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De um miserável naufrágio que passámos

(original em Mi com o cappo no 2º traste mas


como se fosse Ré)
[D A] [F# Bm]
Bm F#
O escuro é muito grande O tempo é muito frio
Bm F#
O mar é muito grosso O vento é muito rijo
Em7
As águas são cruzadas
A7
As vagas levantadas
D Bb7 C7
Eh bruto corta-me esses mastros
F G Bb7 A7
Aguenta a popa e vira a proa
D Bb7 C7
Ajusta-me esses calabretes
F G Bb7 A7
Baldeia fazendas à toa
D F#7
Descarrega esse convés
Bm
Saltam braços Voam pés
A7 Bm
Vomitam pragas num estardalhaço
C#7 F#m
Os corpos atirados em pedaços
G# C#m A# D#m7
Dão à costa Pela encosta
D7 G
Choramos a nossa perdição
Bb7
Dando muitas bofetadas
Cm7 Bm7 Em7
Em nós próprios sim senhor
A7 Bm7 B7
Metidos num charco de água
Em7 A7 D
Gritamos uma reza ao salvador

II
Salve-se agora quem puder
Por entre feridos e aflitos
Nas costas banhadas em sangue
Mordem atabões e mosquitos

Gritam mudos Ouvem surdos


Em trejeitos absurdos
Um marinheiro de cabeça toda aberta
C’os miolos todos podres quase inerte
Num boeiro Ai que cheiro

E abraçado a mim logo expirou


Com provas de bom cristão
O que muito nos consolou
Não ter de o levar às costas
Enterrado Abençoado lá ficou
III
Estando nós em grande perigo
Num enorme desvario
Nadaram dois marinheiros
E a pouco mais de meio rio

Arremeteram conta eles


Dois lagartos muito grandes
Que os esfarraparam todos em bocados
Com a qual vista ficámos assombrados
Ai socorro Ai que eu morro

Livra que nos fomos logo a pique


E subitamente ao fundo
Com um negro pela mão
Tão pasmado e caladinho
Mas lá por dentro a cantar o cantochão

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