In:
FRANÇA, V.R.V; SIMÕES, P. G. (Orgs). O modelo praxiológico e os desafios da
pesquisa em Comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2018.
1 A questão
A questão dentro do campo comunicacional se faz a partir de dois pontos; a
comunicação como essência, que fornece base para teorias; e as abordagens
empíricas de investigação sobre o fenômeno.
“O risco da primeira démarche é só perceber aquilo que cabe dentro do ângulo
essencial adotado que tende a se confirmar pelas inclusões e a permanecer cego a
tudo o que escape a seu esquadrinhamento imediato. O risco da segunda démarche
é a dispersão”(p.2)
O autor então, busca uma “visada” entre as duas posições.
3 O papel da teoria
“O argumento principal em defesa da usca do que seja essencialmente a comunicação
é o interesse por uma perspectiva sólida sobre o fenômeno objeto de nossa
curiosidade, que forneceria um critério de rigor para os objetivos de conhecimento e
para problematizar situações específicas - um fundamento seguro sobre o qual se
ergueriam e articulariam características específicas assim como a organização dos
conhecimentos produzidos pela pesquisa, correlatamente, esse apreensão conceitual
seria a base fundadora de uma disciplina da Comunicação.” (p.5)
As grandes teóricas que usamos não são diretamente comunicacionais, mas
filosóficas, sociológicas, linguísticas, etc. Dentro disso, é complicado desentranhar o
que seja essencialmente comunicacional. Ficamos presos aos conceitos de outras
áreas. Para o autor as teorias de aporte não comportam tensionamentos dos aspectos
comunicacionais estudados para fora de suas áreas de origem.
“...não basta acolher o que nos é oferecido pelas CHS estabelecidas: devemos
desentranhar o conhecimento comunicacional desse conjunto diversificado de
percepções, para poder desenvolvê-lo em consistência, enquanto conhecimento
específico. Não há nada, aí, de territorialidade: nós temos, simplesmente, a obrigação
de devolver às CHS um conhecimento consistente, para além do que estas ciências
– em seus espaços específicos – fazem, quanto à apreensão do fenômeno.” (p.7)
4 O problema da articulação
O que ocorre é que a diversidade de descobertas não tem sido capaz de sistematizar
o campo da comunicação. “Se, por um lado, a diversidade de conhecimentos e
evidências sobre aspectos e episódios não é suficiente para gerar consistência; e se,
por outro lado, o pensamento teórico sistematizador não oferece quadros reflexivos
suficientemente fundadores; implicaria isso a impossibilidade do desenvolvimento de
um conhecimento comunicacional e da geração de pesquisas empíricas voltadas para
a consistência?”(p.8)
O problema epistemológico do campo da comunicação, não é fruto da dispersão dos
conhecimentos, mas sim “a um reduzido processo de articulação e tensionamento
entre as múltiplas teorias disponíveis e o trabalho de investigação empírica, por um
lado; e à insuficiência de inferências modelizadoras das descobertas obtidas nessa
investigação, por outro lado.”(p.9)
Para dificultar a criação de teorias nesse campo, temos de um lado, as macroteorias,
que por sempre bem estabelecidas não se deixam tencionar, e dos outro, “os
conhecimentos decorrentes da pesquisa empírica, se muito dependentes das
macrotorias de referência, teriam menos potêncial inferencial para gerar ideias gerais
desentranhadas daquelas e a serviço de um conhecimento comunicacional mais
abrangente. “(p.9)
6 Conclusão
“Teorias de niv́ el intermediário não podem ser exclusivistas. Como tratam de apanhar
um determinado ângulo do fenômeno, mais ou menos abrangente que permita
compreender um conjunto de aspectos e episódios , a questão envolvida não é a de
sua verdade universal, contraposta a outras pretensões de verdade. Sua
potencialidade de produção de conhecimento se relaciona, antes, à acuidade com que
conseguem captar e organizar os aspectos e processos que abordam; e à
abrangência de episódios diversificados que conseguem encompassar.”(p.12)
“Teorias de niv́ el intermediário são aquelas que se deixam aperfeiçoar pelos testes e
pelo tensionamento recebidos de pesquisas empiŕ icas para as quais, justamente,
produzem suas perguntas e aproximações heuriś ticas.) (p.14)