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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG

CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE BACHARELADO EM ARTE E MÍDIA

TROPA E CAMPINA

Asafe Kerven Maia Nunes

2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG
CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE BACHARELADO EM ARTE E MÍDIA

TROPA E CAMPINA

Trabalho apresentado à disciplina Multimídia,


orientada pelo professor Fabio Bezerra
Cavalcanti, para obtenção total de nota para
conclusão do curso de graduação em Arte e
Mídia do Centro de Humanidades – UFCG.

Campina Grande/PB
2018
AGRADECIMENTOS

A Deus me capacitou e sustentou durante essa longa jornada de graduação.


Aos meus pais, Esdras e Cristina, por toda paciência, apoio e amor dado a mim durante
todos esses anos.
A toda minha família, pelo suporte, cuidado e carinho.
Aos muito amigos que fiz na graduação, por sua ajuda e parceria durante a caminhada
que me fez evoluir como pessoa e profissional.
Ao mestre Fabio Cavalcanti, pelas experiências compartilhadas e pelo tempo dedicado à
orientação deste projeto.
A todos os amigos que torcem por mim e pelo meu sucesso.
Aos amigos que de alguma maneira contribuíram com minha graduação em tantos
projetos desenvolvidos no decorrer desses anos.
RESUMO

O presente projeto trata-se de um trabalho constituído por três etapas, sendo a primeira delas o
levantamento e a análise de dados, seguido pela geração, seleção e aplicação de conceito, e por fim o
desenvolvimento e o detalhamento, tendo em vista a elaboração de uma intervenção urbana e um vídeo
promocional com foco na história do time amador de futebol americano - Tropa Campina – e, no
trabalho em cima de sua imagem enquanto instituição. Se aproveitando dessa oportunidade, o projeto
ainda possui um viés inspirador do ponto de vista dos sonhos e busca transmitir uma mensagem positiva
sobre o futuro do esporte na cidade de Campina Grande. Para compreender esse assunto, este se propõe
a estudar o sentimento dos cidadãos desta cidade por ela, a relação que esta tem com o esporte, além do
vídeo e da intervenção urbana enquanto possíveis produções capazes de comunicar aos torcedores do
Tropa Campina e aos futuros cidadãos de Campina Grande

Palavras-chave: Tropa Campina; Futebol Americano; Campina Grande; Vídeo; Intervenção Urbana.

ABSTRACT
This research project aims at the elaboration of an urban intervention and a promotional video
focusing on the history of the amateur football team, Tropa Campina and working on its image
as an institution. Taking advantage of this opportunity, the project still has an inspirational bias
from the point of view of dreams and seeks to convey a positive message about the future of
sports in the city of Campina Grande. In order to understand this subject, this one proposes to
study the citizens' feelings of this city for her, the relation that this has with the sport, besides
the video and the urban intervention while possible productions able to communicate to the
fans of Tropa Campina and the future citizens from Campina Grande.

Keywords: Tropa Campina; American football; Campina Grande; Video; Urban intervention.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8
2 ESPIRITO CAMPINENSE ................................................................................................. 9
2.1 Cultura do Esporte na Cidade. ............................................................................... 12
2.2 Esporte e Identidade ............................................................................................... 13
3 FUTEBOL AMERICANO..................................................................................................17
3.1 O Show Anua da NFL............................................................................................. 19
3.2 FABR ...................................................................................................................... 21
4 TROPA CAMPINA ............................................................................................................. 23
5 MÉTODOS E MATERIAIS ............................................................................................... 25
5.1 Intervenção Urbana ................................................................................................. 27
5.2 Vídeo Promocional ................................................................................................. 27
6 SELEÇÃO, GERAÇÃO E APLICAÇÃO DE CONCEITO ............................................ 29
7 DESENVOLVIMENTO E DETALHAMENTO ............................................................... 34
7.1 Vídeo - Direção Geral e Formação da Equipe ....................................................... 34
7.2 Intervenção Urbana ................................................................................................. 37
7.3 Vídeo Promocional ................................................................................................. 53
7.3.1 Fotografia ................................................................................................. 54
7.3.2 Montagem ................................................................................................ 57
7.3.3 Direção de Arte ........................................................................................ 57
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 61
OBJETIVOS

Geral:
Criar e dirigir uma intervenção urbana e um vídeo promocional sobre o sonho de um
time de futebol americano em Campina Grande.

Específicos:
• Realizar uma intervenção urbana transformando o espaço de um cartão postal de
Campina Grande num ambiente propício à prática e ao conhecimento do futebol
americano na cidade.

• Dirigir um vídeo promocional do evento 'Tropa Fair', destacando a interação das


crianças presentes com o futebol americano e com Tropa Campina.

7
INTRODUÇÃO
A proposta de Tema para esse projeto foi pensada enquanto observava-se certo
amadorismo nas produções visuais e audiovisuais do Tropa Campina. Através de
conteúdos ligados à cadeira de Marketing Cultural comecei a atentar para os detalhes
relacionados à imagem das instituições e como eram vistas por seu público, sendo eu
também parte dele. Dessa forma busquei conversar com meu orientador, professor dessa
mesma cadeira, e chegamos à conclusão de que seria um bom campo de estudo para
mim já que eu sempre tive uma forte relação com a área esportiva. Sendo assim, após
algumas ponderações decidi por meio deste projeto agregar valor à imagem do Tropa
Campina através de uma produção artística que poderia vir a ser inserida num
planejamento do marketing desta mesma instituição.

A Intervenção traz uma modificação provisória num espaço público,


promovendo a interação das crianças com elementos do esporte e com os jogadores do
Tropa Campina. O vídeo agregou a este projeto artístico a faceta de produção também
mercadológica, ressaltando os detalhes da intervenção que veio a ser também um evento
planejado e rentável para a equipe, denominado "Tropa Fair".

O presente projeto é uma pesquisa acadêmica em artes, elaborada para atender


ao requisito da primeira etapa de três, do componente curricular obrigatório de Projeto
multimídia, do curso de Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande e
ministrada pelo professor Fabio Bezerra Cavalcanti. Este estudo tem por objetivo
produzir uma Intervenção Urbana para o time amador de futebol americano, Tropa
Campina, além de um vídeo promocional dessa mesma ação a ser divulgado nas redes
sociais da equipe de acordo com o interesse e programação da instituição.

Diante disto, é visto que este estudo terá relevância acadêmica e social, e
enquanto produto artístico, será uma iniciativa para que qualquer pessoa, que se
interesse por esportes, arte ou seja apaixonado por Campina Grande, tenha a
oportunidade de apreciar esta realização.

8
2 ESPÍRITO CAMPINENSE

Para contarmos a história do time de futebol americano que sonha em inspirar


toda uma cidade, é necessário antes de tudo falar da cidade e da história que o inspira.

Campina Grande é um município situado no interior da Paraíba, fundado em 11


de Outubro de 1864, onde até então era apenas um vila. Segundo o IBGE, atualmente
possui uma população de 407.754 habitantes, e é hoje uma cidade destaque em
inovação, desenvolvimento e qualidade de vida entre metrópoles no Brasil.

Em seus primórdios, tal como em outras cidades do interior do nordeste,


aparentemente não havia atrativo algum que pudesse fazer a cidade crescer e chamar
atenção para si. Segundo Savio Mota, na época em que foi elevada à categoria de
cidade, em 1864, Campina Grande tinha cerca de 300 casas e apenas cinco ruas, duas
igrejas, dentre estas a Matriz, além da Câmara Municipal, a cadeia e alguns pequenos
estabelecimentos comerciais. Em suma, o local ainda dependia muito dos que vinham
de fora (geralmente tropeiros) e por aqui passavam para descanso ou breves transações
comerciais.

Apesar do cenário de realidade ordinária, que vendava os olhos à visão do


progresso, ao longo do tempo foram surgindo vários cidadãos desta terra que à partir do
seu amor pela cidade acreditaram que dela poderia se extrair algo maior. A história de
Campina Grande e de seu crescimento está intrinsecamente relacionada ao esforço
dessas pessoas, mesmo as que não são campinenses de berço mas se sentiram abraçadas
pela cidade.

“Campina Grande sempre foi uma cidade que se caracterizou


por atrair pessoas de outras plagas, que depois de aqui aportarem
sentiam-se prendidas por um laço feito de muito amor e
fraternidade.” (DINOÁ, Ronaldo. p. 279)

Um dos grandes nomes responsáveis pelo evolução e progresso de Campina


Grande foi o de um dinamarquês, que veio a ser prefeito desta no início do século XX e
trouxe consigo grandes ideias e um projeto que impulsionou de vez o desenvolvimento
da cidade.

9
A iniciativa de alavancar um projeto que trouxesse a estrada de ferro
para Campina Grande, como forma de agilizar o progresso local, parte
do então prefeito Cristiano Lauritzen. Com recursos próprios, o chefe
do executivo vai ao Rio de Janeiro buscar apoio federal para viabilizar
a construção de uma linha férrea que se estendesse até a cidade por ele
administrada (JÚNIOR, Paulo, p.25).

Ronaldo Dinoá (1993, p. 73) descreve que o impulso tomado a partir da Estrada
de Ferro e a disseminação do comércio é sempre um ponto referencial importante para
uma avaliação adequada dos fatos que construíram a história da cidade, pois foi a partir
dessa iniciativa que se iniciou um grande ciclo de prosperidade para Campina Grande.
Ele ainda reforça a ideia de que essa constante presença da modernidade em Campina
Grande muito se deve aos filhos de sua terra, que passam de um para o outro o amor e o
orgulho de investir na cidade e vê-la crescer. Algo como uma consciência comum de
valorização do seu lugar de origem, que extrapola até suas próprias fronteiras e ganha o
mundo.

A atividade mercantil de Campina Grande ganhou notoriedade, não somente no


Brasil mas no exterior, pela garra e "indomalidade" espiritual de seu povo, no afã de
crescer. Gerações e mais gerações foram forjadas debaixo desse pensamento,
construindo a grandeza dessa cidade. (DINOÁ, Ronaldo ano, pág. 84)

Tal como a chegada da estrada de ferro que colocou Campina Grande como
segunda maior exportadora de algodão do mundo, apenas atrás da prestigiada cidade de
Liverpool, na Inglaterra, existem inúmeros exemplos de ações e ideias que refletem a
vontade do povo campinense1 em cooperar com o crescimento dessa cidade, sendo em
sua maioria, acontecimentos forjados debaixo de muita luta e dificuldades, sejam elas de
ordem política, social ou de outra natureza. À esse sentimento, muitos atribuem o termo,
Espírito Campinense.

Segundo relatam alguns dos antigos cidadãos de Campina, o Espírito


Campinense é um sentimento inerente às pessoas de Campina Grande, sendo
demonstrados de diversas formas, mas que encontram características comuns de levar
esse sentimento, pois há em todo Campinense um ser desbravador, uma consciência
sobre a grandiosidade de Campina em seu estilo de vida. Não havendo para ele nada
maior ou melhor do que sua Campina Grande.

1
Termo atribuído à quem é de Campina Grande.

10
No decorrer desta pesquisa encontrei comumente vários nomes que se
destacaram frente aos seus contemporâneos em relação ao orgulho pela cidade, tais
como Edvaldo do Ó; Vergniaud Wanderley e Ronaldo Cunha Lima. Isso se reflete
através de diversas ações benéficas e de grande investimento em Campina Grande.

Dentre as figuras dos grandes campinenses, é válido porém, ressaltar Lynaldo


Cavalcanti como um dos maiores contribuintes para a história da cidade, pelos
importantes feitos que refletem na vida cotidiana dos cidadãos desta cidade até os dias
de hoje.

Sua luta pela educação, ciência e tecnologia, como instrumentos de


libertação das pessoas e de redução dos desequilíbrios regionais e
sociais. Propôs mesmo o conceito de "transposição do conhecimento",
por analogia com o projeto do rio São Francisco. Nesse sentido,
realizou importantes ações de interiorização da educação superior na
Paraíba (NETO, 2003, p.33).
Foram lutas como as de Lynaldo que propiciaram à muitos cidadãos paraibanos,
como esse que vos escreve, cujo viviam, até então, longe dos polos centrais e da
possibilidade de estudar e se capacitar sem que necessitassem se deslocar de sua região.
Deu à Campina Grande autonomia em suas instituições de ensino superior, permitindo
livre atuação de trabalho e desenvolvimento sem a necessidade de se reportar à capital,
João Pessoa.

Como forma de ilustrar o louvável objetivo de valorizar a nossa terra, evidencio


aqui o discurso de Lynaldo num pronunciamento para formandos do Centro de Ciência
e Tecnologia em Campina Grande, citado no livro sobre sua vida, escrito por Ivan Neto.

"Desejo, sobretudo, que leveis de vossa universidade essa imagem de trabalho simples e
renovada, orientada para criar condições mais favoráveis ao desenvolvimento de
Campina Grande, da Paraíba e do Nordeste."

Sabendo dessa tradição de investimento somado ao sentimento de amor que faz


o campinense defender e levar o nome de Campina Grande para o mundo, é comum se
pressupor que quando a cidade figura como destaque entre os melhores isso se dá graças
aos filhos e produtos dessa terra.

11
2.1 Cultura do esporte na cidade

Tal como atribuída à política e à economia em tempos atrás, ou atualmente à


realização da festa junina, denominada sem nenhuma modéstia como Maior São João do
Mundo, no esporte de Campina Grande há também uma grande razão para o orgulho
que une, mas ao mesmo tempo divide os cidadãos da cidade. Trata-se da rivalidade
histórica entre Treze Futebol Clube e Campinense Clube, os dois maiores clubes da
cidade e do estado, que fazem o grande jogo chamado, "Clássico dos Maiorais".

Entre os cidadãos de Campina Grande, o jogo tem uma importância que não se
consegue mensurar, e para a maioria dos jornalistas esportivos trata-se do maior clássico
e maior rivalidade do futebol no interior do Brasil.

Ambos os times têm um histórico repleto de conquistas regionais e participações


importantes no cenário das competições nacionais. Mais do que isso, trezeanos e
raposeiros2 são apaixonados por seus times e fazem dessa paixão, apoio concreto nas
arquibancadas do Estádio Amigão3, nas ruas de Campina Grande ou em qualquer lugar
que forem.

Se existe algo em comum entre os fanáticos torcedores de Treze e Campinense é


o amor por sua cidade e o prazer em sempre representá-la bem. É recorrente em todos
os esportes que equipes tenham altos e baixos em seu desempenho, e não é diferente
com os clubes de Campina Grande. Porém existe algo que vai além da rivalidade
esportiva e que faz o fato de estar melhor do que seu maior adversário apenas um mero
detalhe. O clube que tem um destaque nas competições que participa tem a certeza de
que Campina Grande está sendo bem representada e destacada também, e esse talvez
seja o motivo de maior orgulho.

Como citado no texto acima, tradicionalmente Treze e Campinense estão sempre


entre os melhores clubes do estado da Paraíba, e disputando boas posições nos rankings
regionais e nacionais. Apesar dos bons resultados em campo e dessa imensa paixão dos
cidadãos de Campina Grande por seus respectivos clubes, muitas vezes não se observa
um investimento de valorização da imagem proporcional ao potencial dessas equipes.

2
Trezeanos e Raposeiros é como são conhecidos os torcedores de Treze e Campinense, respectivamente.
3
Estádio Governador Ernani Sátyro, popularmente conhecido como "O Amigão" é um estádio multiúso
na cidade de Campina Grande, administrado pelo governo do estado da Paraíba.

12
Tendo em vista a tradição do futebol na cidade, o apoio observado a partir do público
nos jogos, a representatividade no número de camisas vendidas e vistas nas ruas,
números consideráveis de seguidores nas redes sociais, entre outros fatores. É notória a
necessidade de se fazer crescer esse mercado e torná-lo mais rentável para os clubes,
vindo a tornar seu desempenho cada vez melhor. O provável caminho é a valorização da
imagem dos clubes de futebol e de outros esportes na cidade, que aparenta estar
desgastada e não transmitir confiança.

Esse processo de valorização da imagem das equipes pode ser realizado a partir
de estratégicas ações de Comunicação e/ou Marketing, através de realizações artísticas
como esta, afim de agregar valor à esta área de estudo e às próprias instituições
eventualmente.

2.2 Esporte e identidade

Tal como vemos em Campina Grande, existe um sentimento de relação com uma
equipe que vai além de uma simples ida aos jogos, da aquisição de algum de seus
produtos físicos ou da adesão ao programa de sócios do clube, de modo que a posse
desses itens sem o elemento identificação, não leva esse envolvimento a resultados
satisfatórios e duradouros.

Estabelece-se como uma necessidade que os adeptos de um time, clube,


empresa, seleção nacional, e tudo quanto se relacione à estes, agreguem um real
sentimento de coletividade junto à instituição. Qualquer coisa que traga essa
identificação reflete proporcionalmente no suporte dado por esse grupo de pessoas, seja
este de cunho financeiro ou de outra natureza.

Os autores de comunicação defendem a ideia de que a imagem de uma


empresa é seu maior patrimônio, que é a sua imagem que a representa
junto a seu público e à opinião pública, que sua imagem é que a vende
no mercado; que é à comunicação que cabe construir e manter esse
bem da empresa (sua imagem). Assim é que há autores que afirmam
que a imagem de uma empresa está baseada na divulgação que faz
para a mídia. Dessa forma, tudo o que está ligado a uma empresa e a
seus produtos ou serviços contribui para a sua imagem, inclusive as
pessoas que nela trabalham (TOMASI; MEDEIROS, 2007, p. 83).

Esse ação forjada no objetivo coletivo de valorizar aquilo cujo se faz parte é
comumente observado (e de forma natural) quando no reportamos ao sentimento ligado

13
às nossa origens ou à nossa história. Diante deste aspecto, pode-se destacar a torcida
pelo time de sua cidade (estado ou país) como uma forte razão de motivação.

"O indivíduo, que pertence ao mesmo grupo de seguidores, renova seu


ser social e assimila a sua individualidade para o ser coletivo. A
vitória da seleção nacional do país é uma oportunidade para afirmar o
seu sentido de associação." (GALLEGOS, 2003, p.102)

Historicamente muitos clubes fundados para a prática desportiva surgiram ou se


fortaleceram a partir de uma motivação social ou política. Essas características da
história dos clubes determinam várias ações que envolvem o contexto dessas equipes.
Ações que podem ir desde a política de trabalho dos dirigentes do clube, ao modo de
agir dos torcedores e dos jogadores do clube, que resultam na maneira como outras
instituições e veículos de comunicação veem esse clube e se relacionam com ele. Em
muitos casos essa influência estabelece uma tradição singular para aquela instituição
que vai levar essas marcas no decorrer de sua história.

O Bayern de Munique é um exemplo de instituição marcada pela história


político-social de seu país e de uma guerra. Nas décadas de 30 e 40, durante a II Guerra
Mundial o clube sofreu perseguições, cujo eram reflexo das ideologias vigentes na
sociedade Alemã.

A popularização do Nazismo pôs um final repentino no


desenvolvimento do Bayern München: o presidente e o técnico da
equipe eram judeus e tiveram que deixar o país. Muitos outros
membros também precisaram fugir, e taxado como "Clube de
Judeus", o Bayern perdeu grande parte de seu elenco e voltou a
possuir um time amador. Durante este período nenhum título foi
alcançado e a posição nas tabelas não foi mais do que mediana
(HISTÓRIA... 2017)

Mesmo tratando-se de uma marca ruim, este fato inevitavelmente fará sempre
parte da história do clube, que hoje é motivo de orgulho no tocante à maneira como o
Bayern se posicionou enquanto sofreu com a guerra. Esse conjunto de fatos históricos,
somados às glórias, grandes jogadores, conquistas e títulos são aspectos que compõem
uma grande tradição no Bayern de Munique.

"Pra mim é uma grande honra ser capitão de uma equipe como o
Bayern de Munique, principalmente por que eu sou sucessor de
capitães históricos, e poder seguir os passos deles é incrível." Disse
o lateral e capitão alemão, Philipp Lahm, num documentário
produzido pelo Esporte Espetacular, da Rede Globo.

14
O reconhecimento de um torcedor para com uma equipe esportiva, por exemplo,
também pode estar relacionado à outros diversos fatores, tais como a tradição familiar,
influência de um grupo de convívio, a identificação com um jogador, bem como ser
simplesmente uma atitude de apoio ao time de sua origem.

Alem da identificação vinda "de berço", existem outros aspecto de motivação do


sentimento por um clube. Como exemplo, sabe-se que o Clube de Regatas Flamengo -
RJ é o clube de futebol mais popular do Brasil, mas várias pesquisas divulgadas
mostram que uma grande parte dos torcedores rubro-negros não residem na cidade ou
no estado do Rio de Janeiro, onde fica a sede do Flamengo. Isso ocorre com outros
grandes clubes cariocas, assim como clubes de outros estados, à exemplo de São Paulo.

Segundo o Instituto de Pesquisas GPP4, na Paraíba o clube local com maior


torcida é o Treze Futebol Clube, com uma porcentagem de 4,1% do total de respostas
para a pesquisa. Nota-se que mesmo sendo o clube local de maior torcida na Paraíba,
não é o mais popular entre todos. O time de maior torcida nesse mesmo estado é o
Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro, que detém 39,9% dos torcedores do
estado paraibano, seguido pelo Clube de Regatas Vasco da Gama - RJ (9,2%), Sport
Club Corinthians Paulista - SP (5,5%), São Paulo Futebol Clube - SP (5,1%) e apenas
no quinto lugar o time paraibano Treze FC aparece com seus números.

A lista ainda mostra outros times do estado: Campinense Clube (2,2%),


Botafogo Futebol Clube (1,4%) e Sousa Esporte Clube (0,4%) na sétima, décima e
décima terceira colocações, respectivamente.

Tabela 1 – Ranking de maiores torcidas da Paraíba.


IDADE

TIME/TORCIDA MASCULINO FEMININO 16/24 25/34 35/44 45/59 60 GLOBAL


(%) (%) (%) (%) (%) (%) OU (%)
MAIS
(%)
Flamengo 36,8 42,6 47,0 41,9 44,7 36,2 29,1 39,9
Vasco 14,7 4,3 7,3 8,4 14,0 8,3 8,1 9,2
Corinthians 8,3 2,9 10,0 8,3 4,9 3,5 --- 5,5
São Paulo 7,5 2,9 8,2 8,8 3,5 2,1 2,3 5,1
Treze 3,5 4,6 2,8 3,4 4,2 4,1 6,3 4,1
Palmeiras 4,8 1,8 3,6 5,5 2,1 2,9 1,2 3,2
Campinense 2,9 1,6 --- 0,7 2,8 5,9 1,2 2,2
Fluminense 3,2 0,9 1,8 1,4 1,4 2,1 3,5 2,0

4
Pesquisa feita a partir de 600 entrevistas com resultados ponderados através de dados divulgados pelo
IBGE.

15
Botafogo RJ 4,0 0,3 1,8 --- 2,1 1,3 5,8 2,0
Botafogo PB 2,2 0,6 1,8 0,7 --- 4,1 --- 1,4
Cruzeiro 0,4 1,3 --- --- --- 1,6 3,2 0,9
Atlético Mineiro --- 0,7 --- --- --- --- 2,1 0,4
Sousa --- 0,7 --- --- --- --- 2,1 0,4
Santa Cruz 0,4 0,3 --- 0,7 --- 0,8 --- 0,3
Grêmio 0,3 --- 0,9 --- --- --- --- 0,2
Internacional --- 0,3 --- 0,6 --- --- --- 0,2
Sport Recife 0,4 --- --- --- --- --- 1,2 0,2
Santos --- 0,3 --- --- 0,7 --- --- 0,1
Nenhum / Não sabe /
10,6 33,9 14,8 19,6 19,6 27,1 33,9 22,7
Não respondeu
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Instituto GPP

O quadro exibido aqui reforça a necessidade de se valorizar a imagem e a


estrutura dos times de futebol de estados menos providos de apoio financeiro. Aquilo
que não parece atrativo aos olhos do consumidor (torcedor) fatalmente será deixado de
lado e trocado por algo aparentemente melhor e maior. Estados como a Paraíba que não
têm todos jogos dos seus clubes e do seu campeonato exibidos nas grande emissoras de
televisão têm que enfrentar o dilema de observar cada nova geração dedicando seu
apoio e seu sentimento à equipes de fora da sua região. Essa realidade é observada com
ainda mais estranheza quando se trata da interação com o esporte pelo ponto de vista
americano.

Dentro das grandes ligas americanas, tais como NFL5, NBA6, NHL7, entre
outras, nos clubes (ou franquias, como são chamadas) é comum se observar a
identificação do nome da cidade sede do Clube, seguido de um mascote como símbolo e
nome popular do time. À exemplo disto, cito aqui a franquia "Miami Dolphins", time de
Futebol Americano da National Football League - NFL que tem sua sede na cidade de
Miami na Flórida, e seu mascote "Dolphins" (Golfinhos traduzido do inglês), é o
símbolo e apelido do time nas competições. Comumente, os cidadãos e residentes de
Miami, não se veem torcendo para um clube que não represente a sua cidade, nem
fazem uso de uma representação simbólica que não seja a do mascote do seu time.

5
National Football League. Traduzido: Liga Nacional de Futebol Americano
6
National Basketball Association. Traduzido: Associação Nacional de Basquetebol.
7
National Hockey League. Traduzido: Liga Nacional de Hóquei no Gelo

16
3 FUTEBOL AMERICANO

O Futebol Americano não nasceu originalmente nos Estados Unidos, porém sua
configuração atual de disputa é uma modificação do que nasceu como Football,8 na
Europa.

Ao esporte que era praticado apenas com os pés, desde a sua criação em 1805 na
Inglaterra, foi adicionado a possibilidade de jogar também com as mãos. Nascia então
na cidade de Rugby, o Rugby Football. A popularidade dessas duas modalidades
(Football e Rugby Football) foi refletida também nos EUA com a chegada do esporte
através de vários jovens americanos que voltavam para casa após estudarem na Europa.
Os esportes se popularizaram entre as escolas, universidades e clubes americanos até
que se criou uma fórmula própria, onde tempos depois foi padronizado. Nascia o
American Football

As primeiras regras foram escritas por Walter Camp na Convenção Massasoit no


ano de 1876.

Representantes das universidades de Harvard, Princeton e Columbia


padronizaram o American Football. Atleta e Jornalista, Walter Camp
criou a regra dos downs: toda vez que o atleta de posse da bola fosse
derrubado o juíz interromperia o jogo para que os times se
realinhassem e reiniciassem a partida em uma nova jogada (down). O
time tinha três chances para avançar pelo menos cinco jardas (hoje são
4 chances para 10 jardas). Se não conseguisse entregava a bola ao
adversário. (GUIA F.A. - ESPN) Acesso em 13/04/ 2017

O surgimento do American Football como esporte profissional nos Estados


Unidos está inteiramente ligado à fundação da American Professional Football
Conference em 1920, que veio a se tornar a NFL em 1922. A Liga Nacional de Futebol
Americano trouxe benefícios ao esporte em termos de organização mas enfrentou
bastante dificuldades no seu início:

As primeiras temporadas foram turbulentas, com times aparecendo e


sumindo de um ano para o outro, falta de dinheiro e improvisos. O
ponto mais baixo foi a final de 1932, quando Chicago Cardinals e
Portsmouth Spartans (atual Detroit Lions) foram obrigados a jogar
dentro de uma arena de circo em um campo com apenas 80 jardas,
coberto de feno e fezes de elefante. (GUIA F.A. - ESPN) Acesso em
13/04/ 2017

8
Trata-se do "nosso"futebol e atualmente conhecido como "Soccer" entre os americanos.

17
Nos anos 50 os Estados Unidos estavam passando por uma fase de crescimento
que veio a melhorar o estilo de vida dos americanos, de modo que a popularidade do
esporte cresceu consideravelmente. Porém esse bom crescimento fez com que os donos
da NFL estagnassem sua postura em relação à administração da franquia, enquanto o
esporte continuava a crescer fora das fronteiras da liga nacional.

O surgimento da AFL (American Football League), uma liga secundária no


contexto do esporte nos EUA não foi vista com bons olhos pelos membros da então
única e grande liga de Futebol Americano no país, a NFL. O pedido para unir forças
entre as duas ligas não foi levado em consideração. O então dono da NFL, George
Preston Marshall, afirmava não existir razão para uma expansão da NFL. Eles
forneciam o Futebol de graça pela televisão e em sua opinião a expansão só irá debilitar
a instituição.

https://www.youtube.com/watch?v=_7OA6koTK_E

Após diversas tentativas de se juntar à National Football League, Lamar Hunt9


que representava diversas cidades e empresários dispostos a investir no esporte, tomou
a iniciativa de construir um novo caminho para este sonho.

"...e então um pensamento me ocorreu, literalmente como uma


lâmpada se acendendo na minha cabeça e eu pensei: Se todas essas
pessoas a serem incluídas querem ter novos times profissionais de
Futebol, por que uma nova liga não teria sucesso? Eu me fiz essa
pergunta e então me veio a resposta: Será um sucesso!" (HUNT,
Lamar) https://www.youtube.com/watch?v=_7OA6koTK_E

A porta fechada para os novos times que surgiam significou uma oposição à
participação de cidades que viriam a ganhar muitos títulos nacionais décadas depois.
Entre elas estavam Nova York, Denver, Dallas, Oakland, Los Angeles. A American
Football League começou a crescer e trouxe importantes contribuições para o jogo, tal
como a inovação da conversão de dois pontos, e para o contexto da comunicação do
esporte em geral, tais como o marketing com nomes de atletas em camisas e a parceria
com a rede de televisão, ABC.

Em 1967, após anos de rivalidade, AFL e NFL decidiram fazer um jogo final
entre os campeões de cada conferência. Foi criado então o Super Bowl. Três anos

9
Pioneiro, entusiasta e promotor do futebol americano, do soccer, do tênis, do basquetebol e do hóquei
no gelo nos EUA.

18
depois houve uma unificação total da liga com a redistribuição de alguns times entre as
conferências, a disposição de novos confrontos e o sucesso da nova fórmula de disputa a
partir da reorganização dessas conferências, agora chamadas AFC 10 e NFC11, ambas
integrantes da NFL.

A unificação total aconteceu em 1970, quando os 10 times da AFL se


uniram aos 16 da NFL. Além do Super Bowl, os times das duas ligas
agora jogavam entre si durante a temporada. A audiência televisiva
dobrou e o Futebol Americano se firmou como o esporte favorito dos
americanos. (GUIA F.A. - ESPN)

Passada as épocas de turbulência, mudanças e experimentações, observa-se que


o modelo atual de competição utilizado pelos americanos tornou a competição numa
disputa mais acirrada e democrática. Uma vez que há várias grandes cidades e várias
grandes equipes, existe um investimento massivo em todos esses clubes, investimento
esse proveniente de empresas privadas mas também dos torcedores locais que se aderem
aos clubes de suas cidades, como forma de mostrarem-se orgulhosos por terem essa
identificação com uma franquia da sua cidade, que vai bem nas competições e que ele
ajuda a crescer.

É este o modelo de competitividade e sucesso que os brasileiros buscam


implantar em diversos esportes, principalmente em competições de Futebol Americano
no Brasil, mas há um longo caminho a se percorrer.

3.1 O show anual da NFL

Diferentemente de outras modalidades, o FA12 é um esporte que nasceu nos


EUA e que tem quase todo o seu foco voltado para a competição americana no seu país
de origem, a NFL. As outras competições mundo afora estão longe de igualar-se em
estrutura física, técnica, e de satisfação voltada ao público cujo ama seu esporte.

A NFL tem em seus padrões de investimento e organização, números que


impressionam a todos que acompanham o esporte. Não apenas pelos patrocínios e
valores financeiros, mas pela capacidade de atrair a atenção do mundo exercida através
de boas estratégias de marketing e construção de uma imagem popular, e principalmente
rentável. A edição de 2017 da final da liga nacional (Super Bowl LI) teve uma audiência

10
American Football Conference.
11
National Football Conference.
12
Sigla abreviada utilizada no contexto do esporte no Brasil, correspondente à Futebol Americano.

19
que chegou a 111,3 milhões de pessoas. No intervalo do jogo, durante o show da
cantora Lady Gaga, os números chegaram a 117,5 milhões. Apesar desse sucesso
admirável de audiência e interesse geral do público comum pelo partida final da
temporada, nem sempre houve essa concepção de sucesso em relação ao evento como
um todo.

Em 1992, a NFL se preparava para mais uma final de sua liga como havia feito
nos anos anteriores até então. Apesar da grandiosidade inerente ao jogo, já que se
tratava da decisão de um título nacional do esporte mais popular do país, os
organizadores viram a audiência ser fracionada quando o Canal FOX colocou um
episódio inédito de uma série de TV de grande evidência na época, em horário
simultâneo ao do Super Bowl. A NFL então percebeu que precisava mudar algo em
relação ao que já acontecia nos seus eventos.

O primeiro Half Time Show13 da história do Super Bowl foi simplesmente um


sucesso de audiência e de repercussão, sendo também o mais marcante desde então.
Michael Jackson foi convidado e convencido a realizar uma apresentação no intervalo
do jogo, isso porque não se sabia que tipo de resposta viria do público em relação à um
evento dentro de outro, e onde tudo isso era novo.

A imagem do Rei do Pop agregou um valor para o espaço na programação do


evento que era até então desconhecido. Anualmente outros grandes artistas passaram
por esse palco e trouxeram sua contribuição para o espetáculo, sempre com
espetaculares apresentações

Atualmente, vista como uma das grandes vitrines do showbusiness mundial, a


NFL demonstra que aprendeu como lucrar com o Super Bowl. Possui hoje o espaço
para publicidade mais caro do esporte (30 seg / 3 Milhões US$). Antes pagava os
artistas convidados e planeja futuramente passar a receber deles para disponibilizar este
espaço no intervalo do jogo mais assistido e valorizado da liga.

13
Show musical no intervalo do jogo final da Liga de futebol americano dos EUA.

20
3.2 FABR

Olhando pro alto e sonhando em ser a próxima NFL, o Futebol Americano é


hoje um esporte em ascensão no Brasil e vem crescendo expressivamente nos últimos
anos, sendo atualmente o esporte que mais cresce no país.

O fato é que, nesse cenário, hoje no Brasil começa a se estabelecer com mais
autonomia e organização as competições envolvendo esse esporte. Há poucos anos não
se ouvia falar sobre o FA jogado em território brasileiro, ainda que já houvessem ligas
regionais e clubes já reconhecidos nacionalmente (devido à sua popularidade no futebol
/ soccer) participando das competições, tais como o Torneio Touchdown e a Superliga
14
Nacional, que equivaliam a primeira divisão nacional do esporte no país. Depois de
anos de disputas organizadas amadoramente, a principal liga de Futebol Americano no
Brasil, começou a se estruturar em amplitude nacional, tendo a participação de equipes
de todo o território brasileiro15.

No início de 2017 muito se discutiu nos ambientes que "respiram" o FA, acerca
da criação de uma nova Liga e dos novos planos para o esporte e tudo que envolve sua
organização no Brasil. Foi então criada a BFA (Brasil Futebol Americano), no intuito de
melhorar a organização da competição, dar mais autonomia aos clubes e investir na
organização e nos próprios clubes através de um possível suporte de um patrocinador de
peso.

Enfrentando o amadorismo como uma das principais barreiras para o


crescimento do esporte, começa-se a observar com outras perspectivas essa modalidade
que vem demonstrando um relevante crescimento no tocante ao interesse dos
brasileiros, resultando em um apelo que já é observado durante as competições e é
refletido na maneira como se acompanham e planejam os eventos.

Para podermos assistir aos jogos e acompanhar as competições americanas aqui


no Brasil é necessário um grande trabalho de cobertura através da televisão 16 e das

14
Disponível em:< http://www.folhape.com.br/esportes/mais-esportes/mais-
esportes/2017/02/17/NWS,18368,68,553,ESPORTES,2191-NOVA-LIGA-FUTEBOL-AMERICANO-
BRASIL-LANCADA.aspx/> Acesso em: 04 de março 2017
15
Com exceção da região norte que teria problemas logísticos, segundo a organização da competição.
16
Até a temporada de 2016, a transmissão dos jogos da NFL no Brasil em TV Aberta era feita pelos
canais Esporte Interativo, que também dispunha de um serviço de transmissão online em seu aplicativo
"EI Plus".

21
mídias sociais. Hoje a maior cobertura das competições nos EUA para o Brasil é do
canal por assinatura ESPN, que transmite alguns jogos e repercute notícias da
competição em alguns programas durante a semana.

No Brasil, como em qualquer começo de um projeto, é necessário que se exiba o


público em potencial para que haja interesse relacionado ao investimento na imagem do
esporte e dos times por possíveis empresas parceiras. Esse potencial tem se tornado cada
vez mais evidente nos últimos anos e sentido na internet, na televisão e nos estádios.

Ainda que a realidade da comunicação desse esporte esteja longe do esperado


para uma liga nacional, já existem caminhos sendo traçados para o diálogo com o
público interessado em consumir conteúdo sobre o Futebol Americano. Plataformas
digitais como Youtube, Instagram e Facebook têm sido a melhor maneira em termos de
viabilidade de custos e projeção de imagem dos times do FABR. Através destes meios,
muitas equipes já conseguem até mesmo transmitir 'ao vivo' os jogos de suas equipes.
Com o Tropa Campina não tem sido diferente, e através desse projeto junto aos novos
meios de comunicação buscaremos compartilhar com o mundo a história da Tropa.

22
4 TROPA CAMPINA

Sendo atualmente Campeão do São João Bowl17, da conferência nordeste da


Liga Nacional em 2016, e integrante da divisão de elite (BFA) do Futebol Americano
no Brasil junto à grandes instituições como Flamengo, Corinthians e outros, o Tropa
Campina vive uma realidade positiva e bem distante se comparada à origem de toda a
história da modalidade na região.

Uma pesquisa feita por Julio César Gomes de Oliveira, jornalista paraibano e
entusiasta desse esporte, é uma das raras e mais importantes fontes de pesquisa sobre a
Tropa e destaca informações relevantes sobre o contexto que envolveu o início da
prática do futebol americano na Paraíba e em Campina Grande especificamente.

Além da apresentação de várias informações sobre a história do esporte no estado,


ele destaca a história do objeto de estudo mais importante desta pesquisa, o Tropa
Campina UEPB.

"2007 também marcou a introdução do football na cidade de Campina


Grande com a fundação do Borborema Troopers F.A. A equipe foi
uma iniciativa de estudantes da Universidade Federal de Campina
Grande que aficionados pelas transmissões dos jogos da liga
americana na TV, decidiram praticar a modalidade na cidade."

A prática do esporte na região vivia ainda uma fragilidade considerável e quase que
sem fôlego, se resumia ao surgimento e desaparecimento de várias equipes, ainda que
grande parte dos integrantes fossem os mesmos.

"Apesar do pouco tempo de existência, o Troopers ousou ao participar


do I Paraíba Bowl nos seus primeiros meses de existência. Até 2009, a
equipe auriverde permaneceu como o único time de futebol americano
do interior do estado, até que alguns dissidentes decidiram fundar o
Campina Titans. Troopers e Titans passaram a protagonizar a primeira
rivalidade de futebol americano na cidade e juntos ingressaram no III
Paraíba Bowl, se enfrentando em 17 de novembro de 2009, em
Campina Grande. No confronto o Borborema Troopers derrotou o
Campina Titans por 18x7. A partir de então, as partidas passaram a ser
realizadas no campo do Campinense Clube, no bairro da Bela Vista.
Em 2010, o Borborema Troopers e o Campina Titans ficaram inativos
e no seu lugar surgiu o Campina Guardians que manteve a prática do

17
Troféu disputado em partida única entre os times de futebol americano de Campina Grande e
Caruaru, chamado de São João Bowl, em alusão à rivalidade entre as duas cidades no âmbito da festa
junina, e ao Super Bowl.

23
futebol americano na cidade. Sem apoio, o esporte enfrentava uma
crise e corria o risco de não ter prosseguimento."

Depois de várias tentativas de avanço enquanto equipes independentes, se


pensou na possibilidade buscar um vínculo à uma marca já estabelecida e com muita
tradição no meio esportivo. Tal como em vários estados do Brasil, o futebol da bola
oval procurou auxílio no futebol da bola redonda.

Visando dar mais dinamismo e expansão, em 2011, Alberto Magno e


Adolfo Neves, representantes do Guardians, decidiram unir forças com a
equipe do Treze Futebol Clube, inserindo no clube, o futebol americano.
Com esta iniciativa, surgiu o Treze Roosters. O time nasceu consolidado e
com bom nível técnico, pois reunia atletas oriundos do Borborema Troopers,
Campina Titans e revelações do Campina Guardians, chegou a disputar uma
edição da Liga do Nordeste. No entanto, com a mudança na diretoria do
Treze em 2012, o futebol americano perdeu fôlego nos projetos do clube.

Decididos a dar continuidade ao esporte, apesar das dificuldades, remanescentes


das equipes uniram forças e fundaram o Tropa Campina de Futebol Americano, no dia
20 de outubro de 2013, onde posteriormente integraram-se à Universidade Estadual da
Paraíba - UEPB. Este vínculo entre as instituições se deu de maneira muito natural, pois
foi motivado pelo sentimento mútuo em relação ao progresso de Campina.

Identificado com este espírito ideológico é que o Tropa Campina F.A,


propõe uma parceria vencedora com a instituição, visando ações
sociais na área do desporto e lazer e contribuindo com a expansão da
modalidade do futebol americano no Brasil.

Sabendo desse objetivo e entendendo as profundas motivações da instituição em


relação ao desenvolvimento do esporte no país, à busca pela conexão com os jovens da
cidade, e à valorização da imagem da equipe, torna-se necessário relacionar esses
fatores à pesquisa e à produção da intervenção urbana e do vídeo.

24
5 MÉTODOS E MATERIAIS

5.1 Intervenção urbana

Tal como o nome sugere, Intervenção Urbana é o ato de intervir no meio


urbano, é também o termo utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados
às intervenções visuais em espaços públicos, quase sempre ocorridas nas grandes
cidades, mas isso não é de hoje.

Podemos dizer que, desde os tempos mais remotos, o homem é um ser social e
cultural, que sempre busca uma forma de se reconhecer e de se comunicar com o
outro, sem utilizar necessariamente a palavra oral, podendo fazê-lo pelo gesto de
pintar, desenhar, esculpir e gravar, representando suas percepções do mundo.

Lurdi Blauth / Possa, Andrea.


http://www.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/viewFile/3458/2479

Atualmente existem alguns nomes que se destacam na produção de intervenções


urbanas em grandes proporções, em se tratando de dimensões físicas e em proporções
globais, tais como o brasileiro Eduardo Kobra e Jean René, conhecido como JR. Em sua
fala no TED Talks (2011), cujo é uma série de palestras sem fins lucrativos, ocorrida em
todo mundo, René cita que para ele, a cidade é a melhor galeria que eu poderia
imaginar. Pois ele nunca precisaria produzir um book e apresentá-lo a uma galeria, e
deixar que outros decidam se meu trabalho é bom o suficiente pra ser exibido." TED
2011.
https://www.ted.com/talks/jr_s_ted_prize_wish_use_art_to_turn_the_world_inside_out?
language=pt-br

Se entendermos intervenção urbana como um plataforma utilizada para que as


realizações artísticas cheguem até o público, veremos que essa proposta estabelece um
contracenso em relação ao que era, há algum tempo, estabelecido como padrão para o
consumo da arte.

Houve um tempo em que o termo intervenção era privilégio legítimo


de militares, estrategistas ou planejadores e o urbano adjetivava o
futuro ainda longínquo para a maioria da população mundial. Se a
intervenção urbana foi, no século XX, predominantemente
heterônoma, uma ordem vinda de cima, a partir da segunda metade
deste mesmo século, os artistas começaram a interceptar tal

25
heteronímia e a apropriar-se da possibilidade de intervir no mundo
real e na cultura, irreversivelmente urbanos. (2010, pg. 01)

https://www.intervencaourbana.org/
Pensemos então os vários tipos de expressões artísticas existentes que podem
fazer uso dessa plataforma. E se a arte pode ser transferida de um meio "ideal" de
exibição, tal como o futebol que se adapta a vários ambientes, como a própria rua, cujo
modificados, tornam-se "propícios" à sua prática, porque com o Futebol Americano
seria diferente?

A grande questão é indicar de modo eficiente na intervenção, enquanto obra


artística, a faceta também de produto comercial e de consumo dos torcedores e
eventuais visitantes locais, utilizando, se possível, o marketing como instrumento de
propulsão desse produto.

Como obras artísticas, a intervenção urbana e o vídeo, por si só, não poderiam
obter os resultados desejados em relação ao mercado esportivo, pois estariam restritos
unicamente à linguagem abstrata pela qual se expressam, sem que viessem a ser
compreendidos pelo público como algo palpável, do ponto de vista do negócio. Toda
nova ideia, produto ou projeto a partir de um ponto inicial instável e desconhecido
necessita de estratégias que os permitam crescer.

O marketing esportivo consiste em todas as atividades designadas a satisfazer as


necessidades e desejos dos consumidores esportivos através do processo de troca.
Ele desenvolveu dois eixos principais: o marketing de produtos e serviços esportivos
diretamente para os consumidores esportivos e o marketing de outros produtos e
serviços através da utilização das promoções esportivas (MULLIN, ET. AL. 2000, p.
18)

Tal como cita Mullin (2000), o marketing de produtos e serviços é desenvolvido


através do processo de troca, e as ações como as que foram produzidas através dessa
pesquisa, são agentes dessa relação entre a instituição e seu público. É válido destacar
que a intervenção urbana e o vídeo enquanto objeto de promoção do Tropa Campina
tomam um valor majoritariamente associado ao negócio, onde espera-se um resultado
específico como consequência de seu investimento.

No decorrer das leituras sobre marketing, e em contato com as pessoas que


dirigem essa área dentro do Tropa Campina, um educador físico e uma fisioterapeuta,
percebi que seria de muita presunção de nossa parte, querer desenvolver um projeto de

26
marketing pra equipe neste período de parceria. Talvez a melhor estratégia de trabalho
para um grupo que não domina as estratégias do marketing esportivo à longo prazo nas
mãos, seja explorar o encantamento do público no instante em que há a troca desse
serviço ou produto. Dessa forma será possível mantê-los ao menos conectados pela
lembrança de que quando em contato com o Tropa Campina, viveram uma experiência
marcante. E essa experiência também pode ser de caráter virtual, como através de um
contato com um vídeo, ou interação nas redes sociais.

"Quando em imagens em movimento e sons, trata-se de uma forma


narrativa, de mídia predominantemente televisiva (e, mais
recentemente, internet), que se compõe de enunciados assertivos sobre
mercadorias, com a intenção de fazer com que seu valor seja realizado
no mercado." (RAMOS, 2008, p. 63)

Tendo como motivação essa realização de seu valor no mercado, creio que nada
seria mais marcante e atrativo do que um evento que possibilitasse a interação real com
o produto (Tropa / futebol americano), e somado à este um vídeo, cujo pode-se
estruturar um ambiente ideal para aquilo que se propõe a oferecer.

5.2 Vídeo promocional

A proposta deste projeto em produzir um vídeo promocional tem os sonhos


como tema principal. Somado à linguagem semelhante a do cinema, cujo é inerente ao
vídeo, existe também uma ligação comum entre o cinema e a linguagem dos sonhos.

“Falar sobre sonhos é como falar sobre filmes, já que o cinema usa a
linguagem dos sonhos; os anos podem passar em um segundo e você pode
pular de um lugar para outro. É uma linguagem feita de imagem. E no cinema
real, todo objeto e toda luz significam algo, como em um sonho" Federico
Fellini (1920-1993)

Apesar do tema em questão não ser diretamente sobre cinema e sonhos, este
projeto não poderia se ausentar de apresentar aspectos destes, visto que este
encantamento pode ser absorvido do cinema para o vídeo e transformado para uma nova
abordagem, onde o sonho também poderá ser evidenciado.

O fato é que um vídeo mesmo que feito "apenas" para divulgar uma marca ou
instituição também pode contar (er) uma história, tal como no cinema, ou seja, nele
pode existir uma narrativa, ainda que implícita.

27
"Atravessar o espelho tem um sentido mágico na nossa cultura. O
espelho é justamente o lugar onde vivem as imagens, essa entidades
virtuais que "imitam" gestos e comportamentos das criaturas do nosso
mundo, mas cuja existência é puramente luminosa. Atravessar o
espelho significa, portanto, entrar dentro da imagem, existir como
pura possibilidade dentro de um mundo virtual, um mundo sem
espessura, sem densidade, onde, em princípio tudo é possível.
(MACHADO, 2007, p.163)

O vídeo em sua essência sempre foi fruto de experimentações e hibridismos, de


modo a me parecer uma mídia volátil, em constante processo de modificação, e de fato
o é. Sendo assim, o caminho para tentar construir uma narrativa em cima de imagens
meramente documentais, espontâneas e não planejadas, do ponto de vista do roteiro, é a
experimentação.

"seja por um estímulo sensorial direto ou pelo estímulo imaginativo, a


imersão é popularmente compreendida como uma potência de atração do
sujeito humano à experiência vivenciada, num ideal de transportar para sua
consciência uma construção ficcional e fisgá-lo sensorialmente,
emocionalmente, e cognitivamente para uma paisagem de acontecimentos
mimetizados. Algo que constitui em um forte sentimento de presença na
realidade ficcional (MASSAROLO; MESQUITA, 2013, p. 150)

Espera-se que através desses produtos, real e digital, possamos alcançar o


objetivo de fazer o público sentir-se parte integrante desse conjunto, principalmente
tratando de uma relação onde para muitos o futebol americano e o Tropa Campina são
completos desconhecidos. Apesar disso, acredito que essa inserção no mundo lúdico dos
sonhos das crianças que já fomos um dia podem ser despertadas através da participação
na intervenção ou ao assistir o vídeo.

28
6 SELEÇÃO E GERAÇÃO DE CONCEITO

Apresentação

Durante a etapa de levantamento e análise de dados, indicou-se que tudo que se


relacionava ao Tropa Campina era tradicional e bem constituído do ponto de vista dos
valores da equipe, como o nome do time (fazendo referência à história e à Campina
Grande), bem como as cores do uniforme que remetem à bandeira, e o sentimento de
amor e orgulho pela cidade cujo representam.

CITAÇÃO

Essa identificação já existente facilitou a percepção sobre que caminhos trilhar à


respeito da construção criativa deste projeto.

Diante disso, houve uma palavra que permanentemente se estabeleceu nas


minha mente como o conceito ideal a ser trabalhado para esse produto artístico. A
palavra "Raízes".

Diante de algumas considerações optei por defini-la na sua forma singular, Raiz.

Conceito Raiz

Dicionário Informal:

Órgão da planta que normalmente se encontra abaixo da superfície do solo. Tem


duas funções principais: servir como meio de fixação ao solo e como órgão absorvente
de água e nutrientes.

Dicionário Aurélio:

Parte inferior das plantas com que elas se fixam ao solo e dele extraem água e
sais minerais.
2 - Qualquer extremidade implantada num tecido.
3 - Planta cuja raiz é comestível.
4 - Princípio, germe.
5 - Vínculo, prisão moral.
6 - Número que, multiplicado um certo número de vezes por si mesmo, produz o
número que determina.

29
7 - Palavra de que as derivadas se formam.
8 - Radical.
9 - Os dentes, o cabelo e as unhas.
10 - à raiz da carne: junto ou ao rés da pele.
11 - raiz da unha: o sabugo.

As definições acima mostram que a palavra raiz tem sua definição ligada à sua
importância biológica, sua posição em relação ao solo, sua função para com a planta ou
árvore. Porém para este projeto me utilizei do termo raiz com o propósito de expandir
seus significados e aplicações numa produção artística conceitual.

Conceituação Pessoal

Quando falamos aqui a palavra raiz entendo como a importância do que é


fundamental para o espírito do Tropa Campina. É tudo aquilo que é tradicionalmente
importante enquanto essência, origem de um sonho, de um propósito maior e espelho de
um legado consistente.

O termo raiz pode estar relacionado à um comportamento, aplicado à cores,


símbolos, cenários históricos, e na narrativa pertencente aos sonhos. Não se aplicando
apenas à coisas concretas, como ao seu significado baseado no senso comum.

No âmbito da tradição do comportamento dos cidadãos de Campina Grande, não


se pode deixar de lado o chamado Espírito Campinense, representado pela auto estima
do seu povo, cujo identifica-se como um sentimento que se aplica à relação de herança,
de espírito, sobre quem exalta a cidade, quem a representa e o faz de maneira grandiosa.
Não há nada mais "raiz" sobre ser de Campina Grande, do que ser orgulhoso por sua
cidade, levar o nome dela para o mundo e trabalhar para vê-la crescer e crescer com ela.

Corriqueiramente associado aos familiares, especialmente os mais antigos, o


termo raízes é metaforicamente usado como referência aos nossos antepassados, os que
vieram ao mundo (à Campina Grande no caso) antes de nós e que nos deixaram valores
e tradições extremamente significativas.

30
Partindo da necessidade de estabelecer uma imagem institucional ligada à
valores do Tropa Campina é fácil encontrar aspectos relacionados ao termo "raiz" da
maneira como busquei abordar.

Dentro do Tropa há uma política de valorização de algo que vai além do time ou
do esporte, que é a exaltação da cidade, do que vem de tempos distantes, do que nos fez
quem somos hoje. Além de uma valorização coletiva sobre seu lugar de origem,
também é comum no Tropa Campina a conscientização sobre ser parte integrante de um
todo, e a não necessidade de se valorizar a frente do time. Um exemplo disso é que os
jogadores não utilizam seus nomes atrás de suas camisas, pois se veem como guerreiros
anônimos que unem forças em favor da exaltação de algo maior.

31
A nominação de "tropeiros" para os jogadores / torcedores do Tropa Campina é
uma clara referência aos Tropeiros da Borborema, cujo foram figuras de grande
importância no cenário do desenvolvimento de Campina Grande.

https://www.portaldorancho.com.br/portal/tropeirismo-patrimonio-da-humanidade

É válido citar que existe atualmente um meme18 na internet que atribui à palavra
"Raiz" o sentido de algo ou alguém que é original na sua essência, que se comporta de
modo legítimo ao título ou perfil que lhe fora atribuído. Porém, essa qualificação apenas
se completa em contraposição à ideia do "Nutella"19, que é o novo, o não tradicional,
aquilo que é uma versão não original, modificada e "gourmetizada"20, ou seja, algo sem
valor tradicional mas quase sempre de alto valor financeiro associado, ligado à
ostentação de um estilo de vida ou de comportamento.

18
Meme é um termo grego que significa imitação.
O termo é bastante conhecido e utilizado no "mundo da internet", referindo-se
ao fenômeno de "viralização" de uma informação, ou seja,qualquer vídeo, imagem, frase, ideia, música
e etc, que se espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançando muita popularidade.
https://www.significados.com.br/meme/
19
Nutella (nuˈtɛla) é uma marca de um creme de avelã com cacau e leite que está presente em quase todo
o mundo.

32
O termo utilizado no projeto, ainda que igual, possui elementos e motivações
bem mais profundas e significativas do ponto de vista do tempo e da história, tanto da
que já passou quanto da que está para ser escrita.

O fato de tratar-se de um esporte amador no início do seu desenvolvimento, é


também motivador para ressaltar o significado do conceito 'raíz' através dessa produção
artística dirigida ao Futebol Americano. Dessa forma foi extremamente importante
trabalhar elementos que possibilitariam ao projeto ajudar a constituir de forma sólida a
imagem do esporte e do Tropa Campina à longo prazo, visando seu crescimento e
estabilidade nos próximos anos, além de reforçar um ambiente de paixão e
representatividade pela cidade através desse esporte.

33
7 DESENVOLVIMENTO E DETALHAMENTO

Através de um amigo que é jogador do Tropa Campina, consegui o contato de


Emanuel Lucena, coordenador responsável pelo marketing do time. Começamos a
conversar a respeito de uma possível parceria de trabalho com vantagem para os dois
lados. Logo de cara minha proposta foi vista com bons olhos por ele, me abrindo as
portas para que eu pudesse executar o trabalho e atingir o objetivo do projeto. Valorizar
a imagem do Tropa Campina e conquistar novos torcedores através de ações de
marketing e uma produção artística que chamasse a atenção de maneira relevante.

A primeira reunião ocorreu próximo ao fim da temporada de 2016, onde


discutimos sobre o andamento do departamento de comunicação e marketing do time.
Essa reunião foi proveitosa no sentido de entender a realidade na qual eu iria trabalhar.
Realidade financeira, institucional e burocrática.

7.1 Vídeo - Direção Geral e formação da equipe


Como Diretor Geral, sabendo que por afinidade a mídia cujo eu iria trabalhar
nesse projeto seria o vídeo, logo surgiu um problema que gerou um pré-planejamento
precoce. Para a ideia que eu tinha inicialmente, era extremamente necessária a captação
de imagens reais de jogo do Tropa Campina em competição, da torcida, do estádio. Pra
nossa realidade de produção não seria possível produzir algo que se aproximasse de um
ambiente de competição real em outro momento.

Dessa maneira, observamos a situação do time na tabela da Liga Nacional e


vimos que possivelmente só teríamos uma oportunidade de gravar essas imagens, já que
se tratava de um jogo eliminatório. O Tropa Campina jogaria no estádio "O Amigão",
em Campina Grande contra o Náutico Horses, de Recife. Seria uma partida Semifinal e
caso a equipe perdesse seria a última chance de produzir imagens documentais de um
dia de jogo, dentro do prazo de produção e entrega do Projeto Multimídia, de acordo
com o calendário acadêmico da UFCG.

34
Figura 1 – Tropa x Horses.

Montei uma equipe (ainda provisória) de fotografia experiente em captações


documentais e relacionadas à esportes. Dirigi o registro videográfico dos cinegrafistas,
Reinaldo Toscano e Allan Vidal durante o jogo, ressaltando quais seriam as melhores
imagens para compor o vídeo que viria a ser produzido e quais as minhas intenções em
relação ao projeto. Tive auxílio de Erickson Canuto na produção, onde o mesmo
acompanhou meu processo criativo e veio a ser o Diretor de Fotografia deste projeto.

Tudo ocorreu bem, mas eram imagens de apenas um jogo "comum" e o próximo
possivelmente seria o jogo do troféu, do título, do ápice da campanha do time e que
fatalmente também não poderia ficar sem registro. Porém, por ter se classificado com
critérios abaixo do "Maceió Marechais", o Tropa Campina teria que ir jogar em Maceió
- AL. Viajar para Alagoas mesmo ficando a 337 km de distância de Campina Grande,
não era um problema, mas sim a possibilidade de levar comigo uma equipe que fizesse
esse mesmo trabalho e registrasse o que seria o jogo do ano para o Tropa.

Como esperado, não pude contar com as mesmas pessoas que compuseram
minha equipe no primeiro jogo. Não consegui equipamento para fazer a gravação, mas
viajei com o time para Maceió por se tratar de uma experiência de vivência da realidade
do time, dos atletas, e do esporte no Brasil. Tinha a consciência de que isso me ajudaria
a entender suas demandas e o contexto do tema ao qual me debruçaria a estudar. Por
sorte, pude utilizar a câmera do fotógrafo do Tropa, Adriano Barros, que auxiliou me

35
nas filmagens do jogo final, vindo a ser Assistente de Fotografia durante as gravações
do vídeo cujo produzimos.

Figura 2 – Torcida tropeira.

Logo após as primeiras diretrizes junto ao orientador acerca do trabalho a ser


feito, como Diretor Geral do projeto comecei a convidar as pessoas cujo achei que se
encaixariam em cada função de trabalho. Como Assistente de Fotografia convidei para
o cargo o experiente fotógrafo do Tropa Campina, Adriano Barros, e para a Direção de
Arte convidei Ivyna Brito cujo já havia trabalhado comigo em outros projetos.

Para me auxiliar como Assistente de Direção convidei Erickson Canuto que já


havia contribuído nos processos de criação do projeto desde que ainda eram apenas
ideias soltas, vindo também a exercer o cargo de Diretor de Fotografia muito pelo bom
desempenho em relação à trabalhos que desenvolvemos juntos na área de vídeo, como
também baseado na visão comum de mundo que temos e discussões de produções
artístico-midiáticas que sempre ocorriam conosco no dia a dia. Dessa maneira não havia
muitas dissonâncias em relação às ideias e ao entendimento do que fazer.
Desenvolvemos juntos a decupagem de fotografia enquanto acrescentávamos e
retirávamos planos de acordo com a discussão do possível "roteiro" (que não seria
possível controlar, por tratar-se do registro de fatos espontâneos), mas serviu como
norte para a linearidade narrativa cujo desejava ilustrar no vídeo da Intervenção Urbana
a ser idealizada.

36
Tendo em mente todas as questões a serem observadas em relação ao evento,
coloquei a Direção de Produção nas mãos de Amanda Rocha com a Assistência de,
Hylanna Farias e Emanuel Lucena. Através de um grupo no WhatsApp, nós nos
comunicávamos e decidíamos as questões ligadas a produção do evento. Havia vários
materiais de jogo a serem levados para o museu, tivemos pouco tempo para instalar
esses elementos, assim como equipamentos de som, além do adesivo que ilustrava o
campo.

Pelo tamanho reduzido da equipe e a natureza das pautas e instituições cujo


estava lidando, tomei a frente da Produção Executiva do projeto, sempre em contato
com as direções do Tropa Campina e da UEPB, coordenação do Museu, e empresa
responsável pela adesivagem e placas encomendadas.

7.2 Intervenção urbana

Após a etapa de pesquisa sobre o esporte, entendi que a falta de conhecimento


sobre o Futebol Americano no Brasil muito se justifica pela pouca quantidade de
informação difundida sobre esse esporte, mas também por não haver espaços que
estimulem sua prática. No contexto cultural brasileiro é evidente que o futebol comum
(soccer) domina os espaços públicos das cidades. São milhares de campos de futebol
espalhados pelo Brasil servindo como berço para o início da interação social recreativa,
da exercício desportivo e do surgimento de muitos grandes jogadores profissionais na
história do país. São chamados campos de várzea, de pelada, "terrão", entre outros.

Diante desse quadro e da necessidade de fomentar a atividade do Futebol


Americano, através desse projeto junto ao Tropa Campina UEPB, surgiu a ideia da
criação um espaço que proporcionasse a prática do esporte pelas crianças da cidade.
Porém, como foi citado no parágrafo anterior, existe um problema que vai além da falta
de espaços públicos que sediem jogos de Futebol Americano. Trata-se do interesse pelo
esporte, ou a falta dele. Dessa forma, o campo por si só não provocaria esse interesse
sem que antes o esporte pudesse ser apresentado. Precisávamos de uma ação que
proporcionasse o contato direto do esporte para com esse público.

A melhor maneira encontrada para suprir a demanda do conhecimento e da


prática do Futebol Americano em Campina Grande, foi através de uma Intervenção
Urbana. A partir da ideia deste projeto, com o apoio da Universidade Estadual da

37
Paraíba - UEPB e do Tropa Campina, criamos um evento e projetamos um campo
artificial num espaço e formato que proporcionasse o conhecimento e a interação do
público com o esporte e com os atletas da equipe.

Figura 3 – Mapa distante.

Figura 4 – Mapa próximo.

Mediante a definição da ideia de produzir um campo de futebol americano, me


reuni com a Arquiteta Renally Maia. Estudamos algumas ideias sobre como seria
produzido o campo e buscamos encontrar uma adaptação deste ao espaço público
escolhido, o Museu de Arte Popular da Paraíba..

38
Figura 5 - Museu

Ao fim de todas as proposições motivadas pela dúvida sobre o material a ser


utilizado e o modo a ser produzido, observei em outros projetos, o que provavelmente
seria um ótima solução, já que o campo deveria ser fruto de uma intervenção
momentânea, de fácil colocação e remoção.

Figura 6 – Recreação

Fonte:

39
Figura 7 – Quadras inesperadas.

Desenvolvemos um campo artificial de futebol americano através de 3 grandes


faixas adesivas.

Figura 8 – O campo.

Figura 9 – Jogo no jogo.

40
O campo foi colocado num ambiente onde já existe o trânsito de pessoas da
cidade além de muitos turistas, com a intenção de atrair a atenção desse público para
esse ambiente criado para todos, totalmente disponível e gratuito.

Figura 10 – Visão Aérea.

A ação ocorreu no dia 10 do mês de Junho, período junino em que ocorre a festa
de São João e a cidade recebe muitos visitantes vindo de todos os lugares. O tempo de
duração foi definido de acordo com as normas estabelecidas pela instituição responsável
pelo local, a UEPB. A realização em apenas 1 dia foi o suficiente para alcançar o
objetivo deste projeto, porém no que diz respeito ao Tropa Campina abriu-se espaço
para novas ações do gênero que poderão vir a ser desenvolvidas em diferentes espaços
com a intenção de espalhar a cultura do esporte pela cidade, tais como praças, escolas e
shopping centers. Essa ação foi realizada como um evento do Tropa Campina, e foi
nomeado como Tropa Fair.21

Figura 11 – Tropa Fair.

21
Fair (traduzido do inglês, significa Feira, Mercado, Exposição) Fair: "Um grande evento público onde
os bens são comprados e vendidos, geralmente a partir de tabelas que foram especialmente organizadas
para o evento e onde há muitas vezes entretenimento."

41
O Tropa Fair foi planejado com uma abrangente programação e proporcionou as
seguintes atrações:

 Prática do esporte com os jogadores no campo de Futebol Americano


"artificial".

Figura 12 – Interação de jogo.

 Exposição da nova camisa do Tropa Campina para a temporada 2017 e das


camisas dos antigos times de futebol americano de Campina Grande cujo
antecederam o Tropa Campina.

42
Figura 13 – Tropa e Roosters.

Figura 14 – Camisa Titans.

Figura 15 – Camisa Troopers

(Na ordem, camisas do Tropa Campina, Treze Roosters, Campina Titans e Borborema Troopers)

A exposição além de servir como mostruário de camisas das equipes


locais de futebol americano, foi um espaço para ver de perto a história do
esporte na cidade. Os dados e informações mais relevantes foram entregues ao
público através de um QR Code com a pesquisa do jornalista Julio Cesar Gomes
de Oliveira.

43
 QR Code com a história do Futebol Americano em Campina Grande e do Tropa
Campina.
Figura 16 – QR Code.

Figura 17 – História do Tropa.

 Exposição e Utilização dos equipamentos de proteção do Futebol Americano.

Adultos e crianças puderam matar a curiosidade em relação aos


equipamentos de proteção utilizados pelos jogadores, bem como tiveram a

44
oportunidade de usá-los. Eventualmente foram também tiradas algumas dúvidas
sobre a relação do FA com o Rugby, modalidade cujo não possui equipamentos
como este.

Figura 18 – Garoto.

 Loja do Tropa.

A loja do tropa não possui espaço físico na cidade, mas já está ativa
virtualmente, no Instagram: "@lojadotropa". Em dias de jogo ou eventos relacionados à
equipe, como o Tropa Fair, a Loja do Tropa tem espaço garantido para expor seus
produtos customizados do Tropa, tais como copos, canecas, chaveiros, bonés e camisas
de jogo e comemorativas.

45
Figura 19 – Loja do Tropa.

Figura 20 – Camisa Campeão.

 Espaço para fotos com os jogadores e exposição do troféu de Campeão da


Conferência Nordeste da Liga Nacional 2016.

Como acontece em todo esporte, sobre a relação entre atletas e torcida, existe
uma capacidade imensa dos jogadores em atrair a atenção dos torcedores, para
conversas, fotos, autógrafos, etc. Além dessa realização, pudemos observar o
encantamento com o troféu, cujo também traz uma satisfação, e sensação de que aquele
objeto também lhe pertence, aquela conquista lhe representa.

46
Figura 21 – Garotada Tropeira.

Figura 22 –Garotada.

 Espaço para realização do "field goal22",

A jogada da modalidade realizada com os pés, talvez seja um atrativo


pela familiaridade com a ação comum do futebol (soccer), mas também é um

22
"Field Goal" que vale 3 pontos, é o termo utilizado para a jogada com o chute da bola em direção ao
"goal", cujo ocorre quando a equipe não consegue chegar na "end zone" para a obtenção da pontuação
máxima, chamada de "touchdown" O goal no futebol americano tem o formato e é conhecido com "Y".
Essa mesma jogada feita após a realização do touchdown, é chamada de "extra point" e vale 1 ponto.

47
elemento que desperta a curiosidade de todos, dada a diferença entre o formato
das bolas, que no futebol americano é oval

Figura 23 – Kick garotos.

Figura 24 – Kick garoto.

Como projeto de dupla personalidade, digamos assim, haviam dois interesses


individuais convergindo para o mesmo objetivo. Então, com a faceta do evento "Tropa
Fair", as ações do trabalho enquanto parte do meu projeto multimídia foram realizadas
com o propósito de potencializar o evento planejado para/com o Tropa Campina.

48
Baseado em referências observadas na etapa de levantamento de dados, observei
em algumas intervenções, a apropriação de elementos indiciais do dia a dia, como
estratégia para chamar atenção sobre o assunto em questão.

Figura 25 – Intervenções.

(a) (b)
Fonte: http://www.blckdmnds.com/divertidas-intervencoes-em-placas-de-transito-por-clet-abraham/
http://diretodocockpit.blogspot.com.br/2011/01/propaganda-criativa-01.html

Assim, tratando-se de uma intervenção urbana sobre futebol americano, em um


ambiente de circulação intensa de carros e transeuntes, produzi placas com
características semelhantes às de placas de trânsito, facilmente identificáveis como uma
referência à estas. Agreguei ainda termos e imagens pertencentes ao contexto do futebol
americano.

Utilizando termos próprios da cultura americana, e utilizada dentro das regras do


jogo do FA, procurei chamar a atenção dos motoristas através de uma placa com
características de indicação de distância e direção de outras localidades. Jardas é a
unidade de comprimento utilizado em países de língua inglesa, como nos EUA, e "End
Zone" é o nome da zona final do campo de jogo, onde ocorre o ápice do momento dos
jogos, pois é o único lugar onde pode ser marcado um "Touchdown", que é a maior
pontuação da modalidade. Pra todos os efeitos, a End Zone seria o local onde estava
ocorrendo o evento.

49
Figura 27 – Placa carros.

Figura 28 – Placa pedestres.

A Figura 28 foi direcionada às pessoas que caminhavam próximo ao museu,


identifica-se em posição de jogo, a figura de três jogadores, como em durante uma
partida. A placa chama atenção para a presença desses jogadores em plena ação nas
calçadas do Açude Velho.

Em soma à estas ações indiretas de conexão com o público nas proximidades da


intervenção, foi necessário orientar os integrantes do Tropa Campina para que
interagissem com as pessoas que passavam pelo local, abordando-as, principalmente
através de algo que trouxesse contato direto com o esporte. Como, por exemplo, um
grupo de jovens caminhando e surpreendidos por um atleta que passa a bola para algum
deles.

50
Figura 29 – Movimentos.

Figura 30 – Espectadores.

Sob o ponto de vista daquilo que é tradicional em Campina Grande, logo


lembramos do principal cartão postal da cidade. O Açude Velho.

A Intervenção Urbana aconteceu no Museu dos Três Pandeiros que fica às


margens do açude, sendo essa locação escolhida também pelo significado agregado à
ele e aos tropeiros, raízes da história da cidade.

51
Figura 31 – Açude do museu.

7.3 Video Promocional

O vídeo a ser produzido até então, como resultado deste projeto, é o produto
comum da intervenção urbana enquanto obra artística idealizada para os fins do meu
trabalho, e do evento "Tropa Fair" como reflexo das intenções do Tropa Campina
enquanto instituição. Dessa maneira, no vídeo esta dissociação não é vista, pois foi
estabelecido como objetivo primário a clara posição do Tropa Campina como
idealizador da intervenção urbana que atraiu pessoas para seu evento.

Como o evento foi planejado para ser visto por pessoas de todos os lugares do
mundo, graças ao poder da internet, necessitávamos selecionar um lugar cujo
representasse e apresentasse muito bem a cidade. Então, foram escolhidos dois dos
maiores cartões postais de Campina Grande para serem exibidos junto à imagem do
projeto.

O Açude Velho e o Museu de Arte Popular da Paraíba somados à imagem da


população durante à prática do Futebol Americano foram o retrato desse projeto em sua
divulgação, atraindo também as atenções para Campina Grande.

52
Figura 32 – Campina do Museu

7.3.1 Fotografia

Para a definição da fotografia do vídeo eu me reuni com o diretor de fotografia e


começamos a estudar diferentes vídeos sobre esportes coletivos, em especial,
campanhas ligadas ao incentivo da prática de esportes pouco praticados no Brasil, que
poderiam nos servir como referência em planos fotográficos, iluminação, montagem,
etc.

Figura 33 – Não é fácil.

(a) (b) (c)


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=M1hfRQrnS6A

53
Por se tratar de um vídeo promocional de uma ação cujo se necessitava destacar
(crianças em contato o futebol americano), a realização do evento enquanto intervenção
ficou em segundo plano. Para registrar aquilo que planejamos, não foi possível construir
um ambiente ideal, mas conseguimos produzir um ambiente com atrações, as quais nos
levaram a forjar no público as ações cujo definimos como essenciais para o vídeo. Uma
dessas ideias foi a execução de planos de ações que evidenciem movimentos de jogo,
como visto abaixo.
Figura 34 – Kick

7.3.2 Montagem

Tomando como referência, duas belas campanhas produzidas com tema


semelhante a ideia do meu projeto, também apliquei no vídeo um pouco de velocidade.
Mesmo seguindo a montagem do vídeo segundo o compasso da música escolhida, havia
a necessidade de mostrar que também tinham adultos brincando e jogando futebol
americano. A aplicação foi breve mas registra jogadas pré-ensaiadas pelo próprio time
do Tropa e agrega ao vídeo uma sensação de ação real de jogo no espaço desenvolvido.

Figura 35 – Formação.

54
Figura 36 – Jogada.

Figura 37 – Ação.

Baseado na pura espontaneidade do evento, também procuramos encaixar as


partes mais marcantes do flagra da relação entre as crianças e o esporte. Talvez não haja
forma mais livre de permitir que os integrantes modifiquem e construam algo
naturalmente, do que esses sendo crianças.

Figura 38 – Tropeirinha.

(a) (b) (c)

Ainda na primeira etapa do projeto, escolhi para abordar como tema os sonhos,
onde busquei colocar a nossa pessoalidade enquanto adultos, frente a frente com quem
éramos, ou sonhávamos ser quando crianças. Como sendo uma raiz da qual ninguém
pode se desvencilhar. Apesar de ter esse objetivo tão claro na minha mente, me veio a
dúvida de que talvez eu não conseguisse transmitir esse sentimento, de que somos os
mesmos. Não importa idade.
55
Ao ver o registro dessa imagem abaixo, pude constatar de cara, que para mim
essa seria a imagem que define meu projeto. Um espelho real, capaz de realizar uma
volta no tempo e trazer de volta um pouco de quem nós éramos, e ainda somos.

Figura 39 – Espelho

Alguns meses depois de produzir esse evento e ter conseguido ler nessa imagem
a minha proposta inicial, tive a oportunidade de observar a imagem abaixo e assistir a
animação em curta-metragem "Dear Basketball", que é um filme que conta um pouco da
história de Kobe Bryant, um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos,
cujo enquanto criança, sonhava em crescer e poder jogar no Los Angeles Lakers.

Figura 40 – Little Kobe

Fonte: https://it.wikipedia.org/wiki/Dear_Basketball

Esse filme ganhou o Oscar de melhor curta-metragem de animação em 2018 e


inspirou milhares de pessoas pelo mundo, principalmente por ter sido produzido a partir

56
de uma carta emocionante escrita por Kobe, dirigida ao basquete, quando se aposentou
do esporte.

Gostaria de destacar aqui o trecho final:

"…no matter what I do next


I’ll always be that kid."

Tradução:

"...não importa o meu próximo passo

Eu serei pra sempre aquela criança."

7.3.3 Direção de arte

Assim que definiu-se a ideia em relação à intervenção e sabendo sobre a


importância do vídeo a ser gravado como forma de exibir o evento e o Tropa para o
Brasil e o mundo, me reuni com Ivyna Brito, que foi minha diretora de arte e definimos
a paleta de cores do projeto.

Figura 40 – Paleta

Fonte:

Por tratar-se de uma intervenção urbana em uma locação pré-definida, levando


em conta as modificações que eram e que não eram possíveis de serem feitas no local do
evento, não se apresentaram condições ideais para produzir algo com a mesma liberdade
de criação comparada à outros projetos. Então, a definição da paleta aconteceu com
base num olhar crítico e direcionado para o que se podia aproveitar ao redor.
57
Os tons de cinza estão ligado à selva de pedra, à cidade grande, em clara
referência a grandeza de Campina Grande, seus prédios e monumentos tal como à um
dos cartões postais da cidade, o monumento aos pioneiros. O amarelo e o verde em suas
tonalidades, compõem a representação visual do campo de jogo, onde lutam os tropeiros
do futebol americano e está presente na bandeira da cidade e nos elementos construídos
pelo Tropa Campina em referência à mesma.

Figura 41 – Bandeira.

(a) (b)

A bandeira de Campina Grande assim como o Brasão tem em sua representação


as cores verde e amarelo. Trata-se de um símbolo muito importante da cidade e remete
às esporas dos cavaleiros, fazendo referência aos tropeiros, que foram os responsáveis
pelo progresso inicial da cidade. No brasão a asna é de cor dourada, porém na bandeira
a cor é substituída pelo amarelo. As 3 espadas são em referência à luta do povo
campinense em diferentes revoluções.
Nas cores vivas do amarelo e do laranja, referenciado ao termo “Rainha da
Borborema”, utilizado como nome de tratamento para Campina. Essas cores remetem à
riqueza de uma coroa, uma joia da realeza, mas, também nos indica uma ideia de
iluminação, ligada à sabedoria de um futuro e um contínuo progresso.
O Tropa Campina valoriza a história da cidade e dessa bandeira, e faz com que
seja impossível não tornar relevante para o projeto o aparecimento desses elementos, tal
como ocorre comumente nos jogos e não diferente, no Tropa Fair.

58
Figura 42 – Bandeira no jogo.

Figura 43 – Bandeira no Tropa Fair.

Associado então o conceito raiz, à volorização do seu lugar de origem, de sua


terra, seu solo, mostrando orgulho pelo símbolo que o representa, transmite-se isso para
as novas gerações. Sementes de um futuro já semeado e que um dia terão raízes que vão
crescer e tornar-se seguras, reconhecendo a terrinha boa onde estão fincadas.

59
Figura 44 – Tropeirinho no TropaFair.

Figura 45 – Tropeirinho de capacete.

60
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a conclusão da etapa de pesquisa e levantamento de dados, constatei da


importância do conhecimento sobre minha cidade de origem, e que passei a admirar
cada vez mais. Me tornei alvo fácil do espírito campinense que hoje encontra-se
totalmente acordado dentro de mim, assim como despertei também para o conhecimento
sobre marketing esportivo e futebol americano.

Pude observar de perto e contribuir para melhorar cada vez mais a realidade
vivida pelo Tropa Campina, através de vídeos executados direcionados à equipe,
viagens e jogos observando-os como um agente de mudança para a construção de uma
mentalidade de mais valor.

Cada dia que me propus a trabalhar com o esporte, percebi o poder que o esporte
tem para o bem, onde através dele podemos influenciar outras gerações. Espero ter
despertado em alguém o sentimento de sonhar, querer, tentar e realizar.

Creio que descobri e investi tempo em uma instituição que tem muito a crescer
ainda e que já demonstra valores muito bem fundamentados, inclusive em relação à
Campina Grande.

Por fim, me sinto orgulhoso pelo árduo trabalho de produção e pesquisa, que
muito provavelmente daqui a alguns anos será parte integrante dos primeiros
documentos registrados sobre a história do Tropa Campina.

61
REFERENCIAS

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NETO, Ivan. Lynado Cavalcanti Além das Palavras. Paralelo 15. 2010

RIBEIRO, Ana Margarida da Costa. A narrativa audiovisual: o cinema e o filme


publicitário. 2008

MACHADO, Arlindo. O sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no


ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2007.

RAMOS, Fernão. Mas afinal... O que é mesmo documentário? São Paulo: Editora
Senac, 2008.

TOMASI, Carolina; MEDEIROS, João Bosco. Comunicação empresarial. São Paulo:


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MASSAROLO, João Carlos; MESQUITA, Dario. Imersão em realidades ficcionais. In:


FELINTO, Erick (Org.) Cibercultura em tempos de diversidade: Estética,
Entretenimento e Política. Guararema-SP: Anadarco, 201, pp. 147-166;

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https://esportes.terra.com.br/futebol-americano/futebol-americano-cresce-em-audiencia-
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Fonte: https://grandesnomesdapropaganda.com.br/agencias/nbs-lanca-projeto-que-
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