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Sobre a “nova” romanização da Grécia: inversões historiográficas

Fábio Augusto Morales1

ABSTRACT: Motivated by the recent publication of Spawforth`s Greece and the Augustan

Cultural Revolution, this paper aims to discuss the inversions suffered by the concept of „Romanization‟,

while used for the analysis of Roman Greece`s culture, in the historiography of the last decades. It is not

proposed an extensive bibliographical survey, but rather a discursive archaeology, showing the different

meanings of the term and the respective academic and political compromises assumed.

KEY-WORDS: Romanization; Roman Greece; Post-colonialism; Historiography.

RESUMO: Motivado pela recente publicação do livro de Spawforth, Greece and the Augustan

Cultural Revolution, este artigo procura discutir as inversões sofridas pelo conceito de “romanização”,

quando aplicado para a análise da cultura da Grécia Romana, na historiografia das últimas décadas. Não

se trata de um levantamento exaustivo da bibliografia, mas antes uma arqueologia discursiva, mostrando

os diferentes significados do termo e os respectivos compromissos acadêmicos e políticos assumidos.

PALAVRAS-CHAVE: Romanização; Grécia romana; Pós-colonialismo; Historiografia.

“A utilidade do conceito de romanização é amplamente questionada hoje em

dia, principalmente pelos arqueólogos que o inventaram. Existe alguma força

na visão de que [este conceito] foi usado tão vagamente no estudo recente de

modo a não ter um sentido claro: „uma palavra que tem muitos sentidos não

tem nenhum sentido‟ (Le Bohec). Onde este livro aplica o termo alternativo

„romanidade‟ para a população provincial, significa a disposição de sua parte

em imitar a cultura dos romanos de Roma e Itália. Dito isto, é preciso admitir

que as antigas conotações de „romanização‟, de um poder governante que

1
Doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Norberto L.
Guarinello, com apoio do CNPq.
impõe a „cultura romana‟ sobre súditos não-romanos, permanecem relevante

para este livro” (SPAWFORTH, 2012, p. 28)2.

Escrito ainda na introdução, este trecho já anuncia a novidade do recém-

publicado livro de A. Spawforth, Greece and the Augustan Cultural Revolution (2012).

Lida desatentamente, a passagem citada pode não causar surpresa: indicar os problemas

no uso do termo “romanização” já é um topos consolidado nos estudos sobre as

províncias romanas (seja por meio de aspas ou de infinitas ressalvas). Não por acaso:

décadas de contestações práticas e teóricas do imperialismo não deixaria ileso um

conceito tão politicamente carregado. No entanto, se lido mais atentamente, este

primeiro trecho já pode causar alguma estranheza: o problema da romanização não é a

romanização, mas a indefinição do conceito. A estranheza é reforçada pela oração

seguinte: “imitar” não é certamente um verbo usual para o estudo dos contatos culturais,

após tantos anos de cultural turn e pós-modernidade. Mas o golpe fatal está na última

oração: além da imitação por parte das populações provinciais (romanidade), são as

“antigas conotações” da romanização, ou seja, aquelas anteriores às críticas pós-

coloniais, culturalistas, identitárias, que permanecem relevantes. Imposição

imperial/imitação provincial: seria este o retorno triunfante de Mommsen, Haverfield e

Jullian na historiografia do século XXI?

Para chegarmos a uma resposta, será preciso antes acompanhar o movimento do

conceito em suas reelaborações. Não será aqui realizado, entretanto, um levantamento

exaustivo do uso do conceito de romanização desde os seus primórdios, e aplicado ao

império todo3. Discutiremos a ideia de romanização da Grécia, e começaremos já nos

últimos suspiros das “antigas conotações” do termo romanização (década de 1960), para

2
Esta citação, como as seguintes, são traduções minhas, a partir das obras originais.
3
Não serão discutidos, por exemplo, os estudos de Finlay (1844), Mahaffy (1890) e Hahn (1906).
concentrarmos a atenção nas grandes inversões das décadas de 1990 e 2000. Antes,

entretanto, é preciso diferenciar as tradições historiográficas do oriente e do ocidente

romano, e o modo como a “romanização” se relaciona com esta cisão.

1. Gregos civilizados

Como já foi exaustivamente discutido, o termo “romanização” nasce no contexto

das experiências imperialistas européias nos séculos XVIII, XIX e XX4. A tônica era a

transposição, para o caso das relações entre romanos e provinciais, do processo cultural

que as elites imperialistas novecentistas acreditam ocorrer em seus domínios: a

expansão da cultura européia pelo mundo em função de sua natural superioridade, como

o provava a própria conquista imperial. Assim, e alinhado à construção das mitologias

das origens nacionais, constrói-se a imagem da superioridade cultural romana que não

deixaria ao gaulês ou bretão submetido outra opção senão a imitação.

Sob influência decisiva dos movimentos de descolonização na África e na Ásia,

a partir da década de 1970 surgem alternativas ao conceito imperialista de romanização,

visando seja a retificação do termo, seja sua abolição. Não mais vista como um fato

natural, a romanização tornou-se um fenômeno mais limitado: não mais a população

inteira, mas apenas segmentos da elite local foram romanizados (Millet), e não mais a

totalidade da cultura romana foi adotada, mas apenas elementos romanos foram

rearticulados dentro das culturas locais, em processos de hibridismo (Woolf) ou

multiculturalismo (Wallace-Hadrill). Na primeira década do século XXI, pode-se

afirmar com segurança que um conceito pós-colonial e multicultural de romanização, na

4
Muitos são os estudos acerca do caráter imperialista do termo e seus limites, dentre os quais se
destacam, nas diversas tradições européias: MATTINGLY (1997); HINGLEY (2000, 2005); LE ROUX
(2004); KEAY e TERRENATO (2001); CURCHIN (2003). No Brasil já se constituiu uma bibliografia
significativa sobre o tema, especialmente: MENDES (2001), BUSTAMANTE (2006), MARQUES
(2009), PINTO (2003, 2011), CLÍMACO (2009) e SILVA (2011).
onda dos estudos culturais e das “identidades”, havia se tornado dominante na produção

historiográfica.

Esta trajetória é mais claramente observável nos estudos sobre as províncias

ocidentais do Império Romano. Quando a atenção historiográfica se voltava para as

províncias orientais, particularmente as de fala grega, a questão se apresentava de modo

invertido: o latim não foi adotado como língua universal, e os gregos mantiveram suas

tradições literárias, religiosas e cívicas, ainda que adequadas a um novo contexto de

dominação. Não houve romanização: em livro sobre as cidades gregas nos períodos

helenístico, romano e bizantino, publicado em 1940, A. H. Jones não cita uma só vez o

termo romanização5.

O enigma era, portanto, explicar por que os gregos não se romanizaram, e qual o

significado disso. Para consciências formadas dentro dos padrões da “História

Universal” novecentista, que inseria as histórias particulares dentro uma grande

narrativa que seguia o caminho rumo à civilização, a resposta poderia assumir a forma

de uma missão grega em civilizar os romanos6.

Com o início da implosão tanto das “grandes narrativas” quanto das hierarquias

e divisões do “trabalho civilizatório”, a manutenção da cultura grega sob o Império

Romano, inclusive seu tardio florescimento (segunda sofística), começou a ser

explicada em termos de instrumentos de dominação. Um exemplo deste momento da

historiografia são as teses do livro de G. Bowersock, Augustus and the Greek World,

5
A explicação de Jones parte da ideia de que a “missão das cidades gregas” era expandir a cultura grega;
na medida em que a dominação real (helenística) e imperial (romana) dependia grandemente das
instituições cívicas, essa cultura se manteve. Com a maior intervenção do governo central da vida cívica e
a burocratização da administração imperial, a partir do século IV a. C., houve uma enfraquecimento do
patriotismo cívico e, consequentemente, a cultura grega (JONES, 1940, pp. 277-304).
6
Baseando-se no verso de Horácio: Graecia capta ferum victorem cepit [Epíst. II.1.156]. Cf., por
exemplo, a interpretação de Paul Graindor para as inúmeras cópias feitas em Atenas na época de Augusto
das esculturas da época clássica: os escultores atenienses, se não desenvolveram a criatividade de sés
ancestrais, tiveram o mérito de “moldar o gosto romano”. (GRAINDOR, 1927, p. 246). Uma rara exceção
é o estudo de Ludwig Hahn, que, em 1906, contrapondo-se à abundância de estudos sobre as influências
da cultura grega sobre Roma, via na penetração de elementos da língua latina \um forte indício de
Romanismus nas províncias gregas do Império (HAHN, 1906).
publicado em 1965. O objeto do livro é o processo de construção do mundo “greco-

romano”, entendido principalmente em termos de redes de elites (pela associação

patronato romano e evergetismo grego) e uma cultura comum (grego-romana), que

garantiria a unidade do império. Para o autor, Augusto ocupa um lugar especial na

construção desta unidade política e cultura (o império greco-romano), não apenas por

ter vencido Antônio, mas por ter incentivado a construção dos laços entre as elites

romanas e gregas, assim como por ter favorecido a difusão da cultura grega por todo o

império. Neste quadro, a “romanização” não é um conceito útil para as províncias

gregas. Contrapondo-se à tese de que a criação de colônias romanas no oriente diziam

respeito a uma política imperial de romanização, o autor afirma que

Romanização é um postulado desnecessário para a colonização oriental de sua

época [de Augusto]. Ela é fundamentalmente uma palavra que descreve o que

ocorreu subseqüentemente em algumas áreas ocidentais do império, e que não

ocorreu no Oriente. Para as províncias orientais, nunca constituiu uma política

premeditada. (p. 72).

Se por um lado não houve uma “política premeditada” de romanização, por

outros os próprios romanos absorviam a cultura grega, que desde o período republicano

exercia atração sobre os romanos que poderiam pagar por ela (p. 74), e que o próprio

Augusto manteve em seu domínio pessoal, a ilha de Capri, onde, já velho, era um

espectador regular dos exercícios tradicionais dos ephebos (p. 84, citando Suetônio,

Aug.98.3). A construção desta cultura greco-romana comum, para o autor, cimentava a

unidade do Império contra o que seria uma “calamitosa” cisão entre Ocidente e Oriente
(p. 149), evitada com a vitória de Augusto sobre Antônio, mas que finalmente se

imporia no século IV d. C.

Constituía-se assim o paradigma da “não-romanização da Grécia”, a partir de

três idéias interrelacionadas: a cultura grega exercia atração sobre os romanos; os gregos

resistiam a abandonar suas tradições; os romanos não se importavam em romanizar os

gregos. Assim, em meados do século XX, os gauleses não eram mais romanos, mas os

gregos continuavam gregos.

2. “Resistência” grega e a revolução cultural romana

No final do século XX e início do XXI, a atração exercida pelo caso das

províncias gregas para a discussão questões postas para as províncias ocidentais ganhou

impulso tanto por novas metodologias de pesquisa, como a arqueologia de prospecção

de superfície, quanto pela apropriação e desenvolvimento da problemática das

identidades e contatos culturais. Dentre os diversos estudos que apontaram para uma

crítica e inversão da idéia de “não-romanização da Grécia”, destacamos três: a obra de

S. Alcock, G. Woolf e A. Wallace-Hadrill7.

Fruto de uma tese de doutorado defendida em Cambridge, o livro Graecia Capta

(1993), de Susan Alcock, rapidamente se tornou um clássico nos estudos sobre a Grécia

romana. Produto da arqueologia clássica da “escola de Cambridge”, o livro de Susan

Alcock procurava, a partir fundamentalmente dos resultados dos surveys, analisar o

impacto da integração da Grécia ao Império Romano, para além da problemática da

romanização; um dos objetivos do livro, fundado na longa duração braudeliana, era

7
Vale mencionar aqui dois estudos que, apesar de não estarem centrados no problema da romanização,
forneceram elementos tanto documentais quanto interpretativos para a inversão mencionada: o livro de
Silvio Accame, Il domínio romano in Grecia (1946), assim como os diversos artigos de James Oliver,
especialmente os estudos sobre Aelius Aristides (1953 e 1968) e o artigo “Roman Emperors and Athens”
(1981).
construir uma história do espaço rural, ignorada pela narrativa militar e política

tradicional. O eixo do livro é a relação cidade e campo, e o modo como esta relação se

manifesta nas diversas “paisagens” (rural, cívica, provincial e sagrada). O modelo

proposto pela autora, em linhas gerais, defende que: (1) entre os séculos II a. C. e II d.

C., o campo sofreu um intenso despovoamento em função tanto do declínio

demográfico quanto da migração para as cidades; (2) este êxodo rural se explica pelo

novo regime político e agrário estabelecido pelas elites citadinas pró-romanas, fundado

na concentração da propriedade, na baixa intensidade de produção agrícola e nas

práticas de evergetismo; (3) ao lado do êxodo rural, ocorre também um despovoamento

das cidades, explicado pelo enfraquecimento do papel das instituições cívicas sob

dominação romana; (4) as cidades, buscando resistir a este declínio, manifestam sua

“independência” por meio de conflitos territoriais com vizinhos e da manutenção de

cultos rurais8.

Assim, ao mesmo tempo em que fornecia um modelo para análise comparativa

das províncias a partir de fontes não-textuais, o livro de Alcock demonstrava o impacto

da integração ao Império Romano. Alinhada à tendência da época, a autora criticava o

termo “romanização”: a relação dominação imperial/resposta provincial era mais

complexa do que o processo de mão única que o termo poderia indicar. Mas de qualquer

modo, a Grécia se transformara sob a influência do Império.

A Grécia romana de S. Alcock era uma província comum, nem tão lucrativa

quanto a África, nem tão revoltosa quanto a Judéia. No entanto, quando vista sob a ótica

8
O modelo de S. Alcock sofreu diversas críticas desde sua publicação, seja pela cronologia, seja pela
desconfiança nos dados derivados dos surveys: v. a resenha de A. Spawforth (1994) no Journal of Roman
Studies e de A. Keen (1993) na Bryn Mawr Classical Review. A crítica radical do modelo apareceu com o
artigo de D. Rousset (2004) publicado nos Annales, no qual o autor demonstra os problemas cronológicos
dos surveys utilizados por S. Alcock (incerteza na análise das evidências cerâmicas, dependência das
periodizações político-militares), assim como a variabilidade dos períodos (nem todas as regiões tem
declínio demográfico, e quando têm, raras vezes é no mesmo período) e a superinterpretação das fontes
(como o desaparecimento de pequenas propriedades a partir dos histogramas das projeções das dimensões
dos sítios).
da cultura e da produção literária, a Grécia romana apresenta uma forte singularidade: o

“renascimento grego” associado à segunda sofística não deixa dúvidas. Como conciliar

a arqueologia e os estudos clássicos? Este dilema orientará em grande medida a

produção posterior da autora. Em um esclarecedor texto de 1998, “Greece: a landscape

of resistance?”, S. Alcock faz a passagem do estudo dos assentamentos para o das

identidades, na busca pelas respostas e resistências provinciais para a dominação

romana. A chave encontrada pela autora é a análise da memória social: a “resistência

cultural” deve ser buscada dentro das lógicas de engajamento da memória do passado

clássico grego no contexto das transformações geradas pela integração ao Império. Em

livro de 2002, S. Alcock demonstra como a recuperação do passado clássico, visível

tanto na literatura quanto nos dados arqueológicos (especialmente na ágora de Atenas),

não é neutra ou inocente, mas está associada às expectativas romanas em relação ao

passado grego. Romanização? Não, pois o modelo de análise proposto parte da idéia de

“múltiplas leituras” da memória, indicando que, se é possível ler no espaço uma

monumentalização da cultura romana, é possível ver alternativamente a celebração das

tradições locais9. Mas de todo modo, a “não-romanização” da Grécia já era fortemente

questionada.

O conciso e criativo artigo “Becoming Roman, Staying Greek”, de Greg Woolf,

publicado em 1994, também merece destaque na produção da reviravolta da “resistência

grega”. O título do artigo faz referência à tese de doutorado em Oxford escrita pelo

autor anos antes (e que seria publicada somente em 1998), “Becoming Roman, The

origins of provincial civilization in Gaul”. Nela, G. Woolf discute o complexo jogo de

9
Um exemplo eloqüente são os “templos itinerantes” na ágora de Atenas. O mais conhecido deles é o
templo situado bem no centro da praça, em frente à stoa de Zeus, e identificado como o templo de Ares
mencionado por Pausânias: a análise arqueológica revelou que se tratava de um templo construído no
século IV a. C. em outro lugar (provavelmente o demos de Pallene, a cerca de 15km da ágora), e
transplantado para a agora na época de Augusto. Se por um lado pode-se ler nesse transplante a
propaganda imperial (Ares associado ao deus romano Marte, assim como a Augusto e seus herdeiros),
pode-se ver também a homenagem à arquitetura clássica local. Cf. ALCOCK (2002, p. 53-58).
dominação e resistência envolvido nos processos de aculturação e hibridismo na Gália

sob dominação romana, dentro de um contexto de transformações pelo qual a própria

cultura romana passava (daí a “revolução cultural romana”10); por oposição à Gália, no

artigo de 1994 o autor se debruça sobre o problema da “resistência” do oriente grego à

romanização, seja na forma da suposta continuidade das práticas culturais, seja na

imagem de superioridade da cultura grega sobre a romana. Após discutir as regras e

exceções da resistência – os gregos mantinham a língua grega, ignoravam a literatura

latina e demonstravam orgulho do passado clássico enquanto promoviam os jogos

gladiatoriais, construíam termas, decoravam casas como pisos de mosaico e quando

possível adotavam cidadania romano –, o autor faz um recuo analítico para o que ele

chamou de “estruturas cognitivas” envolvidas na interação cultural, a partir de dois

eixos: a visão romana de sua missão imperial sobre os gregos, e a visão grega da relação

entre identidade e cultura material. Vejamos com mais detalhe.

Partindo basicamente da análise de fontes literárias (Cícero, Virgílio, Plínio o

Velho, Plínio o Jovem, Juvenal e Tácito), G. Woolf afirma que os romanos adotaram o

projeto de regenerar a cultura grega como missão imperial. Este projeto se fundava em

duas idéias: a primeira, que os gregos inventaram a civilização (humanitas); a segunda,

que a cultura grega de então havia decaída em um misto de bajulação, falsidade e

voluptuosidade. Neste contexto, a decadência dos gregos equivalia à barbaridade de

gauleses, espanhóis e africanos, fazendo com que Roma assumisse uma posição “não

somente geograficamente mas também temporamente e moralmente mediana, situada

entre um passado bárbaro e um futuro potencialmente decadente” (WOOLF, 1994, p.

121). Esta posição mediana influenciava o modo como os romanos governavam os

gregos: a reverência pelas conquistas civilizatórias passadas andava ao lado das ações

10
Cf. Woolf (2001). A ideia de uma revolução cultural no século I a. C. em Roma será especificada, em
suas causas, manifestações e consequências, no livro de Wallace-Hadrill, Rome`s Cultural Revolution
(2008), cujo impacto para o conceito de romanização será discutido mais adiante. Cf. MORALES (2011).
corretivas, especialmente na forma de intervenções na organização constitucional

(normalmente no sentido de reforço da oligarquia) e financeira das cidades.

Para discutir a reação grega, o autor lança mão não apenas da literatura

(principalmente da Segunda Sofística), mas também da cultura material (a adaptação

dos ginásios helenísticos para incorporar os banhos romanos, os jogos gladiatoriais, as

técnicas construtivas, a ornamentação arquitetônica). O problema central é: enquanto no

ocidente a adoção de elementos da cultura material romana fez com que os provinciais

adotassem novas e híbridas identidades, no oriente esta adoção não impediu que os

provinciais continuassem se identificando como gregos. A solução do autor é a

seguinte: a identidade grega se baseava na língua, na literatura e na descendência

comum, deixando a cultura material para um segundo plano, por contraste à associação

romana entre moralidade e a cultura material. Considerando a reverência romana diante

do passado grego e a permissão do uso da língua grega como uma das línguas

administrativas, as características definidoras da identidade grega não foram afetadas:

“os gregos permaneceram gregos, ao menos em parte, porque os romanos o permitiram”

(WOOLF, 1994, p. 131).

O artigo termina com a discussão das influências gregas na cultura romana sob o

império, e as diferentes práticas filelênicas de alguns imperadores (Nero, Adriano,

Marco Aurélio), enfatizando que os romanos, ainda que com nuances, mantiveram seus

preconceitos sobre a cultura grega (passado glorioso, presente decadente) – não por

acaso, a última seção do artigo se intitula “staying Roman, staying Greek”. Vale

destacar que, com este texto, o autor indica a associação entre a continuidade da cultura

grega e as expectativas romanas – mais do que resistência, tratou-se de colaboração.

Com a publicação quase simultânea de Graecia Capta de Susan Alcock (1993) e

do artigo de G. Woolf (1994), além dos estudos posteriores de S. Alcock (1998 e 2002),
o paradigma da “resistência grega à romanização” sofreria grandes ataques: construía-se

a idéia de que os gregos se romanizavam por serem gregos, ou pelo menos “gregos”

como deveriam ser do ponto de vista romano. Mas, se, ainda que ambos os autores

fornecessem indicações preciosas, o problema da manutenção da identidade romana

como “romana” parecia sair ileso: os romanos continuavam romanos, afinal.

Isto mudaria com Rome’s Cultural Revolution, de A. Wallace-Hadrill (2008),

que fornecerá o quadro teórico para o retorno da “romanização” mencionado no início

do artigo. Aqui, não apenas a romanização das províncias ocidentais, mas a própria

romanidade dos romanos é posta em xeque. Em linhas gerais, a argumentação de

Wallace-Hadrill é a seguinte: ser romano não é um atributo natural dos “romanos”, mas

uma construção cultural, um discurso, submetida portanto a relações de poder/saber; ao

longo do século II a. C., por influência das conquistas orientais, as elites italianas

forjaram uma nova identidade, com forte influência da cultura grega, que se tornou uma

alternativa à romanidade exclusivista da aristocracia de Roma; no século I a. C., a maior

integração das elites italianas na política romana produziu uma fusão entre uma

identidade “ítalo-helênica” e a identidade romana, que se manifestou na busca da

“verdadeira romanidade” (na retórica, na gramática, na arquitetura, na religião) a partir

de técnicas e conhecimentos gregos, destruindo, com isso, o monopólio da aristocracia

romana de definir o que era ser romano (Cícero é o principal exemplo); a ascensão de

Augusto, interpretada como vitória de um projeto político das elites italianas (Syme),

intensificou a construção e a propagação desta “romanidade helenizada”, promovendo,

com isso, uma revolução cultural que afetaria Roma, a Itália e todo o Império. Como

ficaria a romanização do ocidente do Império? Utilizando-se de uma metáfora cardíaca,

W.-H. afirma que Roma sugava a cultura oriental (e particularmente grega, mas também

houve “ondas egípcias”) e a bombeava para as regiões ocidentais do Império, num


movimento complexo de romanização e simultânea helenização. O resultado deste

longo processo seria a criação de uma elite internacional, marcada não necessariamente

por culturas híbridas, mas mantendo diferentes identidades (romana, grega e nativa) que

eram engajadas em diferentes situações.

Mas voltemos para o oriente. Roma “bombeava” este ítalo-helenismo augustano

também para as províncias gregas, e esta idéia inverte radicalmente o paradigma de uma

“resistência oriental”. A manutenção da cultura grega no oriente ocorreu porque era

exatamente isso que os romanos queriam. Trata-se, mais precisamente, da ascensão de

uma “helenidade romanizada”, a partir da seleção de elementos da tradição grega

retomados em função das expectativas romanas, e particularmente, imperiais. No

quadro geral do debate sobre a romanização, poderíamos dizer que neste ponto os

gauleses deixaram de ser romanos, os romanos deixaram de ser romanos (ao menos

como eram antes), e os gregos, sendo gregos... tornaram-se romanos.

Se esta idéia já estava anunciada no livro de Wallace-Hadrill, faltava ainda uma

pesquisa de fôlego que propusesse a aplicação deste modelo para o caso da Grécia (ou

mais precisamente a província da Achaia, que compreendia o sul da Grécia continental e

as cíclades, a “velha Grécia” dos romanos), lacuna que o livro de Spawforth procura

preencher. Vale salientar, ainda, que este modelo não surgiu do nada: inúmeros estudos

de caso já apontavam para esta direção, particularmente a partir da década de 90. A

novidade de ambos os livros é apresentar estes diversos estudos de caso (muitos deles

realizados pelos próprios autores) dentro de um esquema interpretativo integrado,

aplicado à Itália no livro de Wallace-Hadrill e à Grécia romana no livro de Spawforth.

3. Não-romanização como romanização


Greece and the Augustan Cultural Revolution não é, e nem se propõe a ser, um

levantamento exaustivo das fontes textuais, arqueológicas e epigráficas da Grécia no

período imperial; trata-se de um livro sobre um problema, a saber, como a revolução

cultural augustana se manifestou na vida provincial da Grécia romana, tanto nas

intervenções imperiais quanto nas respostas provinciais. O período abarcado se estende

do século II a. C. (as primeiras reações das elites da Grécia ao poder Romano) ao século

II d. C. (a retomada do projeto augustano por Adriano), mas o livro é centrado, como

indicado no título, no reinado de Augusto (31 a. C. – 16 d. C.).

O modelo proposto por Spawforth parte de três oposições articuladas:

Europa/Ásia, civilizado/bárbaro, masculino/feminino. A “revolução cultural de

Augusto”, marcada por um intenso programa de reforma moral, situava na Grécia

continental clássica as origens dos valores civilizatórios e viris, por oposição à

efeminada Ásia, cujas amenidades haviam degenerado mesmo os gregos que para lá

migraram. Assim, o programa augustano na Grécia reforçava estes valores considerados

positivos a partir das referências culturais mais significativas, tais como a vitória grega

nas Guerras Médicas, o desenvolvimento da oratória em Atenas, da disciplina militar

em Esparta, e das tradições religiosas gregas. Ao conjunto e à natureza das

manifestações deste programa na Grécia, o autor dá o nome de “romanidade”.

Central no argumento é a idéia de colaboração entre os diversos grupos sociais

envolvidos na produção da Grécia romana: a família imperial, a elite romana, os ítalo-

romanos da diáspora e as elites provinciais. Quando as ligações entre os membros da

elite local e a família imperial não são diretamente observáveis (como no caso dos

sacerdotes do culto imperial), a solução utilizada pelo autor é empregar o conceito de

“sociedade de corte”, pela qual as elites gregas estão bem informadas e atentas às

mudanças nas ideologias e preferências imperiais (p. 51); esta adesão se explica tanto
em termos de ascensão das elites nas estruturas da administração imperial, quanto em

termos de reforço do poder oligárquico destas elites em suas cidades (p. 197). A

explicação social do programa, a saber, o estabelecimento de redes de elites articuladas

pela cultura grega, é semelhante à proposta de G. Bowersock em 1965; contudo, a

interpretação de Spawforth acerca da “romanização” é oposta:

O regime estava engajado em um projeto de construção cultural que


visava acomodar, e até certo ponto constranger, a helenidade dentro de uma
moldura romana. A coesão social romana depois da devastação das últimas
décadas da república era a preocupação básica de Augusto. A narrativa oficial
tinha também o efeito de abrir, ou antes alargar, o “canal de comunicação” com
os notáveis gregos que buscavam enfatizar sua “romanidade”. Estas pessoas
estavam agora ocupadas, com efeito, de um certo modo e em termos romanos,
com a recriação da Grécia clássica. Esta Grécia reconstruída estava distante,
naturalmente, da velha liberdade e democracia (p. 231).

Assim, a retomada dos valores gregos clássicos, na medida em que foi

submetida a uma seleção do que deveria ser retomado a partir de critérios romanos (ou

seja, estabelecidos pela “revolução cultural augustana” e seu programa moral), não pode

ser mais vista nem como resistência dos gregos, nem como resultado de uma

permissividade dos romanos: trata-se de incentivos romanos e de ações de gregos que

procuram demonstrar sua romanidade (ou seja, a “helenidade em moldura romana”). A

metáfora utilizada pelo autor é reveladora: mais do que o “coração romano” de Wallace-

Hadrill, Spawforth lança mão da imagem de um moinho de vento imperial, que sopra

para a Grécia um “vento ideológico” ora mais quente, ora mais frio. E se ainda houvesse

alguma ambigüidade quanto ao conceito de romanidade utilizado pelo livro, o último

parágrafo do livro não deixa dúvidas:

“[...] A menos que se acredite no helenismo como uma quase identidade


nacional no período imperial, uma posição que este livro não subscreve, a idéia
de uma romanidade imperial que justapõe elementos romanos e gregos para
criar uma base comum entre elites ocidentais e orientais deve ser aceita, e,
inclusive, explorada adiante. Entretanto, um argumento chave deste livro não
deve ser abandonado, de que o estado imperial não procurou negociar esta
romanidade com súditos de língua grega. Na análise final, esta era uma
romanidade assinalada de cima e emergindo do ocidente” (p. 274).

Retornamos, com isso, às antigas conotações do conceito de “romanização”

mencionadas no inicio do presente texto. Se por um lado o termo “romanidade” procura

inserir a análise das iniciativas provinciais, os vetores da ação são não somente

romanos, mas centrados na figura do imperador: o uso de “revolução cultural

augustana” no título, ao invés da “revolução cultura de Roma” proposta por Wallace-

Hadrill, reforça este “imperatocentrismo”. Com isso, retornamos à questão inicial do

artigo: o retorno da romanização/romanidade, pelo livro de Spawforth, significa o

retorno das teses imperialistas/ocidentalistas para a historiografia do Império Romano

no século XXI?

Sim e não. A “inversão da inversão” conceitual realizada no livro de Spawforth,

se aparentemente é um retorno ao passado (a “romanização” centrada em Roma e nos

imperadores, formulada pela historiografia pré-descolonizações), trata-se na verdade de

uma seleção de elementos de uma ou mais tradições realizada em função dos projetos

teóricos e práticos do presente; estes elementos, recontextualizados, sendo o que são, se

tornam coisa completamente diferente. Se as “antigas conotações”, antes da inversão do

pós-colonialismo, serviam como justificativa da dominação imperial européia – na

medida em que naturalizavam as relações sociais –, retomadas em 2012 podem

significar o contrário, como parte de uma crítica renovada dos processos de adesão das

elites locais e de reafirmação destas elites em suas cidades, num contexto de intensa

concentração de poder econômico e político.

A título de conclusão, retomarei a justa observação de Patrick Le Roux, pela

qual o conceito de romanização foi tanto produto do imperialismo, como vetor de


reprodução, por meio particularmente da difusão da educação clássica entre as elites

imperialistas11. Correndo o risco da generalização – que procurei evitar traçando os

debates internos à historiografia, mas que certamente não esgotam o processo de

produção historiográfica –, gostaria de sugerir que os processos de integração mundial

contemporâneos, com sua periodização própria, são centrais na formulação das

interpretações acerca da relação entre o Império romano e suas províncias, não apenas

nos momentos de centralidade européia, mas também de centralidade estadounidense.

Assim, se os estudos de G. Bowersock, S. Alcock e G. Woolf podem ser interpretados

como respostas aos problemas sociais colocados pelos movimentos de descolonização

dos impérios europeus (as estratégias das elites, as resistências culturais, os hibridismos

e as reconstruções de memórias) da segunda metade do século XX, o livro de Wallace-

Hadrill pode ser inserido no contexto então aparentemente triunfante do imperialismo

norte-americano (sob a forma de globalismo, multiculturalismo, transformações

identitários, “fim” das fronteiras etc) no início do século XXI. Já o livro de Spawforth,

observando as transformações a partir de um antigo centro e atual satélite (a Inglaterra),

se insere num contexto de crise desta forma de integração, na qual as imposições, as

violências e o papel dos chefes políticos na elaboração de políticas e de alianças

internacionais aparecem com maior clareza. Quanto ao aspecto de vetor do

imperialismo, cabe questionar se o papel desta historiografia na educação histórica da

sociedade se resume à formação de elites (ora aculturadora, ora multiculturalista, mas

sempre imperial) ou se consegue ultrapassar estes parâmetros e compromissos – questão

particularmente importante para a historiografia brasileira.

11
Diz P. Le Roux: “o pragmatismo anglo-saxão na Índia, na África negra e no resto do império britânico
influenciou a interpretação da história provincial de Roma, na qual a política inglesa pretendia se
inspirar” (LE ROUX, 2004, pp. 296). Sobre a relação da historiografia romana com a formação das elites
imperialistas inglesas, cf. Hingley (2000).
Agradecimentos: Este texto é tributário de dois cursos de pós-graduação realizados em 2011,

um ministrado por Maria Isabel D‟Agostino Fleming, no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e

outro por Jean-Yves Marc e Patrick Marchetti, na École Française d‟Athènes. Fundamentais também para

a elaboração do artigo foram os extensos diálogos com Bruno dos Santos Silva e Norberto Luiz

Guarinello. A responsabilidade das ideias restringe-se ao autor.

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