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Universidade

Federal da Bahia
Escola Politécnica
Departamento de Engenharia Elétrica

Disciplina: Equipamentos e Componentes para Automação


Industrial (ENGF94)

Tema: Diodos

Prof.: Eduardo Simas


eduardo.simas@u,a.br

Aula 8
DEE
Sumário

!  Introdução aos Semicondutores

!  Diodos

!  Aplicações dos Diodos

!  Exercícios de Fixação

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1. Introdução aos Semicondutores

DEE
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Introdução aos Semicondutores

!  Classificação geral dos materiais de acordo com sua resisLvidade:

Material Resistividade ρ (Ω.m)

Condutor 10-8 a 10-5

semicondutor 10-5 a 106

isolante 106 a 1018

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Condições para a Condução Eletrônica

!  A magnitude da conduLvidade elétrica depende do número de elétrons


disponíveis para parLcipar do processo de condução;

!  Nem todos os elétrons presentes em um dado átomo serão acelerados na


presença de um campo elétrico;

!  O número de elétrons disponível para condução depende da relação entre os


níveis eletrônicos e a energia disponível, considerando a maneira como cada
nível é ocupado por elétrons;

!  Considerando, por exemplo, um sólido composto por um grande número de


átomos, inicialmente separados uns dos outros, porém formando arranjos
como os encontrados em materiais cristalinos:

DEE
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Condições para a Condução Eletrônica

!  A magnitude da conduLvidade elétrica depende do número de elétrons


disponíveis para parLcipar do processo de condução;

!  Nem todos os elétrons presentes em um dado átomo serão acelerados na


presença de um campo elétrico;

!  O número de elétrons disponível para condução depende dos níveis


eletrônicos e da energia aplicada.

!  Considerando, por exemplo, um sólido composto por um grande número de


átomos, inicialmente separados uns dos outros, porém formando arranjos
como os encontrados em materiais cristalinos: (conLnua " " ")

DEE
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Bandas de Energia Eletrônica nos Sólidos

!  A distancias de separação relaLvamente grandes, cada átomo é independente e


terá a configuração eletrônica de um átomo isolado;

!  A medida que estes se aproximam, os elétrons são perturbados pelos elétrons e


núcleos dos átomos adjacentes;

!  Cada estado atômico


pode se dividir em uma
série de estados
eletrônicos (bandas de
energia eletrônica);

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Estrutura da Banda de Energia nos Sólidos

!  São possíveis quatro Lpos diferentes de estruturas de bandas:

Energia de Fermi:
estado
preenchido mais
elevado

(a)  Banda eletrônica com estados eletrônicos disponíveis acima dos estados preenchidos.
(b)  Banda eletrônica onde existe uma superposição entre bandas mais externas preenchidas e vazias.
(c ) Banda eletrônica com banda de valência separada da banda de condução vazia, por meio de um
espaçamento relaLvamente grande, caracterísLca de materiais isolantes;
(d) Banda eletrônica encontrada em materiais semicondutores, com espaçamento entre bandas
relaLvamente estreito;

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Metais

!  Para que um elétron se torne livre, ele deve ser excitado para um dos estados
de energia vazios e disponíveis, acima de Ef:

Ocupação dos estados eletrônicos (a) antes e (b) depois de uma excitação de elétrons.

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Isolantes e Semicondutores

•  Para se tornarem livres, os


elétrons devem ser
excitados além do
espaçamento entre bandas
de energia;
•  Isso só é possível através
do fornecimento da
diferença de energia igual
à energia do espaçamento
entre as bandas, Ee.
Ocupação dos estados eletrônicos (a) antes e (b)
•  Qual a influência da depois de uma excitação de elétrons.
temperatura nesses
materiais?
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Influência da Temperatura nos Materiais
Isolantes e Semicondutores
•  O número de elétrons excitados de dentro da banda de valência para a banda
de condução depende da energia térmica fornecida ao sistema e da largura
do espaçamento entre bandas;

•  Para uma dada temperatura, quanto maior for o espaçamento entre bandas,
menor a probabilidade do elétron saltar da banda de valência para a banda de
condução;

•  Desta forma, a disLnção entre ambos materiais semicondutores e isolantes


está na largura do espaçamento entre bandas, que no caso dos materiais
isolantes, é maior;

•  O aumento da temperatura para ambos materiais, resulta em um aumento da


energia térmica disponível para excitação dos elétrons, que são promovidos
para a banda de condução , dando origem a uma maior conduLvidade;
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Semi-conduNvidade

•  Embora os semicondutores não possuam a mesma conduLvidade dos metais,


eles possuem algumas caracterísLcas elétricas que os tornam especialmente
úteis;

•  São extremamente sensíveis à presença de minúsculas concentrações de


impurezas;

•  Existem dois Lpos: Intrínsecos (comportamento elétrico baseado na


estrutura eletrônica de um material puro) e Extrínsecos (comportamento
elétrico é ditado pela adição de átomos de impureza);

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Semicondutor Intrínseco x Extrínseco

Intrínseco Extrínseco
(adição de um átomo de Fósforo)

A semicondução extrínseca pode acontecer


de duas maneiras: Lpo n e Lpo p;
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Semicondutor Extrínseco Npo N

!  É produzido pela adição de impureza com valência igual a 5, chamada de


impureza doadora de elétrons.

!  O elétron disponível (livre) pode ser mais facilmente sensibilizado por um


campo elétrico. Os elétrons se tornam os portadores majoritários.

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Semicondutor Extrínseco Npo P
!  É produzido pela adição de impureza com valência igual a 3, chamada de
impureza receptora de elétrons.

!  Tal deficiência pode ser interpretada como uma lacuna (ou buraco). Os
elétrons podem se mover ocupando as lacunas dos átomos adjacentes. Os
buracos se tornam os portadores majoritários.

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2. Diodos

DEE
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Diodo ou Junção ReNficadora p-n

!  A junção reLficadora p-n é construída a parLr de uma única peça de


semicondutor, dopada do Lpo p em um dos lados e do Lpo n, do outro lado;

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Diodo – Polarização Reversa

!  No material Lpo n, os elétrons são atraídos para o terminal posiLvo, e os


buracos, atraídos pelo terminal negaLvo, afastando-se da junção;

!  Como conseqüência, aumenta a camada de depleção, tornando praLcamente


impossível o deslocamento de elétrons de um lado para o outro;

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Diodo – Polarização Direta

No material Lpo n, os elétrons são repelidos pelo terminal da bateria e empurrados para
! 

a junção. No Lpo p, os buracos são repelidos pelo terminal posiLvo e tendem a


penetrar na junção, diminuindo a camada de depleção, por conta da recombinação;

Para ter fluxo livre de elétrons, a tensão da bateria deve ultrapassar a tensão da camada
! 

de depleção;

DEE
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Diodo – Curva CaracterísNca EstáNca

O diodo apresenta uma relação


! 

não-linear entre tensão e


corrente: I = I (eVD / nVT −1) (A)
D S

ID: corrente no diodo;


VD: tensão de pol. direta;

n: parâmetro que depende
das caracterísLcas ksicas do
disposiLvo e varia de 1 a 2;
VT= kTK/q: tensão térmica
k: const. Boltzmann
(1,38x10-23 J/K)
TK: temp. em Kelvin
q: carga do elétron

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Diodo – Região de Ruptura

!  Embora a curva ideal do diodo não indique, há um limite para a tensão reversa
que o disposiLvo pode suportar (chamada tensão de ruptura):

!  O diodo comum pode ser danificado se for


excedida a tensão de ruptura reversa (VBV).
Esse é um dos principais parâmetros na
especificação de um diodo;

!  Um Lpo especial de diodo, chamado Diodo


Zener é projetado para operar na região de
ruptura reversa. Normalmente os valores de
para um Diodo Zener são mais próximos do
eixo verLcal (Ex. -5 V; -9 V).

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Influência do Material Semicondutor

DEE
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Influência da Temperatura

DEE
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Encapsulamentos comuns para Diodos

DEE
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Modelos equivalentes simplificados para
Diodos
!  O uso da relação tensão-corrente não-linear do diodo:

ID = IS (eVD / nVT −1) (A)

torna sua análise em circuitos elétricos bastante complicada.

!  Para minimizar esse problema são uLlizados modelos simplificados:


!  Modelo linear por partes

!  Modelo simplificado

!  Modelo Ideal

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Modelos equivalentes simplificados para
Diodos

DEE
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Comportamento Dinâmico de Diodos

!  A transição entre os estados de bloqueio (polarização reversa) e condução


(polarização direta), ou vice-versa, não acontece instantaneamente.

!  Por exemplo, a transição entre a condução e o bloqueio só ocorre num tempo


trr (tempo de recuperação reversa) após a mudança da tensão de polarização.

trr = ts + tt

ts: Tempo de armazenamento


t t: Tempo de transição

DEE
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Diodo Zener

!  O diodo Zener é projetado


para operar na região de
ruptura reversa (ou região
Zener).

!  É uLlizado para regulação


de tensão.

DEE
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Diodo Emissor de Luz
O diodo emissor de luz (ou LED – Light-Emi?ng Diode) é capaz de emiLr luz quando
! 

alimentado com tensão de polarização direta.

Os materiais Si e Ge não produzem emissão considerável de luz. O GaAs produz luz


! 

infravermelha (fora do espectro visível).

Outros materiais especiais são uLlizados para produzir LEDs de diferentes cores:
! 

DEE
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Diodo Emissor de Luz

Comprimentos de onda vpicos emiLdos por LEDs de diferentes cores

DEE Exemplo de LED Modelos comerciais de lâmpadas LED


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3. Aplicações de Diodos

DEE
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Circuito em série

!  Considerando o circuito em serie indicado na Figura abaixo:

!  Vamos realizar sua análise considerando os diferentes modelos matemáLcos


para o diodo (não-linear; linear por partes, simplificado e ideal).

!  O primeiro passo é determinar se o diodo está polarizado no modo direto (em


condução) ou reverso (bloqueio ou corte).
DEE
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Circuito em série – modelo não-linear
Para podermos usar o modelo não-linear é preciso encontrar o “ponto quiescente” (ou
! 

ponto de operação) do diodo:


Aplicando a lei das malhas: Pode-se subsLtuir a relação VxI:

ID = IS (eVD / nVT −1)


na expressão anterior, ou obter
graficamente o encontro das
duas curvas:

DEE
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Circuito em série – modelo não-linear
Considerando o exemplo à seguir:
! 

DEE
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Exemplos:
01) Repita a solução do circuito em série
!  03) Encontre as correntes no circuito à
! 

do exemplo anterior para o modelo seguir, considere Vk=0,7 V e o modelo


simplificado do diodo com Vk = 0,7 V. simplificado :
Resposta:
VD = 0,7V
ID = 18,6mA
VR = 9,3V

02) Repita a solução do circuito anterior


!  €

considerando o modelo ideal do diodo.


Resposta: Resposta:
VD = 0V
I1 = 0,212 mA
ID = 20mA I2 = 3,32 mA
VR = 10V ID2 = 3,11 mA
DEE
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Exemplos:
04) Para o circuito à seguir, determine as
!  05) Para o circuito da questão anterior,
! 

tensões e correntes indicadas, considere considere que E2 = 10 V e recalcule os


o modelo simplificado do diodo com Vk valores das tensões e correntes.
= 0,7 V.
06) Para o circuito da questão anterior,
! 

considere que E2 = 15 V e recalcule os


valores das tensões e correntes.

07) Explique o que ocorre quando


! 

uLlizamos dois diodos em paralelo.

Resposta: 08) Explique o que ocorre quando


! 

uLlizamos dois diodos em série.


I = 2,07mA
V1 = 9,73V
V2 = 4,55V
DEE
Vo = −0,45V 36/54
3. Aplicações de Diodos:
Circuitos com Alimentação em
Corrente Alternada

DEE
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Circuitos com diodos e alimentação CA

!  A parLr de agora vamos analisar circuitos com diodos alimentados por fontes
alternadas (CA).

!  Exemplo:

!  A tensão CA naturalmente muda de sinal a cada ciclo. Como será a tensão


sobre o resistor neste caso ?

DEE
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Circuitos com diodos e alimentação CA

DEE Considerando o diodo ideal ->> o valor máximo de vo é igual ao de vi


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O ReNficador de Meia Onda
Formas de onda das tensões de entrada (CA)
O circuito abaixo é conhecido
e saída (reLficada em meia onda):
como ReLficador de Meia Onda,
sendo um dos circuitos mais
simples para a conversão de
tensão CA em CC.

A tensão de pico reversa é Vm.


DEE
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ReNficador de Meia Onda – Modelo
Simplificado do Diodo
!  Efeito de subsLtuir o modelo ideal pelo modelo simplificado:

!  A uLlização do modelo simplificado (em subsLtuição ao ideal) só é jusLficada


quando Vk é da mesma ordem de grandeza da Vm.

DEE
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ReNficador de Onda Completa em Ponte

!  Uma “ponte” de diodos é uLlizada para produzir a reLficação de onda


completa:

DEE
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ReNficador de Onda Completa em Ponte

!  Semi-ciclo posiNvo da tensão de entrada (vi):

!  Dois diodos estão em condução (D2 e D3);

!  Dois diodos estão em bloqueio (D1 e D4).

DEE
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ReNficador de Onda Completa em Ponte

!  Semi-ciclo negaNvo da tensão de entrada (vi):

!  Dois diodos estão em condução (D1 e D4);

!  Dois diodos estão em bloqueio (D2 e D3).

DEE
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ReNficador de Onda Completa em Ponte –
Diodo Ideal
!  A tensão média na saída é Vdc = 0,636 Vm;

!  A tensão de pico reversa em cada diodo é igual a Vm.

DEE
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ReNficador de Onda Completa em Ponte –
Modelo Simplificado do Diodo
!  A tensão média na saída é Vdc = 0,636 (Vm – 2Vk);

!  A tensão de pico reversa em cada diodo é igual a Vm.

DEE
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ReNficador de Onda Completa com
Transformador de Derivação Central
!  Outra forma para realizar o reLficador de onda completa é uLlizando o circuito
com transformador de derivação central:

O transformador com
relação 1:2 e derivação
central no secundário
produz réplicas de vi
entre as extremidades e
e derivação central.

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ReNficador de Onda Completa com
Transformador de Derivação Central
!  O ciclo posiNvo da tensão de entrada é entregue à resistência R através do
diodo D1:

DEE
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ReNficador de Onda Completa com
Transformador de Derivação Central
!  O ciclo negaNvo da tensão de entrada é entregue à resistência R através do
diodo D2:

DEE
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Outras aplicações de Diodos

!  Detector de polaridade:

!  Proteção contra conexão em polaridade inverNda:

Polaridade correta: Polaridade InverLda:

DEE
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ReNficador de Onda Completa - Exemplos
01) Calcule a tensão de pico reversa nos diodos do reLficador de onda completa com
! 

transformador de derivação central. Compare com o resultado obLdo para o reLficador


com ponte de diodos.

02) Determine a forma de onda da tensão vo no circuito à seguir considerando: a- O modelo


! 

ideal e b- O modelo simplificado do diodo (com vk = 0,7 V):

03) Considerando o modelo simplificado do diodo (com vk = 0,7 V), encontre o valor da tensão
! 

média e da tensão eficaz na saída (vo), quando o valor eficaz da entrada (vi) é 15 V.

DEE
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Aplicações de Diodo Zener - Exemplos
As principais aplicações dos diodos Zener envolvem regulação de tensão, como
! 

poderemos observar a parLr da resolução dos exemplos à seguir.

01) Encontre as
! 
02) Determine a forma de onda da tensão entregue ao
! 
potências sistema do circuito abaixo, considere o modelo
dissipadas em simplificado do diodo (com vk = 0,7 V):
cada componente
do circuito da
figura à seguir:

DEE
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Aplicações de Diodo Zener
03) Para o circuito da figura à seguir determine VR, IZ, VL e PZ.
! 

04) Repita o problema anterior


! 

considerando agora que RL = 3 k Ω

Passos para analisar um circuito com diodo Zener:


a)  “ReLre o Zener do circuito e calcule qual a tensão sobre seus terminais;
b)  Caso a tensão calculada seja menor que a tensão Zener, o disposiLvo está em bloqueio;
c)  Caso a tensão calculada seja maior que a tensão Zener, o disposiLvo está em condução e a
tensão sobre ele pode ser aproximada pela tensão Zener.
DEE
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Conclusões

!  Os disposiLvos semicondutores são muito importantes em diversas aplicações


da eletrônica.

!  Para serem uLlizados em aplicações práLcas os materiais semicondutores


precisam ser dopados com impurezas, gerando semicondutores dos Lpos p e n.

!  Os diodos são disposiLvos compostos por uma junção semicondutora p-n.

!  Os diodos tem diferentes aplicações como:


o  Proteção;
o  Indicação de passagem de corrente (LED);
o  Conversão CA-CC;
o  Regulação de tensão (Zener).
DEE
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