuída em toda a área será:
(12)(26)-(18)(3,4) ≈ 251 kPa → muito superior a
tensão possível na cota da base do subsolo,
que seria , no máximo, 200 kPa.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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1.5.1 Fundação superficial


 Área ≤ 50 a 70% da área disponível;
 De uma maneira geral não deve ser usada em:
• aterro não compactado;
• argila mole;
• areia fofa a muito fofa;
• existência de água → rebaixamento muito
caro.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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1.5.2 Fundações profundas – estacas


 Brocas
• pequenas cargas (50 a 100 kN);
• acima do nível de água;
• diâmetro entre 15 e 25 cm;
• Comprimento em torno de 3 m.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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 Strauss
• cargas entre 200 a 800 kN;
• não provoca vibrações;
• estacas justapostas → cortina de contenção;
• não utilizar abaixo do nível de água → solos
arenosos → inviável secar a água no tubo;
• não utilizar em argilas moles saturadas →
estrangulamento do fuste.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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 Premoldadas de concreto
 cargas entre 200 a 1500 kN; não se recomenda
usar:
• terrenos com matacões ou camadas
pedregulhosas;
• terrenos em que a previsão da cota da ponta
da estaca seja muito variável;
• construções vizinhas em estado precário →
problemas de vibração na cravação.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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 Franki
 cargas entre 550 a 1700 kN; não se recomenda
usar:
• terrenos com matacões;
• terrenos com camadas de argilas moles
saturadas → estrangulamento do fuste
• construções vizinhas em estado precário →
problemas de vibração na cravação.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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 Metálicas
 cargas entre 400 a 3.000 kN;
 muito cara; porém solução vantajosa:
• não se deseja vibração durante a cravação;
• quando servem de apoio a pilares de divisa,
pois eliminam o uso de vigas de equilíbrio;
• ajudam no escoramento → caso de subsolos.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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 Mega
 cargas em torno de 700 kN;
 muito utilizada em reforço de fundações;
 cravação estática → não produz vibração;
 somente utilizada quando nenhum outro tipo
pode ser feito → Strauss, raiz ou metálica.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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 Escavadas
 cargas elevadas (>1.500 kN);
 não causam vibração;
 substituem os tubulões;
 necessitam de área relativamente grande para a
instalação dos equipamentos necessários à sua
execução.
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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1.5.2 Fundações profundas – tubulões


1.5.3.1 Tubulões a céu aberto
 qualquer faixa de carga;
 não causam vibração;
 executado acima do nível de água;
1.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS

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1.5.3.1 Tubulões a ar comprimido


 cargas elevadas (> 3.000 kN);
 não causam vibração;
 executados abaixo do N.A. → máximo de 30 m
de coluna de água.

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