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Resumo:
Este trabalho procurou investigar as concepções de técnicos sobre a formação continuada e as
relações entre o que é proposto pela Secretaria de Educação e as atividades de formação
desenvolvidas entre os formadores de professores. A abordagem de pesquisa utilizada é
qualitativa utilizando-se a análise de conteúdo para a análise dos dados. Utilizaram-se
questionários e foram realizadas entrevistas com seis técnicos que trabalham diretamente com
a formação continuada de professores na rede municipal de ensino. A concepção de formação
continuada predominante entre técnicos é a de atualização e capacitação de conteúdos e
principalmente de método e técnicas de ensino para que os professores possam aplicá-los na
sala de aula, indo de encontro a um modelo de formação clássico que permeia todo o processo
formativo.
Palavras chave: Formação Continuada, Professores de Ciências, Técnicos de Secretaria de
Educação, Concepções de Formação, Sistema Municipal de Ensino.
INTRODUÇÃO
Existem várias lacunas que dizem respeito à ausência de estudos analíticos sobre
processos de formação bem como as concepções, percepções e representações de formadores,
técnicos e professores de ciências sobre a formação continuada e sobre a profissionalização
docente, como processo de construção de uma identidade profissional.
Em uma análise feita por Nascimento (1997, p. 81–82) sobre a problemática da
formação em serviço dos professores, relacionam-se algumas das razões consideradas como
insuficientes para uma mudança nos professores e nas instituições. As razões apontadas foram
as seguintes:
[...] a descontinuidade das ações que têm sido postas em prática; a perspectiva
fragmentada entre teoria e prática e entre estas e os sentimentos, os valores, etc.; a
atitude normativa e prescritiva em relação aos professores; o custo oneroso dos
cursos, seminários, etc.; a realização [de FC] fora do local e do horário de trabalho; a
desarticulação com projetos coletivos e/ou institucionais; a concepção de FC como
reciclagem e atualização [...] e não como oportunidade de desenvolvimento
profissional em suas múltiplas dimensões; a distância entre os que concebem as
propostas [de FC] e a prática escolar. Os professores não são considerados como os
sujeitos de sua formação [...]; o clima de confronto entre os sistemas e os
professores, dada a negação de salários justos e condições de vida e trabalho
satisfatórias; a visão de formação como uma obrigação, dada a sua organização e
implementação de forma desarticulada da prática escolar; a desconfiança por parte
de autoridades com relação aos conhecimentos produzidos pelos professores.
Nos desafios de “3ª ordem” o autor relaciona aquelas dificuldades voltadas a uma
educação científica ou alfabetização (científica) para o diálogo (com a cultura científica), ou
seja, o ensino de ciências vinculado a uma valorização do conhecimento científico e
tecnológico pela sociedade e a formação de cidadãos nesse contexto. Então,
[...] a sociedade que quer educar (para a ciência e pela ciência) tem,
portanto, esse desafio: fornecer elementos para que os sujeitos possam
dialogar com essa cultura, interpretando o mundo onde estão
inseridos, em toda a sua complexidade. Ora, esse processo de
“enculturação” depende, em larga medida, da formação de professores
METODOLOGIA
A abordagem de pesquisa utilizada é qualitativa utilizando-se a análise de conteúdo
para a análise dos dados (BARDIN, 2008).
A pesquisa foi realizada com seis técnicos da Secretaria Municipal de Educação –
João Pessoa-PB, (SEDEC), vinculados ao Programa Municipal de Formação Continuada
(PMFC) de professores de Ciências Naturais (CN). A coleta dos dados ocorreu através de
questionários e entrevistas. Os sujeitos foram identificados por números (T1, T2, T3, T4, T5,
T6) de modo a garantir o anonimato e a privacidade dos sujeitos.
Os dados dos questionários e entrevistas foram tabulados e transcritos,
respectivamente, e submetidos à análise de conteúdo (BARDIN, 2008) tomando como
orientação a organização das unidades de registro para a análise temática com a constituição
de um banco de dados para submetê-lo a um processamento através do software MODALISA
6,0. Este programa de Computação auxiliou de forma considerável no tratamento dos dados;
assim, melhorando a qualidade e, sobretudo, agilizando o processamento das informações. Os
resultados são apresentados e analisados por questões.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para identificarmos as concepções de FC de Técnicos da SEDEC realizamos
entrevistas com perguntas direcionadas para esse fim. São apresentadas aqui as concepções de
Técnicos.
Já o sujeito (T4) acredita que a “sobrecarga do professor, ele tem que dar aula em
várias escolas, ele tem que dar os dois turnos, dois ou três turnos” é a principal limitação
existente.
Pergunta: Na sua percepção existe alguma relação entre a proposta de formação
continuada da secretaria e o que é realizado nas atividades, nos encontros de formação
continuada pelos formadores?
Além do sujeito citado acima, todos os outros acreditam que existe alguma relação
entre a proposta de formação continuada da secretaria e o que é realizado nas atividades, nos
encontros de formação continuada pelos formadores. Entre todos podem ser destacados os
seguintes comentários:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os técnicos concebem a formação continuada como um aprimoramento de
conhecimentos escolares; uma atualização através de estudos e participação em curso de
especialização; uma colaboração, acompanhamento e avaliação do trabalho docente; um
complemento da formação inicial e como um momento de ação-reflexão-ação e de interação.
Os Técnicos apontaram algumas limitações na realização do Programa Municipal de
Formação Continuada de professores de Ciências Naturais, que são: a falta de permissão por
parte dos diretores de escolas para participação dos professores na FC; baixa qualidade do
material didático disponibilizado; a dificuldade de por em prática a interdisciplinaridade e a
sobrecarga do trabalho do professor que tem que dar aulas em várias escolas. Também houve
queixa em relação à sobrecarga de trabalho técnico-burocrático entre eles, faltando-lhes
tempo para estudo e discussão de temas importantes e pertinentes à formação continuada de
professores e ao trabalho que executam na Secretaria de Educação (SEDEC) e Centro
Municipal de Capacitação de Professores (CECAPRO). Faltam-lhes tempo até mesmo para
avaliar suas atividades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 19ª Ed. Lisboa/Portugal: Edições 70, 2008.
MARANDINO, M. A formação continuada de professores em ensino de Ciências:
problemática, desafios e estratégias. In: CANDAU, V. M. (Org.). Magistério: construção
cotidiana. Petrópolis-RJ: Vozes, 1997, p. 160 – 183.
NASCIMENTO, M. G. A formação continuada dos professores: modelos, dimensões e
problemática. In: CANDAU, V. M. (Org.). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis-RJ:
Vozes, 1997, p. 69 – 90.
MARINHO, S. P. P.; SIMÕES, A. M. O Ensino de Ciências no Brasil - problemas e desafios,
BIOS, Belo Horizonte, v.1, n.1, p. 31-41, Jun. 1993.
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