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Na introdução da obra “Costumes em comum”, o historiador Edward Thompson apresenta


uma discussão sobre os costumes na Inglaterra do século XVIII, e seu caráter de resistência
diante das pressões da camada social hegemônica por reformas. Utilizando-se de argumentos
apresentados pelo autor, elabore um texto refletindo como se processa esses embates entre a
“cultura popular” e a hegemônica.

Thompson defende a tese de que, a consciência e os usos costumeiros eram particularmente


fortes no século XVIII, e a pressão sofrida pelo povo para reformar os seus costumes
experimenta uma resistência teimosa, e ainda neste mesmo século acontece uma ruptura
entre a cultura patrícia e a plebeia.

Citando Burke ele afirma que isso aconteceu em toda Europa e que o folclore é uma das
consequências deste movimento, uma vez que, integrantes da classe hegemônica passaram a
observar alguns costumes organizá-los e colecioná-los apenas como registro de manifestações
peculiares mantidas apenas como tradição, meras antiguidades, não ligando-as com fatos que
as precedem.

Thompson cita Francis Bacon com a sua concepção de que o costume “é a segunda natureza”
do homem, sendo suas ações definidas por ele, bem como Bernard Mandeville que também
atribui aos costumes este poder de interferir nas decisões , a ponto de acreditar que o acesso a
educação era “muito pernicioso aos pobres” pois estes não precisam aprender mais do que as
tarefas que desempenham. Apesar de não ter acesso a educação as classes menos favorecidas
resiste e utiliza a transmissão oral para perpetuar conhecimentos, sendo esta uma tradição
carregada de costumes, leva consigo não só as informações para realização de tarefas, sejam
elas domesticas ou laborais, como também, costumes que trazem consigo uma função
racional e de resistência. Apesar do folclore separar a cultura do seu contexto e mentalité
deixando de perceber a função racional que exercia.

Um outro aspecto deste embate está na reprodução das praticas e normas através das
gerações por meio dos costumes, e como já foi citado a transmissão oral era responsável por
tal difusão, desta forma a crescente produção escrita, se curva as expectativas postas pela
cultura oral ao invés de desafia-la.

E por fim o embate que ocorre durante o período das evoluções tecnológicas, com uma plebe
tradicional que defende a manutenção dos seus costumes e ao mesmo tempo rebelde por
resistir a se adaptar ao novos sistema de produção imposto pela camada superior da
sociedade.

Esta fase é descrita por Thompson como uma série de confrontos entre uma economia
inovadora, com técnica e racionalidade (que ameaça desintegrar os costumes) e a economia
moral da plebe, baseada nos costumes. Os embates existentes ao longo do tempo entre a
cultura hegemônica e a popular são postos por ele como uma condição necessária para as
mudanças.

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