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PREFEITURA MUNICIPAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA

PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA (PDDU)


DO MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA

VOLUME – III
Medidas Estruturais e Não-Estruturais
Plano de Obras e Estimativa de Investimentos

AGOSTO/2011
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 1
2. MEDIDAS ESTRUTURAIS / MANUAL DE DRENAGEM ......................................................... 2
2.1 POLÍTICA DE DRENAGEM URBANA ......................................................................................... 2
2.1.1 IMPACTOS ............................................................................................................................. 2
2.1.1.1 IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO URBANO NO CICLO HIDROLÓGICO ..................... 3
2.1.1.2 IMPACTO AMBIENTAL SOBRE O ECOSSISTEMA AQUÁTICO ........................................... 4
2.1.1.3 GESTÃO PRECEDENTE ........................................................................................................ 8
2.1.1.4 GESTÃO DO CONTROLE DE IMPACTOS ............................................................................ 9
2.1.1.5 PRINCÍPIOS ........................................................................................................................... 9
2.1.1.6 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 11
2.1.1.7 METAS .................................................................................................................................. 11
2.1.1.8 ESTRATÉGIAS ..................................................................................................................... 12
2.2 CRITÉRIOS DE PROJETO ........................................................................................................ 12
2.2.1.1 TERMINOLOGIA E CONCEITOS ......................................................................................... 12
2.2.1.2 SISTEMA DE DRENAGEM ................................................................................................... 12
2.2.1.3 ESCOAMENTO E CONDICIONANTES DE PROJETO ........................................................ 13
2.2.1.4 RISCO E INCERTEZA .......................................................................................................... 15
2.3 REGULAMENTAÇÃO ................................................................................................................ 17
2.3.1.1 VAZÃO MÁXIMA ................................................................................................................... 18
2.3.1.2 QUALIDADE DA ÁGUA ........................................................................................................ 19
2.3.1.3 EROSÃO E SEDIMENTOS ................................................................................................... 21
2.4 CONCEPÇÃO DA DRENAGEM ................................................................................................ 21
2.4.1.1 ABRANGÊNCIA ESPACIAL E MAGNITUDE ........................................................................ 22
2.4.1.2 CENÁRIOS DE PROJETO ................................................................................................... 22
2.4.1.3 VAZÃO DE PROJETO .......................................................................................................... 24
2.5 PROJETO DE DRENAGEM URBANA ....................................................................................... 28
2.5.1.1 ALTERNATIVAS DE CONTROLE PARA A REDE DE DRENAGEM PLUVIAL .................... 28
2.6 MEDIDAS SUSTENTÁVEIS NA FONTE ................................................................................... 30
2.7 CRITÉRIOS................................................................................................................................ 30
2.8 DIMENSIONAMENTO DA DRENAGEM PLUVIAL NA FONTE ................................................. 31
2.9 TIPOS DE DISPOSITIVOS DE REDUÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL ...................... 36
2.10 INFILTRAÇÃO E PERCOLAÇÃO .............................................................................................. 36
2.10.1.1 CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DAS ESTR. DE INFILTRAÇÃO OU PERCOLAÇÃO .......... 36
2.10.1.2 PARÂMETROS PARA O DIMENS. DAS ESTR. DE INFILT. OU PERCOLAÇÃO ................ 38
2.10.1.3 PAVIMENTOS PERMEÁVEIS E MANTAS DE INFILTRAÇÃO............................................. 43
2.10.1.4 BACIAS E VALOS DE INFILTRAÇÃO .................................................................................. 49
2.10.1.5 BACIAS DE PERCOLAÇÃO OU TRINCHEIRA DE INFILTRAÇÃO ..................................... 57
2.11 DISPOSITIVO DE ARMAZENAMENTO .................................................................................... 61
2.11.1.1 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO MÁXIMA DE SAÍDA DO LOTE ............................................. 63
2.11.1.2 DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE ARMAZENAMENTO ................................................... 63
2.11.1.3 DETERMINAÇÃO DA ALTURA DISPONÍVEL PARA ARMAZENAMENTO ......................... 64
2.11.1.4 DETERMINAÇÃO DA SEÇÃO DO DESCARREGADOR DE FUNDO .................................. 65
2.11.1.5 DIMENSIONAMENTO DO VERTEDOR DE EXCESSOS ..................................................... 68
2.12 MEDIDAS NA MACRODRENAGEM .......................................................................................... 70
2.13 CARACTERIZAÇÃO .................................................................................................................. 70
2.14 PLANEJAMENTO DA MACRODRENAGEM ............................................................................. 71

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.14.1.1 TIPOS DE BACIAS ............................................................................................................... 71


2.14.1.2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO ............................................................................................ 72
2.15 CRITÉRIOS PARA IMPLANTAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE CONTROLE DO
ESCOAMENTO SUPERFICIAL ................................................................................................................ 78
2.15.1.1 URBANÍSTICOS ................................................................................................................... 78
2.15.1.2 AMBIENTAIS ........................................................................................................................ 80
2.15.1.3 TÉCNICOS............................................................................................................................ 82
2.15.1.4 ECONÔMICOS ..................................................................................................................... 84
2.16 MEDIDAS DE TRANSPOSIÇÃO DE TALVEGUES - GALERIAS E BUEIROS ......................... 86
2.17 AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS EXISTENTES E COMPLEMENTARES ............................... 88
2.18 DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO ........................................................................................ 89
2.18.1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................................. 90
2.18.1.2 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO ......................................................................................... 99
2.19 ESTRATÉGIAS PARA VALORIZAÇÃO DOS RIOS URBANOS .................................................. 1
2.20 PRINCÍPIOS ................................................................................................................................ 1
2.21 TÉCNICAS ................................................................................................................................... 1
2.21.1.1 RENATURALIZAÇÃO DE CURSOS D’ÁGUA ........................................................................ 1
2.21.1.2 PRESERVAÇÃO DAS MATAS DE GALERIA ......................................................................... 9
2.21.1.3 CONTROLE DE EROSÃO DO SOLO ................................................................................... 11
2.21.1.4 CONTROLE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS PLUVIAIS ........................................................ 14
2.21.1.5 REMOÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................................................. 15
3. MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS ..................................................................................18
3.1 MEDIDAS DE CARÁTER LEGISLATIVO .................................................................................. 18
3.1.1.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL VIGENTE ..................................................................................... 18
3.1.1.2 INSTRUÇÕES NORMATIVAS FEDERAIS VIGENTES ........................................................ 29
3.1.1.3 LEGISLAÇÃO ESTADUAL VIGENTE ................................................................................... 34
3.1.1.4 DECRETOS ESTADUAIS VIGENTES .................................................................................. 43
3.1.1.5 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL VIGENTE .................................................................................. 47
3.1.1.6 PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL VIGENTE ........................... 50
3.1.1.7 PROPOSTA DE LEI DE CONTROLE DOS IMPACTOS DO ESCOAMENTO
SUPERFICIAL NO MEIO-AMBIENTE NO MUNICÍPIO ............................................................................. 54
3.2 MEDIDAS DE PLANEJAMENTO URBANO ............................................................................... 60
3.2.1.1 INTEGRAÇÃO DE PLANOS E PROGRAMAS ..................................................................... 60
3.2.1.2 GESTÃO INTEGRADA DAS ÁGUAS URBANAS ................................................................. 61
3.2.1.3 CRIAÇÃO DO COMITÊ UNIFICADO DO MANEJO DAS ÁGUAS URBANAS ..................... 64
3.2.1.4 ZONEAMENTO DE CORPOS HÍDRICOS ............................................................................ 68
3.3 MEDIDAS DE CARÁTER EDUCATIVO. .................................................................................... 71
3.4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................................... 71
3.5 DAS ATIVIDADES ..................................................................................................................... 73
3.6 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA ................................................................................. 73
3.7 PROPOSTAS DE TRABALHO NAS ESCOLAS SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................ 77
3.8 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES ......................................... 78
3.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ...................................................................................................... 81
4. PLANO DE OBRAS ......................................................................................................83
4.1 A URBANIZAÇÃO ...................................................................................................................... 83
4.2 PRIORIZAÇÃO DAS OBRAS..................................................................................................... 86
4.3 INVENTÁRIO DA OCUPAÇÃO POPULACIONAL, ANÁLISE E DETERMINAÇÃO DOS
FATORES ................................................................................................................................................. 88
4.4 POPULAÇÃO ............................................................................................................................. 88

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4.5 POPULAÇÃO DIRETAMENTE AFETADA - PDA ...................................................................... 89


4.6 POPULAÇÃO DE INFLUENCIA DIRETA - PID ......................................................................... 89
4.7 POPULAÇÃO DE INFLUENCIA INDIRETA - PII ....................................................................... 91
4.8 CUSTO DA INTERVENÇÃO ESTRUTURAL ............................................................................. 92
4.9 CUSTO DA REGULARIZAÇÃO DA VAZÃO - BACIAS DE DETENÇÃO ................................... 95
4.10 DISTÂNCIA DA ÁREA URBANIZADA ....................................................................................... 97
4.11 VAZÃO A SER REGULARIZADA .............................................................................................. 97
4.12 RISCO AMBIENTAL .................................................................................................................. 97
4.13 NÍVEL 1 – BAIXO RISCO .......................................................................................................... 97
4.14 NÍVEL 2 – RISCO MODERADO ................................................................................................ 98
4.15 NÍVEL 3 – RISCO IMINENTE .................................................................................................... 98
4.16 DETERMINAÇÃO DAS PONTUAÇÕES ("SCORE") DAS INTERVENÇÕES .......................... 100
4.17 AVALIAÇÃO MULTI-CRITÉRIOS - MCE ................................................................................. 100
4.18 ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP) ............................................................................ 102
4.19 O PRINCÍPIO DA DECOMPOSIÇÃO (ESTRUTURAÇÃO) ..................................................... 106
4.20 HIERARQUIA ........................................................................................................................... 111
4.21 A ESTRUTURAÇÃO DE UMA HIERARQUIA .......................................................................... 115
4.22 O PRINCÍPIO DOS JULGAMENTOS COMPARATIVOS (AVALIAÇÃO) ................................. 120
4.23 OS JULGAMENTOS ................................................................................................................ 122
4.24 A MATRIZ DE JULGAMENTOS E A ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA ...................................... 124
4.25 RESULTADOS ......................................................................................................................... 131
5. CADASTRO DA REDE DE DRENAGEM ............................................................................ 135
6. MANUTENÇÃO DA REDE DE DRENAGEM ....................................................................... 136
7. PLANO DE MONITORAMENTO ......................................................................................... 139
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 142

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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CARACTERÍSTICAS DAS ALTERAÇÕES DE UMA ÁREA RURAL PARA
URBANA (SCHUELER, 1987). ......................................................................................................5
FIGURA 2 - VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEDIMENTOS EM DECORRÊNCIA DO
DESENVOLVIMENTO URBANO (DAWDY, 1967). ....................................................................7
FIGURA 3 - SEQUÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO..............................29
FIGURA 4 - FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES DO PROJETO. ...........................................33
FIGURA 5 -. CLASSIFICAÇÃO TRILINEAR DOS SOLOS (CAPUTO, 1969). .....................41
FIGURA 6 - CURVA ENVELOPE (ADAPTADO DE URBONAS & STAHRE, 1993). ..........42
FIGURA 7 - SEÇÕES TRANSVERSAIS DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS........................45
FIGURA 8 - CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DE INFILTRAÇÃO. .........................................51
FIGURA 9 - VALO DE INFILTRAÇÃO (CIRIA, 1996). .............................................................51
FIGURA 10 - VISTA DO VALO DE INFILTRAÇÃO (URBONAS & STAHRE, 1993). ..........52
FIGURA 11 - DETALHE CONSTRUTIVO DO VALO COM DISPOSITIVO DE
PERCOLAÇÃO (URBONAS & STAHRE, 1993). ......................................................................52
FIGURA 12 - DETALHE DE UM VALO DE INFILTRAÇÃO COM UMA CONTENÇÃO
(URBONAS & STAHRE, 1993). ..................................................................................................53
FIGURA 13 - POÇO DE INFILTRAÇÃO (CIRIA, 1996). ..........................................................54
FIGURA 14 - POÇO DE INFILTRAÇÃO EM FORMA DE TRINCHEIRA (CIRIA, 1996). ....54
FIGURA 15 - BACIAS DE PERCOLAÇÃO. ...............................................................................58
FIGURA 16 - TRINCHEIRA DE INFILTRAÇÃO (CIRIA, 1996)...............................................59
FIGURA 17 - HIDROGRAMAS TÍPICOS DE PEQUENAS ÁREAS URBANAS, ONDE O
TEMPO DE CONCENTRAÇÃO É MUITO PEQUENO. ...........................................................62
FIGURA 18 - CARACTERÍSTICA DO DESCARREGADOR DE FUNDO. ............................66
FIGURA 19 - DETERMINAÇÃO DE HC EM UM RESERVATÓRIO. ......................................67
FIGURA 20 - PLANEJAMENTO DE CONTROLE DE BACIA NO PRIMEIRO ESTÁGIO DE
URBANIZAÇÃO. ............................................................................................................................72
FIGURA 21 - FLUXOGRAMA DE ATIVIDADES PARA AVALIAÇÃO DAS
ALTERNATIVAS DE CONTROLE NA MACRODRENAGEM. ................................................74
FIGURA 22 - QUADRA ESPORTIVA EM UMA BACIA DE DETENÇÃO EM OPERAÇÃO
NA CIDADE DE PORTO ALEGRE/RS.......................................................................................80
FIGURA 23 - CONTAMINAÇÃO DO AQÜÍFERO POR DISPOSITIVOS DE INFILTRAÇÃO.
.........................................................................................................................................................81
FIGURA 24 - RELAÇÃO ENTRE PROBABILIDADE, NÍVEL, VAZÃO E PREJUÍZO
(TUCCI, 2007)................................................................................................................................85
FIGURA 25 - CURVAS DE PREJUÍZO EM FUNÇÃO DO NÍVEL D’ÁGUA (SIMONS ET
AL., 1977) .......................................................................................................................................86
FIGURA 26 - LINHA DE ENERGIA ESPECÍFICA ....................................................................91
FIGURA 27 - LARGURA DA SUPERFÍCIE LIVRE DO FLUXO ..............................................92
FIGURA 28 - VARIAÇÃO DE ENERGIA ....................................................................................93
FIGURA 29 - RELAÇÃO ENTRE ENERGIA E PROFUNDIDADE CRÍTICAS.....................95
FIGURA 30 - ÂNGULO Ø.............................................................................................................97
FIGURA 31 - GRANDEZAS HIDRÁULICAS DE BUEIROS CELULARES............................98
FIGURA 32 - APP (RESOLUÇÃO CONAMA 303/2002). ........................................................11

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FIGURA 33 - RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS DAS ÁGUAS URBANAS (TUCCI,


2007) ...............................................................................................................................................63
FIGURA 34 - MODELO DE INTEGRAÇÃO DO COMITÊ UNIFICADO .................................65
FIGURA 35 - DECLIVIDADE PERCENTUAL DO MUNICÍPIO DE APARECIDA DE
GOIÂNIA .........................................................................................................................................69
FIGURA 36 - DENSIDADE POPULACIONAL (HAB/CEL) ......................................................88
FIGURA 37 - POPULAÇÃO DIRETAMENTE AFETADA - PDI (HAB/CEL) ..........................90
FIGURA 38 - UNIDADES HIDROGRÁFICAS BÁSICAS - UHBS...........................................90
FIGURA 39 - ESTRUTURA DE UMA HIERARQUIA SIMPLES ...........................................113
FIGURA 40 - RESUMO DA INTER-RELAÇÃO ENTRE COMPONENTES NA
CONSTRUÇÃO HIERÁRQUICA ...............................................................................................118
FIGURA 41 - PRIORIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES ...........................................................135

LISTA DE TABELAS

QUADRO 1 - IMPACTOS E REGULAMENTAÇÃO SOBRE O ESCOAMENTO PLUVIAL


(TUCCI & MELLER, 2007). ..........................................................................................................17
QUADRO 2 - CRITÉRIOS DA REGULAMENTAÇÃO PARA CONTROLE DA DRENAGEM
URBANA ADOTADOS NO MUNICÍPIO. ....................................................................................18
QUADRO 3 - FATORES DA REDUÇÃO DA ÁREA IMPERMEÁVEL PELO USO DE
SISTEMAS DE INFILTRAÇÃO....................................................................................................19
QUADRO 4 - TEMPO DE RETORNO PARA PROJETOS DE DRENAGEM URBANA. ....23
QUADRO 5 - VALORES DE CP ..................................................................................................26
QUADRO 6 - VALORES RECOMENDADOS DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO
(ADAPTADO DE ASCE, 1969 E WILKEN, 1978). ....................................................................27
QUADRO 7 - COEFICIENTE MULTIPLICADOR DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO
DE ACORDO COM O TEMPO DE RETORNO (WRIGHT-MACLAUGHIN, 1969)...............27
QUADRO 8 - PERCENTAGEM DE REDUÇÕES DA ÁREA IMPERMEÁVEL PERMITIDA.
.........................................................................................................................................................32
QUADRO 9 - DISPOSITIVOS DE INFILTRAÇÃO E PERCOLAÇÃO....................................34
QUADRO 10 - - ALGUNS VALORES TÍPICOS DE TAXAS DE INFILTRAÇÃO (FISCHER
ET AL., 1976). ................................................................................................................................39
QUADRO 11 - CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA SATURADA EM DIVERSOS TIPOS DE
SOLO (URBONAS & STAHRE, 1993). ......................................................................................40
QUADRO 12 - POROSIDADE EFETIVA PARA MATERIAIS TÍPICOS (URBONAS &
STAHRE, 1993). ............................................................................................................................40
QUADRO 13 - ALGUNS VALORES TÍPICOS DE COEFICIENTES DE INFILTRAÇÃO,
BASEADOS NA TEXTURA DO SOLO (WATKINS APUD CIRIA, 1996). .............................42
QUADRO 14 - FATORES DE SEGURANÇA PARA O COEFICIENTE DE INFILTRAÇÃO
(CIRIA, 1996). ................................................................................................................................43
QUADRO 15 - CLASSIFICAÇÃO NOMINAL DA BRITA (ARAÚJO ET AL., 2000)..............46

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QUADRO 16 - CARACTERÍSTICA DOS CONCRETOS SEM FINOS PARA AGREGADO


DE 9,5 A 19 MM. (MCINTOSH, BOTTON & MUIR, 1956 APUD NEVILLE, 1982). .............48
QUADRO 17 - EXPERIMENTOS EM SUPERFÍCIES URBANAS (GENZ, 1994). ...............48
QUADRO 18 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES DE CHUVA NAS SUPERFÍCIES
(ARAÚJO ET AL., 2000)...............................................................................................................48
QUADRO 19 - ÁREA DA SEÇÃO TRANSVERSAL DOS DESCARREGADORES DE
FUNDO - CIRCULARES. .............................................................................................................66
QUADRO 20 - ÍNDICE DE PERMEABILIDADE DO ZONEAMENTO MUNICIPAL
(APARECIDA DE GOIÂNIA,2002) ..............................................................................................49
QUADRO 21 - ABRANGÊNCIA POPULACIONAL DAS INTERVENÇÕES. ........................91
QUADRO 22 - ESTRUTURAS ADOTADAS PARA A ESTIMATIVA DE CUSTO DAS
INTERVENÇÕES ..........................................................................................................................93
QUADRO 23 - CUSTO DAS AÇÕES ESTRUTURAIS DAS INTERVENÇÕES ...................93
QUADRO 24 - CUSTO DAS AÇÕES DE REGULAÇÃO DE VAZÃO DAS
INTERVENÇÕES ..........................................................................................................................95
QUADRO 25 - DISTÂNCIA DA ÁREA URBANIZADA, VAZÃO A SER REGULARIZADA
E RISCO AMBIENTAL DAS INTERVENÇÕES. .......................................................................99
QUADRO 26 - ESCALA DE JULGAMENTOS DO AHP ........................................................122
QUADRO 27 - VALORES DE IR’S (ÍNDICES RANDÔMICOS)............................................130
QUADRO 28 - MATRIZ DE COMPARAÇÕES PARITÁRIAS ...............................................132
QUADRO 29 - DESCRIÇÃO DOS FATORES UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO MULTI-
CRITÉRIOS - MCE......................................................................................................................133
QUADRO 30 – PONDERADORES DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO MULTI-CRITÉRO -
MCE ..............................................................................................................................................133
QUADRO 31 - PRIORIDADE DE EXECUÇÃO DAS INTERVENÇÕES..............................133

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Volume III
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Agosto/2011

1. Apresentação

A ActionLASER Engenharia, Consultoria e Informática LTDA apresenta o Volume III


do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) do Município de Aparecida de Goiânia - GO,
conforme contrato n°439/2010 entre a empresa supracitada e a Prefeitura Municipal de
Aparecida de Goiânia. O conteúdo Volume III do Plano Diretor de Drenagem Urbana do
Município de Aparecida de Goiânia estão distribuído de acordo com os seguintes tópicos:

o Medidas Estruturais:

 Política de drenagem urbana;

 Medidas sustentáveis na fonte;

 Medidas na macrodrenagem;

 Medidas de transposição de talvegues - galerias e bueiros

o Medidas Não Estruturais:

 Medidas de Caráter Legislativo;

 Medidas de Planejamento Urbano;

 Medidas de Caráter Educativo;

o Plano de obras

o Cadastro da rede de drenagem

o Manutenção da rede de drenagem

o Plano de monitoramento

Lembramos que, quando cabível, o presente trabalho adotou como fonte


parcial o texto apresentado no Plano Diretor de Drenagem Urbana do Distrito Federal
Distrito Federal, 2V - Manual Técnico de Drenagem Urbana, Secretaria de Estado de
Obras (Concremat Engenharia, 2009).

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2. MEDIDAS ESTRUTURAIS / MANUAL DE DRENAGEM


2.1 POLÍTICA DE DRENAGEM URBANA

2.1.1 Impactos

O crescimento urbano das cidades brasileiras tem provocado impactos


significativos na população e no meio ambiente. Estes impactos vêm deteriorando a
qualidade de vida da população, devido ao aumento da freqüência e do nível das
inundações, prejudicando a qualidade da água, e aumento da presença de materiais
sólidos no escoamento pluvial.
Estes problemas são desencadeados principalmente pela forma como as
cidades se desenvolvem: falta de planejamento, falta de controle do uso do solo,
ocupação de áreas de risco e sistemas de drenagem inadequados. Com relação à
drenagem urbana, pode-se dizer que existem duas condutas que tendem a agravar
ainda mais a situação:

 Os projetos de drenagem urbana têm como filosofia escoar a água


precipitada o mais rapidamente possível para jusante. Este critério
aumenta em várias ordens de magnitude a vazão máxima, a freqüência e
o nível de inundação de jusante;
 As áreas ribeirinhas, que o rio utiliza durante os períodos chuvosos como
zona de passagem da inundação, têm sido ocupadas pela população
com construções e aterros, reduzindo a capacidade de escoamento. A
ocupação destas áreas de risco resulta em prejuízos evidentes quando o
rio inunda seu leito maior.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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2.1.1.1 Impactos do desenvolvimento urbano no ciclo hidrológico

O desenvolvimento urbano modifica a cobertura vegetal, provocando vários


efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico natural. Com a urbanização,
a cobertura da bacia é alterada para pavimentos impermeáveis e são introduzidos
condutos para escoamento pluvial, gerando as seguintes modificações no referido
ciclo:

 Redução da infiltração no solo;


 O volume que deixa de infiltrar fica na superfície, aumentando o escoamento
superficial. Além disso, como foram construídos condutos para o esgotamento
das águas pluviais, é reduzido o tempo de deslocamento com velocidades
maiores. Desta forma as vazões máximas também aumentam, antecipando
seus picos no tempo (Figura 1);
 Com a redução da infiltração, há uma redução do nível do lençol freático por
falta de alimentação (principalmente quando a área urbana é muito extensa),
reduzindo o escoamento subterrâneo. Em alguns casos, as redes de
abastecimento de água e de esgotamento cloacal possuem vazamentos que
podem alimentar os aquíferos, tendo efeito inverso do mencionado, no
entanto, podem levar à contaminação do mesmo;
 Devido à substituição da cobertura natural ocorre uma redução da
evapotranspiração das folhagens e do solo, já que a superfície urbana não
retém água como a cobertura vegetal.

Na Figura 1 são caracterizadas as alterações no uso do solo devido à


urbanização e seu efeito sobre o hidrograma e nos níveis de inundação.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.1.1.2 Impacto ambiental sobre o ecossistema aquático

Com o desenvolvimento urbano, vários elementos antrópicos são introduzidos


na bacia hidrográfica e passam a atuar sobre o ambiente. Alguns dos principais
problemas são discutidos a seguir:
a) Aumento da Temperatura: As superfícies impermeáveis absorvem parte da
energia solar, aumentando a temperatura ambiente, produzindo ilhas de calor na
parte central dos centros urbanos, onde predomina o concreto e o asfalto. O asfalto,
devido a sua cor, absorve mais energia que as superfícies naturais, e o concreto, à
medida que a sua superfície envelhece, tende a escurecer e aumentar a absorção de
radiação solar.
O aumento da absorção de radiação solar por parte da superfície aumenta a
emissão de radiação térmica de volta para o ambiente, gerando o calor. O aumento
de temperatura também cria condições de movimento de ar ascendente que pode
criar de aumento de precipitação. Silveira (1997) mostra que a região central de Porto
Alegre apresenta maior índice pluviométrico que a sua periferia, atribuindo essa
tendência à urbanização. Como na área urbana as precipitações críticas mais
intensas são as de baixa duração, esta condição contribui para agravar as enchentes
urbanas.
b) Aumento da Vazão e escoamento superficial: com a redução da infiltração,
evapotranspiração, aumento o escoamento superficial, produzindo também aumento
da vazão máxima, devido a redução do tempo de concentração devido as ruas e
condutos.
c) Aumento de Sedimentos e Material Sólido: Durante o desenvolvimento
urbano, o aumento dos sedimentos produzidos na bacia hidrográfica é significativo,
devido às construções, limpeza de terrenos para novos loteamentos, construção de
ruas, avenidas e rodovias entre outras causas. Na Figura 2 pode-se observar a

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Volume III
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Agosto/2011

tendência de produção de sedimentos de uma bacia nos seus diferentes estágios de


desenvolvimento.

Figura 1 - Características das alterações de uma área rural para urbana (SCHUELER,
1987).

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Volume III
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Agosto/2011

As principais consequências ambientais da produção de sedimentos são as


seguintes:

 Assoreamento das seções da drenagem, com redução da capacidade de


escoamento de condutos, rios e lagos urbanos. A lagoa da Pampulha é
um exemplo de um lago urbano que tem sido assoreado. O córrego
Dilúvio em Porto Alegre, devido a sua largura e pequena profundidade,
durante as estiagens, tem depositado no canal a produção de
sedimentos da bacia e criado vegetação, reduzindo a capacidade de
escoamento durante as enchentes;
 Transporte de poluentes agregados ao sedimento, que contaminam as
águas pluviais.

À medida que a bacia é urbanizada, e a densificação consolidada, a produção


de sedimentos pode reduzir (Figura 2), mas a geração de resíduos sólidos aumenta.
O lixo obstrui ainda mais as redes de drenagem e cria condições ambientais ainda
piores. Esse problema somente é minimizado com a adequada frequência da coleta,
educação da população e multas pesadas.
d) Qualidade da Água Pluvial: A qualidade da água do pluvial não é melhor que
a do efluente de um tratamento secundário. A quantidade de material suspenso na
drenagem pluvial é superior à encontrada no esgoto in natura, sendo que esse
volume é mais significativo no início das enchentes.
Os esgotos podem ser combinados (cloacal e pluvial num mesmo conduto) ou
separados (rede pluvial e cloacal separadas). No Brasil, a maioria das redes é do
segundo tipo; sendo que somente em áreas antigas de algumas cidades ainda
existem sistemas combinados. Atualmente, devido à falta de capacidade financeira
para ampliação da rede de cloacal, algumas prefeituras têm permitido o uso da rede
pluvial para transporte do cloacal. Isso pode ser uma solução inadequada à medida

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

que esse esgoto não é tratado, além de inviabilizar algumas soluções de controle
quantitativo do pluvial.

Figura 2 - Variação da produção de sedimentos em decorrência do desenvolvimento urbano


(DAWDY, 1967).

A qualidade da água que escoa na rede pluvial depende de vários fatores: da


limpeza urbana e sua freqüência; da intensidade da precipitação, sua distribuição
temporal e espacial; da época do ano; e do tipo de uso da área urbana. Os principais
indicadores da qualidade da água são os parâmetros que caracterizam a poluição
orgânica e a quantidade de metais.
e) Contaminação de aquíferos: As principais condições de contaminação dos
aquíferos urbanos ocorrem devido aos fatos a seguir mencionados:

 Aterros sanitários contaminam as águas subterrâneas pelo processo


natural de precipitação e infiltração. Portanto, deve-se evitar que sejam
construídos aterros sanitários em áreas de recarga além de procurar

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

escolher as áreas com baixa permeabilidade. Os efeitos da


contaminação nas águas subterrâneas devem ser examinados quando é
realizada a escolha do local do aterro;
 Grande parte das cidades brasileiras utiliza fossas sépticas como destino
final do esgoto. Esse efluente tende a contaminar a parte superior do
aquífero. Esta contaminação pode comprometer o abastecimento de
água urbana quando existe comunicação entre diferentes camadas dos
aquíferos através de percolação e de perfuração inadequada dos poços
artesianos;
 A rede de condutos de pluviais pode contaminar o solo através de perdas
de volume no seu transporte e até por entupimento de trechos da rede
que pressionam a água contaminada para fora do sistema de condutos.

2.1.1.3 Gestão precedente

As limitações das medidas de controle, frequentemente usadas no Brasil,


baseadas na transferência de escoamento para controle das inundações urbanas,
são caracterizadas a seguir.
A canalização de córregos, rios urbanos ou uso de galerias para transportar
rapidamente o escoamento para jusante, priorizando o aumento da capacidade de
escoamento de algumas seções, não consideram os impactos que são transferidos.
Este processo produz a ampliação da vazão máxima com duplo prejuízo, fazendo
com que haja necessidade de novas construções, que não resolvem o problema,
apenas o transferem.
Mesmo considerando que a solução escolhida deva ser a canalização (rios,
condutos e galerias para a drenagem secundária), o custo desta solução chega a ser,
em alguns casos, cerca dez vezes maior que o custo de soluções que controlam na
fonte a ampliação da vazão devido à urbanização.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Como em drenagem urbana o impacto da urbanização é transferido para


jusante, quem produz o impacto geralmente não é o mesmo que sofre o impacto.
Portanto, para um disciplinamento do problema é necessário a interferência da ação
pública através da regulamentação e do planejamento.

2.1.1.4 Gestão do controle de impactos

Para controlar os impactos identificados e desenvolver novos padrões


sustentáveis para a drenagem urbana foi elaborado o Plano Diretor de Drenagem
Urbana do Município. Este Plano se baseia em princípios, objetivos, metas e
estratégias que definem a política de drenagem urbana para o município.

2.1.1.5 Princípios

Os princípios a seguir caracterizados visam evitar os problemas descritos no


item anterior. Estes princípios são essenciais para o bom desenvolvimento de um
programa consistente de drenagem urbana:

1. Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) deve se integrar aos Plano


Diretor Urbano, de Infraestutura, Saneamento Ambiental e Meio
Ambiente. A drenagem faz parte da infraestrutura urbana, portanto, deve
ser planejada em conjunto com os outros sistemas;
2. O escoamento durante os eventos chuvosos não pode ser ampliado pela
ocupação da bacia, tanto num simples loteamento, como nas obras de
macrodrenagem existentes no ambiente urbano. Isto se aplica a um
simples aterro urbano, como a construção de pontes, rodovias, e à
implementação dos espaços urbanos. O princípio é de que cada usuário
urbano não deve ampliar a cheia natural. Excepcionalmente quando isto
ocorrer o acréscimo deve ser amortecido a jusante e custeado pelo
projeto em causa;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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3. Plano de controle da drenagem urbana deve contemplar as bacias


hidrográficas sobre as quais a urbanização se desenvolve. O controle
deve ser realizado considerando a bacia como um todo e não em trechos
isolados. As medidas não podem reduzir o impacto de uma área em
detrimento de outra, ou seja, os impactos de quaisquer medidas não
devem ser transferidos. Caso isso ocorra, deve-se prever uma medida
completa de retorno a vazão de pico atualmente existente.
4. O Plano deve prever a minimização do impacto ambiental devido ao
escoamento pluvial através da compatibilização com o planejamento do
saneamento ambiental, controle do material sólido e a redução da carga
poluente nas águas pluviais.
5. O Plano Diretor de Drenagem Urbana, na sua regulamentação, deve
contemplar o planejamento das áreas a serem desenvolvidas e a
densificação das áreas atualmente loteadas.
6. Os meios de implantação do controle de enchentes são o PDDU, as
Legislações e o Manual de Drenagem. O primeiro estabelece as linhas
principais, as legislações controlam e o Manual orienta.
7. O controle de enchentes é um processo permanente; não basta que
sejam estabelecidos regulamentos e que sejam construídas obras de
proteção; é necessário estar atento às potenciais violações da legislação
e na expansão da ocupação do solo de áreas de risco. Portanto,
recomenda-se que:
 Nenhum espaço de risco seja desapropriado se não houver uma
imediata ação pública que evite a sua invasão;
 A comunidade tenha uma participação nos anseios, nos planos, na
sua execução e na contínua obediência das medidas de controle de
enchentes.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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8. A educação – de engenheiros, arquitetos, agrônomos e geólogos, entre


outros profissionais; da população e de administradores públicos - é
essencial para que as decisões públicas sejam tomadas
conscientemente por todos;
9. O custo da implantação das medidas estruturais e da operação e
manutenção da drenagem urbana devem ser transferidos aos
proprietários dos lotes, proporcionalmente a sua área impermeável, que
é a geradora de volume adicional, com relação às condições naturais.
10. É essencial um gerenciamento eficiente na manutenção de drenagem e
na fiscalização da regulamentação.

2.1.1.6 Objetivos

Os objetivos da gestão da drenagem urbana no município são de compatibilizar


a urbanização e sua infraestrutura com o escoamento pluvial de forma a evitar
impactos sobre a sociedade e o meio ambiente e proporcional um ambiente
sustentável de longo prazo.

2.1.1.7 Metas

As principais metas da drenagem urbana são:


 Eliminar os alagamentos na cidade para o risco e cenário de ocupação de
projeto;

 Minimizar a poluição do escoamento pluvial, garantindo a sustentabilidade


ambiental dos rios e reservatórios urbanos que fazem parte do sistema de
abastecimento de água;

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Eliminar qualquer tipo de ravinamento, erosão e área degradada,


produzidos pelo aumento da velocidade do escoamento pluvial, como
resultado da urbanização.

2.1.1.8 Estratégias

As principais estratégias são:

 Evitar os impactos de novos empreendimentos na cidade sobre a


drenagem urbana, com base em medidas não-estruturais: melhoria do
gerenciamento e a aplicação da legislação de controle dos impactos na
drenagem urbana;
 Atingir as metas do controle da drenagem urbana com relação ao
impacto existente na cidade com base em duas medidas:

(a) medidas estruturais em cada bacia urbana;


(b) cobrança de uma taxa de drenagem de compensação por impactos
individuais.

2.2 CRITÉRIOS DE PROJETO

2.2.1.1 Terminologia e conceitos

Alguns dos termos empregados são definidos a seguir visando um melhor


entendimento dos elementos utilizados nos projetos de drenagem urbana.

2.2.1.2 Sistema de drenagem

Os sistemas de drenagem são definidos como na fonte, microdrenagem e


macrodrenagem. A drenagem na fonte é definida pelo escoamento que ocorre no

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

lote, condomínio ou empreendimento individualizado (como lote), estacionamentos,


área comercial, parques e passeios.

A microdrenagem é definida pelo sistema de condutos pluviais ou canais em


um loteamento ou de rede primária urbana. Este tipo de sistema de drenagem é
projetado para atender a drenagem de precipitações com risco moderado.

A macrodrenagem envolve os sistemas coletores de diferentes sistemas de


microdrenagem. Quando é mencionado o sistema de macrodrenagem, as áreas
envolvidas são de pelo menos da ordem de 2 km² ou 200 ha. Estes valores não
devem ser tomados como absolutos porque a malha urbana pode possuir as mais
diferentes configurações.

O sistema de macrodrenagem deve ser projetado com capacidade superior ao


de microdrenagem, com riscos de acordo com os prejuízos humanos e materiais
potenciais.

Na verdade, o que tem caracterizado este tipo de definição é a metodologia


utilizada para a determinação da vazão de projeto. O Método Racional tem sido
utilizado para a estimativa das vazões na microdrenagem, enquanto os modelos
hidrológicos que determinam o hidrograma do escoamento são utilizados para as
obras de macrodrenagem. Justamente por ser uma metodologia com simplificações e
limitações, o Método Racional pode ser utilizado somente para bacias com áreas de
até 2 km² (que está de acordo com a definição anteriormente mencionada).

2.2.1.3 Escoamento e condicionantes de projeto

O escoamento em um rio ou canalização depende de vários fatores que podem


ser agregados em dois conjuntos:
Condicionantes de jusante: Os condicionantes de jusante atuam no
sistema de drenagem de forma a modificar o escoamento a montante. Os

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condicionantes de jusante podem ser: estrangulamento do rio devido a pontes,


aterros, mudança de seção, reservatórios, oceano. Esses condicionantes
reduzem a vazão de um rio independentemente da capacidade local de
escoamento;
Condicionantes locais: definem a capacidade de cada seção do rio de
transportar uma quantidade de água. A capacidade local de escoamento
depende da área, da seção, da largura, do perímetro e da rugosidade das
paredes. Quanto maior a capacidade de escoamento, menor o nível de água.
Para exemplificar este processo, pode-se usar uma analogia com o tráfego de
uma avenida. A capacidade de tráfego de automóveis de uma avenida, em uma
determinada velocidade, depende da sua largura e número de faixas. Quando o
número de automóveis é superior a sua capacidade, o tráfego torna-se lento e ocorre
congestionamento. Em um rio, à medida que chega um volume de água superior a
sua capacidade, o nível sobe e inunda as áreas ribeirinhas. Portanto, o sistema está
limitado, nesse caso, à capacidade local de transporte de água (ou de automóveis).
Considere, por exemplo, o caso de uma avenida que tem uma determinada
largura, com duas faixas em um sentido; no entanto, existe um trecho em que as
duas faixas se transformam em apenas uma. Há um trecho de transição, antes de
chegar na mudança de faixa, que obriga os condutores a reduzirem a velocidade dos
carros, criando um congestionamento - não pela capacidade da avenida naquele
ponto, mas pelo que ocorre no trecho posterior. Neste caso, a capacidade está
limitada pela transição de faixas (que ocorre a jusante) e não pela capacidade local
da avenida. Da mesma forma, em um rio, se existe uma ponte, aterro ou outra
obstrução, a vazão de montante é reduzida pelo represamento de jusante e não pela
sua capacidade local. Com a redução da vazão, ocorre aumento dos níveis,
provocando o efeito muitas vezes denominado de remanso.

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O trecho de transição, que sofre efeito de jusante depende de fatores que


variam com o nível, declividade do escoamento e capacidade do escoamento ao
longo de todo o trecho.
O escoamento pode acontecer de acordo com dois regimes: regime
permanente ou não-permanente. O escoamento permanente é utilizado para projeto,
geralmente com as vazões máximas previstas para um determinado sistema
hidráulico. O regime não-permanente permite conhecer os níveis e vazões ao longo
do rio e no tempo, representando a situação real. Geralmente uma obra hidráulica
que depende apenas da vazão máxima é dimensionada para condições de regime
permanente e verificada em regime não– permanente.
O escoamento numa canalização pode possuir pressão a superfície livre,
quando é igual à pressão da gravidade ou escoamento sob pressão, quando é
diferente da gravidade. Os escoamentos mencionados acima podem ser não-
permanentes e estar sob pressão quando a vazão atinge um valor superior a sua
capacidade. Num sistema de drenagem isto pode ocorrer em alguns trechos e outros
estarem à superfície livre.

2.2.1.4 Risco e incerteza

O risco de uma vazão ou precipitação é entendido neste manual como a


probabilidade (p) de ocorrência de um valor igual ou superior num ano qualquer. O
tempo de retorno (Tr) é o inverso da probabilidade p e representa o tempo, em
média, que este evento tem chance de se repetir.
1
Tr  (2.1)
p
Para exemplificar, considere um dado que tem seis faces (números 1 a 6).
Numa jogada qualquer, a probabilidade de sair o número 4 é p=1/6 (1 chance em seis
possibilidades). O tempo de retorno é, em média, o número de jogadas que o número

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desejado se repete. Nesse caso, usando a equação 2.1 acima fica T = 1/(1/6)=6.
Portanto, em média, o número 4 se repete a cada seis jogadas. Sabe-se que esse
número não ocorre exatamente a cada seis jogadas, mas se jogarmos milhares de
vezes e tirarmos a média, certamente isso ocorrerá. Sendo assim, o número 4 pode
ocorrer duas vezes seguidas e passar muitas sem ocorrer, mas na média se repetirá
em seis jogadas. Fazendo uma analogia, cada jogada do dado é um ano para as
enchentes. O tempo de retorno de 10 anos significa que, em média, a cheia pode se
repetir a cada 10 anos ou em cada ano esta enchente tem 10% de chance de
ocorrer.
O risco ou a probabilidade de ocorrência de uma precipitação ou vazão igual ou
superior num determinado período de n anos é:
Pn  1  (1  p)n (2.2)
Por exemplo, qual a chance da cheia de 10 anos ocorrer nos próximos 5 anos?
Ou seja, deseja-se conhecer qual a probabilidade de ocorrência para um período e
não apenas para um ano qualquer. Neste caso,
Pn  1  (1  1 / 10)5  0,41 ou 41%

A probabilidade ou o tempo de retorno é calculado com base na série histórica


observada no local. Para o cálculo da probabilidade, as séries devem ser
representativas e homogêneas no tempo. Quando a série é representativa, os dados
existentes permitem calcular corretamente a probabilidade.
A série é homogênea, quando as alterações na bacia hidrográfica não
produzem mudanças significativas no comportamento da mesma e, em
consequência, nas estatísticas das vazões do rio.
Em projeto de áreas urbanas, como haverá alterações na bacia, o risco
adotado se refere à ocorrência de uma determinada precipitação e não
necessariamente da vazão resultante, que é consequência da precipitação em
combinação com outros fatores da bacia hidrográfica. Desta forma, quando não for

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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referenciado de forma específica neste texto, o risco citado é sempre o da


precipitação envolvida.
O risco adotado para um projeto define a dimensão dos investimentos
envolvidos e a segurança quanto às enchentes. A análise adequada envolve um
estudo de avaliação econômica e social dos impactos das enchentes para a definição
dos riscos. No entanto, esta prática é inviável devido ao alto custo do próprio estudo,
principalmente para pequenas áreas.

2.3 Regulamentação

A regulamentação é estabelecida para controlar o impacto dos novos


empreendimentos e reformas, que venham solicitadas ao governo do Município.
Estas normas se baseiam no controle de vazão máxima, qualidade da água e erosão.
O Erro! Fonte de referência não encontrada. caracteriza a relação entre os
mpactos, objetivos, ação e a regulamentação possível.
Quadro 1 - Impactos e regulamentação sobre o escoamento pluvial (TUCCI & MELLER, 2007).

Efeito Impactos Objetivo Ação Regulamentação


Recarga do Diminuição do Manter os níveis Infiltração na Garantir a recarga
Aquífero lençol freático e anuais médios área média anual de
da vazão de base de recarga e a desenvolvida acordo com os
vazão de base. tipos de solo da
região
Qualidade da Aumento da Reduzir a 80% Tratar o volume O controle é
água carga de da carga da dos sólidos realizado para o
poluentes na qualidade da suspensos das volume da chuva
água pela água devido a superfícies de 1 a 2 anos e
lavagem das eventos pluviais urbanas1 24 horas ou um
superfícies volume
urbanizadas correspondente a
90% dos eventos
anuais.
Erosão e Erosão do leito Reduzir a Restringir a O controle é
assoreamento dos canais energia do vazão pré- realizado

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devido ao escoamento desenvolviment armazenando a


aumento da o e dissipar a chuva de 1 a 2
vazão e energia através anos de 24 horas.
velocidade de reservatórios
ou dissipadores

Quadro 2 - Critérios da regulamentação para controle da drenagem urbana adotados no Município.

Impactos Critério Medidas


Vazão máxima A vazão máxima específica Para controle com volume em área
para novas áreas inferior a 100 ha o volume deve ser
impermeáveis deve ser menor ou igual a V = 4,705.A.AI. A
menor ou igual a 24,4 área impermeável pode ser
l/(s.ha). compensada por dispositivos de
infiltração
Aumento da A velocidade após o novo Verificação da velocidade antes e
velocidade empreendimento para a rede depois do projeto quando entra na
a jusante deve ser menor ou rede pública.
igual à existente antes do
empreendimento.
Qualidade da água A carga de poluentes da O critério é de armazenar o
área urbanizada deve ser escoamento superficial correspondente
reduzida em 80% após a a chuva de 90% de duração dos
urbanização eventos anuais..

2.3.1.1 Vazão máxima

A vazão específica dos novos empreendimentos está limitada a 24,4 l/(s.ha),


para evitar o aumento da vazão devido à impermeabilização.
Volume para manter a vazão de pré-desenvolvimento
Para áreas menores ou iguais a 100 ha o reservatório é utilizado como
alternativa de controle, a formulação a ser usada é:
V
 4,705.AI (2.3)
A

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Onde V/A é o volume dividido pela área de contribuição em m3/ha; AI é a


proporção de área impermeável em %. Esta área pode ser reduzida pelo uso dos
dispositivos da Quadro 3.
Quadro 3 - Fatores da redução da área impermeável pelo uso de sistemas de infiltração.

Fator de redução
Dispositivo da área impermeável
(k)1 %
Pavimentos permeáveis 60
Desconexão das calhas de telhado para 40
superfícies permeáveis com drenagem
Desconexão das calhas de telhado para 80
superfícies permeáveis sem drenagem
Trincheiras de infiltração 80
1 – A área impermeável resultante Ai da área coberta com o dispositivo Ad, fica: Ai = (1-k/100)xAd.

2.3.1.2 Qualidade da água

A contaminação da água pluvial ocorre pela lavagem das superfícies e o


transporte de sólidos. Grande parte dos poluentes está agregada aos sedimentos.
Reduzindo os sedimentos é possível reduzir os poluentes pluviais.
A regulação sobre qualidade da água visa o tratamento da água pluvial para
evitar a poluição e os prejuízos à vida dos sistemas aquáticos. O objetivo é o
tratamento da qualidade considerando os diferentes tipos de poluentes observados
na água pluvial.
Grande parte da poluição que vem na água pluvial é recolhida na primeira parte
da chuva. Esta parcela da chuva varia desde 12,5 mm a 40 mm dependendo das
condições e frequência. Neste caso o importante é o número de eventos por ano e a
quantidade de volume em cada evento (parte inicial da chuva) encaminhado para
retenção. Retendo este volume no reservatório, os sedimentos e poluentes existentes

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

no volume se depositam e reduzem a carga existente na água para jusante. Portanto,


existem dois fatores relacionados com este problema: o volume de água retido,
relacionado com a chuva inicial, e o tempo que este volume deverá ficar na retenção.
Algumas metas devem ser traçadas para caracterizar o objetivo de retirada do
poluente das águas pluviais. A prática americana através da EPA identificou que
tratando uma parcela dos sólidos suspensos do escoamento pluvial o objetivo de
reduzir a carga em 80% do escoamento pluvial é atingido (USEPA, 1993). Esta meta
pode ser atingida retendo uma parcela da chuva inicial do maior número de eventos
do ano. Isto pode ser obtido retendo um valor específico de chuva (representativo do
maior número de eventos) ou um valor relacionado com um determinado risco.
A regulação adotada pela EPA estabelece que tratando o escoamento pluvial
gerado pela precipitação correspondente a 2 anos de tempo de retorno e duração de
24 horas esta meta é atingida. Outros autores mostraram que para tempos de retorno
menor que este a meta pode ser atingida (ROESNER, 1991; PITT, 1989).
Analisando as chuvas de O município, estimou-se que para 22,5 mm as
precipitações da cidade são menores ou iguais a este valor em 95% do tempo, para
os valores anuais, e 90%, para o período chuvoso.
O volume adicional para controle da qualidade da água é:
Vqa = 33,8 + 180.Ai (2.4)
Sendo Vqa (m3/ha) e Ai a área impermeável entre 0 e 1. Esta equação mostra
que mesmo com uma área impermeável nula é necessário um pequeno volume (33,8
m3/ha) para o escoamento superficial resultante do balanço da infiltração da área.
Para uma área totalmente impermeável o volume sobre para 213,8 m 3/ha.
Para esvaziar este volume em 24 horas a vazão de saída dos dispositivos para
este volume é estimada em:
Q = vqa.Ad/8,64 (2.5)
Onde Q é obtido em m3/s; Ad é a área de drenagem em ha.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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2.3.1.3 Erosão e sedimentos

Toda a bacia hidrográfica gera sedimentos devido ao efeito da energia da


chuva sobre o solo que produz os sedimentos e transporta pelo sistema de
drenagem. Outra parcela dos sedimentos pode ser gerada pela erosão das margens
dos rios. Quando a velocidade do escoamento é inferior a capacidade de transporte
os sedimentos se depositam nos condutos e canais obstruindo o escoamento.
Quando ocorre a ocupação de uma nova área a erosão do solo aumenta
quando:
 Os novos loteamentos são abertos e é retirada a cobertura do solo
permitindo maior erosão;

 Canteiros de obras tendem a aumentar a erosão falta de proteção das


superfícies e transporte de material usado na construção;

 Aumento da velocidade de novas construções criando condições de


erosão para jusante.

Parte dos sólidos é controlada pelo reservatório que controla a qualidade da


água, como o terceiro item acima, na medida em que é construída a jusante dos
empreendimentos, reduzindo o impacto para jusante. No caso dos dois primeiros
itens acima, é necessário desenvolver um manual para construção civil e normas de
construção para minimizar este impacto. Este manual faz parte dos produtos a serem
desenvolvidos nos programas no plano.

2.4 Concepção da drenagem

Os principais critérios de projeto em drenagem urbana envolvem o seguinte:


 Abrangência espacial e magnitude;

 Cenários de projeto;

21
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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 Princípios e estratégias de projeto da drenagem urbana;

 Critérios de projeto e funções dos elementos.

2.4.1.1 Abrangência espacial e magnitude

Na análise dos projetos de drenagem devem-se considerar os diferentes níveis,


que são:
 Na fonte: que envolvem projetos de empreendimentos individuais de áreas
limitadas;

 Microdrenagem: quando tratam do projeto de arruamento e drenagem que


integram mais de um projeto individualizado de uma área pequena;

 Macrodrenagem: que representa os projetos que integram as


microdrenagens num eixo maior de escoamento da cidade;

A dimensão de cada um destes elementos podem mesmo variar de uma região


para outra em função das especificidades.
A macrodrenagem é dimensionada considerando toda a sub-bacia urbana e
não trechos isolados. Isto é essencial para seja evitada a transferência de impacto. A
drenagem na fonte e na microdrenagem deve ser dimensionada considerando as
capacidades existentes na macrodrenagem, evitando aumentar a vazão. Os projetos
não podem ser vistos isoladamente e não podem transferir aumento de vazão ou
impacto da qualidade da água e erosão.

2.4.1.2 Cenários de projeto

Os cenários de projeto envolvem:


Ocupação atual e futura da bacia hidrográfica
Os projetos de drenagem devem considerar no seu cenário de análise a
ocupação futura da bacia hidrográfica prevista no Plano Diretor Urbano ou quando de

22
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

sua ocupação atual, considerando a situação mais desfavorável entre as duas


citadas. O município não possui um controle na fonte do aumento do escoamento. É
essencial que isto seja desenvolvido para que a vazão não aumente nos projetos de
microdrenagem impactando a macrodrenagem.
O risco de projeto
No Quadro 4 são apresentados os riscos recomendados para os projetos de
drenagem urbana. O projetista deve procurar definir o risco do projeto considerando o
seguinte:

 Escolher o limite superior do intervalo da tabela quando envolverem grandes


riscos de interrupção de tráfego, prejuízos materiais, potencial interferência em
obras de infraestrutura como subestações elétricas, abastecimento de água,
armazenamento de produtos danosos quando misturado com água e
hospitais;
 Quando existir risco de vida humana deve-se buscar definir um programa de
defesa civil e alerta além de utilizar o limite de 100 anos para o projeto.
Quadro 4 - Tempo de retorno para projetos de drenagem urbana.

Sistema Característica Intervalo Tr Valor frequente


(anos) (anos)
Microdrenagem Residencial 2–5 2
Comercial 2–5 5
Áreas de prédios 2–5 5
públicos
Aeroporto 5 – 10 5
Áreas comerciais e 5 – 10 10
Avenidas
Macrodrenagem 10 - 25 10
Zoneamento de 5 - 100 100*
áreas ribeirinhas

* limite da área de regulamentação

23
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.4.1.3 Vazão de projeto

O método racional foi escolhido como método para o cálculo da vazão máxima
de saída para um determinado risco relacionado com a chuva da área em estudo.
A vazão máxima é obtida pelo método Racional, por
Q = 0,278.C.I. A. (2.6)
Onde Q é obtido em m3/s, C é o coeficiente de escoamento, I é a intensidade
chuva em mm; e A é a área da bacia em km2.
A precipitação deve ser determinada para um tempo de retorno escolhido que
corresponde ao risco da chuva e a duração correspondente ao tempo de
concentração da bacia. Estes fatores são indicados abaixo.
Os parâmetros de projeto estabelecem os condicionantes de aplicação do
método de acordo o tamanho da bacia, precipitação, coeficiente de escoamento,
tempo de concentração
Tamanho da bacia: É recomendável o uso do método racional até 200 ha.
Para áreas maiores “deverão ser utilizados outros métodos, como o do hidrograma
unitário e de modelos de transformação de chuva em deflúvio”. O limite da área de
drenagem para o método racional depende de vários fatores como a distribuição
temporal e espacial da chuva e tempo de concentração da bacia.
Precipitação: A Intensidade x duração x frequência para o município é a
seguinte:
3187.T 0,147
I (2.7)
(t  23,9)0,963

Onde T é o tempo de retorno em anos, t é a duração em minutos e I é a


intensidade em mm/h.
Coeficiente de Escoamento: O coeficiente de escoamento utilizado no
método racional depende das seguintes características: solo; cobertura; tipo de
ocupação; tempo de retorno; intensidade da precipitação.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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O coeficiente de escoamento varia com a magnitude da precipitação, já que


representa a parcela da chuva que gera escoamento. Na medida em que a
precipitação aumenta o coeficiente de escoamento deve aumentar porque a
infiltração foi atendida. Geralmente o coeficiente de escoamento das tabelas é
aceitável para 2 a 5 anos, que são os riscos dos dados utilizados na sua
determinação. Os valores superiores da tabela correspondem aos tempos de retorno
maiores e os menores para o tempo de retorno menor.
Existem várias tabelas para a determinação do coeficiente de escoamento de
acordo com as superfícies urbanas. Estas alternativas são: Com base no
detalhamento das áreas; com base em valor médio por superfícies maiores.
(a) Detalhamento das áreas: Este coeficiente pode ser determinado para
pequenas áreas ou para bacias agregadas considerando o peso de cada área no
cálculo final do coeficiente médio de uma sub-bacia.

C=
A Ci i
(2.8)
A i

Onde o valor de Ci e Ai são de cada área i.


De forma geral o coeficiente de escoamento pode ser expresso por :
C = Cp + (Ci-Cp) Ai (2.9)
Onde Cp é o coeficiente de escoamento para áreas permeáveis e Ci é o
coeficiente de escoamento para área impermeável, geralmente adotado em 0,95 e Ai
a área impermeável.
Os valores de Cp podem ser estimados com base nos valores do Quadro 5.
Este coeficiente também pode ser estimado com base nas tabelas do SCS de acordo
com o descrito a seguir.
O valor de Cp representa o coeficiente de escoamento de uma superfície
permeável pode ser estimada com base na equação do SCS (SCS, 1975)

25
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

(P  0,2S)2 1
Cp  [ ]. (2.10)
P  0,8S P

Onde P é a precipitação total do evento em mm; S é o armazenamento, que


está relacionado com o parâmetro que caracteriza a superfície (CN) por
25400
S  254 (2.11)
CN

Quadro 5 - Valores de Cp

Cp
Fonte
Grama (solo arenoso) ASCE, 1969 0,05 a 0,20
Grama (solo pesado) ASCE, 1969 0,13 a 0,35
Matas, parques e campos de esporte (WILKEN, 1978) 0,05 – 0,20
Equação Schueller (USA, 44 bacias) 0,05
Equação Urbonas et al. (1990)(USA, 60 bacias) 0,04
Equação Tucci (Brasil, 11 bacias) 0,047
USANDO Soil Conservation Service 0,025 – 0,31
1 – Estes valores foram estimados para eventos frequentes o que indica que são válidos para
riscos de 2 a 5 anos. Para riscos maiores o valor de C aumenta.

O valor de CN depende do tipo de solo e características da superfície. A


precipitação total do evento para o método racional é:

P = I. tc (2.12)

Onde I é a intensidade em mm/h e tc o tempo de concentração em horas.


(b) Valor médio de superfícies maiores: Estes valores são apresentados no
Quadro 6.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Quadro 6 - Valores recomendados do coeficiente de escoamento (adaptado de ASCE, 1969 e WILKEN, 1978).

Descrição da área C
Área Comercial/Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas, em cidade com ruas e 0,70 - 0,95
calçadas pavimentadas
Área Comercial/Edificação não muito densa:
Partes adjacentes ao centro, de menor densidade de habitações, mas 0,60 - 0,70
com ruas e calçadas pavimentadas
Área Residencial:
Residências isoladas; com muita superfície livre 0,35 - 0,50
Unidades múltiplas (separadas); partes residenciais com ruas 0,50 - 0,60
macadamizadas ou pavimentadas
Unidades múltiplas (conjugadas) 0,60 - 0,75
Lotes com > 2.000 m2 0,30 - 0,45
Áreas com apartamentos 0,50 - 0,70
Área industrial:
Indústrias leves 0,50 - 0,80
Indústrias pesadas 0,60 - 0,90
Outros:
Matas, parques e campos de esporte, partes rurais, áreas verdes, 0,05 – 0,20
superfícies arborizadas e parques ajardinados
Parques, cemitérios; subúrbio com pequena densidade de construção 0,10 - 0,25
Playgrounds 0,20 - 0,35
Pátios ferroviários 0,20 - 0,40
Áreas sem melhoramentos 0,10 - 0,30

Recomendamos que fique a critério do projetista a escolha e a definição do


coeficiente de escoamento, mas que considere a ponderação das áreas de acordo
com a equação 2.8. O fator de correção do coeficiente de escoamento de acordo com
o tempo de retorno pode ser obtido de acordo com o Quadro 7.
Quadro 7 - Coeficiente multiplicador do coeficiente de escoamento de acordo com o tempo de retorno
(WRIGHT-MACLAUGHIN, 1969).

Tempo de retorno (anos) Multiplicador


2 a 10 1,0
25 1,1
50 1,2
100 1,25

27
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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.5 Projeto de Drenagem Urbana

Um projeto de drenagem urbana deve possuir os seguintes componentes


principais.
1. Projeto arquitetônico, paisagístico e viário da área: envolve o
planejamento da ocupação da área em estudo.
2. Definição das alternativas de drenagem e das medidas de controle:
devem ser realizadas para manutenção das condições anteriores ao
desenvolvimento, com relação à vazão máxima de saída do empreendimento. As
alternativas propostas podem ser realizadas em conjunto com a atividade anterior,
buscando compatibilizar com os condicionantes de ocupação;
3. Determinação das variáveis de projeto para as alternativas de
drenagem em cada cenário: os cenários analisados devem ser a situação anterior
ao desenvolvimento e após a implantação do projeto. O projeto dentro destes
cenários varia com a magnitude da área e do tipo de sistema (fonte, micro ou
macrodrenagem). As variáveis de projeto são a vazão máxima ou hidrograma dos
dois cenários, as características básicas dos dispositivos de controle e a carga de
qualidade da água resultante do projeto.
4. Projeto da alternativa escolhida: envolve o detalhamento das medidas de
controle no empreendimento, inclusive a definição das áreas impermeáveis máximas
projetadas para cada lote, quando o projeto for de parcelamento do solo.

2.5.1.1 Alternativas de controle para a rede de drenagem pluvial

As medidas de controle para as redes de drenagem urbana devem possuir dois


objetivos básicos: controle do aumento da vazão máxima e melhoria das
condições ambientais.

28
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

As medidas de controle do escoamento podem ser classificadas, de acordo


com sua ação na bacia hidrográfica, em:
 Distribuída ou na fonte: é o tipo de controle que atua sobre o lote, praças e
passeios;

 Na microdrenagem: é o controle que age sobre o hidrograma resultante de um


parcelamento ou mesmo mais de um parcelamento, em função da área;

Projeto arquitetônico, viário e


paisagismo da área do projeto

Definição das alternativas de drenagem


e seu controle

Determinação das variáveis: vazão e


cargas resultantes dos cenários de pré-
desenvolvimento e após o
desenvolvimento

Sim
Altera o projeto?

Não

Dimensionamento dos
dispositivos
Figura 3 - Sequência para desenvolvimento do projeto.

 Na macrodrenagem: é o controle sobre áreas acima de 2km 2 ou dos principais


riachos urbanos.

As principais medidas de controle são:

29
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Aumento da infiltração através de dispositivos como pavimentos permeáveis, valo


de infiltração, plano de infiltração, entre outros. Estas medidas contribuem para a
melhoria ambiental, reduzindo o escoamento superficial das áreas impermeáveis.
Este tipo de medida é aplicado somente na fonte.

 Armazenamento: o armazenamento amortece o escoamento, reduzindo a


vazão de pico. O reservatório urbano pode ser construído na escala de lote,
microdrenagem e macrodrenagem. Os reservatórios de lotes são usados quando
não é possível controlar na escala de micro ou macrodrenagem, já que as áreas já
estão loteadas. Os reservatórios de micro e macrodrenagem podem ser de
detenção, quando é mantido a seco e controla apenas o volume. O reservatório é
de retenção quando é mantido com lâmina de água e controla também a
qualidade da água, mas exige maior volume. Os reservatórios de detenção
também contribuem para a melhoria da qualidade da água, se parte do volume
(primeira parte do hidrograma) for mantida pelo menos 24 horas na detenção.;

 Aumento da capacidade de escoamento: mudando variáveis como área,


rugosidade da seção do escoamento e a declividade, é possível aumentar a vazão
e reduzir o nível. Esta solução, muito utilizada, apenas transfere para jusante o
aumento da vazão, exigindo aumento da capacidade ao longo todo o sistema de
drenagem, aumentando exponencialmente o custo.

2.6 MEDIDAS SUSTENTÁVEIS NA FONTE

2.7 Critérios

O dimensionamento da drenagem proveniente de um lote, condomínio ou outro


empreendimento individualizado, estacionamento, parques e passeios são

30
Volume III
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Agosto/2011

denominados aqui de drenagem na fonte. Para as áreas menores que 100 ha, o
dimensionamento pode ser realizado com equações gerais para o município (que já
embutem a precipitação e os limites de vazão). Para áreas maiores é necessário um
estudo hidrológico específico.
No item seguinte são apresentados os elementos técnicos e os procedimentos
para dimensionamento, considerando desenvolvimentos com área menor ou igual a
100 ha. Também são descritos os dispositivos que podem ser utilizados associados
com este controle. No capítulo seguinte são descritos os métodos utilizados para o
controle das áreas maiores que 100 ha.

2.8 Dimensionamento da drenagem pluvial na fonte

Para evitar impactos devido a urbanização, conforme condição de pré


urbanização, temos que:
A vazão de saída do novo empreendimento deve ser mantida igual ou menor
que a vazão de pré-desenvolvimento;
1. A vazão de pré-desenvolvimento foi determinada para o Município é de
24,4 l/(s.ha);

2. Para manter a vazão de pré-desenvolvimento existem várias alternativas.


A norma estabelece que (veja fluxograma na Figura 4):

3.a Para uso de reservatórios e área de drenagem menor ou igual a 100


ha o cálculo é realizado por:
V = 4,705 A. AI (4.1)
Onde: V: volume em m3; A: área drenada para jusante do
empreendimento (ha); AI: área impermeável que drena a precipitação para os
condutos pluviais (% da área total A).

31
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

As normas permitem a redução do volume se houverem medidas dentro


do empreendimento tais como: áreas de infiltração; pavimentos permeáveis e
trincheiras de infiltração.
3.b Para projetos com áreas maiores que 100 ha é solicitado um estudo
hidrológico específico;
3. Para a verificação da possibilidade de uso de dispositivos de infiltração
utilize os critérios apresentados no Quadro 9;

4. O dimensionamento dos dispositivos selecionados (reservatórios e/ou


aumento da infiltração) é realizado com base nos elementos apresentados
no item a seguir.
Quadro 8 - Percentagem de reduções da área impermeável permitida.

Tipo de medida Redução da área


impermeável em
%
Drenagem de 100% de superfície impermeável para uma área 40
de infiltração com drenagem
Drenagem de 100% de superfície impermeável para uma área 80
de infiltração sem drenagem
Drenagem de 100% da superfície impermeável para pavimento 80
permeável
Drenagem de 100% da superfície impermeável para trincheira 80
de infiltração

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Volume III
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Agosto/2011

Figura 4 - Fluxograma das atividades do projeto.

33
Volume II
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Agosto/2011


Quadro 9 - Dispositivos de infiltração e percolação.
Dispositivo Características Vantagens Desvantagens Condicionantes físicos para a
utilização da estrutura
Planos e Gramados, áreas Permite infiltração de Para planos com declividade > Profundidade do lençol freático no
Valos de com seixos ou parte da água para o 0,1% a quantidade de água período chuvoso maior que 1,20 m. A
Infiltração outro material subsolo. O decreto infiltrada é pequena e não pode ser camada impermeável deve estar a mais
com que permita a permite reduzir a área utilizado para reduzir a área de 1,20 m de profundidade. A taxa de
drenagem infiltração natural impermeável do impermeável; o transporte de infiltração do solo quando saturado não
escoamento que drena material sólido para a área de deve ser menor que 7,60 mm/h.
para o plano em 40% infiltração pode reduzir sua
capacidade de infiltração
Planos e Gramados, áreas Permite infiltração da O acúmulo de água no plano Profundidade do lençol freático no
Valos de com seixos ou água para o sub-solo. durante o período chuvoso não período chuvoso maior que 1,20 m. A
Infiltração outro material O decreto permite permite trânsito sobre a área. camada impermeável deve estar a mais
sem que permita a reduzir a área Planos com declividade que de 1,20 m de profundidade. A taxa de
drenagem infiltração natural impermeável do permita escoamento para fora do infiltração do solo quando saturado não
escoamento que drena mesmo. deve ser menor que 7,60 mm/h.
para o plano em 80%
Pavimentos Superfícies Permite infiltração da Não deve ser utilizado para ruas Profundidade do lençol freático no
permeáveis construídas de água. O decreto com tráfego intenso e/ou de carga período chuvoso maior que 1,20 m. A
concreto, asfalto permite reduzir a área pesada, pois a sua eficiência pode camada impermeável deve estar a mais
ou concreto impermeável do diminuir. de 1,20 m de profundidade. A taxa de
vazado com alta escoamento que drena infiltração do solo quando saturado não
capacidade de para o plano em 80% deve ser menor que 7,60 mm/h.
infiltração
Poços de Volume gerado Redução do Pode reduzir a eficiência ao longo Profundidade do lençol freático no
Infiltração, no interior do solo escoamento superficial do tempo dependendo da período chuvoso maior que 1,20 m. A
trincheiras que permite e amortecimento em quantidade de material sólido que camada impermeável deve estar a mais
de armazenar a função do drena para a área. de 1,20 m de profundidade. A taxa de
infiltração e água e infiltrar armazenamento infiltração do solo quando saturado não
bacias de deve ser menor que 7,60 mm/h. Para o

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Volume II
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Agosto/2011


Dispositivo Características Vantagens Desvantagens Condicionantes físicos para a
utilização da estrutura
percolação caso de bacias de percolação a
condutividade hidráulica saturada não
deve ser menor que 2.10-5 m/s.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.9 Tipos de dispositivos de redução do escoamento superficial

O controle na fonte pode usar diferentes dispositivos que


mantenham a vazão de saída do lote ou loteamento a valor igual ou
menor que a vazão de pré-desenvolvimento. Os dispositivos que podem
ser utilizados são os que:

 Aumentam a área de infiltração através de: valos, poços e


bacias de infiltração, trincheiras de infiltração ou bacias de
percolação, pavimentos permeáveis e mantas de infiltração.
O benefício do uso desta medida é de recuperar a recarga e
para o proprietário a redução da taxa de drenagem;
 Armazenam temporariamente a água em reservatórios
locais.

2.10 Infiltração e percolação

2.10.1.1 Critérios para escolha das estruturas de infiltração ou


percolação

No projeto da urbanização de uma área, a preservação da


infiltração da precipitação permite manter condições mais próximas
possíveis das condições naturais.
Os dispositivos usuais de infiltração são: pavimentos permeáveis,
mantas ou planos de infiltração, valos de infiltração, bacias de infiltração,
poços de infiltração. Os dispositivos de percolação são: bacias de
percolação ou trincheiras.
As vantagens e desvantagens dos dispositivos que permitem maior
infiltração e percolação são as seguintes (URBONAS & STAHRE, 1993):

 Redução das vazões máximas à jusante;

36
Volume III
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Agosto/2011

 Redução do tamanho dos condutos;


 Aumento da recarga do aquífero;
 Preservação da vegetação natural;
 Redução da poluição transportada para os rios;
 Impermeabilização do solo de algumas áreas pela falta de
manutenção;
 Aumento do nível do lençol freático, atingindo construções
em subsolo.

Os dispositivos de infiltração e percolação são apresentados na


tabela 2.9 com as suas características principais descritas a seguir.
Infiltração direta: Segundo Urbonas & Stahre (1993), sob as
seguintes condições, a disposição de águas pluviais por infiltração não é
recomendada:

 Profundidade do lençol freático no período chuvoso menor


que 1,20 m, abaixo da superfície infiltrante;
 Camada impermeável a 1,20 m ou menos da superfície
infiltrante;
 A superfície infiltrante está preenchida (ao menos que este
preenchimento seja de areia ou cascalho limpos);
 Os solos superficiais e subsuperficiais são classificados,
segundo o SCS, como pertencentes ao grupo hidrológico D,
ou a taxa de infiltração saturada é menor que 7,60 mm/h,
como relatado pelas pesquisas de solo do SCS;

Percolação: Urbonas & Stahre (1993) identificam as seguintes


condições nas quais não podem ser utilizadas as trincheiras de infiltração
e percolação:

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Volume III
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Agosto/2011

 Profundidade do lençol freático no período chuvoso menor


que 1,20 m, abaixo do fundo do leito de percolação;
 Camada impermeável a 1,20 m ou menos do fundo do leito
de percolação;
 O leito de percolação está preenchido (ao menos que este
preenchimento seja de areia ou cascalho limpos);
 Os solos superficiais e subsuperficiais são classificados,
segundo o SCS, como pertencentes aos grupos hidrológicos
C ou D, ou a condutividade hidráulica saturada dos solos é
menor que 2.10-5 m/s.

2.10.1.2 Parâmetros para o dimensionamento das estruturas de


infiltração ou percolação

Caso o dispositivo é escolhido, a fase seguinte é o seu


dimensionamento. Os parâmetros de dimensionamento são: a taxa de
infiltração, a condutividade hidráulica saturada e a porosidade efetiva
(razão entre o volume de água que pode ser drenada do solo saturado
por ação da gravidade somente e o volume total). É difícil generalizar os
valores, principalmente os de condutividade hidráulica, por isso
recomendam-se testes de campo, utilizando os menores valores medidos
para o projeto.
Para a instalação de estruturas em áreas menores a 1000 m 2,
podem ser utilizados os valores de taxas de infiltração, de acordo com a
classificação do Soil Conservation Service utilizadas estão no Quadro 10.
Para áreas superiores a esta, deve ser realizado um teste de infiltração
no local. Para fins de dimensionamento de estruturas de infiltração ou
percolação, deve-se utilizar a taxa de infiltração correspondente ao valor
de Ib, que corresponde ao estado em que o solo atingiu a saturação.

38
Volume III
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Quadro 10 - - Alguns valores típicos de taxas de infiltração (FISCHER et al., 1976).

Tipo de solo Taxa de infiltração (mm/h)


Io Ib
A 254,0 25,4
B 203,2 12,7
C 127,0 6,35
D 76,2 2,54

Io é a taxa de infiltração de solo seco e Ib é a taxa de infiltração de solo


saturado.

Segundo a classificação do SCS (SCS, 1957) os tipos de solo são


classificados da seguinte forma:
Solo A: solos que produzem baixo escoamento superficial e alta
infiltração. Solos arenosos profundos com pouco silte e argila;
Solo B: solos menos permeáveis do que o anterior, solos arenosos
menos profundos do que o tipo A e com permeabilidade superior à
média;
Solo C: solos que geram escoamento superficial acima da média e
com capacidade de infiltração abaixo da média, contendo porcentagem
considerável de argila e pouco profundo.
Solo D: solos contendo argilas expansivas e pouco profundos com
muito baixa capacidade de infiltração, gerando a maior proporção de
escoamento superficial.
O Quadro 11 contém valores típicos de condutividade hidráulica,
enquanto que o Quadro 12 contém valores de porosidade efetiva. Os
tipos de solo podem ser vistos na Figura 5.Erro! Fonte de referência
não encontrada. (CAPUTO, 1969).

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Volume III
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Agosto/2011

Quadro 11 - Condutividade hidráulica saturada em diversos tipos de solo (URBONAS &


STAHRE, 1993).

Condutividade hidráulica
Tipo de solo (m/s)
Cascalho 10-3 – 10-1
Areia 10-5 – 10-2
Silte 10-9 – 10-5
Argila < 10-9
(saturada)
Solo cultivado 10-10 a 10-6

Quadro 12 - Porosidade efetiva para materiais típicos (URBONAS & STAHRE, 1993).

Porosidade efetiva
Material (%)
Rocha dinamitada – Brita grossa 30
Cascalho de granulometria uniforme 40
Brita graduado ( ¼ polegadas) 30
Areia 25
Cascalho de jazida – Seixo rolado 15 – 25

40
Volume III
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Agosto/2011

Figura 5 -. Classificação trilinear dos solos (CAPUTO, 1969).

Araujo et al. (2000) utilizaram brita 3 de granito (comercial) nos


seus estudos em pavimentos permeáveis e obtiveram valores de
porosidade efetiva da ordem de 40 a 50%.
O dimensionamento dos dispositivos de infiltração e percolação faz
uso da “curva envelope” de influxo de escoamento (URBONAS &
STAHRE, 1993). A máxima diferença entre esta curva e o fluxo de saída
acumulado, como mostra a Figura 6, representa o volume a armazenar.
Pode-se, em vez do máximo volume, utilizar-se da máxima profundidade
(CIRIA, 1996). Neste manual estão demonstradas as duas maneiras.
Duas regiões distintas podem ser observadas Figura 6, Para
durações menores que tb, não há infiltração total do escoamento
superficial. Para durações maiores que tb, a capacidade de infiltração
supera o volume afluente de escoamento superficial e a água
armazenada infiltra no solo.

41
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

CIRIA (1996) utiliza no dimensionamento um coeficiente de


infiltração q, obtido a partir de testes de percolação e que está
relacionado com a permeabilidade do solo. Valores típicos do coeficiente
de infiltração estão no Quadro 13
O coeficiente de infiltração ainda é reduzido por fatores de
segurança para levar em conta a diminuição da capacidade de infiltração
durante a vida do dispositivo. Alguns valores são encontrados no Quadro
14 (CIRIA, 1996):
Os principais dispositivos para criar maior infiltração são discutidos
a seguir, bem como critérios de projeto.
Volumes de entrada e saída

Excede a capacidade de infiltração


Escoamento superficial
Infiltração

Máx. armazenado
Infiltrado
ta Duração tb tc

Figura 6 - Curva envelope (Adaptado de URBONAS & STAHRE, 1993).

Quadro 13 - Alguns valores típicos de coeficientes de infiltração, baseados na textura do solo


(WATKINS apud CIRIA, 1996).

Coeficiente de
Tipo de solo infiltração (mm/h)
Cascalho 10 – 1000
Areia 0,1 – 100
Areno franco 0,01 – 1
Franco arenoso 0,05 –0,5
Franco 0,001 – 0,1
Franco siltoso 0,0005 – 0,05

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Características Calcárias 0,001 - 100


Ponto divisor para a maioria dos sistemas de 0,001
infiltração
Franco argilo arenoso 0,001 – 0,01
Franco argilo siltoso 0,00005 – 0,005
Argila < 0,0001
Rocha 0,00001 – 0,1

Quadro 14 - Fatores de segurança para o coeficiente de infiltração (CIRIA, 1996).

Área Consequências da falha do dispositivo de infiltração


drenada Nenhum Inconveniência Danos à construção
m2 dano menor ou estrutura
< 100 1,50 2 10
100 a 1,50 3 10
1000
> 1000 1,50 5 10

2.10.1.3 Pavimentos permeáveis e mantas de infiltração

Pavimentos
Os pavimentos permeáveis são basicamente os seguintes (Figura
7): asfalto poroso; concreto poroso; pavimento de blocos de concreto
vazado preenchido com material granular, como areia ou vegetação
rasteira, como grama.
A camada superior dos pavimentos porosos (asfalto ou concreto) é
construída de forma similar aos pavimentos convencionais, mas com a
retirada da fração da areia fina da mistura dos agregados do pavimento.
Segundo Schueller (1987), os pavimentos permeáveis são compostos
por duas camadas de agregados (uma agregado fino ou médio e outra
de agregado graúdo) mais a camada do pavimento permeável
propriamente dito.
O princípio de funcionamento da estrutura é de fazer com que o
escoamento infiltre rapidamente na capa ou revestimento poroso
(espessura de 5 a 10 cm), passe por um filtro de agregado de 1,25 cm de

43
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

diâmetro e espessura de aproximadamente 2,5 cm e vá para uma


câmara ou reservatório de pedras mais profundo com agregados de 3,8 a
7,6 cm de diâmetro.
A capa de revestimento permeável somente age como um conduto
rápido para o escoamento chegar ao reservatório de pedras. Assim, a
capacidade de armazenamento dos pavimentos porosos é determinada
pela profundidade do reservatório de pedras subterrâneo (mais o
escoamento perdido por infiltração para o subsolo).
No caso de blocos de concreto vazados, eles devem ser
assentados acima de uma camada de base granular (areia), sob a qual
devem ser colocados filtros geotêxteis para prevenir a migração da areia
fina para a camada granular.
O pavimento permeável poderá ser utilizado como um poço de
detenção, utilizando para isso uma membrana impermeável entre o
reservatório e solo existente. O sistema deverá prever o esgotamento do
volume num período de 6 a 12 horas. A metodologia para
dimensionamento dos pavimentos permeáveis é a mesma utilizada para
o dimensionamento de sistemas de infiltração em planos, e está
apresentada ao final deste item.

44
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

(a) - pavimento poroso e celular poroso (URBONAS & STAHRE, 1993)

(b) - pavimento permeável (HOGLAND & NIEMCZYNOWICZ,


1986)
Figura 7 - Seções transversais de pavimentos permeáveis.

A utilização dos pavimentos permeáveis, em um contexto geral,


pode proporcionar uma redução dos volumes escoados e do tempo de
resposta da bacia para condições similares às condições de pré-
desenvolvimento. Em alguns casos, dependendo das características do
subsolo, o resultado obtido com a utilização deste tipo de estrutura pode
levar à condições melhores que as pré-desenvolvimento. Para atingir
este grau de eficiência, no entanto, a estrutura deve ser utilizada
racionalmente, respeitando seus limites físicos, e há necessidade de
manutenção preventiva (de preferência trimestralmente), evitando assim
o seu entupimento.
Os principais problemas que estes tipos de dispositivos podem
apresentar são:

 Quando a água drenada é fortemente contaminada, haverá


impacto sobre o lençol freático e o escoamento subterrâneo;
 Falta de controle na construção e manutenção que podem
entupir os dispositivos tornando-os ineficientes.

45
Volume III
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Agosto/2011

Estimativa dos parâmetros: Para a estimativa da taxa de


infiltração, deve-se realizar uma sondagem a uma profundidade de 0,6 a
1,2 m abaixo do nível inferior do reservatório de pedras a fim de verificar
o tipo de solo existente (já que tipos de solos com um percentual superior
a 30% de argila ou 40% de silte e argila combinados não são bons
candidatos para este tipo de dispositivo).
Para determinar a profundidade do reservatório de pedras, é
necessário selecionar o tipo de material a ser utilizado no mesmo.
Schueller (1987) recomenda o uso de brita 3 ou 4 no reservatório de
pedras, conforme o Quadro 15, onde é apresentada uma classificação de
acordo com as dimensões nominais do material, sendo diâmetro mínimo
e abertura da peneira, a qual corresponde uma porcentagem retida igual
ou imediatamente superior a 95%.
Quadro 15 - Classificação nominal da brita (ARAÚJO et al., 2000).

Material Peneira Malha (mm)


brita 0 9,5 4,8
brita 1 19,0 9,5
brita 2 25,0 19,0
brita 3 50,0 25,0
brita 4 76,0 50,0
brita 5 100,0 76,0

Para uma brita 3 (comercial), verificou-se valores de porosidade da


ordem de 40 a 50% (ARAÚJO et al., 2000). Desta forma com os valores
de porosidade e volume de água a reter pode-se estimar a profundidade
do reservatório de pedras. Aconselha-se, por questões práticas, utilizar
profundidade mínima do reservatório de pedras de 15 cm.
Blocos Vazados: O módulo de blocos vazados geralmente é
construído para que a superfície pronta fique no mesmo nível da
superfície adjacente e os blocos fiquem confinados lateralmente. O solo,
na base da abertura, não deve ser compactado para evitar uma redução

46
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

na capacidade de infiltração do terreno. Na base é colocado um filtro


geotêxtil, com a finalidade de separar o agregado graúdo do solo, e
assim evitar a migração do solo para o reservatório de pedras, quando
este estiver na condição de enchimento. O reservatório de pedras é
preenchido com brita 3 de granito até o topo, perfazendo uma espessura
final de agregado igual a 15cm. Após a compactação do agregado,
novamente é colocado um tecido geotêxtil sobre a camada de agregado
com a finalidade de prevenir a migração da areia média da camada
superior para dentro do reservatório de pedras. Uma camada de 10 cm
de areia média é colocada sobre o anterior. Por fim, os blocos vazados
são assentados sobre a areia e as juntas e os orifícios dos blocos de
concreto são preenchidos com areia e grama.
Concreto poroso: O concreto sem finos deve ser pouco
adensável e a vibração só pode ser aplicada por períodos muito curtos,
caso contrário a pasta de cimento poderá escorrer para o fundo.
Também não se recomenda o adensamento com soquetes, pois podem
resultar massas específicas localizadas elevadas. Para o concreto sem
finos não existem ensaios de trabalhabilidade de concretos; somente é
possível avaliar visualmente se a camada de revestimento das partículas
é adequada. Os concretos sem finos têm baixo valor de coesão; por isso
as formas devem ser mantidas até que se tenha desenvolvido uma
resistência suficiente. A cura úmida é importante, especialmente em
climas secos e com ocorrência de vento devido às pequenas espessuras
da pasta de cimento (NEVILLE, 1982). As características do concreto são
apresentadas no Quadro 16. A construção das estruturas, utilizando
concreto poroso é semelhante à dos blocos vazados, sendo que a única
diferença está no revestimento superficial, que deve ser de concreto
poroso com espessura de 15 cm.
Tabela 1 -

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Quadro 16 - Característica dos concretos sem finos para agregado de 9,5 a 19 mm.
(MCINTOSH, BOTTON & MUIR, 1956 apud NEVILLE, 1982).

Relação Relação Massa Resistência a


Cimento/agrega Água/cimento Específic Compressão 28 dias -
do (em volume) (em massa) a (Kg/m3) MPa
1:6 0,38 2020 14
1:7 0,40 1970 12
1:8 0,41 1940 10
1:10 0,45 1870 7

No Quadro 17 são apresentados valores de coeficientes de


escoamento obtidos para diferentes superfícies urbanas.
Quadro 17 - Experimentos em superfícies urbanas (GENZ, 1994).

Superfície Declividade Coeficiente Taxa final de Precipitação


(%) de infiltração simulada
Escoament (mm/h) (mm/h)
o
Gramado 1a9 0,54 a 0,68 19 a 23 110 a 142
Chão batido 1,3 0,92 a 0,95 110 a 120
Paralelepípedo 2 a 11 0,88 a 0,95 103 a 128
antigo
Paralelepípedo 4 0,58 a 0,63 18 a 23 114 a 124
novo
Blockets* 2 0,83 a 0,85 10 a 14 116 a 127
*blocos intertravados de concreto.

O uso de pavimentos permeáveis pode eliminar a necessidade de


caixas de captação e tubos de condução da água, pois o dispositivo
praticamente não gera escoamento.
Quadro 18 - Resultados das simulações de chuva nas superfícies (ARAÚJO et al., 2000).

Variáveis* Solo Concret Bloco de Paralelepíped Bloco


Compactad o Concreto o Vazad
o o
I (mm/h) 112 110 116 110 110
P (mm) 18,66 18,33 19,33 18,33 18,33

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Q (mm) 12,32 17,45 15,00 10,99 0,5


C 0,66 0,95 0,78 0,60 0,03
*I =intensidade da precipitação; P = precipitação total mm; Q = escoamento total; C =
coeficiente de escoamento

2.10.1.4 Bacias e valos de infiltração

Trata-se de uma área de solo circundada por uma margem ou


contenção que retém as águas pluviais até que estas infiltrem através da
base e dos lados (Figura 8). Em geral são escavadas, mas podem ser
aproveitadas pequenas encostas já existentes no terreno.
Podem ser utilizadas para, parcialmente, atenuarem picos de
cheias juntamente com a função principal de estimular a infiltração.
Quando o solo permite bastante infiltração, pode ocorrer uma subida não
desejada e não prevista do lençol freático, causando falha do dispositivo,
pois ocorre uma diminuição da capacidade de infiltração. O projetista
deve tentar estimar esta subida do nível de água subterrâneo quando a
área da superfície infiltrante for menor que 50% da área impermeável
tributária. Estes dispositivos apresentam uma tendência a perderem
rapidamente a sua capacidade de infiltração (URBONAS & STAHRE,
1993). O método de dimensionamento é o tridimensional de CIRIA
(1996), apresentado a seguir.

Valos de infiltração
Estes são dispositivos de drenagem lateral, muitas vezes utilizado
paralelos às ruas, estradas, estacionamentos e conjuntos habitacionais,
entre outros. Esses valos concentram o fluxo das áreas adjacentes e
criam condições para uma infiltração ao longo do seu comprimento, de
forma que eles também podem agir como canais, armazenando e
transportando água para outros dispositivos de drenagem.

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Esse dispositivo funciona, na realidade, como um reservatório de


detenção, à medida que a drenagem que escoa para o valo é superior à
capacidade de infiltração. Nos períodos com pouca precipitação ou de
estiagem, ele é mantido seco. Permite também a redução da quantidade
de poluição transportada para jusante. Na Figura 10, é apresentada uma
vista geral, mostrando sua aplicação. Na Figura 11, pode-se ver um caso
especial, aonde o valo vem acompanhado de um dispositivo de
infiltração. Também são apresentados elementos para construção desse
tipo de valo.
Para facilitar ainda mais a infiltração, podem ser instaladas
pequenas contenções ao longo do comprimento ( Figura 12),
transversalmente ao sentido do escoamento. Urbonas e Stahre (1993)
recomendam isto quando a declividade for maior ou igual a 2%. Neste
caso, o funcionamento dos valos se assemelha ao das bacias de
infiltração.
O método de dimensionamento é o tridimensional, de CIRIA
(1996), apresentado a seguir, para o valo de infiltração. O método serve
somente para o caso de não haver escoamento, ou seja, o valo não
funcionar como canal. No caso de valos de infiltração com escoamento
livre, é apresentado outro método de dimensionamento (URBONAS &
STAHRE, 1993).

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Figura 8 - Caracterização da bacia de infiltração.

Figura 9 - Valo de infiltração (CIRIA, 1996).

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Figura 10 - Vista do valo de infiltração (URBONAS & STAHRE, 1993).

Figura 11 - Detalhe construtivo do valo com dispositivo de percolação (URBONAS & STAHRE,
1993).

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Figura 12 - Detalhe de um valo de infiltração com uma contenção (URBONAS & STAHRE,
1993).
Poços de infiltração
Consiste de uma escavação em forma cilíndrica ou retangular com
uma estrutura ou preenchimento de pedras para manter a forma da
escavação. Em locais maiores, vários poços podem ser conectados.
Quando da ocorrência de um evento, parte da água fica armazenada,
enquanto parte infiltra na base e nas laterais (CIRIA, 1996). Podem ser
construídos de anéis de concreto perfurado, pré-moldados, etc.
Na Figura 13, há um exemplo em formato cilíndrico. Na Figura 14,
há outra opção, em forma de trincheira, sendo semelhante a uma
trincheira de infiltração.
Os dispositivos para retenção de sedimentos na entrada do
dispositivo devem ser limpos regularmente, com frequência maior
quando a área for grande ou com muita presença de material que possa
causar obstrução.
A metodologia de dimensionamento foi apresentada anteriormente
para estruturas tridimensionais.

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Figura 13 - Poço de infiltração (CIRIA, 1996).

Figura 14 - Poço de infiltração em forma de trincheira (CIRIA, 1996).


Dimensionamento
O método de dimensionamento recomendado é o de CIRIA (1996),
para sistemas de infiltração tridimensionais, válido também para valos e
poços de infiltração. Esta metodologia adota o procedimento abaixo, o
qual será adaptado em um modelo de procedimento de projeto. Os
dados requeridos são os seguintes: q, coeficiente de infiltração (m/h); A,
área a ser drenada (m2);  é a porosidade efetiva do material de

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preenchimento (volume de vazios/volume total); I, intensidade da chuva


em (m/h); d a duração (h) e Ab, área base do sistema de infiltração (m 2).
Pode-se então dimensionar a profundidade máxima do dispositivo (h max),
da seguinte maneira:
1. Corrigir o coeficiente de infiltração q, dividindo o valor achado
nos testes de campo pelo fator de segurança apropriado;
2. Achar a porosidade efetiva do material de preenchimento
granular, ou estimá-lo da tabela 6.6. Se a estrutura é aberta, como ocorre
com as bacias e os valos de infiltração,  = 1. Caso a estrutura seja um
poço de infiltração em formato cilíndrico, perfurado e instalado em um
plano de escavação (retangular ou circular), com o espaço entre o anel e
o solo sendo preenchido com pedra limpa, a porosidade efetiva tem que
ser calculada por:
  r / 2    W  L    r / 2 
 
'/
(4.6)
W L
Onde: r’: raio das seções dos anéis; W: largura de escavação e;L:
comprimento de escavação.
3.1 Fornecer a área a ser drenada (A) e a área da superfície de
infiltração (Ab);
3.2 Escolha o tipo e a forma do sistema de infiltração, isto é, se a
estrutura será um poço de infiltração cilíndrico ou retangular, trincheira de
infiltração, valo ou bacia de infiltração;
4. Adotando as dimensões requeridas, isto é: o raio, no caso de
poço de infiltração cilíndrico; a largura e o comprimento para o sistema
retangular – parte-se para o cálculo da área da base Ab, e o perímetro,
P;
4. Determine o valore do coeficiente b:
Pq
b (4.7)
Ab  

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6. Calcular a intensidade de chuva I, a partir da equação IDF do


local, para a duração de tempo t e do tempo de retorno TR;
7. Determine o valor de a:
Ab A  I
a  (4.8)
P Pq
8. Calcular hmax:
hmax  a  e bt  1 (4.9)
9. Repetir os passos 6 a 8 para várias durações de chuva;
10. 1 Tomar o maior valor de hmax
10.2 Se hmax é inaceitavelmente alta, retornar ao passo 4 e
aumentar as dimensões
10.3 Se hmax é ainda inaceitavelmente alta:
Retorne ao passo 3.1 e reduza a área drenada a um sistema
individual, ou retorne ao passo 3.2 e escolha um tipo diferente de
sistema.
Sugere-se que a taxa de infiltração seja tal que o dispositivo
esvazie pela metade em 24 horas. O tempo de esvaziamento para este
fim é dado pela seguinte expressão:
 A 
h  b
  A b  max P 
t esv   ln  (4.10)
qP  hmax  A b 
 
 2 P 
Esta metodologia de dimensionamento também pode ser utilizada
para trincheiras de infiltração, conforme será apresentado no item Bacias
de Percolação ou Trincheiras de Infiltração.
Dimensionamento de valos de infiltração para funcionarem como
canais
Para que os valos de infiltração funcionem também como canais,
os dados necessários para o dimensionamento são os seguintes
(WANIELISTA apud URBONAS & STAHRE, 1993): V, distância vertical

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da declividade lateral; Hv, distância horizontal da declividade lateral mais


a largura de fundo; Sv, declividade longitudinal; n, coeficiente de
rugosidade de Manning; i, a taxa de infiltração saturada, estimada ou
medida no local; Lv, é o comprimento necessário para infiltrar a taxa
média de fluxo de projeto Q.
A expressão é a seguinte:
 V   85 163 
10.000  77,3      Q  S v 
 
 Hv   
Lv  3
(4.11)
n i
8

O valo deve ser tão plano quanto possível, e nunca com


declividade (Sv)  2%. Pode-se alcançar isto com pequenas contenções.
Lateralmente, recomenda-se 4H:1V ou mais plano (6H:1V, 8H:1V,
10H:1V, etc.) para maximizar a área de contanto com a água.

2.10.1.5 Bacias de percolação ou trincheira de infiltração

Os dispositivos de percolação dentro de lotes permitem, também,


aumentar a recarga e reduzir o escoamento superficial. O
armazenamento depende da porosidade e da percolação. As bacias são
construídas para recolher a água do telhado e criar condições de
escoamento através do solo. Essas bacias são construídas removendo-
se o solo e preenchendo-o com cascalho, que cria o espaço para o
armazenamento. De acordo com o solo, é necessário criar-se maiores
condições de drenagem. Na Figura 15 é apresentado um exemplo e o
detalhe construtivo de um tipo de bacia. Para o solo argiloso com menor
percolação, é necessário drenar o dispositivo de saída.

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(a) - exemplo de bacia de percolação (HOLMSTRAND, 1984)

(b) - detalhe de uma bacia de percolação (URBONAS & STAHRE,


1993)
Figura 15 - Bacias de Percolação.

A principal dificuldade encontrada com o uso desse tipo de


dispositivo é o entupimento dos espaços entre os elementos pelo
material fino transportado, portanto é recomendável o uso de um filtro de
material geotêxtil. De qualquer forma, é necessário a sua limpeza após
algum tempo (URBONAS & STAHRE, 1993). Um tipo de trincheira de
infiltração é mostrado na Figura 16.
Dimensionamento de trincheiras de infiltração/percolação –
“Rain-envelope-method” (URBONAS & STAHRE, 1993)
1. Para determinar o volume de projeto afluente à estrutura de
infiltração ou percolação, utiliza-se a abaixo. Desta forma, obtém-se o
volume afluente acumulado através da multiplicação da vazão pelo
tempo, para diversas durações de chuva.

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  I  
Ve  1,25.3600.C. T .t.A  (4.12)
  1000  

Figura 16 - Trincheira de infiltração (CIRIA, 1996).

Onde:Ve , volume total escoado no tempo t para uma precipitação


de T anos de retorno (m3); C, coeficiente de escoamento; IT , intensidade
da precipitação de T anos de retorno (l/s/ha); t, duração da precipitação
(h); A, área da bacia de contribuição (ha).
Para o dimensionamento pode-se considerar que apenas as áreas
impermeáveis estarão contribuindo para a estrutura, tendo um coeficiente
de escoamento (C) entre 0,85 e 0,95 (URBONAS & STAHRE, 1993).
2. Estimar as dimensões iniciais da trincheira e determinar o
volume da estrutura (VT) para estas dimensões, conforme a equação
4.13.
VT  L.h.b (4.13)
Onde: VT é volume da trincheira (m3); L é comprimento da
trincheira (m); h é altura da trincheira (m); b é largura da trincheira (m).
3. Construir a curva de volumes acumulados de saída (Vs), com
base na condutividade hidráulica saturada e nas dimensões atuais.

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A perc
Vs  k .3600.t (4.14)
2
Onde: Vs: é volume acumulado de saída, para diversas durações t ;
k é condutividade hidráulica saturada; Aperc é a área de infiltração ou
percolação; t é a duração da precipitação (h).
Uma vez que os solos tendem a se tornarem gradualmente
colmatados com o tempo, reduzindo sua condutividade hidráulica
disponível, é recomendado que a condutividade de seja reduzida por um
fator de segurança. Recomenda-se que o valor seja reduzido por um
coeficiente de segurança 2 ou 3, de acordo com o local onde está
inserida a estrutura de percolação.
A área de percolação (Aperc) corresponde à área das paredes
laterais da estrutura de infiltração, podendo ser determinada pela
equação 4.15.
Aperc  2.h(b  L) (4.15)

Onde h, b e L são as características das dimensões da trincheira.


4. Identificar o ponto de máxima diferença entre as curvas de
volume afluente (Ve) e o volume de saída da trincheira (Vs). A máxima
diferença corresponde ao volume (V) da trincheira.
V  máx(Ve  Vs ) (4.16)

5. Considerando a porosidade do material que será usado para o


preenchimento, determinar o volume necessário para o armazenamento
(Vdim).
Vdim  V  (4.17)

Onde  é a porosidade do material.


6. Comparar o volume da trincheira (VT) com o volume de
dimensionamento (Vdim):

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se VT >> Vdim  reduzem-se as dimensões da trincheira e


recomeçar no passo 3;
se VT < Vdim  aumentam-se as dimensões da trincheira e
recomeça-se no passo 3;
se VT  Vdim  fim do processo de dimensionamento.
Mesmo com todos os critérios alcançados, o solo pode não ter uma
condutividade hidráulica (k) suficiente para esvaziar a instalação, no
tempo adotado, utilizando somente a percolação. Por isso, pode ser
viável a colocação de um conduto de saída que coleta a água da bacia
de percolação e descarrega esta água lentamente através de um orifício
ou uma válvula de estrangulamento.
Recomenda-se o uso deste auxílio em solos com 2 x 10-5 < k < 5 x
10-4 m/s (URBONAS & STAHRE, 1993). O conduto auxiliar de saída deve
sempre ser equipado com um restritor de fluxo, que por sua vez, é
projetado para fornecer uma taxa total de saída (percolação através do
solo mais conduto auxiliar) equivalente a uma bacia tendo uma taxa de
percolação de 5 x 10-4 m/s.

2.11 Dispositivo de armazenamento

O efeito do armazenamento no escoamento no hidrograma de


pequenas áreas pode ser observado na Figura 17. O escoamento das
superfícies urbanas tem pequeno tempo de concentração em lotes em
virtude das pequenas áreas. O hidrograma tende a apresentar um
patamar de escoamento para precipitações altas de duração média. O
efeito do volume na retenção é de diminuição do pico, como mostra a
referida figura.

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Figura 17 - Hidrogramas típicos de pequenas áreas urbanas, onde o tempo de concentração é


muito pequeno.

Existe uma infinidade de reservatórios de detenção que podem ser


utilizados em um lote. As condições básicas de seu dimensionamento
são: (a) Limite da vazão de saída da área; (b) Volume que permitirá o
controle da vazão da saída. Este volume pode ser obtido num gramado,
num rebaixo ou qualquer espaço que possa inundar periodicamente. As
restrições físicas ao dimensionamento são: Cota da rede pluvial; Cota do
terreno.
Em alguns casos, a cota da rede pluvial limita a profundidade de
escavação e a cota onde o conduto de saída deve se posicionar,
considerando a sua declividade. Com base nesta profundidade de
escavação será determinada a área necessária para atender ao volume
do reservatório. Quando não existir esta restrição, pode-se otimizar as
dimensões do mesmo.
Este volume pode ser distribuído de forma enterrada, com abertura
para limpeza, ou aberto na forma de gramados ou mesmo áreas

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pavimentadas, desde que a sua saída atenda a exigência de


manutenção da vazão limite na saída do lote.
Geralmente, os dispositivos abertos, são os mais recomendados
quando possível, pois podem integrar-se ao paisagismo da área com
custo menor que as detenções enterradas, além de facilitar a limpeza
das folhagens que a drenagem transporta. Algumas das áreas típicas
que podem ser utilizadas para detenção na fonte são: áreas de
estacionamento, parques e passeios.

2.11.1.1 Determinação da vazão máxima de saída do lote

A vazão de pré-desenvolvimento (Qpd) é determinada a partir da


área do lote ou loteamento, para áreas de até 100 ha, segundo a
equação:
Qpd 24,4.A (4.18)
Onde: Qpd é a vazão de pré-desenvolvimento (l/s); A é a área do
lote ou loteamento (ha).

2.11.1.2 Determinação do volume de armazenamento

O volume de armazenamento para as áreas de drenagem menores


ou iguais a 100 ha deve ser determinado com a equação abaixo
V  4,705.A.AI (4.19)

Onde: V é o volume de necessário para armazenamento (m³); A,


área drenada para jusante do empreendimento (ha); AI, toda área
impermeável que drena a precipitação para os condutos pluviais (% da
área total A).
Para áreas maiores que 100 ha, é necessário um estudo
hidrológico específico.

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2.11.1.3 Determinação da altura disponível para armazenamento

Existem várias formas de armazenamento, desde um cubo,


cilindro, e outras formas adaptadas ao espaço disponível. A altura do
reservatório de armazenamento pode ser condicionada, em alguns
casos, pela disponibilidade de cota para conexão do reservatório à rede
de drenagem pluvial pública. Neste caso, há necessidade de projetar a
cota de fundo do reservatório de forma adequada; ou seja, a cota de
fundo do reservatório sempre deve ficar acima da cota de conexão com a
rede de drenagem pluvial pública. Esta medida visa evitar possíveis
inversões de fluxo no sistema, ou seja, a água da rede pluvial entrar no
reservatório. Conhecidos estes condicionantes físicos, determina-se a
altura (H) que pode ser utilizada para o dimensionamento do
reservatório. Esta altura corresponde à diferença entre a cota de fundo
do reservatório e a cota de topo da estrutura. A área em planta da
estrutura de armazenamento é determinada segundo:
V
A planta  (4.20)
H
Onde: Aplanta é a área em planta do reservatório (m²); V, volume de
armazenamento necessário (m³), determinado através da equação 4.19;
H, altura do reservatório (m).
Caso não haja limitação de altura para a implantação do
reservatório, o critério utilizado para o dimensionamento pode ser a
disponibilidade de área em planta para a implantação da estrutura. Desta
forma, conhecendo a área disponível, deve-se determinar a altura do
reservatório segundo a equação abaixo:
V
H (4.21)
A planta

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2.11.1.4 Determinação da seção do descarregador de fundo

O descarregado de fundo deve ser instalado no reservatório de


forma a permitir a liberação gradual da água armazenada. Deve-se
instalar o descarregador junto ao fundo do reservatório, evitando assim o
acúmulo de água no interior da estrutura. Recomenda-se ainda, que para
não haver obstrução do descarregador, seja colocada uma grade antes
do mesmo.
Dependendo do tipo de descarregador utilizado, ele pode funcionar
como um orifício, ou seja, uma simples abertura na parede lateral do
reservatório; ou como um bocal, onde existe um tubo que faz a
drenagem para fora da estrutura. Em casos onde o reservatório é
fechado, e utiliza-se um vertedor de emergência, em geral utiliza-se um
orifício, que faz uma passagem para a segunda câmara, que serve para
a inspeção e limpeza. Na Figura 18 são apresentadas as situações onde
o descarregador funciona como orifício (Figura 18a) e como bocal (Figura
18b); na Figura 18c é apresentado o modelo com câmara de inspeção.

(a) – O descarregador é um orifício (b) – O descarregador é um bocal

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(c) – O descarregador é um orifício – com câmara de inspeção


Figura 18 - Característica do descarregador de fundo.

Para determinar a área da seção transversal do descarregador de


fundo pode-se utilizar a equação 4.22(a) para o caso de um orifício ou a
equação 4.22(b) para o caso de um bocal. Caso o descarregador de
fundo a ser utilizado é circular, pode-se determinar a área da seção
transversal e consultar o diâmetro comercial correspondente no Quadro
19.
0,37.Q
pd
A  4.22(a)
c h
c

0,45.Q
pd
A  4.22(b)
c h
c

Onde: Qpd: vazão de pré-desenvolvimento (m3/s);hc: diferença


entre o nível máximo da água e o ponto médio da abertura da seção de
saída (m) - conforme Figura 19; Ac: área da seção transversal do
descarregador (m2).
Quadro 19 - Área da seção transversal dos descarregadores de fundo - circulares.

Diâmetro comercial
Área (m ) 2 (mm)
0,00049 25
0,00071 30
0,00080 32
0,00126 40

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0,00196 50
0,00283 60
0,00785 100
0,01766 150
0,03140 200
0,07065 300
0,12560 400
0,19625 500
0,28260 600
0,38465 700
0,50240 800

Figura 19 - Determinação de hc em um reservatório.

Pode-se também determinar o diâmetro do descarregador de fundo


diretamente da equação 4.23(a) para o caso de um bocal ou a equação
4.23(b) para o caso de um orifício.
0,76. Q
pd
D 4.23(a)
h
c

0,69. Q
pd
D 4.23(b)
h
c

Onde o diâmetro D é dado em m.


Caso a área da seção transversal tenha resultado menor que
0,00049 (m2) ou o diâmetros menor que 25 mm, usar o diâmetro mínimo
de 25 mm, ou seção transversal com esta área. Para valores maiores,
aproxime sempre para o diâmetro superior.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Recomenda-se que seja utilizado o maior tamanho (diâmetro, área)


possível obtido no dimensionamento do descarregador, evitando, por
exemplo, a utilização de dois descarregadores. Esta medida evitará
possíveis entupimentos da estrutura.

2.11.1.5 Dimensionamento do vertedor de excessos

O vertedor de excessos, como o próprio nome sugere, tem a


finalidade de escoar o excesso de água que entra no reservatório,
quando ocorrem chuvas com intensidade superior à utilizada no
dimensionamento.
Recomenda-se, no entanto, que o dimensionamento do vertedor
seja feito somente quando o extravasamento do reservatório possa
provocar danos na propriedade. Na maioria dos casos este dispositivo é
desnecessário, visto que a água fica acumulada nas superfícies por um
curto período de tempo.
O vertedor, de acordo com aspectos construtivos utilizados, podem
ser de paredes delgadas ou de parede espessa. Esta classificação é:
Parede delgada: e < 2/3.hmax,
Parede espessa: e  2/3. hmax
Onde e é a espessura da parede do vertedor; e hmax é a carga
máxima desejada no vertedor (hmax = z-zw, sendo z é a cota corrente e zw
é a cota da crista). Neste manual recomenda-se a utilização de hmax = 5
cm. Assim, o vertedor será de parede delgada quando a espessura da
parede for menor ou igual a 3 cm, e de parede espessa quando a
espessura forma maior que 3 cm.
A vazão de descarga do vertedor (Qv) deve ser determinada a
partir da equação (Método Racional).
Qv  0,278.C.I.A (4.24)

68
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Onde: Qv : vazão de descarga do vertedor (m3/s); C: coeficiente de


escoamento da área que contribui para a estrutura (entre 0,85 e 0,95); A:
área drenada para a estrutura (km2);I: intensidade da precipitação
(mm/h). A intensidade I deve ser obtida a partir da equação IDF do local
em estudo, para uma duração igual ao tempo de concentração (tc), com
tempo de retorno de 50 anos. O tempo de concentração em planos deve
ser estimado a partir da equação da onda cinemática - Manning:
5,474.n.L 0 ,8
tc  (4.25)
P24 0 ,5 .S 0 ,4

Onde: tc: tempo de concentração (minutos); S: declividade (m/m);


n: coeficiente de rugosidade de Manning (conforme tabela D1); L:
comprimento do escoamento (m); P24: precipitação com 24 horas de
duração (mm). A P24 é determinada para a IDF correspondente ao local
em estudo, considerando o tempo de retorno de projeto.
Quando não existirem contribuições externas, a área contribuinte
for, no máximo de 1 ha, e a declividade média for menor ou igual a 0,2
m/m, o tempo de concentração inicial não deve ser calculado pela
formulação acima, mas sim adotado igual a 5 minutos.
A equação para o dimensionamento do vertedor com de parede
delgada é:
Qv
Lv  (4.26)
2,95.Cv.(h )1.5
max

Para paredes espessas:


Qv
Lv  (4.27)
Cv.1,704.(h )1.5
max

Onde: Lv : comprimento da crista do vertedor (m); Qv : vazão de


descarga do vertedor (m3/s); hmáx : carga sobre o vertedor (m); Cv :
coeficiente de descarga do vertedor.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Recomenda-se usar Cv=0,64, para vertedores de parede delgada,


e Cv=0,86 para vertedores de parede espessa, e hmáx igual a 5 cm.

2.12 MEDIDAS NA MACRODRENAGEM

2.13 Caracterização

A macrodrenagem envolve bacias geralmente com área superior a


2 km2 ou galerias superiores a 1,0 m de diâmetro ou equivalente1. O
escoamento é composto pela drenagem de áreas urbanizadas
(microdrenagem e áreas de fonte) e não urbanizadas (canais naturais de
escoamento). Geralmente, a macrodrenagem corresponde a uma das
sub-bacias definidas dentro do Plano Diretor de Drenagem Urbana ou faz
parte de um dos seus ramais.
Para projetar a macrodrenagem é necessário:
 Representar o sistema de drenagem da macrodrenagem
definido por trechos urbanizados e rurais, com a
caracterização de todas as seções representativas do
sistema de fluxo;

 Representar a transformação do processo precipitação –


vazão de todas as sub-bacias que contribuem para o sistema
de macrodrenagem de forma detalhada ou por sub-bacias
concentradas.

A análise de estudos e projetos da macrodrenagem deve


contemplar os cenários de ocupação da bacia, geralmente representados
por:

1
Esta definição de macrodrenagem deve ser considerada como aproximada, apenas um referencial.

70
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Cenário atual, onde é possível estabelecer esta ocupação


com base em informações de imagens e levantamentos
específicos;

 Cenário futuro, representado pelo Plano Diretor Urbano


previsto para a cidade.

Associado ao cenário de uso do solo, os projetos de


macrodrenagem devem considerar o risco relacionado com a
precipitação de projeto, já definida nos trabalhos apresentados
anteriormente.

2.14 Planejamento da macrodrenagem

2.14.1.1 Tipos de bacias

O planejamento da macrodrenagem permite dar sustentabilidade e


evitar a transferência de impacto dentro da bacia hidrográfica. Existem
geralmente duas situações onde o planejamento é diferenciado:
a) Bacia desenvolvida com loteamentos implantados: desenvolvimento
do plano de controle, com medidas de detenção e ampliação de rede
pluvial, tratando a bacia de forma integrada e considerando todos os
efeitos do escoamento. O princípio é o de que a vazão de saída da
bacia não deve ser ampliada, e seu planejamento deve eliminar todos
os locais de alagamento previstos para os cenários de uso do solo do
Plano Diretor e para o risco escolhido.

b) Bacia em estágio rural: a bacia está no primeiro estágio de


urbanização ou ainda tem grande parte da sua área em estado rural.
Neste caso, pode-se utilizar a seguinte estratégia:

 O poder público deve regulamentar o uso e ocupação,


especialmente nas áreas naturalmente inundáveis;

71
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Reservar estas áreas inundáveis para que atuem como


reservatórios de detenção urbana;

 Regulamentar a microdrenagem para não ampliar a


enchente natural;

 Planejar parques e outras as áreas públicas com lagos para


amortecer e preservar os hidrogramas de uma mesma bacia,
ou entre diferentes sub-bacias;

 Nenhuma área desapropriada pelo poder público pode ficar


sem implantação de algum tipo de infraestrutura de lazer
pública (parque ou área esportiva), evitando desta forma que
a mesma seja invadida.

Figura 20 - Planejamento de controle de bacia no primeiro estágio de


urbanização.

2.14.1.2 Etapas do planejamento

No estudo de planejamento do controle da drenagem urbana de


uma bacia são recomendadas as seguintes etapas de desenvolvimento
(Figura 21).
(a) Caracterização da bacia: esta etapa envolve o seguinte:

72
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

(a.1) Avaliação da geologia, tipo de solo, hidrogeologia, relevo,


ocupação urbana, população caracterizada por sub-bacia para os
cenários de interesse;
(a.2) Drenagem - definição da bacia e sub-bacias, sistema de
drenagem natural e construído, com as suas características físicas tais
como: seção de escoamento, cota, comprimento de canais e cursos
d’água e bacias contribuintes à drenagem;
(a.3) Dados hidrológicos - precipitação, sua caracterização pontual,
espacial e temporal; verificar a existência de dados de chuva e vazão
que permitam ajustar os parâmetros dos modelos utilizados; dados de
qualidade da água e produção de material sólido (sedimentos).

73
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Cenários de
planejamento
Risco de
projeto

Caracterizar Caracterizar
a rede a bacia Precipitação
escoamento de projeto

Caracterização

Chuva- Macrodrenagem
vazão sub-
bacias
modelo

Avaliação da
Capacidade do
sistema de drenagem

Avaliação Econômica Estudo de alternativas


das alternativas para controle dos Otimização
alagamentos das
alternativas

Avaliação
ambiental

Verificação para
cheias superiores a de
projeto

Figura 21 - Fluxograma de atividades para avaliação das alternativas de controle na


macrodrenagem.

74
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

(b) Definição dos cenários de planejamento e risco: os cenários


de planejamento são definidos de acordo com o desenvolvimento
previsto para a cidade, representado pelo Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano, bem como as áreas ocupadas que não foram
previstas, áreas desocupadas parceladas e áreas que deverão ser
parceladas no futuro. Da mesma forma, o risco do estudo deve ser
escolhido de acordo com o potencial de prejuízos e risco de vida.
(c) Determinação da precipitação de projeto: com base nos
registros de precipitação da área mais próxima da bacia deve-se
escolher a curva IDF e determinar a precipitação com duração de pelo
menos 24 horas. Este valor deve ser distribuído no tempo em intervalos
de tempo escolhido para a simulação. O intervalo de tempo deve ser
menor ou igual a 1/5 do tempo de concentração da bacia. Para bacias
maiores que 25 km², deve-se verificar o abatimento espacial do valor
máximo de precipitação.
(d) Avaliação da capacidade e Simulação dos cenários: os
cenários são simulados para as redes de drenagem existentes ou
projetadas. O modelo hidrológico utilizado deve ser capaz de representar
a região hidrográfica da simulação da forma mais realista possível,
dentro do cenário previsto. A finalidade destas simulações é identificar se
o sistema tem capacidade de comportar os acréscimos de vazão gerados
pela evolução urbana de cada cenário, no caso de verificação; ou no
caso de projeto, se o sistema foi corretamente dimensionado para a
vazão existente. Quando se utiliza o cenário de ocupação urbana atual, o
objetivo é verificar a capacidade de escoamento das redes de drenagem
existentes. A análise dos resultados permite identificar os locais onde o
sistema de drenagem não tem capacidade de escoar as vazões,
gerando, portanto, inundações. Para grande parte das bacias do

75
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Município foram efetuadas estas simulações dentro do Plano Diretor de


Drenagem.
(e) Seleção de alternativas para Controle: considerando as
condições simuladas no item anterior, quando a situação for de
verificação da capacidade das redes de drenagem, devem ser
identificadas as limitações existentes no sistema e os locais onde
ocorrem estas limitações(caso não exista, esta etapa não é realizada).
Neste caso, o planejador deve buscar analisar as alternativas de
controle, priorizando medidas de detenção ou retenção, que não
transfiram para jusante os acréscimos de vazão máxima. Geralmente, a
combinação de soluções envolve reservatórios urbanos em áreas
públicas, ou áreas potencialmente públicas, com adaptação da
capacidade de drenagem em alguns trechos, mantendo a vazão máxima
dentro de limites previstos pela legislação ou da capacidade dos rios,
córregos ou canais a jusante do sistema. No caso de dimensionamento,
a alternativa de controle deve prever a utilização de estruturas de
amortecimento da cheia para não ampliar a enchente a jusante, e deve-
se verificar se a rede projetada tem capacidade para escoar a atual
vazão.
(f) Simulação das alternativas de controle: definidas as
alternativas na fase anterior, as mesmas devem ser simuladas para o
risco e cenário definido como meta. Nas simulações é verificado se a
alternativa de controle também evita as inundações das ruas para riscos
menores ou iguais ao de projeto. No caso de verificação, a mesma pode
ser realizada para o cenário atual de ocupação e/ou para um cenário de
ocupação futura. Nesta análise também deve ser examinado o impacto
para riscos superiores ao de projeto (até 100 anos), com a finalidade de
alertar a Defesa Civil, tráfego e outros elementos urbanos, sobre os
riscos à população envolvidos caso ocorra esta situação.

76
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

(g) Avaliação da qualidade da água: as etapas da avaliação da


qualidade da água são:
(g.1) Determinação da carga proveniente do esgoto sanitário que
não é coletada pela rede de esgotamento sanitário;
(g.2) Determinação da carga de resíduo sólido;
(g.3) Determinação da carga poluente produzida pelo esgoto
pluvial (drenagem);
(g.4) avaliação da capacidade de redução das cargas em função
das medidas de controle previstas nas alternativas. A avaliação da
qualidade da água depende da existência da rede de esgotamento
sanitário.
(h) Avaliação econômica: os custos das alternativas devem ser
quantificados, permitindo analisar a alternativa mais econômica para
controle da drenagem, envolvendo, quando possível, também a melhoria
da qualidade da água pluvial.
(i) Seleção da alternativa: em função dos condicionantes
econômicos, sociais e ambientais, deve ser recomendada uma das
alternativas de controle para o sistema estudado, estabelecendo etapas
para projeto executivo, sequência de implementação das obras e
programas que sejam considerados necessários.
(j) Verificação para cheias maiores que a de projeto: esta fase
envolve identificar condições de funcionamento superiores à de projeto,
para prevenção.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.15 Critérios para implantação de dispositivos de controle do


escoamento superficial

2.15.1.1 Urbanísticos

Os critérios urbanísticos para a implantação de dispositivos de


controle de escoamento devem ser considerados a princípio do projeto
de drenagem que utiliza técnicas alternativas de controle. Além de as
restrições urbanísticas terem significativa influência nas decisões de
projeto, freqüentemente estas restrições já incorporaram alguns aspectos
econômicos, ambientais e técnicos, não podendo, assim, as questões
urbanísticas serem pensadas isoladamente.
A concepção de projetos desta natureza é um processo complexo
e longo, exigindo uma equipe de especialistas multidisciplinar, bem
como, a participação de representantes políticos e dos usuários,
principalmente daqueles que são afetados diretamente pelo
empreendimento. (BAPTISTA et a.l, 2005)
Os dados necessários para realizar a avaliação dos critérios
urbanísticos são:

 Informações topográficas em escala adequada (1:5.000 ou


menor);
 Mapa com tipo de uso de solo;
 Plano Diretor Urbanístico com os tipos de ocupação do solo;
 Planos Diretores Setoriais (transporte, abastecimento de
água, drenagem, saneamento, etc.);
 Leis de uso e ocupação do solo;
 Dados sócio-econômicos para identificar o perfil da
população local;
 Enquadramentos dos cursos d’água da bacia hidrográfica.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

A utilização destes dados permite ao projetista definir os possíveis


locais, e quais tipos de dispositivos de controle poderão ser empregados,
buscando reduzir o impacto da interferência que a obra causará no local.
Os locais que tem maior aptidão a receber uma estrutura de controle são
áreas públicas como: praças, parques, áreas adjacentes a vias e
espaços urbanos ainda não ocupados e próximos ao sistema de
drenagem já implantado. Porém, na inexistência destes, ou ainda, por
restrições legais previstas no plano diretor ou leis regulamentadoras,
soluções mais complexas devem ser adotadas, como reservatórios
cobertos com sistemas elevatórios de esgoto pluvial, que podem pesar
desfavoravelmente na etapa de cálculo da viabilidade econômica.
É importante que as áreas utilizadas para a implantação de
dispositivos de controle de escoamento tenham, na medida do possível,
uma segunda função beneficiadora à sociedade, para que estas não
sejam consideradas como espaços inutilizados.
Especialmente para intervenções que exijam maiores áreas, o
espaço projetado deve se integrar à cidade (sociedade) por meio de uma
avaliação das demandas da população próxima.
A identificação, de quais usos secundários serão adotados para a
área, pode ser realizada por meio de entrevistas, audiências públicas e
exposições à comunidade (associação de moradores, organizações
comunitárias, etc.) das pretensões do projeto. Este processo tem um
papel importante na formação de opinião pública e de esclarecer para a
população as funções hidráulicas da obra, do seu modo de
funcionamento, riscos potenciais para os usuários e medidas de
segurança a adotar (BAPTISTA et al., 2005).
Dentre os possíveis aproveitamentos da área do dispositivo de
controle de escoamento estão: quadras esportivas, estacionamentos

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

para veículos leves, jardins, áreas verdes, espelhos d’água, etc. ( Figura
22).

Figura 22 - Quadra esportiva em uma bacia de detenção em operação na cidade de Porto


Alegre/RS.

2.15.1.2 Ambientais

Os critérios ambientais para implantação de dispositivos de


controle de escoamento superficial são norteados pelos impactos ao
meio ambiente que a execução destes causará.
Em modos gerais a utilização das técnicas alternativas corrobora
para a melhora na qualidade da água que é coletada na área urbana, e
que posteriormente é lançada nos cursos d’água naturais. Entretanto,
alguns impactos negativos existem, e a soluções alternativas devem
levar em conta o sistema, atual ou previsto, de esgotamento sanitário e
pluvial.
Para locais onde o sistema de coleta de esgoto é misto
(combinado) fica impossibilitada a utilização de dispositivos que
retenham o esgoto, ou que o detenha por tempo maior que um dia, caso
contrário será fonte de proliferação de doenças e de mau cheiro. Além do

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

tempo de detenção, que não deve ser longo, os dispositivos que utilizam
infiltração/percolação podem ser fontes poluidoras dos aqüíferos que
aquele ponto recarregue, caracterizando este, um critério ambiental
importante a ser levado em conta no processo de implantação de
dispositivos de controle de escoamento (Figura 23).

Figura 23 - Contaminação do aqüífero por dispositivos de infiltração.

A contaminação da água subterrânea é especialmente indesejada


para locais onde existe extração para consumo humano, ou ainda,
próxima de cursos de água superficial. No caso de pavimentos
permeáveis, existe a contaminação por metais apenas da camada mais
superficial, entretanto a contaminação por hidrocarbonetos atinge
facilmente camadas mais profundas, assim, contaminando a água
subterrânea.
A utilização de dispositivos de infiltração possivelmente causa
elevação do nível do lençol freático, devendo ser avaliada a sua
conseqüência em construções próximas que estejam localizadas no
subsolo.
A presença de resíduos sólidos produzidos pela população e
sedimentos (argila, areia e silte) e as suas implicações no sistema de
drenagem pluvial deve ser prevista. Um sistema ineficiente de coleta de
resíduos sólidos e varrição das vias exigirá maiores cuidados para evitar
o mau funcionamento dos dispositivos por ação dos resíduos sólidos e
dos sedimentos que a eles chegam.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Em reservatórios de retenção, onde existe uma lamina de água


permanente, a presença de vegetação controlada favorece a redução da
poluição pluvial, e ao mesmo tempo cria um ambiente propício para
abrigar a fauna lacustre (peixes, insetos, répteis e pequenos mamíferos).
O nitrato e fosfato presente na água são consumidos pela vegetação e
por bactérias, que juntamente com o processo de sedimentação
promovem a manutenção da limpidez da água, porém devido aos pulsos
de descarga de poluentes este sistema pode desequilibra-se facilmente.
As dimensões e formas do reservatório de retenção tem influência
significativa na melhora das condições ambientais para manter a
qualidade do meio aquático, e também possibilita o desenvolvimento da
vida lacustre. O comprimento de margens é o mais significativo, seguido
de baixas declividades dos taludes, radiação solar, irregularidade do
fundo, existência de pequenas ilhas e de pontos com profundidades
maiores que 3m. Esta configuração permite uma maior diversidade de
espécies no reservatório, favorecendo a multiplicação das cadeias
alimentares e o autocontrole das populações (BAPTISTA et a.l, 2005).

2.15.1.3 Técnicos

Os critérios técnicos de implantação normalmente são utilizados


em uma fase mais detalhada do projeto, onde os possíveis locais para a
construção dos dispositivos já foram elencados pela análise urbanística.
O detalhamento técnico que define as características mais
importantes de funcionamento dos dispositivos, como o risco de
atendimento (tempo de retorno), automatizações (limpeza e acionamento
de comportas), dissipadores de energia do escoamento, conformações
de vertedores, tipo de substrato e cobertura, etc.
Para tanto, um levantamento plani-altimétrico da área onde será
instalado o dispositivo é de suma importância, permitindo, além de um

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

projeto mais bem ajustado ao local, uma estimativa financeira mais


exata.
As principais condicionantes técnicas são:

 Área disponível para implantação;


 Vazão de projeto;
 Volume de espera necessário;
 Tipo de resíduo presente no esgoto pluvial;
 Desníveis do terreno e declividades da rede de drenagem
existente;
 Utilizações secundárias do dispositivo (estacionamento,
passeio, cancha esportiva, praça, etc.);
 Características geológicas e geotécnicas do local,
 Nível de contaminação da água ingressante ao dispositivo;
 Profundidade do lençol freático e sua sazonalidade.

As condicionantes de projeto devem ser definidas prevalecendo,


dentre o cenário atual e futuro, o mais desfavorável, ou seja, aquele que
exija do dispositivo a maior capacidade de operação.
O cenário futuro normalmente é estimado utilizando as
informações diretivas dos planos de desenvolvimento, onde estão
definidos os futuros usos do solo e limites de ocupação, que influenciarão
diretamente o comportamento hidrológico da bacia de contribuição.
Em geral, os critérios técnicos pré meditam a redução dos custos
de implantação e operação, o projetista deve ter de antemão valores
aproximados dos custos ao optar por uma ou outra solução.
Os estudos hidrológicos e climatológicos devem ser, sempre que
possível, realizados com informações observadas na própria bacia, ou
então, com dados disponíveis das estações mais próximas.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Deve-se observar ainda, que é recomendável executar as obras de


implantação no período seco, minimizando assim, problemas causados
pela elevação do freático e enxurradas.

2.15.1.4 Econômicos

Os critérios econômicos são instrumentos tradicionais de suporte à


decisão de fundamentação econômica. Geralmente são baseados em
dois enfoques distintos, que são: análises custo-efetividade e análise
custo- benefício (BAPTISTA et al., 2005).
A análise custo-efetividade consiste basicamente em fixar um nível
de atendimento (tempo de retorno), e então, avaliar que tipo de solução
para o sistema de drenagem apresenta o menor custo somando as
etapas: de implantação, operação e manutenção.
Ao utilizar a análise custo-benefício o enfoque se dá nos potenciais
prejuízos causados pela inundação/alagamento, definindo para qual risco
(tempo de retorno) o custo de implantação, operação e manutenção
iguala-se ao beneficio que a implementação do sistema de drenagem
proporcionará. Sendo o benefício neste caso os prejuízos que serão
evitados, e estes prejuízos são relacionados ao risco de ocorrência por
meio de gráficos como os da Figura 24.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Figura 24 - Relação entre probabilidade, nível, vazão e prejuízo (TUCCI, 2007)

A curva nível-prejuízo pode ser obtida com base em eventos já


observados, ou ainda utilizando relações padrão entre o nível d’água em
relação às edificações e o percentual de prejuízo causado à estrutura e
aos bens nelas existentes (Figura 25).
Os custos aproximados de implantação podem ser estimados por
meio de quantificações unitárias expeditas, baseadas em custos contidos
nos cadernos de encargos regionais.

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Figura 25 - Curvas de prejuízo em função do nível d’água (SIMONS et al., 1977)

2.16 MEDIDAS DE TRANSPOSIÇÃO DE TALVEGUES - GALERIAS E


BUEIROS

Em sua função primordial, o sistema de drenagem deve eliminar a


água que, sob qualquer forma, atinja as vias públicas, captando-a e
conduzindo-a para locais em que menos afete a segurança e
durabilidade das mesmas.

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Volume III
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Agosto/2011

No caso da transposição de talvegues, essas águas originam-se


de uma bacia e que, por imperativos hidrológicos e do modelado do
terreno, têm que ser atravessadas sem comprometer a estrutura das vias
urbanas. Esse objetivo é alcançado com a introdução de uma ou mais
linhas de bueiros sob os aterros ou construção de pontilhões ou pontes
transpondo os cursos d'água, obstáculos a serem vencidos pela rodovia.
Este manual irá se restringir a indicar soluções a serem adotadas pelo
município quando da implantação de linhas de bueiros. Para os demais
casos (pontilhões ou pontes), há a necessidade de se efetuar estudos
específicos para a determinação destas estruturas.
Em termos hidráulicos os bueiros podem ser dimensionados como
canais, vertedouros ou orifícios. A escolha do regime a adotar depende
da possibilidade da obra poder ou não trabalhar com carga hidráulica a
montante, que poderia proporcionar o transbordamento do curso d’água
causando danos aos aterros e pavimentos e inundação a montante do
bueiro.
O presente trabalho considerará somente a utilização dos bueiros
operando como canais. Esta metodologia se aplica à bueiros trabalhando
sem carga hidráulica, e baseia-se, fundamentalmente, na pesquisa do
nível d'água a montante e a jusante da obra. Neste caso a metodologia
adotada é a referente ao escoamento em regime crítico, baseada na
energia específica mínima igual à altura do bueiro.
Tendo em vista a eventual ocorrência de remanso, influindo no
dimensionamento hidráulico das estruturas, recomendamos que seja
efetuado as devidas considerações sobre as obstruções parciais de
descargas, baseadas na teoria do escoamento gradualmente variado em
canais, visando a determinação do perfil hidráulico teórico, visando
garantir as aplicações dos fundamentos supra-citados.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Além desses procedimentos aqui indicados, e para situações


distintas da considerada, recomenda-se, para o dimensionamento, a
utilização do método alternativo da "Circular nº 5 do Bureau of Public
Roads - USA", baseado em ensaios de laboratório e observações de
campo.
Após as avaliações estabelecidas nos itens anteriores, quando
necessário, a determinação das medias de transposição (galerias e
bueiros) obedecerão as seguintes etapas de desenvolvimento.

2.17 Avaliação das estruturas existentes e complementares

Quando existente, as estruturas de drenagem já implantadas


deverão ser levantadas e catalogadas. As informações serem
registradas deverão abranger aspectos quanto : a) à forma da seção; b)
e número de linhas; c) tipo de material e condição do revestimento da
estrutura; d) declividade média da estrutura; e) recobrimento da
estrutura.
a) Quanto à forma da seção: poderão ser tubulares, quando a
seção for circular; celulares, quando a seção transversal for retangular ou
quadrada. Para seções diferentes das citadas anteriormente, como é o
caso dos arcos, a lenticular, a elíptica e os arcos semicirculares ou com
raios variáveis (ovóides) por exemplo, bem como para o caso dos
bueiros metálicos corrugados, recomendamos um estudo específico para
sua adoção.
b) Quanto ao número de linhas: poderão ser simples, quando só
houver uma linha de tubos, de células etc; duplos e triplos, quando
houver 2 ou 3 linhas de tubos, células etc.
c) Quanto ao material: Poderão ser analisadas os mais diversos
tipos de material quando da determinação de da vazão da estrutura

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

existente. Para o dimensionamento e estimativa dos custos das


estruturas a serem implantadas, o presente trabalho analisou somente
estruturas em concreto simples e concreto armado. Para estes materiais
os tubos deverão atender as exigências estabelecidas nas normas NBR-
9794, NBR 9795 e NBR 9796 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.
d) Quanto a declividade: Poderão avaliados e dimensionados as
estruturas que possuam uma declividade máxima inferior ou igual a
declividade crítica estabelecida nos tópicos seguintes. No sentido de
preservar a integridade do revestimento das estruturas a serem
adotadas, limitou-se a declividade das mesmas, além da condição crítica,
à uma velocidade máxima de 6,0m/s. Normalmente, a declividade das
estruturas deve variar entre 0,1 e 5%.
d) recobrimento da estrutura: Poderão avaliados e
dimensionados as estruturas que possuam os mais diversos
recobrimento, lembrado que o tirante máximo admitido, quando da
avaliação da vazão máxima da estrutura é de 82%. Para o
dimensionamento das estruturas (tubulares ou celulares), o recobrimento
não foi levado em consideração na composição de seu custo, devendo o
mesmo computado quando da avaliação de seu custo final.

2.18 Dimensionamento hidráulico

Para o dimensionamento hidráulico dos bueiros no presente


trabalho, admite-se que eles funcionem como canais, e não como
vertedouros ou como orifícios.
No caso de bueiros trabalhando como canais, o dimensionamento
será feito baseado na hipótese de que a estrutura opere no no regime
subcrítico. Neste caso a capacidade máxima considerada para o projeto

89
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

está definida pela vazão correspondente a uma energia específica igual à


altura da obra, estabelecendo assim a condição do bueiro funcionar com
a entrada não submersa. Este método não leva em conta as condições
externas ao corpo do bueiro, sendo adequado apenas se a altura d'água
a jusante ficar abaixo da altura crítica correspondente à descarga. As
Tabela , Erro! Fonte de referência não encontrada. e Tabela 2
considera um tirante máximo de 82% da altura da estrutura.
Tendo em vista as limitações dos métodos já citados, para um
projeto final mais preciso, podem-se utilizar os estudos do "Bureau of
Public Roads", Circular nº 05.

2.18.1.1 Fundamentação teórica

Fundamentalmente o dimensionamento dos bueiros é feito usando


a equação de Bernoulli(1700-1782):

em que ao longo de qualquer linha de corrente, a soma das alturas


representativas das energias geométrica ou de posição (Z), piezométrica
( γ / p ) e cinética ( g / V 2 2 ), é constante.
Convém ressaltar que esta expressão foi deduzida por Bernoulli
para fluido perfeito, ou seja, escoando sem atrito. Nos casos reais, como
os que são objeto deste manual, deve-se introduzir na equação acima a
perda de carga por atrito da água com as paredes do canal,
genericamente denominado h, e que depende da rugosidade do
revestimento.
A equação de Bernoulli e a da continuidade (Q = AV) abriram um
vasto campo a hidrodinâmica e permitem resolver inúmeros problemas
do movimento dos líquidos em regime permanente.
a) As fórmulas que o definem o regime crítico são:

90
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Define-se a energia específica de um líquido como sendo a energia


total por unidade de peso em relação ao fundo do canal. Deste modo, ela
será a soma das energias cinética e de pressão, correspondendo, esta
última, a profundidade do líquido; como melhor será entendido pela
observação da Figura 26.

Figura 26 - Linha de energia específica

A definição, portanto, é apoiada na equação:

uma vez Z = O, considerando-se a energia em relação ao fundo do


canal; E, a energia específica; V, a velocidade de escoamento e h, a
profundidade hidráulica definida como a relação entre a área molhada A
e a largura da superfície livre do fluxo (Figura 27).

91
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Figura 27 - Largura da superfície livre do fluxo

O fluxo crítico é aquele que se realiza com um mínimo de energia.


Para uma dada descarga, modificando-se a velocidade do
escoamento pelo aumento da declividade, verifica-se a redução da altura
d'água h, dentro do canal.
Ao se traçar uma figura com estes elementos referidos a dois eixos
cartesianos, a variação da energia consumida no escoamento, de acordo
com a equação (2.01), verifica-se que a energia diminui com a redução
de h, passando por um mínimo, seguida de elevação, embora o valor de
h continue a decrescer (Figura 28).

92
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Figura 28 - Variação de energia

O ponto de energia mínima define a altura h do regime crítico.


Para se chegar às fórmulas do fluxo que traduzem este estado,
adota-se o cálculo diferencial, anulando-se a derivada primeira de E em
relação a h na equação (2.01), correspondente à energia mínima, e
considerando-se que na seção transversal do fluxo, se T é a superfície
livre do canal e A, sua área molhada, tem-se, dA = Tdh (Fig. 69).
Daí, desde que Q é uma constante e V = Q/A , tem-se, para o
mínimo desejado:

( ) ( )

93
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Fazendo-se

ou,

para se obter o mínimo, tem-se

As grandezas do fluxo crítico são:

Profundidade crítica

Vazão crítica
Com a utilização de equação de continuidade a velocidade crítica
será:

A expressão √ define o numero de Froude, uma grandeza


adimensional que define os escoamentos subcríticos e supercríticos.
Correspondendo ao escoamento crítico tem-se F = 1.
b) Quantificação da energia específica do fluxo crítico
Substituindo-se na equação da energia específica.
,

o valor da velocidade pelo da velocidade crítica



,resultará em:

94
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Esta equação é básica para o dimensionamento dos bueiros no


regime crítico, como será visto mais adiante e poderá ser melhor
entendida com a representação gráfica da Figura 29.

Figura 29 - Relação entre energia e profundidade críticas

Além de ser o tipo de fluxo que se dá com o mínimo de energia, o


regime crítico acontece ao longo do bueiro funcionando como canal, pelo
menos, em uma seção, exercendo o controle da capacidade hidráulica
da obra, desde que a declividade seja igual ou superior à crítica e as
restrições a jusante não limitem tal capacidade.
c) Fórmulas empíricas que definem a velocidade nos canais.

95
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Considerando a ocorrência de fluxo uniforme, pode-se estabelecer


a correlação dos elementos de definição do escoamento com a
declividade do canal.
Essa última ligação só é possível através de fórmulas empíricas
como a idealizada por Chezy ou a de Manning, esta, de longo uso, é
definida pela expressão:

ou, de outra forma:

Onde:
V = velocidade do canal;
A = área molhada;
R = raio hidráulico (A/P, área molhada dividida pelo perímetro
molhado);
I = gradiente hidráulico, considerado igual à declividade do canal
se o fluxo é uniforme;
n = coeficiente de rugosidade de Manning.
Essa fórmula, interligando Q, V, A e I, embora empírica, tem sido
largamente empregada em todo mundo, conduzindo a valores aceitáveis
para o dimensionamento de sistemas de drenagem.
d) Expressões das grandezas hidráulicas visando ao
estabelecimento das fórmulas do regime crítico.
Caso dos bueiros tubulares: os valores necessários ao projeto
estão diretamente ligados ao nível do enchimento do respectivo conduto.

96
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Será demonstrado mais adiante que os cálculos a serem


empregados ficarão sobremodo simplificados ao se utilizar o ângulo Ø
como parâmetro representativo do referido enchimento (Figura 30).

Figura 30 - Ângulo Ø

Obtém-se sua ligação com o tirante d através da fórmula:

Por outro lado, Área molhada;

Perímetro molhado:

Raio hidráulico:

Largura da superfície livre do fluxo:

Profundidade hidráulica:

97
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

O ângulo Ø será sempre expresso em radianos (rad), nas fórmulas


utilizadas.
Bueiros celulares: para as fórmulas do escoamento uniforme serão
utilizadas as expressões das grandezas hidráulicas consideradas na
Figura 31

Figura 31 - Grandezas hidráulicas de bueiros celulares

onde:
H = altura da seção do bueiro;
B = base da seção;
d = tirante;
A = área molhada do fluxo;
Pela figura, tem-se que:
– área molhada:

– perímetro molhado:

98
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

– raio hidráulico:

– profundidade hidráulica:

2.18.1.2 Procedimento de cálculo

Para o procedimento de cálculo deverá ser obedecido os seguintes


procedimentos:
a) Determinação da capacidade de vazão da estrutura
existente: Uma vez obtidos os dados indicados nos tópicos anteriores,
deverá ser determinada a vazão da estrutura existente com o auxílio da
Tabela 03.
b) Verificação da vazão máxima de projeto : As vazões máximas
de projeto são as indicadas no volume II do presente estudo.
c) Determinação da vazão complementar necessária e da
estrutura a ser adotada: Determinada a vazão complementar
necessária, adota-se a Tabela 04 para avaliar a estrutura a ser adotada e
sue custo estimado

99
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Tabela 3 - Dimensionamento das estruturas existentes


Maio/2011
Plano Diretor de Drenagem Urbana 2010

DADOS DE SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA DOS CONDUTOS

DIMENSINAMENTO CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS


SOLUÇÃO IMAGEM VAZÃO (M³/S)
DIM 1 DIM 2 DIM 3 DIM 4 DECLIVIDADE MANNING (n) ÁREA MOLHADA PERÍMETRO MOLHADO RAIO HIDRÁULICO
A. CANAIS

A.1 RETANGULAR - -

A.2 TRIÂNGULAR - -

A.3 CIRCULAR -

A.4 TRAPEZOIDAL -

100
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Maio/2011
Plano Diretor de Drenagem Urbana 2010

DADOS DE SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA DOS CONDUTOS

DIMENSINAMENTO CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS


SOLUÇÃO IMAGEM VAZÃO (M³/S)
DIM 1 DIM 2 DIM 3 DIM 4 DECLIVIDADE MANNING (n) ÁREA MOLHADA PERÍMETRO MOLHADO RAIO HIDRÁULICO
A. CANAIS

A.5 RETÂNGULAR COM


BORDAS ARREDONDADAS

A.6 RETÂNGULAR COM


-
BORDAS INCLINADAS

A.7 TRIANGULAR COM


-
FUNDO REDONDO

A.8 LOSANGO -

101
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Tabela 2 - Dimensionamento e custo estimado das estruturas complementares


Maio/2011
Plano Diretor de Drenagem Urbana 2010

TABELA DE CÁLCULO DE ORÇAMENTOS PRÉVIOS

CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS DIMENSIONAMENTO - VAZÃO DE PICO (M³/S) CUSTO


ESTRUTURA TIRANTE PERÍMETRO RAIO RECOBRIMENTO DECLIVIDADE TIPO DE ESTIMADO /
MANNING ÁREA (m²) VELOCIDADE MÁXIMA (m/s) VAZÃO (M³/S)
(m) MOLHADO (m) HIDRÁULICO (m) (m) (%) ESTRUTURA METRO LINEAR
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

TUBO CIRCULAR DE 400mm 0,328 0,02 0,110 0,906 0,122 1,00 1,23 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,135 R$ 1.541,21

TUBO CIRCULAR DE 500mm 0,41 0,02 0,137 0,944 0,145 1,00 1,38 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,188 R$ 1.541,21

TUBO CIRCULAR DE 600mm 0,492 0,02 0,158 0,999 0,158 1,00 1,46 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,231 R$ 1.541,21

TUBO CIRCULAR DE 800mm 0,656 0,02 0,194 1,112 0,175 1,00 1,56 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,303 R$ 2.453,49

TUBO CIRCULAR DE 1000mm 0,82 0,02 0,224 1,220 0,184 1,00 1,62 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,362 R$ 3.690,27

TUBO CIRCULAR DE 1200mm 0,984 0,02 0,251 1,320 0,190 1,00 1,65 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,414 R$ 5.224,18

TUBO CIRCULAR DE 1500mm 1,23 0,02 0,286 1,460 0,196 1,00 1,69 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 0,482 R$ 9.063,39

GALERIA 1,5 X 1.5 1,23 0,02 1,845 3,96 0,466 1,00 3,00 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 5,544 R$ 16.170,92

GALERIA 2 X 2 1,64 0,02 3,28 5,28 0,621 1,00 3,64 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 11,940 R$ 25.198,12

GALERIA 2,5 X 2.5 2,05 0,02 5,125 6,6 0,777 1,00 4,22 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 21,649 R$ 34.008,72

GALERIA 3 X 3 2,46 0,02 7,38 7,92 0,932 1,00 4,77 Velocidade OK 1,0000 SIMPLES 35,203 R$ 48.524,63

102
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2.19 ESTRATÉGIAS PARA VALORIZAÇÃO DOS RIOS URBANOS

2.20 Princípios

As estratégias que visam à valorização dos rios urbanos são ações de


cunho multidisciplinar, que envolvem os atores de todas as esferas da
gestão de drenagem urbana e as populações.
Nos estágios iniciais da valorização dos rios urbanos deve-se ter
especial dedicação na criação de ferramentas legais que regulem e
fiscalizem as ações de valorização, e paralelamente à criação destas
ferramentas é indispensável uma forte campanha de educação ambiental
focada principalmente nas novas gerações de cidadãos que formarão uma
sociedade mais consciente e co-responsável com a preservação dos rios
urbanos.
As técnicas de valorização de cursos d’água urbanos são um tanto
recentes, e foram implementadas muitas vezes de modo empírico ou
experimental. Os resultados observados, que foram bem sucedidos,
utilizaram combinações de técnicas como: renaturalização de cursos
d’água, preservação de matas de galeria, controle da erosão, tratamento
das águas pluviais, coleta de resíduos sólidos e educação ambiental.

2.21 Técnicas

2.21.1.1 Renaturalização de cursos d’água

Durante muito tempo uma das principais estratégias de drenagem


urbana esteve orientada no sentido de retificar o leito dos rios e córregos,
para que suas vazões fossem dirigidas para jusante pelo caminho mais

1
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

curto e com maior velocidade de escoamento possível. A conseqüência


imediata dos projetos baseados neste conceito é o aumento das inundações
a jusante decorrentes da canalização dos cursos naturais. À medida que a
precipitação ocorre, e a água não é infiltrada no solo, o volume escoa pelos
condutos do sistema de drenagem. A retificação de um córrego aumenta a
velocidade das águas e o pico do hidrograma de jusante. Segundo Tucci
apud Brocaneli & Stuermer (2008), países desenvolvidos verificaram que os
custos de canalização eram muito altos e abandonaram esse tipo de
solução no início dos anos 1970.
Diante da complexidade das questões de drenagem de municípios,
surge a descanalização ou a renaturalização de rios e córregos como um
sistema alternativo de macrodrenagem. Entende-se por renaturalização de
rios o processo de trazer ao rio sua condição mais natural ou original
possível.
A renaturalização dos rios e córregos permite não só o espraiamento
das águas pluviais remetidas ao sistema, mas também o amortecimento do
pico do hidrograma de vazão, evitando ou reduzindo as inundações de
forma natural.
A renaturalização dos córregos deve ser vista não somente como
uma solução de drenagem urbana, mas também como uma grande
oportunidade para o ressurgimento das águas na cidade, no que se refere à
formação de um sistema de umidificação, refrigeração e áreas verdes
urbanas aliadas ao lazer e ao turismo, a fim de proporcionar viabilidade
econômica para a implantação e manutenção dessas áreas.
As linhas básicas da renaturalização de rios têm como objetivos:

2
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

a) Recuperar os rios e córregos de modo a regenerar o mais próximo


possível a biota natural, através de manejo regular ou de
programas de renaturalização;
b) Preservar áreas naturais de inundação e impedir quaisquer usos
que inviabilizem tal função.

Estas idéias integram a concepção para a renaturalização de rios


norteando os planos específicos de manutenção de cursos de água. Estes
planos específicos, contendo propostas relativas à renaturalização de rios
com manutenção de áreas inundáveis, devem ser inseridos no
planejamento regional de recursos hídricos. Os planos devem ser
elaborados atendendo as peculiaridades de cada caso, de forma
intersetorial, e articulando aos demais planos territoriais e programas
regionais.
Para avaliar a situação dos rios e seu entorno, bem como, definir os
objetivos específicos de recuperação, é preciso comparar a realidade atual
com a situação ideal. Baseado no diagnóstico e na avaliação das
necessidades de implantar o processo de renaturalização, considerando os
usos e as restrições existentes, são definidos os objetivos específicos do
trabalho, seguidos pelo planejamento das medidas necessárias para a sua
implementação.
É fundamental o mapeamento da morfologia fluvial, caracterização do
regime hidrológico e condições da qualidade da água, pois são fatores
condicionantes para a manutenção dos ecossistemas aquáticos.
Os cursos de água podem ser considerados como sistemas naturais
quando não poluídos, e quando tiverem a capacidade natural de modificar

3
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

seu leito e curso sem interferências antrópicas. Esta capacidade consiste


principalmente:

 Do fluxo contínuo das águas e do material transportado, bem


como, da mobilidade e condições naturais do fundo do leito
(dinâmica de fundo);
 Da mobilidade e condições naturais das margens (dinâmica das
margens);
 Das condições naturais para inundação, relacionada ao uso
adequado das baixadas inundáveis (dinâmica das zonas
inundáveis).

Em áreas urbanas freqüentemente os rios tem intensos trechos


retificados com leito e margens fortemente protegidos, havendo grande
comprometimento das relações biológicas. As possibilidades de uma
revalorização ecológica são limitadas, pois, o controle de enchentes e a
necessidade de manter os níveis da água subterrânea são restrições
inquestionáveis.
Através da cooperação de planejadores urbanos, engenheiros,
biólogos e paisagistas, chega-se a soluções integrantes, incorporando a
valorização ecológica. Os principais aspectos a serem considerados são:

 Acesso à água;
 Ampliação do leito do rio;
 Recuperação da continuidade do curso de água;
 Aplicação de técnicas da engenharia ambiental;
 O restabelecimento de faixas marginais de proteção e da mata
ciliar;

4
Volume III
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Agosto/2011

 A reconstituição de estruturas morfológicas típicas no leito e


nas margens como depósitos de seixos rolados;
 A promoção de biotas especiais;
 A propiciação de elementos favoráveis ao lazer.

Quanto mais áreas puderem ser restituídas ao sistema do rio, maiores


serão as possibilidades de renaturalização. Estas áreas poderão ser
transformadas em parques distritais, oferecendo melhores condições de
vida à população local.
Fazem parte das restrições para a renaturalização os custos
econômicos-financeiros e sociais. Contudo melhorias significativas podem
ser obtidas através de técnicas da engenharia ambiental, tanto no leito do
rio quanto nas suas margens. A renaturalização de rios não significa a volta
a uma paisagem original não influenciada pelo homem, mas corresponde ao
desenvolvimento sustentável dos rios e da paisagem em conformidade com
as necessidades e conhecimentos contemporâneos.
Algumas práticas de engenharia ambiental, de impacto local, são
apresentadas a seguir:
Pedras “quebra-corrente”: consiste no agrupamento de grandes
pedras no leito do curso de água. Essas pedras dissipam a energia,
melhorando o surgimento de canais com mais velocidade e proporcionando
a formação de habitats. Os habitats incluem regiões com pequena
turbulência, superfícies protegidas e correntezas que se desenvolvem no
leito do rio, a jusante das pedras durante as vazões mais altas. Esta prática
é utilizada em pequenos cursos de água ou canais que possuem contorno
uniforme e pouca cobertura. Pode ser utilizado onde velocidades erosivas

5
Volume III
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Agosto/2011

precisam ser reduzidas, onde habitats precisam ser restabelecidos ou a


estética do canal precisa ser melhorada.
Defletores: são escoras de pedras, toras ou gabiões que se projetam
das margens para dentro do curso de água. Eles estabilizam bancos de
areia diminuindo a velocidade da água próximo as margens e afastando a
correnteza das margens dissipando assim energia. Os defletores também
aumentam diversidade ao canal concentrando a correnteza e criando poças
profundas. Alternadamente, defletores em canais retilíneos podem favorecer
um padrão de meandreamento com uma correnteza estreita e profunda.
Dois defletores, espaçados frente a frente, podem resultar em um longo e
profundo canal preferencial a jusante. Sua principal aplicabilidade se dá em
pequenos cursos de água com margens suscetíveis a erosão.
Deposição de pedras de grandes dimensões: esta técnica é
utilizada para promover a formação de substrato estável em canais que
foram modificados ou estão altamente impactados. O substrato em pedras
também provê habitat para insetos aquáticos e áreas de desova. Esta
prática somente é valida em pequenos cursos de água nas situações em
que o substrato em pedras é característico da região, porém por alguma
razão não é mais encontrado. Pode ocorrer nos casos em que o suprimento
de sedimentos foi interrompido devido à construção de uma barragem ou
pela canalização de um trecho do rio a montante.
Canais com diferentes estágios: são cursos de água construídos
que consistem em um canal estreito e profundo dentro de um canal mais
largo. Os estágios correspondem a: a) um talvegue, para vazões de período
de retorno de 1 a 5 anos; b) um leito de inundação. Seria uma alternativa às
valas canalizadas e às galerias fechadas. Os canais devem ser projetados
para satisfazer as necessidades de condutibilidade e ao mesmo tempo

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Volume III
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Agosto/2011

minimizar impactos ambientais e obter proveito da estabilidade natural da


geometria do canal.
No canal do leito menor:

 O comprimento do canal do leito menor deve ser igual ao


comprimento do leito original do canal fluvial;
 A capacidade do canal do leito menor deve ser
aproximadamente 50% de uma chuva de 2 anos de período de
retorno;
 Devem ser criados dispositivos para garantir a permanência de
vazões, qualidade da água, melhoria de habitat, e interesse
visual, incluindo meandros, pedras “quebra corrente”, piscinas
naturais e bancos de areia;
 O leito deve ser suave, preferencialmente com revestimento
distinto do concreto, sempre que possível mantendo interação
do fundo com a superfície;
 Vertedores de pedra, meandros, pedras “quebra corrente” ou
vegetação controla a velocidade do escoamento, sendo
utilizados para reduzir a erosão;
 Deve ser minimizado o enrocamento do canal, se utilizado o
enrocamento acima do nível normal, o mesmo deve ser coberto
com terra e vegetado.

No canal do leito maior:

 É claro que a capacidade do canal é função do projeto de


drenagem, entretanto, recomenda-se que a largura mínima do
fundo deva ser pelo menos três vezes maior que a largura do
topo do canal de leito menor;

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Agosto/2011

 Deve ser promovido a vegetação natural no leito do canal maior


de forma beneficiar a qualidade da água, estabilidade das
margens e vida animal;
 Se possível variar a largura dos canais e a declividade dos
taludes quando uma área for renivelada, deve ser adotada
baixa declividade nos taludes de forma permitir o plantio de
arbustos e árvores;
 Deve ser dada preferência, sempre que possível, em manter
vegetação existente para propiciar a estabilidade dos taludes.

Obstáculos de pedra: são constituídos de valas preenchidas com


pedras. Normalmente ocorrem erosão e alargamento dos canais devido à
urbanização e à mudança do regime de vazões. O processo geralmente
começa com a remoção do fundo do canal tornando-se profundo e
entrincheirado. Esta condição é instável e erode sua margem. Todo
processo pode levar muitos anos e causa uma quantidade significativa de
poluição de sedimentos, degradação de habitat, dano a propriedades, etc.
Obstáculos de pedra devem ser considerados se a área de drenagem
de canais naturais é modificada em função da urbanização, inclusive se há
detenção.
Estabilização de bancos de areia: esta prática controla a erosão
das margens através de materiais provenientes de vegetação. Ela provê
proteção provisória das margens e introduz espécies de árvores capazes de
estabelecer uma densa rede de raízes nos bancos de areia. O projeto da
estabilização dos bancos de areia é adaptável e deve ser executado para
ajustar diferentes necessidades de condutibilidade do canal. Espécies de
plantas devem ser selecionadas para deitar durante vazões altas criando

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

pequena resistência, ou espécies mais rígidas podem ser plantadas que


serão mais capazes de dissipar energia e reduzir a velocidade da água.
Vertedores de pedra: são pequenas represas executadas com
pedras de grandes dimensões, de forma que exista fendas entre as pedras.
Eles são utilizados para direcionar a corrente, controlar a erosão, estreitar e
aprofundar a correnteza e criar habitats.

2.21.1.2 Preservação das matas de galeria

A mata de galeria, também conhecida como mata ciliar, floresta


ripária e mata de várzea é uma formação vegetal responsável por diversas
funções ambientais. Dada sua importância em relação aos aspectos quali-
quantitativos dos cursos d’água, sua preservação é prevista em resolução
normativa federal.
FUNÇÕES AMBIENTAIS
É possível elencar diversas funções ambientais das matas de galeria.
Entretanto, no que se refere a zonas urbanas, destacam-se as seguintes
funções: regularização de vazão, qualidade da água, assoreamento e
erosão.
Regularização de vazão
As matas de galeria tem relevante função no regime hidrológico de
uma bacia hidrográfica, pois elas favorecem a infiltração das águas de
chuva recarregando os reservatórios subterrâneos, uma vez que criam
obstáculos para o escoamento superficial da água.
A vazão dos cursos d’água nos períodos de estiagem é mantida
principalmente pela água proveniente dos reservatórios subterrâneos,

9
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

reserva esta que é muito prejudicada quando as matas de galeria são


suprimidas.
A importância de se ter uma vazão regularizada é que ela mantém as
condições necessárias para a conservação dos ecossistemas que dela
dependem, além de manter a qualidade da água.
Qualidade da água
Na manutenção da qualidade da água podemos dizer que a mata de galeria
funciona como uma espécie de filtro, retendo parte dos elementos potencialmente
poluentes ao curso d’água. Esta filtragem se dá pelo processo de retenção física e
biológica de sedimentos e nutrientes ( LIMA & ZAKIA, 2000).
Em se tratando de zonas urbanas, tanto na água de lavagem das vias
quanto nos sedimentos carreados, há poluentes como metais pesados,
óleos e graxas, matéria orgânica, que são parcialmente retidos nas matas
ciliares, evitando o aporte da totalidade dos mesmos ao curso d’água.
Assoreamento e erosão
O escoamento gerado por chuvas intensas carrega consigo
quantidades significativas de solo em forma de sedimentos. É função da
mata ciliar reter parte deste sedimento, além de fixar as margens. Além de
não haver retenção da contribuição de sedimentos de outras partes da
bacia, a ausência desta vegetação permite que as margens sejam erodidas,
potencializando assim o assoreamento do curso d’água.
Em acréscimo ao prejuízo qualitativo causado pelo aporte de
sedimentos, o assoreamento gera uma diminuição na capacidade hidráulica
dos canais, contribuindo para a ocorrência de inundações.
RESOLUÇÕES NORMATIVAS
Devido às funções ambientais que a mata de galeria possui, ela foi
considerada Área de Preservação Permanente – APP pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Este, através da Resolução

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

CONAMA 302/2002 (reservatórios) e da Resolução CONAMA 303/2002


(cursos d’água), regulamenta os limites mínimos de faixas de preservação
adjacentes aos corpos d’água válidos para todo o território nacional. Estas
resoluções corroboram para a valorização dos cursos d’água e estão
apresentadas no Anexo V. A Figura 32 apresenta um resumo dos limites
definidos para cursos d’água.

Figura 32 - APP (Resolução CONAMA 303/2002).

2.21.1.3 Controle de erosão do solo

O fenômeno da erosão é relacionado à degradação do solo pela ação


da chuva e do escoamento. Esses processos são agravados pela ação
humana, através da alteração das características das condições naturais,
seja pelo desmatamento, remoção de encostas, aumento das áreas
impermeabilizadas, ou criação de caminhos preferenciais pela construção
de vias de acesso.
As principais conseqüências da erosão são a perda do solo, o
assoreamento das tubulações, galerias, rios e barragens, entre outros.
Os métodos de controle da erosão podem ser preventivos ou
corretivos. Os métodos preventivos envolvem um trabalho de

11
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

reconhecimento das características físicas de ocupação, uso e


direcionamento das formas de ocupação. Isso pode ser obtido por um plano
de uso dos solos, por uma legislação adequada, pela fiscalização do seu
cumprimento e punição dos infratores. Os métodos corretivos envolvem a
análise da situação atual da erosão e a concepção de um projeto para
solucionar o problema.
Plano de uso do solo
A elaboração do plano de uso do solo é importante instrumento para o
direcionamento do desenvolvimento da cidade, bem como para a
elaboração de uma legislação adequada.
A ocupação desordenada deflagra processos erosivos que são
comandados por diversos fatores naturais relacionados às características
do clima, do relevo, do solo e da cobertura vegetal. A expansão de núcleos
urbanos, respaldados em planejamento que considere as características do
meio físico, é a linha mestra na prevenção de processos erosivos.
Para a elaboração do plano de uso do solo faz-se necessário o
levantamento dos vetores de expansão da população, das características
geomorfológicas (formas e dinâmica do relevo), geológicas (tipos de rocha,
modos de ocorrência) e geotécnicas (características dos terrenos,
propriedades dos solos e das rochas).
Controle da erosão urbana
O principal objetivo do controle da erosão urbana é manter a
integridade física das cidades. Geralmente o fenômeno da erosão, logo que
se inicia, é facilmente controlável, porém ao atingir proporções maiores, é
de difícil solução.
Os métodos adotados para o controle da erosão variam de acordo
com as necessidades de cada local. Os principais métodos envolvem desde

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

manutenção de áreas permeáveis dentro dos lotes, coberturas com lona,


sacos de areia, passando por microdrenagem e pavimentação.
Controle da erosão urbana na microdrenagem
A condução de águas superficiais nas áreas urbanizadas é conhecida
como microdrenagem. A microdrenagem é importante no controle da erosão
por evitar o escoamento direto sobre o solo.
O custo de implantação de um sistema de microdrenagem é
proporcional ao volume de água a escoar, desta forma, é aconselhável que
tanto os projetos residenciais e comerciais, quanto os equipamentos
urbanos, maximizem as áreas vegetadas. Esta prática diminui o coeficiente
de impermeabilização.
As águas captadas pela drenagem pluvial e pelas bocas de lobo são
conduzidas à tubulação. Nas tubulações, para evitar erosão dos tubos,
recomenda-se uma velocidade máxima de 5m/s. Quando a inclinação é tal
que o uso apenas de tubulação resulta em velocidades muito altas utilizam-
se poços de queda.
Um dos grandes problemas na drenagem urbana é o carreamento de
lixo e sedimentos para as sarjetas e bocas de lobo. Esses resíduos acabam
por obstruir as entradas das tubulações. Por isso são adotados poços de
visita, que permitem o acesso à tubulação em pontos estratégicos.
Controle da erosão urbana na macrodrenagem
A solução dos problemas de erosão, dentro do quadro urbano, passa
pela execução do sistema de galerias pluviais e pavimentação. O maior
problema é o lançamento das águas dos emissários no terreno natural.
Apesar da construção de dissipadores de energia, após o lançamento,
havendo declividade no terreno natural, e sendo o solo pouco resistente, o
volume de água dá início ao processo erosivo, que inicia a jusante do

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

lançamento e avança para montante com rapidez, destruindo o dissipador e


o próprio emissário. A solução definitiva seria prolongar o emissário até um
córrego ou talvegue que apresente estabilidade.

2.21.1.4 Controle da qualidade das águas pluviais

A qualidade da água do pluvial não é melhor que a do efluente de um


tratamento secundário. A quantidade de material suspenso na drenagem
pluvial é superior à encontrada no esgoto em natura. Esse volume é mais
significativo no início das enchentes.
Os poluentes que ocorrem na área urbana variam muito, desde
compostos orgânicos a metais altamente tóxicos. Os principais poluentes
encontrados no escoamento superficial urbano são: sedimentos, nutrientes,
substâncias que consomem oxigênio, metais pesados, hidrocarbonetos de
petróleo, bactérias e vírus patogênicos.
A qualidade da água pluvial depende de vários fatores: limpeza
urbana e sua freqüência, da intensidade da precipitação e sua distribuição
temporal e espacial, da época do ano e do tipo do uso da área urbana.
A poluição gerada pelo escoamento superficial da água em zonas
urbanas é dita de origem difusa, uma vez que provém de atividades que
depositam poluentes, de forma esparsa, sobre a área de contribuição da
bacia hidrográfica.
O controle da poluição difusa deve ser feito através de ações sobre a
bacia hidrográfica, de modo a se ter redução das cargas poluidoras antes
do lançamento da drenagem no corpo receptor. A maior parte das medidas
de controle da poluição prevê também a redução do volume total escoado, o
que já é previsto pelo controle de enchentes, outras medidas incluem

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

práticas como educação da população e cuidados gerias com a limpeza da


cidade, enquanto outras baseiam-se em estruturas de controle, construídas
para este fim.
Medidas não estruturais são aquelas relativas a programas de
prevenção e controle da emissão dos poluentes. As medidas preventivas
são as mais eficientes na relação benefício/custo, diminuindo a quantidade
de poluentes depositados sobre superfícies urbanas ou diminuindo a
probabilidade de poluentes entrarem em contato com o escoamento
superficial. São medidas que incluem: planejamento urbano, educação
ambiental quando a disposição adequada de lixo, resíduos tóxicos, ou
mesmo dejetos de animais, programas de prevenção e controle de erosão
nos locais de construção, varrição de ruas, controle de pontos
potencialmente poluidores, como postos de combustíveis. Como se vê são
medidas que requerem a participação da população e, para isso, é
necessário haver programas de esclarecimentos e conscientização do
público em geral.
Medidas estruturais são aquelas construídas para reduzir o volume
e/ou remover os poluentes do escoamento. São medidas estruturais: a
construção de bacias de detenção, a colocação de pavimento poroso, o uso
de áreas ou canais cobertos de vegetação para infiltração, obras de
retenção de pavimentos nos locais em construção e criação de áreas
alagadiças.

2.21.1.5 Remoção de resíduos sólidos

A produção de resíduos é a soma do total coletado nas residências,


indústria e comércio, mais o total coletado nas ruas e o que chega à
drenagem. Os dois primeiros volumes podem ser reciclados, diminuindo o

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

volume para ser disposto no meio ambiente. Na medida em que os sistemas


de coleta e limpeza urbana são ineficientes o volume de resíduos que
chegam à drenagem aumenta, com conseqüência para a drenagem e meio
ambiente. O impacto na drenagem é devido a obstrução ao escoamento e a
degradação do meio ambiente.
O volume de resíduos sólidos que chega à drenagem depende da
eficiência dos serviços urbanos e de fatores como os seguintes: freqüência
e cobertura da coleta de lixo, freqüência da limpeza das ruas, reciclagem,
forma de disposição do lixo pela população e a freqüência da precipitação.
A composição dos resíduos totais que chegam à drenagem varia de
acordo com o nível da urbanização entre sedimentos e lixo. Na última
década houve um visível incremento de lixo urbano devido às embalagens
plásticas que possuem baixa reciclagem. Os rios e todo sistema de
drenagem ficam cheios de garrafas tipo pet, além das embalagens de
plásticos de todo o tipo.
Neves apud Tucci (2007) caracterizou o tipo de sedimentos que
chega à drenagem e o tipo de resíduo que sai da drenagem à jusante numa
bacia de 1 km2 em Porto Alegre. O autor observou que 70% do resíduo
sólido fica na drenagem e deste volume 36% corresponde ao papel, que é
diluído dentro da canalização. Portanto, resultam cerca de 34% que fica na
drenagem.
As principais conseqüências dos resíduos sobre a drenagem são:

 Poluição dos sistemas hídricos: a grande maioria dos resíduos


sólidos leva muito tempo para desaparecer na natureza e
transporta poluentes agregados aos resíduos, que contaminam
os sistemas hídricos;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Aumento do custo de manutenção dos dispositivos hidráulicos


como detenções e condutos, criando cenários indesejáveis na
paisagem urbana;
 Limitado funcionamento da detenção: o risco do acúmulo de lixo
na drenagem tem sido um dos principais problemas para o
funcionamento dos dispositivos de detenções na drenagem
urbana.
 Produção de resíduo sólido: obstrui o escoamento: o material
sólido, além de reduzir a capacidade de escoamento, obstrui as
detenções urbanas para o controle local do escoamento.
 Resíduo sólido no sistema de detenção: A medida que a bacia
é urbanizada, e a densificação é consolidada, a produção de
sedimentos pode reduzir, porém a produção de lixo aumenta. O
lixo obstrui ainda mais a drenagem e cria condições ambientais
ainda piores. Esse problema somente é minimizado com
adequada freqüência da coleta e educação da população com
multas pesadas.
 Problemas de manutenção: podem ocorrer vários problemas de
escoamento em função da falta de limpeza do sistema de
drenagem e de projetos inadequados que não consideram ao
assoreamento em seções muito largas.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

3. MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS

3.1 MEDIDAS DE CARÁTER LEGISLATIVO

O tópico Medidas de Caráter Legislativo deste Plano Diretor de Drenagem


Urbana visa apresentar propostas de leis, decretos e alterações na legislação
municipal vigente para garantir a melhoria do manejo das águas urbanas
municipais e o correto funcionamento de um sistema integrado de planejamento e
execução de medidas de melhoria das condições sócio-ambientais locais.
Inicia-se este tópico com a síntese das legislações federais, estaduais e
municipais vigentes à ocasião da elaboração deste Plano, para que em seguida
sejam feitas as propostas em questão.

3.1.1.1 Legislação Federal Vigente

A Legislação Federal vigente relacionada aos Recursos Hídricos baseia-se


no Artigo 20 da Constituição Federal de 1988, desdobrando-se em Leis Federais,
Portarias, Decretos e diversas Instruções Normativas dos órgãos do Governo
Federal para garantir os Direitos Constitucionais relativos à água, normatizar seu
uso e dispor a respeito dos cuidados para garantia de sua disponibilidade
presente e futura.
A seguir faz-se a síntese das Leis mais importantes relacionadas aos
Recursos Hídricos, bem como da Instrução Normativa nº 002/2010 do Ministério
das Cidades, referente ao Programa Saneamento para Todos, no que se refere ao
Manejo das Águas Pluviais Urbanas.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.1 Constituição Federal

A legislação federal vigente que se refere aos Recursos Hídricos, sobretudo


à Drenagem Urbana inicia-se com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), que em
seu Artigo 20 classifica a água como bem da União:

“Art. 20. São bens da União:


III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou
que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;”

No Artigo 21, a Constituição Federal obriga a União a criar o Sistema


Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e definir critérios de outorga de
direitos de seu uso, além de ditar que a União deve zelar pela prevenção e defesa
contra calamidade públicas, sobretudo secas e inundações:

“Art. 21. Compete à União:


XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso; ”

Em seu Artigo 22, esta restringe a legislação acerca das águas para a
União:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;”

No Artigo 26, esta classifica as águas subterrâneas como bem do Estado:

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

“Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;”

1.1.1.2 Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei Federal n° 9.433/97

A Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL,1997), aprovada em 08


de janeiro de 1997, regulamenta o Inciso XIX do Artigo 21 da Constituição Federal,
com objetivos baseados nos Princípios de Dublin, como se vê a seguir:

“Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes


fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo
humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.”

Em seu segundo Artigo, esta Política institui como seus objetivos assegurar
à atual e futuras gerações a disponibilidade de água em padrões aceitáveis de
qualidade, a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos e a
utilização racional e integrada dos recursos hídricos:

“Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

20
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte


aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.”

No terceiro Artigo, a PNRH afirma como diretriz geral de ação a gestão


sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos quantitativos e
qualitativos na avaliação:

“Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política


Nacional de Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de
quantidade e qualidade;”

No Artigo quinto, os Planos de Recursos Hídricos são dados como


instrumentos para execução dos objetivos listados pela Política, bem como a
outorga de uso e o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos:

“Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.”

Os Artigos 11 e 12 da Política Nacional de Recursos Hídricos,


respectivamente, institui os objetivos da Outorga de Direitos de Uso de Recursos
Hídricos e delibera quais usos de recursos hídricos estão sujeitos a outorga:

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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“Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
exercício dos direitos de acesso à água.

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos
de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.”

Os Artigos 19 e 20 ditam a respeito da cobrança de uso dos recursos


hídricos, como vê-se a seguir:

“Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:


I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu
real valor;
II - incentivar a racionalização do uso da água;
III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções
contemplados nos planos de recursos hídricos.

Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos
do art. 12 desta Lei.”

Em relação à Ação do Poder Público, a Política preconiza os deveres de


implementação do Poderes Executivos Federal, Distrital, Estaduais e Municipais
nos Artigos 29 a 31:

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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“Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao


Poder Executivo Federal:
I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os
usos, na sua esfera de competência;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito
nacional;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade
responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob
domínio da União.
Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos
Poderes Executivos Estaduais e do Município, na sua esfera de competência:
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os
seus usos;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito
estadual e do Município;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes
Executivos do Município e dos municípios promoverão a integração das políticas
locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio
ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.”

Além dos artigos supracitados, a Política Nacional de Recursos Hídricos


institui o Enquadramento dos Corpos de Água em Classes (Artigos 9 e 10), o
Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (Artigos 25 a 27) e o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Artigos 32 a 57).

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.3 Criação da Agência Nacional de Águas (ANA) – Lei n° 9.984/00

A Lei 9.984 (BRASIL, 2000), aprovada em 17 de julho de 2.000, dispõe


sobre a criação da Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal de
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Este órgão do Governo Federal, submete-se ao Ministério do Meio-
Ambiente, que estabelece as políticas e ações federais no que diz respeito aos
Recursos Hídricos por meio da Secretaria de Recursos Hídricos – SRH.
No Artigo quarto tem-se listadas as atuações da Agência:

“Art. 4o A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e


instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e será desenvolvida em
articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cabendo-lhe:
I – supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do
cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos hídricos;
II – disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o
controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos;
III – VETADO;
IV – outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos
em corpos de água de domínio da União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o,
7o e 8o;
V - fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União;
VI - elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição, pelo Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de
domínio da União, com base nos mecanismos e quantitativos sugeridos pelos
Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma do inciso VI do art. 38 da Lei no 9.433, de
1997;
VII – estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia
Hidrográfica;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

VIII – implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a


cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União;
IX – arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo
uso de recursos hídricos de domínio da União, na forma do disposto no art. 22 da
Lei no 9.433, de 1997;
X – planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de
secas e inundações, no âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, em articulação com o órgão central do Sistema Nacional de
Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios;
XI - promover a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos
financeiros da União em obras e serviços de regularização de cursos de água, de
alocação e distribuição de água, e de controle da poluição hídrica, em consonância
com o estabelecido nos planos de recursos hídricos;
XII – definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por agentes
públicos e privados, visando a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos,
conforme estabelecido nos planos de recursos hídricos das respectivas bacias
hidrográficas;
XIII - promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede
hidrometeorológica nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas ou
privadas que a integram, ou que dela sejam usuárias;
XIV - organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos;
XV - estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a gestão de
recursos hídricos;
XVI - prestar apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos hídricos;
XVII – propor ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos o estabelecimento de
incentivos, inclusive financeiros, à conservação qualitativa e quantitativa de recursos
hídricos.
XVIII - participar da elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e
supervisionar a sua implementação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.216-37,
de 2001)

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

XIX - regular e fiscalizar, quando envolverem corpos d'água de domínio da União, a


prestação dos serviços públicos de irrigação, se em regime de concessão, e adução
de água bruta, cabendo-lhe, inclusive, a disciplina, em caráter normativo, da
prestação desses serviços, bem como a fixação de padrões de eficiência e o
estabelecimento de tarifa, quando cabíveis, e a gestão e auditagem de todos os
aspectos dos respectivos contratos de concessão, quando existentes. (Redação
dada pela Lei nº 12.058, de 2009)
XX - organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre
Segurança de Barragens (SNISB); (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010)
XXI - promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens; (Incluído
pela Lei nº 12.334, de 2010)
XXII - coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e
encaminhá-lo, anualmente, ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de
forma consolidada. (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010)”

Desta forma, a Agência tornou-se o órgão máximo em outorga de uso das


águas, sendo exemplo a ser seguido pelas demais Unidades na determinação de
suas medidas para melhoria das águas locais, de domínio público.

1.1.1.4 Política Nacional de Saneamento Básico – Lei n° 11.445/07

A Lei n° 11.445 (BRASIL, 2007), de 05 de janeiro de 2007, estabelece as


Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico, ficando conhecida como a
Política Nacional de Saneamento Básico.
No segundo Artigo da Lei, determina-se os princípios fundamentais da
política, como segue:

“Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos
seguintes princípios fundamentais: [...]
IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de
manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do
patrimônio público e privado;”

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

No terceiro Artigo, determina-se os significados de termos e expressões


utilizados na Lei:

”Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se


I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações
operacionais de: [...]
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-
estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de
transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias,
tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;”

No Artigo vinte e nove, sobre os aspectos econômicos e sociais da Política,


determina-se que os serviços públicos de saneamento devem ter sustentabilidade
econômico-financeira por meio de cobrança dos serviços:

“Art. 29. Os serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade


econômico-financeira assegurada, sempre que possível, mediante remuneração
pela cobrança dos serviços:
III - de manejo de águas pluviais urbanas: na forma de tributos, inclusive taxas, em
conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades.”

No Artigo trinta e seis são dados instrumentos e índices para determinação


da cobrança do serviço público de drenagem e manejo de águas:

“Art. 36. A cobrança pela prestação do serviço público de drenagem e manejo de


águas pluviais urbanas deve levar em conta, em cada lote urbano, os percentuais
de impermeabilização e a existência de dispositivos de amortecimento ou de
retenção de água de chuva, bem como poderá considerar:
I - o nível de renda da população da área atendida;
II - as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas.”

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Em relação a participação de Órgãos Colegiados no Controle Social, o


Artigo quarenta e sete dispõe que o controle social dos serviços públicos de
saneamento básico poderá incluir a participação em caráter consultivo dos Órgão
Colegiados, baseando-se no conceito de Gestão Participativa:

“Art. 47. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá
incluir a participação de órgãos colegiados de caráter consultivo, estaduais, do
Município e municipais, assegurada a representação:
I - dos titulares dos serviços;
II - de órgãos governamentais relacionados ao setor de saneamento básico;
III - dos prestadores de serviços públicos de saneamento básico;
IV - dos usuários de serviços de saneamento básico;
V - de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do
consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.”

No Capítulo IX na Lei é instituída a Política Federal de Saneamento Básico,


a qual, no Artigo quarenta e oito, estabelece suas diretrizes:

“Art. 48. A União, no estabelecimento de sua política de saneamento básico,


observará as seguintes diretrizes:
I - prioridade para as ações que promovam a eqüidade social e territorial no acesso
ao saneamento básico;
II - aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de modo a promover o
desenvolvimento sustentável, a eficiência e a eficácia;
III - estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços;
IV - utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no
planejamento, implementação e avaliação das suas ações de saneamento básico;
V - melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública;
VI - colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;
VII - garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa,
inclusive mediante a utilização de soluções compatíveis com suas características
econômicas e sociais peculiares;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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VIII - fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias


apropriadas e à difusão dos conhecimentos gerados;
IX - adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando em
consideração fatores como nível de renda e cobertura, grau de urbanização,
concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos sanitários,
epidemiológicos e ambientais;
X - adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento
de suas ações;
XI - estímulo à implementação de infra-estruturas e serviços comuns a Municípios,
mediante mecanismos de cooperação entre entes federados.

Parágrafo único. As políticas e ações da União de desenvolvimento urbano e


regional, de habitação, de combate e erradicação da pobreza, de proteção
ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas
para a melhoria da qualidade de vida devem considerar a necessária articulação,
inclusive no que se refere ao financiamento, com o saneamento básico.”

3.1.1.2 Instruções Normativas Federais Vigentes

A Política Nacional de Saneamento Básico, bem como todo o arcabouço


legislativo do Governo Federal, são usados como base para a execução de Planos
e Programas, que se usam de Decretos, Instruções Normativas, Portarias e
Resoluções dos Ministérios e Órgãos Federais competentes. A Instrução
Normativa n° 02/2010 do Ministério das Cidades, referente ao Programa
Saneamento para Todos – Mutuários Públicos, é sintetizados a seguir no que diz
respeito ao empréstimo para obras e serviços de drenagem urbana devido sua
importância no tema.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.5 Instrução Normativa n° 02/2010, Ministério das Cidades – Programa


Saneamento para Todos

A Instrução Normativa do Ministério das Cidades de número 02, de 20 de


janeiro de 2011, regulamenta os procedimentos e as disposições relativos às
operações de crédito no âmbito do Programa Saneamento para Todos –
Mutuários Públicos, instituído pela Resolução n° 476, de 31 de maio de 2005 do
Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, com
alterações e aditamentos. Considerando que esta Instrução Normativa trata de
todos os aspectos da Resolução do Conselho Curador do FGTS, tratar-se-á
unicamente dessa neste texto.
Nessa Instrução Normativa, as obras e serviços relacionados à drenagem
pluvial e ao manejo das águas pluviais urbanas encontram-se categorizados como
Manejo de Águas Pluviais, obedecendo ao texto a seguir:

“2.5 MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS


Destina-se ao investimento nas atividades de drenagem urbana; transporte,
detenção ou retenção de águas pluviais para amortecimento de vazões de cheias
em áreas urbanas; tratamento e disposição final das águas pluviais.

As ações devem contemplar a gestão sustentável da drenagem urbana com ações


estruturais e não-estruturais dirigidas à recuperação de áreas úmidas, à prevenção,
ao controle e minimização dos impactos provocados por enchentes urbanas e
ribeirinhas e ao controle da poluição difusa. Faz-se necessário ainda privilegiar a
redução, o retardamento, o amortecimento do escoamento das águas pluviais.

A modalidade admite o financiamento dos seguintes itens:


a) elaboração de estudos complementares ao projeto básico e de projetos
executivos do empreendimento objeto do financiamento. Não são financiáveis
estudos e projetos desvinculados do empreendimento. Item limitado a 3 % do valor
do investimento;

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

b) execução de obras e serviços, incluindo a aquisição e instalação de


equipamentos novos, tais como:
i. serviços preliminares - placa de obra, instalação de canteiros, tapumes e etc. Item
limitado a 4 % do valor do investimento;
ii. reservatório de amortecimento de cheias;
iii. parques isolados associados a reservatório de amortecimento de cheias ou
bacias para a infiltração de águas pluviais;
iv. banhados construídos;
v. restauração de margens;
vi. recomposição de vegetação ciliar;
vii. sistemas de aproveitamento das águas pluviais;
viii. bacias de contenção de sedimentos;
ix. dissipadores de energia;
x. adequação de canais para retardamento do escoamento, incluindo: (a) soleiras
submersas; (b) degraus; (c) aumento de rugosidade do revestimento e (d)
ampliação da seção e redução da declividade;
xi. desassoreamento de rios e canais;
xii. sistema de galerias de águas pluviais;
xiii. estações de bombeamento de águas pluviais;
xiv. canalização e/ou retificação de córregos quando associada a obras e ações que
priorizem a retenção, o retardamento e a infiltração das águas pluviais.Sendo aceito
somente quando o projeto comprovar a inviabilidade de adoção de soluções
técnicas que preservem as condições naturais dos cursos d’água;
xv. recuperação de áreas úmidas (várzeas), eventual renaturalização de rios e
córregos e recomposição de paisagem ou implantação de parques lineares;
xvi. controle de enchentes e erosões provocados pelos efeitos da dinâmica fluvial
incluindo a construção de espigões, muros de proteção, diques de contenção e
outros tipos de obras a serem indicadas ou definidas nos estudos e projetos;
xvii. obras de microdrenagem, incluindo: valas trincheiras, poços de infiltração,
poços de visitas e bocas de lobo;
xviii. ampliação e reabilitação de unidades de drenagem subdimensionadas, desde
que esgotadas as possibilidades de adoção de ações de que promovam o

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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amortecimento das vazões de pico, a redução do escoamento superficial e da


velocidade, e seja avaliado pelo agente financeiro. Item limitado a 30 % do valor do
investimento;
c) urbanização de caráter complementar, como a implantação de áreas verdes
(paisagismo, gramados e canteiros);
d) remanejamentos e/ou adequações em interferências com outros sistemas de
energia elétrica, comunicações e saneamento básico, incluindo: remoção e
relocação de linhas de transmissão de energia e estações de alta tensão
indispensáveis à implantação e adequado desempenho do empreendimento;
e) implantação de sistema de monitoramento e de informações pluviofluviométricas;
f) execução de obras complementares vinculadas à segurança do empreendimento.
Item limitado a 20 % do valor do investimento;
g) contenção de encostas instabilizadas pela ação das águas pluviais;
h) execução de outros itens necessários ao adequado desempenho do
empreendimento, incluindo, dentre outros, estradas de acesso e de serviços,
travessias, subestações rebaixadoras de tensão e eletrificação;
i) execução de outras ações de preservação ambiental necessárias à implantação e
adequado desempenho do empreendimento, inclusive de afastamento dos esgotos
sanitários por meio de coletores troncos e interceptores. Tais ações deverão ser
limitadas ao valor máximo de 20 % investimento;
j) execução de trabalho socioambiental visando a sustentabilidade socioeconômica
e ambiental do empreendimento, incluindo ações de educação ambiental e
promoção da participação comunitária;
k) reassentamento de famílias cuja remoção se faz indispensável para a
implantação do empreendimento;
l) guias, pavimentação, calçada, calçamentos e sarjetas, desde que sejam
complemento das obras de manejo de águas pluviais e indispensáveis para o bom
funcionamento e segurança do empreendimento; e
m) aquisição de terreno, limitado ao valor pago ou ao valor de avaliação, o que for
menor;

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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2.5.1 Nesta modalidade, o custo dos itens relativos ao manejo das águas pluviais
não deve ser menor que 60 % do valor do investimento e o custo dos itens
pavimentação, calçadas, calçamento, guias e sarjetas é limitado a no máximo 30 %
do mesmo valor, incluindo o percentual referente à recomposição de pavimento e
de guias e sarjetas inerentes ao local de intervenção.

2.5.1.1 O custo dos itens relativos ao manejo das águas pluviais será apurado a
partir da soma dos itens da alínea “b”, do item 2.5, excetuando o subitem “i.” No
caso da aquisição de terrenos destinados a construção de reservatórios de
amortecimento de cheias, será aceito o valor, nas condições estabelecidas na
alínea “m”, para compor o percentual relativo aos itens de manejo de águas pluviais.

2.5.1.2 Em casos especiais, devidamente justificados, admitir-se-á tratamento


excepcional para os limites estabelecidos no item 2.5.1, desde que haja
manifestação e posicionamento favorável do agente financeiro e a ratificação do
Gestor da Aplicação.

2.5.2 No caso de não previsão de obras e ações voltadas para a retenção e o


amortecimento de cheias e a infiltração das águas pluviais, deverá o projeto técnico
contar com justificativa técnica devidamente fundamentada sobre a não previsão de
tais itens, informando, se for o caso, a existência de tais estruturas no atual sistema
ou a desnecessidade das mesmas em função das características do local da
intervenção, incluindo o seu entorno, sendo de responsabilidade do agente
financeiro a avaliação das justificativas apresentadas e o acatamento ou não das
mesmas.

2.5.3 Os empreendimentos nesta modalidade devem ainda:


a) observar as diretrizes e recomendações previstas no plano de saneamento
básico ou em plano de manejo de águas pluviais e no plano de recursos hídricos da
bacia hidrográfica onde se localizam, e ainda os princípios de “Manejo Sustentável
de Águas Pluviais Urbanas”, constante no sítio do Ministério das Cidades, no
endereço:

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www.cidades.gov.br/saneamento/financiamento/publico
b) quando incluírem a construção de canais, privilegiar as soluções que não adotem
revestimentos, retificações ou canais fechados em cursos de água. Na
impossibilidade de adoção de tais diretrizes, apresentar justificativas
tecnicoeconômicas e plano que comprovem a viabilidade da operação e da
manutenção das estruturas propostas;
c) atender preferencialmente as áreas urbanas com alta densidade populacional nas
quais existam riscos de danos ao patrimônio e à saúde dos habitantes, decorrentes
de inundações ou erosões do solo;
d) adotar sistema separador absoluto, prevendo a eliminação do lançamento de
esgotos nas redes de manejo de águas pluviais na sua área de intervenção;
e) quando incluírem instalações de retenção ou detenção de águas pluviais,
comprovar a disponibilidade de meios para a operação e manutenção das mesmas,
de forma a assegurar funcionalidade e condições sanitárias adequadas;
f) privilegiar a utilização de pavimento permeável, nos itens de pavimentação;
g) apresentar o projeto do trabalho socioambiental quando o empreendimento
envolver a implantação e/ou ampliação de sistemas e intervenções que provoquem
interferências diretas nas condições de vida da população.”

3.1.1.3 Legislação Estadual Vigente

A seguir apresenta-se as Leis vigentes no Estado de Goiás com interfaces


com a Drenagem Urbana e o Manejo das Águas Pluviais.
No Estado de Goiás, a Legislação Estadual acerca dos Recursos Hídricos
baseia-se na Lei n° 13.123/97, que estabelece as normas de orientação à Política
Estadual de Recursos Hídricos e ao Sistema Integrado de Gerenciamento de
Recursos Hídricos.
Outra Lei importante é a de número 12.596/95, que institui o Código
Florestal Estadual. Nesta, institui-se os limites de Áreas de Proteção Permanente,
a serem respeitados tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais.

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1.1.1.6 Sistema de Prevenção e Controle da Poluição – Lei n° 8.544/78

A Lei n° 8.544, de 17 de outubro de 1978, institui o Sistema de Prevenção e


Controle da Poluição, na qual institui a proibição do lançamento ou liberação de
poluentes nas águas, no ar ou no solo e define o significado de poluição:

“Art. 2º - Considera-se poluição do meio ambiente a presença, o lançamento ou a


liberação nas águas, no ar ou no solo, de toda e qualquer forma de matéria ou
energia, com intensidade, em quantidade de concentração ou com características
em desacordo com as que forem estabelecidas em lei, ou que tornem ou possam
tornar as águas, o ar ou o solo:
I - impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde;
II - inconvenientes ao bem-estar público;
III - danosos aos materiais, à fauna e à flora;
IV - prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais
da comunidade.

Art. 3º - Fica proibido o lançamento ou liberação de poluentes nas águas, no ar ou


no solo.
Parágrafo Único - Considera-se poluente toda e qualquer forma de matéria ou
energia que, direta ou indiretamente, cause poluição do meio ambiente.”

1.1.1.7 Política Florestal do Estado de Goiás – Lei n° 12.596/95

A Política Florestal do Estado de Goiás (GOIÁS, 1995), a exemplo do


Código Florestal Nacional, regulamenta usos a áreas próximas a corpos hídricos
que influenciam diretamente no planejamento urbano e no manejo das águas
pluviais.
Em seu Artigo quarto, a Política afirma como um de seus objetivos o uso
racional dos recursos do meio-ambiente e a estimulação à sua recuperação, além
da preservação de faixas de vegetação às margens de corpos hídricos:

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“Art. 4º - säo objetivos desta lei:


IV - proteger o meio ambiente, garantir o seu uso racional e estimular a recuperaçäo
dos recursos ambientais;
V - promover a recuperaçäo de Áreas degradadas;
VIII - incentivar o desenvolvimento de projetos de proteçäo aos mananciais de
abastecimento público;
IX - incentivar a preservaçäo de faixas de vegetaçäo que margeiam nascentes,
cursos d'água, lagos e lagoas;”

No Artigo quinto, a Lei estipula os critérios de definição das Áreas de


Proteção Permanente, ressaltando que, em perímetros urbanos, deve-se respeitar
o preconizado na Legislação Municipal desde que não haja infringimento da
Legislação Estadual:

“Art. 5º - Consideram-se de preservaçäo permanente, em todo o território do Estado


de Goiás, as florestas e demais formas de vegetaçäo natural situadas:
II - ao longo dos rios ou qualquer curso d'água, desde seu nível mais alto, cuja
largura mínima, em cada margem, seja de:
a) 30m (trinta metros), para curso d'água com menos de 10m (dez metros) de
largura;
b) 50m (cinquenta metros), para o curso d'agua de 10m a 50m (dez a ciquenta
Metros) de largura;
c) 100m (cem metros), para cursos d'água de 50m a 200m (cinquenta a duzentos
metros de largura;
d) 200m (duzentos metros), para cursos d'água de 200m a 600m (duzentos e
seiscentos metros) de largura;
e) 500m (quinhentos metros), para cursos d'água com largura superior a 600m
(seiscentos metros);
III - ao redor das lagoas ou reservatórios d'água naturais ou artificiais, desde que
seu nível mais lato, medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima
seja de:
a) 30m (trinta metros), para os que estejam situados em áreas urbanas;

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b) 100m (cem metros), para os que estejam em área rural, exceto os corpos d'água
com até 20 ha (vinte hectares) da superfície, cuja faixa marginal seja de 50m
(cinquenta metros);
IV - nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'água",
qualquer que seja a sua situaçäo topográfica, num raio mínimo de 50m (cinquenta
metros) de largura;”
IX - em linha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido
horizontalmente, de acordo com a inundaçäo do rio e, na ausência desta, de
conformidade com a largura mínima de preservaçäo permanente da vegetaçäo
ripária exigida para o rio em questäo;

Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, compreendidas nos perímetros de


expansäo urbana definidos por leis municipais, nas regiöes metropolitanas e
aglomerados urbanos, em todo o território abrangido observar-se-á o disposto nas
respectivas Leis Orgânicas Municipais, Planos diretores e legislaçäo de uso do solo,
respeitados os princípios e limites mínimos a que se refere este artigo.”

No Artigo sexto da Lei, determina-se ainda outras situações nas quais


pode-se considerar determinada área como sendo de proteção permanente, e
assegura-se outros usos para as mesmas desde que haja o interesse social ou a
utilidade pública, com autorização do órgão ambiental competente e apresentação
de Estudo de Impacto Ambiental:

“Art. 6º - Considerar-se-äo ainda como de Preservaçäo Permanente as florestas e


demais formas de vegetaçäo assim declaradas por Resoluçäo do Conselho
Estadual de Meio Ambiente - CEMAM, quando destinadas a:
I - atenuar a erosäo;
VI - assegurar condiçöes de bem estar público;
VII - outras, consideradas de interesse para a preservaçäo de ecossistemas.

§ 1º - A utilizaçäo de vegetaçäo de preservaçäo permanente, ou das áreas onde


elas devem medrar, só será permitida nas seguintes hipóteses:

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I - no caso de obras, atividades, planos e projetos de utilidade pública ou interesse


social, mediante aprovaçäo de projeto específico pelo órgäo ambiental competente,
precedida da apresentaçäo de estudo de avaliaçäo de impacto ambiental;”

No Artigo sétimo a Lei atribui ao Poder Executivo Estadual a criação de


mecanismos de fomento ao florestamento e reflorestamento para, dentre outros,
minimizar a erosão de cursos d’água:

“Art. 7º - O Poder Executivo criará mecanismos de fomento a:


I - florestamento e reflorestamento, objetivando:
c) complementaçäo a programas de conservaçäo do solo e regeneraçäo de áreas
degradadas, para incremento do potencial florestal do Estado, bem como da
minimizaçäo da erosäo de cursos d'águas, naturais ou artificiais;”

1.1.1.8 Política Estadual de Recursos Hídricos – Lei n° 13.123/97

A Lei Estadual n° 13.123, de 16 de julho de 1997, estabelece as normas de


orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos e ao Sistema de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, instituindo normas que devem ser seguidas
por lançamentos de sistemas de drenagem pluvial.
No Artigo segundo, a Lei dispõe sobre os objetivos da Política, enquanto
que no Artigo terceiro esta dispõe sobre os princípios fundamentais:

“Art. 2º - A Política Estadual de Recursos Hídricos tem por objetivo assegurar que a
água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem
estar social, possa ser controlada e utilizada, em quantidade e em padrões de
qualidade satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo
território do Estado de Goiás.

Art. 3° - A Política Estadual de Recursos Hídricos atenderá aos seguintes princípios:

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I - Gerenciamento participativo integrado, sem dissociação dos aspectos


quantitativos e qualitativos e das fases meteórica, superficial e subterrânea do ciclo
hidrológico;
II - Reconhecimento e adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial
de planejamento e gerenciamento;
III - Reconhecimento do recurso hídrico como um bem público vital e de valor
econômico, cuja utilização deve ser cobrada, observados os aspectos de quan-
tidade, qualidade e as peculiaridades das bacias hidrográficas;
IV - Rateio do custo das obras de aproveitamento múltiplo de interesse comum ou
coletivo, entre os beneficiários;
V - Compensação aos municípios afetados por áreas inundadas resultantes da
implantação de reservatórios e por restrições impostas pelas Leis de proteção de
recursos hídricos e ambientais;
VI - Combate e prevenção das causas e dos efeitos adversos da poluição, da
contaminação, das inundações, das estiagens, da erosão do solo e do
assoreamento dos corpos d'água;
VII - Compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o
desenvolvimento regional, observando os aspectos econômicos, sociais, culturais e
políticas e com a proteção do meio ambiente.”

Seguindo a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei institui que, por


intermédio do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
SIGRH, o Estado assegurará meios financeiros e institucionais para atender a
Constituição Federal e a PNRH:

“Art. 4º - Por intermédio do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos


Hídricos - SIGRH, o Estado assegurará meios financeiros e institucionais para
atendimento do disposto nos artigos 132 e 140 da Constituição Estadual e
especialmente para:
I - Utilização racional os recursos hídricos (superficiais e subterrâneos), assegurado
o uso prioritário para o abastecimento das populações;

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II - Maximização dos benefícios econômicos e sociais resultantes do aproveitamento


múltiplo dos recursos hídricos;
III - Proteção das águas contra contaminações físicas, químicas e biológicas que
possam comprometer sua quantidade e qualidade e seu uso atual e futuro;
IV - Defesa contra eventos hidrológicos críticos, que ofereçam riscos à saúde e
segurança pública assim como prejuízos econômicos e sociais;
V - Desenvolvimento do transporte hidroviário e seu aproveitamento econômico;
VI - Desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção das
águas subterrâneas contra poluição e super exploração;
VII - Prevenção da erosão do solo nas áreas urbanas e rurais, com vistas à proteção
contra a poluição física e o assoreamento dos corpos d'água;
VIII - Desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção dos
mananciais de abastecimento público, com especial atenção para a bacia
hidrográfica do rio Meia Ponte e daqueles com potencial para utilização futura;
IX - Desenvolvimento de programas específicos de disseminação da legislação e
conscientização, visando o uso racional dos recursos hídricos.”

No Artigo oitavo, a Lei dispõe sobre os programas conjuntos com


municípios objetivando, dentre outros, a implantação, conservação e recuperação
de áreas de proteção permanente, zoneamento das áreas inundáveis, implantação
de sistemas de alerta e defesa civil, combate e prevenção de inundações e
erosões e tratamento das águas residuárias, das quais faz parte a drenagem
urbana:

“Art. 8º - O Estado realizará programas conjuntos com os Municípios, mediante


convênios de mútua cooperação, assistência técnica e econômico- financeira, com
vistas ao seguinte:
II - Implantação, conservação e recuperação das áreas de proteção permanente
obrigatória;
III - Zoneamento das áreas inundáveis, com restrições a usos incompatíveis nas
áreas sujeitas a inundações freqüentes e manutenção da capacidade de infiltração
do solo;

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IV - Implantação de sistemas de alerta e defesa civil para garantir a segurança e a


saúde públicas, quando de eventos hidrológicos indesejáveis;
VI - Combate e prevenção das inundações e erosão;
VII - Tratamento de águas residuárias, em especial dos esgotos urbanos.”

Em relação a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, no Artigo dezesseis


a Lei institui cobrança pela diluição, transporte e assimilação de efluente de
líquidos de qualquer natureza, ponderando os parâmetros físicos, químicos e
biológicos dos efluentes e a natureza da atividade responsável pelos mesmos:

“Art. 16 - A utilização dos recursos hídricos será cobrada na forma estabelecida


nesta lei e em seu regulamento, obedecidos os seguintes critérios:
II - Cobrança pela diluição, transporte e assimilação de efluentes de sistemas de
esgotos e de outros líquidos, de qualquer natureza, considerará a classe de uso em
que for enquadrado o corpo d'água receptor, o grau de regularização assegurados
por obras hidráulicas, a capacidade de diluição, a autodepuração, carga lançada e
seu regime de variação, ponderando-se, dentre outros, os parâmetros físicos,
químicos e biológicos dos efluentes e a natureza da atividade responsável pelos
mesmos.
§ 1º - No caso do inciso II, os responsáveis pelos lançamentos não ficam
desobrigados do cumprimento das normas e padrões legalmente estabelecidos
relativos ao controle de poluição das águas.”

No Artigo vinte e quatro, a Lei dispõe sobre o objetivo do Sistema Integrado


de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGHR, citando a gestão participativa
do Sistema, que congrega órgãos estaduais, municipais e a sociedade civil:

“Art. 24 - O Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH,


visa a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos e a formulação,
atualização e aplicação do Plano Estadual de Recursos Hídricos, congregando
órgãos estaduais e municipais e a sociedade civil, nos termos do artigo 140 da
Constituição Estadual.”

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Na Seção I do Capítulo II, nos Artigos trinta e quatro e trinta e cinco, a Lei
dispõe sobre a Participação dos Municípios, por meio de consórcios
intermunicipais ou por delegação de responsabilidades:

“Art. 34 - O Estado incentivará a formação de consórcios intermunicipais, nas bacias


ou regiões hidrográficas críticas, nas quais o gerenciamento de recursos hídricos
deve ser feito segundo diretrizes e objetivos especiais e estabelecerá convênios de
mútua cooperação e assistência com os mesmos.

Art 35 - O Estado poderá delegar aos Municípios, que se organizarem técnica e


administrativamente, o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse
exclusivamente local, compreendendo, dentre outros, os de bacias hidrográficas que
se situem exclusivamente no território do Município e os aqüiferos subterrâneos
situados em área urbanizadas.
Parágrafo único - O regulamento desta lei estipulará as condições gerais que
deverão ser observadas pelos convênios entre o Estado e os Municípios, tendo
como objetivo a delegação acima, cabendo ao Presidente do Conselho Estadual de
Recursos Hídricos autorizar a celebração dos mesmos.”

Nota-se que não há artigo algum escrito diretamente ao tratamento das


águas da drenagem urbana ou à amortização das vazões de pico pós-
urbanização, porém há a preocupação com a preservação das áreas naturais e
com a prevenção de inundações e erosões, que passam pela amortização de
vazões, pelo planejamento do sistema de drenagem local e pelo controle da
qualidade dos efluentes da drenagem urbana local.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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3.1.1.4 Decretos Estaduais Vigentes

1.1.1.9 Programa de Educação Ambiental no Estado de Goiás – Decreto n° 2.955/88

O Decreto n° 2.955, de 03 de junho de 1988, institui o Programa de


Educação Ambiental no Estado Goiás, na qual considera o Estado como tendo
meta maior assegurar ao cidadão a conquista de direitos legítimos, dentre os
quais a melhoria da qualidade de vida, e que a educação ambiental é fator de
formação de uma consciência ecológica capaz de reformular hábitos e práticas
fundamentais nas relações entre o homem e o ambiente.

1.1.1.10 Programa de Descentralização das Ações Ambientais – Decreto n° 5.159/99

No Decreto Estadual n° 5.159, de 29 de dezembro de 1.999, institui-se o


Programa de Descentralização das Ações Ambientais, que busca a gestão
ambiental compartilhada entre estado e municípios, com os objetivos e
instrumentos dispostos nos Artigos segundo e terceiro do Documento:

“Art. 2.º - O Programa de Descentralização das Ações Ambientais no Estado de


Goiás tem por objetivos:
I - a descentralização e a gestão ambiental compartilhada nos municípios do Estado
de Goiás, pelo estabelecimento de parceria da FEMAGO com as prefeituras
municipais e órgãos da administração estadual;
II - a melhoria do atendimento aos usuários dos serviços de fiscalização e
licenciamento da FEMAGO, através do atendimento local às demandas ambientais
das diferentes fases dos empreendimentos e das atividades econômicas;
III - o fomento da criação de instituições municipais de meio ambiente, através do
repasse de competências, recursos financeiros e meios materiais aos municípios;
IV - a intensificação da fiscalização do uso dos recursos naturais e das atividades
potencialmente poluidoras, pela ação de agentes locais, visando coibir as ações de
degradação ambiental;

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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V - a participação da sociedade na defesa do meio ambiente pela criação e pelo


fortalecimento dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente;
VI - o treinamento e a reciclagem técnica dos recursos humanos oriundos dos
quadros do funcionalismo municipal e estadual para atuação nas ações de
preservação ambiental;
VII - a regionalização e multiplicação dos programas de educação ambiental,
privilegiando a discussão e conscientização da problemática ambiental de cada
município;
VIII - a economia de recursos públicos e eliminação de duplicidade de ações,
evitando conflito de competências e dualidade de atividades entre os municípios e
os diferentes órgãos da administração estadual;
IX - o apoio técnico à iniciativas do Ministério Público pela agilização das vistorias e
dos relatórios técnicos em cada Comarca.

Art. 3.º - São instrumentos do Programa ora instituído:


I - a celebração de convênios de cooperação técnica específicos entre a FEMAGO,
prefeituras municipais e órgãos da administração estadual, com a interveniência da
Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Habitação;
II - o Programa contínuo de treinamento e reciclagem sob responsabilidade da
FEMAGO, objetivando formar e atualizar funcionários das prefeituras municipais e
órgãos estaduais para atuação nas atividades de gestão ambiental;
III - o repasse de recursos financeiros, de materiais permanentes e de consumo pela
FEMAGO, limitado a 50% (cinqüenta por cento) dos valores efetivamente
arrecadados em cada município com a emissão de licenças ambientais, na forma
definida em cada convênio de cooperação técnica;
IV - a criação e o fortalecimento dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente e
Fundos Municipais de Meio Ambiente, sob a responsabilidade das prefeituras
municipais conveniadas e com a cooperação da FEMAGO e da Secretaria do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Habitação;
V - a elaboração e implementação da Legislação Municipal de Meio ambiente, sob a
responsabilidade das prefeituras municipais conveniadas e com a cooperação da

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FEMAGO e da Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da


Habitação.”

1.1.1.11 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte – Decreto n° 5.580/02

O Decreto n° 5.580, de 09 de abril de 2002 dispões sobre a organização do


Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte – COBAMP, instituindo sua área
de atuação, suas competências e suas atribuições, dentre outros:

“Art. 1º. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte - COBAMP, criado pela
Lei 13.123, de 16 de julho de 1997, é órgão colegiado, com atribuições deliberativas
e consultivas, de nível regional e estratégico, do sistema Integrado de
Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de Goiás e vinculado ao Conselho
Estadual de Recursos Hídricos - CERHI.

Art. 2º. A área de atuação do COBAMP será a totalidade da Bacia Hidrográfica do


Rio Meia Ponte.

Art. 3º. Compete ao COBAMP:


I - promover o debate das questões relacionadas com recursos hídricos e articular a
atuação das entidades intervenientes;
II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados com
recursos hídricos, inclusive os relativos aos Comitês de Sub-bacias de cursos de
água tributários;
III - aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia,
respeitando as diretrizes:
a)do Comitê de Sub-bacia de curso de água do qual é tributário, quando existente;
b) do Conselho Nacional ou do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, conforme
o colegiado que o instituir;
IV - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir
os valores a serem cobrados;

45
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

V - compatibilizar os planos de Sub-bacias hidrográficas de cursos de água


tributários, com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica de sua
jurisdição;
VI - submeter, obrigatoriamente, os planos de recursos hídricos da Bacia
Hidrográfica à audiência pública;
VII - propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos as acumulações,
derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção
da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, limitados à
obrigação de cadastrar, de acordo com os domínios destes;
VIII - promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou
coletivo, de acordo com critérios e normas definidos pelo CERHI;
IX - desenvolver e apoiar iniciativas em educação ambiental em consonância com a
Lei federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999, instituidora da Política Nacional de
Educação Ambiental;
X - referendar o enquadramento dos corpos d'água em classe de uso preponderante
para encaminhamento ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos;
XI - propor a criação da Agência de Bacia;
XII - elaborar, alterar e aprovar o seu Regimento Interno.

Art. 4º. São, ainda, atribuições do COBAMP:


I - propor o enquadramento dos corpos d'água da Bacia Hidrográfica do Rio Meia
Ponte em classes de uso, submetendo-o à aprovação do Conselho Estadual de
Recursos Hídricos;
II - estabelecer níveis de qualidade e de disponibilidade dos recursos hídricos e
metas regionais que visem à sua utilização de forma sustentada;
III - propor aos órgãos competentes diretrizes para a outorga e o licenciamento
ambiental de uso dos recursos hídricos da bacia;
IV - propor aos órgãos competentes diretrizes para cobrança pelo uso e pelo
aproveitamento dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte;
V - propor diretrizes para a elaboração do Plano de Gestão dos Recursos Hídricos
da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte;

46
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

VI - compatibilizar os planos de sub-bacias e aprovar propostas do Plano de Gestão


de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte;
VII - dirimir eventuais divergências sobre o uso dos recursos hídricos no âmbito da
Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte;
VIII - encaminhar ao CERHI, nos meses de junho e novembro de cada ano, relatório
sucinto das atividades desenvolvidas no período.”

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, Bacia na qual o


Município de Aparecida de Goiânia se encontra inserido, ainda não instituiu o
Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, de modo que não é possível
determinar padrões e normas relativas a aspectos quali-quantitativos dos
lançamentos dos sistemas de drenagem urbana.

3.1.1.5 Legislação Municipal Vigente

A Legislação Municipal Vigente não apresenta qualquer Lei, Decreto ou


Normativa relacionada à drenagem urbana ou à descarga de efluentes em corpos
hídricos locais, porém apresenta considerações acerca do meio-ambiente e da
qualidade de vida dos cidadãos que necessitam de Programas e Medidas
relacionadas ao Manejo das Águas Pluviais e ao Saneamento Ambiental, como
explicitado pela síntese das Leis relativas ao Parcelamento, Zoneamento e Uso do
Solo do Município, além do seu Plano Diretor.

1.1.1.12 Planejamento Municipal Sustentável e Plano Diretor – L.C. n° 004/02

A Lei Complementar n° 004, de 30 de janeiro de 2002, dispõe sobre o


Planejamento Municipal Sustentável e o Plano Diretor do Município de Aparecida
de Goiânia, conceituando o Planejamento Municipal Sustentável e os Instrumentos
deste:

47
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

“Art. 1º O Planejamento Municipal Sustentável visa o pleno desenvolvimento das


funções sociais da cidade e da propriedade e tem por fim garantir e estabelecer
normas de ordem pública e interesse social que regulem o uso da propriedade
urbana e rural em prol do bem coletivo, de forma a diminuir as desigualdades de
acesso aos bens públicos e privados, protegendo o Meio Ambiente, principalmente
os ativos hídricos, ordenando o uso e a ocupação do território e integrando a
população no processo de planejamento de forma a garantir o desenvolvimento
sustentável.
§ 1º Para efeito desta Lei, considera-se desenvolvimento sustentável aquele que
direciona a interação entre o ambiente natural e o ambiente antropizado, de forma a
torná-los solidários para a garantia da qualidade de vida dos cidadãos, sem prejuízo
da disponibilidade dos recursos naturais, em condições de uso para as gerações
futuras, preservando a biodiversidade.[...]

Art. 3º Os seguintes instrumentos poderão, entre outros, ser utilizados no


Planejamento Municipal Sustentável:
I - de caráter administrativo, em especial:
a) Planos, programas e projetos nacionais, regionais, estaduais, metropolitanos e
municipais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico, social e
ambiental;”

1.1.1.13 Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo – L.C. n° 005/02

A Lei Complementar n° 005, referente ao Projeto de Lei n° 103, de 03 de


dezembro de 2001, dispõe sobre o zoneamento, o uso e a ocupação do solo na
área urbana e rural do Município.
No segundo Artigo, a Lei estabelece o interesse urbano, definindo entre
estes a preservação dos recursos necessários à vida urbana e rural:

“Art. 2º Considera-se de interesse urbano:

48
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

VI – preservação dos recursos necessários à vida urbana e rural, tais como: os


mananciais, as áreas arborizadas, os cursos d’água, os recursos minerais e
biológicos.”

No Capítulo II – Das Zonas de Uso, nos Artigos de onze a sessenta e


quatro, conceitua-se as zonas, bem como institui-se índices urbanísticos e
localização das mesmas. O Índice de Permeabilidade dos lotes destas zonas,
então, é definido neste Título, com os valores expostos no Quadro 20:

Quadro 20 - Índice de Permeabilidade do Zoneamento Municipal (APARECIDA DE GOIÂNIA,2002)


Zoneamento Índice de
Permeabilidade
Residencial de Baixa Densidade 30%
Residencial de Média Densidade 30%
Residencial de Alta Densidade 30%
Mista de Baixa Densidade 30%
Mista de Média Densidade 30%
Atividade Econômica I 30%
Atividade Econômica II 30%
Atividade Econômica III 30%
Influência da Rodovia e Anel 30%
Viário
Preservação Ambiental I 100%
Preservação Ambiental II 90%
Preservação Ambiental III 40%
Preservação Ambiental IV 50%
Desenvolvimento Estratégico -
Desenvolvimento Rural -

1.1.1.14 Parcelamento do Solo em Área Urbana e Rural – Lei n° 2.250/02

A Lei Municipal n° 2.250, de 30 de janeiro de 2002, dispõe sobre o


parcelamento do solo na área urbana e rural do Município.
Esta Lei dispõe sobre a Drenagem Urbana apenas em seu Artigo oitavo,
onde dispõe que o projeto de drenagem de águas pluviais deve ser apresentado
separadamente, não sendo obrigatório para a aprovação do parcelamento:

49
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

“Art. 8º Para obter o “Parecer Técnico de Avaliação do Projeto de Loteamento”, o


interessado elaborará o projeto de loteamento, e devera apresentá-lo, em 4
(quatro) vias, juntamente com os seguintes documentos:
§ 2º Deverão ser também apresentados separadamente os seguintes projetos:
I - De drenagem de águas pluviais;”

3.1.1.6 Proposta de Alteração da Legislação Municipal Vigente

Como proposta de alteração da Legislação Municipal vigente relativa à


Drenagem Urbana e ao Manejo das Águas Pluviais, vê-se como imperativo a
adição de artigos relativos à drenagem urbana nas Leis de parcelamento, uso e
ocupação do solo, notadamente nas Leis do Plano Diretor Sustentável do
Município.
As propostas encontram-se a seguir:

50
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.15 Proposta de Alteração da Lei Complementar n° 004, de 30 de janeiro de


2002.

Altera os Artigos 21 e 22 da Lei Complementar n° 004/2.002 –


que dispõe sobre o Planejamento Municipal Sustentável, sobre
o Plano Diretor de Aparecida de Goiânia, e dá outras
providências.

Art. 1° Altera os artigos 21 e 22 da Lei Complementar nº 004, de 30 de


janeiro de 2002, que dispõe sobre o Planejamento Municipal Sustentável, sobre o
Plano Diretor de Aparecida de Goiânia, e dá outras providências, que passam a
ser descritos da seguinte forma:

“Art. 21. ........................................................................................................


VII - no caso de empreendimentos que causem transtornos à população local
devido a mudança do escoamento das águas pluviais. [...]
§ 1º No caso do inciso IV e VI deste artigo, a comunidade deverá encaminhar
ao órgão público municipal competente pelo Planejamento Municipal Sustentável,
um abaixo assinado por moradores ou usuários do entorno justificando os motivos
pelos quais se sentem incomodados.”

“Art. 22. ........................................................................................................


VIII - interferências quali-quantitativas no escoamento das águas pluviais com
potenciais poluidores e quantificação de vazões de pico;
IX - geração de ruídos, riscos, incômodos e constrangimentos;
X - medidas mitigadoras com cronograma de suas implementações.”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Gabinete do Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia, aos _______ dias
do mês de ____________ do ano de _____.
Aparecida de Goiânia, __ de ____________ de _____.

______________________________________
PREFEITO MUNICIPAL

51
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.16 Proposta de Alteração da Lei Municipal n° 2.248, de 30 de janeiro de 2002.

Altera os Artigos 21 e 22 da Lei Municipal


n° 2.248/2.002 – que dispõe sobre a criação
do Fundo Municipal de Desenvolvimento
Ambiental Sustentável (FUMDAS e dá
outras providências.

Art. 1° Altera os artigos 1° da Lei Municipal nº 2.248, de 30 de janeiro de


2002, que dispõe sobre o parcelamento do solo na área urbana e rural do
Município de Aparecida de Goiânia e estabelece outras providências urbanísticas,
que passa a ser descrito da seguinte forma:

“Art. 1º O Fundo Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável (FUMDAS),


tem a finalidade de emprestar suporte financeiro aos projetos direcionados à
proteção ambiental e ao patrimônio histórico, à habitação, à implementação de
equipamentos públicos e comunitários e à implementação de medidas relacionadas
ao manejo das águas pluviais.”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Gabinete do Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia, aos _______ dias
do mês de ____________ do ano de _____.

Aparecida de Goiânia, __ de ____________ de _____.

______________________________________
PREFEITO MUNICIPAL

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.17 Proposta de Alteração da Lei Municipal n° 2.250, de 30 de janeiro de 2002.

Altera os Artigos 21 e 22 da Lei Municipal n° 2.250/2.002 – que


dispõe sobre o parcelamento do solo na área urbana e rural do
Município de Aparecida de Goiânia e estabelece outras
providências urbanísticas.

Art. 1° Altera o artigo 8° da Lei Municipal nº 2.250, de 30 de janeiro de


2002, que dispõe sobre o parcelamento do solo na área urbana e rural do
Município de Aparecida de Goiânia e estabelece outras providências urbanísticas,
que passa a ser descrito da seguinte forma:

“Art. 8° ........................................................................................................
b) memorial descritivo, o qual deverá conter, obrigatoriamente, pelo menos o
seguinte: [...]
4) estudo hidrológico local, com o valor do incremento nas vazões de pico em
relação à vazão de pré-urbanização e descrição das medidas mitigadoras dos
efeitos de urbanização, segundo diretrizes e normas do órgão executivo
competente;
5) relação dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços públicos ou de
utilidade pública, já existentes nas adjacências do loteamento numa faixa de 1000
(hum mil) metros lindeira à gleba;
6) cronograma de execução das obras com duração máxima de 2 (dois) anos; e
7) planilha de orçamento dos custos de implantação do loteamento; [...]
§ 2º Deverão ser também apresentados separadamente os seguintes projetos:
I - Projeto executivo de drenagem de águas pluviais;”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Gabinete do Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia, aos _______ dias
do mês de ____________ do ano de _____.
Aparecida de Goiânia, __ de ____________ de _____.

______________________________________
PREFEITO MUNICIPAL

53
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

3.1.1.7 Proposta de Lei de Controle dos Impactos do Escoamento


Superficial no Meio-Ambiente no Município

Dispõe sobre as medidas de controle das


águas pluviais urbanas em novos
parcelamentos.

SEÇÃO I – DOS CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DO PROJETO DE DRENAGEM

Art. 1º O lançamento de águas pluviais que seja efetuado diretamente em


corpos hídricos superficiais e que tenha sua vazão proveniente de
empreendimento que altere as condições naturais de permeabilidade do solo
estará sujeito à outorga prévia e à outorga de lançamento de águas pluviais.
Art. 2º Sem prejuízo de outros critérios legais, a outorga prévia e a outorga
de lançamento de águas pluviais em corpos hídricos será estabelecida levando-se
em consideração:
I - a vazão máxima gerada pelo empreendimento, considerando-se
as chuvas com tempo de recorrência de 10 (dez) anos;
II - as condições de retenção do aumento do escoamento devido ao
novo empreendimento;
III - a área máxima a ser impermeabilizada pelo empreendimento.
Art. 3º A outorga de lançamento de águas pluviais em corpo hídrico
superficial decorrente de impermeabilização do solo limitar-se-á à vazão
específica de até 24,4 L/(s.ha) (vinte e quatro inteiros e quatro décimos de litro por
segundo por hectare).
§ 1º O usuário deverá apresentar ao órgão responsável da Prefeitura
Municipal de Aparecida de Goiânia as medidas baseadas em estudo hidrológico
específico que garantam a manutenção de condições do corpo hídrico
equivalentes àquelas anteriores à ocupação do solo.
§ 2º A vazão máxima gerada pelo empreendimento será dimensionada
levando-se em consideração a vazão específica, a área total do terreno e o seu
percentual de impermeabilização.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

§ 3º As águas precipitadas sobre os terrenos não deverão,


preferencialmente, ser drenadas diretamente para ruas, sarjetas e/ou redes de
drenagem sem a devida contenção e retardamento do lançamento.
§ 4º Para terreno com área inferior a 600 m² (seiscentos metros quadrados)
e/ou destinado a habitação unifamiliar, a limitação de vazão referida no caput
deste artigo poderá ser desconsiderada, a critério do órgão de aprovação.
§ 5º Em casos de impossibilidade comprovada de atendimento das
condições estabelecidas no caput deste artigo, poderão ser apresentados estudos
alternativos que atestem a capacidade do corpo hídrico de receber vazão
específica de lançamento diversa, ficando esses estudos sujeitos à aprovação.

SEÇÃO II – DA MANUTENÇÃO DA QUALIDADE E QUANTIDADE DA ÁGUA

Art. 4º O lançamento de que trata o caput do art. 3º deverá manter a


qualidade e quantidade da água do corpo hídrico receptor.
§ 1º Para a manutenção da qualidade e quantidade da água do corpo
hídrico receptor deverão ser utilizados, preferencialmente, reservatório de
qualidade (Art. 5º) e reservatório de quantidade (Art. 6º), dispostos em série, nesta
respectiva ordem.
§ 2º Em casos de comprovada inviabilidade de implantação dos
reservatórios de qualidade e quantidade, poderão ser apresentadas medidas
alternativas que gerem resultados similares aos dos referidos reservatórios.

SEÇÃO III – DOS RESERVATÓRIOS QUALITATIVOS

Art. 5º A poluição difusa gerada em superfície impermeabilizada deverá ser


retida em reservatório de qualidade, com o objetivo de reduzir a concentração de
poluentes da água a ser lançada no corpo hídrico receptor.
§ 1º O reservatório de qualidade será dimensionado pela seguinte equação:
V = (33,8 + 1,80. Ai). Ac ;

55
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

onde V é o volume em m3 (metro cúbico), Ai é o percentual de área


impermeável do terreno e Ac é a área de contribuição do empreendimento em ha
(hectare).
§ 2º A vazão de saída do reservatório de qualidade para o reservatório de
quantidade será de, no máximo:

Q = V/86,4 ;

onde V é dado em m3 (metro cúbico) e Q é dado em L/s (litro por segundo).

SEÇÃO IV – DOS RESERVATÓRIOS DE QUANTITATIVOS

Art. 6º Para o dimensionamento do reservatório de quantidade deverão ser


observados o tamanho do terreno, seu percentual de impermeabilização e as
características da bacia, não podendo o lançamento no corpo hídrico ultrapassar a
vazão máxima específica de 24,4 L/(s.ha) (vinte e quatro inteiros e quatro décimos
de litro por segundo por hectare), ressalvado o exposto no § 5º do art. 3º.
§ 1º Quando a medida adotada para o controle de vazão de lançamento no
corpo hídrico for o reservatório de quantidade e a área de contribuição for inferior
a 200 ha (duzentos hectares), seu volume será determinado por meio da seguinte
equação:
V = (4,705 Ai). Ac ;
onde V é o volume, dado em m3 (metro cúbico), Ai é o percentual de área
impermeável do terreno e Ac é a área de contribuição do empreendimento em ha
(hectare).
§ 2º Para empreendimentos com área superior a 200 ha (duzentos
hectares), será necessário elaborar estudo hidrológico para determinar o volume
do reservatório de quantidade e seus dispositivos de saída, de forma a garantir
que a vazão a ser lançada no corpo hídrico receptor não ultrapasse a vazão de
pré-desenvolvimento, ressalvado o exposto no § 5º do art. 3º.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

§ 3º O estudo de que trata o parágrafo anterior deverá conter, no mínimo,


as seguintes condicionantes:
I - uso de modelo hidrológico de transformação de precipitação em
vazão com, pelo menos, o método do hidrograma, para que se estime o
volume do escoamento superficial que entra no reservatório. Para tanto,
deve-se considerar as chuvas com tempo de retorno de 10 (dez) anos;
II - a duração da chuva de projeto deve ser de, no mínimo, 24 (vinte e
quatro) horas, com sua distribuição temporal estabelecida dentro de
critérios de maximização do pico;
III - a área impermeável deve ser estabelecida de acordo com o
somatório das áreas impermeáveis previstas no projeto;
IV - a vazão máxima de saída não pode ultrapassar a vazão máxima
de pré-desenvolvimento;
V - a simulação deverá demonstrar o atendimento da retenção do
volume correspondente à chuva de projeto por 24 (vinte e quatro) horas e o
amortecimento da vazão a ser lançada no corpo hídrico, de forma a não
ultrapassar a vazão de pré-desenvolvimento.
SEÇÃO V – DA REDUÇÃO DA ÁREA IMPERMEABILIZADA
Art. 7º Poderá ser reduzido o percentual de área impermeável a ser
computado no cálculo referido no § 1º do art. 7º e no § 1º do art. 8º, quando forem
implementadas medidas que favoreçam a infiltração de água no solo, tais como:
I - aplicação de pavimentos permeáveis (blocos vazados com
preenchimento de areia ou grama, asfalto poroso, concreto poroso) - reduzir
em até 60% (sessenta por cento) a área que utiliza estes pavimentos;
II - desconexão das calhas de telhado de forma a direcionar a água
para superfícies permeáveis com drenagem - reduzir em até 40% (quarenta
por cento) a área de telhado drenada;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

III - desconexão das calhas de telhado de forma a direcionar a água


para superfícies permeáveis sem drenagem - reduzir em até 80% (oitenta
por cento) a área de telhado drenada;
IV - aplicação de trincheiras de infiltração - reduzir em até 80%
(oitenta por cento) as áreas drenadas para as trincheiras;
Parágrafo único. O usuário deverá apresentar estudos técnicos que
subsidiem a análise do percentual de área impermeável a ser reduzido em
decorrência de implementação de medidas de que trata o caput deste artigo.
SEÇÃO VI – DO CONTROLE E MANUTENÇÃO
Art. 8º Após a emissão do Parecer de Viabilidade e Diretrizes para o Projeto
de Loteamento, fica vedada qualquer impermeabilização adicional de superfície.
Art. 9º O requerente deverá apresentar um plano de manutenção dos
reservatórios de qualidade e de quantidade e dos dispositivos de infiltração,
devendo constar, nesse plano, a identificação do responsável pela manutenção.
Parágrafo único. Caso a falta de manutenção destes dispositivos ocasione
o aumento do escoamento para jusante do empreendimento, o outorgado estará
sujeito às penalidades previstas na legislação vigente e nas regulamentações da
Prefeitura Municipal.
Art. 10. Os critérios aplicados na implementação do reservatório de
qualidade deverão prever a redução de, no mínimo, 80% (oitenta por cento) dos
sólidos totais gerados na área impermeabilizada.
Art. 11. A velocidade do escoamento a jusante de obra de drenagem
executada não poderá aumentar em relação à condição existente.
§ 1º Um eventual aumento de velocidade de escoamento que seja
inevitável, em decorrência de determinado projeto hidráulico, deverá ser
amenizado por outro dispositivo que componha o mesmo projeto.
§ 2º O aumento de velocidade de escoamento somente poderá ser admitido
quando demonstrado tecnicamente que qualquer trecho de jusante tem condições
de suportar esse aumento.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

SEÇÃO VI – DISPOSIÇÕES FINAIS


Art. 12. Todos os usuários que efetuem lançamento de águas pluviais em
corpos hídricos superficiais no território do Município de Aparecida de Goiânia
deverão requerer a regularização em até 180 (cento e oitenta) dias após a
publicação desta Lei. O descumprimento implicará nas penalidades previstas na
legislação vigente.
Art. 13. Quando o outorgado estiver constituído como cooperativa,
associação ou entidade afim, a responsabilidade das ações, o cumprimento dos
compromissos e a prestação de informações serão obrigações de todos os
usuários, que transmitirão ao representante legal da entidade representativa as
informações necessárias para o atendimento das solicitações.
Parágrafo único. A Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia fará
avaliação periódica para determinação da área impermeável das propriedades,
ficando sujeita a penalidades os parcelamentos com área impermeável acima da
prescrita.
Art. 14. Os usuários que efetuarem lançamento de águas pluviais em
corpos hídricos superficiais deverão respeitar a legislação ambiental e articular-se
com o órgão competente, com vistas à obtenção de licenças ambientais, quando
couber, cumprindo as exigências nelas contidas, respondendo pelas
consequências do descumprimento das leis, regulamentos e licenças.
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Gabinete do Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia, aos _______ dias
do mês de ____________ do ano de _____.
Aparecida de Goiânia, __ de ____________ de _____.

___________________________________________
PREFEITO MUNICIPAL

59
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

3.2 MEDIDAS DE PLANEJAMENTO URBANO

3.2.1.1 Integração de planos e programas

O Planejamento Urbano apresenta-se para a gestão como a grande


ferramenta de controle e manutenção da máquina urbana, capaz de prever com
antecedência os possíveis problemas e definir as melhores soluções para tais
problemas sob os aspectos econômicos, políticos e sociais.
Segundo Ferrari (1979), “planejamento é o método de aplicação, contínuo e
permanente, destinado a resolver, racionalmente, os problemas que afetam uma
sociedade situada em determinado espaço, em determinada época, através de
uma previsão ordenada capaz de antecipar suas ulteriores consequências. Desta
forma, torna-se imperativo a prática do Planejamento Urbano em busca da
eficiência e da melhoria da qualidade de vida da população, com menores gastos
econômicos e sociais”.
Planejamento Urbano pode ser definido como “o manejo consciente da
mudança ambiental [...] envolve a tentativa de relacionar conhecimentos científicos
e técnicos a ações no domínio público.” (Friedman apud Kafta, 2001). Já segundo
Healey apud Kafta (2001), Planejamento Urbano define-se como “implicar numa
preocupação com interconexões de tempo, lugar e pessoas. É informado por um
senso de estratégia, objetivos a serem alcançados, valores a serem realizados,
caminhos a serem seguidos e maneiras práticas de encaminhamento”.
Conclui-se então, segundo Kafta (2001), que a atividade de planejamento
buscaria primeiramente reconhecer relações prevalentes entre tempo, lugar e
pessoas, num ambiente em que se assume a cidade (dinâmica urbana) e o
planejamento (ações da transformação urbana, articuladas ou não) como sistemas
complexos que são aqueles formados por muitas partes ou agentes vinculados
entre si por relações locais, de forma que cada agente, ao decidir uma ação em
função do menor custo e do maior benefício, produz externalidade que afetam
vizinhos.

60
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

A visão do desenvolvimento tem sido baseada na partição disciplinar do


conhecimento sem uma solução integrada (TUCCI, 2007). A fim de encontrar o
denominador comum das necessidades individuais e coletivas dos membros da
sociedade de modo satisfatório, colocando a todo o tempo as necessidades
coletivas acima das necessidades individuais, os organismos de gestão devem
possuir e executar seus Planos de forma integrada, de modo a garantir a
consolidação do processo de gestão da máquina pública definido nos Programas
e Planos, para que se consiga desenvolver um processo de trabalho eficiente que
tragam melhorias ao bem-estar social, sem que se esqueça da análise da
interferência entre estes, para que se determine uma envoltória de situações que
crie condição de se determinar as melhores soluções a serem adotadas para
resolução dos problemas.
No campo do Manejo das Águas Pluviais, faz-se necessária a Gestão
Integrada das Águas Urbanas, integrando diversos órgãos da Prefeitura, bem
como a Consessionária responsável pelos serviços de água e esgoto, para
assegurar a qualidade das águas urbanas e a prevenção de desastres naturais e
de epidemias de veiculação hídrica. A Gestão Integrada das Águas Urbanas é
uma condição necessária para que os resultados atendam as condições do
desenvolvimento sustentável urbano (TUCCI, 2007).

3.2.1.2 Gestão Integrada das Águas Urbanas

Aparecida de Goiânia, por seu histórico de urbanização, possui


majoritariamente ocupação baseada em lotes unifamiliares, com média
densificação da população. Ainda assim, pode-se observar uma grande
impermeabilização do solo causada pela população local, interessada no
aproveitamento máximo de seus lotes, vista pelos mesmos como a construção de
bem-feitorias e a consequente impermeabilização de suas unidades.
A Gestão Integrada das Águas Urbanas proposta ao município se baseia
em Tucci (2007), como segue:

61
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Para o Manejo das Águas Urbanas, define-se os princípios do


desenvolvimentos sustentáveis nas águas pluviais como sendo (NAHB Research
Center, 2004; EPA, 2000; U.S. Department of Housing and Urban Development,
2003 apud Tucci, 2007):

 Recuperação ou Manutenção das funções naturais:

o Aumento da Infiltração Local;

o Redução de Ravinamentos;

o Redução das Fontes de Poluição Difusas.

A fase sustentável de desenvolvimento urbano envolve a integração entre a


implantação no espaço, o projeto arquitetônico e as funções da infraestrutura de
água dentro do ambiente urbanizado, e não apenas a busca de espaços de
infiltração.
Atualmente, tanto o zoneamento quanto a implantação de facilidades
urbanas não possuem integração entre si e com a realidade natural local, devido a
compartimentação dos projetos em núcleos de desenvolvimento sem uma
estrutura de planejamento, organização e gestão que integre as diferentes células
e permita a troca de informações e demandas num ambiente controlado, com
processos definidos de envio e recebimento de necessidades e de resolução
transdisciplinar dos problemas apontados.
A visão integrada deve iniciar no planejamento do desmembramento e
ocupação do espaço na fase do loteamento, quando o projeto deve procurar
preservar o ravinamento natural existente. Ao contrário do que se projeta
atualmente, baseando-se apenas na maximização da exploração do espaço
independente da rede de drenagem natural, os desmembramentos do município
de Aparecida de Goiânia devem preservar o sistema natural e distribuir a
ocupação de modo a preservar área verde comum e integrar áreas impermeáveis
a gramados ou outros sistemas naturais vegetais, aumentando a infiltração e o
tempo de concentração, amortecendo as vazões de pico das ondas de cheia.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Em áreas industriais e comerciais, projetos específicos de controle deverão


ser criados, dentro de uma integração conceitual básica entre projetistas, e entre
os mesmos e os órgãos de gestão.
O uso do solo, as águas (tratadas e servidas) e as águas pluviais devem
ser vistas sob o olhar transdisciplinar e integralista, buscando integração entre
seus projetos e integração entre os diversos órgãos e concessionárias em busca
da melhoria das qualidades sócio-ambientais do município, criando alternativas às
áreas consolidadas e fiscalizando as novas áreas urbanas para que possuam
níveis explícitos de segurança contra eventos naturais e de salubridade.

Figura 33 - Relações Entre os Sistemas das Águas Urbanas (TUCCI, 2007)

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

3.2.1.3 Criação do Comitê Unificado do Manejo das Águas Urbanas

Para a integração entre as diferentes áreas de gestão no âmbito Municipal


e Estadual, propõe-se a criação de um Comitê Especializado do Manejo das
Águas Pluviais Urbanas, que integre funcionários da Secretaria Municipal de Meio-
Ambiente do Município, da Secretaria Municipal de Infraestrutura, da Defesa Civil
Municipal e da SANEAGO-GO. Este deve também contar com a participação, a
nível consultivo, de profissionais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Urbano e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Aparecida de
Goiânia, visando a integração dos diversos Programas Urbanos desenvolvidos por
estes órgãos com os Programas Ambientais e de Recursos Hídricos a serem
desenvolvidos pelo Comitê Unificado.
Este Comitê terá responsabilidade sobre o Controle e o Manejo das Águas
Urbanas, fazendo o acompanhamento e operacionalização das Medidas
Estruturais e Não-Estruturais do Plano Diretor de Drenagem Urbana do Município.
Ficará sob a responsabilidade do Comitê o Cadastro Unificado de Redes de
Água Tratada, Esgoto Cloacal e Drenagem Pluvial, que será baseado em um
Sistema de Informações Georeferenciadas (SIG) com plena interoperabilidade
com as demais bases de Informações Georeferenciadas do Município. O Comitê
deverá efetuar a atualização periódica do Cadastro Unificado, buscando
informações pretéritas não cadastradas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura
e pela SANEAGO a respeito das redes já existentes.
O Comitê Unificado do Manejo das Águas Pluviais Urbanas deve também
ter poder de fiscalização do Serviço de Coleta de Resíduos Sólidos e do Serviço
de Limpeza Urbana, garantindo a qualidade dos mesmos e apontando alternativas
para melhoria das condições de limpeza e da destinação dos resíduos coletados.
Os membros do Comitê Unificado do Manejo das Águas Urbanas devem
ser profissionais, de preferência concursados, da Secretaria Municipal de
Infraestrutura, Secretaria Municipal de Meio-Ambiente e SANEAGO/GO, com

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

diplomação de nível técnico ou superior nas áreas de Engenharia Civil,


Engenharia Ambiental, Gestão Ambiental e/ou de áreas correlatas.

•Base Topográfica Municipal •Estatísticas de Eventos e


e Cadastro Unificado; Desastres;
•Plano de Obras e Projetos; •Fiscalização das Medidas;
•Soluções Técnicas •Levantamentos das
Constutivas. Condições Municipais

Secretaria de
Defesa Civil
Infraestrutura

Concessionária
Secretaria de
de Água e
Meio-Ambiente
Esgoto
•Outorga de Lançamentos; •Informações dos Serviços
•Licensiamento Ambiental; Oferecidos;
•Cadastro Unificado;
•Medição e Controle de
•Qualidade da Água em
Dados Hidrológicos;
Lançamentos.

Figura 34 - Modelo de Integração do Comitê Unificado

1.1.1.18 Atribuições da Secretaria de Infraestrutura no Comitê Unificado de Manejo


das Águas Urbanas

A Secretaria Municipal de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia deverá ter


poder de voto no Comitê Unificado do Manejo das Águas Urbanas, sendo
responsável por:

 Manutenção do Cadastro Unificado das Redes de Águas Tratadas,


Águas Servidas e Águas Pluviais;

 Criação da Base Topográfica Unificada do Município de Aparecida de


Goiânia, em resolução mínima capaz de criar Curvas de Nível a cada
1,0m de altitude;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Execução e remodelagem do Plano de Obras e Projetos do Plano


Diretor de Drenagem Urbana e dos Programas derivados do mesmo e
de outros Planos;

 Solução e/ou Contratação de Serviços de Consultoria em Soluções


Técnicas Construtivas para situações problemáticas que impessam o
prosseguimento dos trabalhos de execução das Medidas Estruturais
e/ou Não-Estruturais do Plano Diretor de Drenagem Urbanas e
Programas correlatos;

 Acompanhamento e Gestão do Programa de Manutenção e


Acompanhamento das Estruturas de Infraestrutura Urbana
relacionadas à Macro e Microdrenagem do Município;

1.1.1.19 Atribuições da Secretaria de Meio-Ambiente no Comitê Unificado de Manejo


das Águas Urbanas

A Secretaria Municipal de Meio-Ambiente de Aparecida de Goiânia deverá


ter poder de voto no Comitê Unificado de Manejo das Águas Urbanas, sendo
responsável por:

 Outorga dos Lançamentos de Águas Servidas e Águas Pluviais;

 Acompanhamento da Qualidade da Água nos Lançamentos


Outorgados;

 Licensiamento Ambiental de Novos Empreendimentos e Imobiliários;

 Estudos de Ajuste de Conduta de Bairros já urbanizados e em


urbanização;

 Controle da Execução das Medidas Não-Estruturais do Plano Diretor


de Drenagem Urbana;

 Implantação, Medição e Controle dos Dados Hidrológicos e de


Qualidade da Água dos Corpos Hídricos Locais;

 Relatório Anual Quali-Quantitativo dos Corpos Hídricos Municipais.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1.1.1.20 Atribuições da Defesa Civil Municipal no Comitê Unificado de Manejo das


Águas Urbanas:

A Defesa Civil Municipal de Aparecida de Goiânia deverá ter poder de voto


no Comitê Unificado de Manejo das Águas Urbanas, sendo responsável por:

 Estatísticas de Eventos Hidrológicos e Desastres Naturais;

 Fiscalização da Execução das Medidas Estruturais e Não-Estruturais


do Plano Diretor de Drenagem Urbana;

 Levantamentos Periódicos das Condições da Infraestrutura Urbana


com apontamentos referentes a pontos críticos;

 Relatório Anual Quali-Quantitativo dos Corpos Hídricos Municipais.

1.1.1.21 Atribuições da Concessionária de Água e Esgoto Local:

A Concessionária de Água e Esgoto Local, por ter grande papel, poder e


interesse nas questões ligadas ao Manejo das Águas Urbanas e nas obras de
infraestrutura local, deverá ter poder de voto no Comitê Unificado de Manejo das
Águas Urbanas, sendo responsável por:

 Informações quali-quantitativas dos Serviços oferecidos no Município;

 Adição dos dados referentes às redes de Água Tratada e Esgoto ao


Cadastro Unificado das Redes de Águas Tratadas, Águas Servidas e
Águas Pluviais;

 Monitoramento da Qualidade da Água em Lançamentos próprios de


Águas Servidas localizados dentro dos limites do Município e/ou
advindos de sistemas de coleta do Município de Aparecida de
Goiânia.

1.1.1.22 Atribuições de Órgãos Competentes e Sociedades de Classe Municipais e


Estaduais no Comitê Unificado de Manejo das Águas Urbanas

Os demais órgãos municipais e estaduais, aos quais competirem tarefas


relacionadas ao planejamento urbano, bem como as entidades de classe

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

interessadas, deverão apresentar representantes, em caráter consultivo, ao


Comitê Unificado do Manejo das Águas Urbanas para integração entre projetos,
propondo medidas e solicitando execução de ações que visem a preservação do
meio-ambiente nas áreas urbanas e a melhoria da qualidade das águas
municipais e dos serviços urbanos.

1.1.1.23 Atribuições Gerais dos Representantes no Comitê Unificado de Manejo das


Águas Urbanas

Todos os representantes dos órgãos competentes e entidades de classe,


tenham poder de voto ou não, devem ser responsáveis pela discussão aberta das
alternativas para a melhoria da qualidade de vida da população, dos índices de
poluição e da preservação ambiental, propondo soluções e projetos.
O Comitê deverá se reunir periodicamente, discutindo todos os projetos de
infraestrutura urbana a serem desenvolvidos no Município no que tange aos
aspectos do Manejo das Águas Urbanas.

3.2.1.4 Zoneamento de Corpos Hídricos

O Município de Aparecida de Goiânia apresenta formação geológica


baseada em três unidades geomorfológicas, as quais apresentam declividades
propícias à boa drenagem do município.
O perfil de solo baseado em Neossolos Litólicos, Cambissolos Háplicos e
Neossolos Quartzarênicos, todos solos intemperizados e altamente hidrofílicos,
contribuem para a criação de zonas de erosão fluvial que formam vales
encaixados de alta declividade que absorvem toda a vazão de escoamento
superficial e sub-superficial, caracterizando-se na Macrodrenagem da região.
Uma característica da Macrodrenagem do Município de Aparecida de
Goiânia é a criação de leitos profundos com declividades médias a acentuadas,
denominados vales encaixados, criando uma planície de inundação de área menor
que a normalmente encontrada em locais de relevo menos acentuado.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Figura 35 - Declividade Percentual do Município de Aparecida de Goiânia

Pelo fato do Município não dispor de dados referentes à sua Hidrologia


Fluvial, determinou-se as áreas do zoneamento de usos por meio de legislação
vigente e de distâncias utilizadas em outros contextos urbanos parecidos com os
do Município de Aparecida de Goiânia.
Ressalva-se a necessidade de instalação de sistemas de medição nos
corpos hídricos locais e da determinação das curvas Cota x Vazão dos mesmos
para determinação precisa das condições de escoamento locais e estudos do
zoneamento municipal.
Segundo o Artigo 5º da Lei Estadual nº 12.595/95, os limites das Áreas de
Preservação Permanente no Estado de Goiás são:

“Art. 5º - Consideram-se de preservaçäo permanente, em todo o território do Estado


de Goiás, as florestas e demais formas de vegetaçäo natural situadas:
II - ao longo dos rios ou qualquer curso d'água, desde seu nível mais alto, cuja
largura mínima, em cada margem, seja de:

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

a) 30m (trinta metros), para curso d'água com menos de 10m (dez metros) de
largura;
b) 50m (cinquenta metros), para o curso d'agua de 10m a 50m (dez a ciquenta
Metros) de largura;
c) 100m (cem metros), para cursos d'água de 50m a 200m (cinquenta a duzentos
metros de largura;
d) 200m (duzentos metros), para cursos d'água de 200m a 600m (duzentos e
seiscentos metros) de largura;
e) 500m (quinhentos metros), para cursos d'água com largura superior a 600m
(seiscentos metros);
III - ao redor das lagoas ou reservatórios d'água naturais ou artificiais, desde que
seu nível mais lato, medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima
seja de:
a) 30m (trinta metros), para os que estejam situados em áreas urbanas;
b) 100m (cem metros), para os que estejam em área rural, exceto os corpos d'água
com até 20 ha (vinte hectares) da superfície, cuja faixa marginal seja de 50m
(cinquenta metros);
IV - nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'água",
qualquer que seja a sua situaçäo topográfica, num raio mínimo de 50m (cinquenta
metros) de largura;
IX - em linha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido
horizontalmente, de acordo com a inundaçäo do rio e, na ausência desta, de
conformidade com a largura mínima de preservaçäo permanente da vegetaçäo
ripária exigida para o rio em questäo;”

Deste modo, tomando-se a realidade municipal de largura de corpos


hídricos e declividade local, propõe-se a criação de Zona de Proteção Permanente
com os seguintes limites:

 Nascentes e “olhos d’água”: 50,0 m (cinquenta metros) a partir do


perímetro externo;

 Rios ou Cursos d´Água com largura de superfície de até 50,0 m:


50,0 m a partir da borda do curso d´água;

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

 Rios ou Cursos d´Água com largura de superfície entre 50,0 m e


200,0 m: 100,0 m a partir da borda do curso d´água;

Com o cadastramento de seções dos corpos hídricos locais e a


determinação das cotas de inundação destes a partir de curvas vazão-cota, estes
valores deverão ser modificados, adotando-se valores específicos para cada corpo
hídrico local.

3.3 MEDIDAS DE CARÁTER EDUCATIVO.

3.4 A educação ambiental

Todo trabalho educativo ambiental pressupõe ações contínuas e


constantes para a manutenção de seus objetivos e visa o desenvolvimento
de hábitos e habilidades que sejam capazes de gerar modificações de
práticas na população e promovendo mudanças de comportamento com
relação aos recursos hídricos e inter-relacionadas à drenagem urbana
(destinação adequada de lixo e esgotos, proteção das matas ciliares,
adoção de medidas de controle de vazão na fonte, etc.).
Assim, a sensibilização oportunizada pelo processo de educação
ambiental,deve procurar estimular a participação ativa da população nas
ações mitigadoras, bem como uso e conservação do sistema de drenagem
e demais aspectos que se dizem respeito a ao meio ambiente e sua
conservação. A capacidade do efeito multiplicador do trabalho somente será
observada a médio e longo prazo.
Destaca-se o papel da educação como importante estratégia de
promoção da saúde. Para a OPAS (1995, p. 40), “a educação vista como o
processo de transformação do sujeito,que ao transformar-se, modifica seu
entorno e vice-versa. A transformação dos sistemas sociais só é possível
mediante a transformação dos seres humanos que os configuram”. O

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

entendimento da comunidade e a participação na vida social são


considerados ações importantes para a transformação da realidade. As
medidas aqui propostas buscam desenvolver ações visando à qualidade de
vida por meio da melhoria do espaço intra- e Peri - domiciliar e de
convivência coletiva. De forma geral, estas ações podem ser estabelecidas
como:

 Levantar questões socioeconômicas e demográficas junto à órgãos


competentes, como por exemplo Universidades, Escolas Publicas e
Particulares de ensino médio e/ou superior, onde os envolvidos
mediante a aplicação de cadastros e questionários coletarão dados
que favorecerão atividades de saúde, educação ambiental, promoção,
prevenção das doenças ocasionadas pelo impacto ambiental. As
informações obtidas das entrevistas com as famílias permitem o
diagnóstico da realidade e a análise os resultados.

 Promover a educação ambiental de forma interdisciplinar, nas


instituições de ensino básico,formando multiplicadores;

 Sensibilizar as pessoas do primeiro, segundo e terceiro setores sobre


as questões ambientais e de ações sustentáveis.

Assim o intuito é propor ações educativas relacionadas as questões


ambientais no cotidiano escolar que possa levar os alunos e a comunidade
a mudanças simples de atitudes.
O Plano Nacional de Educação Ambiental - Lei 9.795/99 preconiza
que a temática ambiental deva estar presente no currículo escolar como um
assunto que permeie todas as relações e atividades pedagógicas da escola.
O sistema educacional incentiva a inserção da temática ambiental

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

como tema transversal dentro dos Parâmetros Curriculares Nacionais –


PCN’s, além de citar a necessidade da capacitação dos professores,
conforme artigo, 11 parágrafo único da Lei 9.795/99, “os professores em
atividade devem receber formação complementar em suas áreas de
atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos
princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental”.

3.5 Das atividades

Curso de Capacitação em Educação Ambiental em parceria à órgãos


competentes através de encontros presenciais em curso de extensão, com
o objetivo de unir experiências pedagógicas dos professores aos aspectos
ambientais e sociais da atualidade e levar a discussão aos alunos no
cotidiano escolar.
Promover Gincanas nas escolas da rede Pública e Particular, onde as
ações girem em torno da arrecadação d materiais recicláveis mobilizando à
sociedade a eventos sobre a destinação dos mesmos.

3.6 A educação ambiental na escola

A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao


seu processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza
representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova.
Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na
prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de
cidadãos responsáveis.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Considerando a importância da temática ambiental e a visão


integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios
efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações
humanas e sua conseqüência para consigo, para sua própria espécie, para
os outros seres vivos e o ambiente.
É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e
adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos,
colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um
ambiente saudável.
Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do
currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola
ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão
holística, ou seja, integral do mundo em que vive.
Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma
sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a
presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos
das diversas disciplinas e das atividades escolares.
A Educação é a base para o desenvolvimento de um país, pois
através dela as pessoas têm subsídios para exigir seus direitos e cumprir os
seus deveres, ou seja, as pessoas têm condições de desempenhar o seu
papel de cidadão. É a participação cidadã que surge como "mola-mestra" na
solução dos problemas ambientais e na proposta de conviver em sociedade
e com a natureza. E a participação pode se dar nos mais diversos níveis: no
caso da participação em relação à resolução dos problemas ambientais, ela
é a principal das profundas transformações que estão ocorrendo para
assegurar a convivência democrática, sustentável e harmônica dos seres
humanos entre si e com o ambiente.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

De acordo com o biólogo João Luís de Abreu Vieira a Educação


Ambiental entra não somente como uma passagem de informações - como
ocorre geralmente com a Educação Tradicional - mas também na aplicação
dessas informações como forma de mudança de comportamentos e atitudes
em relação aos problemas ambientais. E quem já aprendeu - o Educador
Ambiental - pode partilhar com quem apenas inicia esta jornada - os alunos
- que serão transmissores desses conhecimentos aos seus pais, vizinhos,
amigos, enfim, como se fosse através de uma corrente, pois, ao contrário do
que Paulo Freire decidiu chamar de "Educação Bancária", caracterizada
pelo acúmulo de informações "pré-fabricadas" sem conexão com o potencial
de "evocação" existente em qualquer aprendizagem, a Educação Ambiental
se baseia na premissa de que é na reflexão sobre a ação individual e
coletiva em relação ao meio ambiente que se dá o processo de
aprendizagem. Ou seja, ela vem da emergência de uma percepção
renovada de mundo chamada de holística.
Em outras palavras, é uma forma íntegra de ler a realidade e atuar
sobre ela através de uma visão de mundo como um todo, não podendo ser
reduzida só a um departamento, uma disciplina ou programa específico. Daí
a necessidade de ligar ações multi e interdisciplinares à Educação
Ambiental - contando com a ajuda de profissionais ligados à área da
Educação como também a Biologia, Artes, Ecologia, Geografia, História,
Matemática, Português, enfim, todos aqueles que trabalham como
professores das disciplinas básicas nas escolas de primeiro e segundo
graus, sendo disseminadores desses conhecimentos que serão inseridos na
vida cotidiana de todos os indivíduos.
A Educação Ambiental é uma proposta de filosofia de vida que
resgata valores éticos, estéticos, democráticos e humanistas. Ela parte de

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

um princípio de respeito pela diversidade natural e cultural, que inclui a


especificidade de classe, etnia e gênero, defendendo, também, a
descentralização em todos os níveis e a distribuição social do poder, como
o acesso à informação e ao conhecimento.
A Educação Ambiental visa modificar as relações entre a sociedade e
a Natureza, a fim de melhorar a qualidade de vida, propondo a
transformação do sistema produtivo e do consumismo em uma sociedade
baseada na solidariedade, afetividade e cooperação, ou seja, visando a
justa distribuição de seus recursos entre todos.
Para viver nosso cotidiano de maneira mais coerente com os ideais
de uma sociedade sustentável e democrática, é necessária uma educação
que repense velhas fórmulas de vida, propondo ações concretas para
transformar nossa casa, rua, bairro, enfim, comunidades, sejam elas no
campo ou na cidade, na fábrica, na escola ou no escritório.
Cabe ressaltar que a proteção ao meio ambiente é um pressuposto
valioso para o entendimento de um outro valor fundamental – o direito à
vida.
A Educação Ambiental segundo Guimarães (1995) é um instrumento
de tomada de consciência do fenômeno do subdesenvolvimento e de suas
implicações ambientais, que tem responsabilidade de promover estudos e
de criar condições para enfrentar esta problemática eficazmente, portanto
segundo Antuniassi (1995) se constitui, numa ação conscientizadora que
tem por objetivo levar o homem, nos seus diferentes papéis a reassumir sua
condição de comportamento no ecossistema que a civilização moderna vem
negando e que, numa visão prospectiva, poderá inviabilizar sua própria
sobrevivência.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

3.7 Propostas de trabalho nas escolas sobre educação ambiental

1. Analisar o contexto sócio-ambiental tanto da escola como da


comunidade a partir de problemas causados pela falta de
conscientização ambiental;

2. Desenvolver atitudes e habilidades de sensibilização e cidadania nos


alunos, perante as problemáticas ambientais existentes no entorno e na
escola;

3. Estabelecer uma interação entre educadores e educandos no que se


refere a sensibilização necessária a uma práxis educativa ambiental;

4. Levantamento do perfil ambiental da escola (se possui área verde, horta,


separação de lixo, etc.);

5. Levantamento dos projetos que estão sendo desenvolvidos nas escolas;

6. Acompanhamento de projetos específicos na(s)escola(s) que serão


desenvolvidos pelos professores (horta comunitária, reciclagem de lixo,
bacia hidrográfica como unidade de estudo, trilhas ecológicas, plantio de
árvores, recuperação de nascentes, etc...);

7. Realização de campanhas educativas utilizando os meios de


comunicação disponíveis, imprensa falada e escrita, distribuição de
panfletos, folder, cartazes, a fim de informar e incentivar a população em
relação à problemática ambiental;

7.1. Lixo (redução, reutilização e reciclagem);

7.2. Água (consumo, disperdício, poluição);

7.3. Florestas (porque preservá-las?);

7.4. Fogo (prevenção, efeitos negativos ao meio ambiente);

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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7.5. Agrotóxicos (riscos para a saúde, danos ambientais);

7.6. Respeito aos animais silvestres e domésticos;

7.7. Noções de saúde (higiene, prevenção de doenças);

7.8. Cidadania (direitos do cidadão), etc...

Ao programar um projeto de educação para o ambiente, facilitasse


aos alunos e à população uma compreensão fundamental dos problemas
existentes, da presença humana no ambiente, da sua responsabilidade e do
seu papel crítico como cidadãos de um país e de um planeta.
Desenvolvendo-se assim, as competências e valores que conduzirão a
repensar e avaliar de outra maneira as suas atitudes diárias e as suas
conseqüências no meio ambiente em que vivem.
Através de atividades e ações programadas, objetivamos promover a
sensibilização da população sobre a importância e a necessidade da
preservação e da conservação do ambiente em que estão inseridos, e ainda
a população abrangida pelo projeto receberá conhecimentos de cidadania,
saúde, higiene e segurança.

3.8 Educação ambiental na formação dos professores

O papel do professor deve ser analisado permanentemente e revisto


com profundidade em uma sociedade em aceleradas mudanças e com
contrastes muito marcantes. O professor pode ser o responsável, ainda que
não direta ou individualmente, por uma concepção de desenvolvimento que
esteja direcionado às finalidades mais ou menos humanas.
Por isso é preciso oportunizar ao professor uma reflexão mais
profunda, séria e compromissada do seu papel social, da sua ação

78
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

pedagógica. Isto implica necessariamente que como formadores de


professores analisemos e assumamos uma formação docente que preencha
as necessidades e exigências de transformação da sociedade que
idealizamos.
Segundo Reigota (1994), a escola pode ser considerada como um
dos locais privilegiados para a consecução da Educação Ambiental, que
com a perspectiva de educação, deve permear todas as disciplinas,
enquanto enfocar as relações entre a humanidade e o meio natural. Cada
disciplina tem sua contribuição a dar nas atividades de Educação Ambiental,
envolvendo professores de todas as áreas de conhecimento. Entretanto, a
busca de soluções de problemas ambientais carece de uma maior
integração interdisciplinar para a busca do conhecimento.
¨Formação de Professores é o campo de conhecimentos,
investigação e de propostas teóricas e práticas, que dentro da Didática e
Organização Escolar, estuda os processos mediante os quais os
professores - em formação ou em exercício - se implicam individualmente
ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais
adquirem ou melhoram seus conhecimentos, destrezas e disposições, o que
lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento de seu ensino,
do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da
educação que recebem os alunos (Marcelo, 1995, p 193).
Para atuar dentro desta compreensão é fundamental que os
professores já formados, bem como os em formação, desenvolvam suas
atitudes coerentes com os pressupostos éticos fundamentais das práticas
educativas.
Já não basta a elaboração destes objetivos fundamentais à luz da
Constituição Federal ou mesmo em legislações específicas. É preciso

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

reorientar a ¨práxis¨ (consciência e prática dos direitos e deveres) para a


construção da verdadeira atitude cidadã.
A formação e a capacitação de docentes para a Educação
Ambiental é, na atualidade, objetivo reconhecido e inclusive prioritário de
muitas administrações educativas assim como de numerosas instituições e
organismos, oficiais ou não, sensíveis a esta necessidade.
Trata-se, de acordo com Marcelo (1999), de uma tarefa complexa que
não pode ser abordada sem contextualizá-la nos problemas gerais do
sistema educativo, nas políticas de desenho de currículos e nas específicas
características da Educação Ambiental.
Uma das ações estratégicas no que se refere ao ensino formal existe
a preocupação com a capacitação de docentes e técnicos de ensino,
através de cursos de atualização e pós-graduação, para atuarem como
multiplicadores do processo de Educação Ambiental nos sistemas de
ensino;
O apoio de projetos no âmbito de cada Estado, que estejam voltados
para o desenvolvimento de ações que integrem os currículos dos diferentes
graus e modalidades de ensino ao Programa de Educação Ambiental, como
atualização de docentes em todos os níveis com vistas ao desenvolvimento
da educação ambiental nas escolas, apoiando projetos de pesquisa, com o
intuito de produzir instrumentos e metodologias voltadas para a abordagem
da dimensão ambiental nos currículos integrados dos diferentes graus e
modalidades de ensino.
Embora essas questões sejam extremamente importantes e devam
ser consideradas, aliadas à garantia de preservação dos recursos naturais e
determinadas espécies animais e vegetais, é prioritário que sejam
focalizadas as questões econômicas e culturais entre a humanidade e a

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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natureza e entre os homens, fazendo-nos entender a educação ambiental


como formadora de cidadania nacional e planetária, fundamentando as
relações sociais e com a natureza na ética, portanto, uma educação
ambiental como educação política (Reigota, 1994, p. 10).
Entendendo que toda a educação veicula, mais ou menos
explicitamente, um conjunto de valores e preceitos, portanto uma ética, esta
deve ser considerada como pedra fundamental para a consecução de uma
educação ambiental enquanto dimensão norteadora da formação docente.

3.9 Considerações finais.

O entrelaçamento da Educação Ambiental com os mais diversos


ramos do saber torna-se cada vez mais urgente. A necessidade e urgência
deste tipo de formação têm sido alvo, desde há muito anos, às distintas
administrações educativas, bem como de diversas instituições
internacionais. Isto se deve, com certeza, a crescente consciência da
problemática do meio ambiente e a constatação de que desde o sistema
educativo podem ser estabelecidas respostas ao desafio de solucionar tal
problemática de forma eficiente. Isto tem levado, desde há décadas, a
introdução da Educação Ambiental e a conseguinte necessidade de
formação do professorado. Parece evidente que uma das chaves para o
desenvolvimento da Educação Ambiental está na formação de educadores.
Entretanto, um dos desafios mais difíceis desta formação é a de que, devido
à natureza transversal da Educação Ambiental, todo o professorado é
afetado. Para González Muñoz (1999), não se trata de formar ou reciclar
professores de Ciências da Natureza, de Matemática ou de Tecnologia,
senão a todos e a todas, superando a idéia de que só afeta aos primeiros,

81
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

que habitualmente vem sendo os que mais atenção tem recebido sobre o
assunto. Uma formação que se diz ambiental trata de superar uma
orientação voltada a reforçar apenas os conhecimentos ecológicos ou a
promover algumas atividades naturalistas, de análises de diversos
problemas: a contaminação, a água, etc., pela crença de que a análise
ambiental requer uma abordagem desde disciplinas específicas como a
Biologia e a Ecologia.
Entendemos que as recomendações são insistentes em inferir que o
importante é a superação das simples atividades ecológicas. Estas não são
consideradas suficientes para ambientalizar um currículo ou desenhar uma
Educação Ambiental. Neste sentido é preciso que a biodiversidade social e
humana seja valorizada, considerando-se que a crise ambiental é uma crise
cultural e civilizatória (BRASIL, 1997), da qual o antropocentrismo tem sido
o principal causador. Desta forma é preciso uma reorientação das práxis
humana para o restabelecimento de um meio ambiente mais "inteiro".
Os exemplos aqui apresentados, longe de serem apenas exemplos
que se configuram no campo das disputas profissionais, têm se refletido
também no meio escolar, visto a acessibilidade das informações pela
televisão, onde na maior parte das vezes os ídolos dos estudantes
apresentam condutas que inúmeras vezes são uma verdadeira afronta à
moral e à ética que se supõe deveriam estar presentes nas ações
educativas.
O professor, como mediador do processo ensino-aprendizagem, é um
dos responsáveis por tornar isso possível, o que justifica a importância da
formação docente em Educação Ambiental, voltada para a perspectiva
interdisciplinar. O educador com postura interdisciplinar conhece e está
preparado para programar essa prática no seu fazer docente. Ele exerce um

82
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

papel de grande importância na concretização da formação integradora do


aluno, pois conhece os elementos necessários para o estímulo da turma,
cria oportunidades para novas descobertas e experiências, proporciona
momentos de atividade integrativa, crítica, reflexiva, nos quais o estudante
possa expor suas emoções e seus sentimentos decorrentes do processo de
aprendizado. O ensino interdisciplinar busca a mudança de postura e a
conscientização do educando, e o professor envolvido nessa busca
compromete-se com o oferecimento das condições e da liberdade
necessárias para o desenvolvimento de seus alunos.

4. PLANO DE OBRAS
4.1 A urbanização

A urbanização representa uma das manifestações mais significativas


da atividade humana. A explosiva urbanização do mundo e os problemas
relacionados com os grandes conglomerados urbanos constituem uma das
principais questões sociais alinhavadas em nosso tempo (Bertoni e Tucci,
2003). Este processo é mais acelerado nos países em desenvolvimento da
América Latina e no Caribe onde a população urbana cresce a taxas de três
a cinco por cento ao ano (Tucci, 1995). No ano de 2010, estima-se que
nestes países, mais de 60 centros urbanos terão populações superiores a
um milhão de habitantes (Tucci, 2000).
O Brasil é um país de grande extensão territorial, abrangendo
aproximadamente 8,5 milhões de Km2 e com uma população aproximada
de 180 milhões. Nas últimas décadas o país tem observado uma tendência
de declínio em sua taxa de crescimento populacional passando da década
de 60 de 2,89% (IBGE, 2004a), para valores de 1,64% no período censitário

83
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

de 1991 a 2000 (IBGE, 2004b). Em contrapartida o país passou


experimentar de acentuada migração da área rural para a urbana,
resultando em um aumento da taxa de urbanização, que na década de 60,
era de apenas 44,7%, para uma taxa de urbanização de 81,2% em 2000, o
que reflete em um acréscimo de aproximadamente 14,7 milhões de
habitantes na área urbana somente entre os períodos de 1991 e 1996
(IBGE, 2004c).
Esta urbanização vesana, coincidindo com o fim de um período de
acelerada expansão da economia brasileira, introduziu no território das
cidades duas dramáticas conseqüências: a primeira se pronuncia pela
ruptura de princípios sociais natos de uma sociedade democrática e a
segunda pelos impactos ambientais urbanos.
A primeira conseqüência, considerada como uma ruptura de
determinados princípios sociais2 passou a retratar – e reproduzir – de forma
paradigmática as injustiças e desigualdades da sociedade. Para Coelho
(2001), quando o crescimento urbano não é acompanhado por um aumento
e distribuição eqüitativa dos investimentos em infra-estrutura e
democratização do acesso aos serviços urbanos, as desigualdades sócio-
espaciais são geradas ou acentuadas. Neste âmbito de desigualdade, por
exemplo, a ocupação precária e irregular de um mangue passa a ter
proeminente contradição com os sofisticados e bem urbanizados bairros da
orla de algumas cidades, tornando-se cada vez maior a divisão entre o alto
do morro e o asfalto, entre a alijação e o reconhecer dos direitos dos
cidadãos. É neste âmbito em que vemos o poder hegemônico do capital na
produção do espaço urbano (Sousa, 1986 apud Krafta e Constantinou,

2 Tais como direito à moradia, à educação e à saúde explicitamente ordenados em nossa constituição.

84
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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

2000) e seu poder de restrição aos atores que não estão integrados a este
poder (Santos, 1994 apud Krafta e Constantinou, 2000).
Inserida neste contexto, a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, mais
conhecida como o estatuto da cidade (Brasil, 2001), discorre de forma inicial
o conceito de cidades sustentáveis, estabelecendo como premissas
incorporadas à estrutura social, o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte, aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, não somente à presente geração, como
também às futuras. Ainda neste mesmo âmbito, o artigo 21, inciso XX de
nossa carta magna, estabelece como competência privativa do poder
público, a instituição de diretrizes para o desenvolvimento urbano
consubstanciado nas mesmas premissas acima estabelecidas. Sem
pormenorizar os aspectos sócio-econômicos naturalmente tácitos nestas
premissas, tanto o estatuto como nossa constituição indicam a um exercício
pleno do direito – direito este considerado como difuso e, portanto, de toda
a sociedade – de viver um uma cidade mais humana com qualidade de vida,
não só sob os aspectos sociais, mas sobre tudo sob aspectos ambientais.
Em um segundo plano, a relação entre os processos de mudanças –
não somente ecológicas, mas também sociais – causados pela expansão
da área urbana e denominados de impactos ambientais urbanos têm ferido
um direito nato de nossa biosfera: o de ter preservado seu equilíbrio ao
longo do tempo. Não obstante aos impactos ambientais imputados ao ar, ao
solo entre outros, privilegiamos neste trabalho a abordagem dos impactos
ambientais incidentes e relacionados com drenagem urbana, mantendo,
portanto, centralizada nossa atenção nesta questão.
Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo estabelecer no
município de Aparecida de Goiânia um plano de obras compreendendo:

85
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Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

i) Estimativa preliminar, para efeito de estudo de viabilidade, do custo


de implantação para cada uma das intervenções anteriormente avaliadas.
Para a obtenção dos custos estimado da implantação das alternativas
eleitas serão considerados os custos de implantação (insumos e materiais,
mão-de-obra necessária à execução dos serviços, taxas e impostos
previstos na legislação atual). Não foram consideradas no presente estudo
as estruturas de transposição de taludes já existentes (galerias, bueiros,
pontes, etc.), bem como o custo fundiário para a implantação das mesmas.
ii) A priorização das obras a serem implantadas para cada uma das
intervenções já avaliadas. A determinação da prioridades de cada ação será
determinada por uma Avaliação Multi-Critérios - MCE (Multi Criteria
Evaluation). Serão considerados os seguintes fatores indutivos: a) a
população diretamente afetada; b) a população de influência direta; c) a
população de influência indireta; d) o custo de implantação; e) a distância da
intervenção com a atual área urbanizada e finalmente, f) a vazão a ser
regularizada do corpo hídrico diretamente influenciada pela intervenção; e
g) O risco ambiental de cada intervenção.
iii) A hierarquização de implantação das medidas que foram eleitas
para cada sub-bacia hidrográfica.

4.2 PRIORIZAÇÃO DAS OBRAS

A complexidade dos processos sociais, assim como de suas


implicações nos impactos ambientais urbanos, apresentam um duplo
desafio. De um lado é preciso problematizar a realidade e construir um
objeto de investigação, de outro, é necessário articular uma coerente

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

interpretação dos processos sociais (de auto-regulação) e ecológicos


(biofísico-químicos) (Coelho, 2001).
A proposta metodológica do presente trabalho é a de analisar as
forças e fatores ambientais e sobretudo, de infra-estrutura urbana
relacionadas à drenagem municipal de Aparecida de Goiânia.
Para tanto, lançaremos mão de embasamentos teóricos e da
potencialidade para estudos integrados das imagens orbitais e
aerofotogramétricas, dados populacionais (IBGE, 2005) utilizando-se de
técnicas de sensoriamento remoto e de sistemas de informações geográfica
– SIG. Os aspectos operacionais aqui tratados constituem-se num resumo
adaptado da metodologia para a Análise Multi-Critério - MCE apresentada
pelo software de geoprocessamento IDRISI (Eastman, 2009) onde foram
aplicados os conceitos de gestão e controle de drenagem urbana, bem
como o uso de técnicas de utilização de SIG e sensoriamento remoto. Um
resumo da seqüência metodológica adotada é descrito nas três etapas
abaixo indicadas.
1) Inventário da ocupação populacional, análise e determinação dos
fatores – Foram identificados ou digitalizados bases geográficas do
município de Aparecida de Goiânia tendo como resultado Plano de
Informações – PI’s relacionados à identificação das áreas urbanizadas e
suas respectivas taxa de ocupação populacional. Nesta etapa foram ainda
delineados os critérios e fatores (indutivos) a serem adotados na etapa
seguinte.
2) Determinação das pontuações ("score") das intervenções – Nesta
etapa foi utilizado a Análise Multi-Critério - MCE (EASTMAN, 2003) para a
priorização das intervenções e soluções a serem adotadas
As etapas supra-citadas estão detalhadas nos tópicos seguintes.

87
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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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4.3 INVENTÁRIO DA OCUPAÇÃO POPULACIONAL, ANÁLISE E


DETERMINAÇÃO DOS FATORES

4.4 POPULAÇÃO

Para a determinação da população diretamente afetada - PDA,


população de influência direta - PID e população de influencia indireta - PII
foi adotado os dados censitários apresentados pelo IBGE (IBGE, 2005) e
corrigidos para o ano de 2010. Para as áreas rurais foi adotado uma
densidade de cinco habitatens por hectare. Os dados são apresentados na
Figura 36 em habitantes por célula discretizada (01 célula = 25m2 =
0,0025ha).

Figura 36 - Densidade populacional (hab/cel)

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4.5 POPULAÇÃO DIRETAMENTE AFETADA - PDA

Como população diretamente afetada - PDA foi adotada a população


estabelecida em uma distância máxima de 500m do ponto central da
intervenção analisada. Os dados são apresentados na Figura 37 em
habitantes por célula discretizada (01 célula = 25m2 = 0,0025ha). Os
valores da PDA de cada intervenção é o apresentado no
Quadro 21.

4.6 POPULAÇÃO DE INFLUENCIA DIRETA - PID

Como população de influencia direta foi adotada a população da


Unidade Hidrográfica Básica - UHB apresentada nos estudos anteriores e
indicada na Figura 38. Os valores da PID de cada intervenção é o
apresentado no
Quadro 21.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Figura 37 - População diretamente afetada - PDI (hab/cel)

Figura 38 - Unidades Hidrográficas Básicas - UHBs

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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4.7 POPULAÇÃO DE INFLUENCIA INDIRETA - PII

Como população de influencia indireta foi adotado uma relação entre


a taxa de ocupação populacional e sua proximidade com a intervenção em
questão. Para cada intervenção foi determinado a ocupação populacional
para intervalos com distância de 1.000m até o limite municipal e sua
população multiplicado por um índice inversamente proporcional à distância
do intervalo conforme indicado:

∑ ( ) ∑ ( ) ∑ ( ) ∑

Os valores da PII de cada intervenção é o apresentado no


Quadro 21.

Quadro 21 - Abrangência populacional das intervenções.


Descrição PDA (hab.) PID (hab.) PII
Ponto
Ponto 01 Bueiro Rua 35, Jardim Tiradentes 5790.76 112936.95 519020
Ponto 02 Ponte Avenida Uirapurú, Setor Morada dos Pássaros 1540.55 112936.95 545555
Ponto 03 Rua H-107, Quadra 06, Cidade Vera Cruz 3858.35 115833.57 536234
Ponto 04 Bueiro da Rua 03-E, Residencial Garavelo 4583.75 115833.57 493657
Ponto 05 Ruas 14-E e 41-E, Areia Verde, Garavelo Park 4901.30 115833.57 499352
Ponto 06 Ponte Avenida Escultor Veiga Vale, Setor Veiga Jardim 3487.70 112936.95 545596

Ponto 07 Bueiro da Avenida Guyraupia (Ponte do Chuchu), Jardim 1432.05 115833.57 508740
Helvécia
Ponto 08 Avenida Anchieta, Quadra 60-A, Bairro Cardoso II 1288.80 115833.57 531462
Ponto 09 Bueiro BR-153, Km 13 556.91 46532.47 509808
Ponto 10 Bueiro da Avenida W-7, Vila Santa Luzia 2128.55 91818.84 480506
Ponto 11 Bueiro da Avenida Monte Cristo, Jardim Olímpico 3055.05 91818.84 462578
Ponto 12 Ocupação Irregular da Rua X-064, Parque São Jorge Não avaliado Não avaliado Não avaliado
Ponto 13 Bueiro da Rua X-064, Parque São Jorge 2139.05 91818.84 467714
Ponto 14 Bueiro Avenida Santa Rita, Parque Flamboyant 2618.85 91818.84 463344
Ponto 15 Bueiro Avenida Bela Vista, Parque Trindade 2159.68 91818.84 453047
Ponto 16 Bueiro Avenida W-1, Jardim Bela Vista 1774.92 91818.84 468803
Ponto 17 Bueiro Avenida W-1, Vila Santa Luzia 1564.35 91818.84 488609

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Descrição PDA (hab.) PID (hab.) PII


Ponto
Ponto 18 Bueiro Avenida Toledo, Setor Santos Dumont 739.50 91818.84 501405
Ponto 19 Bueiro Avenida São Paulo, Parque Real 2508.66 91818.84 510945
Ponto 20 Bueiro Alameda Antônio Alves Neto, Jardim Maria Inês 1369.35 91818.84 518248
Ponto 21 Bueiro Rua Amoroso Lima, Cidade Satélite São Luiz 2292.92 115833.57 542236
Ponto 22 Ponte Avenida Pedro Luiz Ribeiro, Cidade Satélite São Luiz 2834.11 115833.57 541702
Ponto 23 Bueiro na Avenida V-8Anel Viário, Setor Industrial Santo 392.46 112936.95 535316
Antônio
Ponto 24 Bueiro na Avenida Alexandre Morais, Anel Viário, Jardim 520.14 46532.47 523864
Pampulha
Ponto 25 Passarela no Conjunto Estrela do Sul, Cidade Vera Cruz II 2981.28 115833.57 533713
Ponto 26 Bueiro na Rua Jerônimo C de Melo, Vila Maria 2074.12 46532.47 518635
Ponto 27 Erosões e degradação de nascente, Bairro Ilda 2728.14 115833.57 519462
Ponto 28 Rua São Vicente, Vila Sul 5661.96 91818.84 486367
Ponto 29 Rua Aruanã, Jardim Bela Vista 4227.57 91818.84 473779
Ponto 30 Avenida Anchieta, Bairro Cardoso 1128.83 115833.57 516058
Ponto 31 Passarela entre Setor Terra Prometida e Parque Veiga Jardim 2133.06 112936.95 542988
Ponto 32 Rua 24 de Outubro, Jardim Ipanema 913.84 46532.47 523526
Ponto 33 Bueiro na Rua Amazônia, Parque Hayala 1608.01 112936.95 535535
Ponto 34 Rua Mucuri, Parque Itatiaia 1220.91 46532.47 530932
P Lançamento da Rua das Perdizes, Setor Colina Azul 62 32 52
onto 35 95.18 065.62 0273
P Avenida Massaranduba, Loteamento Nova Olinda 10 18 48
onto 36 68.97 365.21 5070

4.8 CUSTO DA INTERVENÇÃO ESTRUTURAL

Para as intervenções analisadas foram estimados os custos de ações


estruturais que contemplem a transposição da vazão integral (período de
recorrência de 10 anos) no ponto estudado. foram adotados como
alternativa estrutural de transposição tubulações de diâmetro circular
(simples, duplas ou triplas) e galerias com seções quadradas (simples,
duplas ou triplas).
As possíveis estruturas a serem adotadas estão apresentadas no
Quadro 22. Os custos e parâmetros adotados no presente estudo são os
apresentados no Quadro 23.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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É importante lembrar que as possíveis estruturas existentes nas


intervenções analisadas não foram computadas quando da determinação
dos custos das mesmas, devendo ser portanto, inferidas e os custos
referente à sua capacidade de vazão subtraídos dos custos apresentados.
Quadro 22 - Estruturas adotadas para a estimativa de custo das intervenções
ESTRUTURA
Bueiro Simples Tubular de Concreto - D = 600mm
Bueiro Simples Tubular de Concreto - D = 800mm
Bueiro Simples Tubular de Concreto - D = 1000mm
Bueiro Simples Tubular de Concreto - D = 1200mm
Bueiro Simples Tubular de Concreto - D = 1500mm
Bueiro Duplo Tubular de Concreto - D = 1000mm
Bueiro Duplo Tubular de Concreto - D = 1200mm
Bueiro Duplo Tubular de Concreto - D = 1500mm
Bueiro Triplo Tubular de Concreto - D = 1000mm
Bueiro Triplo Tubular de Concreto - D = 1200mm
Bueiro Triplo Tubular de Concreto - D = 1500mm
Bueiro Simples Celular de Concreto - L = 1.50 x 1.50m
Bueiro Simples Celular de Concreto - L = 2.00 x 2.00m
Bueiro Simples Celular de Concreto - L = 2.50 x 2.50m
Bueiro Simples Celular de Concreto - L = 3.00 x 3.00m
Bueiro Duplo Celular de Concreto - L = 1.50 x 1.50m
Bueiro Duplo Celular de Concreto - L = 2.00 x 2.00m
Bueiro Duplo Celular de Concreto - L = 2.50 x 2.50m
Bueiro Duplo Celular de Concreto - L = 3.00 x 3.00m
Bueiro Triplo Celular de Concreto - L = 1.50 x 1.50m
Bueiro Triplo Celular de Concreto - L = 2.00 x 2.00m
Bueiro Triplo Celular de Concreto - L = 2.50 x 2.50m
Bueiro Triplo Celular de Concreto - L = 3.00 x 3.00m

Quadro 23 - Custo das ações estruturais das intervenções


Ponto Descrição Vazão Mod. Tipo Dimens. Declividade Comprimento Recobrimento Valor
(m³/s) Estrutura (m) (%) (m) (m) (R$1.000.00)
Ponto 01 Bueiro Rua 35, Jardim Tiradentes 21,44 Galeria Simples 2.50 x 2.50 0.5 25 2.5 R$ 98.71

Ponto 02 Ponte Avenida Uirapurú, Setor 101,57 Galeria Tripla 3.00 x 3.00 0.5 12 2.5 R$ 165.77
Morada dos Pássaros

Ponto 03 Rua H-107, Quadra 06, Cidade 97,63 Revitalização Sem o valor R$ 275.06
Vera Cruz A=1800m² da Bacia de
Detenção ->>>
Ponto 04 Bueiro da Rua 03-E, Residencial 22,15 Galeria Simples 2.50 x 2.50 0.5 30 2.5 R$ 112.19
Garavelo

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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Ponto Descrição Vazão Mod. Tipo Dimens. Declividade Comprimento Recobrimento Valor
(m³/s) Estrutura (m) (%) (m) (m) (R$1.000.00)
Ponto 05 Ruas 14-E e 41-E, Areia Verde, 4,63 Revitalização Sem o valor R$ 676.04
Garavelo Park A=4000m² da Bacia de
Detenção ->>>
Ponto 06 Ponte Avenida Escultor Veiga 244,52 2 x Galeria Tripla 3.00 x 3.00 0.6 22 2.5 R$ 496.45
Vale, Setor Veiga Jardim
Ponto 07 Bueiro da Avenida Guyraupia 64,69 Galeria Dupla 3.00 x 3.00 0.5 40 2.5 R$ 289.71
(Ponte do Chuchu), Jardim
Helvécia
Ponto 08 Avenida Anchieta, Quadra 60-A, 10,24 Tubo Duplo 1.2 2.3 40 1.8 R$ 68.69
Bairro Cardoso II
Ponto 09 Bueiro BR-153, Km 13 404,22 3 x Galeria Tripla 3.00 x 3.00 0.5 45 2.5 R$ 957.01
Ponto 10 Bueiro da Avenida W-7, Vila Santa 20,41 Galeria Simples 2.50 x 2.50 0.5 30 2.5 R$ 112.19
Luzia
Ponto 11 Bueiro da Avenida Monte Cristo, 49,00 Galeria Dupla 2.50 x 2.50 0.6 25 2.5 R$ 131.93
Jardim Olímpico
Ponto 12 Ocupação Irregular a jusante do R$ 0.00
bueiro da Rua X-064, Parque São
Jorge
Ponto 13 Bueiro da Rua X-064, Parque São 64,40 Galeria Dupla 3.00 x 3.00 0.5 45 2.5 R$ 319.00
Jorge
Ponto 14 Bueiro Avenida Santa Rita, Parque 34,73 Galeria Simples 3.00 x 3.00 0.5 32 2.5 R$ 160.64
Flamboyant
Ponto 15 Bueiro Avenida Bela Vista, Parque 11,38 Tubo Duplo 1.2 2.3 40 1.8 R$ 68.69
Trindade
Ponto 16 Bueiro Avenida W-1, Jardim Bela 22,16 Galeria Simples 2.50 x 2.50 0.5 30 2.5 R$ 112.19
Vista
Ponto 17 Bueiro Avenida W-1, Vila Santa 9,29 Tubo Simples 1.5 1.7 24 2.25 R$ 36.50
Luzia
Ponto 18 Bueiro Avenida Toledo, Setor 50,27 Galeria Dupla 2.5 0.6 14 2.5 R$ 89.19
Santos Dumont
Ponto 19 Bueiro Avenida São Paulo, Parque 73,64 Galeria Dupla 3.00 x 3.00 0.5 35 2.5 R$ 260.41
Real
Ponto 20 Bueiro Alameda Antônio Alves 55,79 Galeria Dupla 2.50 x 2.50 0.7 32 2.5 R$ 174.68
Neto, Jardim Maria Inês
Ponto 21 Bueiro Rua Amoroso Lima, Cidade 31,51 Galeria Dupla 2.00 x 2.00 0.8 2 2.5 R$ 89.52
Satélite São Luiz
Ponto 22 Ponte Avenida Pedro Luiz Ribeiro, 153,20 Galeria Tripla / 3.00x3.00 / 0.5 25 2.5 R$ 371.67
Cidade Satélite São Luiz Simples 2.50x2.500
Ponto 23 Bueiro na Avenida V-8Anel Viário, 243,30 4 x Galeria Tripla 3.00 x 3.00 0.6 2 x 30 2.5 R$ 1,256.73
Setor Industrial Santo Antônio
Ponto 24 Bueiro na Avenida Alexandre 101,79 2 x Galeria Tripla 3.00 x 3.00 0.5 2 x 30 2.5 R$ 628.36
MoraisAnel Viário, Jardim
Pampulha
Ponto 25 Passarela no Conjunto Estrela do 92,79 Galeria Tripla 3.00 x 3.00 0.5 6 2.5 R$ 116.30
Sul, Cidade Vera Cruz II
Ponto 26 Bueiro na Rua Jerônimo C de 12,16 Tubo Duplo 1.5 1 25 2.25 R$ 71.67
Melo, Vila Maria
Ponto 27 Erosões e degradação de 17,65 Rede de Sem o valor R$ 409.00
nascente, Bairro Ilda Drenagem de da Bacia de
170m na Rua Detenção ->>>
+ 100m até a
Bácia
existente +
Dissipador
Ponto 28 Rua São Vicente, Vila Sul 8,96 Somente Sem o valor R$ 0.00
Bácia da Bacia de
Detenção ->>>
Ponto 29 Rua Aruanã, Jardim Bela Vista 8,96 Revitalização Sem o valor R$ 488.99
A=3200m² da Bacia de
Detenção ->>>
Ponto 30 Avenida Anchieta, Bairro Cardoso 17,07 Rede de Sem o valor R$ 325.00
Drenagem de da Bacia de
200m + Detenção ->>>
Dissipador
Ponto 31 Passarela entre Setor Terra 285,38 Galeria Tripla / 3.00 x 3.00 0.6 6 2.5 R$ 280.40
Prometida e Parque Veiga Jardim Simples /
2.50 x 2.50
Ponto 32 Rua 24 de Outubro, Jardim 3,59 Rede de Sem o valor R$ 421.00
Ipanema Drenagem de da Bacia de
200m na Rua Detenção ->>>
+ 80m até o
lançamento +
Dissipador
Ponto 33 Bueiro na Rua Amazônia, Parque 40,82 Galeria Simples 3.00 x 3.00 0.5 35 2.5 R$ 171.48
Hayala
Ponto 34 Rua Mucuri, Parque Itatiaia Rede de Sem o valor R$ 661.00
Drenagem de da Bacia de
480m + Detenção ->>>
Dissipador
Ponto 35 Lançamento da Rua das Perdizes, 32,67 Galeria Simples 3.00 x 3.00 0.5 30 2.5 R$ 153.41
Setor Colina Azul
Ponto 36 Avenida Massaranduba, 16,05 Rede de Sem o valor R$ 445.00
Loteamento Nova Olinda Drenagem de da Bacia de
300m + Detenção ->>>
Dissipador

94
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

4.9 CUSTO DA REGULARIZAÇÃO DA VAZÃO - BACIAS DE DETENÇÃO

Em contrapartida da implantação de um elemento estrutural para


capacitar cada intervenção analisada ao volume de escoamento da bacia de
contribuição (ou do corpo hídrico), foi considerado também a alternativa de
se regularizar a vazão gerada pela bacia de contribuição de forma que esta
represente à vazão pré-urbanização (24,4l/s*ha) para o ponto em questão.
Como medida de regularização adotou-se uma bacia de regularização com
volume definido pela seguinte condição:

V  4,705. AI . A

Onde V é o volume da estrutura a ser implantado em m3, A é a área


de contribuição em ha; AI é a proporção de área impermeável em % (entre
0 e 1). O custo total de implantação da medida estrutural de regularização
da vazão compreende o volume obtido pela formulação supra-citada
multiplicado pelo custo de R$70,00/m3 armazenado. Os custos e
parâmetros adotados no presente estudo são os apresentados no Quadro
24.
Para as intervenções decorrentes de processos erosivos foram
adotados os custos das ações estruturais das intervenções (Quadro 23)
mais o custo das ações de regulação de vazão das intervenções (Quadro
24).

Quadro 24 - Custo das ações de regulação de vazão das intervenções


Ponto Descrição Área de Volume Valor
contribuição requerido (R$1.000.00)
Ponto 01 Bueiro Rua 35, Jardim Tiradentes 388.46 146216.34 10235.14
Ponto 02 Ponte Avenida Uirapurú, Setor Morada dos 1280.54 481994.32 33739.60
Pássaros

95
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Ponto 03 Rua H-107, Quadra 06, Cidade Vera Cruz 1396.09 525488.28 36784.18
Ponto 04 Bueiro da Rua 03-E, Residencial Garavelo 178.17 67063.19 4694.42
Ponto 05 Ruas 14-E e 41-E, Areia Verde, Garavelo Park 30.04 11305.17 791.36
Ponto 06 Ponte Avenida Escultor Veiga Vale, Setor Veiga 3312.71 1246904.99 87283.35
Jardim
Ponto 07 Bueiro da Avenida Guyraupia (Ponte do 590.19 222145.63 15550.19
Chuchu), Jardim Helvécia
Ponto 08 Avenida Anchieta, Quadra 60-A, Bairro Cardoso 1.32 496.85 34.78
II
Ponto 09 Bueiro BR-153, Km 13 8400.29 3161867.27 221330.71
Ponto 10 Bueiro da Avenida W-7, Vila Santa Luzia 191.00 71893.34 5032.53
Ponto 11 Bueiro da Avenida Monte Cristo, Jardim 566.34 213170.38 14921.93
Olímpico
Ponto 12 Ocupação Irregular da Rua X-064, Parque São Não Não Não
Jorge
avaliado avaliado avaliado
Ponto 13 Bueiro da Rua X-064, Parque São Jorge 764.29 287678.76 20137.51
Ponto 14 Bueiro Avenida Santa Rita, Parque Flamboyant 343.87 129432.67 9060.29
Ponto 15 Bueiro Avenida Bela Vista, Parque Trindade 125.47 47225.03 3305.75
Ponto 16 Bueiro Avenida W-1, Jardim Bela Vista 177.30 66734.78 4671.43
Ponto 17 Bueiro Avenida W-1, Vila Santa Luzia 57.96 21817.09 1527.20
Ponto 18 Bueiro Avenida Toledo, Setor Santos Dumont 356.71 134264.70 9398.53
Ponto 19 Bueiro Avenida São Paulo, Parque Real 704.83 265298.01 18570.86
Ponto 20 Bueiro Alameda Antônio Alves Neto, Jardim 394.15 148356.18 10384.93
Maria Inês
Ponto 21 Bueiro Rua Amoroso Lima, Cidade Satélite São 263.88 99322.55 6952.58
Luiz
Ponto 22 Ponte Avenida Pedro Luiz Ribeiro, Cidade 2071.11 779564.86 54569.54
Satélite São Luiz
Ponto 23 Bueiro na Avenida V-8Anel Viário, Setor 3919.55 1475319.56 103272.37
Industrial Santo Antônio
Ponto 24 Bueiro na Avenida Alexandre Morais, Anel 1224.48 460895.21 32262.66
Viário, Jardim Pampulha
Ponto 25 Passarela no Conjunto Estrela do Sul, Cidade 1089.36 410033.22 28702.33
Vera Cruz II
Ponto 26 Bueiro na Rua Jerônimo C de Melo, Vila Maria 65.77 24753.95 1732.78
Ponto 27 Erosões e degradação de nascente, Bairro Ilda 21.49 8089.78 566.28
Ponto 28 Rua São Vicente, Vila Sul 25.48 9591.61 671.41
Ponto 29 Rua Aruanã, Jardim Bela Vista 16.67 6273.65 439.16
Ponto 30 Avenida Anchieta, Bairro Cardoso 690.48 259896.67 18192.77
Ponto 31 Passarela entre Setor Terra Prometida e Parque 3660.50 1377811.26 96446.79
Veiga Jardim
Ponto 32 Rua 24 de Outubro, Jardim Ipanema 24.20 9109.82 637.69
Ponto 33 Bueiro na Rua Amazônia, Parque Hayala 418.87 157663.61 11036.45
Ponto 34 Rua Mucuri, Parque Itatiaia 27.65 10406.52 728.46
Ponto 35 Lançamento da Rua das Perdizes, Setor Colina 224.68 84568.61 5919.80
Azul
Ponto 36 Avenida Massaranduba, Loteamento Nova 174.20 65567.00 4589.69
Olinda

96
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

4.10 DISTÂNCIA DA ÁREA URBANIZADA

Na Análise Multi-Critério - MCE foi considerado o fator indutivo de


proximidade com a área urbanizada. Para as intervenções analisadas foram
estimadas as distâncias entre as ações a serem adotadas e a distância da
atual área urbanizada. As distâncias adotadas no presente estudo são os
apresentadas no Quadro 25.

4.11 VAZÃO A SER REGULARIZADA

Como critério hídrico, foi adotado para a análise Multi-Critério - MCE o


fator indutivo da carga hídrica (escoamento superficial gerado pelas bacias
de contribuição) das intervenções avaliadas. Os valores considerados no
presente estudo são os apresentadas no Quadro 25.

4.12 RISCO AMBIENTAL

Para a análise do risco ambiental avaliado na Análise Multi-Critério -


MCE, foi adotado como fator indutivo a classificação de risco já apresentada
em estudos anteriores, a saber:

4.13 Nível 1 – Baixo Risco

As áreas deste nível representam passivo ambiental moderado,


devendo haver comprometimento com a execução das medidas estruturais
necessárias para a resolução dos problemas, porém não representam

97
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

passivos sociais e econômicos diretos, podendo ser tratadas com horizonte


de resolução de longo prazo.
Tais problemas podem ser tratados com medidas de longo prazo sem
prejuízos à população e ao patrimônio público e privado, devendo ser
acompanhados pela equipe técnica da Prefeitura Municipal de Aparecida de
Goiânia para monitoramento e determinação de ações caso a velocidade de
evolução da problemática aumente em ocasião de eventos inesperados.

4.14 Nível 2 – Risco Moderado

As áreas deste nível representam passivo ambiental grave com


passivos sociais e econômicos diretos e indiretos que contribuem para a
diminuição da qualidade de vida da população local e gastos extras por
parte dos organismos para a manutenção dos serviços urbanos essenciais.
Estes problemas devem ser tratados com medidas de curto e médio
prazo atreladas a medidas de prevenção de reincidência, sendo necessário
o acompanhamento contínuo da problemática até mesmo após a
implementação das medidas, a fim de determinar a eficiência das mesmas e
comprovar a resolução da problemática.

4.15 Nível 3 – Risco Iminente

As áreas deste nível apresentam passivo ambiental gravíssimo com


grandes passivos sociais e econômicos diretos, trazendo conseqüências
negativas diretas e graves à população local e à manutenção dos serviços
urbanos essenciais.
Tais áreas representam risco de morte à população local e risco de
destruição de patrimônio público e/ou privado em suas imediações,
necessitando medidas de curto prazo para resolução dos problemas, bem

98
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

como provável realocação temporária e/ou permanente da população


afetada e dos equipamentos urbanos locais. Deve-se haver monitoramento
contínuo da área até sua estabilização, com relatórios de monitoramento e
plano de recuperação e prevenção de reincidência.
Os valores já avaliados anteriormente e considerados no presente
estudo são os apresentadas no Quadro 25.
Quadro 25 - Distância da área urbanizada, vazão a ser regularizada e risco ambiental das
intervenções.
(1)
Ponto Descrição Distância da área Vazão a ser Risco ambiental
urbanizada (m) regularizada (m3/s)
Ponto 01 Bueiro Rua 35, Jardim Tiradentes 71.59 21.44 3.00
Ponto 02 Ponte Avenida Uirapurú, Setor Morada dos 18.03 101.57 3.00
Pássaros
Ponto 03 Rua H-107, Quadra 06, Cidade Vera Cruz 5.00 97.63 3.00
Ponto 04 Bueiro da Rua 03-E, Residencial Garavelo 14.14 22.15 3.00
Ponto 05 Ruas 14-E e 41-E, Areia Verde, Garavelo Park 0.00 4.63 3.00
Ponto 06 Ponte Avenida Escultor Veiga Vale, Setor Veiga 25.00 244.52 2.00
Jardim
Ponto 07 Bueiro da Avenida Guyraupia (Ponte do Chuchu), 10.00 64.69 3.00
Jardim Helvécia
Ponto 08 Avenida Anchieta, Quadra 60-A, Bairro Cardoso II 0.00 10.24 2.00
Ponto 09 Bueiro BR-153, Km 13 351.75 404.22 2.00
Ponto 10 Bueiro da Avenida W-7, Vila Santa Luzia 15.81 20.41 2.00
Ponto 11 Bueiro da Avenida Monte Cristo, Jardim Olímpico 178.47 49.00 2.00
Ponto 12 Ocupação Irregular da Rua X-064, Parque São Não avaliado Não avaliado Não avaliado
Jorge
Ponto 13 Bueiro da Rua X-064, Parque São Jorge 15.00 64.40 2.00
Ponto 14 Bueiro Avenida Santa Rita, Parque Flamboyant 11.18 34.73 1.00
Ponto 15 Bueiro Avenida Bela Vista, Parque Trindade 11.18 11.38 1.00
Ponto 16 Bueiro Avenida W-1, Jardim Bela Vista 0.00 22.16 1.00
Ponto 17 Bueiro Avenida W-1, Vila Santa Luzia 15.00 9.29 2.00
Ponto 18 Bueiro Avenida Toledo, Setor Santos Dumont 11.18 50.27 2.00
Ponto 19 Bueiro Avenida São Paulo, Parque Real 15.81 73.64 2.00
Ponto 20 Bueiro Alameda Antônio Alves Neto, Jardim Maria 7.07 55.79 2.00
Inês
Ponto 21 Bueiro Rua Amoroso Lima, Cidade Satélite São 5.00 31.51 2.00
Luiz
Ponto 22 Ponte Avenida Pedro Luiz Ribeiro, Cidade Satélite 32.02 153.20 2.00
São Luiz
Ponto 23 Bueiro na Avenida V-8Anel Viário, Setor Industrial 82.76 243.30 2.00
Santo Antônio

99
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Ponto 24 Bueiro na Avenida Alexandre Morais, Anel Viário, 74.33 101.79 2.00
Jardim Pampulha
Ponto 25 Passarela no Conjunto Estrela do Sul, Cidade 0.00 92.79 3.00
Vera Cruz II
Ponto 26 Bueiro na Rua Jerônimo C de Melo, Vila Maria 10.00 12.16 3.00
Ponto 27 Erosões e degradação de nascente, Bairro Ilda 10.00 17.65 3.00
Ponto 28 Rua São Vicente, Vila Sul 25.00 8.96 3.00
Ponto 29 Rua Aruanã, Jardim Bela Vista 5.00 8.96 3.00
Ponto 30 Avenida Anchieta, Bairro Cardoso 14.14 17.07 3.00
Ponto 31 Passarela entre Setor Terra Prometida e Parque 28.28 285.38 3.00
Veiga Jardim
Ponto 32 Rua 24 de Outubro, Jardim Ipanema 15.81 3.59 3.00
Ponto 33 Bueiro na Rua Amazônia, Parque Hayala 10.00 40.82 2.00
Ponto 34 Rua Mucuri, Parque Itatiaia 10.00 0.00 3.00
Ponto 35 Lançamento da Rua das Perdizes, Setor Colina 14.14 32.67 3.00
Azul
Ponto 36 Avenida Massaranduba, Loteamento Nova Olinda 10.00 16.05 2.00
(1) 1 - RISCO BAIXO 2 - RISCO MODERADO 3- RISCO EMINENTE

4.16 DETERMINAÇÃO DAS PONTUAÇÕES ("SCORE") DAS


INTERVENÇÕES

4.17 AVALIAÇÃO MULTI-CRITÉRIOS - MCE

A análise de um problema no qual não há, aparentemente, forma de


comparação da importância entre fatores, é um dos principais desafios
encontrados pelos tomadores de decisão e planejadores urbanos. O uso de
pesos ordenados, definidos por regressão matricial a partir da importância
de cada fator (pesos) dados pelo modelador, serve para criar um campo
vetorial onde seja capaz a comparação entre diferentes variáveis para a
atribuição de uma pontuação para as diversas soluções possíveis.
Neste campo a teoria da decisão se preocupa com a lógica de como
se obter uma escolha, entre duas ou mais alternativas, que podem
representar diferentes caminhos a serem seguidos, e que, em determinadas
situações podem refletir em extensas conseqüências (como por exemplo:

100
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

qual o melhor volume de um reservatório, que se traduz em um melhor


custo x benefício, a ser construído em uma área atingida permanentemente
por longos períodos de estiagem).
A base para a decisão pode ser definida como critério e numa
Avaliação Multi-Critérios onde o que se faz é combinar uma série de
critérios para alcançar uma única composição fundamental de acordo com o
objetivo especificado. Neste estudo os critérios são caracterizados por
imagens vetoriais que representam de forma escalonada a adequabilidade
de cada um (fator indutivo), e são então combinados entre si, de forma a
produzirem um plano de informação - PI que represente a adequabilidade
de todo o conjunto com relação ao objetivo ou escolha proposta (Eastman,
2009). Por se tratar de uma escolha na qual objetiva somente o
escalonamento das intervenções propostas, não foram considerados neste
estudo fatores restritivos.
Como fatores indutivos (que afetam positivamente a implantação de
uma determinada intervenção) foram considerados os aspectos
anteriormente já citados.Os fatores foram normalizados individualmente
para valores de 0 a 255 através de avaliações “FUZZY” com a utilização de
funções do tipo lineares (Eastman, 2003).
Depois de normalizados os fatores foram ponderados (em uma escala
variando de 0 a 1) através da comparação relativa da importância conforme
a adequabilidade de cada fator pelo Processo Analítico Hierárquico (Analytic
Hierarchy Process - AHP). A soma dos pesos ponderados dos fatores foi
considerada igual a um. A Avaliação Multi-Critérios - MCE foi então utilizada
para estabelecer uma priorização na implantação das intervenções
avaliadas.

101
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

4.18 ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP)

O Analytic Hierarchy Process (AHP) é uma técnica de análise de


decisão e planejamento de múltiplos critérios desenvolvida pelo matemático
Thomas L. Saaty na década de 70 (SAATY, 1991).
O propósito da teoria do AHP é criar uma metodologia para
modelagem de problemas desestruturados, nas mais diversas áreas, tendo
surgido como resposta à necessidade de planejamento de contingência
militar, teve posteriormente aplicações em projeção de cenários alternativos
para um país em desenvolvimento, o Sudão (SAATY, 1991). Sua
aplicabilidade se estende a setores de planejamento e alocação de recursos
energéticos (POHEKAR ; RAMACHANDRAN, 2004; SAATY, 1991; SAATY
et al., 1979), economia (SAATY, 1987; BAHMANI et al., 1987),
planejamento industrial (ABDUL et al., 1999), planejamento viário e
transporte (FERRONATTO ; BARATZ, 2005; SAATY, 1995), terrorismo
(HAYNES et al., 2005; SAATY ; ALEXANDER, 1989), agricultura
(BRAUNSCHWEIG ; BECKER, 2004; ALPHONCE, 1997; SAATY, 1991),
alocação de recursos humanos (HUANG ; WU, 2005; SAATY, 1991),
resolução de conflitos (SAATY et al., 1989; SAATY, 1983), política (SAATY ;
BENNETT, 1977), tomada de decisão (FUJITA ; TAMURA, 2002), uso e
ocupação do solo (DUKE ; ULL-HYDE, 2002), desastres naturais
(MODARRES ; ZAREI, 2002), e finalmente, meio ambiente (SADIQ et al.,
2005; CHENG ; WANG, 2004; RAMANATHAN, 2001).
É uma técnica que tem demonstrado ser útil e variada, apresentando
resultados de grande importância. O AHP fornece elementos às diversas
áreas de pesquisa, permitindo que estudiosos de diferentes domínios
tenham uma nova forma de analisar os problemas.

102
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Segundo Saaty (1991), a teoria do AHP reflete a maneira natural do


funcionamento da mente humana ao avaliar e estruturar um problema
complexo. Ao se submeter diante de um grande número de elementos,
controláveis ou não, que abrangem uma situação complexa, a mente
humana os agrega a grupos, segundo propriedades comuns. Assim, quando
o ser humano identifica alguma questão complexa, decompõe a
complexidade encontrada, descobre relações, sintetizando-a.
O modelo do funcionamento da mente humana permite uma repetição
do processo de síntese, em relação as suas propriedades comuns de
identificação, como os elementos de um novo nível no sistema. Esses
elementos podem ser agrupados segundo um outro conjunto de
propriedades, gerando os elementos de um outro nível, até ser atingido um
único elemento que, muitas vezes, pode ser identificado como o objetivo
“maior” do processo decisório (SAATY, 1991). Segundo ainda o autor, sua
teoria é um modelo da maneira pela qual a mente humana conceitualiza e
estrutura um problema. Salienta que esta estruturação foi influenciada pelas
seguintes constatações:

1. Ao se observar que as pessoas que participam de um processo de


estruturação e priorização, percebe-se que elas se empenham
naturalmente em sucessivos agrupamentos de elementos dentro dos
níveis e na distinção entre níveis de complexidade.

2. Os indivíduos informados sobre um determinado problema podem


estruturá-lo de maneira diferenciada, mas, se seus julgamentos são
semelhantes, suas respostas gerais deverão ser semelhantes.

3. No desenvolvimento da teoria em questão, encontrou-se uma forma


matematicamente racional de lidar com os julgamentos. Além disso, os

103
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

limites psicológicos parecem estar em consonância com as condições


para a estabilidade matemática dos resultados.

Para Saaty (1991), quando os fatores mensuráveis (medidas,


volumes, pesos, valores monetários, probabilidades, etc.) já foram
estabelecidos, a capacidade de modelar problemas complexos chega, no
geral, ao limite de sua eficácia, pois estes dependem fortemente destas
quantificações. Neste sentido, os modelos baseados somente em fatores
quantitativamente mensuráveis não refletem fielmente a realidade, alijando
significativas e importantes considerações não mensuráveis como, por
exemplo, os valores sociais.
Com relação à mensuração de valores na elaboração de um trabalho
Saaty (1991) discorre:
De passagem, observamos que os instrumentos de medida não
são e não podem ser meios de medida absoluta, mas eles próprios têm
de ser objeto de análise e de estudo científico, e precisam ter sido
construídos com o comportamento da consistência em mente, e servir
como veículo para outras pesquisas cientificas. Se estes instrumentos
forem, por alguma razão inadequados (podemos sempre descobrir uma
experiência para a qual não exista qualquer instrumento satisfatório de
medida), então termos de continuar inventando novos instrumentos

São estas considerações que devem ser também apreciadas para


que a modelagem de problemas complexos obtenha resultados realistas.
Em outras palavras, é necessário evitar as simplificações comumente
utilizadas para adaptar as situações complexas aos nossos modelos
quantitativos e lidarmos com tais complexidades do modo como elas
realmente aparecem.

104
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Em nossa sociedade os valores sociais requerem um método


apropriado de avaliação que permita, nos problemas de decisão, avaliar
equivalências entre qualidade do meio ambiente, aspectos financeiros,
saúde, felicidade etc. Este método tem que facilitar a interação entre a
avaliação e o fenômeno social ao qual se aplica. Neste sentido, a
metodologia AHP surge como forma de suprir a necessidade de incluir
características tangíveis e intangíveis nos processos decisórios.
O AHP é uma metodologia que utiliza, na resolução de problemas de
tomada de decisão, a forma de hierarquia. Assim, o problema é decomposto
em níveis hierárquicos, proporcionando uma melhor compreensão e uma
visão global da relação complexa inerente à situação. O problema é
decomposto em fatores e estes podem ser decompostos em um novo nível
de fatores (e assim por diante até certo nível). Os elementos, selecionados
preliminarmente, são organizados em uma hierarquia descendente. No
primeiro nível de uma hierarquia deve estar o objetivo principal; num nível
hierárquico abaixo, devem estar os sub-objetivos em seguida, os critérios, e,
finalmente, as alternativas. O AHP parte do geral para o mais particular e
específico.
Uma hierarquia pode ser constituída de diversos níveis, de acordo
com o problema de decisão em questão. Consolida-se o objetivo principal
no primeiro nível, a definição dos critérios no segundo nível e assim
sucessivamente.
A maioria dos problemas complexos, envolvendo múltiplos critérios,
vários decisores, diversos períodos, pode ser estruturada hierarquicamente
pelo método AHP. Este é um processo flexível e versátil, que permite incluir
e medir fatores importantes, quantitativa e qualitativamente.

105
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

A questão principal, em um problema de tomada de decisão, é


escolher a solução alternativa que melhor satisfaz o conjunto total de
objetivos considerados relevantes. Além disso, é necessário conhecer com
que força um determinado elemento de um nível influencia um outro
elemento de um nível, hierarquicamente, superior. Assim, podem-se estimar
as forças relativas dos impactos dos elementos sobre o nível mais alto e
sobre os objetivos gerais.
O Analytic Hierarchy Process (AHP) permite que seja construída uma
estrutura que engloba: ordenação de julgamentos, critérios, sub-critérios.
Esta estrutura possibilita revelar de forma clara e objetiva as preferências
dos tomadores de decisão.
A metodologia Analytic Hierarcy Process (AHP) está baseada em três
princípios. Eles são: a) decomposição (estruturação); b) julgamentos
comparativos e c) síntese das prioridades.

4.19 O PRINCÍPIO DA DECOMPOSIÇÃO (ESTRUTURAÇÃO)

A fase de estruturação de um problema de decisão é tida como uma


das mais importantes atividades do processo decisório. Nesta fase, é
necessário um cuidado maior, visto que, um problema mal estruturado pode
levar a armadilhas, produzindo soluções sofisticadas, no entanto, ruins.
A tarefa de estruturação tem como objetivo a criação de um modelo
que possa ser aceito, pelos tomadores de decisão, como um esquema de
representação e organização dos componentes a serem avaliados. A
estruturação de um problema de decisão contribui para uma tomada de
decisão consistente, fornecendo aos decisores informações claras sobre
elementos da avaliação.

106
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

O processo de tomada de decisão necessita de um cuidado especial,


principalmente no que se refere à estrutura da decisão adotada. A fase de
estruturação deve ser vista como um sistema variável, isto é, deve estar
sempre aberta a modificações ao longo de todo o processo de decisão.
Para iniciar a fase de estruturação, primeiramente é necessária a
compreensão da complexidade do problema que necessita de solução. Para
isto, é fundamental analisar e caracterizar todo o sistema envolvido no
problema de tomada de decisão em questão. Neste sentido, cabe aqui
salientar alguns aspectos relacionados à concepção de um sistema.
Saaty (1991) define um sistema como um modelo abstrato para a
estruturação de algo da vida real, tal como o sistema nervoso de um ser
humano, o governo de uma cidade, a rede de transportes de um estado etc.
Em sistemas de linguagem, avalia-se o impacto de vários componentes de
um subsistema sobre o sistema completo e encontra-se, então, suas
prioridades.
Alguns autores definem um sistema em termos de suas interações
com as partes. Porém, uma definição mais ampla de um sistema pode ser
dada em termos de sua estrutura, suas funções, os objetivos definidos no
projeto, visto da perspectiva de um indivíduo em particular ou um grupo, e
finalmente o ambiente, no qual o sistema em estudo passa a ser apenas um
subsistema. Com o objetivo de torná-lo prático, um sistema é sempre
considerado em termos de sua (SAATY, 1991):

1. Estrutura - de acordo com a organização física, biológica, social e até


psicológica de suas partes, e de acordo com o fluxo do material e
pessoas que definem as relações e a dinâmica da estrutura; e

2. Função - de acordo com as funções a que os componentes do sistema,


seja ele animado ou inanimado, devem servir; quais são estas funções e

107
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

a que objetivos elas devem atender; de que objetivos mais altos esses
objetivos são parte (levando a um propósito geral do sistema), que
objetivos estão sendo satisfeitos, que conflitos entre indivíduos terão de
ser resolvidos.

Entretanto situações reais demonstram que a estrutura e a função de


um sistema são entidades que não podem ser analisados separadamente.
Elas são a realidade vivenciada. O interessante é analisá-las
simultaneamente. Fazendo isto, verifica-se que a estrutura serve como um
meio para analisar a função. A função, por conseguinte, modifica a dinâmica
da estrutura (SAATY, 1991).
Por conseguinte, segundo ainda o autor, uma hierarquia (utilizada na
estruturação de problemas de decisão com o AHP) é uma abstração da
estrutura de um sistema para estudar as interações funcionais de seus
componentes e seus impactos no sistema total.
A partir do contexto de sistema apresentado, cabe salientar a
concepção de cenário. Um cenário é uma interpretação de uma idéia, sendo
enfatizado com uma representação apropriada de sua interação com os
fatores ambientais, culturais, políticos, sociais, econômicos etc (SAATY,
1991). O mesmo autor salienta ainda que, em geral, existem dois tipos de
cenário:

1. Cenário Exploratório – Onde o ponto de partida é o presente. O cenário


exploratório é sempre usado como uma técnica para forçar a
imaginação, estimular a discussão e atrair a atenção dos tomadores de
decisão para assuntos específicos;

2. Cenário Antecipatório – Está relacionado com a conceituação de futuros


viáveis e desejáveis. Ele começa por algum ponto no futuro e retorna a

108
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

fim de descobrir que alternativas e ações são necessárias para alcançar


tais futuros.

Os cenários abrangem elementos fundamentais como: fatores


econômicos, fatores relacionados à competitividade, fatores ambientais,
regulamentação etc.
Segundo Saaty (1991), alguns dos componentes mais importantes na
construção de cenários são:

1. Definição do sistema geral e das limitações internas e externas, bem


como a identificação de subsistemas;

2. Estruturação hierárquica dos subsistemas e identificação dos


componentes;

3. Definição dos vários estados dos sistemas e modelagem dos seus


desenvolvimentos históricos;

4. Utilização de cenários para tratamento da evolução do sistema e seus


impactos nas características da sociedade, como também da dinâmica
interna do modelo;

5. Definição dos objetivos do cenário com uma discussão de seus valores;

6. Escolha dos tipos de cenários a serem usados;

7. Desenvolvimento de uma base de dados referentes a informações


passadas, presentes e futuras;

8. Identificação dos componentes estruturais e fatores que prejudicam o


equilibram evolucionário e as tendências do sistema;

9. Descrição das tensões inerentes ao mecanismo funcional;

10. Análise dos elementos reguladores do sistema e de sua coerência;

109
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

11. Crítica e revisão de cenários através dos âmbitos das limitações,


desequilíbrio, forças, tensões, contradições, intervenções dos elementos
reguladores e colocação das contradições que afetam a sobrevivência
do sistema e;

12. Produção de um cenário aprimorado. Provavelmente, a melhor


resposta para a questão da validade da abordagem do cenário é a de
que ele é o único auxílio para a previsão do futuro. Suas conclusões
podem ser amenizadas para uma interpretação razoável. Os resultados
obtidos do cenário devem ser implementados primeiramente ou após um
período curto, quando então o processo de planejamento deve ser
revisto ou alterado.

A fase de estruturação tem como objetivo identificar gradativamente e


de forma interativa, os pontos de ligação, agrupando e caracterizando o
cenário e todos os elementos que inicialmente estavam dispersos. A
identificação desses elementos, em um processo de apoio à tomada de
decisão, é uma etapa que contribui no reconhecimento de pontos
fundamentais, representando e refletindo opiniões e valores dos tomadores
de decisão.
Existem diferentes propostas na maneira de conduzir a fase de
estruturação. Uma das propostas se baseia fundamentalmente nos
objetivos dos decisores e a outra nas características das alternativas. A fase
de estruturação pode ser iniciada tanto pelos objetivos dos decisores, como
pelas características das alternativas. No caso das características das
alternativas, é necessário decompor o conjunto destas características à
exaustão (exigência irrealista), e em seguida evoluir para um trabalho de

110
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

composição dos elementos. Quanto aos objetivos gerais dos decisores,


parte-se para a decomposição dos objetivos mais específicos.

4.20 HIERARQUIA

Como o próprio nome sugestiona a metodologia Analytic Hierarchy


Process (AHP) estrutura um problema de decisão na forma de uma
hierarquia. Esta é um tipo de sistema em que as variáveis estão agrupadas
em arranjos ou níveis escalonados. Saaty destaca a importância da
hierarquia na estruturação do pensamento humano. Dedica-se a sua
construção e à discussão matemática que ela envolve.
Uma hierarquia é uma estrutura acessível, usada para representar, de
forma simplificada, o tipo de dependência de um nível ou elemento de um
sistema com outro, de forma seqüencial.
A hierarquia é uma abstração da estrutura de um sistema para
estudar as interações funcionais de seus componentes e seus impactos
no sistema total. Essa abstração pode tomar várias formas inter-
relacionadas, todas essencialmente descendentes de um objetivo geral,
abrindo-se em sub-objetivos, abrindo-se além das forças que afetam
esses sub-objetivos, e até das pessoas que influenciam estas forças.
Podem-se detalhar, ainda, objetivos das pessoas e, então, as suas
políticas. Além disso, pode-se descer às estratégias e, finalmente, aos
resultados que advêm de tais estratégias.
(SAATY, 1991).

Uma hierarquia é um tipo particular de sistema que está baseado no


conceito de que os elementos identificados podem ser agrupados em
conjuntos distintos. Assim, os elementos de um determinado grupo têm
capacidade de influenciar somente elementos de um outro grupo, e não os
próprios elementos do próprio grupo. Desta forma, os elementos de um
grupo somente serão influenciados por elementos de outros grupos

111
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

(SAATY, 1991). O autor salienta ainda que os elementos de cada grupo (ou
nível) da hierarquia são considerados independentes.
Conceitualmente no AHP uma hierarquia é considerada como sendo
tradicionalmente linear, ou seja, uma hierarquia simples, subindo de um
nível de elementos para um nível adjacente. Contudo, há a possibilidade de
se ter uma hierarquia não linear, ou seja, uma hierarquia que apresentaria
arranjos circulares, de modo que um nível superior poderia ser dominado
por um nível inferior e, mesmo assim, estar numa posição dominante (por
exemplo, no caso de um fluxo de informações) (SAATY, 1991).
Uma forma simples de uma hierarquia é a decomposição desta em
três níveis. Assim, tem-se:

1. Objetivo geral;

2. Critérios e;

3. Alternativas.

Cada conjunto de elementos com uma função definida ocupa um nível


na hierarquia. O nível mais elevado, chamado de foco, consiste somente de
um elemento, o objetivo geral, ou meta. Níveis subseqüentes podem ter
vários elementos, normalmente variando entre cinco e nove elementos. A
estrutura de uma hierarquia simples é mostrada na Figura 39.

112
Volume III
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Figura 39 - Estrutura de uma Hierarquia Simples

Propõe-se que se observe o problema de decisão como uma árvore


“virada” onde a raiz é o objetivo principal e, o caule, os ramos e as folhas,
são os objetivos e critérios. Ao invés de todos os elementos serem tratados
simultaneamente, devem-se tratar agrupamentos de elementos. Estes
elementos representam prioridades e critérios, até se chegar ao objetivo
geral.
Com o Analytic Hierarchy Process (AHP) busca-se a modelagem do
mundo real hierarquicamente. Cada nível da hierarquia é formado por
critérios ou objetivos que pertencem ao mesmo nível de importância. O nível
de importância é estabelecido pelos elementos que, de algum modo, são
significativos em determinado grau.
As estruturas apresentadas anteriormente (Figura 39) é básica.
Podem ocorrer variações para outros tipos de hierarquia. Cada alternativa
não precisa, necessariamente, estar relacionada com cada critério ou
objetivo geral. O decisor, de acordo com seu problema em questão, pode
retirar um nível ou elementos da hierarquia. O AHP possui uma grande
versatilidade.

113
Volume III
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Agosto/2011

Uma Hierarquia deve ser construída cuidadosamente, visto que, a


estruturação de uma situação decisória é uma das mais importantes fases
de todo o processo de decisão.
Os resultados obtidos nas experimentações permitem supor que uma
hierarquia bem construída será, na maioria dos casos, um bom modelo da
realidade, mesmo que as realimentações realmente possíveis não sejam
consideradas. As principais vantagens de se estruturar um problema de
decisão hierarquicamente são (SAATY, 1991):

1. A representação hierárquica de um sistema pode ser usada para


descrever como as mudanças em prioridades nos níveis mais altos
afetam a prioridade dos níveis mais baixos;

2. Elas dão enormes detalhes de informação sobre a estrutura e as funções


de um sistema nos níveis mais baixos, permitindo uma visão geral de
atores e de seus propósitos nos níveis mais altos. Limitações nos
elementos de um nível são representadas melhor no nível mais alto
seguinte para assegurar que elas sejam satisfeitas. Por exemplo, a
natureza pode ser considerada como um ator cujos objetivos são o uso
de certos materiais sujeitos a determinadas leis e limitações;

3. Os sistemas naturais montados hierarquicamente, isto é, através de


construção modular e montagem final de módulos, desenvolvem-se
muito mais eficientemente do que aqueles montados de um modo geral
e;

4. As hierarquias são estáveis e flexíveis: estáveis porque pequenas


modificações têm efeitos pequenos e flexíveis porque adições a uma
hierarquia bem estruturada não perturbam o desempenho.

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Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
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4.21 A ESTRUTURAÇÃO DE UMA HIERARQUIA

Uma hierarquia, como apresentado anteriormente, é um modelo que


tenta ser fiel a uma situação real. A hierarquia representa a análise dos
elementos mais importantes da situação, que está sendo analisada e das
suas relações. Ela é uma ferramenta de apoio muito importante no processo
de tomada de decisão.
Para Saaty (1991), na prática, não existe um conjunto de
procedimentos para gerar os objetivos, critérios e atividades para serem
incluídos em uma estrutura hierárquica, ou mesmo num sistema em geral.
Os objetivos são escolhidos para decompor a complexidade do sistema.
Normalmente, analisa-se, estuda-se, investiga-se a questão de
tomada de decisão, para o enriquecimento de idéias. Na maioria dos casos,
grupos de trabalho são formados. Os grupos é que selecionam todos os
conceitos relevantes ao problema em questão. Inicialmente, as idéias
consideradas relevantes ao problema de decisão são expostas
aleatoriamente, sem nenhuma relação de ordem. Após questionamentos e
análises mais aprofundadas é que pode ser formada a hierarquia
propriamente dita (SAATY, 1991).
Saaty (1991), adverte que pode existir um sistema, com alto grau de
complexidade onde não será fácil encontrar a estrutura hierárquica que lhe
corresponda. Neste caso, pode-se recorrer ao registro de todos os
elementos relevantes para aquela hierarquia. Os elementos poderão então
ser, agregados em grupos de acordo com a dominância entre eles.
Finalmente, esses grupos servirão como níveis hierárquicos.
Deve-se dedicar um tempo considerável ao estudo do problema de
decisão. Não é aconselhável passar rapidamente por esta fase. Quando um

115
Volume III
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Agosto/2011

indivíduo, ou grupo entende realmente todo o processo, conhece todos os


fatores importantes e constantemente examina as opiniões quanto a esses
fatores. Desta forma, o processo de estruturação de uma hierarquia se torna
mais fácil e confiável (SAATY, 1991).
A priorização dos níveis mais altos da hierarquia deve ser feita
cuidadosamente. São estes níveis que dirigirão o resto da hierarquia. Em
cada nível, deve ser assegurado que os critérios representados sejam
independentes ou, suficientemente desiguais. Essas diferenças podem ser
tomadas como propriedades independentes no nível (SAATY, 1991).
Quanto mais baixo o nível na hierarquia, espera-se maior diversidade
de opiniões, visto que se caminha em direção ao nível operacional.
À medida que as pessoas concordam, tanto com o significado
como com a importância dos elementos, mais recursos devem ser
alocados para aquela área; à medida que as pessoas discordam sobre
significado ou importância, seus julgamentos tendem à neutralização
mútua enquanto a área tende a obter menor parte das ações até que
maior suporte seja obtido.
(SAATY, 1991).

A fase da estruturação hierárquica, talvez seja a mais criativa de todo


o processo de tomada de decisão com o AHP. Nesta fase, a escolha dos
fatores importantes para a tomada de decisão é que exige maior atenção.
Para Saaty (1991), as fases do processo de estruturação hierárquica
são:

1. Descrição do problema;

2. Colocação do problema em um contexto amplo – se necessário,


posicionando em um sistema maior, incluindo outros atores, seus
objetivos e produtos;

3. Identificação do critério que influencia o desenrolar do problema;

116
Volume III
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Agosto/2011

4. Estruturação de uma hierarquia do critério, sub-critério, propriedades das


alternativas e as próprias alternativas;

5. Em um problema com muitas partes, os níveis podem referir-se aos


ambientes, atores, objetivos e política dos atores e resultados, dos quais
pode-se obter o resultado composto;

6. Definição cuidadosa de cada elemento da hierarquia para a remoção de


ambigüidades e;

7. Priorização dos critérios básicos com relação aos seus impactos no


objetivo geral denominado foco.

A estruturação da hierarquia exige experiência e conhecimento do


campo em que o problema de decisão em questão está envolvido. Os
indivíduos, responsáveis pela tomada de decisão, podem estruturar
diferentes hierarquias para um mesmo problema de decisão. No entanto,
um grupo pode trabalhar em conjunto, discutindo pontos divergentes e,
final-mente chegar a um consenso, criando uma hierarquia representativa.
Na estruturação de uma hierarquia existem alguns detalhes que
devem ser levados em consideração, para que:

1. Represente-se o problema de tal modo que todos os elementos


considerados importantes sejam incluídos;

2. O ambiente que envolve a questão possa ser incluído;

3. Os participantes associados com o problema possam ser identificados e;

4. As considerações, características, atributos que contribuem para a


solução possam ser identificados.

117
Volume III
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Agosto/2011

A estruturação hierárquica é um processo repetitivo onde os


conceitos, as questões a serem avaliadas, as respostas associadas às
questões, determinam os componentes e os níveis da hierarquia. A
incerteza, em relação às questões levantadas, pode induzir a erros na
construção de uma hierarquia.
Na estruturação hierárquica, primeiramente os elementos e níveis da
hierarquia são identificados. Em seguida, utilizam-se tais elementos na
formulação de questionamentos aos decisores. Se os decisores sentirem
dificuldade em responder as questões levantadas, os níveis e conceitos
podem não ser representativos e terão de ser reavaliados.
A Figura 40 mostra um resumo da inter-relação entre os principais
aspectos na estruturação de uma hierarquia.

Figura 40 - Resumo da Inter-relação entre Componentes na Construção Hierárquica

A estruturação de uma hierarquia sempre tem que visar o objetivo


geral. Assim, construída a hierarquia, deve ser possível identificar o
problema de decisão e seus elementos mais importantes. Logo, a hierarquia
é uma ferramenta auxiliadora, fundamental no processo de tomada de
decisão. Neste sentido, a hierarquia tem que ser clara e suscetível às
mudanças necessárias.
A estruturação hierárquica de uma situação decisória é uma parte
muito importante em todo processo de decisão. A estrutura de uma decisão

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Agosto/2011

depende de como o problema é percebido, por quem ele é percebido e, o


objetivo da solução. Depende da criatividade e experiência dos envolvidos
no processo, que podem desenvolver estruturas cada vez mais elaboradas.
Delinear uma hierarquia força o tomador de decisão a analisar
completamente a estrutura de um problema de decisão. Assim, ele articula
e discute a contribuição de cada elemento da hierarquia. O resultado do
processo de decisão depende fortemente desta fase. A fase de modelagem
dos elementos pode ser gerada por dedução lógica, observação de casos,
dados empíricos, discussão de idéias, ou por combinação destes
elementos.
A hierarquia pode ser de dois tipos: (a) estrutura e; (b) funcional.
Hierarquia estrutural: Complexos sistemas são estruturados a partir
de suas partes constituintes, em ordem descendente. Esta estruturação é
feita segundo propriedades como tamanho, forma, cor e período de
duração.
Uma estrutura hierárquica de um sistema de transportes poderia
descender de um sistema de transporte urbano, para um transporte de
passageiros, para um transporte público de passageiros e, finalmente, para
o usuário individual do sistema.
A natureza da dependência, na hierarquia relatada, completa o modo
de uma análise complexa se quebrar em ramos e sub-ramos de elementos
até chegar em partes menores.
Hierarquia funcional: Representa a decomposição de um sistema
em suas partes constituintes de acordo com suas relações essenciais.
Um modelo do AHP aplicado à segurança de estradas e prevenção
de acidentes, pode ser estruturado em ramificações de proprietários de
imóveis próximos ao local, pedestres, motoristas, proprietários de veículos,

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Volume III
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Agosto/2011

e a sociedade como um todo. Um ramo de objetivos de proprietários de


imóveis próximos ao local pode ser estendido para: diminuição no
congestionamento e tempo de viagem, segurança dos pedestres,
incremento no valor imobiliário, etc.
Uma hierarquia é uma abstração da estrutura de um sistema, que
pode ser usada para estudar as interações funcionais de seus
componentes. Além disso, pode servir como forma de avaliação dos
impactos no sistema como um todo.
Não existem regras invioláveis na estruturação de uma hierarquia.
Cada tomador de decisão, segundo seu problema de decisão, tem o poder
de formar a própria hierarquia para sua questão.

4.22 O PRINCÍPIO DOS JULGAMENTOS COMPARATIVOS (AVALIAÇÃO)

Após a fase de estruturação de uma hierarquia, ou seja, de um


sistema de níveis estratificados, cada um consistindo em tantos elementos,
ou fatores, tem-se uma questão a ser determinada: com que peso os fatores
individuais do nível mais baixo da hierarquia influenciam seu fator máximo,
o objetivo geral?
[...] o que nós precisamos ainda é um método para determinar a
força com a qual os vários elementos num nível influenciam os elementos
do nível mais alto seguinte, de modo que possamos computar as forças
relativas dos impactos dos elementos sobre o nível mais baixo e sobre os
objetivos gerais [...].
(Saaty, 1991).

A questão principal é como determinar a intensidade, ou as


prioridades dos elementos de um nível em relação à sua importância para
um elemento no nível seguinte. É necessário um método para determinar a
força com a qual os vários elementos influenciam outros elementos, de

120
Volume III
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Agosto/2011

forma que se possa obter a força relativa dos impactos sobre o objetivo
geral.
No AHP, os julgamentos são feitos no modo de pares de comparação.
Assim, o tomador de decisão, de posse da estrutura hierárquica, realiza
pares de comparações relativas entre dois elementos de um determinado
nível em relação a um elemento de um nível superior.
O decisor, na fase de avaliação, responde a seguinte questão: Qual
elemento satisfaz mais e o quanto mais? O conjunto de todas as
comparações, realizadas par-a-par, forma as matrizes de valores.
A estruturação hierárquica permite enfocar os julgamentos
separadamente, nas particularidades essenciais da decisão. A maneira
mais eficiente de realizar os julgamentos, é tomar um par de elementos e
compará-los em relação a uma única propriedade.
As comparações aos pares são usadas para determinar a prioridade
dos critérios, em relação ao objetivo principal. Normalmente, os pares de
comparação são executados através de uma hierarquia contida nas
alternativas dos níveis mais baixos, em relação ao critério do nível mais alto.
O princípio dos julgamentos comparativos consiste no seguinte:
tomando-se os elementos de um nível, comparam-se todos deste nível par-
a-par, com cada um dos elementos do nível imediatamente superior,
medindo-se a intensidade de sua importância. Este princípio auxilia o
tomador de decisão, munindo-o de um método padronizado para exercer as
comparações.
A quantificação dos julgamentos, realizados par-a-par, é feita com a
ajuda de uma escala padronizada. A escolha dos pesos pode ser feita a
partir da escala numérica ou da equivalente escala qualitativa. A escala de

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Volume III
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julgamentos de nove níveis, proposta por Saaty (1991), é apresentada a


seguir (Erro! Fonte de referência não encontrada.):
Quadro 26 - Escala de Julgamentos do AHP
DEFINIÇÃO ESCALA ESCALA
NUMÉRICA QUALITATIVA
Não existe diferença de contribuição entre os 1 Elementos iguais
elementos comparados, ao elemento do nível
superior adjacente.
Elementos é levemente superior a do outro 3 ou 1/3 Fraca importância de um
elemento sobre o outro
Um elemento é fortemente dominado pelo outro 5 ou 1/5 Importância forte de um
elemento sobre o outro
É notória a preferência de um elemento sobre o 7 ou 1/7 Importância muito forte
outro de um elemento sobre o
outro
A contribuição de um elemento domina em 9 ou 1/9 Importância absoluta de
absoluto um elemento sobre o
outro

4.23 OS JULGAMENTOS

No Analytic Hierarchy process (AHP) os julgamentos são realizados


na forma de pares de comparação. O tomador de decisão transforma a
informação a ser avaliada através de comparações aos pares entre alguns
elementos da decisão.
Usando de julgamentos com pares de comparações pode-se lidar
com fatores os quais, em suas aplicações mais conhecidas, não são
quantificados. No entanto, deve ser levado em consideração o fato de existir
uma certa imprecisão quando números são associados a julgamentos.
Para um caso que nos seja dado um conjunto de objetos, os quais
sejam suficientemente leves e que possam ser levantados com a mão, e
apesar da falta de um instrumento de medida, queiramos estimar seus
pesos relativos, podemos tomar como uma possível solução, tentar
imaginar o peso desses objetos diretamente em gramas, por exemplo,

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Volume III
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Agosto/2011

levantando-os (talvez usando o mais leve deles como padrão) comparando


todo o conjunto e, então, dividindo o peso de cada um pelo total para obter
o seu peso relativo.
Outro método que mais bem utiliza a informação disponível é a
experiência de comparar os objetos em pares, levantando um, depois outro
e, então, levantando de novo o primeiro e o segundo, e assim por diante,
até que tenhamos formado um julgamento quanto ao peso relativo de cada
par de objetos. Este segundo processo tem a vantagem de focalizar
exclusivamente dois objetos de cada vez e como eles se relacionam entre
si. Tem também a vantagem de gerar mais informação, uma vez que cada
objeto é comparado com cada um dos outros.
Quando não há qualquer escala para validar os resultados, a
comparação par a par pode ser uma grande vantagem porque, apesar de
envolver mais passos, eles são mais simples.
As comparações paritárias são obtidas por questionamentos diretos
às pessoas envolvidas no problema de decisão a ser analisado. O conjunto
de pessoas envolvidas no processo de decisão pode ser formado de um
único indivíduo, se o problema é do seu interesse apenas, ou de um grupo
de indivíduos. As pessoas podem ou não ser especialistas, no entanto,
precisam estar bem familiarizadas com o problema. O processo de
julgamento segue da seguinte forma:
Dado os elementos de um nível hierárquico, e desejando-se construir
a matriz de comparações paritárias entre tais elementos, os indivíduos que
apresentam julgamentos são questionados com o seguinte tipo de pergunta:
dado um par de elementos da matriz, qual deles seria o mais dominante em
termos de possuir ou contribuir para a propriedade em questão? Quão forte

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Volume III
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é essa dominação: igual, fraca, forte, muito forte ou absoluta, ou representa


compromisso entre valores adjacentes nesta comparação de intensidades?
A questão deve ser elaborada de maneira cuidadosa para evocar o
julgamento ou sentimento dos indivíduos envolvidos.
Quando o conjunto inteiro de julgamentos tiverem sido obtidos, as
pessoas serão indagadas sobre quão fielmente elas sentem que seu
entendimento e julgamentos foram representados.
Os participantes deverão ser consultados sobre sua opinião a respeito
de quão adequada é a estruturação hierárquica de seu problema e a
representação de seus julgamentos.
Em grupos, se os indivíduos diferem seus julgamentos, deve ser
permitido que discutam entre si. Em alguns casos, um grupo inteiro mudou
sua posição após ouvir as razões dadas por um único indivíduo.
Os julgamentos, de maneira geral, são difíceis de serem manipulados
e altamente variáveis. No entanto, pode-se avaliar a consistência desses
julgamentos e sua validade.

4.24 A MATRIZ DE JULGAMENTOS E A ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA

Para Saaty (1991), dado um conjunto de atividades C1, C2, ..., Cn, os
julgamentos quantificados dos pares de atividades Ci, Cj são representados por
uma matriz A quadrada n x n.

A = (aij), para i,j = 1,2, ..., n (6.4- 1)

A matriz quadrada A apresenta-se desta forma:

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Volume III
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 1 a 12  a 1n 
1 a 1  a 2 n 
A= 
21
(6.4- 2)
     
 
1 a n1 1 a n 2  1 

Os elementos aij são definidos da seguinte forma:

a ij   ,   0

1
a ij 

se Ci é julgado como de igual importância relativa a Cj, então
a ij  1 a ji  1 , e em particular, a ii  1 para todo i.

Cada julgamento aij deve ser considerado como uma estimativa da razão
entre os elementos da linha de ordem i e os elementos da coluna de ordem j.
Supondo que (w1, ..., wn) são estimativas precisas,ou seja, no caso ideal de
medida exata, todos os elementos da matriz são consistentes, isto é, aij = wi / wj (
para i, j =1,2,...n), sendo:
(wi / wj) a importância relativa dos elementos da linha de ordem i em relação
aos elementos da coluna de ordem j.
(w1, ..., wn) os pesos numéricos que refletirão os julgamentos registrados.
No caso ideal de medidas exatas, as relações entre os pesos w e os
julgamentos aij são dadas por:
wi
a ij  para ( para i, j =1,2,...n) (6.4-3)
wj

Logo a matriz A pode ser representada por:

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 1 a 12  a 1n   w 1 w 1 w1 w 2  w1 w n 
1 a 1  a 2 n   w 2 w 1 w2 w2  w 2 w n 
A=  
21
(6.4- 4)
          
   
1 a n1 1 a n 2  1  w n w 1 w n w1  wn wn 

Entretanto, tal situação não seria representativa em casos reais, pois as


estimativas (w1, ..., wn) não precisas, nem quando decorrentes de medidas físicas,
o que tornaria o problema de encontrarmos w 1 (quando aij são dados) insolúvel
para a maioria dos casos práticos, daí a necessidade de uma tolerância para a
ocorrência de possíveis desvios, sobretudo quando decorrentes de julgamentos
humanos (SAATY, 1991). Segundo o autor, para permitir uma margem de desvios
temos:
Considerando a linha de ordem i da matriz A, temos como elemento desta
linha:
ai1, ai2, ..., aij, ..., ain
Para uma situação ideal (valores exatos), estes valores são os mesmos das
razões:

wi wi w w
, , , i , , i
w1 w 2 wj wn

Tornando o produto do primeiro elemento da linha por w1, o segundo por


w2, e assim por diante, temos:
wi wi wi w
w1  w i , w 2  w i , , w j  w i , , i w n  w i
w1 w2 wj wn

O resultado é uma linha de elementos idênticos:


w i , w i , , w i

126
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Onde, de um modo geral, wi representa a média estatística dos valores da


linha de ordem i, ou seja, dos valores:

w i  a ij w j ( para i, j =1,2,...n) (6.4- 5)

Generalizando para relações mais realísticas teríamos:

1 n
wi   a ij w j ( para i =1,2,...n)
n j1
(6.4- 6)

O que é equivalente a dizer:


n
1
a
j1
ij wj
wi
 n ( para i =1,2,...n), ou (6.4- 7)

a
j1
ij w j  nw i ( para i =1,2,...n) (6.4- 8)

Saaty (1991) demonstra em seu trabalho que a equação da matriz A  b  y


onde b=(b1, ..., bn) e y=(y1, ..., yn) é uma notação abreviada para o conjunto de
equações:

a
j1
ij b i  y i ( para i =1,2,...n) (6.4- 9)

Aplicando (6.4-9) em (6.4-8), temos:

Aw  nw (6.4- 10)

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Quando escrita em sua notação total, esta equação toma a seguinte forma:

 w1 w1 w1 w 2  w1 w n   w1   w1 
w w w2 w2   
 w 2 w n  w 2  w 
A 2 1   n 2 (6.4- 11)
           
     
w n w 1 w n w1  w n w n  w n  w n 

Efetuando-se a multiplicação de A pelo vetor de pesos w = (w1, w2, ..., wn)T,


obtêm-se nw. Em teoria matricial, esta igualdade expressa o conceito de que w é
um autovetor de A, com autovalores de n (SAATY, 1991).
No caso ideal, todos os autovalores são zero, exceto um, que é n. Cada
linha de A é uma constante da primeira linha. A soma dos autovalores da matriz é
igual a sua transposta AT. A soma dos elementos da diagonal é a transposta de A
e é igual a n. Assim, n é o maior autovalor de A.
A solução de Aw  nw é chamada de autovetor direito principal de A,
consiste de entradas positivas e é única dentro de uma constante multiplicativa.
Para tornar w única, normaliza-se suas entradas, dividindo-se pela sua soma.
Entretanto, segundo Saaty (1991), os valores de aij que correspondem aos
valores de wi / wj não são baseados em medidas exatas, logo, apesar da
equação(6.4-11) atender a uma situação ideal, ela não é suficientemente realista
para que assegure a existência de um vetor peso w que venha satisfazê-la.
Segundo o autor, para estimativas aceitáveis, a ij tende a ficar próximo de w i w j e

assim causar uma perturbação pequena nesta razão. À medida que a ij é


modificado há uma solução correspondente da equação(6.4-11) caso o valor de n
também sofra modificações.
Na prática, a imposição destas relações restritas tornaria insolúvel, na
maioria dos casos, o problema de encontrar w1, quando aij é dado. Assim, tem-se
a necessidade de uma tolerância para desvios, principalmente, no que se refere a
julgamentos humanos, em que estes desvios são consideravelmente maiores.

128
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Tornando:

1 n
w i   a ij w j ij ( para i =1,2,...n) (6.4- 12)
n j1

Onde  ij é o espelhamento estatístico em volta de w i, isto é,  ij é o desvio

de w i w j em relação a aij, a equação (6.4-12) toma a seguinte forma:

n  ij
w i   a ij w j ( para i =1,2,...n) (6.4- 13)
j1 n

Generalizando, tem-se:

 ij 1 n
  max  (6.4- 14)
n max  ij

Assim, uma pequena variação de aij, implica em pequenas variações em


max . Então, para uma matriz qualquer de ordem n existem no máximo n
autovalores distintos, (λ1, ..., λn), a sua soma será:
n


j1
i n (6.4- 15)

No caso de consistência total, n será o maior autovalor de A, isto significa


que max  n , e implica em  ij  0 e a ij  w i w j . Deste modo, o desvio de max a

partir de n é uma medida de consistência (IC) e pode ser calculado pela equação:

max  n 
IC  (6.4- 16)
n  1

129
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

O índice de consistência mede o desvio dos julgamentos da consistência,


quanto mais próximo o índice estiver de zero, melhor será a consistência global da
matriz de comparação de julgamentos.
O grau de inconsistência ou incomparabilidade (RC) é medido por: RC = IC
/ IR, onde, IR é o índice de consistência randômico, que é determinado através de
experimentos e após tabelado. O IR utilizado terá a mesma dimensão n de IC.
O IR, índice de consistência randômico, é baseado na escala de 1-9. Para
cada ordem de matriz, foi construído uma amostra de tamanho 100, as suas
entradas foram preenchidas randomicamente, sendo que, as entradas da diagonal
principal são unitárias, e para cada posição acima da diagonal, foram colocados
randomicamente qualquer dos inteiros de 1 a 9 ou seus recíprocos. Na posição
abaixo da diagonal foram colocados os seus recíprocos forçados. Por exemplo, se
na posição aij = 9, então na posição aij = 1/aij = 1/9. A seguir as matrizes são
calculadas e é encontrado a média de (λmax – n) / (n – 1) para as 100 matrizes
correspondentes a cada valor de n. Os cálculos foram repetidos para uma amostra
de tamanho 500. O Quadro 27 mostra a ordem das matrizes com os seus IR’s
correspondentes.

Quadro 27 - Valores de IR’s (índices randômicos)


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
0,00 0,00 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49 1,51 1,48 1,56 1,57 1,59

O grau de inconsistência, IR, calculado representa o quanto os


julgamentos representam a realidade.
De acordo com Saaty (1991), uma razão de consistência de 0.10 ou
mais é considerada aceitável.
No caso de não se obter a razão de consistência esperada, deve-se
melhorar a qualidade dos julgamentos.
Após a realização do julgamento dos impactos de todos os elementos
e as prioridades terem sido calculadas para a hierarquia como um todo,

130
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

algumas vezes, e com cuidado, os elementos menos importantes podem


ser abandonados, por causa de seus impactos relativamente pequenos no
objetivo final. Então, as prioridades podem ser recalculadas, mudando ou
não os julgamentos iniciais.
Finalmente, para medir a prioridade dos diversos níveis de elementos,
deve-se multiplicar os pesos dos elementos de um nível com todos os
elementos no nível abaixo. Isto é feito pelo Principio da Composição da
Hierarquia.
Os elementos de um nível hierárquico são comparados,
relativamente, de acordo com a sua importância, para um dado critério, que
ocupa o nível, imediatamente acima dos elementos que estão sendo
comparados. Esse processo de comparação fornece uma escala relativa de
medidas de prioridade ou peso dos elementos. A escala mede a posição
relativa dos elementos com respeito ao critério independente de qualquer
outro critério ou elemento que pode ser considerado para a comparação. A
soma desses pesos relativos é um. As comparações são feitas pelos
elementos de um nível, com respeito a todos os elementos do nível acima.
Os pesos finais ou globais dos elementos do nível inferior da hierarquia são
obtidos pela soma de todas as contribuições dos elementos no nível acima.

4.25 RESULTADOS

Os planos de informação (PI’s) referente aos fatores indutivos e os


seus respectivos procedimentos de análise, bem como os parâmetros de
normalização e estão indicados no Quadro 29.
A matriz de comparações paritárias é apresentada no Quadro 28. Os
fatores de ponderação para cada um dos PI’s considerados é apresentado
no Quadro 30.

131
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

O Quadro 31 e a Figura 41 apresentam os resultados do processo de


Avaliação Multi-Critérios - MCE para as intervenções propostas. Os valores
próximo de 255 são considerados como sendo as intervenções de maior
prioridade de implantação, enquanto que os menores valores são
considerados como sendo as intervenções de menor prioridade de
implantação. Valores intermediários representam a priorização em maior ou
menor escala para cada das intervenções analisadas.
Quadro 28 - matriz de comparações paritárias
População População População Custo (1) Distância Vazão a ser Risco
Fatores diretamente de de da área regularizada ambiental
afetada influencia influencia urbanizada
PDA direta indireta
PID PII
População diretamente afetada - 1
PDA
População de influencia direta - 1/5 1
PID
População de influencia indireta - 1/5 1 1
PII
Custo (1) 3 3 3 1
Distância da área urbanizada 1/3 1/3 1/3 1/5 1
Vazão a ser regularizada 1/5 1/3 1/3 1/5 1/3 1
Risco ambiental 1 1 1 1 7 7 1
(1) Intervenção estrutural / regularização da vazão - bacias de detenção / recuperação ambiental

Para as intervenções enquadradas na "Situação 01" foral avaliadas


duas possibilidades de implantação, sendo elas: i) adoção de medidas
estruturais para suprir a carga hídrica para o ponto em questão; e ii) adoção
de medidas reguladores de vazão (bacias de detenção) em conjunto com
medidas de recuperação ambiental das áreas degradadas, por outro lado,
para as intervenções consideradas na "Situação 02" foi considerado
somente a adoção de medidas reguladores de vazão (bacias de detenção)
em conjunto com medidas de recuperação ambiental das áreas
degradadas, uma vez que tais ações são foram consideradas como sendo

132
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

as melhores ações para minimizar o passivo ambiental de cada uma das


intervenções estudadas. É importante lembrar que o resumo das ações
consideradas para cada intervenção foi apresentado no Quadro 23.
Quadro 29 - Descrição dos fatores utilizados na Avaliação Multi-Critérios - MCE
Fatores Descrição Função

População diretamente afetada - A adequabilidade do fator decai de um máximo de 255, para uma Linear
PDA população de 6296 habitantes (ponto 35), até um valor mínimo de
0, para uma população de 392 habitantes (ponto23).
População de influencia direta - A adequabilidade do fator decai de um máximo de 255, para uma Linear
PID população de 115.834 habitantes (pontos inseridos na UHB-02),
até um valor mínimo de 0 para uma população de 18.365
habitantes (pontos inseridos na UHB-12).
População de influencia indireta - A adequabilidade do fator decai de um máximo de 255, para um Linear
PII valor de 545.597 (ponto 06) até um mínimo de 0, para um valor de
453.047 (ponto15).
Custo (intervenção estrutural / A adequabilidade do fator decai de um máximo de 255, para um J-shaped
regularização da vazão - bacias custo de R$ 221.330.709,18 (ponto 09), até um mínimo de 0, para
de detenção / recuperação o custo de R$ 34.779,36 (ponto08).
ambiental)
Distância da área urbanizada A adequabilidade do fator decai de um máximo de 255, para uma Linear
distância máxima de 352m (ponto 09), até um mínimo de 0, para
uma distância nula.
Vazão a ser regularizada A adequabilidade do fator decai de um máximo de 255, para uma Linear
vazão máxima de 404.22m 3/s (ponto 09), até um mínimo de 0,
para uma vazão nula.
Risco ambiental A adequabilidade do fator assume um valor máximo de 255, para Linear
as pontos com risco eminente (03), a um mínimo de 0, para um
risco baixo (01).

Quadro 30 – Ponderadores dos critérios de Avaliação Multi-Critéro - MCE


FATOR GRAU DE PONDERAÇÃO
AHP (ANALYTICAL
HIERARCHY
PROCESS)(1)
População diretamente afetada - PDA 0.2374
População de influencia direta - PID 0.1004
População de influencia indireta - PII 0.1004
Custo (intervenção estrutural / regularização da vazão - bacias de detenção / recuperação 0.2927
ambiental)
Distância da área urbanizada 0.0481
Vazão a ser regularizada 0.0299
Risco ambiental 0.1911
(1) Consistência = 0,09

Quadro 31 - Prioridade de execução das intervenções


PRIORIDADE PRIORIDADE
DE PONTO MELHOR ALTERNATIVA
SITUAÇÃO 01 SITUAÇÃO 02
EXECUÇÃO

133
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

TRANSPOSIÇÃO REGULARIZAÇÃO REGULARIZAÇÃO


DE VAZÃO DE VAZÃO + DE VAZÃO +
RECUPERAÇÃO RECUPERAÇÃO
AMBIENTAL AMBIENTAL
1 1 223 150 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
2 35 203 133 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
3 4 202 130 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
4 25 198 125 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
5 2 183 113 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
6 31 181 123 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
7 21 169 95 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
8 26 166 97 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
9 7 160 102 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
10 28 159 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
11 8 155 156 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
12 N/A N/A N/A N/A
13 22 153 103 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
14 11 152 81 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
15 6 150 112 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
16 19 144 83 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
17 10 143 71 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
18 5 141 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
19 17 141 73 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
20 20 141 73 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
21 18 136 62 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
22 3 135 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
23 27 132 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
24 29 130 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
25 13 122 67 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
26 14 116 46 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
27 15 112 39 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
28 16 111 39 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
29 30 100 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
30 32 95 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
31 34 95 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
32 23 89 80 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
33 24 86 57 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
34 9 85 69 TRANSPOSIÇÃO DE VAZÃO
35 12 75 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
36 36 41 REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO + RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

134
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Figura 41 - Priorização das intervenções

5. CADASTRO DA REDE DE DRENAGEM

O sistema de drenagem é atualmente cadastrado de forma parcial


pela Secretaria Municipal de Infra-estrutura em arquivos digitais baseados
em plataforma CAD, baseado na determinação da profundidade do conduto
e seu diâmetro. Nestas condições, tais dados não são suficientes para se
avaliar de forma dinâmica os sistemas já implantados, bem como a
incorporação de eventuais cargas hídricas decorrentes da implantação de
novos sistemas.
O presente plano aponta a necessidade de se revisar o cadastro de
condutos pluviais da cidade quanto às informações topográficas e ao estado
de obstrução dos sistemas de drenagem. As atividades propostas são:

135
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1. Levantamento e cadastramento das informações das redes existentes e


ainda não avaliadas neste plano;

2. Avaliar as condições dos condutos das redes existente;

3. Cadastro dos dados das novas redes cadastradas conforme base de


Sistemas de Informações Geográficas - SIG apresentada no Volume 01
deste trabalho;

4. Incorporação das novas redes cadastradas ao software EPA SWMM de


forma a possibilitar a execução de simulações hidrodinâmicas
integradas das UHBs.

6. MANUTENÇÃO DA REDE DE DRENAGEM

A manutenção da rede de drenagem municipal deverá ser direcionada


a dois aspectos básicos: i) manutenção da rede física do sistema de
drenagem (macro e micro drenagem); e ii) limpeza urbana da cidade.
Manutenção da rede física do sistema de drenagem: A
manutenção física da rede de drenagem deverá envolver os procedimentos
de:

1. Desobstrução das estruturas (bocas-de-lobo, poços de visita e redes)


obstruídas por acúmulo de resíduos sólidos ou por deposição de
sedimentos;

2. Reconstrução das estruturas (bocas-de-lobo, poços de visita e redes)


danificadas;

3. Manutenção dos condutos e solução de problemas localizados

136
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

Limpeza urbana da cidade: A limpeza urbana e a coleta de resíduos


na cidade devem ser atividades integradas. Quando os serviços de limpeza
não atuam de forma eficiente, um maior volume de resíduos são
direcionados para o sistema de drenagem. Neste sentido, uma política
eficiente de limpeza urbana terá como resultado uma redução dos resíduos
carreados para o sistema de drenagem. As ações a serem adotadas
envolvem:

1. Limpeza sistemática das ruas;

2. Limpeza de condutos e canais, incluído aqui a manutenção da poda de


vegetação para manter a capacidade de escoamento;

3. Limpeza das detenções urbanas.

Estes serviços podem ser terceirizados e especificados os serviços


para o contratado. Considerando as características e precipitação na
cidade, recomenda-se que no início período chuvoso a ser definido no mês
de setembro seja realizada uma limpeza detalhada do sistema de
drenagem, além da programação semanal. Quanto a limpeza das
detenções é fundamental que as detenções sejam limpas logo após um dia
chuvoso. Isto evita transformar estas áreas em áreas degradadas e ter a
revolta da população a este tipo de solução. A freqüência da limpeza do
sistema de drenagem deve ser avaliada com base na quantidade retirada
da drenagem na periodicidade inicial a ser estabelecida. Deve-se iniciar
com uma programação mensal no período chuvoso (outubro a abril) e
trimestral no período seco (maio a setembro). Esta freqüência deve ser
reavaliada de acordo com a coleta e poderá mudar também de acordo com
a área da cidade e seu sistema de coleta domiciliar e limpeza.

137
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

No que diz respeito à questão econômica, a manutenção do sistema


de drenagem urbana municipal deverá prever mecanismos de
financiamento da manutenção em tela.
Neste sentido, o princípio básico do financiamento das ações de
manutenção do sistema de drenagem urbana são o de distribuir os custos
de acordo com as áreas totais de cada propriedade ou ainda no percentual
de área impermeável não controladas da propriedade. Esta última
alternativa é a mais justa sobre vários aspectos, a medida que quem mais
utiliza o sistema deve pagar proporcionalmente ao volume que gera de
escoamento.
A principal dificuldade no processo de cobrança estabelecida no
percentual de área impermeável de cada propriedade está em sua
estimativa. Uma alternativa é utilizar a área construída de cada propriedade
projetada para o plano da área do terreno como a área impermeável. Este
valor não é o real , pois o espaço impermeabilizado tende a ser maior em
função da pavimentação dos pátios. Outra alternativa é estabelecer um
programa de avaliação da área impermeável com base em imagem de
satélite e verificação por amostragem através de visita local.
Haja vista a dificuldade de se obter dados deste parâmetro (área
impermeável) para as áreas urbanas já consolidadas, o presente plano
recomenda a adoção de um percentual único (a ser definida pela
administração municipal) para estas áreas e a adoção de valores reais para
os novos parcelamentos urbanos. É mister lembrar que a adoção de tais
medidas dependem da aprovação e adoção dos arcabouços legais
pertinentes.
A distribuição dos custos da implantação da drenagem propostos
neste Plano são portanto baseados nas seguintes opções:

138
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

1. Como parte do orçamento geral do município, sem uma cobrança


específica dos usuários;

2. Através de uma taxa fixa para cada propriedade, sem distinção de área
impermeável;

3. Através de taxas variáveis para cada propriedade baseada no percentual


de área impermeável da mesma.

Quanto ao rateio dos custos o presente trabalho recomenda a


adoção dos parâmetros de Rateio dos custos de operação e manutenção de
redes de drenagem apresentados por Tucci (2002). Uma transcrição parcial
do mesmo é apresentado no Anexo 01.

7. PLANO DE MONITORAMENTO

O planejamento do controle quantitativo e qualitativo da drenagem


urbana passa pelo conhecimento do comportamento dos processos
relacionados com a drenagem pluvial.
A precipitação mostra que existe variabilidade espacial importante na
cidade em face da sua urbanização e áreas impermeáveis que podem
produzir efeitos sobre as mesmas.
Atualmente o município não conta com dados pluviógrafos, que
melhor caracterizam a distribuição espacial da precipitação.
De forma semelhante, no que diz respeito fluviométricas, não existem
dados e a estimativa dos parâmetros do modelo que transforma chuva em
vazão, foi realizada, primeiro com dados apresentados em bibliografia
especializada.

139
Volume III
Plano Diretor de Drenagem Urbana
Agosto/2011

A falta de dados, como mencionado acima, faz com que os projetos


de drenagem urbana, dentro plano, apresentem incertezas maiores. O efeito
das incertezas é de projetos superdimensionados ou subdimensionados
com evidentes prejuízos para a sociedade como um todo.
O programa de Monitoramento deve buscar disponibilizar informações
para a gestão do desenvolvimento urbano, estabelecendo critérios que
garantam a qualidade das informações e dos projetos futuros.
O programa de monitoramento proposto no plano visa caracterizar,
paras as Unidades Hidrográficas Basicas - UHBs as variáveis climáticas
como temperatura, umidade, precipitação e variáveis hidrológicas como a
quantidade e qualidade da água da chuva e dos rios urbanos;
Esta atividade envolve a avaliação de possíveis fontes dos dados
supra-citados, planejamento de uma rede mínima com coleta das variáveis
climáticas e hidrológicas.
O serviço de monitoramento pode ser realizado por empresas
especializadas, já que a cidade dificilmente pode assumir este tipo de
gestão. Em associação com o monitoramento é necessário planejar um
banco de dados e a disponibilização dos dados de forma pública.
A rede de coleta deve procurar identificar as necessidades de coleta
de: cobertura temporal e espacial da precipitação, da vazão de bacias
representativas e qualidade da água pluvial. A representatividade deve
buscar comparar cenários rurais com urbanos, criando base de
conhecimento para ajustar o plano e desenvolver conhecimento que
coloque preço dos impactos urbanos de acordo a ocupação e contribua a
gestão eficiente da qualidade da água dos sedimentos e da urbanização.
Para o desenvolvimento deste programa recomendamos as seguintes
atividades para o termo de referência deste componente do programa:

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Volume III
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Agosto/2011

1. Levantamento e revisão dos dados hidrológicos disponíveis;

2. Avaliação das possíveis fontes de dados existentes e planejamento de


rede complementar dentro de uma visão de representatividade das
UHBs;

3. Especificação do monitoramento da rede;

4. Criar um banco de dados para receber as informações existentes e


coletadas;

5. Implementar a rede prevista e torná-la operacional.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana
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8. Referências Bibliográficas

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