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TECNICA Zea is oa eo Pee: aver | DOS ALUNOS DO IST. 170-Janeiro-1947 Pb Fabricodo pelos mais modernos pro- cessos @ preferido pars todos 08 tra- bathos de responsabilidsde. Sacos de papel ou de juts com 50 Kg. Barricas de 180 Kg. Ss fc re COMPENHIA GERAL CE CELE CIMEKTO RUA DO COMEACIO, 56, 3.° Sede: Rua do Cais de Santarém, 64, Filial: Ru de Santo Anténio, 190-4, PORTO Unita titi Portuguesa I il} SEDE Rua Duque de Loulé, 240 — Porto Telef. 2828 - 2829-2830-Est. 90 DEL:GACAO R. Anténio Marla Cardoso, 13,2." Lisboa Telefones 27232 —27233- Est. 365 a0 | ELECTRICIOADE 00 LINDOSO E DAS CENTRAIS 00 FREIXO E DA CACHOFARRA motriz as FABRICAS e luz a CIDA- Ss | AU, E, P. facilita « electrifieagio de i Fabrica’ e’oferece as maiores vanta | ens nas suas tarifas || Consultar a U. E. P. e consumir a sua energia i # proveitoso negécio Cimento -Lit-birofugao 1) a! 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Anténio de Sousa Cou finhowe pe ea het ee 398 NOMERO AVDLSO 7650 Nogées topolésieas num Espogo Merle Ee Sones + Anténlo Sales Lute. . us ASSINATURAS: whe ge nh Céleulo dum sifo rec! ngoler otiale iki etn aoa 7408 de belo armado... - Eduardo Cansado de Carvalho 147 odnias Portugue | sane Estrangero — 4ston suo EDITOR E PROPRIETARIO ASS. DOS ESTUD. DO 1.5. T. COMPOSTO E IMPRESSO Tip. JORGE FERNANDES, L.** RUA CRUZ DOS POIAIS, 103 USBOA hh OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTA REVISTA SAO, DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES Sem NA Sondage,flancemnts,Cansldatos “Prpediés Rito” Sociedade Andnima Sondagens geoldgicas Estudo da resistencia permeabilidade com séde em PARIS de terrenos; laboratério. geofisico aes ‘As melhores referéncias Consolidacio ¢ impermeabilizagio de fenrenos @ alvenarias por meio de injeccdes de cimento, produtos qui- fnicos, emulsio betuminosa Shell- perm, etc. Eetacas de beton armado, sistema Radio sem fazer trepidar'o solo Rebocos comprimidos por «cement gun» Fundacgdes em terrenos dificeis por ‘congelacdo artificial, ou baixando o nivel da Agua friatica. ‘Engonhoiro delegado para Portegal Walter Weyermann P. do Municipio, 32-2.°—-LISBOA Tel, 2 8685 no pais e no estrangeiro CARROS INDUSTRIAIS y MOTORES GRrutos MARITIMOS I ETS GERADORES MOTORES INDUSTRIAIS A GASOLINA E GASOLINA/ PETROLEO Série 1 cilindre Série 1 cilindre B.H.P. — R.P.M. g', —180° 41,5 1209 Ss — 1ecoO br — 1800 Em Armazem para entrega imodiata REPRESENTANTES (EXCLU- sivos PARA PORTUGAL HME. 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Telefone 968 ATELIERS DE CONSTRUCTION OERLIKON ZURICH-OERLIKON (SUICA) TECNICA FERNANDO MANZANARES ABECASIS oinecror ANO XXII-N° 170 JANEIRO 1947 NOTAS HISTORICO-PEDAGOGICAS SOBRE © INSTITUTO SUPERIOR TECNICO” | vor ALFREDO BENSAUDE : Orgeizaer do mesmo lstitutoe sev Director ‘desde 1911 2 1920 A eTéenica» continua, persiatentemente, enpenhada em contribuir, dentro de todas as suas possibilidades, para o progresso da nosst Escola. Exse progresso, & evidente, manifestar-se-d, sobretudo, por uma elevagio ¢ actwalizagdo constantes dos métodos de ensino nela adoptados, através dos assuntos versados ¢ dos meios materiais indispensé- weis a estes. Por muitos iguoradas ¢ por alguns eaquecidas, as palavras de Alfredo Bensaude surgem hoje como uma chamada as realidades do ensino da Engenharia, como un apelo 4 inteligencia, ao bom senso ¢ it dedicagao de todos 08 que, dentro do Instituto Superior Técnico, se encontram ow venham a encontrar-se reunidos para o desempenho dessa imissdo simultaneamente tao dificil e tao valorosa: a formagio de engenheiros que, pela sua competéncia, representem valores econdmica e moralmente iiteis para a Nagio, Dessas palavras, eseritas hi 25 anos mas sempre (20 actuais na sta quase totalidade, iniciamos hoje a publicagto das que se tornam imediatamente tteis, eurvan- do-nos perante a meméria do homem que tio bem soube defini, organizar e impulsionar a aegao do Instituto Superior Técnico.» INTRODUGAO O Instituto Superior Téenieo foi eriado logo depois de implantada a Repiblica, pela transformacio do antigo Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Pouco depois da revolugio de 5 de Outubro de 1910, o falecido engenheiro Anténio Maria de Avelar requeria a sua exoneragio do cargo de Director, sendo-lhe esta concedida em Dezembro do mesmo ano. () Pablicaglo da Imprensa Nacional de Lisboa (1922). i a sea © antigo Tnstituto estava deondente; existiam bons elementos no corpo docente € centre ow alunos; mas, a par destes rltimos, ern muito alto 0 ntimero dos que nada apro- cre om com a frequéncia, servindo apenss para alimentar & jndiseiplina ; 0 movimento velteaFondrio veio ainda aumenti-la além dos limites do tolerdvel. Numa informagio npresentada ao Ministro do Fomento pelo autor estas Tinhas, desereviam-se, por esa hoen, as condigSes da escola nos seguintes ferns: ai incontestavel que ela nfo tem cPoetite: completamente is nossxs necessidades e por isso 0 Estado tem procedido a Stformas sucessivas. Alguns anos depois, reconhece-se insuficiéneia da tltima reforma, Torna a remodalar-se o Instituto, ¢ assim sucessivaments Nao admira, pois, que os altos ¢ baixos de fé ¢ deserenga acabassem por avolumar a suspeita injustifeads de que somos fandamentalmente ineapazes de erin uma escola de préstimo... 1 eagos resultados destas reformas provém prineipalmente de 4% clas tém consis- tido em numentar 0 nimero de disciplinas professadas no Instituto deixando intactos 08 seus defeitos tradicionaisy. NIoctrava et depois, com dados estatisticos relatives frequéncia da 1. cadeira (Algebra, goometria e trigonometria reetilines) cov. © todos os cursos, que a deficiente preparagio da maioria dos altunos ers @ pprineipal causa da sua falta de aproveitamento ¢ Mo mau espirito que entre eles reinava. TRstes provinham geralmente da, Escoln Preparatoria de Rodrigues Sampaio ¢ dos Ticeus (5.° ano). (Se alunos, sem preparagio suficiente para aproveilayem © ensino, acumulam-se, anos apés anos, nas mesmas cadeiras, € desmoralizados pelos sucessivos fracassos, vo see ipindo o elemento pernicioso que elimenta a indisciplinay- Kobretudo, nas aulas de inglés ¢ alemfio eram frequentes of distiirbios e as explica- bes dos professores as veves acompanhadas de ‘rafos sobre as carteiras, ou de outras manic festagdes de indisciplina. "Teondo, pois, pedido a demissto 0 antigo director cuje sa(ide era preciiria, procurava o Ministro do Fomento, Sr. Dr, Manuel de Brito Camacho, entre o: professores do Instituto, quem o substituisse, sendo-Ihe lembrado 0 antor destas linhas como candidato possivel para esse lugar. O's Dr, Brito Camacho, que apenas me conhecia de nome, mandou-me perguntar pavtioularmente se desejava tal cargo. Agradesl ¢ Jembranga, mas, antes de dar uma Fesposta firme, mandei pedir ao Ministro, pelo mesmo emissirio, o Sr. Jaime Batalha Reis, f obséquio de passar a vista por um opriseulo publicado em 1892, em que eu expusera & o gmatae que julgava deveria seguir-se para melhovar o ensing {éenico, prineipalmente no antigo Instituto (’)- 1g neferido oprisculo desagradasse X maiorin dos professorcs q° & Jeram, pare~ cia-me, com essa resposta, ter desviado definitivamente @ perspectiva de ser eseothido para cine foie de tm cargo, naquela ocasito sobretudo, pouen 5 wvejavel, mas que poderia seduvir-me se fosse posstvel por em prition uma organizagiio escolar cujo éxito me parecia seat g a veasito propicia para « experiéneia, pois cuidaya se in fazer um esforgo sério para melhorar a nossa instrugio p) bli ‘Tinham alegado os meus criti Wy quo as ideias expostas no referido folhieto, cone quanto razotiveis em si, eram inaplicdvel entre nos por serem eivadas de estrangeirismo. J Grganizagio que en recomendava em 1892 nada dha de original, mas era com efeito inepirada pelo que vira aplicado com vwntagem ¢m ‘cscolas estrangeiras que frequentars como estudante durante oito anos. do enaing to isboa, Jigioo para e Tnatituto Industrial ¢ Comercial de () A. Bensande, Projecto de refor parecer separado, Lisboa, 1892 TECNICA 100 Jabeu de estrangeirismo foi um dos principais argumentos que levaram a comissio de ensino, de que eu fizera parte, a rejeitar o men projecto, Aplicando o mesmo critério is escolas dos paises mais adiantados, & claro que nenhuma eseaparia a igual sentenga, pois em toda 9 parte se tem aproveitado a experiéneia alheia em assuntos de instrugio ¢ edueagio, sendo por isso uma boa escola sempre, mais ou menos um produto internacional. ‘As particularidades tradicionais das nossas escolas no podem considerar-se genui- namente portuguesas, como pensavam os meus eritieos; representam caracteristicas de organiaagdes escolares persistentes entre nds, mas que jé desapareceram ou se modificaram nos paises progressivos donde as importimos no passado, ¢ nada provava que o processo til noutros tempos néio fosse igualmente vantajoso em 1892. Com surpresa recebia, dias depois da minha resposta, o convite do Ministro (que lera © meu pequeno trabalho), para me enearregar da direcgio da escola e proceder imediata- mente ao estudo da sua remodelagio, de modo que os cursos de engenharia civil e de minas da antiga Escola do Exéreito funcionassem no futuro Instituto, que passaria @ ser uma escola técnica de gran snperior. O Governo Provisério ia transformar a Escola do Exéreito num estabeleeimento exclusivamente dedicado a estudos militares. A minha surpresa provinha de desconhecer eu, entio, a superior inteligéncia e a alta cultura do Ministro do Fomento, livre dos preconceitos que levavam e ainda hoje levam outros ver nas nossas tradigdes acndémicas elementos exsenciais de progresso do ensino, E desconhecia também que o Sr. Dr. Brito Camacho, depois da sua formatura, frequentara fora do pais escolas onde vira aplicar processos semelhantes aos que en preconizava, Delineada a organizagio escolar (exposta na sua esséncia no decorrer destas notas) ¢ diseutida, ponto por ponto, com o Ministro, foi ela finalmente decretada a 23 de Maio de 1911. Desdobrava-se 0 antigo Instituto em duas escolas especiais, no chegando a deoretar-se a organizagio da segunda, o Instituto Superior de Comércio, que, mais tarde, {oi inspirada na do Instituto Superior Técnico. Ao aceitar 0 cargo de director do Instituto (Dezembro de 1910), previa com nitides as dificuldades de o reorganizar desligando-o quanto possivel dalguns dos nossos processos tradicionais; receava que elas me obrigassem a abandonar a empresa antes de conelufda, comprometendo assim os salutares ¢ singelos principios em que o Instituto in ser basendo. Nao me faltava certa preparagio para tentar o empreendimento, embora tivesse mais, confianga na minha vontade do que na minha competéncin. Ensinava havia muitos anos, tinha assistido ao inicio do grande desenvolvimento da indiistria e do ensino téenico realizado na Alemanha depois da guerra de 1870-1871, por ter frequentado duas escolas tGonieas e duas universidades alemas de 1874 a 1882; ¢, de volta a Portugal, continuara seguindo com interesse a orientacho desse movimento pedagdgico, que, gradualmente, se impés, mais ou menos, aos pafses progressivos, inclusivamente 4 Itélin, que tem tantas afinidades com Portugal. Hoje, dez anos volvidos, pode dizer-se que a experiéneia realizada no Instituto deu resultados to satisfatérios quanto o permitiram as nossas condigdes. Devo declarar, porém, com toda a sinceridade, que estou muito longe de atribuir a mim mesmo grande parte nesse éxito. Com um Ministro menos inteligente ¢ menos livre dos preconceitos da rotina do que 0 Sr, Dr. Brito Camacho, a criagio do Instituto, em bases que conduziram a bons resultados imediatos, no teria sido possfvel e, uma ver aceito o projecto da sua organizagio, ainda pouco on nada se terin conseguido sem a excelente colaboragio dos meus ilustres colegas. $6 reelamo para mim um grande quinhio na responsabilidade da escolha do corpo docente. Nas notas que seguem, exponho as ideins directrizes que nos guiaram, descrevo o que se pretenden realizar e at6 que ponto foi possfvel faze-lo, comento os processos empro- gados no Instituto, em contraposiglo com os tradicionais nas nossas escolas, que pusemos TECHICA, tor de parte, ¢ historio também algumas das difleuldadss, ne foi preciso veneer parn que a sacbla. vingnsso; ser interessante conhesé-las, & quem pretenda tentar qualquer tarefa ceo sante. investindo contra a rotina, pois com elas tera de medir-se mais ou menos. ante: de aredacgao destas notas como o ltimo acto da missio de aus me “EN 9 Governo Provisério, embora esta nao esteje inteiramente cumprida, A obra nio poderé 2 ee vermy-se eomplcia enquanto o Instituto nfo for convenientemchis instalado; mas, ggragas, sobretudo, h colaboragto dos meus eolegas, conseguin-se o mais diffeil: fazer duma Braet adente e desnoreditada um dos melliores ostabelecimenios de ensino do Pats, segundo opinito de nacional e estrangeiros competen tes, ‘see resultado constitui a demons- tregdo experimental da ufilidade dos processos adoptados no Instituto, euja deserigio poderd ser de algume utilidede jmediata ou remota para os nove escolas. E também esta poders s0° Gfleragtio que me Levon aredigir estas notas, euja doutrina é da minha exclusiva responsabilidade. Hoeanierreanstfineiae podem sniquilar o Instituto: « primeira ¢ talvex a mais de recear én faeilidade (niio ouso eserever a inconseincia) com de 8 decretam reformas, Gomprometendo quage sempre os resultados adquitido ‘A segunda reside nas dificuldades Haeersras do pais; a actual depreciagio da moeda tornard mpossivel a vida normal da cecala, se a8 suas receitas nfio forem consideriwelmente aumentadas. ie, por inflicidade, essas ou outras cirounstineias determiners.» rufna do Instituto on do expitito que nele domina, sinda a experiencia nfo teri sido imitil; preparou ele para fn vida profissional um mimero elevado de bons disofpulos ¢ mostrou ao mesmo tempo, priticamente, como é fil conseguir tal resultado quando, ao organizar e eonduzir a escola, fe poe de parte qualquer outra preooupagio que m0 seja 0 progresso do ensino, E chm petar que absndono a direegto do Instituto, o ane fac nfo s6 por conside- ragBes pessoais, alleias aos servigos da escola, ue & ss me obrigam, mas também por Teer que, nas condigies aetuais, o Tastituto degenere sem a esteja nas nossas mios hilo, mio querendo, nesse caso, presidir 4 ruina da obra fut edificagko foi, durante Shos, a'minha preooupagto quase exclusiva; além disso, também porque os cuidados da Arrecedo do Instituto, que 6 ume escola bastante complex, juntamente com os do ensino, setpaorventes em excesso para um professor no fim da sua carreira e na idade em que omega a sentir-se 0 peso dos anos. Lisboa, Abril de 1921. PARTE I 4 instragio pidlicn. tem por aleo 0 indieidvo ‘ea wriedade, o benefice dy cidade © a wtitidate da repli liens cc ss-<, Cumpre, pois, que essa edveasio fatsleeteal varios cata dois fs © que por ieeo stja eonsiderada a duas ze. ‘Auexsxonn Hancutxo AOpienon, vol. 3° 68s PH) OS ALUNOS © Instituto Superior Téenieo foi criado com o intuito de forneves 00 Pais engenheiros que possuam nfo #6 0 stber, mas também as qualidades necessirins para que, prosperando ane Fda. profissional, contribuam ao mesmo tempo para © Tost Progresso econdmico. in Prokemil iio. perder de vista que, dadas at nossas condictesy escola deve fomneoer homens eompetentes de preferéncia & indsistria partioular ¢ nfio predominante- mente aos servigos da administragio publica. TECNICA 102 Se o Instituto se limitasse a criar candidatos a empregos ptiblicos, quando jt actual- mente uma percentagem muito alta de engenheiros portugueses se encontza 20 servigo do Estado, viria ele aumentar ainda uma das grandes dificuldades nacionais, que reside no enorme ineremento da sua burocracia A este perigo pode obviar a escola, em parte ao menos, ministrando aos séus alunos ‘uma instrugio imedintamente aplicivel & indiistria nacional, o que cria a procura destes por parte dos nossos industriais, e desenvolvendo nos alunos agpiragdes sadias pela acgfo edueativa que os proprios métodos de ensino ¢ a organizacio escolar sobre cles exergam, Quanto melhor ¢ mais ficilmente apliciivel a instrugfo ministrada, tanto maior sera a tendéncia do aluno para tentar a conquista duma situagio na vida pelo proprio esforgo, se, A instrugio conveniente, aliar as indispensiveis qualidades morais, avultando entra estas a posse de uma vontade disciplinada. A escola compete, pois, dotar também os seus alunos com os habitos essencinis para © éxito na vida profissional. Tanto as virtudes como o8 vicios sfio hibitos, ¢ toda a nossa vida 6 um feixe de hébitos, organizados sistemticamente, qne se adquirem pela repetigio. A primeira cireunstincia a considerar, ao criar-se o Instituto, foi a qualidade da matéria prima aluno; do seu modo de ser depende a escolha dos métodos destinados a tirar o melhor proveito, no sentido indicado, das suas disposigdes naturais, assim como a eliminar ou atenuar os sens defeitos para o adaptar As nossas necessidades © realizar 0 nosso programa. Hé quem explique os fracos resultados obtidos em algumas das nossns escolas, como consequéneia da m& qualidate dos alunos portugueses; 6 cdmoda explicagio para quem deseje alijar a parte de responsabilidade que possa caber-Ihe em tais iracassos ¢ que s6 poderin tornar-se aceitivel se as referidas escolas fossem perfeitas em todo o sentido. Alunos excelentes siio raros em toda a parte; pois, se assim nfo fésse, tornar-se-inm os educadores mais ou menos iniiteis. A bondade do aluno depende, naturalmente, das suas qualidades inatas, das condigdes do meio ambiente que sobre ele actuaram ¢ da bondade dos educadores que o dirigiram desde a infiincia, entrando nesta categoria é em primeira Tinha sens prdprios pais, A experiéncia de muitos anos permite-me assevorar que o estudante portugués é em média, tio bom como o dos diversos paises mais cultos da Europa('), tendo no entanto, como todos o8 outros, qualidades ¢ defeitos que Ihe sfio mais ou menos peculiares. 0 aluno portugnés 6 0 inverso do inglés, por exemplo; se este 4 quase sempre, menos vivo de inteligéneia, tem, ao contriirio do nosso, muito mais energia fisica e uma vontade acentuada de conquistar a’ independéncia pelo prdprio esforgo. O mesmo se pode dizer do rapaz americano, possuido do desejo de se instruir no tanto pelo amor da eiéneia, mas porque esta significa para ele délares e fortuna (?). Afora a maior viveua intelectual, que é apandgio das ragas do sul, as caracteristicas diferencinis do nosso aluno sfio devidas, sobretudo, is condigies em que foi criado. Em Inglaterra euida-se hd muito, com o maior desvelo, do vigor fisico da mocidade escolar, mais, tis vezes, qne da sua instrugio, Pensi-se que 0 vigor fisico, o ser «um bom animal, & « primeira condigio de éxito do homem, ¢ 0 ser a nagio formada por gente robusta, o primeiro elemento de prosperidade colectivan. (H. Spencer). E tudo se fax em () Esta 6 tambim a opinido dos professores estrangeitos do Tustituto, respectivamente antigos diseipatos de ‘calontas oscolas de Franga, Suiga, Bélgiea e Itlia @) Fraser, apud birmnin Roz, £’énergie anéeiowine, Paris 1910, 5: ei. p. 120, TECNICA 103 segpreennereee rere Inglaterra, como nos outros prises adiantados, pars quey pelo menos a mocidade das escolas seja realmente forte e sadia. Se aang ve procede assim ; tuo conspira contra o vigor fisico do aluno e pouco ow nada se tem feito para o defender. In 8 tea edificios escolares, no contririo dos ingleses, americanos ¢ oem slo goralmente insalubres 0 candidato % matrfeula ¢ apenas obrigado a apresntar a certidiio Beso. vacinado contra a variola, como se fosse essa a dniea dence du faz perigar a te ter eee Tonsos Bilhos. No se presta, por exemplo, a minima atoncho A avariose ¢ 8 Titroutose, doengas cada vez mais valgares e terrivels pelas suns consequéncins para 0 Futare da populagao portuguesa, sendo certo no entanto qne é mais urgente ainda evitar a gua degenerescéneia do que instrui-la e edues-la(') “Chm organiamo vigoroso merece sempre set conservado, embers nfio possna talento algum, porque a eapacidade intelectual poderd decenvolver-se indefinidamente na sua ae eerie ao passo que wma inteligéncia culta num individao fraco pouce valor tem, io 86 porque sua deseendéncia se extingue em uma on duas gerages, mas também porque, sendo a Iuta pela vide cada ver mais intensa, © probabilidade da vitéria ¢ muito Tnaior para o homem que dispde de robustez». Sem gente robusta, nem a agricultura, mem as artes) nem, 98 cigneias, poderto dar passo, e esta 86 se pode formar por meio da eduenglo fisica dirigida pelos ditames da natureza». we econtemente se vio introduzindo 0 desporto atlético « 08 jog98 M0 A livre, admirdveis para desenvolver o vigor, a onergia e a diseiplina, tendo-se estes generalizado fin poneo, mais por iniciativa da propria mockdade, do que pela intervengio dos seus educadores. ‘0 Tnatituto deveria possnir para uso dos seus alunos, pelo menos ui Cony? destinado 1 jogos ao ar livse.. .. um balnedrio, uma sala de gimnistica, wma cantina que The forne- Ses, por preco mOdico, ligeiras refeigdes durante o din, assim como umas salas onde prideasém estudar ou simplesmente divertir-se honestamens® © estabelecer enire si relagdes aeneerenidade, preciosas para as suas futures carreiras, desviando-of 29 meSN0 tempo de més companhias ¢ de mil perigos. Soeenenage instalagdes do Institto sto ko miseriveis ¢ acembadass ave nada do que fon @ito se Ihes pode proporeionar, embora no plano de novo eiificio tais instalagdes existam em projecto. cavee e impossibilidade de dotar-se a escola desde a sua fundaetc cot estes bene- fiejos, pus-me em eomunicagiio com a filial da Y. MC. A. (Youngmen’s Christian Associa- tion), logo que esta se organizon em Coimbra, procurando induzir o Sr. M, Clark, sew director, a criay em Lishoo, outra suenrsal para estudantes, ‘0 Sr. M, Clarek, depois de ter sretide’o nosso desejo & Direogao Central em Nova-York, promot estudar 0 assunto, Vindo depois a falecer sem poder cumprir a sua promesse, Consta-me, porém, que vine aeree aesocingao americana estuda as possibilidedes de erlar wine filial nesta cidade. ~} nico benificio que, no Instituto, conseguimos introdusis, NRO ® favor da cultura fision, mas simplesmente da saride dos seus altunos, foi. 0 ‘esiabelecimento da inspecgio aaceria antes da matricula, a fim de excluir os candidatos fisieamente incapazes de sooner a profisaio de engenheiros, assim como os atacados Por doengas susceptiveis de () af, cam eit, proviso tar esta, como ev, om contacto deals outs 0 Tt criangas que feoquentam as sowsas Coa grindrins secundtas, para anor uma icin clara do estado de WiC fisjoldgiea ero que elas #0 aaa aoe poder avalae 0 pesigo que nos ameasa, se nfo pensarmos a sirio na maneira de o conjurary. 8, C.da Costa Suemtura, Proteegdo a primeira infencia, p.8, Lisboa 1912. TECNICA 108 sta transmitir-se por contiigio aos seus cnmaradas, medida esta cuja necessidade a experiéneia fizera sentir, Esta disposigio, decretada a pedido do Instituto, foi posta em pratiea pela primeira ver no ano lectivo de 1919-1920; ainda que util, esté longe de ser suficiente, mesmo como medida preventiva. 0 combate nas escolas contra a sifilis, por exemplo, 6, na opinido dos competentes, assunto de maior urgéncia ; neste sentido deveria, segundo penso, organizar-se junto da escola uma consulta gratuita para os alunos em que a doenga tenha pasado fase intransmissivel, sem defxar por isso de ser uma ameaga para a vida do seu portador e para o vigor da sua descendéneia, Deveria distribuir-se anualmente a cada aluno um panfleto no qual se resumissem os perigos das doencas venéreas e da sffilis, contendo igualmente indicagSes sobre a sua profilaxia; e cousa semelhante se poderia fazer relativa- mente 4 tuberculose, Mas isto ¢ 0 mais que no mesmo sentido se poderia tentar, guiando-nos pelo eonselho dos profissionais, ¢ pelo exemplo dos pafses escandinavos principalmente, importaria despesa no prevista na dotagio do Instituto, que bem longe esti de bastar sequer para os gastos mais urgentes da instragao. A enlinra fisiea bem orientada comega, no entanto, a contar alguns amado- res entre os nossos esindantes, como 0 prova, por exemplo, 0 volume n.” 16 da colec- giio «Os Livros do Povo», intitulado Escotismo (Lisbon 1917), redigido por um aluno do Instituto (’). s nossos estudantes estiio certamente preparados para accitar com entusinsmo tudo © que, nesse sentido, se Ihes ofereca. E no entanto bem urgente que os nossos pedagogos pensem também na educagio fisiea da mocidade portuguesa, que deveria comegar no seio da familia, continuando-se depois nas escolas, onde nada ou quase nada se tem feito nesse sentido. Na Suiga e noutros paises adiantados nfo existe escola primiria ou secundéria, por mais modesta que seja, sem ter nos seus programas horas eertas para exerefeios de cultura fisiea, dirigidos por gente competente, Engnanto nao nos inspirarmos em tais exemplos, 0 nosso aluno teri em média menor vigor fisico do que os seus colegas desses patses. Essa inferioridade, que se reflecte nos esindos ¢ depois na vida, de muitas maneiras, cessaria provivelmente no espaco de uma ou duas geragdes. Até sob o ponto de vista estritamente econémico, o Pais teria todo o interesse em que 0 capital empregado na manutengio das escolas tivesse 0 seu juro garantido pelo vigor dos estudantes, A aspiragio 4 independéneia pelo proprio esforgo ¢ um elemento moral de maior valia para o éxito na vida, mas, infelizmente, aquele de que o nosso aluno mais costuma careeer. Essa falta parece igualmente devida hs condigées do nosso ambiente, Ninguém pode aspirar A conquista da independéncia pelo proprio esforgo, sem ter a conviegiio de que esse esforgo pode realmente condusi-lo & independéncia; para que tal conviegio exista 6 necessirio que se realizem duas condigdes: ter-se confianga no saber adquirido, e a certeza de que o homem sabedor encontra entre nés, em troca do seu esforgo, a retribuigio proporeional aos servigos que presta 4 sociedade, Ora, nenhuma destas duas condigdes se tem realizado correntemente entre nds; nem tem havido grande procura de gente realmente competente, nem um rapaz que inicia a () A excelente obrazinka expe a acgGo benitica fisiea © moral dos exereivios ao ar livre, © 6 da autoria do Sp, Alexandre Borges, excelente aluno do curso de minas. Ticmica 108 vida em Portugal tem tido, em geral, grande conflanga no que Ihe ensinaram na escola, como arma para a conquista do seu bem-estar e da consideragio piblica, que é, sobretudo para os novos, um estimulo ainda maior que o po cotidiano, Sendo assim, 6 manifesto que penoseo altino, mesmo o mais estudioso, no pode ter tanta £6 nas préprias forgas, como © seu colega inglés, por exemplo, que vive num pafs onde o competente enérgico tem geralmente a sua subsisténcia garantida. Por isso, a competéncia profissional, quo em Inglaterra, por exemplo, tem infinita- mente mais importineia que o diploma da eseola, passa aqui para o segundo plano, havendo entre nds proporeionalmente talvex tantos incompetentes que vivem 86 2 custa de previlé- gios conferidos pela carta de curso, como em Inglaterra haveré competentes sem diploma, vivendo it custa do seu saber. Em Portugal nfo tem havido sempre em que empregar utilmente muitos dos diplo- mados que as nossas eseolas pdem enda ano em cireulagio, porque a instrngao que Ihes tem sido ministrada nfo seré sempre a que mais convém; doutro modo as noséas riquezas naturais © as das nossas colénias teriam melhor aproveitamento, ¢ a sua exploragiio poderin ettpar muitos homens instrufdos, mais talver, do que as nossas escolas poderiam fornecer; Gail existéncia dum proletariado mais ou menos inteleetnal, elemento perturbador do nosso equilibrio social") Para alimentar os diplomados, que numa sociedade bem equilibrada devoriam contri- Ini para o bem-estar da colectividade, continua a empregar-se, com ligeiras alteragées, um dos processos que conduairam 0 Pafs 3 rufna nos tempos da monarquia absolute. Q rei tinha © dever moral de alimentar os seus fidalgos; a formula moderna, condueente ‘ao mesmo resultado, 6 ontra; inventow-se a teorin corrente de que o Estado, facultando a toda a gente fa instrugio superior quase de graga, tem ainda a obrigagio moral de dar garantias ‘aos diplomados, ou seja, de alimentar & custa da coleotividade, por meio de empregos piiblicos, aqueles que & eseoln vio buscar a earta dum curso superior ao aleanee de quase todos. Ao diploma de nobreza, outorgado pela munificéneia régin, andavam ligados eertos proventos que punham o agraciado ao abrigo da Inta pela vida. No parasitismo moderno substitufu-se ao diploma de nobrema a carta de onrso, ¢, & yontade do rei, a do influente politico sem conseiéneia, que desbarata os recursos da nagio criando lugares na administragie pibliea para os seus apaniguados (’)- ividentemente o aluno portugues, cuja nogio da vida é claborada com a experiéneia dos factos observados, nfio pode aceitar como evidente o axioma inglés ou americano: © bem-estar futuro dum rapaz depende exelusivamente do sen esforgo c da sna competéncia. Polo menos, nas carreiras oficiais, tio apetecidas, a experiéneia mostra-the, pelo contririo, qno, seja ou no competente ¢ enérgico, o seu bem-estar futuro nao depende tanto dos seus méritos como da protecgiio de que dispde. (© aluno portugués niio tem grande £6 no préprio esforgo, porque a observagio aigrin the tem mostrado que @ subserviéncia ¢ a consciéncia acomodatfcia siio, muitas vezes, a8 melhores armas para a conquista do bem-estar. Na luta pela vida as qualidades imiteis atvofiam-se em favor das necessirins para aleangar a vitéria, ‘A instrugio deficiente, combinada com o nepotismo politico, tendle a corromper 0 () «A consequtncia deste estao do caltuea intelectual, alsa, inapliedvele violent, & que as muitas expetangas mnentidas, a6 muitas ambigSes recaleadas, tados os anos arremessam para a arena dos bandos efvs centonares de igenerosos, que, insoftidos aute win prospecto do miséria, se arrojam is Tiles politica, para perveercm ou proarem no sever detecedo do patringnio da repiblieay. Alexandre Hercalane, Opisewlos, . vis, 8° ed p. 78. () nc. la production directe des bions éeonomiques est souvent fort péniblo; Vappropriation de ees, ienss produits par autruiy est parfois aston facile, Cotto faclité a été grandement accrue depuis quan a imaginé deffectuer In apoliaion non contro fa fol mais au moyen de la loi, Ville Pareto, Ze ayatines soialeer, Paris 1902, vl 1 p- 110 TECNICA 106 ter ne ardicter da mocidade, atrofiando-lhe a ambigiio, normal noutras civeunstineias de conquistar uma sitnagio na vida pelo proprio esforgo. A falta frequente de aspiragies sadias do nosso estndante, a sua deficiénein moral mais vulgar, 6 pois determinada, em grande parte ao menos, pelas nossas condigdes sociai O nosso aluno normal possui uma rapides de compreensio igual e, &s vezes, talvez superior A dos rapazes que frequentam as escolas da Europa central. E esta a maior das suas qualidades inatas; as que deveriam ser desenvolvidas pela educagio faltam-lhe, porém, muitas vezes, O seu poder de assimilagio é qudsi sempre muito inferior ao dos estudantes cuija edueagito foi cuidada desde a infincia, Pode dizer-se até que, entre os nossos estudantes, a faculdade de assimilag%o costuma ser inversamente proporeional facnldade de compreensio; quanto mais fheilmente compreendem, mais facilmente esquecem. E que compreender, ¢ fixar o que se compreende, sio cousas diversas. Este deficiente poder de assimilagdo tornaria duvidosa a utilidade das nossas escolas, se resultasse dum defeito da mentalidade portuguesa; provém, porém, apenas do ensino verbalista de que o aluno foi vitima, quase sempre, desde a infancia O seu saber foi-lhe transmitido sob a forma de simbolos actisticos ou dpticos, a que niio associa ideias precisas, ¢ por isso, o contetido da sua consciéncia ¢ fatalmente formado por um pequeno micleo de experiéncia, envolvido em névoas verbais. Entre nés tem-se estudado, em geral, mais para o exame do que para saber; podendo-se quase sempre, sem inconveniente imediato, esquecer tudo quanto se aprenden, passada que seja essa formalidade. E 6 isso realmente 0 que acontece © muitos. Os exames vio-se fazendo 4 medida que se vio frequentando as varias cadeiras dum curso; terminado que seja o exame da iiltima cadeira, pouco importa que nada se saiba jé das matérias estudadas nas precedentes, pois esti-se de posse do diploma do referido curso, que 6, afinal, o principal objective que o nosso aluno costuma ter em vista. O esforco do aluno’ para reter 0 que aprenden é pequeno, porque esse esforco tem sido quase indtil para aleancar 0 diploma, ‘Além disso, a assimilagio completa torna-se dificil ou impossivel, ainda que o aluno para tal fizesse esforgos, visto 0 modo como o ensino é frequentemente ministrado ('). Nao admira pois que, tendo sido submetido a este regime, que apenas comega a ser substituido agora numa ou noutra disciplina, numa ou noutra escola, o aluno nfo tenha desenvolvido 0 hébito de assimilar o qne Ihe ensinam, ¢ conserve apenas impressbes vagas € pouco duradoras do que estudou. A experigneia do Instituto mostra que um regime escolar mais sadio, om que 6 condigho essencial de éxito reter o que se compreenden, desenvolve rhpidamente no nosso aluno o poder de assimilagio, colocando-o, neste ponto, provivelmente a par dos seus camaradas estrangeiros. () Dois exomplos 12 Un aluno muito inteligente, de 14 anos, duma es0ola ofeial de Lisboa, recitou-nos com desembarago os nomet «das partes constituintes do corpo da abelha; apresentando-se-Ihe o proprio insocto, nfo sabia distingui-las, 2 Um alune, aprovado em fisiea em duas das nossas eseolas suporiores, explicava razodvelmenteo fenémeno da interfercncia da luz em laminas delgadas mas, om presenga do préprio fendmono, nfo o reconhece. ‘Quando se citam eatos destes, & costume explied-los como consequéncia da falta de dinheiro para aquisigto do material de demonstraso nas eseolas, Esta deseulpa nfo pode alegar-se nos vasos eitados; nem faltam abelhias ein Lishoa ao aleance de touos, nem estilhas de videaca por toda a parte. TECNICA 107 [A selecgdo escolar, segundo as nossas nossas tradigdes, tem consequéncias nefastas, nfo s6 para o saber, mas também para o enrieter da mocidnde académien, Ela efectua-se Turante'o quarto de hora de exame, muitas vezes a favor dos espertos pouce eserupulosos, que estudam 4 altima hora como quem aprende um papel de comédia, que é imitil reter depois de terminada a representacto. Dos honestos e trabalhadores, nem todos ousem afrontar o exame sem a consoiéneia de que sabem, eonsciénein por vezes dificil de adquinir, dada a mancina como of ensinaram ; oe tfrontasn 0 exame, sendo menos desembaragados do que os primeiros, so, as vezes, classificados inferiormente. "Todos o8 que convivem com estadantes onviram contar as faganhas dalguns ares estudando 2 ‘ltima hora, obtiveram melhores notas de exame do que outros menos nlte- Gidos, mas que conheciam melhor a matéria por terem estudado mais conscienciosamente. oagados frequentes de éxito dos andazes sem esertipulos Tevaram, até a espelhar-se qnire 0 inaciiade eeadémien a nogio que é numa espéeie de charlatanismo bem falante, core nes favoreeido nos exames, que consiste 0 verdadeiro mérito, Os alunos mais Teinstoe © aplicados, talve menos vivos mas tantas vezes mais profundos, dicos de quem | averia a esperar uma acglo persistente nos dominios da eiéneia on em quaisqer oultys, way velegados para uma categoria inferior, sendo ts vores, alvo do desprezo dos seus colegas. Dee: sistema tradicional eoloca com frequéncia em segunda linha os que trabalham para saber, e, em primeira, o8 presigosos espertos que fingem de stbios('). Tal seleogto, Pentinuads persistentemente hé tantos anos, n&o podin deixar de ter efeitos fanestos sobre sergoneepgdes morais de muitos dos nossos rapazes, Na sua inexperiéneiny on melhor, em Wemide de experiéneia adquirida nas escolns, aceitam eles, como principio geral de apli- Qagdo cotidiana, a nogto de que, para prosperar na vide, 6 preciso nfo ter esertipulos e saber fingir. (O snesmo processo de selecgao & também o que tem sido aplicndo no preenchimento de muitas vagas do professorado, nos conctxsos doeumentais ou nos tomeios oratérios a que se tom dado o nome de concnrsos de provas péblioas, @ em ave a8 notas obtidas nos ae ee feitos da. maneira indicada, jumtamente com a espertesn dialéetica, entram como ‘elementos de valor no aparamento do candidato, i ie veltiian ug poueo sobre as consequéncias directas ou indirecias de tals processos de selecgio, part reeonhecer, por exemplo, tims das causas da nossa diminuta Mitividade cientifiea, tantas vezes substituida pela retérica. sea caans tragicionais formas de seleegio escolar, aplicadas com igual persisttncia a qualquer outro ambiente social, condusitiam aos mesmos re sultados, seniio a piores. ade estas, uma pereentagem elevada dos nossos rapazes manifesta qualidades qne teMlarcnvelvem quae sempre Thpidamente, transformando-se em homens to prosantes tomo os de qualquer outra nagto europsia das mais cultas. nein do Instituto felizmente tem provado. ( aeavse om Lisboa, a rspato do tnbalho jntleotual a ostrana opiaiSo ds ate s¢ uatetie de nto om tae ee oara conveybo ostensialmonts nacionl, a osiosidte ¢ 3 miedo ginioe R. Ortho ¢ Bra de Queitos, te Farpar, winero de Setembro de 1871, p. 18 (1. ebigo) Vit Técnica | 108 ito sa 108, no ais ata cia que tes do ade APROVEITAMENTO DA ENERGIA ATOMICA Vamos dividir esta exposigfo, alids sumé- ria, em 6 partes, a saber: Introducao em que recordaremos ripidamente as princi- pais aquisigdes da Fisiea eujo conjunto servin de base de partida para o ataque do problema do aproveitamento da energia atémica (mais precisamente, da energia nuclear); Cisdo do urdnio, a respeito da qual indicaremos 03 principais resultados conhecidos em 1940; Separacao do U em que resumiremos alguns dos métodos ensaindos com o fim de conseguir um enzi- quecimento industrial em U®: Maquina atémica com algumas indicagdes sobre a 1.8 forma (0 a mais interessante) em que foi aproveitada a energia atOmica ena qual nos referiremos também 4 preparagio do pluténio; Zomba aiémica, e Perspectivas de futuro. 4, INTRODUGAO A. realizagio efeotiva, em Chicago, em 2 de Dezembro de 1942, da 1. maquina atémica, consagrando a descoberta do apr veitamento da energia at6mica, constitui uma das mais brilhantes vit6rias do traba- Tho do homem, ¢ é sem exagero que alguém poude dizer que se mareava assim o infeio de uma nova era. Seria esta a era do dtomo... Nao se pode deixar do admirar esta extraordiniiria descoberta quando se pensa que foi s6 em 1896 que Becquerel, encon- trando a radioactividade, deu a primeira contribnigio directa para o estabelecimento dos seus alicerces. Em Dezembro de 1898 anunciavam os esposos Curie a descoberta do Radio, em Dezembro de 1942 era posta a marchar a 1.° méquina atémica! Em por ARMANDO GIBERT else iste pare a Alte ult arch, Mare 188 ©. D. 539.5 44 anos de trabalho, de trabalho realizado com métodos cientificos, guiados pelas leis da moral cientifien, alguns milhares de homens resolveram completamente um dos mais importantes ¢ Arduos problemas que © homem se pés a si proprio. Como diz 0 Prof. Lanvegin® «Cette découverte aura pent-étre pour l'avenir de la civilisation une importance comparable A celle qui permit aux hommes de mattriser la puissance du fou». Masta e energie, Poucos anos depois da descoberta da radioactividade, em 1905, j4 Einstein enun- eiava o seu prinefpio de equivaléncia que punha implicitamente o problema de que nos oeupamos. Com efeito, como consequén- cin da teorin da relatividade, Hinstein con- cluia que toda a massa m possui uma ener gia propria, ¥, dada por me? , em que ¢ a velocidade da luz no viewo, e esta equivaléncia realizava a fusio dos prineipios de conservagio da energia e da massa. Poderia entio perguntar-se: serio possiveis a transformagio da energia em massa (materializagfio da energia) e a trans- formaciio inversa (desmaterializagiio da ma- teria)? ‘A demonstragio concreta destas trans- formagées niio tardou. A materializagio da energia foi verificada em 1933 por varios autores sob a forma da chamada produeao de pares: um raio gama (foto) desaparece * — Do «La Pens nA, Pacis, 1946 TECHICA 109 ¢, em lugar dele, formam-se dois electrées, um positivo e 0 outro negativo, com ener- gins cinéticas cuja soma ¢ igual A energia do foto aniquilado diminuida da soma das energins equivalentes he suas massas. Reacgdes Nucleares A desmaterializagio da matéria ja era conhecida anteriormente (1932), ressaltando do exame cnidadoso do que se passa nas reacgdes nucleares. A primeira reacgio nuclear, a desintegracio do azoto por par- ticulns alfa, foi descoberta por Rutherford em 1919, Pode resumir-se pela «equagion Hef + NI of + Ht Que significado atribuir a estes simbolos © a esta wequagion ? ‘Os simbolos em si representam, como na Quimica, elementos, mas aqui referem-se aos «ntieleos» e niio aos itomos. Os {ndives que os marcam representam : os inferiores, ntimeros de protdes, os supe- riores, mimeros totais de protées ¢ neu- trdes do ntieleo respectivo. Por exemplo N}¥ quere dizer que se trata ao «isétopo» do azoto cujo niicleo é formado por 7 protdes e por 7 neutrdes (7 + 7—= 14), ete. Quanto \ seta serve para recordar, como jd se fazia na Quimica, que para certas grandezas (a energia por exemplo) aquele esquema nao é prdpriamente uma equa Finalmente notaremos ainda que, nestas equagdes, sti constantes, 2 esquerda e A direita, as somas dos indices que ocupam as mesmas posigdes (niimeros totais de pro- tdes e neutrdes ou mimeros de protdes). Assim, repare-se que 4+ 14—=17+1e 247841. Adiante alids justificamos melhor este simbolismo. Em 1932, Cokerofte Walton conseguiram provocar a desintegragio do litio por pro- t0es acelerados artificialmente, segundo a reacgio, a+ Hy Determinagdes rigorosas das energias das particulas e a utilizagio dos valores preci- » He} + He} TECNICA 110 enema ssteoemeuneenenencnteer sos das massas isotépicas, determinadas por Aston e outros desde 1919 (e em par- ticular desde 1927) puderam conduzir & conviegio que os prineipios da conservagio da massa e da energia deviam ser fundidos num tinico, de acordo com as conclusdes de Einstein, Balango Energético Por outro Indo, a descoberta do nentrito em 1932 levou a imaginar os nticleos cons- titnidos por neutrées e protdes. Um micleo atémico dum elemento com o simbolo qui- mico A e 0 miimero atimico Z, passou entio a ser representado por AZ*+*, om que N é © nimero de neutries do niicleo. (Como é bem sabido, o ntimero atémico %Z representa © niimero de electrées extranueleares). Ora, como o neutrio nio possui carga eléetrica € 0 ditomo é ellctricamente neutro, segue-se que o nticleo deve conter precisamente Z proties. Numa tel hipétese, consideremos um niicleo, por exemplo AZ+* . Se 0 nticleo existe é porque existem liga- ges entre as partfeulas que o constituem, isto 6, porque existe uma energia de ligagio que mantém a sua eoesio, Como explicar 0 aparecimento de tal energin ? Essa explica- gio eneontra-ge no prinefpio de equivaléneia de Einstein, e do seguinte modo. Represen- temos por my a massa dum proto em repouso ¢ por my & dum neutriio em repouso. Entio a massa atémiea A do micleo AZ*N deveria ser Z.mp +N. my para respeitar 0 prineipio de conservagio da masa. Ora veri fica-se que na realidade, para os micleos existentes (mesmo instiveis), se tem A<4Z.mp +Nomy isto é (pelo menos tudo se passa como se assim fosse, e 6 0 que basta): as partfenlas que constituem um miieleo pordem parte da sua massa no acto da formac&o do micleo, e 6 entio Licito supor que essa massa «desa- parecida» fornecen a energia necessirin para o estabelecimento da coesio nuclear. Uma tal suposigio pode ser ficilmente sub- metida ao controle experimental (¢ exclusi- vamente por isso ela se torna cientificamente a who ro ea via ven em aso. oS aro eri- ileos 10 se salas te da cleo, desa- sfria slear. sub- alusi- nente admiss{vel) fazendo o balango energético duma reaceio nuclear eujos componentes tonham miassas isotépieas bem conhecidas, Para compreendermos imediatamente 0 que € 0 balango energético duma reaegho nuelear bastard um exemplo, Seja a desintegracio do Iitio, atrds apon- tada, Li + Ht He} + He} Neste simbolismo, isto significa que um niicleo de Iitio (Lif), bombardeado com pro- tes (E!), se desintegra dando origem a duas particulas alfa, ou nticleos de hélio (Hel). Podemos supor, inicinlmente, os nticleos de Iftio em repouso, mas tanto os protdes como os micleos do hélio intervém anima- dos de energia cinética. Fazer 0 balango energético é comparar nfo s6 as massas, mas também as energias, dos micleos da esquerda com as dos da direita. (Presente- mente, a confianga na hipétese acima apon- tada é tio grande que muitas massas isot6- picas se tém determinado a partir do estudo de reacgdes nucleares convenientes). Vejamos agora 0 que a reacgio apontada nos ensina a este respeito. A massa atémica do Lif é 7,018163 e a do proto 6 1,008181. Por outro lado, » massa atémica do Hef é 4,003860. A diferenca das massas entre os dois membros ¢ pois 0,018574 U. M. (esta unidade 6 9 16. parte da massa do Atomo neutro, 0, de oxigénio e é igual a 1,660.10-* g). As energias medidas expe- rimentalmente, do proto por um lado, das duas particulas alfa por outro lado, apre- sentam uma diferenga de 16,95 MeV (0 eleotrio-volt, eV, é uma unidade de energia, e 6 a energia adquirida por um electrio quando sofre a queda de potencial de 1 volt. 1 MeV=10' eV = 1,60.10-* ergs). Se a hipStese atras feita 6 justa deve veritfica entre as duas diferengas referidas, 0 pr cipio de equivaléneia de Einstein, isto 6, deve ter-se 0,018474.c? = 16.95, ¢ 6 0 que se reconhece, exprimindo ¢ em umidades aproprindas. De facto, obtém-se assim para me? o valor de 17,2 MeV, em excelente acordo, dentro dos erros experimentais, com a diferenga das energins observa das. Ener det grama A interpretagio, que acabamos de dar, da origem da energia de ligngio dos micleos, uma vez.confirmada experimentalmente (por ‘uum grande niimero de observagdes indepen- denies © coacordantes), conduzin natural- mente a que se puzesse entio, com toda a clareza, 0 problema do aproveitamento da energia atémica, isto 6, mais prpriamente, da energia que cada itomo encerra na sua prépria massa. Esta energia ¢ iménsa, © dela oferece-nos a natureza uma reserva verdadeiramente inesgotivel. Assim cada grama de matéria eguivale a uma energia de 8,97.10” ergs—=25 milhdes de quilo- wwatts-horas. Compare-se, por exemplo, com a energia total que a série de barragens da célebre T. V. A, (Tennesse Valley Autho- rity) nos Estados Unidos da América do Norte é capaz de fornecer porhorano seu con junto: em ntimeros redondos 5.700 milhdes de KW, isto 6, bastarinm 228 g de matéria, inteiramente convertidos em energia, para produzir a mesma energia, Em mil anos bastariam 2,000 toneladas para assegurar este ritmo de produgio ¢ as mesmas 2.000 toneladas empregadas num s6 ano produzi- riam uma energia mil vezes maior. O problema deste aproveitamento integral da energia ainda nfo esti provivelmente resolvido. 0 qne so resolveu foi o aprovei- tamento parcial da energia libertada om certas reacgdes nucleares que so dio com perda da massa; desde a descoberta da 1" reacgio nuclear j6 ge sabia que esta energia existe, Vejamos agora algumas difi- culdades que se opunham & sua utilizagio. Principais obstéculos Em primeiro ugar, uma reaegio nuclear 6 um fonémeno nuclear individual, isto 6, em que intervém efeetivamente um tinico ‘cleo, A energia libertada numa tal reac- gio é pois necessiriamente pequenfssima, A\ do litio por exemplo, que é das maiores, 6 ainda apenas de 17 MeV, isto 6 cerca de 0,65 milionésimos de calorin, Para ter uma caloria, so pois precisas mais de 1 milhfo de reacgies destas. Felizmente também em peqnenos volumes existem mui- taMnilhges de mvicleos ¢ assim num milio- Weimo de milimetro ibico encontram se seu de 50 mil milhdes de nticleos. Em Segundo Tugar, uma renege nuclear 6 9% Te smeno raro. De facto, o grande némero Rtgs apontado é muito menos eficiente do {que se podria pensar em virkude das dimen- age dos nifcleos. Em média, um niveleo ten» weet eo. de 10 om, um Stomo um raio yo 8 om e wma moléenla de oxigénio de ga de 10" om. Quere dizer, se as oida- sere ije Madrid 0 Lisboa fossem os dois éto- eee de uma molGcula (e jé serinm dtomos muito proximos),o nvicleo de cada um desses ‘Atomospoderia’ ser constituido por wme pola de bilhar, wma em Lisboa, outra em Nadrid, Ora provocar uma reaccio nuclear 6 nesta imagem, atingir wma dessas bolas Ge "hilhar com uma outta bola de billar tirada, por exemplo, da Lua!! Todos com preenderio que a possibilidade de acertar Pho 6 grande. Deste modo, para provocdr nh emo tempo um grande mimero de Neacgdes nucleares, oapazes de produsirem ‘ne energia elevada, & indispensivel dispor de mimeros elevadissimos dos agentes pro- ceoadores. das reacgses. Em terosiro lugar, D problema é ainda agravado pela chron tancia de todos os micleos serem. particulas carregadas de electricidade positiva. Entio, quando 0 niicleo-projéetil se aprosims do deo alvo, a forga zepulsiva de Coulomb Tonde a afasté-los. i para combater esta tnteracgio de Coulomb que se procura sem pre conmunicar aos micleos-projéeteis Wms Pigvada accleracho. Esta consegue-se fazen- TeShes sotrer grandes quedas de potencial (da ordem do milho de volts) ou wm grande (aero de pequenss quedas aditivas (atin- frindo-se entdo dezenas de milhoes de volts, Boe eiolotrdes por exemplo). Assim certas possibilidades de desenvolvimento da Fisica Ruolear tm estado ligadas a aperfeicon- entos das téenicas da alta-tensio, da alta- -frequéncia, ete. SE entanto, se 0 micleo projéetil for um neutedo, eldctricamente neutro, 0 efeito Negative da interacgio de Coulomb nfo se Tati sentir. Por esta ranio, oneutrdoéoagente provovador de renogSes nucleares preferido. TECHICA 12 _conmsccireomssasionnacanssaNNReeN TN Fm quarto Tuger, quando se pense 29 aproveitamento da energie atémica 6 indis- ypensivel encarar o problema do rendimento, Pep g, 36 farh sentido (pelo menos indus ‘eelnente) pensar em aproveitar ess energis desde que ela seja maior do que a neces siria para a Ebertar. Duranto muito temp? jsto aparece como 0 obsticulo fundamental, vols so verificava que so dave precisaments © ventrério do que seria para desejar. Mas, em $938, a doscoberta da cisdo do urdnio velo abrir’ novas © vastissimas perspectivas 808 fisioos interessados neste problema. Tim quinto lugar, finalmente (para nko alongar.a exposigio}, quando se pensou dve ge poderia libertar a energia atémica, efecti- se Pronte, em quantidades apreeidveis, pos-se Tmediatamente 0 problema de saber come ipetimar, como canalizar, essa energia. No tempo “In cespeculagio» atomien(1938-1941) patecia realiaivel a produgio explosina (oque pena a dar a bomba atémica), mas recen- Tirge que fosse pritieamente impossivel 8 produgio condicionada (0 que Vina & dar Prequinaatémica), Afinal, na Gpocn 8 Uaivagio» atGmicn (1941-1940) verifi- cevse que, pelo contrario, é muito mais Shot regular a geragio da energia atémicn dis que provoosr a sua Tibertagio explosive vomleRciéncia. Mas nto foram os fisicos que fouram desnpontados com este engano das yrevisdes. «+ etas sto as prineipais difiuldades, de prinefpio, do problema em geral. A. elas se Poderiam juntar tantissimas outrasy de cor pore tbonico referentes i realizagho efectiva de cada uma das muitas centenas de reacgdes shucleares presentemente conhecidas ¢ esta dadas. 2, & C1840 DO URANIO Dicco este nome & ruptura do niicleo de finio, em dois niicleos de masses aproxi- vdarnente iguais entre si, em consequencis da captura dum neutrio. ‘6 fendmeno da eaptura dos neutrdes pelos igloos foi estudado desde 1984. De facto foi entio que Amaldi e Fermi descobriram Pt hamado wefeito parafina, que consiste no seguinte: a matGria e, em particular, a: subs wa- tiva joes tue tincias fortemente hidrogenadas, reduzem rapidamente a valores pequenos a velucidade ©, portanto, a energin cinética, dos neutrdes que a atravessam; ora verifica-se que estes neutrées, chamados «lentos», so projécteis muito mais eficientes que os nentrdes «ripi- dos», por vezes 100 a 1000 vezes mais (grossciramente, porque se demoram mais tempo dentro da esfera de atraccio dos nticleos). A descoberta da possibilidade de desacelerar neutrdes den deste modo um grande impulso fis investigagdes realizadas com essas particulas. Por outro lado, no mesmo ano, of esposos Toliot-Curie fizeram a importantissima des- coberta da rddioactividade artificial. Gracas ‘a esta, que se reconheceu ser propriedade da maioria dos produtos das reaegdes nu- cleares, foi possivel encontrar ¢ caracterizar 685 reacgdes das 1.000 que se conheciam em 1940... Os Transuranianos De entre os nentrdes lentos merecem espe- cial referéncia os neutrdes etérmicos», assim. chamados por terem atingido uma veloci- dade tal que a sua energia é igual 4 ener- gia de agitagio térmica das moléculns dum gas A mesma temperatura que o meio em que os nentrdes foram desacelerados. So estes os neutrdes mais interessantes do ponto de vista do fondmeno da captura. Neste tipo de reacgho nuclear tém-se equagdes do tipo AP 4 nf + AZPH 5 gama pois em geral é emitido um raio gama (ni evidentemente o simbolo natural do neutriio — zero protdes ¢ um neutriio). Em ge- ral, também, 0 niicleo produto é radionctivo. Da’ propria natureza deste tipo de reacgiio é evidente que cla cabe na grande familia dos fendmenos fisicos com ressonancia, De facto, como os Atomos, os micleos também tém os seus niveis energéticns evidente que @ renegio pode dar-se com uma enorme probabilidade se os neutrées tém a energia necesséria para levar o miicleo Az do sou nivel fundamental ao niicleo AZ" num dos seus niveis energéticos. Por outro lado, demonstra-se tedricamente e verifica-se experimentalmente que, para energias bastante menores que a energia de ressonfineia, a probabilidade de captura dos neutrdes 4 proporcional a 1/v. E a afamada «ei em 1/v», que expliea precisamente a raziio porque os neutrdes térmicos so tio favorecidos no fenémeno da captura, Note-se agora que neste fendmeno o nticleo resultante nio 6, em geral, estivel. Verifica-se muitas vezes que é um emis- sor beta, de acordo com a rencgio ASH ow a (e— 6 0 simbolo do electro negative, ou particula beta). Parece ter sido Fermi, entio ainda em Roma, quem primeiro reparou que se uma tal rencgiio se desse com o urinio, cle- mento 92 da tibua periédica ¢ «iltimo» dos elementos conhecidos, 0 produto seria qum elemento 93», isto é um transura~ niano. Feitas as primetras experiéncins, foi publicada uma nota em que era comuni- cada a existéncia de 4 perfodos diferentes nos produtos resultautes do bombardea- mento, por neutrées lentos, dos trés isdto~ pos estdveis do urfinio, A Descoberta da Cisdo Imodintamente se procurou quais eram os novos elementos. Kim particular, Hahn, Meitner e Strassman, em Berlim, fizeram um estndo exaustivo da questi. O resul- tado foi descobrirem-se 9 perfodos diferen- ies, 0 que arrastava a necessidade de admi tir a formagiio de novos elementos (sempre por emissées beta sucessivas) até ao mi- mero 97. O esquema de filiagdes (isto 6, de desintegragées sucessivas de elementos nou- tros) assim tragado era no entanto tito pouco provivel, por nfo se enquadrar de modo algum em tantos factos conhecidos, que, apesar da seguranga dos dados experimen- tais e da légica aparente da sua interprota~ gio, ninguém se dispunha a aceitar como definitiva a explicagio proposta. Wsta ati- inde dos investigadores cientfficos, essen cial, embora corrente, explicn 0 interesse despertado por esta questiio, rheHIGA Wa ¢gattremmmreunreccemenemenaaancnscecceaRR © primeiro passo importante para a des: cobetta da verdade deve-se a Curie © Sa- Viteh, em Paris, que em 1988 eneontraram Yim novo perfodo e reconheceram que a nov Substineia tinha as propriedades do lanti- io (elemento 57), mas infelizmente, um gsertipule. excessivo levou-os a recoasiderar fp cous primeios resultados © um erro Pos: terior de interpretagho fez oom que Ihes conpasse a descoberia da cisto. Mas Hal eGurassmnan retomaram as experiéneias de Gurie e Saviteh, e, através duma andlise ndmirdvel de preciso, chegaram em 1939 conelusio que um dos elementos resultan- tes do bombardeamento do urinio era 0 ppirio (elemento 56) que, por emissfo bein, Java o lantinio de Curie ¢ Saviteh. Entio havin que admitir este resultado extraordi- niirio, a existénoia da reacgio UE 4 ab + Bal + Krie* + Esta equaciio explica-se ficilmente, Com efeito 0 nimero de protdes dum micleo é sempre 0 mesmo em todos os mitcleos do peso elemento (embora se trate de iséto~ pos diferentes). Por isso, sendo 0 bario 0 Tiemento 56 (com 56 protdes) 0 outro Pro- Gato da cisto do uranio s6 podia ser 0 Kripton (porque é 0 kripton que tem 92-5686 protées no micleo)- ‘Hin compensagio o nrimero de neutrdes @, portanio, o mimero total de neutroes ¢ prottes & varidvel para cada elemento, 60" Forme o is6topo considerado. Como 86 se sabia que entre 0 birio ¢ 0 kripton se devia Gistribuir um total de 239 neutrdes © pro- tes, pos-se x (mimero deseonhecide) pars epinto.e, portanto, 239 —x (05 restantes) para o kripton. (Ora, o Kripton de mimero de massa mais clevado, tem o miimero 86 © para o brio fesse mimero & 138, A sun soma faz apenas 4, Nestas 224 particulas pesadas encon- veamese os 92 protdes do urfnio, mas dos {46 neutrdes deste (ou dos 143 do isétopo U5) ainda faltam mais de 10 neutrdes. Supondo-os Fepartidos mais ou menos p porcionalmente As massas, devemos, admitir pr rmagio de miicleos do tipo Bais e Kr, Gu mesmo mais elevados ainda, que vio TECNICA 14 necesshriamente aumentar o seu Z por emis- bes beta sucessivas até terem atingido um stado de estabilidade, Por outro lado, a fenergia de ligagio do urdnio menos a som fins energias de Tigagto dos produtos de lao dis um excesso de cerca de 250 millides de eV! ‘A noticia de uma descoberta tito impre- vista alvorogou, pode dizer-se, o mundo dos Fisicos nos inicios de 1939. Bm poucos meses Hnhacse deseoberto jé novas reacgdes de bisho & explicado todos os fendmenos obser- Grados desde que Fermi comegara a bom- Tuedear urdnio com noutrdes lentos. Foi s6 tentio que os americanos comegaram a inte- Gessar-severdadeiramentepeloassunto ea sus primeira contribuigio jmportante deve-se & TT Millan que descobriu um periodo de 2 minutos que devia ser atribuido a um U2" desintegrando-se num elemento 93, um verdadeiro transurdniano pois. A teoria da ciséo SEntretanto Bohr e Wheeler, guiados aliés pelas ideins de Meitner e Frisch, procuraram sever a teoria do novo fendmeno apoiando-se fo chamado modelo nuclear da gota de Hiquido, devido a Bohr. Neste modelo as foreas de coesio so constitufdas pelas forgas ftuactivas caracteristieas das partfoulas aneleares As quais se opdem as forgas de epulaio. clectrostitiea, Como s0 sabe quelas forgas 26 actuam a distineias muito turtas (da ordem de 10~'*em) ¢ por isso given efeito vai diminuindo } medida que G niieleo so torna mais pesado ¢, portanto, juaior, Chega mesmo um momento em que meondigao de equilibrio deixa de realizar-se @ se dé a ruptura ou cisto expontines. Um S{leulo grosseiro mostra que esta se pode esperar para um niicleo 100. (Na realidade, cepyssos descobriram que ela se dé.no pré- io urdnio, mas com um perfodo de cerca ae 10" anos). Nao admira pois que a cisio $e dé no urinio, quando nele penetra um neutrao. No que diz respeito ao wrinio, o8 restl- tados ossencias da teoria de Bohr e Wheeler resumom-se na seguinte tabela: as m as ws ou YL 99,3 Elomento .. Percentagens cisio (MeV)..... 50 527 Exeitagio provocada pela captura de um noutrio (MeV)... 54 64 52 A primeira consequéncia » tirar deste quadro & quo, se a teoria ¢ justa, a cisto nfo é posstvel com nentrdes lentos no U2* (isétopo abundante), mas apenas no isstopo raro US, De facto, Nier, com o seu novo espectrégrafo de massa, conseguiu separar uma quantidade do isétopo raro suficiente para poder concluir, quantitativamente, que era este 0 is6topo responsiivel pela cistio do urdnio. Reacgdes em cadeia Mas uma questo muito importante que se punha entio era a de saber, em suma, se «0 fendmeno da cisio provocado por um neutraio nfo poderia ser causa da emissio de mais de um neutron ou seja, se a cistio do urinio podia ou nfo ser origem duma reacgdo am cadaia. Joliot ¢ outros, em Paris, ¢ Anderson, na América, verificaram entio que, efectivamente, da cisio resultam neu- ttdesrdpidos, em ntimero incerto compreen- dido entre 1 e 3. Novos elementos Como vimos, os neutrdes répidos também podiam produsir a cisto no proprio 238, mas a probabilidade de cistio no 235 era entio muito menor. Como j& vimos, no urinio natural os neutrdes répidos perdem energia por choques elisticos, mas para certas cnergias a secelio de captura pelo US é muito grande. Forma-se entio o cle- mento U®, descoberto por Me Millan, e prevé-se a possibilidade da formagio de dois novos elementos, 0 neptiinio e o pluté- nio, Np ¢ Pasi, do seguinte modo UB nh» UP Nya? + 67 NpaP Puy? + 0 A teoria de Bohr e Wheeler previa que 0 pluténio deveria ser o elemento mais favo rével para a cisfo com neutrées lentos. De facto, segundo essa teoria, a energia critien no Pu seria de 4,35 MeV enquanto que a excitaciio provocada por um neutrio lento seria de 6,4 MeV. A diferenga seria pois de 2 MeV’ em ver de 1,1 como no U*, Outros resultados Por outro lado, verificada a existéncia de neutrdes resultantes da cisiio, ainda era preciso saber se eles eram expulsos no pré- prio momento da ruptura ou se resultariam. antes da perda de massa dos fragmentos resultantes da cisio que retomariam valores normais, deste modo, em vez de o fazerem exclusivamente por emissdes beta sucessi- vas. Para fazer esta investigagio mediram- -se as «vidas médias» dos neutrdes emitidos na cisio verificou-se que, além do maior ntimero que é emitido num intervalo de tempo inferior a 10-’ s logo apés a cisio, outros existem, em média 1 em cada 60 ci- sdes, cuja emissio ainda se verifica muito tempo, desde 0,1 a 45s, depois da cisto. Sto os chamados neutrdes «atrasados», cuja enorme importincia s6 se reconheceu mais tarde. A sua cnergia é da ordem de 0,5 MeV, enquanto que a dos primeiros varia de 1 a 3 MeV. Sabin-se ainda que a captura de neutrdes nko térmicos era muito pouco pro- vivel no U"* mas que o era muito mais no U" que possui uma resonincia a 25 eV (08 neutrdes desta energia sio capturados com uma probabilidade cerea de 1000 vezes maior que totalidade dos noutrées tér- micos). Como se vé subia-se entio {4 bastante do fendmeno da cisito, mas as incertezas ¢ as impreeisdes eram ainda muitas, O silencio Estava-se entio em 1940, em plena guerra total! Como é evidente, se as rene ges em cadein eram uma realidade, era também possivel imaginar o aproveita- mento para fins bélicos da imensa energia que a reacgio cexplosiva» provocaria. Eas revistas cientifieas deixaram de publicar artigos sobre a cisio do urfnio, . . TECNICA 5 peeeeecrntcinenincttt 3. SEPARAGAO DO U®* ‘Vimos hé pouco que era este 0 isétopo responsiivel da cistio. O isstopo 238, mistux Tago com ele e capaz, como a majoria dos ‘clementos, de absorver os neutrdes, 86 podia servir de obsticulo ao orescimento duma eventual reacezo em cadein, O primeira problema a resolver era pois o de obter U'* puro ow, pelo menos, urfinio enriquecido em 235. ‘Ora em 1940 a técnica da separagio de jsétopos 86 conduzia i produgfio de quanti- dades infimas de elementos puros @ era tanto mais delicada quanto mais pesado era © elemento considerado. Assim Nier, oom ‘o seu espectrografo, produsia apenas 1 mi- crogroma de U"* em 16 horas. Por supormos o assunto relativamente familiar no vamos fazer aqui mais do que tum rapido resumo de dois importantes mé- todos tipicos de separagio de is6topos, ° método da difusio térmica e o método es- peetrogrifico. Dum modo geral o que carace Prima 0 método é o chamado factor de separagio r—=(0{/n) / (m/n;) em que os n sip niimeros de moléculas dum ¢ doutro jsotopo e em que as plicas se referem & esses ntimeros depois da separagio. Tem-#0 sempre ¥ > 1 se 0 entiquecimento se faz no jsdtopo 1. 2) Método da_difusto térmica. Os dois factores essenciais deste método sio a difu- sho térmica e a convecgfio. Com o primeiro pealiza-se 0 entiguecimento num dos ishto~ pos, com o segundo consegue-se a repetiglo AO enriquecimento na fracgao jé enrique: ‘ids, No seu conjunto dispoe-se pois dum ‘nétodo oumulativo que pode conduzir a wm factor de separagho interessante. Vejamos como isto se consegue. Imaginemos wma foluna vertical cilindriea (de vidro, por exemple), cujo eixo esté ocupado por um flo metilico que se pode aquecer electrica- mente, A parede exterior 6 arrefecida por fora. Posto o aparelho em marcha, as molé- gulas comecam a difandir da zona quente para a zona fria, O fendmeno é no entanto vetraordinariamente complexo. Verifica-se aque, para as substincins fadceis de separar, wo 'shoque de duas moiéoulas de massas TECNICA diferentes, a resultante transferéncia de quantidades de movimento se dé de prefe- véncia das leves para as pesadas. Sio pois estas quo tém tendéncia a difundir mais fcilmenté e, portanto, a acumularem-se no zona fria, Essa acumulagio di-se, evidente- mente, até que se estabelece um estado esta- Gionirio em virtude da difusto ordinérin. Num tal estado estacionério, tem-se pois um enriquecimento no is6topo pesado junto as pareiles fringe no isétopo leve em torno do Fo. Mas, por oatro lado, em torno do fio 0 gas esté mais quente © tem tendéncia @ Eubir, enquanto que junto is paredes tem tondéneia a deseer. O estado estacionsrio era pois apenas aparente ¢, gragas b con Veogio, di-se na realidade wm enriqueci- jnento em is6topo Teve na parte superior da Qoluna e em is6topo pesado na parte infe~ tior. Retirando este, 0 gas que fica é pois mais rigo em is6topo leve que o primitivo, @ repetindo sucessivamente estn operagio melhora-se sempre 0 enriquecimento. ‘Vejamos agora alguns dados numéricos. Para’o urinio verificou-se conveniente, 0 emprego de finoreto, UF®. Por outro lado, om determinada instalagko 0 factor de enri- {quecimento por andar, »—1, ¢ 0,014. ‘Deste modo, para ter 99°/, de U?? seriam precisos 4.000 andares. Na realidade traba- Tha-se em ciclos de véirios andares ¢ assim 6 preciso contar no 1,° andar com um vo- june 100.000 vezes maior que no tiltimo. Yas instalagdesamericanas, empregando mi- Thares de andares e milhares de bombas de vacuo, procurava-se em geral obter um enriquecimento até 40 °/, em U™, Para atingir 0 valor final exigido, de 80 °/,, era entio mais vantajoso prosseguir ‘com os espectrégrafos de massa. b) Métodos espectrogrdficos. Dam modo muito sumério, pode dizer-se que qualquer tspectrografo de massa ¢ um aparelho em que se reoebem, sobre um detector (que pode ser a place fotogrifica), feixes de ides fue, depois de acelerados por um campo aicctrieo, so encurvados por um campo magnético. Os ies stio produzidos, em ge- ral, por électrées emitides por um filamento incandescente ¢ enviados com uma certa aceleragao para a zona do aparello em que aie am. ba- sim vor mi- 8 de um , de guir aodo quer >em (que ides ampo ampo n ge nento certa n que se encontra o gis a estudar (ioninag&o por choque), Como é bem sabido, uma particule electrizada de carga 6, massa m e animada de velocidade » percorre, num campo m: gnético normal ao plano da sua trajectéris uma cireunferéncia cujo raio r é dado pela equacio Hev—=my*/r que exprime simples- mente a igualdade da forga centrifuga e da forga de Lorentz, Se todos os ies partem do mesmo ponto, seguirio evidentemente trajectérias igunis desde que estejam ani- mados da mesma velocidade ¢ tenham o mesmo ¢/m. Se o feixe for limitado por uma fenda A entrada do campo magnético, a sua acgio sobre a chapa fotograficn serd uma risea, E se todos os ides tiverem a mesma velocidade, varins riseas corresponderio a varios valores de e/m. O diagrama assim obtido, por analogia com a éptica, cha- ma-se um espeetrograma. Mas, para ter riseas muito finas, ¢ preciso uma fonda muito esireita e ¢ indispensivel aproveitar, dos ides inicialmente formados, apenas o8 que tenham uma mesma velocidade. Por estas razdes tem sido preocupagio dominante dos técnicos da espectrografia de massa aumen- tar a intensidade das riscas, realizando para isso uma «focalizagio» das direegdes ¢ das velocidades: com a 1." consegue-se a utili- zagiio de feixes largos, com a 2.* aleanga-se © aproveitamento duma grande parte dos ides produzidos. Fxistem hoje jé varias maneitas de produzir esta dupla focalizagio. No entanto, Nier construiu o seu primeiro espectrégrafo em 1936, apenas com focali zaciio das velocidades © com bons resulta- dos. Posteriormente, 0 método de Nier foi aplieado em grande, com o auxilio de cam- pos magnéticos gigantes. Para isso ensaiou- ~se em primeiro lugar o electro-im® de 5.000 toneladas que tinha sido realizado para o Super-Cielotrio de Berkeley que devia dar 100 milhdes de eV. Para lembrar a sua ori- gem deram-lhe 0 nome de calutrao (Cali- fornia University Cyclotron), (Neste elec- tro-im& gigante as peas polares tém cerca de 4 metros de difmetro © a sua distincia é de cerca de 180 em). Tanto quanto é possi- yel saber, no meio do mistério em que a ciéncia americana mergulhou nos tiltimos anos, parece que 6 precisomente com este calutriio que se realizou a separagio indus- trial dos is6topos do uriinio. Uma modificagio interessante do espeo- trégrafo de Nier parece também ter dndo resultados muito aprecidveis. A ideia foi a seguinte. Os ides depois de passarem afenda, entram num campo eléctrico acelerador (criado por duas grelhas perpendiculares & propagadio dos ides), e em seguida no eampo magnético, Apliquemos 2 2." grelha uma tensio constante ¢ & 1.* uma tensio alter- nada, Modulemos com esta tensio alternada © proprio campo magnético, Num certo ins- tante, ides das duas velocidades v; ¢ v2 (Ue U, por exemplo) atingem a L.* gre- Tha. Sk0 acelerados e entram no campo magnético em instantes diferentes. Os ides mais velozes sfio os de U®, e chegam pri- meiro ao campo magnético, A partir deste momento este deve estar desligado durante um certo intervalo de tempo (e os ides seguem a sua trajectéria em linha recta) até que comegam a chegar os ides U®', Entio, se as coisas estilo dispostas por forma a que 0 campo magnético soja ligado neste instante, a partir daf incurvam-se as tra jectdrias dos ies pesados ¢ estes vio pois seguir para uma regio diferente daquela em que se foram depositar os ies U*. Con- segue-se assim um factor de separagio mui- tissimo grande mas a produgio é muito pequena por causa das intensidades limi- tadas de que é possivel dispor. Nos primeiros anos das investigagdes dos sébios americanos, ou ao servigo da Amé- rica, principal fim a atingir, sobre o qual ineidiu o maior esforgo, foi o da obten¢io de grandes quantidades de urdnio 235 puro. Acabamos de ver como se pode conse- gui-lo, Mas outras orientagies eram possi- veis, como é caracteristico de toda a acti dade cientifica. Entre elas, a que aparecia como imediatamente mais importante, era aquela em que se pretendia estudar a poss: Dilidade de realizar uma «miquina atémica» empregando urdnio natural. Vamos ver como © problema foi posto e resolvido. 4, MAQui ‘A ATOMICA Como jé tivemos ocasifio de ver, no urinio natural produzem-se cistes deyidas prinei- TECNICA uy palmente ' eaptura de neutetes tenner [onengias inferiores a 0,1 eV, ou veloeidades (Mferiores a 4 km/s). Por outro lado, os new trdes. produzides em consequéneia destes arasex ato nentrdes rapidos demaisde1 MeV. Como vimos, estes neutrBes tém ume frace probabilidade de eaptura ¢ em geral, vio Border a sua onergia por chogue elistion Bea um céloulo muito clementar mostra que va urinio a perda de energia, em cada cho- aque, & quando muito, de 1/60 do seu valor dial. O facto de ser assim to pequens faz com que os neutrées, antes de atingirem b aivel térmico, passem por pritieamente Gods os valores da energis. Em particulary qquase todos passarko pelo valor de 25 eV aguas vizinhangas (cerca de, 70 km/s). ‘Ora vimos atris que o U possui uma ressonincia part of neutrdes de 25 eV de Tnergia, isto 6, tem wma enorine probabil dade de capturar estes neutrdes ¢ & por este motivo que o U® perturba extraordinkria- sooo no uranio natural a possibilidade de cisto do U2. Quere dizer: no urdoio natural nfo ¢ eaivel uma reacgio em cadeia pois os voutrdes resultantes das primeiras cistes (neutrdes répidos) passam quisi todos pela (Mergia de ressonincia do U"*, e sto entio capturados, no dando lugar a movas cstes- © moderador Neste sentido das investigagies, » ideia genial foi a do emprogo do chamado, «nor Gevalory, Hasta ideia deve-se em primeiro gar & équipe francesa chofiada por JoVot- iGhiie e, em particular, a0 set altuno suisse Yon Halban. E muito simples, como vamos ver. K bem sabido que no choque eldstice perda de energia duma mesma particula Eproximadamente, proporcional so inverse ae assa da particula chocada. Portanto, se Santarmos ao urdinio wm elemeato de mers {muito menor, com uma fraquissima proba- Tilulede de captara de neutrdes, a perda de energia por choque eléstico serd, em cada choque, muito maior. E, deste modo, chores gerd muito maior a probabilidade ‘amveuiro. eescapary X zona erition de TECNICA ne energia de 25 eV. A substineia capaz de cretigar este efeito chama-se moderador. ‘Vériae substiincias podem empregar-se como vleradores. A que foi finalmente adoptada wevAmériea fi o carbono. Bste deve ser Ternordindriamente puro ¢ a resolugio Rete dificil problema deve-se & competén- cee a dedicagio dos quimicos a quem foi confindo. A regulagio Prové-se deste modo a possibilidade de oacqoes om cadeia no proprio urdinio nale Tal spas, antes de passar & realizagio, tor- wivaese indigpensivel imaginar um dispo- Mavo capaz de controlar @ epropagagsio” de Seavgdes em eadeia, isto 6, capas de eritar ‘a reacgio explosiva. Pars isso adopte-se, na solugio americana da maquina atémica, uma construcho em gamadas verticais sucessivas (donde o nome de «pilhas») separadas por intervalos entre fos quais se podem colocar, mais ou menos profundamente, placas de ‘material absor- peste de neutrdes (boro ou ofdmio), A absor- {Ho dos noutrdes 6 tanto maior quante mais profundamente descem as plnens absorver™ prove a posigio destas ¢ regulada sutom’- teamente por meio de «relais» comandados por eimaras de ionizagdo que meden @ in- Por inde de nenirdes emitidos pela mé- quina, Nog modelos conhecidos wma méquing atémioa 6 formada por wm conjanto de paralelipfpedos de carbono muito pare, 108 fquais se praticam, cavidedes cilfndrioas Goszontais, Nestas introduzem-se barras de nefnio natural, assi«n como canelizagko ade- quada para o arrefecimento de maquina AmBonsequente aproveitamento da energie Hbertade, Os paralelipipedos de carvlo fo reunidos em grapos © estes separados por Tendas verticals, nas quais se movem As pleas de material absorvente. “A regulagio automética, absolutaments gogura 6 possivel, em particular, gragae } Gxisténcia dos neutrdes retardados as qi® Strie nog roferimos, visto eles darem uma apéoie de ingreia b maquina, nfo permi- aero uma. propagagio instantinea da ente ash que uma mi da reaogio em oadein, O chamado «tempo de relaxagio» pode ir até 4 horas. A realizagao A-12 miquina atémien foi construfda no contro da cidade de Chicago, num prédio absolutamente qualquer, e foi posta a fun- cionar (isto 6, juntaram-se 0s seus «boca~ dos») pela primeira vez em 2 de Dezembro de 1942, dando entio apenas 1/2 Watt. No din 12 seguinte jé dava 200 W. O seu ma- terial consta de 6 toneladas de carbono puro e de 6,2 kg de urinio metilico, As placas absorventes so de c4dmio. Numa tal méquina, embora a fraegho dos neutrdes que passam pela energia de 25 eV seja pequena, como o ntimero de neutrées 6 muito grande, di-se ainda uma produgio aprecidvel de pluténio segundo a reacio qne jé apontdmos. No entanto a 1.* méquina de Chicago ainda levaria 70,000 anos para fazer 100 kg de pluténio, De facto, j4 em 1942 se tinha caleulado que para ter 1 kg de pluténio por dia era necessiria uma méquina que desse cerca de 1 milhio de kW. Jé vimos atrés a importincia que podia ter, para a construgio de bombas, uma pro- dugiio intensiva de pluténio. Por isso, desde 1942, se comegaram a estudar os planos de grandes méquinas atémicas. Os maiores obstienlos a vencer encontraram-se no sis- tema de arrefecimento. . . E efectivamente notivel a visio gran- diosa que os dirigentes americanos tiveram, neste caso, da maneira de ataear um pro- blema cientifico. De facto, os fisicos ameri- canos receberam os eréditos que pediram para a construgio duma mAquina atomica de 1 milhio de kW (em Hanford, estado de Washington), eapaz de produzir 1 kg de pluténio por dia, num momento em que, em toda a América, existia menos de 1 mg de pluténio. E é também digno de registo que uma quantidade ainda menor jé tivesse permitido nos quimicos fazerem a identifica- ho do novo elemento, determinar que tem as valéncias 8, 4, 5 e 6 e que é 0 2. cle- mento dum novo grupo de «terras raras» comegando com o urdnio; determinaram-se também processos de separagiio do pluténio formado no urfnio, Sabe-se hoje que exis- tem 2 is6meros de pluténio. .. A'L# grande «pilha» comegou a cons- truir-se em Junho de 1943 foi «ligadan em Setembro de 1944. No vero de 1945 ja trabalhavam 8 destas pills ! 5, BOMBAS ATOMICAS Do mesmo modo que o dinamite tem ser- vido, felizmente, muito mais para fins paef- ficos do que para as destruigdes da guerra, também é Iicito esperar que as bombas até- mieas enconirem brevemente importantes aplicagdes ao servigo do bem dos homens. E é tnieamente por estar convencido de que assim ser que niio me recuso a reproduair algumas informagdes aceren desta vinven- gio». ‘Uma bomba atémica, actualmente, nfo é tio leve como se poderin supor embora se tena caleulado que 1 kg de U5 j4 6 equi- valente (do ponto de vista explosivo) a 20.000 toneladas de T. N. T. De facto, sea bomba sé contivesse U4, a explosio de parte deste serin tdo rapida que afastarin imediatamente a parte restante sem que esta tivesse acco alguma, visto que todo 0 efeito 6 esperado duma concentragio de urinio. Por isso, « bomba é rodeada por uma expessa camada dum material muito denso (chumbo ‘ou ouro) e 6 a inéreia que este oferece ao deslocamento que dé aos neutrées o tempo necessirio para executarem completamente fa sua acgio desintegradora do U", Deste modo, é a massa total deste que se desinte- gra ao mesmo tempo, dando o terrivel efeito que todos conhecem. Sabe-se (?) também que a fonte de neutrées vai no centro da bomba e que_o U® esti repartido em sectores cir- cunjacentes no interior duma espécie de pequenos eanhdes. Cada uma destas porgdes de U* n&o tém uma massa suficiente para que nela seja de recear a reacefo explosiva. ‘No momento em que se quere a explosio, os referidos eanhdes devem disparar simul- taneamente os seus pedagos de U5 e a jnncio simultinea destes em torno da fonte de neutrdes j4 reune quantidade suficiente para que se dé a reaegio explosiva instan- tinea. TECNICA ne Estas titimas indieagSes siio muito sumd- ring ¢ sio dadas sem garantia visto tra- jar-se, infelizmente, duma invengio sobre a qual pesa ainda um misterioso segredo que fhz pensar tristemente na Idnde Média. « ‘Mes, com a esperanga de melhor fazer compreender a repulsa que deve inspirar esta nova arma, como tal, talver seja ttil reproduzir aqui, com a autorizagio expressa de autor, alguns dados ealeulados (com todo © Tigor possivel) pelo men colega J. Rossel para uma hipotétiea homba de wrinio com Xana posada, com 10 g/l de uréinio contendo 0 °/, de cada isdtopo. O raio minimo teria de ser de 30 em (no momento da explosio) 0 peso seria de mais de 100 quilos sem contar o material retardador a que atrés me Seferi. So a explosto 6 determinada por um ; 1 Yinico neuts%o dura J, § © silo postos em Tiberdade 13.000.000 kWh. Se toda esta cenergia 6 transformada em calor, a tempe- tatura local eleva-se 2 10 milhdes de graus (da ordem de temperatura do Sol). Nestas condigdes mais de 95 ‘/, das radiagdes electromagnéticas emitidas pertencem & zona mortal dos raios X e ultravioletas (08 que Sol emite sfio absorvidos pela atmosfera). “A 5 km de distincia do local da explosto densidade de neutrées 6 ainda de 10° por m? fo que di 1 milhio de reacgdes nucleares por cada em’ dum corpo humano af colo- pido. Este mimero correspondea uma inten- Sidade cerca de 100 vezes maior que a dose mortal de neutrées. "As noticias Jargamente divulgadas do nefasto efeito da bomba, mesmo sobre indi- ‘duos nio directamente atingidos, mos- fram bem que estes cdleulos se aproximam. infelizmente duma realidade que seri pro- -vavelmente ainda pior. 6, PERSPECTIVAS DE FUTURO ‘A aescoberta do aproveitamento indus- trial de energia atémica tem determinado, jindependentemente de consideragdes momen: faneas de cardeter agressivo, 0 interesse de toda a humanidade consciente. Por este motivo, além dos Estados Unidos, do Império Britinieo, da Unitio Soviétiea e da Franga que, como grandes poténeias, TECNICA 120 comegaram naturalmente a estudar 0 apro- Seitamento da energia atémica desde 1940, Vorifica-se desde o fim da guerra que peque- hos paises, progressivos ¢ corto, esto a prestar grande atengio ao mesmo problema. ‘Assim, na Suécin ¢ na Suiga 08 respecti- ‘vos Governos eriaram «Comissdes da Ener- gia Atémica» encarregadas de promover ¢ Srientar estudos de Fisiea Nuclear 3 luz da grande descoberta do nosso tempo, Num faso como noutro é de supor que o fim aquele estudo 6 triplo: 1.°) procurar fazer méquinas atmicas do tipo amerieano, 2:9) investigar novos processos mucleares ceapazes de servirem de base h constracio de migninas at6micas menos custosas ¢ mais simples, 8.°) preparar téenicos e engenhe! ros* na previsio de uma possivel substitui- Go das fontes de energin hidro-cléctricas por méquinas atémicas (eventualmente Importadas mesmo dos grandes paises cons- trutores). ‘A Buéein e a Suiga dispdem ambas de ciclotrdes em funcionamento. A Holanda tem um jé em ensaios ¢ é proviivel que bre- Yemente outro tanto suceda na Roménia ¢ ha Polénia. A Bélgica, mereé das suas gran- des riquezas mineiras em urfinio parece ter coneluido algum acordo especial com os Gstados Unidos. Em Zurich dizia-se hé meses que a Espanha pensava mandar 1é fazer um ciclotrio ‘Mas teré o problema realmente a impor- tincia que parece resultar da atengao que esti merecendo em tantos paises? Responderei pela afirmativa, © com os seguintes argumentos: ‘oF seguro que se podem construir miqninas at6mieas eapazes de fornecer Tmnilho de KW (mais do que a poténcia total de que a Suica dispde por aproveita- mento hidroeléctrico). Uma méquina para mil KW teria, aproximadamente, as dimen- ses dum eubo com 2 metros de aresta. 2.0 prego do kW-h sob a forma de energia eléetrica deve orgar por 20 centavos, ineluidas todas as despezas. +» Veja-te também © artigo «Engenharia Atémin 2 por. V_ Raeman na Gazeta do Fisies, n° 1, pég. 18 1046, ter 08 ha Mi pore que ruir ecer meia eita- para, men- aa de avos, aig. 18 | 8.°—Em Franga, 0 «Centre National de In Recherche Scientifique dirigido pelo Prof. Joliot-Curie pensa promover a cons- trugo de 2 ou 8 miqninas atémicas nos pré- ximos anos. 4.°—Na América a grande méquina de 1 milhito de kW de Pasco-Hanford (Washin- gton) foi constrnida em ponco mais dum ano. No ano seguinte jé se tinham construido mais duas. 5.°—As miguinas atémicas fornecem energia prineipalmente sob a forma de ealor (cerea de 100° C). O aproveitamento das enormes energias produzidas exige pois a montagem de inrbinas (a vapor on a gis), centrais eléctricas, ete., ¢ nfio ameaga, por- tanto, as indiistrins existentes. 62 —E evidente que as imensas possibi- Tidades abertas pela nova fonte de energia, inesgotavel ¢ ilimitada, vao forgar a revisio. ¢ alargamento de todos os planos de indus- trializago a longo prazo em curso de rea- lizagaio. Creio assim suficientemente justifieada a minha afirmativa. Nos paises atrés citados n&o se dispunha, seguramente, de mais informagdes do que as que aqui se regista- ram ¢ estas bastaram para que se actuasse. E assim se deverd fazer em todos os pafses ciosos de independéncia e em que se queira Iutar.contra o nivel miseriivel das popu goes rurais e nfio vegetar na falta de i ciativa e na preguicga mental. Agora, o que mais nos interessa, a nds portugueses, é examinarmos a seguinte questiio: Qual 6 a posicado de Portugal rel fivamente ao problema de energia at6- mica? Podemos estar conveneidos de que a nossa sitnagio, embora diferindo nos detalhes, no 6, em média, menos favordvel do que 2 dos outros peqnenos paises atris citados, Estes tém cortas possibilidades que nds no temos mas, em compensagio, possuimos vantagens que outros nao tém. ‘As prineipais desvantagens que pesam sobre nds siio as segnintes : 1.°—Nio possuimos desde ji ntimero suficiente de téenicos, fisieos, quimicos ¢ de laboratérios de investigagio. 2.° — Niio podemos eontar com indiistrias quimicas ¢ metalirgicas desenvolvidas on progressivas, 3° — Nilo podemos esperar o auxilio de grandes capitais privados. — Nilo teremos provavelmente a con- fianga e 0 apoio incondicionais do Hs- indo. 5.° — Niio devemos esperar, e isto ¢ tal- vez 0 mais grave, a compreensiio da grande maioria do nosso povo por ele niko estar em condiedes de se apereeber da importineia vital do problema. Estes factores negativos niio podem dei xar de ser cuidadosamente ponderados. Mas niio nos devem assustar e Gevem antes ser activamente combatidos por todos nés, tanto mais que nfo é apenas no que aqui se con- sidera qne eles exercem, ou podem exercer, a sua acgio nefasta, Mas por outro lado dispomos de certas condigées favordvei: 1.° — Possufmos de facto, embora poueos, alguns fisicos ¢ téenieos eapazes de abordar imediatamente o problema da energia até- mica, 2.° — Muitos dos nossos engenheiros qui- micos tém uma cultura geral suficiente pay que possam adquirir, em poucos anos de trabalho assidno, em centros apropriados, a. preparagio necessiirin para a resolugiio dos problemas que Ihes seriam postos. 3.°——Em Portugal mesmo, existem apre- ciiveis minas de urinio, ¢ 6 seguro que esse precioso metal existe nas nossas Coldnias, provavelmente em grande abundineia, 4.°— Exxistem, desde j, os téenicos eapa- ves de dirigirem'a prospecgio do urimio ea exploragio nacional dos jazigos descobertos ona descobrir, — 0 Instituto para a Alia Cultura, as Faculdades de Ciéneias ¢ de Engenharia, o Instituto Superior 'Téenico, as Faculdades de Medicina ¢ Farmécia, os Ministéxios da da Instrugio, das Colénins, das Obras Pi- blicas e da Guerra so instituigdes oficiais qne podem, desejam ou devem dar 0 mais completo auxilio & organizagio da explora- ho nacional da energia atémica. 6°—Finalmente, Portugal niio pode escapar 4 tendéncia geral que no mundo inteiro leva os povos a terem cada vex mais TECNICA 121 confianga na als progressiva dos seus homens de eiéncia. ‘E agora, como actuar? «.» Noss Pais, os individuos capazes de compreender, imediatamente, & importincia eangéncia do problema, além da eseasst Susie de fisicos que posstimos, #80 of nossos engenheiros! E pois. eles, A sua competéncin pro: feciokal 2 sua responsabilidade individual a eoleetiva, & conseigncia que terdo ceri «eereegasconsequencias da sua atitude, que devemos dirigir um apelo vibrante ira que dom, com o maior entusiase, ° Pa apoio. essencial & obra do. aproveltar snento nagional da energia atémica- E evidente que no podemos pensar em colher resultados imedintamente, mas nen ceeamo a ongo prazo se poderso obler ° Tim projesto nfo for apresentado vane ated ao Pais ¢ a mais quem de direite, em toda a sua amplitude, (© aproveitamento nacional da energia atGmice precisa, indispensivelmente, “de fer organizado em bases muito large, de *2F ado com umn plano cuidadoso © eriterio- wemente elaborado pelas pessoas compete’: tes: poderes piblicos, representantes da. He Nistria privada, engenbeiros, economists, quimicos ¢ fisicos ..- Para responder desde 2 erénica censure da alalta de remédio», tomo a Kberdade de fadiear muito esquemiticamente wm Pro- jecto, certamente ainda muito grosseiro, que poderia servir de 1.° base para 0 estabele- Pogenty do plano. Haste seria um plano de 30 anos, repartido por grupos de cinco anos whos quais se realizaria, essencialmente, ° seguinte: cprimoiros 5 anos: 1.°) Proparagio ¢ di tribuigio de prospectores de urinio por For tugal e Coldnias. 2°) Preparagio ¢ envio de Hxtos, quimicos, engenhieiros © matemét cos para diversos centros estrangelros onde eammseemnsnenassommentee fioariam 4 anos. 3.°) Criagio de laboratorios de investigagiio. Fs gos 10 anos: 1.°) Organiaagto da inddstria quimica, aquisigio e montagent a aanaterial electrot6enico, criagho de labo de rigs de investigagio téenica industrial @ dum grande lnboratorio de Fisien Nuclear son erp com as indicagbes dos especialis- tas regressados ao Pais. 2°) Exploragho das vine descobertas ou organizadas durante perfodo anterior, 3°) Envio de nove grupo ao estrangeiz0- ween 70 aos 15 anos: Estudos eientilions « tobrigos de laboratério ¢ primeiros ensaios «emontagem de pequenas méquinas st6- micas. spe 15 aos 20 anos: Montage de 2 ot grandes miquinas atémicas. RRete-se que, propor que, o peso, DFIN= cipal do nosso esforgo, nos ‘proximos 208008, penda para a obra da encrgis ‘at6mica nko Unere dizer, de modo algum, que © aprovel {imento de energin hidrocléctriea no oo" tinue a ter a mesma importincia ou deva seguspenso. Pelo contrério, actualmenss esa grande tarefa deve mereccs 0 mais fompleto apoio de todos ¢, sem duivida, 6 Gla’ que depends em grande parte 0 10%, Genko-o sucesso, da obra da energis atomica. ‘0 aproveitamento da energia hidroeléc- tricn é'uma das condigdes necessirias pare triea Ts rapido aproveitamento da energie argmien, mas 6 este que devemos consideray eémmo_o problema, industrial n.° 1 do nosso tempo. Tee. feito, nesta matéria, a gravidade um abstencionismo aparece suficientements grande para se poder pensar qe We tal Siieude, a ser sistemética, poderia por em causa 2 nossa propria independéncia. ‘} jnteresse de todos, o traballio, a Inks ¢ os saerificios dos téenicos ¢ ciontistas, © Gompreensto dos poderes publics so essen Ginig, sto vitais, para o nosso Pats! ows. Derante a impress, soubemes pelos formals 0 amento dos Estados Unidos preve para 1047 ama despona de 11 miler de conta para 8 Comite 26 oa Atomics, vera qu representa cerca de 15.1000 relo- se desamento, Extes mesmos 16 Mo aplilon 30 see rei pento pata 1947 (com despesa num total do 6S do wide es de contot) dariam a verba de 76000 conio, Pe programa acima sug TECNICA 122 -csigmonte sueient para a exeenpley No prineire 282) ao Sociedades Reunidas de Fabricacdes Metélicas, Ld. CONSTRUGOES METALICAS Uma das 2 comportas de aegmentos, fabricadas. para a Sociedade Portuguesa. Neyrot-Boylier & Piccard-Pictet, Ld, e dostinada ao descarrogador’ do chotas du barragem do Santa Luzia, da Companhia Eléotrice das’ Boiras FABRICAS DA VENDA NOVA IRICAS DA VENDA Rua Vice-Almirante Joao Antonio de Azevedo Coutinho AMADORA Telefone: VENDA HOVA 48 ILL Tecan | COM UM FOGAO ||| Ga AO HAMAS SIM fe is ; e INSTITUTO PARA A ALTA CULTURA CENTRO DE ESTUDOS DE ENGENHARIA CIVIL INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Lisson PUBLICACAO N.° 5 Determinacdo de fensédes no betdo pelo método do tensémetro fotoelastico PELO ENG. civil (lS. 1) ANTONIO DE SOUSA COUTINHO (Conelusito) CAPITULO III As fensées iniciais no espelho provocadas pela contraccao do betao 17, As tensdes iniciais, — Quando sobre a pega que contém o espelho nfo actuam quaisquer forgas exteriores observa-se que esse espelho esti submetido a tensdes inicinis as quais podem chegar a corresponder tenses no betio da ordem dos 20 kg/em*, Entiio, quando actuam as forgas exteriores, as tensdes observadas no espellio resultam da. sobreposigio das tensées inicinis com as tensdes provocadas por essas forgas. A observagiio mostra que é i priori, prever o valor das tensdesi determinado instante ¢ num determinado local: os seus valores sfo fortemente varié- veis com tempo, com o estado da atmos- fera ambiente com o espelho considerado. A direcgho das tensdes principais iniciais é também muito varidvel. Nestas condigdes, a existéncia de tais tensdes no espelho constitui um grave obsti- culo para o conhecimento das tensdes exis- tentes num ponto qualquer duma construgao. Com efeito, ao medir w tensiio num espelho colocado numa estrutura, seré imposafvel corrigir as tensdes observadas das tensdes iniciais, pois nem se conhece o seu valor nem a sua direcgfio. Contudo, esta dificuldade pode facilmente ser eliminada, como se vai mostrar a seguir. Assstente do. 8.T. Bolero do 1. & ©. D. 626.06,012.4 18. Modo de 1 as fensses . —A experiéneia mostrou que se se mergu- Thar em gua a pega na qual esté colocado 0 espelho circular que actsa as tenstes ini- ciais, ¢,, a0 fim de algum tempo de imersio, que depende prineipalmente da temperatura da gua, essa tensfio inicial atinge um valor priticamente despresivel, que se mantém no decorrer do tempo de acgao da Agua (fig. 23). Dado o cardcter extremamente localizado das tensdes iniciais provocadas pelo espelho 3 gy oo w Ah q 3 : 3 g 20) a & i 3 Horas de imersie em dgua & Fig. 8 ‘Variagiodastensiesinieiais num espelho circular eolocalo num prising de argamassa, com o tempo de aeyio da digua no betiio (§ 19), nfo ¢ necessiirio mergulhar toda a pega na ‘gua para que as tensdes inieiais desaparecam. Na verdade, obser- vou-se experimentalmente que bastava satu- de ‘gua uma zona com um didmetro de cerea de 20 cm, para se obter o mesmo efeito que se se mergulhasse toda a pega. TECNICA 123 ‘A ourva que entdo representa a variagio das MSSos inieiais no espelho em fungi do tempo de aogto dadgua tem omesmo aspect da representada na fig. 23. iste pormenor é, evidentemente, essencia] na determinagio das tensvesnas construgdes- ‘Ag figa. 24 ¢ 25 mostram 0 dispositive ufilizado para a obtengio duma molhagem | Fig. 4 Hsquema du dispositive de mothager da zona da superficie do betfio que contém o espelho. “ipa certos casos, para vencer a dificuldade da existéncin das tensdes iniciais, nfo ¢ Fig. 2 Dispositivos de molbager montados nama eabertars {itangar do Acroporto da Portela de Saray) necessirio proceder & sua eliminagio recor” sede i aogio da fgua. Isto acontece quando ro interesse determinar as tensdes devides go peso proprio e quando se epliquem as TECNICA forgas & estrutura dum modo tal que soja possivel fazer observagdes das tensées Mipelho, antes e apés a aplicagio destas foreas, num pequeno intervalo de tempo. Tectes casos particulares, contudo muito correntes nos ensaios de Iaboratério, deter- oenavse em primeizo Iugar a direcgio € 8 grandeza das tensdes principals jiniciais. Fm seguida, logo apés aaplicagio das forces, caaeeneterminagio da nova direcgio edus novas grandezes das tensdes principals. “hs eonhecidas expresses de composicio de tensdes permite calcular a direogio © grandeza das tenses principals devidas npenas 2 aogio das forgas exteriores 0). Na aplicngfo deste método énecessério nho esquecer que, com as variagses do estado igrométrico da atmosfera, ambiente, af saetgee inicinis variam também. Portanto, ¢ indispenstvel fazer as observagdes nus, seeeapelo de tempo durante o qual as condi Goer desta atmosfera se possam considers oeostantes. Além disto, ainda parece que coesyirtude da aplicagio das forgas exterio- fen, as tensdes iniciais devidas i eontracgio fendem a progredir (ver fig. 31). ‘Sempre que for posstvel, este métode deve ser preferido ao da nogio da dgua, peis 6° tinge com ele umamaior preciso, De facto, a exubebigio pela gua, da zona que contém 6 eapelho, normalmente, niio conduz sw © dee da tensio inicial rigorosamente nulo, tatpora este valor no exceda, em geral, 1 kg/em*. 49. Estudo analitico da influéncia duma insergéo circular doutro material sobre 8s esos no belde, — Um espellio ou, dum tepdo geral, qualquer insergio colocada no elo do beto constitue um obsticulo } sus Tivre contracesio. Sobre ela iré incidir ume compressio provocada por esta contracgiio, dda qual resuliarfo tensdes na insergfio ¢ no eto. ‘Considerando certas hipéteces_simplifi- eadoras & possivel obter, analiticamente, algumas informagies sobre & distribuigio destas tensdes. (h) Goker and Filon, A Treaie om Pletotstcity pig. 258, Cambridge University Press, 13 eve 38e oto, tém um ulo, vral, luma eas dum ano Asua uma egio, veno »plifi- aente, rnigio iaticity, Consideremos (fig. 26) uma placa inde- finida, eldstica, homogénen ¢ isétropa, de espessura igual & unidade, contraindo-se uniformemente em todas as direegies do seu Fig. 26 plano. Suponhamos que num ponto qualquer dessa placa existe uma insergio circular, elstica, homogénea e isstropa, com a mesma espessura unitdria e com um médulo de elas- ticidade © um coeficiente de Poisson dife- rentes dos da placa. Hm viriude da contracgio crin-se, no contorno da insergio, uma pressio, p, que, em virtude da simetria deste fendmeno, s¢ distribui_uniformemente ao longo do perf metro da inserefo, Nestas condigdes, a distribuiggo das ten- sdes na placa é simétrica em relagio a um eixo normal ao plano da placa ¢ passando por 0. Entio, as tensdes 7,, % € tm desenvol- yidas num ponto da placa de coordenndas (r, 9) (fig.26) so dadas pelas expressdes (! (@) onde A, Be C’sko constantes que dependem das condigdes aos limites. Para roa, isto é, numa zona suficien- temente afastada da insergdo cireular, () 8. Timoshenko, Theory of Elasticity, pag. 651.08 , 1034 claro que as tensdes %,, 2, © 1 deverdo anular-se e portanto Be C!tém de ser nulos. Logo (6) Para caleular a constante A basta notar que no contorno do disco de raio R inserido na placa, a tensio ¢, é a pressfio que af existe, p. Portanto, A. fal © P Substituindo em (8) 0 valor de A tirado desta expressio, obtém-se @ Para determinar a pressio, p, em fungio da contracgio unitiria da placa, 3, 6 neces- sirio introduzir a condigao da ligagio entre as superficies de contacto da placa e da insergiio se manter sempre. Ora, notemos que o deslocamente, 1, dum. ponto da placa numa direcgio radial, ¢, neste caso de simetria (') © onde Hi, ¢ % so, respeotivamente, 0 médulo de elasticidade ¢ 0 eoeficiente de Poisson da substincia da placa, Considerando a insergio isolada ¢ subme- tida A pressilo p, fhcilmente se verifiea que as tenses desonvolvidas em qualquer ponto do disco sito P f) Tt O () 8. Timoshenko, Theory of Elasticity, pig. 64, 41 ed 1984, TEENICA 125 [A deformagio wnitiria, numa directo ndiad, mum ponto qualquer da insergies ger’ entio (lei de Hooke) @ condo H, 0 », respectivamente, o modulo de sane dade co coeficiente de Poisson da substincia da insergio. Mie no houvesse ingergio mas apenas um fare, 0 deslocamento de qualquer ponto ie superficie desse furo seria 22. Como ba a Tnuergdo, ¢ visto que 0 deslocamento Ne Ticeeiio. radial dum ponto da insergilo ha Superfieie de contacto, 6 vusado para o cfloulo das vensdes provocadas pels Foedo instantines das caress ye facto, observagdes feitas em prismas de argamassa’ com 2 2 5 anos de idade, no argummam qualquer variagio m0 valor do ocficiente K, isto 6 este valor mantém-8 coc ante, pelo menos quando o betio € con servado livre de forgas exterioves ‘Apés 10 meses de cargts procedeu-se nose determinagto dus tenses. Nests fase, perafio da gua & extremamente lentty pois 8 ae apos ceron de 50 060 dins de mollia- gem continua, 98 ‘tensbes retomaram sensl- Sejmente os valores das tensdes provocadas pens pelas forgas exteriores (Quadro V)- Parse no entanto uma anomalia no espelho "6, a, qual se néo sabe explicar. 8 889, sado pela asde s nko or do ém-se Seon- ase a 1 fase, a, pois nolha- sensi- ocadas lro V). sspelho "ose [Pea Toa [Ree] te [Pace | | 149 30,5 B | oot i§ Fy) ate | 2 sro | 1333 | i Conservando molhadas as vizinhangas dos espelhos, a observagio mostra que hi a0 fim dos 60 dias da acco da Agua, ose Ingdes das tensdes nos espelhos em torno dum valor médio(queéo dadono Quadro V). Estas oscilagdes so de pequena amplitude, correspondendo a variagdes de tensdes no betfio de 2 a3 kg/em®. Embora parecam estar relacionadas com o estado da atmos- fera ambiente, estas oscilagdes nfo podem ser inteiramente explicadas pelas varingdes atmosférieas, permanecendo as suas causas, por enquanto, deseonhecidas, As observagdes registadas no Quadro V mostram entio que, enquanto a deformagio duplicon o seu valor, as tensdes se mantive- ram, muito sensivelmente, constantes. 22. Comparagéo com os resultados anali- ficos de Sezawa e Nishimura. — Por vin expo- rimental foi tirada a conelusio de que a constante X’ era independente do médulo de elasticidade da substineia que continha 0 espelho. Algum tempo apds a realizagio da longa série de observagdes que conduziu a este resultado, o A, teve conhecimento de uma demonstragdo analitica desta propriedade. Sezawa e Nishimura!) estudaram, em 1931, as tensdes desenvolvidas numa placa infinita sujeita a uma tensfio uniforme, cy, actuando numa direcgio do sen plano, com () Katsutada Sorava o Genrokaro Nishimura, «Stros- tes under Tension in a Plate with a Heterogeneous In tions, Rep. eran. Research Inat, Tokio lap. Univ, Abril 1931, vo. 6, pg. 25, uma inserefio cireular duma substancia dife~ vente do material da placa (fig. 32 a). Contudo, alguns dos resultados obtidos por esta anilise nXo estilo de acordo com os factos experimentais. O valor da diferenga das tensdes princi- pais, 2 —2%, a0 longo do didmetro do espelho normal & direcgfo de “1, é, segundo o resultado analitico, uniforme (fig. 32 @) , enquanto a distribuigio experimental esta quasi sempre longe desta uniformidade (ig. 6). Segundo as expresstes de Sezawa e Nishi- mura, uma das tensdes principais ao longo deste difmetro é nula, mas os espelhos com furo cireular revelaram que havin duas ten- siies principais nfo nulas no centro do espe- Tho, sendo contudo uma delas muito pequena, Se insereio insersdo. Fig. & Claro que estas anomalias serio explica- das pela diferenga de condigées no contorno do disco. No caso da investigagio tedriea a transmissio das tensdes da placa A insergiio circular faz-se dum modo continuo, através das superficies em contacto, enquanto no TECNICA 129 caso experimental esta transmis nfo $6 caso experegularmente mas tambénn mh0 se ae ark pelos. bonds (ig: 82 By POM ia ape foe interior do expelbo deve muito importante. nto paves deduaidas analitleamente yor Sean ¢ Nishimware & ‘possivel obier 0 Por ea de Kc No caso do eoefcients C6 a ie rido sor 5 = O28 (valor Jee Poisson do Derimentaliente para 0. ie mina eee etd) no caso do coeiions asa ee do betto ser w= 0.20, entto, o de Poin iar pode ona, conforme 9 Aer valores a Gatve 0 modo ae elastiekoade a nen ey eo médulo de clastic Be ere! By esto indicados ne fi Dotto, un concluise que pare valores ae 4 3 euperiores a crea de 2 ow 3, 0 jor de K 6 praticamente constant: Ora, nas aplicagées do método, os valores de is sho em geral superiores @ 2. eergdulo de elasticidade do vidro (pelo ‘menos 0 do usado nesta nvestigagio) & de 790.000 kg/em, © 0 do betfio nko exeede, fi gral, 400-000 kglen'y vendo vulga"- fuente 0 valor de 800.000 g/em®, Nestas condigdes, a relagio 7p, tem como limite inferior 1,7 € como valor normal 2,8- riekedida que a deformacio de eto aumenta, devido ao fenémeno da deformagio Fanatic do tempo, sudo se passa Owe se 0 func qulo de elasticidade diminuisse °F tanto como sen relagio j,, aumentals® Rn- tio, o valor de 1° vai vendende assimptit Ho oe para uma certo Limite, mas as S88 variagdes, 2 partir de fs = 2,8 silo tho pe- qnonas que sto indeteotivels pelos métodos experimentais. Pr invariabilidade do coeficiente Kéa ‘nica conelusio tirada do estudo analitico que esté de acordo com of resultados expe direntais: a vensio no vido priticamente independente do médulo de clasticidade da cubsténeia que 0 contém. bstinsbalho de Seuwa @ Nishinnty ainda se conelai que & influénela do coefi- TECNICA 130 siento de Poisson & priticamente despre Ciera fig, 39 eats também indicada & gurva da variaglo de K com 5 no easo do coeficiente de Poisson do betfio nulo tu, —=0) eno caso do eneficiente de Poisson KS ’ See ha phe & te Fig. 38 Es Variagio tairiea de K com a relayle do vidro ter o mesmo valor que anterior= mente (4 = 0,28). Como se Ve afasta- mento entre esta curva Timite ¢ & que cor esponde ao valor wédio do coeficiente de Polseon ao betfio, 6 bastante pequenc- 23. A importancia das conclusdes oblidas. Un aede geral de determinacio de fensses: Um rindependencia entre a tensiio no OP Thee a deformagio do betio 6 talvet, a Pe priedade mais importante qn ° método do Prnedmetro fotoeldstico poss if geralmente admitido que a8 tensdes fio podem ser directamente avaliadas. ‘Todos os meios de que se dispoe pA fager 8 gua medigao sitio baseados na observagio sey deformagies, as quais perspiten deter- mminar as tensdes, mediante conhecimento do médulo de elasticidade. Gan ométodo imaginado por G- Mabboux 4 ¢ tinico, de todos os métodos até hoje tconhecidos, que di as tensdes sem medir as deformagies. Este facto ¢ particularmente importante porque o método se desting a determinagio poratiysbes no petio, Como se sabe, © betiio sofre, pela aogio das forgas exteriores man rtante jinagio > betiio, s man- tidas constantes, um fenémeno de deforma- (0 fungko do tempo, Daqui resulta uma enorme difieuldade na avaliagko da tensio pelos métodos clissicos pois este fendmeno vai ainda introduzir uma redistribuigdo de tensdes por toda a estrutura. Ora os resultados analiticos diseutidos no § 22 permitem generalizar 0 método ¢ con- cluir que 6 possfvel determinar directamente tensies em qualquer material. Na verdade, se na superficie dum sélido de médulo de elasticidade #, se quiser de- terminar o valor da tensio actuante num determinado elemento, bastar ter colocado, nesse elemento, um pequeno disco duma outra substiincia de médulo de elasticidade 2! Esta substincia deverd ser escolhida de EB. " tal modo que seja, digamos, maior que 8 (§ 22). Em seguida sers feita a determina- Gio, por qualquer método clissico, das ten- sdes principais =)’ e o,' existentes num ponto escolhido desse disco. Conhecendo priviamente o valor de K para © tipo de ligagio do disco 4 superficie do sélido, fieilmente se determina o valor das tensbes o; € zy actuantes no ponto cbservado dessa superficie Slee aa Ko ay Deste modo esti definido um método geral de medicio de tensdes, Certo & que hoje ha diividas acerea do que interessaré realmente conhecer: se as tensdes, se as deformacdes, pois nfo é pos- sivel decidir, com o que actualmente se conhece sobre os fenémenos de rotura, se a resisténeia dum determinado material de- pende de certos estados de tensiio, de certos estados de deformagio, ou dos dois simul- tineamente ('), Provavelmente, da conjugagao dos méto- dos de determinagio de deformagdes com os de determinagio de tensdes tirar-se-i0 conclusdes importantes acerea desta questio da rotura, essencial nos problemas da enge- nharia, 2.4 PARTE — APLICAGOES CAPITULO 1 Estudo dalgumas propriedades do betaéo e do beléo armado 0 imétodo do tensémetro fotoelistico tem revelado grandes postibilidades na investi- gacho das propriedades do hetto e do betio armado. De facto, durante 0 estudo deste método foram analisadas algumas propriedades im- portantes destes materiais. No pardgrafo seguinte seriio estudadas as tensdes desenvolvidas nas armaduras, em virtude da contracgio do betio, usando um tipo especial de’armaduras. 0 método seguido, embora dé apenas ideias qualita- tivas sobre estas acgdes, abre um Jargo caminho na investigacao das propriedades do betio armado, Outros ensaios, em que se estudam as distribnigdes das’ tenses em prismas de argamassa armados com ferro, sujeitos i com- pressio e sujeitos & flexdo, vém também mostrar que o método do tensémetro fo- tockistico é, talvex, 0 mais adequado para 0 io importante estudo do papel das arma- auras no betio armado. Nos tiltimos parigrafos serfo apontadas outras propriedades do beto, que este método seré certamente eapaz.de estudar de um modo completo, Uma delas, a deformagio inicial do betio, isto 6, 0 estudo das deformagies do betiio na primeira operagiio de carga que ele sofre apés 0 endurecimento, ji foi estabele- cida, hf cerea de 15 anos, por outra via. Ontra, a infinéneia da forma da brita sobre resistencias do betio nfo foi ainda, que se saiba, completamente esclarecida, 24. Acgdes da contraccio do belio da igdo pela Sgua sobre as lensses nas armaduras—Para estndar a distribuigio, nas () Nédai, Plasticity, pig. 59 0 seg., 1981 Técnica 131 armaduras, das tensdes provoeadas pela cons tracgiio do betio ou pela accko de forcas eer ees, foi sugerido um método basendo eeetmprego de_armaduras fotoekistiens Quando se fax a moldagem da pega de hetio Ciagamassa, coloce-se nela uma fine 36 Caro espelhado, na qual se determinay depois as tenses com qualquer dos tens6- metros ji deseritos (fig. 34) ‘este modo & possivel obter informs pelo, menos de ordem qnalitatiea: be Fig. 34 Placa armada com uma armadara fotoclistice Fe egual se determina aa tensbes com cm dos tonsdmetros deseritos caren das tensdes nas armaduras do beto armado. nae conclusties que a seguir serfio expostins nada dizem sobre a grandeza destas ten" aoe, mas a forma das ourvas de distribuscke ee engdes numa armadura de ago nfo deve das Meuito diferente de forma das curvas de Gistribuigo das tensdes numa armadura de vidro. "As tensées nas armaduras colocadas no eto logo apés a amassadura aparece Tnseamente, decorrides alums loras depois da betonagem. A fig. 85 mostra con? etna 0 aparecimento e a evolugao da tensio hum ponto duma armadurs constituida por arn Dong tira de vidro espellado colocnda, fignns,instantes pos & amassaduray 18 superficie dum prisma de argamesst. Na fig. 36 esto indicados os diferentes valores a distribuigio das tensGes nest valomdvsa, com diversas idades do especi- aren, A forma, destas ourvas coincide bem mens forma obtida, também experimentale TECNICA 132 mente, por Suquet('), no easo de srmaduras we ferro colocadas em prismas de etic, Ac tensdes na armadura, a0 fim de algu= mas semanas, eonquanto ainda cresgam a 4 Tempo apis @ amassadura, horas Fig. 35 ‘Eyoluyfo da tensfo no ponto médio duma armalare £78 {P20 Je eomprimentocolaeada num prisms de argarasss join 09,35 >< 0" 12 08 07 muito Jentamente, comegam 2 sofrer oscila- gies didrias em torno dum valor médio, = 500 400 300 -200 =100 Tensies na armodura, Kyle oe ee Compriment oka armacura, em Fig. 38 Diateibuiyso das tenses numa armatara com 15) eada num prisiia de argamass® Ol AO cansorvavie a0 ar livre do Taboratério comprizaento YF B>g0"A0><0" oseilagdes que esto relacionadas com 0 gatado higrométrico do ar ambiente J Saquet, «Nota sur dtarminaton des forts 9%, sols dan os armatures d'une pontro en Wéton aR Par some octane, Anh den Pent Chat 1982 VOL b pig 387.

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