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16/03/2018 Sarcófago: pioneirismo, polêmica e death metal

Whiplash.Net | 07/07/08 | Matérias | +

Sarcófago: pioneirismo, polêmica e death metal

Por Eliton Tomasi


Enviar correções | Acessos: 28624

Impossível falar de Death Metal e não citar o Sarcófago. Não apenas um importante nome para o cenário
nacional, o Sarcófago significa pioneirismo em termos de Death Metal mundial.

Capa Valhalla Edição 10

TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA 10ª EDIÇÃO DA REVISTA VALHALLA EM JULHO DE


2001.

Na coluna ARQUIVO VALHALLA, Eliton Tomasi, ex-editor da revista VALHALLA, relembra as matérias e
entrevistas que foram destaque nas páginas da revista durante os 12 anos em que ela esteve nas bancas
de todo Brasil. Confira textos e fotos originais, além de comentários sobre os bastidores de cada
produção textual e de todo ambiente de redação de uma revista de rock. Também confira novos artigos e
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16/03/2018 Sarcófago: pioneirismo, polêmica e death metal
produção textual e de todo ambiente de redação de uma revista de rock. Também confira novos artigos e
entrevistas realizadas por Eliton exclusivamente para o WHIPLASH.

Leia também a entrevista exclusiva com Manu Joker.

Gerald e Wagner

Considerado uma banda de elite, o Sarcófago construiu uma carreira calcada nos seus interesses e
objetivos como banda e nunca abriu mão de seus conceitos para adaptação no mercado capitalista. Já
são quinze anos na estrada, seis álbuns, entre outros Eps, MCDs e participações em coletâneas, além, é
claro, de inúmeras encrencas com outras bandas, radicalismo e declarações inusitadas à imprensa
especializada.

Sua história começa no ano de 1985, na capital mineira de Belo Horizonte. O cenário lá era dos mais
fortes. O Sepultura, que na época começava a trilhar seu caminho rumo à explosão mundial, tinha em
sua formação o guitarrista/vocalista Wagner Antichrist. Wagner permaneceu na banda durante um ano,
mesmo antes da banda ainda se chamar Sepultura. Brigas entre os integrantes causaram sua saída.

Quem pensa que a partir dai surgia o Sarcófago, engana-se. “O Sarcófago já existia. O Wagner foi
convidado para entrar na banda pois havia acabado de sair do Sepultura. O Sarcófago comprava ai a
briga com o Sepultura”, diz em exclusiva para a Valhalla o baixista Gerald Incubus. A partir daí estava
criada a dupla que iria à frente do nome Sarcófago chacoalhar o cenário metálico mundial.

Após participar com duas faixas na clássica coletânea “Warfare Noise I” da Cogumelo Records, em 1986,
saia o primeiro disco da banda pela mesma gravadora, intitulado “I.N.R.I.” O álbum, que hoje é
considerado por muitos como um dos melhores discos de Death/Black Metal do mundo, trazia além da
dupla em sua formação o guitarrista Butcher e o baterista D.D. Crazy. Nesta época, a banda usava um
visual carregado. Maquiagem, pregos, rebites, cruzes de ponta cabeça, pentagramas e cinturões de
balas. O visual da banda era muito criticado na época! Quem diria que hoje em dia, 9 entre 10 bandas do
estilo optariam por um visual assim!

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Sarcófago na época do INRI

Neste disco estavam clássicos como “Nightmare”, “The Black Vomit” (mais tarde re-gravada no “Laws of
Scourge”) e “Satanic Lust” que abria o petardo!

Em 1989, saia o segundo trabalho da banda – “Rotting”. Neste disco a banda aparecia como um trio. Os
dois membros anteriores deixaram a banda – D.D. Crazy mais tarde aparecia como baterista do
Sexthrash. Este foi o álbum mais polêmico da banda, para começar pela capa que trazia a morte beijando
Jesus Cristo. A partir daqui as coisas começam a acontecer! Um contrato com a Music for Nations
colocava os discos nas lojas européias. Mais tarde, “Rotting” também estava disponível nos EUA, onde
teve a capa censurada e substituída por dizeres que anunciavam que o Sarcófago era a banda de um ex-
integrante do Sepultura. A banda se revoltou com a atitude da gravadora e chegou até a processa-los
mais tarde, pois aquilo tinha sido feito sem autorização do grupo. “Rotting” trazia mais clássicos como a
própria faixa título, a famosa “Sex, Drinks and Metal” e uma regravação para “Nightmare”, do primeiro
disco.

Depois de um hiato de quase dois anos, em 1991, a banda lança o que seria seu maior triunfo, o álbum
“The Laws of Scourge”. Com nova formação, voltando a ser um quarteto, a banda trazia o guitarrista
Fábio Jhasko e o baterista Lucio Oliver. Aqui os codinomes Antichrist e Incubus foram trocados pelos
sobrenomes Lamounier e Minelli, respectivamente. “The Laws of Scourge” foi um dos primeiros álbuns de
Death Metal técnico de toda história. Toda fúria e agressividade características da banda vinham nesse
disco muito bem lapidadas e com um aperfeiçoamento técnico impressionante. Novamente a banda
inova! Mais tarde, bandas fazendo Death Metal mais trampadão surgiriam aos montes na Flórida e no
continente Europeu. Este disco proporcionou a primeira turnê Européia da banda, que foi muito bem
sucedida e fazia do Sarcófago um importante nome no cenário mundial do Death Metal. “A experiência
com shows no exterior foi muito boa. Adquirimos mais experiência e conhecemos muita gente”, lembra
Gerald. Daqui também saiu o primeiro videoclipe para a música “Screeches from the Silence” (quem não
viu este clipe rolando no antigo Fúria Metal da MTV, aquele mesmo com a Honda CG azul). A banda aqui
apostava num visual ainda agressivo, porém mais bem cuidado, que já causou uma certa insatisfação de
alguns que começaram a tacha-los de posers! Neste disco estão as melhores composições da banda,
como a já citada “Screeches from the Silence”, “The Laws of Scourge”, “Piercings” e “Prelude to Suicide”.
Era pura aula de Death Metal agressivo, pesado, mas muito técnico.

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Formação do The Laws Of Scourge

Um ano depois a banda lançava o EP “Crush, Kill, Destroy” que trazia duas faixas inéditas – “Crush, Kill,
Destroy” e “Little Julie” - e faixas do “The Laws of Scourge” remasterizadas. Neste ano, um fato inusitado
também ajudou a trazer o nome da banda a tona. O D.R.I aportou por aqui para alguns shows. Na
ocasião, a escolha da banda de abertura para o show de São Paulo ficou entre o Sarcófago e o Ratos de
Porão. O Sarcófago foi o escolhido pela produção. A relação entre o Sarcófago e o Ratos de Porão já não
era das melhores desde um show que o Ratos fez em BH e foi recepcionado com cusparadas pelo
público. Segundo o próprio Sarcófago, Max Cavalera, do Sepultura, teria dito aos caras do Ratos que
quem estava dando cusparadas na banda eram os membros do Sarcófago. A treta começava ai! Neste
show com o DRI, segundo integrantes do Sarcófago, enciumados por não terem sido escolhidos como
banda de abertura e pela treta rolada no show em BH, os caras do Ratos invadiram o camarim do
Sarcófago armados de correntes e foi um quebra só. O pau comeu e até os caras do DRI acabaram
entrando na treta! Resultado: um cara da equipe do DRI acabou quebrando o braço!

Wagner Antichrist

Mais dois anos se passam, muitas entrevistas polêmicas foram concedidas, e o Sarcófago aparece
novamente, agora resumido a famosa dupla Wagner e Gerald. “Hate”, o novo disco, torceu o nariz de
alguns fãs, pois ele trazia bateria eletrônica. Segundo a banda, esta decisão foi tomada pois não haveria
humano na face da terra capaz de acompanhar a velocidade desejada por eles! Realmente seria uma
tarefa difícil, pois ao mesmo tempo que empregou uma velocidade absurda, a banda vinha com um som
menos técnico (se comparado ao “Laws of Scourge”). A bateria eletrônica causou um certo espanto
inicial, mesmo assim não impediu que “Hate” fosse mais um grande álbum na carreira da banda. Na
época deste disco, a banda decide abandonar todo o aparato visual utilizado até então, cortando inclusive
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os cabelos! “Qualquer playboyzinho curtidor de Pear Jam tem cabelo comprido hoje“ disse Wagner numa
entrevista da época. A banda não faz nenhum show para promover “Hate”.

Dez anos se passaram e a Cogumelo, gravadora que acompanhou a banda durante todo esse tempo,
decide lançar uma coletânea trazendo os melhores momentos da carreira do grupo. “Decade of Decay”
reunia clássicos do grupo como “Nightmare”, “Midnight Queen”, “Rotting” entre outras. “The Worst”
(1996), próximo trabalho do grupo, trazia um Sarcófago mais ameno na questão velocidade, apesar da
bateria ainda ser eletrônica. A técnica de “Laws of Scourge” foi resgatada em pequenas doses. A
temática lírica continuava a mesma. Títulos como “God Bless the Whores” (Deus abençoe as vadias) nos
certificavam disso. “The Worst” era um bom disco, mas não conseguiu trazer o nome do Sarcófago em
voga. Isso pode ter ocorrido pelo fato da dupla se negar a dar entrevistas e a divulgar a banda. Eles
realmente não tinham mais nenhum objetivo em viver financeiramente da banda, o que eles queriam e
sempre quiseram era fazer Death Metal ao estilo deles, sem se importar com o mercado e com as modas.
A banda também não fez nenhum show para promover o disco e também declarou que não mais estava
interessada em se apresentar ao vivo.

Após quatro anos de silêncio, o grupo retorna ao cenário com o MCD “Crust” que, segundo a banda, seria
um aperitivo ao próximo disco de estúdio a ser lançado ainda este ano. “Crust” é tosqueira pura! Desde o
encarte que é escroto no último, até as composições, que trazem novamente a bateria eletrônica em
velocidade extrema e vocais quase inaudíveis! A música “F.O.M.B.M.” (Fuck Off the Melodic Black Metal)
critica as atuais bandas do cenário Black Metal interessadas em trabalhar com um som mais bem
elaborado. O Sarcófago continua o mesmo!

A Cogumelo lança uma coletânea com o melhor de seu cast e o Sarcófago sem sombra de dúvidas era
presença indispensável. Aparecem aqui com a faixa “Satanic Lust”. A gravadora prepara atualmente um
tributo à banda que deve ser lançado ainda este ano.

Sobre o futuro do Sarcófago, ninguém sabe, nem mesmo Gerald. “Quanto ao futuro não posso falar nada,
pois não sei o que vai rolar, mas o Sarcófago é o de sempre: porrada, porrada. Falem bem ou mal, mas
lembrem-se: o pior esta por vir!”.

Mesmo com um futuro incerto e com um passado polêmico, a banda deve ser lembrada no presente e
para o resto da vida como a banda que revolucionou em termos de Death Metal, a banda que sempre
manteve-se fiel aos seus conceitos, a banda odiada e amada por todos, a banda que se chama
SARCÓFAGO!

Leia também a entrevista exclusiva com Manu Joker.

Discografia: Warfare Noise I (1986); INRI; (1987); Rotting (1989); The Lost Tapes of Cogumelo –
Coletânea Cogumelo (1990); The Laws of Scourge (1991); Crush, Kill, Destroy – EP (1992); Hate (1994);
Decade of Decay (1995); The Worst (1996), Crust – MCD (2000); Coletânea Cogumelo Records (2000).

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Sobre Eliton Tomasi


Empresário artístico, gestor e produtor cultural, crítico musical. Foi fundador e editor-chefe da
revista Valhalla (Rock Hard Brasil) – uma das mais importantes revistas especializadas em rock já
existentes no Brasil – através da qual tornou-se um experiente e respeitado jornalista de rock. Há
20 anos atua como produtor de shows e eventos tendo já realizado desde pequenas gigs até
produções internacionais de grande porte. Especializou-se na função de empresário e gestor de
bandas e artistas nacionais e internacionais, participando da elaboração de diversos projetos
culturais na área da música (rock) e realizando turnês freqüentes por todo Brasil e em mais de 15
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