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Não há dúvidas: a maior potência do metal nacional é, atualmente, o Krisiun. O trio de irmãos (Alex Slash anuncia novo disco com Myles
Camargo nos vocais e baixo, Moyses Kolesne na guitarra e Max Kolesne na bateria) saiu de Ijuí, Rio Kennedy & The Conspirators
Grande do Sul, com a missão de elevar a velocidade e a brutalidade do death metal à enésima
potência. Conseguiram: até mesmo Bill Ward, ex-baterista do Black Sabbath, reconhece o peso e a
importância da banda, tendo incluído o disco Southern Storm, lançado pelos gaúchos
em 2008, em sua lista de álbuns de metal favoritos.
Lollapalooza 2018: Rincon Sapiência
Mas, nesses mais de 25 anos de estrada, a banda angariou ouvintes para muito além do universo do celebra melhor momento da carreira
metal – artistas como BNegão, Supla e Lucas Silveira (Fresno) já disseram ser fãs ou apareceram no festival
usando camisetas da banda. Até Ronnie Von se disse curioso em relação à música do Krisiun (em
uma conversa do “príncipe” com João Gordo; os dois são amigos de longa data).
Os irmãos atingiram o mainstream; tocaram, inclusive, no Rock in Rio. As raízes do death metal, no “É impossível não pensar em uma
entanto, permanecem inabaladas no trabalho da banda, como mostra o mais recente trabalho, torcida de futebol ao tocar no Brasil”,
Forged in Fury (2015). “O nosso som é underground. É o que a gente faz”, diz Moyses Kolesne. “Ao diz baterista do The National
mesmo tempo, várias portas se fecharam para nós por conta disso, porque somos do mesmo jeito,
não importa onde seja.”
O Krisiun já foi forçado a cancelar shows no Texas, Estados Unidos, no final dos anos 1990, e na
Cracóvia, Polônia, por conta de protestos religiosos ou políticos, mas nada se compara ao que os
integrantes passaram no último mês de maio, em Daca, Bangladesh, quando ficaram detidos VEJA MAIS
por cerca de 15 horas no aeroporto (o show com ingressos esgotados que fariam na cidade foi
http://rollingstone.uol.com.br/noticia/um-conversa-com-o-krisiun-o-maior-nome-brasileiro-do-metal-na-atualidade/ 1/6
23/03/2018 Um conversa com o Krisiun, o maior nome brasileiro do metal na atualidade - Rolling Stone Brasil
cancelado). “Era um ambiente hostil com pessoas armadas com um olhar radical”, relembra
Moyses. “Em um país muçulmano radical, não tem como não sentir medo. Mas no fundo sabíamos
que sairíamos daquela situação, porque não tínhamos feito nada de errado.”
E, em termos comparativos, o Krisiun sofre menos com o preconceito que muitas outras bandas do
metal extremo. “O campeão disso é o Cannibal Corpse. Na Alemanha, apareceram umas velhinhas Novo clareador dental vira febre no
com cartazes na mão [tentando impedir o show da banda], mesmo sem nem entender o que os Brasil
caras cantam”, conta. O trio se lembra ainda de uma ocasião em que o Cannibal Corpse estava em WhiteMax
uma cidade na Rússia, no local onde ocorreria um show, quando policiais fortemente armados
levaram os integrantes para o aeroporto e os mandaram de volta para o país de onde tinham vindo.
Olhando para eventos como esse, Alex Camargo concorda que a letra de “Dogma of Submission”
(“Centuries of progress, we are still living in a cave”/ “Séculos de progresso, e ainda vivemos em
uma caverna”) é uma boa representação da situação atual da sociedade: “Ao mesmo tempo que tem
uma puta evolução tecnológica, a gente vê pessoas se matando por questões raciais, de religião ou
orientação sexual.”
Apesar dos percalços, a banda mantém o espírito perseverante. E permanece em movimento. Para
tocar um som pesado e veloz como o do Krisiun, é essencial ter condicionamento físico. Embora
Moyses diga que o trio “nem se cuida tanto”, Max afirma que é uma preocupação. “Tem que fazer Chocante: o novo corpo de Alexandre
exercício”, diz. Alex completa: “O importante também é estar bem da cabeça. Se a sua mente está Frota
bem, tudo flui naturalmente”. Blog Super Ciência
Na entrevista abaixo, os irmãos comentam o início da carreira, o reconhecimento e a vida na Recomendado por
estrada, entre outros assuntos.
Vocês se incomodam com o fato de, por conta do sobrenome diferente, muita gente
achar que só o Max e o Moyses são irmãos?
Alex: Não, cara, a gente não chega a se incomodar com isso. A mudança do nome foi meio que
proposital, pra não ficar muito igual. Tipo Hanson do death metal [risos]. Um é o sobrenome da
nossa mãe [Kolesne], o outro do nosso pai. Mas a gente tem muito orgulho de ser irmão, e acho que
isso é uma coisa legal pra banda. Tem gente que pensa que eu sou primo deles, mas não incomoda.
Moyses: Quem conhece sabe. Acredito que 90% das pessoas sabem que somos irmãos.
O fato de serem uma família ajuda vocês a superarem conflitos internos na banda?
Max: Com certeza. Acho que não só o fato de sermos irmãos, mas o fato de sermos três ajuda
muito, porque quando dois brigam, um se mete no meio: “Acabou com a palhaçada”. Sempre rola
esse equilíbrio.
Moyses: E também tem aquele lance de irmão: você briga, mas no fim do dia já está amigo de
novo.
Vocês também são público, não é? Estão sempre em shows de outras bandas como
espectadores.
Max: A gente imagina, por exemplo, um show do Krisiun. Eu me imagino como fã assistindo a um
show do Krisiun. A ordem com músicas velhas, aquela cascudona, rápida; aí, uma com um pouco
mais de groove, ou uma música dos álbuns mais recentes. Acho que essa dinâmica deixa o show
mais interessante.
E quando vocês tocam mais de uma vez na mesma cidade, na mesma turnê, tentam
variar o setlist?
Max: Tem que variar, mas às vezes fica meio automático. Por exemplo: quando lançamos The
Great Execution (2011) fizemos muitos shows, um atrás do outro. Aí fica difícil você mudar o setlist
de uma hora pra outra. Tem que ensaiar as músicas antigas, reinventar certas músicas…
Moyses: Tem música antiga que eu nem imagino como toca. Daí tem que ensaiar mesmo.
http://rollingstone.uol.com.br/noticia/um-conversa-com-o-krisiun-o-maior-nome-brasileiro-do-metal-na-atualidade/ 3/6
23/03/2018 Um conversa com o Krisiun, o maior nome brasileiro do metal na atualidade - Rolling Stone Brasil
Krisiun veio com esse encontro do que tinha de mais brutal e veloz com o old school. É um death
metal brutal, mas não modernizado.
Dessa influência old school, nos últimos trabalhos de vocês dá para perceber
influência de um som mais cadenciado, como Black Sabbath, Motörhead...
Max: Até Iron Maiden.
Com que frequência e em que tipo de situação vocês ouvem sons fora do rock
pesado? Porque vocês respiram muito metal.
Alex: [Respiramos] muito, muito. Estamos envolvidos com a banda a maior parte do tempo,
ensaiando, trabalhando. Quando temos uma folga, depois de ensaiar ou quando fazemos um
churrasquinho, ouvimos outras coisas – jazz, música típica do sul.
Max: Mesmo em algumas turnês que a gente faz só com banda brutal – Cannibal Corpse e tal –, é
muito intenso o tempo inteiro. Daí chegamos ao ônibus de turnê e colocamos um som mais
sossegado, tipo Judas Priest, Iron Maiden.
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23/03/2018 Um conversa com o Krisiun, o maior nome brasileiro do metal na atualidade - Rolling Stone Brasil
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