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Éticas lidam com a natureza da ética em si. Uma destas questões de meta-ética é se
julgamentos morais podem ser verdadeiros ou falsos.
Axioma básico:
Moral: objetiva (coletiva)
Ética: subjetiva (individual/ coletiva)
Estrutura psiquica:
Id (Isso): impulso irracional, “animal”, primordial, básico e instintivo. Inconsciente. Local
das pulsões. Desconhece moral, ética, padrões sociais, etc. Busca sempre o prazer.
Superego (Supereu): filtro ético, instrumento do Ego para controle do Id. Herdeiro do
complexo de Édipio. O superego tem três objetivos:
1.inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras
e ideais por ele ditados (consciência moral);
2.forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional)
3.conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras (ideal do ego).
Como no caso ele não trata do indivíduo somente, e sim de sua relação com a sociedade,
as noções de ego, id e superego são mostradas de um modo especial. A noção de
superego, por analogia, extrapola a consciência individual. Freud se preocupa em mostrar
– e é isso que ele diz que considera o novo na sua narrativa do comportamento humano –
a idéia de um superego não psicológico, um superego cultural. O superego corresponde,
como ele diz, à força dos primeiros grandes líderes da comunidade, que registraram as
primeiras leis e que, enfim, se mostraram como que divinos ao agirem desse modo. São
exatamente esses líderes que irão deixar para as suas comunidades, que continuam os
seus desenvolvimentos, as exigências “que tratam das relações dos seres humanos uns
com os outros” e que estão “abrangidas sob o título de ética”. Em outras palavras, o
superego cultural é nada mais nada menos que a ética.
Ao fim e ao cabo, Freud não assume uma posição ética filosófica. No que parece que vai
endossar a eudaimonia, em um final que seria espetacular, recua para a posição de um
teórico que busca certa neutralidade filosófica no campo doutrinário moral. Não se trata
de neutralidade científica, e sim de neutralidade no campo da filosofia prática. Pesa forte,
nesse caso, o espírito de época. Desse modo, o que faz é um estudo que poderíamos
dizer que se trata de um tipo de metaética, uma especial narrativa teórica que poderia,
talvez, fundamentar ou justificar uma doutrina – exatamente essa doutrina que ele, Freud,
não ousa explicitar.
Ideologia
Algumas proposições discursivas, entre elas as ilusões políticas, buscam canalizar o que
advém dessa impossibilidade, seja recusando imaginariamente os efeitos de real que ela
comporta, seja fazendo crer na existência de um objeto comum de gozo, ou ainda
propondo uma totalização discursiva (as ilusões políticas) que buscam fazer copular o
saber e a verdade como uma forma outra de tamponar esse vazio e articular o gozo e o
laço social. As duas estratégias, contudo, têm o mesmo intuito, o de criar uma realidade
que não passa de um velamento do real da Coisa e do caráter de singularidade e de
subversão que esse elemento disjuntivo produz. A cultura busca recobrir esse real, esse
gozo, esse mal que habita o sujeito propondo-lhe uma moral universal - sem diferença
nem sujeito - ou mesmo objetos e elementos imaginários para seu fantasma. Com isso
promete uma consistência imaginária para suturar sua divisão subjetiva. Daí nossa
proposição de que a sociedade, a cultura, a história, a economia, a política são formações
discursivas simbólicas e/ou imaginárias que buscam grafar o real da impossibilidade do
gozo.
Matrix
Duas conclusões políticas fundamentais:
a) A realidade não só é precária como é ilusória, pois opera um recobrimento do
real, e não da realidade social, como se propôs numa tradição marxista;
b) A "moral do poder" opera esse recobrimento através dos serviços dos bens,
pois, como diz Lacan, "o âmbito do bem é o nascimento do poder" (Lacan,
1959-1960/1988: 279).
O que foi aqui proposto? O que foi pretendido? Uma oportunidade de pensar a
possibilidade de que a metaética seja interpretada como um questão subjetiva que é
simbolizada como objetiva em um esforço de levar o sujeito, de maneira fantasmática, a
aceitar os sistemas políticos e econômicos, ou seja ideológicos, como possibilidades de
recuperação de um gozo já perdido, do preenchimento desta falta que o constitui, assim
como constitui todo sistema simbólico. A pretenção é oferecer a pílula vermelha. A
possibilidade de buscar compreender as imbricações de nossa psiquê com as relações
sociais e a, possível, similitude entre ambas.