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O mundo como vontade

e como representação
Arthur Schopenhauer

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FUNDAÇÃO E D I T O R A DA U N E S P

Presidente do Conselho Curador


Marcos Macari A R T H U R SCHOPENHAUER

D iretoi-Prcs ide n te
José Castilho Marques Neto

Edítor-Executkio
Jézio Hernâni Bomfim üutierre

Conselho Editorial Acadêmico


Antonio Celso Ferreira
Cláudio Antonio Rabello Coelho
José Roberto Ernandes
Luiz Gonzaga Marchezan
(J mundo como vontade
Maria do Rosário Longo Mortatti
e como representação
Ò°
Maria Encarnação Beltrão Sposito
Mario Fernando Bolognesi
Paulo César Corrêa Borges
O
<í >• • M' 'r,i'.-i ií&el

ne.***
Sérgio Vicente Motta

Editores-Assistentes
Anderson Nobara Primeiro T o m o
Denise Katchuian Dognini
Dida Bessana Q u a t r o livros, seguidos de um apêndice
que c o n t é m a crítica da filosofia kantiana

Ob nicht Natur zuletçt sich doch ergründe?


Goethe

T r a d u ç ã o , Apresentação, N o t a s e Indices

Jair Barboza

7' reimpressão

ÜÑESP
o
© 2 0 0 5 da tradução brasileira Editora U N E S P

D i r e i t o s de publicação reservados à:
Fundação Editora da U N H S P ( F E L ) ; ^O 1
Sumário
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0 1 0 0 1 - 9 0 0 - S ã o Paulo - S P
T e l . : ÍOxxI I j i 2 4 2 - 7 1 7 1
Fax: Í O x x I l ) 3242-7172
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l e u f e e d i tora.unesp.br

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Apresentação . 7
VA
C I P - Brasil. Catalogação na f o n t e
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, R
fefácio ã primeira edição 19

S394m P r e f á c i o à segunda edição . 27


t.I

Scliopenliauer, Arthur, 1 7 8 8 - I 8 6 O P r e f á c i o à terceira edição . 3 9


0 mundo como vontade e c o m o representação, I t o m o / Arthur Scliopenliauer; tra-
o

dução, apresentação, notas e índices de Jair Barboza. - S ã o Paulo: E d i t o r a U N E S P ,


Livro primeiro
2005.
D o m u n d o c o m o representação . 4'
Tradução de: Die Welt ais Willt tind Vorstellung
Quatro livros, seguidos de um apêndice que c o n t é m a crítica da filosofia k a n t i a n a " Primeira consideração
ISBN 85-7139-586-1 A representação submetida ao princípio
I. Kant, Imnianuel, I 7 2 4 - I 8 0 4 . 2. T e o r i a do c o n h e c i m e n t o . 5. V o n t a d e . 4 . Idéia de razão: o o b j e t o da experiência e da ciência
(Filosofia). 5. Ética. 6. Teologia lilosóiica. 7- Filosofia alemã. I. B a r b o z a , Jair,
1 9 6 6 - . II. Título.
Livro segundo
05-1572 C D l ) 193 D o m u n d o c o m o vontade . .49
CDU 1(43)
Primeira consideração
A objetivação da vontade

Livro terceiro
D o m u n d o c o m o representação . 233

Segunda consideração
Edi 1 filiada A representação independente do princípio de razão:
a Idéia platônica: o o b j e t o da arre
GÜEflD
\:...tl.iil'.it de EditorialM UltfveWHariM
Aaaoclaváu Itrasllelni ili
de America U l l n . i y i-l Caribe Editoras Unlverlltáriae

5
A 0 tf

Livro quarto
D o mundo c o m o vontade 35'
0
Segunda consideração
Alcançando o conhecimento de si, afirmação Apresentação
ou negação da Vontade de vida
tf U m livro q u e e m b r i a g a
Apêndice
AO V m
Crítica da filosofia kantiana . 321

Ind ice o n o m á s t i c o 665


^ p ^ ° -tf¿ e

índice de assuntos 669

N i e t z s c h e relata que seu encontro com O mundo como vontad,c e como re-
presentação, obra máxima de Schopenhauer, se deu ao entrar num antiquá-
rio em Leipzig, ano de I 8 6 5 , e ter sua atenção chamada para o livro ali ex-
p o s t o . C o m p r o u - o e teve a sua vida mudada para sempre. Ao iniciar a
leitura, não mais conseguiu se desapegar das páginas. Sentia-se embriaga-
do com as revelações ali feitas. Encontrara o seu "primeiro e único educa-
d o r " , que tinha escriro aquele livro para ele e lhe falava intimamente numa
linguagem perfeitamente clara. Sua confiança naquela forma de pensa-
m e n t o foi completa.

II

O que N i e t z s c h e diz traduz boa parte da experiência de desconcerto e


deslumbramento vivida por muitos leitores de O mundo como vontade c como
representação, publicado em I 8 I 8 com data de 1 8 1 9 - Eu m e s m o , ao final da
minha graduação em filosofia na Universidade de S ã o Paulo ( U S P ) , ca-
sualmente remexendo nas prateleiras da biblioteca da faculdade de educa-
ção, descobri uma edição em francês da obra, tradução de A. Burdeau. Era
noite, não tinha nada a fazer no campus universitário nem em meu aloja-
m e n t o estudantil. Pus-me a ler o exemplar encontrado. O t e m p o passou
num átimo e a noite com seus fantasmas foi esquecida. Era difícil largar o
livro. A biblioteca ia fechar e tinha de voltar para o meu barulhento quar-

7
Arthur Schopenhauer
O O mundo como vontade e como representação

to, à beira de uma movimentada avenida. Mas a obra não me saía da mente, satisfeito sempre volta ao fim da fila, exigindo nova satisfação, com o qtie

a ponto de não ouvir mais o barulho dos e s c a p a m e n t O f c ' ^ ^ a P a n s i Q S o V a ilusão se renova. Se os desejos são satisfeitos muito rapidamente, sobre-
vêm o tédio; se demoram, sobrevêm a necessidade angustiosa. O primeiro
pelo dia seguinte. F assim, durante quatro dias seguidos de leitura, levei a
é mais c o m u m ás classes sociais ricas; esta última, ás classes sociais p o -
termo a última página da obra. T e m p o s depois compreendi perfeitamente
bres. Paliativos c o m i a tal estado de coisas são sobretudo os narcóticos e
o relato de Nietzsche. Dali em diante havia descoberto não só o f i l ó s o f o
"educador" com quem queria dialogar sobre a filosofia, mas um autor que as viagens cie turista imbos os casos o homem tenta fugir de si mes-
'_
mo, da própria condição, do seu "maior delito — ter nascido. A razão é
1

precisava verter para a "última flor do Lácio", e propiciar assim ao p u b l i c o tf


de língua portuguesa uma das prosas mais agradáveis da língua alemã. S o mi potente
m e nara
r lar esse estado de coisas; Schopenhauer a apont i c o m o
mucl;

que não sabia alemão. Que fazer? Matriculei-me num curso do G o e t h e secundária em relação ao querer cósmico, é um mero m o m e n t o dele, e n i s -

Institut São Paulo. Dessa forme so o f i l ó s o f o revoluciona a tradição, para a qual o querer era um m o m e n -
indo Borges, aprendi alemão com o
intuito de ler no original e de traduzir Schopenhauei ü to do racional, c o m o Descartes exemplarmente indica em suas Meditações
Depois do mestrado e doutorado concluídos, nesse ínterim uma esta- ^ymttafisicas. O m, perde a proteção da faculdade racional, e os

cP
da de três anos na Alemanha (Frankfurt c G õ t t i n g e n ) c o m o bolsista do demônios do mundo são revelados, vê-se nitidamente o inferno do s o f r i -

Deutseher Akademischcr Austciuschciicnst (DAAL))/Sérv'i.ço Alemão de I n t e r c á m - m e n t o e da irrazão, comprovados pelas guerras e violências em seus aspec-
bio Acadêmico, iniciei em 2 0 0 1 a p r e s e n t e v e r s ã o . A g o r a , em 2 0 0 5 , t e n h o t o s mais tenebrosos.
o prazer de oferecer ao público de língua portuguesa uma das obras filo- O pano de fundo da filosofia schopenhaueriana, c o m o se vê, é o pessi-
sóficas mais marcantes do pensamento ocidental, imprescindível para o m i s m o metafísico. Este, e n t r e t a n t o , não impede tuna espécie de o t i m i s m o
vislumbre do horizonte em que se movem as chamadas filosofias do i m - >rático, proporcionado P pela eficiência da sabedoria de vida em nos desviar
de-se incluir a alegria da
de males. O t i m i s m o no qual, em certa medida, pocle-
pulso com sua reflexão sobre o irracional e o inconsciente, bem c o m o a
critica a esse irracional que também passa por uma crítica da razão, esta fruição estética da natureza e da arte, autêntico bálsamo para a existência

que não mais define o homem como uma substância essencialmente pen- fundamentalmente sofredora do ser humano. Foi esse papel conferido

sante. Nesse sentido, desmascara-se o narcisismo racional do h o m e m , pelo autor ao belo, que por instantes nos resgata do s o f r i m e n t o , por c o n -

pois ele não só se vê despido da primazia de unia razão legisladora que o seguinte o lugar da estética em sua filosofia, o que a levou a ser primeiro

conduz a um bom ///os mas também descobre o fundo sem f u n d a m e n t o da recebida e assimilada com entusiasmo por artistas. U m a fortuna receptiva

própria natureza. Um fundo volitivo, insaciável, desejante, sem o b j e t i v o que se deu também no Brasil, c o m o o demonstram os seus dois leitores

final definido, o que torna a existência absurda em sua ânsia de viver e o b - mais f a m o s o s , M a c h a d o de Assis e Augusto dos Anjos, que não apenas o

ter satisfação de desejos. Uma existência que é comparável a u m n e g ó c i o citam n o m i n a l m e n t e em crônicas, poemas, mas também se aproximam vá-

que não cobre os custos do investimento, pois ao fim sobrevêm, c o m o re- rias vezes em suas obras, conscientemente, de sua cosmovisão, num diálo-

compensa aos esforços, a morte. A bancarrota é certa. Para encarecer mais go qtie muitas vezes confunde as fronteiras da literatura com as da l i l o s o -

ainda esse cenário, a Vontade, coisa-em-si dos fenômenos do m u n d o , é lia. Q u e m leti O inundo e Quincas Borba ou Memórias póstumas de Brás Cubas de

uma autodiscórdia, crava os dentes na propria carne, o que se espelha no M a c h a d o de Assis concordará qtie, em muitos m o m e n t o s , há ali um diálo-

mundo diante de nós como a luta de todos contra rodos. " T o d a vida é s o - go rico e o r m m a l da literatura com a filosofia. Q u a n t o a A u g u s t o dos

frimento." E mesmo que os desejos sejam satisfeitos e levem ao alívio do Anjos, há um poema seti intitulado " O meu Nirvana", referência ao nirva-

sofrer, contra cada desejo satisfeito existem dez que não o são; e o desejo na schopenhaueriano da negação da V o n t a d e ocasionado pela intuição da

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O
Arthur Schopenhauer
^ Q O mundo como vontade c como representação

Idéia; outro momento, o da poesia " M o n ó l o g o de uma s o m b r a " , elogia o


s o f o de Frankfurt já repercutia nas concepções de A origem da tragédia, de
papel balsâmico da arte, tema da estética de O unindo.
N i e t z s c h e , no par conceituai apolínio fprincípio de razão: espaço + tem-
Nos meios acadêmicos a recepção de Schopenhauer se deu c o m reti-
po + causalidade: formas bem definidas da obra de arte, o belo, e das coi-
cências. Isso se deve em grande parte, a meu ver, a três fatores: sua crítica à
sas do mundo) e dionisíaco (Vontade: o caótico e a embriaguez da criação:
razão (as universidades costumam ter grande apreço ãs formas de pensamen-
a música, a dança) de Nietzsche, bem como, em tal filosofia, o posterior
to que indicam a razão como princípio do mundo, pois isso significa a en-
conceito de V o n t a d e de poder, cunhado a partir da leitura do conceito de
tronização do homem como coroa da criação, o que lhe salvaguarda sua dig-
V o n t a d e schopenhaueriano; E. von Hartmann empreende uma tentativa
nidade de pessoa e seu pretenso poder em ftce da natureza e dos a n i m a i s ) ;
estranha de unificá-lo com Schelline e Heeel; e a psicanálise de Freud ab-
o irracional como princípio do mundo (gera desconforto ao nosso narcisis
sorve por c o m p l e t o a teoria dos impulsos inconscientes, do papel nuclear
mo saber que há algo em nós que não é nós mesmos, um fundo abismal e in-
da sexualidade na vida humana, do retorno ao inorgânico etc. de O mundo.
sondável que nos tem em vez de nós o t e r m o s ) ; e, talvez para surpresa de
N o s meios acadêmicos franceses o autor passa despercebido e até hoje
muitos, o estilo literário de Schopenhauer, de agradável leitura (isso gera
ainda se encontra envolvido em penumbra. O mesmo não se dá na Alema-
desconfiança em face do rigor conceituai e da profundidade de p e n s a m e n -
nha, para o que em m u i t o contribuiu sua recepção pela Escola de Frank-
to; aliás, o filósofo já se antecipava respondendo que um lago suíço, lím-
furt. Q u a n t o à Inglaterra, graças ao domínio da filosofia analítica, o desti-
pido, parece raso, mas uma prospecção dele revela as suas profundidades^!.
no de qualquer filosofia continental é quase sempre a má compreensão e
Indicar, porém, um princípio irracional do mundo e m o s t r a r o papel
conseqüente assimilação falha, se bem que em referência a Schopenhauer
secundário da razão na natureza humana não significa ser irracionalista;
tenhamos lá a exceção de B. Magge. Ora, c o m o o Brasil tem uma tradição
ao contrário, identidificar o inimigo pode conduzir a estratégias de c o m -
filosófica acadêmico-uspiana marcadamente francesa, era natural que,
bate, que a própria razão fornece quando vislumbra o t o d o da vida e o c o -
num primeiro m o m e n t o , também importássemos de lá a penumbra a en-
nhecimento conduz à redenção e negação desse próprio irracional, c o m o no
volver o pensamento schopenhaueriano. Isso começa a mudar com uma
cnso da ascese ou do nirvana budista. Ademais, a sabedoria de vida nos aju-
tese doutoral defendida na Alemanha, de Muriel Maia, e publicada em
da a enfrentar com prudência a eclosão do irracional na vida prática c o t i -
1 9 9 1 pela V o z e s , A outra face do nada. Em 1 9 9 4 vem a lume pela Edusp/
diana, já o estilo claro, em contraste com a tradição alemã de f i l o s o f i a e
Fapesp, baseada em tese doutoral defendida no Brasil, de Maria Lúcia
próximo da britânica, apenas evidencia a honestidade intelectual de pensar
Cacciola, Schopenhauer c a questão do dogmatismo. A partir daí os estudos s c h o -
e expor claro, cm vez de esconder-se em obscuridades estilísticas que não
penhauerianos ganham significativo incremento entre nós, a p o n t o de bi-
significam, necessariamente, profundeza de pensamento, ao c o n t r á r i o , na
anualmente realizar-se numa cidade brasileira um colóquio em t o r n o do
maioria das vezes significa ausência dela.
pensamento do autor de O mundo, fórum privilegiado para discutir as mais
O insucesso de Schopenhauer nos meios acadêmicos se prefigurou na
diversas e instigantes temáticas filosóficas, não só relacionadas a S c h o p e -
época em que ele leu suas preleções na Universidade de Berlim, em l 8 2 ü ,
nhauer, mas também a uni espectro de autores e temas que de algum
ofuscadas totalmente pelas de Hegel, a tal p o n t o que teve de desistir da
m o d o permitem a prática da autêntica filosofia (que, corno ensinava o ve-
carreira universitária, mas não de uma perseguição filosófica e s t i l í s t i c o -
lho e bom Platão, é essencialmente diálogo.
conceitual àquele que disse que " t o d o racional é real, t o d o real é racional",
C o m o se nota pelo impacto nos autores antes citados, Schopenhauer,
o que constitui um modo de ver o m u n d o situado no antípoda de S c h o -
de fato, está na base do pensamento contemporâneo. O r a , se ele abre o h o -
penhauer. Entretanto, fora dos muros acadêmicos, o p e n s a m e n t o do f i l ó -
rizonte para as filosofias do impulso c o m o a de N i e t z s c h e e a psicanálise

10
I I
O mundo como vontade c como representação
Arthur Schopeiihauer

da ação humana não apenas no d o m í n i o de sua significação usual que le-


de Freud, então em vez de dizer que os pilares do pensamento c o n t e m p o r â - va o e g o í s m o ou a malvadeza a darem as cartas nos r e l a c i o n a m e n t o s hu-
neo são Nietzsche, Freud e Marx, como o quer Foucault, talvez mais acer- manos, mas sobretudo daquela ação praticada por ascetas e santos, que
tado seria dizer que esses pilares são Schopenhaucr e Marx. Sem o primei- negam a V o n t a d e e os s o f r i m e n t o s do mundo, redimindo-o, instalando
ro a filosofia da Vontade de poder e a psicanálise seriam impensáveis. Ha assim uma c o n t r a d i ç ã o no f e n ô m e n o . É c o m o se o asceta quisesse um
na base desse edifício do saber contemporâneo dois grandes desmascara- não-querer; seu corpo ainda afirma aquilo que intimamente ele já negou.

0
dores da condição humana, um no plano econômico, que envolve a luta de
classes, outro no plano metafísico-imanente, que envolve a autodiscórdia N e s s e instante, a negação da V o n t a d e é referida ao nada.
essencial do em-si, a Vontade cega e irracional, que se espelha em luta de
todos contra todos. O s dois diagnosticam o que há de mais real do m u n d o
como um mal radical - que se exprime em luta de classes ou de indivíduos,
na exploração e uso violento do semelhante sob diversas formas - c não
Este primeiro t o m o de O mundo como vontade l como representação se subdi-
estão contentes com ele: elogiam a sua supressão/superação (Aujbebitng ,
vide em quatro livros. D o i s elegem o tema da representação e dois o tema
um pela via da revolução política, que conduziria a um remo da liberda-
da V o n t a d e . Cada livro assume um ponto de vista diferente da considera-
de, outro pela via da supressão da individualidade, a viragem individual,
ção. O primeiro, sobre o mundo da "representação submetida ao princí-
que é a negação da Vontade, liberdade no místico. F aqui entra em cena
pio de razão", aborda os fenômenos da realidade dados no espaço, no tem-
outro aspecto de peso do pensamento de Schopenhaucr: foi o primeiro
po e na causalidade (princípio de razão do devir), tendo-se aí " o o b j e t o da
filósofo do Ocidente a propor uma intersecção visceral entre a filosofia
experiência e da ciência"; examina c o m o se constroem as imagens do mun-
oriental (budismo, pensamento vedanta) e a filosofia ocidental de inspi-
do, as intuições empíricas em nosso entendimento, e qual o papel da nossa
ração platónico-kantiana. Fmbora reivindicasse para si um " p e n s a m e n t o
faculdade de c o n h e c i m e n t o nessa tarefa; é prestado um tributo a episte-
único" e este se tenha desenhado desde a juventude, ainda assim, q u a n d o
mologia kantiana e aos ensinamentos vedantas, no sentido de que o véu de
da elaboração da sua obra máxima, em Dresden, o autor teve c o n t a t o c o m
Maia de nossa mente só permite conhecer fenômenos transitórios, não a
a literatura filosófica oriental em que c exposta a doutrina de que, por trás
coisa-em-si, pois o t e m p o , " f o r m a arquetípica" da linitude, torna tudo
dos acontecimentos, turvados por um véu de Maia, encontra-se a realida-
aquilo que nos aparece, perecível, um rio heraclitiano no qual não pode-
de última e verdadeira das coisas, alheia ao tempo e â mudança. Realidade
m o s entrar duas vezes, pois já somos outros e as águas mudaram. F aí que
essa sem começo e fim, idêntica e inalterável, a tudo animando. Fssa c o n -
se apresenta a angustiante condição humana de ser para a morte, com o
cepção reaparece justamente na noção de V o n t a d e cósmica (e Idéias pla-
n o s s o c o r p o orgânico. Mas c o m o não há males que não trazem um bem,
tônicas, arquétipos eternos e imutáveis da natureza, "atos originários do
tudo isso inspira ao filosofar, e a morre é declarada a musa da filosofia. O
em-si volitivo) una c indivisível, coisa-em-si imperecível da pluralidade
c o r p o animal, " o b j e t o imediato do c o n h e c i m e n t o " , p o n t o de partida para
dos fenômenos ilusórios regidos pelo chamado princípio de razão, forma
a apreensão cognitiva do mundo, é p o s t o no centro da teoria do c o n h e c i -
de conhecimento do entendimento ou cérebro, já radicada neste e que per-
m e n t o . F i s aí um dado importante para a c o n s t r u ç ã o de uma metafísica
mite ao indivíduo conhecer tão-somente as aparências das coisas, não a
imanente p ó s - K a n t e sua crítica aos dogmatismos metafísicos, ocupados
natureza íntima delas, p o r t a n t o o seu véu de Maia p r o p r i a m e n t e d i t o .
com indemonstráveis o b j e t o s transcendentes, além da experiência dos
Quanto ao papel do budismo em seu pensamento, é desempenhado espe-
sentidos ( D e u s , mundo, liberdade, imortalidade da a l m a ) .
cialmente no livro IV de O mundo, ou seja, na metafísica da ética, qtie trata
vO O mundo como vontade e com o rep resentaçao

0\
Arthur Schopenha

dade é revelada pela beleza. R e t o m a n d o um antigo mote platônico, o belo,


N o livro II se encontra a primeira consideração sobre o m u n d o " c o
o verdadeiro e o b o m vão juntos.
mo V o n t a d e " , no aspecto da sua "objetivação". Surge a í a « ^ « f d o s " % t ^
A contemplação estética é um bálsamo cm meio às durezas da vida, es-
originários" da V o n t a d e , as Idéias platônicas, arquétipos imutáveis e
pécie de hora de recreio que nos dá um descanso da seriedade da existên-
eternos, que Schopenhauer interpreta como espécies da natureza. O f i l ó -
cia. "Séria é a vida, jovial é a arte", diz Schiller.
sofo, a partir novamente do corpo humano, agora considerado uma " o b -
O livro IV retoma a consideração do mundo " c o m o V o n t a d e " , porém
jetidade da V o n t a d e " , encontra um via de acesso privilegiado ao í n t i m o
gora trata do m o m e n t o decisivo de sua "afirmação ou negação". Examina
dos corpos do mundo, pois o investigador inspeciona a sua s u b j e t i v i d a -
as ações humanas e seu sentido. E uma metafísica da clica. Chegando ao c o -
de e intelige que os movimentos por motivo do seu c o r p o têm p o r mola
n h e c i m e n t o de si, a V o n t a d e cósmica, num ato de liberdade no mundo da
impulsora o querer interior. Apreende, de dentro, a causalidade ( m o t i -
necessidade fenomênica, e iluminada pelo conhecimento do t o d o da vida,
vos), isto é, a própria natureza volitiva. E m seguida, analogicamente, es-
de seus c o n f l i t o s e sofrimentos em toda parte, decide se continua a querer
tende esse achado por intelecção a todos os corpos do m u n d o e chega por
esta vida sofredora ou se renuncia a ela: no primeiro caso se tem, no ápice,
conclusão analógica, guiado pelo sentimento, ao c o n c e i t o de V o n t a d e de-
a figura do herói; no segundo, a figura do asceta. Aqui o budismo entra em
vida como coisa-em-si universal que se objetiva em f e n ô m e n o s . A o b j e t i -
cena, pois o ato de negação da Vontade é chamado por Schopenhauer de
vação da Vontade traz consigo a atitodiscórdia originária dela, que se es-
nirvana. N u m mundo parecido ao inferno e de tormentos por todos os la-
pelha na guerra de todos os indivíduos pela matéria c o n s t a n t e do m u n d o ,
dos, o santo vê a humanidade sofredora, c o n f u n d e - s e compassivamente
com o fim de exporem, afirmarem a sua espécie. Isso gera s o f r i m e n t o e
com ela e desiste da vida: efetua a grande viragem, sabe que a única saída, a
dor em toda parte onde há vida. Tais reflexões levam a um p e s s i m i s m o
grande saúde é o nada. M a s tal estado não é de tristeza, c o m o se poderia
metafísico.
pensar num primeiro instante, e sim de alegria interior, bem-aventurança.
O livro III trata da metafísica do belo e retoma a consideração do m u n d o
O asceta sabe que com a negação do querer nega, ao mesmo tempo, a fonte
"como representação", porém agora "independente do princípio de ra-
dos s o f r i m e n t o s . É um m o m e n t o em que o pensamento de Schopenhauer
zão". As Idéias platônicas, espécies da natureza expostas em f e n ô m e n o s e
desemboca no m i s t i c i s m o , no silencio em face do grande a c o n t e c i m e n t o
apreendidas pelo princípio de razão turvadamente - e aqui se tem n o t e m -
do mundo, pois a linguagem só pode mostrar tais acontecimentos, indicar
po uma "imagem móvel da eternidade" - , podem ser intuídas límpida e
biografias de santos, sem poder esgotar o sentido deles. Algo dramático
puramente por meio da intuição estética. T e m - s e o " o b j e t o da arte", tema
para alguém, o filósofo, que lida primariamente com a linguagem no o f í -
privilegiado de um livro que tanto impactou artistas plásticos, poetas, r o -
cio de expressar-se sobre a condição humana e do c o s m o . O sentido do
mancistas, músicos, escultores. A contemplação estética é elevada a um e s -
mundo não é apreensível pela linguagem ( c o m o já não era o acesso à coi-
tado de forma de conhecimento do mundo, que compete com as ciências e
sa-em-si, feito pelo sentimento interno da causalidade c o r p o r a l ; . Parado-
as supera, se se leva em conta a satisfação e alegria metafísica que p r o p o r -
xalmente, é no silêncio que melhor se apreende (sente) o sentido daquilo
ciona. Compreendemos o mundo ao ler uma bela poesia, ao ver uma bela
que pode ser claramente dito. É no silêncio que se apreende o quê cio como
estátua grega ou romana, ao fruirmos um belo Rafael ou Vermeer, ao o u -
do m u n d o . Semelhante limite da expressão lingüística é s i n t o m a t i c a m e n -
virmos um Brahms ou Beethoven, ao nos perdermos num belo panorama
te indicado na "palavra" final de Schopenhauer, grafada no último termo
marítimo ou montanhoso. O espectador se funde à natureza e desaparece,
do livro IV de sua obra, e destacada de todo o corpo do texto por um tra-
nesse momento beatífico, a diferença entre eu e qualquer coisa exterior a
vessão, — Nichts" — nada.
mim: vê-se através do véu de Maia e da pluralidade dos indivíduos. A ver-

'J
Arthur Schopenhai*?*^^^

Seja pela teoria do conhecimento, metafísica da natureza, metafísica terceiro prefácio de O mundo), um ano antes de morrer ( 2 1 de setembro
do belo ou metafísica da ética, o autor pretende sempre ter â mão tuna de l 8 6 0 ) . Seguindo também a vontade dele, as palavras destacadas no
porta de entrada ao conteúdo de seu "pensamento único". U m a parte se t e x t o vão em VHRSALHTH, em vez de itálico c o m o é usual hoje em dia.
refere à outra c é por ela pressuposta. Apresenta uma " c o e s ã o o r g â n i c a " , N e s t e sentido, consultamos a edição de Ludger Lütkehatis (que acompa-
isto é, "uma tal em que cada parte tanto conserva o t o d o q u a n t o é por ele nha no principal a de DeussenJ por Haffmans Verlag, Ziirich: 1 9 8 8 , Bd.
conservada, nenhuma é a primeira ou a última, o todo ganha em clareza 1, que também serviu de apoio, mediante o seti Bcibuch, para as versões das
mediante cada parte, e a menor parte não pode ser plenamente c o m p r e e 5 f t - ( passagens em grego e latim. As minhas notas, em algarismos arábicos, são
dida sem que o todo já o tenha sido previamente" (prefácio á primeira edi- indicadas por ( N . T . ) , para diferenciá-las das notas de Schopenhauer indi-
ção). A prosa clara e bem ritmada (repetições) do f i l ó s o f o até nos p e r m i t e cadas com asterisco, em conformidade com o original.
começar a leitura de sua obra por qualquer um dos seus qtiatro livros, mas,
didaticamente, convém seguir a ordem por ele escolhida Nesta primeira versão esmerei-me para ser fiel a letra e ao espírito do
t e x t o , respeitando ao mesmo tempo o ritmo e a sonoridade da língua p o r -
tuguesa, tão diferentes da alemã. O ofício de traduzir textos filosóficos,
ainda mais um clássico, é inglório: os justos méritos são todos do autor do
texto e as críticas são todas para o tradutor: mas uma tradução errada pode

O leitor tem aqui a primeira versão integral - com três prefácios, cor- comprometer toda a recepção de uma lilosolia em língua estrangeira, o

pus da obra e a crítica da filosofia kantiana - diretamente da língua alemã que me consola, pelo cuidado exigido de mim e que me liga ao leitor pela

para a portuguesa, de O mundo como vontade e como representação. A n t e s já ha- confiança deste no que está lendo, um sentimento qtie me acompanhou

víamos sido agraciados com a competente tradução da crítica da f i l o s o f i a por t o d o o trabalho. A minha tradução n e m t e m o estilo "transcriativo' de

Kantiana por Maria Lúcia Cacciola e revista por R u b e n s T o r r e s F i l h o , edi- O d o r i c o M e n d e s , n e m se prende totalmente â letra do texto. Ela deseja

tada num volume da coleção " O s Pensadores", mesmo volume que trazia a em verdade igualar em qualidade o belo modelo, tanto no rigor conceituai
tradução de Wolfgang Leo Maar do livro terceiro. T a i s traduções em m u i - na beleza do fraseado s e m sotaques, a nós legado em filosofia por
quanto
tos momentos foram consultadas na solução de passagens difíceis e o b s - R u b e n s T o r r e s F i l h o . O u t r a tarefa inglória, pois de antemão sabia da im-

curas do texto original, auxílio também fornecido pela versão inglesa d possibilidade de realização de tal desejo. N o entanto, esta percepção s e r -
e
b. J. Payne, editora Dover. viu para eu moderar as minhas pretensões e assim descobrir, por aproxi-

O presente volume traz a paginação original indicada por duas barras mação e d i s t a n c i a m e n t o , um contraste com m e u mestre, que desembocou

verticais inclinadas no texto. As páginas em branco originais têm a n u m e - n u m estilo que procura s e r maximamente fiel ao original alemão e s e m s o -

ração omitida. T r a t a - s e só de uma aproximação possível dessa paginação, taques, s e m temer ousar na solução de passagens difíceis e complexas, cabí-

pois o fraseado em português não permite a colocação exata dos n ú m e r o s . veis na sintaxe e no léxico da língua portuguesa, cuja origem latina s e m dú-

Baseei-me para tal trabalho na edição Schopenhauers Sämtliche Werke, M u n i - vida oferece um leque de possibilidades expressivas extremamente rigoroso.

que: Piper Verlag 1 9 1 I - 1 9 2 6 , Bd. I, de Paul D e u s s e n (eminente o r i e n - As críticas e sugestões por parte dos leitores, tradutores, f i l ó s o f o s ou
talista, fundador e primeiro presidente da Sociedade S c h o p e n h a u e r da amantes da literatura cm geral serão bem-vindas e levadas em conta numa
Alemanha). Mesma edição que foi a base de minha tradução. T r a t a - s e do futura revisão. Para isto a exigência que faço é que sejam b e m - i n t e n c i o -
último formato autorizado pelo filósofo em setembro de 1 8 5 9 ídata do nadas. O meti e-mail: i b a r b o z a @ g m x . n e t

i6 '7
Arthur Schopenhaucr

Agradeço ao corpo docente do departamento de Filosofia da P U C P R ,


em especial aos amigos do mestrado em filosofia, que me aturam c o m sua
gentileza desde quando lá cheguei, esta tradução já estava em c u r s o , e a
esperaram com curiosidade. T a m b é m agradeço a Laura M o o s b u r g e r pela Prefácio à primeira edição
leitura dos três prefácios e dos três primeiros livros e as daí advindas su- ^
gestões ao fraseado em português.
Por fim, agradecimento especial a Jézio Gutierre, editor da F u n d a ç ã o
Editora da UNESP, que desde o início, quando propus este e m p r e e n d i -
mento tradutório, aceitou-o com alegria. «cr oy A

Jair Barboza
A maneira c o m o este livro deve ser lido, para assim poder ser c o m -
Agua Verde, em Curitiba, dezembro de 2004.

0* r<\#^ preendido, eis o que aqui me propus indicar. — O que deve ser c o m u n i c a -
do por ele é um pensamento único. C o n t u d o , apesar de todos os esforços,
não pude encontrar caminho mais breve para comunicá-lo do que t o d o
este livro. - C o n s i d e r o tal pensamento c o m o aquele que por m u i t o tempo
se procurou sob o nome de filosofia e cuja descoberta é considerada, pelas
pessoas versadas em história, tão impossível quanto a da pedra filosofal,
embora Plínio já lhes dissesse: Qiuvn multa non posse, priitsauam sint farta, judi-
canturP (Hist. nat., j , ;.)'
Q u a n d o se levam em conta os diferentes lados desse pensamento úni-
co a ser comunicado, ele se mostra c o m o aquilo que se nomeou seja M e t a -
física, seja Ética, seja Estética. E naturalmente ele tinha de ser tudo isso,
caso fosse o que, c o m o já mencionado, o considero.
U m S I S T E M A D E P E N S A M E N T O S tem sempre de possuir uma coesão
arquitetônica, ou seja, uma tal em que tima parte sustenta continuamente
a outra, e esta, por seu turno, não sustenta aquela; em que a pedra funda-
mental sustenta todas as partes, sem ser por elas sustentada; em qtie o
c i m o é sustentado, sem sustentar. Ao contrário, U M P E N S A M E N T O Ú N I -
C O , por mais abrangente que seja, guarda a mais perfeita unidade. Se, t o -
davia, em vista de sua comunicação, é d e c o m p o s t o em partes, então a c o e -
são destas tem de ser, por sua vez, orgânica, isto é, uma tal em qtie cada
parte tanto conserva o todo quanto é por ele conservada, nenhuma é a pri-

I " Q u a n t a s c o i s a s s ã o c o n s i d e r a d a s i m p o s s í v e i s até q u e s e j a m r e a l i z a d a s ? " (N. T.)

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'9
Arthur Schopenhauer
•A0°
O inundo como vontade c como representação

meira ou a última, o rodo ganha em clareza mediante cada parte, e a m e n o r o b r i g o u - m e a satislazer-me com quatro divisões principais, por assim di-
parte não pode ser plenamente compreendida sem que o t o d o já o tenha zer quatro p o n t o s de vista de um pensamento único. Em cada um desses
sido previamente. - U m livro tem de ter, entrementes, uma primeira o quatro livros é preciso sobretudo estar em guarda para não perder de vista,
uma última linha; nesse sentido, permanece sempre bastante dessemelhan- n o meio dos detalhes que necessariamente terão de ser tratados, o pensa-
te a um organismo, por mais que a este sempre se assemelhe em seu c o n - m e n t o capital ao qual pertencem e o progresso na exposição c o m o um
teúdo. Conseqüentemente, forma e estofo estarão aqui em c o n t r a d i ç ã o . t o d o . — Aqui, então, é feita a primeira, e c o m o as seguintes, exigência im-
Daí resulta facilmente que, sob tais circunstâncias, para penetrar na perativa ao leitor impolido ' a o filósofo, pois o leitor mesmo é por sua vez
exposição destes pensamentos, há apenas um c o n s e l h o : L E R O 1.1VRO também f i l ó s o f o ) .
DUAS V E Z E S , e, em verdade, a primeira vez com muita paciência, haurível A segunda exigência é que, antes do livro, leia-se a sua introdução, em-
da crença voluntária e espontânea de que o começo pressupõe o fim quase I bora esta não esreja contida nele, mas foi publicada cinco anos antes, com
tanto quanto o fim o começo, e precisamente assim cada parte anterior o título Sobre a quádrupla raiado princípio de razão suficiente, um ensaio filosófico. -
pressupõe quase tanto a posterior quanto esta aquela. D i g o " q u a s e , pois S e m familiaridade com essa introdução e propedêutica é completamente
de modo algum é absolutamente assim, e o que foi possível fazer para impossível a compreensão propriamente dita do presente escrito; o c o n t e -
priorizar tanto aquilo que, para ser entendido, tinha m e n o s necessidade údo daquele ensaio é sempre pressuposto aqui c o m o incluído na obra. D e
daquilo que se lhe seguia, como aquilo que em geral podia c o n t r i b u i r para resto, se aquele ensaio não tivesse precedido a esta em alguns anos, com
a maior compreensibilidade c clareza foi honesta e escrupulosamente f e i - certeza não estaria antecedendo-a c o m o sua introdução, mas seria incor-
to. E até poderia tê-lo conseguido em certo grau, se o leitor, o que é bas- porado ao primeiro livro, que agora, na medida em que lhe falta o que na-
tante natural, não pensasse durante a leitura só no que é i m e d i a t a m e n t e quele se encontra, mostra uma certa imperfeição por conta das lacunas
lido, mas também nas suas possíveis conseqüências, p e r m i t i n d o que as que têm de ser sempre preenchidas com referências ao mencionado ensaio.
muitas contradições das opiniões da época — presumivelmente as do leitor N o e n t a n t o , era tão c o n t r a a minha vontade copiar-me, ou com labor c o -
também - juntem-se ainda muitas outras contradições antecipadas e ima- locar de novo em outras palavras o que já foi dito de modo suficiente, que
ginárias. O que, então, é mero mal-entendido, embora não seja r e c o n h e c i - preferi este caminho, embora até pudesse fornecer aqui uma exposição
do como tal, sofrerá desaprovação vivaz, pois, apesar de a clareza l a b o r i o - melhor do c o n t e ú d o do ensaio, sobretudo depurando os conceitos o r i u n -
samente alcançada da exposição e a nitidez da expressão não p e r m i t i r e m dos da minha então excessiva ocupação com a filosofia kantiana, tais
dúvida sobre o sentido imediato do que foi dito, não podem, todavia, ex- c o m o categorias, sentidos externo e interno, e coisas semelhantes. Tais
primir ao mesmo tempo sua vinculação com o restante. P o r isso a p r i m e i - c o n c e i t o s estão lá apenas porque eu ainda não os havia examinado a fun-
ra leitura exige, c o m o dito, paciência, haurível da confiança de que na se- do; são, por c o n s e g u i n t e , apenas algo acessório e por i n t e i r o e x t e r i o r a
gunda leitura muito, ou tudo, será visto sob uma luz inteiramente nova. coisa principal. O leitor, então, mediante o c o n h e c i m e n t o m a i s íntimo do
Ademais, o sério empenho em favor da compreensibilidade plena e até presente escrito, fará automaticamente em seus pensamentos a correção
mesmo fácil num tema tão difícil tem de justificar aqui e ali a ocorrência de passagens do ensaio. - Porém, unicamente quando, por aquele ensaio,
de repetições. A construção orgânica, não encadeada, do t o d o t o r n o u ne- reconhecer-se o que é o princípio de razão e o seu significado, até onde vai
cessário em alguns momentos tratar duas vezes do m e s m o tema. Justa- o u não a sua validade, e que esse princípio não precede todas as coisas, que
mente essa construção e intercoesão de todas as partes impossibilitaram a o m u n d o inteiro não existe só c o m o sua conseqüência e em conformidade
divisão em capítulos e parágrafos, do contrário tão apreciável por mim, e com ele, por assim dizer c o m o seu corolário, mas antes tal princípio é

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OC T
O'

&5 p>°
Arthur Schopenhauer O mundo como vontade e como representação


tão-somente a forma na qual o objeto, qualquer que seja o seu tipo, é sem- i: dai se segui
obra mesma: ue que, c o m o a parte principal desta obra, ele t e m

nre condicionado pelo sujeito, é em toda parte conhecido, na medida e de ser l i ^ ^ ^ a j vezes. ^

que o sujeito é um indivíduo cognoscente — só assim torna-se possível pe- A filosofia de K A N T , portanto, é a única cuja familiaridade íntima é re-

netrar no método filosófico aqui seguido pela primeira vez, c o m p l e t a - querida para o que aqui será exposto. — Se, no entanto, o leitor já freqüen-

mente diferente de todos os precedentes. tou a escola do divino P L A T Ã O , estará ainda mais preparado e receptivo

Porém, a mesma aversão de me copiar literalmente, ou de dizer o m e s - para m e ouvir. M a s se, além disso, iniciou-se no pensamento dos V L D A S

mo pela segunda vez em outras e piores palavras, depois de ter antecipado (cujo acesso permitido pelo Upanixade, aos meus olhos, é a grande vanta-

as melhores, ocasionou uma segunda lacuna no primeiro livro da presente gem que este século ainda jovem tem a mostrar aos anteriores, pois penso

obra, pois omiti tudo aquilo que se encontra no primeiro capítulo do meu que a influência da literatura sânserita não será menos impactante que o

ensaio Sobre a visão e as cores, e que, do contrário, teria e n c o n t r a d o aqui l i t e - renascimento da literatura grega no século X V ) , se recebeu e assimilou o

ralmente o seu lugar. Assim, será aqui pressuposta também a familiarida- espírito da milenar sabedoria indiana, então estará preparado da melhor

de com esse pequeno escrito mais juvenil. maneira possível para ouvir o que tenho a dizer. N ã o lhe soará, c o m o a

Por fim, a terceira exigência ao leitor poderia ser p r e s s u p o s t a t a c i t a - m u i t o s , estranho ou mesmo hostil. Gostaria até de afirmar, caso não soe
m u i t o orgulhoso, que cada aforismo isolado e disperso que constitui o
mente, pois não é outra senão a familiaridade c o m o f e n ô m e n o mais im-
Upanixade pode ser deduzido c o m o conseqüência do pensamento c o m u n i -
portante que ocorreu ao longo dos últimos dois mil anos na f i l o s o f i a ,
cado por mim, embora este, inversamente, não esteja lá de modo algum já
que se deu tão perto de nós, a saber, os escritos capitais de K a n t . O e f e i -
contido.
to que eles provocam nos espíritos para os quais de f a t o falam é de f a t o
comparável, como já foi dito em outras ocasiões, à operação de catarata
em um cego. E, se quisermos prosseguir com a c o m p a r a ç ã o , e n t ã o o meu
objetivo aqui é o de colocar nas mãos daqueles que obtiveram s u c e s s o na Todavia, a maioria dos leitores já deve estar impaciente e talvez até ir-

operação um par de óculos de catarata, para c u j o uso a o p e r a ç ã o m e s m a é r o m p e n d o em repreensões, por algum tempo contidas com dificuldade, por

a condição mais necessária. - C o n t u d o , por mais que o meu p o n t o de eu submeter ao público um livro sob condições e exigências, das quais as

partida seja o que o grande Kant realizou, o estudo sério de seus e s c r i t o s duas primeiras são arrogantes, completamente imodestas, e isso num t e m -

fez-me descobrir erros significativos neles, os quais tive de separar e ex- po em que na Alemanha, anualmente, é tornada comum pelas editoras uma

por como repreensíveis, para assim poder pressupor e e m p r e g a r , p u r i f i - e n o r m e abundância de pensamentos próprios, em cerca de três mil obras

cado deles, o verdadeiro e maravilhoso de sua d o u t r i n a . T o d a v i a , para ricas em conteúdo, originais e de todo indispensáveis, bem como em incon-

não interromper e confundir a minha própria e x p o s i ç ã o com uma p o l ê - táveis p e r i ó d i c o s ou m e s m o jornais. N u m tempo em que, em especial,

mica constante contra Kant, reservei para esta um apêndice especial. não há a menor falta de filósofos muito profundos e originais e só na Ale-

Assim c o m o , seguindo o já dito, a minha obra pressupõe familiaridade manha vivem simultaneamente mais deles do que os inúmeros séculos su-

com a filosofia kantiana, também pressupõe familiaridade c o m esse cessivos tiveram a mostrar; c o m o , então, perguntaria o leitor indignado, é

apêndice. Levando tal dado em consideração, possível ler até o fim u m livro tão filigranoso e cheio de exigências?
seria a c o n s e l h á v e l ler pri-
meiro o apêndice, tanto mais que o seu c o n t e ú d o possui relação estreita O r a , c o m o não tenho nada a expressar contra tais reprimendas, espero

com o primeiro livro da presente obra. Por o u t r o lado, em razão da n a t u - pelo m e n o s receber a gratidão de tais leitores por tê-los alertado, a t e m p o ,

reza da coisa, é inevitável que também o apêndice se refira, aqui e ali, à de não perderem hora alguma com uni livro cuja leitura, sem o preenchi-
tf
O mundo
AO
como vontade c como representação
Arthur Schopcnhai

ramos do conhecimento, sobretudo no mais importante deles. A verdade é


mento das exigências feitas, não y.iode ser frutífera e, por conseguinte,
deve ser deixado de lado, pois, pode-se apostar, nada lhe dirá, mas antes permitida apenas uma celebração breve da vitória, a saber, entre os dois

será sempre apenas paucorum bominum, e portanto tem de esperar sereno e


1 longos períodos em que é condenada como paradoxal e desprezada c o m o

modestamente por aqueles poucos cujo modo de pensar incomum o acha- trivial. A primeira dessas sortes costuma estar reservada ao autor da verda-

rão fruível. De fato, fora as dificuldades e esforços que exige do leitor, de. - Mas a vida é breve e a verdade vive longamente, fazendo efeito na dis-

num tempo culto cujo saber atingiu o ponto magnífico no qual o parado- tii^llEligamos a
vÇ%tade.
,

xal e o falso são uma coisa só, como poderia alguém suportar a labuta de
Escrito em Dresden, agosto de 1818.
em quase todas as páginas lidar com pensamentos que contradizem dire- «r - s t í - >

tamente o que ele mesmo tomou como verdadeiro e para sempre estabele-

eido? Ademais, muitos se sentirão desapontados ao n ^ P ^ J ^ t r a ^ y ^ l ^ ^ " ' ' a


| ^J^S*
ma referência àquilo que justamente acreditam procurar aqtii, visto que
seu modo de especular coincide com o do grande f i l ó s o f o ainda vivo," au-
O
tor de muitos livros verdadeiramente patéticos, eivados de observações
que tomam por pensamentos inatos do espírito humano tudo o que apren-
o-
deu e aprovou antes de seus quinze anos de idade. O r a , quem poderia su-
portar tudo isso? bis por que o meu conselho é simplesmente deixar ti li-
vro de lado.

Porém, temo que ainda assim não serei perdoado. O l e i t o r que che-
gou até o prefácio, este que o rejeita, tendo pago em d i n h e i r o vivo pelo
livro, pode agora perguntar c o m o será indenizado. - M e u ú l t i m o refú-
gio, então, é lembrar-lhe que sabe usar de diversas maneiras um livro não
lido. Este livro pode, como muitos o u t r o s , preencher uma lacuna em sua
biblioteca, na qual, juntinho a outros, com certeza parecerá muito b o n i t o .
Ou ainda poderá colocá-lo na cômoda ou mesa de chá de sua amada. P o r
fim (com certeza o melhor e que eu em especial aconselho) pode fazer
uma resenha dele.

Bem, depois de me ter permitido a galhofa, tolerável em alguns m o -


mentos sérios dessa vida tão ambivalente, ofereço meu livro c o m serieda-
de, com a confiança de que, cedo ou tarde, alcançará as pessoas às quais
unicamente pode ser endereçado. De resto, permaneço sereno c o m o lato
de que lhe pertence o mesmo destino que pertence à verdade em todos os

2 " P a i a unia m i n o r i a . " (hl. T.)


" F. 11. Jacobi.

24 2
)
O . oò
o V >

V0 °
10
e 9
- ^ 0 ° *
Prefacio à segunda edição
o- ,6

6^
3^
N ã o aos c o n t e m p o r â n e o s nem aos c o m p a t r i o t a s , mas a humanidade

entrego a minha obra, agora completa, na confiança de que ela não lhe será

O* sem valor, m e s m o que este, c o m o sói ocorrer com tudo o que é bom, seja
reconhecido apenas m u i t o tardiamente. Pois apenas para a humanidade,
não para a geração que agora passa ocupada com a ilusão do m o m e n t o , é

6 que a minha cabeça, quase contra a minha vontade, entregou-se a um tra-

\0 balho incessante durante toda uma vida. A falta de r e c o n h e c i m e n t o


durante t o d o esse t e m p o não me fez duvidar do valor do meu trabalho.
C o n t i n u a m e n t e vi o falso, o ruim, o absurdo e o disparatado* merecerem
admiração geral e honra, e pensei que aqueles capazes de reconhecer o au-
t ê n t i c o e o correto seriam tão raros que teríamos de esperar em vão vinte
anos por eles; aqueles capazes de produzir boas obras poderiam ser tão
poucos, a p o n t o de elas mais tarde constituírem uma exceção na transito-
riedade das coisas terrenas. C o m isso, então, a esperança reconfortante da
posteridade, necessária para fortificar cada um que se coloca um grande
fim, perder-se-ia. — Q u e m pratica e leva a sério uma coisa que não conduz
a vantagens materiais não pode contar com a simpatia dos c o n t e m p o r â -
neos. Na maioria das vezes verá, entrementes, que a aparência de tal coisa
se faz valer no mundo e ^oza o seu dia: e isso está em ordem. C o n t u d o , a
coisa real tem de ser tomada nela mesma, do contrário não se obtém su-
cesso, já que, em toda parte, qualquer intento ameaça a intelecção. E m
c o n f o r m i d a d e com isso, c o m o o atesta sempre a história da literatura,

* A filosofia hegeliana.

2
7
Arthur Schopenhautr vl O mundo como vontade e como representação

toda obra prenhe de valor precisa de longo tempo para ganhar a sua a u t o - no meio do t u m u l t o filosófico, c o m o durante a n o i t e invernal d o século

ridade, sobretudo se for de gênero instrutivo, não de e n t r e t e n i m e n t o ; nes- mais obscuro, envolta na m a i s rígida fé da Igreja, quando appenas c o m o

se meio tempo o falso brilha. Pois, unir a coisa com a aparência da coisa é doutrina s e c r e t a era comunicada a poucos adeptos, ou confiada somente

difícil, quando não impossível. Mas justamente esse é o curso deste m u n - i pergaminho. S i m , gostaria de dizer: época alguma poderia ser mais des-

do de carências e necessidades, ou seja, que tudo tem de lhes servir e estar favorável à filosofia do que aquela na qual é maltratada, de um lado, escan-

submetido. Por isso, precisamente, o mundo não é c o n s t i t u í d o de tal dalosamente c o m o instrumento de listado, de o u t r o , c o m o meio de s o -

modo que, nele, um empenho nobre e sublime, c o m o aquele em favor da brevivência. O u alguém acredita que, em meio a tal agitação e t u m u l t o , a

luz e da verdade, siga o seti caminho próprio, sem o b s t á c u l o s , e exista por verdade, da qual ninguém se ocupa, virá a lume? A verdade não é tima

si. Mas, mesmo quando semelhante empenho se pôde fazer valer e, por aí, huri, que se joga ao pescoço de quem não a deseja; antes, é uma donzela

o seu conceito foi introduzido, logo os interesses materiais, os fins pesso- tão difícil que mesmo quem tudo lhe sacrifica ainda não pode estar certo

ais se apossam dele, para torná-lo instrumento ou máscara próprios. 1'. m de seu favor.

conformidade com isso, após Kant ter devolvido à filosofia o seu prestí- Se por um lado os governos transformam a filosofia num meio para

gio, ela de imediato teve de se tornar, a partir de cima, i n s t r u m e n t o de fins seus fins estatais, por outro os eruditos vêem n o professorado filosófico

estatais e, a partir de baixo, de fins pessoais; embora, diga-se, nesse caso um ganho que os nutre c o m o qualquer outro; portanto, acotovelam-se em

não se trata dela, mas de seu sósia. Uma tal situação não nos deve surpre- t o r n o do governo s o b a proteção da boa maneira de pensar, vale dizer, a in-

ender, pois a inacreditável maioria dos homens, de acordo c o m a sua na- tenção de servir àqueles fins. li cumprem a palavra. N ã o a verdade, nem a

tureza, só é capaz de fins materiais; sim, não pode conceber o u t r o s . P o r clareza, nem Platão, nem Aristóteles, mas os fins para que foram contrata-

conseguinte, o empenho pela verdade é demasiado excêntrico para que dos são a stia estrela-guia, que também se tornam de imediato o critério
possamos esperar que todos, muitos ou alguns tomem parte dele. C a s o se do verdadeiro, do valioso, do digno de consideração, bem c o m o de seu
observe, como hoje na Alemanha, uma atividade notável, um e s f o r ç o g e - contrário. O que, portanto, não corresponde aos mencionados fins, mes-
ral, discursos e escritos em matéria de filosofia, é p e r m i t i d o c o m certeza mo que seja o mais importante e extraordinário em seu d o m í n i o de saber,
supor que, a despeito de todos os semblantes e a f i r m a ç õ e s , o verdadeiro é condenado, ou, quando parece perigoso, sufocado por um desprezo unâ-
primum mobile, a mola impulsora secreta de tal m o v i m e n t o , é t ã o - s ó de
1
nime. Observe-se a indignação em uníssono contra o panteísmo. Qual
natureza real, não ideal, vale dizer, o que se tem em vista são i n t e r e s s e s alma cândida acreditará que isso provém de convicção? — Pergunte-se:
pessoais, burocráticos, eclesiásticos, estatais, em uma palavra, materiais; c o m o também em geral a filosofia, decaída a ganha-pão, não deveria dege-
por conseqüência, meros fins partidários colocam em v i g o r o s o m o v i - nerar-se em sofística? Justamente porque se trata de coisa inevitável, e a
mento as tantas penas de pretensos f i l ó s o f o s . P o r c o n s e g u i n t e , i n t e n - regra " c a n t o a canção de quem me dá o pão de cada dia valeu em todos os
ções, não inteleeções,- são a estrela-guia de tais t u m t i l t u a d o r e s , a verda- tempos, o ganhar dinheiro com a filosofia foi para os antigos a marca
de sendo a última coisa ali pensada. Porém, esta não encontra partidái registrada do sofista. — Ademais, já que neste mundo, em toda parte, nada
ios.
Antes, ela pode percorrer de maneira tão calma e insuspeita o seu c a m i n se espera, nada se exige e nada se obtém por dinheiro a não ser mediocri-
io
dade, temos de nos haver com esta também aqui. Pm conformidade com

1 Primeiro m o t o r . " cn. T.)


2 J o g o de palavras entre Absichten e Einsichten; o Ab de Absicht (intenção) n e g a n d o unia { "I I n r i s " , helas v i r g e n s q u e , s e g u n d o o A l c o r ã o , d e s p o s a r ã o n o p a r a í s o o s l i é i s mu-

Sicht (visão), afirmada p e l o Ein de Hinsicht (intelecção). (N. T.) çulmanos. (N. T.)

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Arthur Schopenhaucr
O mundo como vontade e como representação

isso, vemos em codas as universidades alemãs a adorada mediocridade es-


neira geral, sim, vendo o vazio intelectual* e o charlatanismo** na mais
forçar-se por instituir a filosofia ainda inexistente;) partir de m e i o s p r ó -
alta consideração, há muito tempo renunciei a aprovação de meus con-
prios, e no entanto segundo medida e alvo p r e s c r i t o s ; - um espetáculo
temporâneos. E impossível a uma contemporaneidade que durante vinte
diante do qual a zombaria quase seria cruel.
anos exaltou Hegel, esse Caliban espiritual, c o m o o maior dos filósofos,
Enquanto na muito tempo a filosofia teve de servir sempre c o m o
de maneira tão sonora que toda a Europa ouviu, encetar o desejo de aplau-
meio, de um lado para fins públicos, de outro para fins privados, eu, ao
so àquele que descobriu semelhante farsa; uma tal contemporaneidade não
contrário, persegui imperturbável por mais de trinta anos a minha sina in-
possui mais coroas de glória para outorgar: sua aprovação prostituiu-se e
telectual. E o fiz precisamente porque tinha de fazê-lo, não p o d e n d o ser
sua censura não significa coisa alguma. Ealo sério aqui, e a prova é que, se
de outra maneira, por conta de um impulso instintivo, todavia apoiado na
tivesse de aspirar à aprovação de meus contemporâneos, teria de riscar
confiança de que aquilo que é pensado de m o d o verdadeiro por alguém,
umas vinte passagens que contradizem por completo todas as suas visões,
ou a sua elucidação de algo obscuro, será em algum m o m e n t o apreendido
sim, que em parte têm de ser ofensivas a eles. C o n t u d o , cometeria um de-
por outro espírito pensante, impressionando-o, alegrándolo e c o n s o l a n -
lito contra mim mesmo se sacrificasse uma única sílaba sequer em favor
do-o. A um semelhante espírito falamos, c o m o antes espíritos semelhan-
daquela aprovação. Minha estrela-guia foi de modo sério a verdade: se-
tes já nos filiaram e, assim, tornaram-se nosso c o n s o l o na desolação da
guindo-a, precisei aspirar apenas à minha aprovação, completamente dis-
vida. Entretanto, a obra caminha por conta própria, por si mesma. E, coisa
tanciado de uma época que se rebaixou tão profundamente em relação a
estranha, justamente as meditações filosóficas que alguém pensou e inves-
t o d o s os esforços espirituais elevados, para não falar de uma literatura na-
tigou para si mesmo tornam-se depois também um benefício para o u t r o s ,
cional degradada, na qual a arte de unir palavras elevadas com sentimentos
e não aquelas que originariamente eram destinadas a o u t r e m . As primeiras
baixos atingiu o seu apogeu. Obviamente não posso escapar dos erros e
trazem o selo da honestidade perfeita, porque ninguém procura enganar
ir ,i fraquezas necessariamente inerentes à minha natureza, c o m o a qualquer
si, nem se alimentar com nozes ocas. Nesse c o n t e x t o , caem p o r terra tod
a outra; entretanto, não os multiplicarei com acomodações indignas.
sofística e palavrório inútil, e, em conseqüência, cada período e s c r i t o nun
num
N a q u i l o que diz respeito a esta segunda edição, alegra-me, antes de
jato compensa a sua leitura. Em conformidade c o m o dito, meus e s c r i t o s
tudo, o fato de que, após vinte e cinco anos, nada nela e n c o n t r o que deves-
portam a marca da honestidade e sinceridade de uma maneira tão nítida
se ser retirado; que, pois, as minhas convicções fundamentais se c o n f i r m a -
em sua face, que lhe permitem distinguir-se explicitamente daqueles dos
ram, pelo m e n o s para mim. As alterações no primeiro tomo/ que contém 1

três famosos sofistas do período pós-kantiano. O leitor sempre me en-


unicamente o texto da primeira edição, não tocam de m o d o algum no es-
contrará no ponto de vista da R E F L E X Ã O , isto é, da deliberação racional,
sencial, mas concernem em parte a objetos secundários; em sua maioria
nunca no ponto de vista da INSPIRAÇÃO chamado intuição i n t e l e c t u a l , 1

c o n s i s t e m em acréscimos breves introduzidos aqui e ali com o f i t o de um


ou do pensamento absoluto, cujos nomes mais corretos são: vazio inte-
5

melhor esclarecimento. T ã o - s o m e n t e a crítica da filosofia kantiana rece-


lectual e charlatanismo. — Trabalhando, portanto, com espírito h o n e s t o e
beu c o r r e ç õ e s significativas e acréscimos p o r m e n o r i z a d o s , que não po-
sincero, enquanto o falso e o ruim se propagavam fazendo-se valer de ina-

* Fichte e Schelling.
" Hegel.
4 Referência ao conceito nuclear da filosofia de Fichte e da de Schelling. (N. T.)
6 Ou seja, o volume I (o presente) dos dois que compõem a obra principal do filóso-
5 Referência ao conceito hegeliano de espírito absoluto. ÍN. T.)
fo, complementada com tuna série de textos em 1 8 4 4 - (N. T.)


3l
Arthur Schopenhatií^i^^^ O mundo
• AQ
como vontade e como representação

os variados materiais e os apresentar numa ordem sistemática. Por isso,


diam ser trazidos num livro suplementar, como os quatro livros que ex-
embora fosse mais agradável ao leitor ter toda a minha obra numa única
põem a minha própria doutrina num segundo tomo, no qual para cada um
peça, em vez de, c o m o agora, em duas metades para serem trazidas juntas
dos livros do primeiro tomo se encontra um outro correspondente. N e s -
em seu uso, (.pieira ele pensai' que para isso seria exigido de minha parte a
tes casos escolhi a forma do aumento e da melhora, visto que os vinte e
realização, numa só idade, daquilo que apenas em duas é possível, na me-
cinco anos transcorridos desde a composição do primeiro t o m o produzi-
dida em que, para tanto, teria de possuir numa só e mesma idade as quali-
ram na minha maneira de exposição e no tom de sua apresentação uma
dades divididas pela natureza em dois períodos de vida completamente di-
mudança tão marcante, que não se poderia amalgamar, num todo, o c o n t e -
ferentes. Assim, a necessidade de realizar a minha obra em duas metades
údo do segundo tomo com o do primeiro sem que em tal fusão a m b o s s o -
que se complementam é comparável àquela em conseqüência da qual se
fressem. Por conseqüência, ofereço as duas obras separadas, e nada mudei
obtém uma lente objetiva acromática: c o m o é impossível obtê-la a partir
da primeira exposição, mesmo lá onde eu, agora, amiúde me expressaria de
de uma peça, ela é produzida de uma lente côncava de flint e uma lente c o n -
maneira completamente diferente. Em verdade, quis estar em guarda para
vexa de crown, cuja combinação resulta no que se intencionou. Por o u t r o
não corromper o trabalho de meus anos juvenis com críticas rigoristas da
idade avançada. O que, nesse sentido, seria para corrigir, far-se-á por si lado, todavia, o leitor encontrará algumas compensações pelo desagradá-

mesmo no espírito do leitor com a ajuda do segundo t o m o . A m b o s p o s - vel uso simultâneo de dois t o m o s na variedade e alívio que traz o trata-

suem, no sentido pleno do termo, uma relação de complementaridade um m e n t o do m e s m o o b j e t o pela mesma cabeça, no mesmo espírito, no en-

com o outro, na medida em que esta se baseia no fato de uma idade da vida tanto em anos bem diferentes. Entrementes, para o leitor que ainda não

do homem, em termos intelectuais, ser justamente o c o m p l e m e n t o d está familiarizado com a minha filosofia, é indispensável ler antes o pri-
n t o cia o u -
m e i r o t o m o , sem adições e suplementos, usando estes apenas numa se-
tra. Por isso se verá que não apenas cada tomo contém aquilo que o o u t r o
gunda leitura. D o contrário, ser-lhe-ia muito difícil conceber o sistema
não contém, mas também que o mérito de um reside precisamente naquilo
em sua coesão, a qual só no primeiro t o m o é apresentada, enquanto no se-
que falta ao outro. Se, portanto, a primeira metade da minha obra possui
g u n d o as doutrinas principais são isolada e pormenorizadamente funda-
em relação à segunda a vantagem daquilo que somente o f o g o da j u v e n t u -
mentadas e desenvolvidas por completo. M e s m o quem não se decida por
de e a energia da primeira concepção podem atribuir, ao c o n t r á r i o , a se-
uma segunda leitura do primeiro t o m o , fará melhor em ler o segundo por
gunda metade excederá a primeira mediante a maturidade e a elaboração
si m e s m o só depois daquele, na mesma seqüência de capítulos, que certa-
completa dos pensamentos, as quais pertencem unicamente aos f r u t o s de
m e n t e estão numa conexão não muito estreita uns com os outros, mas
um longo decurso de vida e às suas aplicações e diligências. Pois, quando
cujas lacunas serão completamente preenchidas pela lembrança do primei-
tinha a força para conceber originariamente os p e n s a m e n t o s fundamen-
ro t o m o , caso o leitor o lenha compreendido bem. Ademais, ele encontra-
tais de meu sistema e de imediato segui-lo em suas quatro ramificações,
rá em toda parte referência às passagens correspondentes do primeiro
destas retornando á unidade de seu tronco e, em seguida, e x p o n d o o t o d o
t o m o , no qual eu, para esse fim, indiquei na segunda edição, com núme-
de maneira clara, ainda não podia estar na condição de elaborar todas as
ros, os parágrafos que na primeira estavam divididos apenas com linhas.
partes desse sistema com o acabamento, a riqueza e a completude que só
|á no prefácio da primeira edição explicitei que a minha filosofia parte
uma meditação de muitos anos sobre elas o permite e que é exigida para
da kantiana e, por conseguinte, pressupõe uni c o n h e c i m e n t o bem funda-
explicitar e comprovar o sistema mediante inumeráveis fatos, apoiá-lo
m e n t a d o dela. Isso eu repilo aqui. Pois a doutrina de Kant produz em
nas mais diversas provas, iluminá-lo nitidamente de todos os lados, c o l o -
cada cabeça que a apreendeu uma profunda transformação, tão imensa,
car os diferentes pontos de vista em novo contraste, separar de forma pura

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J 2
•AO Ö
Arthur Scbopenhaue
O O mundo como vontade c como representação

que é comparável a um renascimento espiritual. Apenas ela permit ivras, na qual o espirito em vao se martiriza e esgota para pensar algo, as
ver o realismo inato creditável à determinação originaria do intelecto, para suas cabeças se desorganizaram. Eles não precisam de crítica alguma da
o que nem Berkeley nem Malebranche são competentes; pois estes perma- razão, nem de filosofia: precisam de uma medicina mentis, primeiro c o m o

necem demasiadamente no geral, enquanto Kant vai ao particular, e em c a t á r t i c o , um petii cours dc scnscovtmunologic* em seguida tem-se de ver se

verdade de uma maneira que não conhece nem antecessores nem terá imi- entre eles ainda há alguém capaz de filosofia. - A doutrina kantiana, por-

tadores, e exerce efeito tão característico, e por assim dizer imediato, s o - tanto, não pode ser procurada em parte alguma a não ser cm suas obras.
r
bre o espírito, que este sofre uma desilusão profunda e em seguida mira Estas são sempre instrutivas, mesmo onde erram e falham. Em conse-

todas as coisas sob outra luz. S ó com isso estará o leitor receptivo aos es- qüência de sua originalidade vale para ele o que propriamente vale no grau

clarecimentos positivos que tenho a oferecer. Q u e m , e n t r e t a n t o , não d o - mais elevado para todos os filósofos autênticos: só se pode conhecê-los a
pensamentos desses
partir de seus escritos, não do relato de outrem. Pois os pt
mina a filosofia kantiana, está, por assim dizer, em estado de inocência,
espíritos extraordinários não podem sofrer a filtragem de uma cabeça ordi-
não importa o que tenha praticado, ou seja, permaneceu naquele realismo
nária. N a s c i d o s atrás das testas claras, elevadas, belamente configuradas,
natural e pueril no qual todos nascemos e que capacita para todas as coisas
c
sob as quais brilham olhos dardejanres, perdem toda força, vida e identi-
possíveis, menos para a filosofia; em conseqüência, em seu realismo natu-
ral está para a filosofia kantiana c o m o o menor de idade para o adulto.
o* dade q u a n d o t r a n s p o r t a d o s para os c ô m o d o s estreitos e t e t o rebaixado
do crânio apertado, contraído, afundado, do qual emanam olhares opacos
Que tal verdade soe paradoxal hoje em dia, o que de modo algum foi o caso
dirigidos a fins pessoais. Sim, pode-se dizer que tais tipos de cabeça produ-
nos primeiros trinta anos após a publicação da crítica da razão, procede do
zem efeito semelhante ao de espelhos curvos, nos quais tudo se desfigura
fato de, desde então, ter surgido uma geração que realmente não conhece
e deforma, perde a simetria de sua beleza, e apresentam uma caricatura.
Kant, ou o conhece de uma leitura rápida e impaciente, ou de um relato de
Apenas dc seus autores mesmos pode-se receber pensamentos filosóficos.
segunda mão, e isso porque, em conseqüência de uma direção ruim, perde
Por conseguinte, quem se sente impelido para a filosofia tem cie buscar os
seu tempo com filosofemas ordinários, com cabeças vulgares ou m e s m o so-
seus mestres imortais na serena santidade de suas obras. O s capítulos prin-
fistas cabeças-de-vento, que foram irresponsavelmente recomendados. Daí
cipais de cada um desses filósofos autênticos fornecerão cem vezes mais in-
a confusão dos primeiros conceitos e em geral a indizível rudeza e ausên-
telecção de suas doutrinas do que os comentários esforçados e entedian-
cia de graça que sobressaem do invólucro de preciosismo e pretensão pre-
tes feitos por cabeças comuns sobre os mesmos, que na maioria das vezes
sente nos ensaios filosóficos da geração assim educada. M a s incorre num
se e n c o n t r a m profundamente enraizados na filosofia da moda, ou em sua
erro incurável aquele que acredita poder conhecer algo da filosofia kantia-
opinião pessoal preferida. E surpreendente c o m o o público prefere essas
na a partir das apresentações de outros. Antes, tenho de alertar seriamente
apresentações de segunda mão. Aí de fato parece que a afinidade eletiva
sobre tais relações, sobretudo as do tempo recente. De fato, nestes últi-
faz efeito; em razão dela a natureza ordinária é atraída pela sua semelhante
mos anos caíram-me nas mãos escritos de hegelianos s o b r e a f i l o s o f i a
e, por conseqüência, preferirá ouvir da sua igual aquilo que um grande es-
kantiana que efetivamente se aproximam da fabula. C o m o poderiam ca-
pírito falou. Talvez isso se baseie no mesmo princípio da instrução mú-
beças corrompidas e perturbadas já na primeira juventude pelo sem-sentido
tua, segundo o qual as crianças aprendem melhor de outras crianças.
da hegeliaria acompanhar as investigações profundas de Kant? A c o s t u m a -
ram-se desde cedo a tomar o palavrório mais vazio por pensamentos filosó-
ficos, os sofismas mais pobres por sagacidade, e o disparate mais besta por
dialética, com o que, mediante a aceitação da c o m b i n a ç ã o alucinada de pa- "B revê curso de ssenso comum

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o VA

A rtbnr Schopenb O mundo


\Ò9
como vontade c como representação

por assim dizer, galopar da maneira mais agradável possível no domínio


além da possibilidade de ioda experiência, para sempre barrado ao nosso
Ainda uma palavra aos professores de filosofia. — A sagacidade, o tato
c o n h e c i m e n t o . D o m í n i o esse no qual são encontrados de súbito revelados,
sensível e fino com o qual reconheceram a minha filosofia, desde o seu
e belamente orden.ados, precisamente os dogmas fundamentais do moder-
aparecimento, como algo completamente heterogêneo aos seus empe-
no, judaizádo, otimista cristianismo. Que tem a ver a minha filosofia, de-
nhos, até mesmo perigoso, ou, para falar de modo popular, algo que não se
•i ficiente nesses requisitos essenciais, pobre nas considerações e meios em
encaixava cm seus objetivos, bem como a política segura e astuta, pela qual
vista da subsistência, que possui por estrela-guia apenas a verdade nua,
encontraram o único procedimento correto contra ela, a per: eita unanimi-
lerada, muitas vezes ingrata e perseguida, sem desviar a vista
dade com que se entregaram a isso, por fim a determinação c o m que per
da ou para a direita, que tem a ver minha filosofia com aquela
maneceram fiéis a tais intentos - eis o que sempre tive de admirar. Some tá para a esquerda ou para a
alma mater, a boa e alimentícia filosofia universitária, que, itigada com
lhante conduta, que se recomenda por conta de sua facilidade, consiste
m
reconhecidamente no completo ignorar e, daí, na segregação — c o n f o r m e a centenas de intenções e milhares de precauções, prossegue seu caminho
dc
maliciosa expressão de Goethe, que significa propriamente o c e r c e a m e n t o cautelosamente, tendo diante dos olhos a todo m o m e n t o o temor do so-

do que é importante e significativo. A eficácia desse m é t o d o silencioso e berano, a vontade do ministério, os preceitos da religião oficial, os desejos
J
elevada mediante o barulho de corifeus, com o qual é lestejado reciproca- do editor, a conveniência dos estudantes, a boa camaradagem dos colegas,

mente o nascimento das crianças espirituais daqueles de mesma opinião, o curso da política do dia, os humores passageiros do público e muito,

obrigando o público a fixar-se nos gestos i m p o n e n t e s c o m os quais as m u i t o mais? O u que tem a ver a minha investigação silenciosa e séria da

saudações mútuas são aí feitas. Quem poderia desconhecer a finalidade verdade com os tumultos da cátedra e os bancos de sala de aula, cuja mola

desse procedimento? Decerto, nada há a objetar contra o princípioprimum impulsora mais íntima são sempre os fins pessoais? Antes, ambos os tipos

vivere, deinde philosophari. O s senhores querem viver e, em verdade, viver da


7
de filosofia são, desde o fundamento, heterogêneos. Daí não existir c o m i -

FILOSOFIA. Nesta se alojam, com mulher e filho, e, a despeito do povera t go c o m p r o m i s s o algum nem camaradagem. Ninguém encontrará em mim

nuda vai filosofia* de Petrarca, conseguiram o que queriam. Porém, a minha vantagem alguma, a não ser aquele que procura a verdade. N ã o pactuo
filosofia não veio a lume para que se possa viver dela. Falta-lhe o requisito com os partidos filosóficos do dia, pois todos perseguem suas intenções;
básico exigido para uma bem-dotada filosofia de cátedra, a citar, uma t e o - eu, ao c o n t r á r i o , tenho a oferecer simplesmente mtelecções, que não c o m -
logia especulativa, a qual justamente - apesar da severa crítica de Kant a binam com nenhuma daquelas intenções, pois não são talhadas para isso.
razão - d eve e tem de
íe ser o tema capital de toda filosofia, emb>ora uma tal Para que a minha filosofia ocupasse as cátedras, os tempos teriam de ser

filosofia tenha a tarefa de sempre discursar sobre coisas que ela abs( c o m p l e t a m e n t e o u t r o s . - Seria realmente algo notável que uma tal filoso-

mente não pode saber. Sim, a minha filosofia não estatui uma vez sequer a fia, da qtial absolutamente não se pode viver, ganhasse luz e ar, até mesmo

fábula, tão astutamente divisada pelos professores de filosofia e tão indis- estima universal! E n t r e t a n t o , contra isso, há unanimidade. Em meio a dis-

pensável para eles, de uma razão que conhece, intui, apreende imediata e putas e refutações o j o g o não seria fácil, sem falar que é um m é t o d o incer-

absolutamente, que se precisa apenas impor no princípio aos leitores para, to, visto que chama a atenção do público para a coisa, público este que,
mediante a leitura de meus escritos, poderia ter o gosto arruinado para as
lucubrações dos professores de filosofia. Pois quem saboreou o sério não
7 Primeiro vivei-, depois filosofar." íN. T.) se acostuma ao c ô m i c o , s o b r e t u d o se este for tedioso. Por isso, o sistema
8 Filosofia, vais pobre e nua." ^N. T.) d o silêncio, tão unanimemente aceito, é o único verdadeiro, e posso ape-

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0 \>

Arthur Schopenhauer

nas aconselhar que nele se permaneça e prossiga, tanto q u a n t o ele render,


0
até que o ignorar leve à ignorância: é quando será t e m p o de volver a si
Entrementes, cada um está livre para aqui e ali colher algo em vista Prefácio à terceira edição
próprio uso, caso o excesso de pensamentos em casa não seja opressivo.
Com isso o sistema do silêncio e do ignorar pode valer por m a i s Lima boa
temporada, pelo menos no espaço de tempo em que eu viva, com o que
muito se ganha. Sc vez ou outra uma voz indiscreta se deixa ouvir, logo
será abafada pelas aulas sonoras dos professores, que, com g e s t o s p o m -
posos, sabem entreter o público com coisas inteiramente outras. Acon
selho, contudo, estrita observância da unanimidade da conduta e, em
O v e r d a d e r o e g e n u i n o f á c i l m e n t e e n c o n t r a n a lugar no m u n d o ,
pecial, vigilância dos jovens, que por vezes são perigosamente indiscretos.
les que sao incapazes de p r o d u z . - l o nao c o n s p . r a s s e m para
Mesmo assim não posso garantir que a louvável conduta será sempre infa- aso aqueles que
m a n d o não s u f o -
i m p e d i - l o . T a l c i r c u n s t â n c i a já impediu e retardou, q
lível, muito menos posso ser responsabilizado pelo resultado final. Em tf a lume. Para mim, a conse-
c o u , q u e m u i t o de b o m para o i n u n d o viesse
todo caso é um bom expediente para o controle do público, de resto bom e luei a
trinta anos q u a n d o publiquei
q ü ê n c i a d i s s o foi que, e m b o r a c o n t a s s e
dócil. Se em todos os tempos vemos juntos os Górgias c Hípias bem no s dos
p r i m e i r a e d i ç ã o desta obra, não pude vivenciar esta t e r c e i r a antes
topo, e o absurdo via de regra predomina, parecendo impossível que, atra- de PE-
s e t e n t a e d o i s a n o s . T o d a v i a , e n c o n t r o c o n s o l o nas palavras
vés do coro dos encantadores e encantados, ouça-se a voz de um indiví-
T R A R C A : si quis, tola ciic ninais, perveni! ad vesperam, satts est (De vera sapientta,
duo; ainda assim, em todos os tempos, as genuínas obras vão fazendo aos
poucos, silenciosamente, o seu efeito próprio e p o d e r o s o , e, c o m o num p.140). 1
S e p o r fim cheguei e t e n h o a satisfação, no o c a s o de m e t i de-
c u r s o de vida, de ver o c o m e ç o de miniiha influência, é c o m a esperança
milagre, vê-se finalmente o seu soerguimento a partir do t u m u l t o , seme-
a antiga regra, durará em p r o p o r ç ã o direta à
de q u e ela, c o n f o r m e u m ;
lhante a um aeróstato que, do denso espaço atmosférico da terra, eleva-se
ás alturas mais puras, onde, uma vez chegando, permanece, e ninguém d e m o r a c o m que c o m e ç o u .
.dição o leitor não sentirá falta de nada daquilo que a
mais pode fazê-lo descer. N e s t a terceira ediçâ
;berá consideravelmente m a i s . na medida em
segunda c o n t é m , a n t e s rece
s, em impressão igual, possui H 6 páginas a
Escrito em Frankfurt-sobre-o-Mcno, fevereiro de 1844. que, por conta dos acréscimos
mais que a segunda.
S e t e anos após a publicação da segunda edição publiquei dois t o m o s
intitulados Parerga cparaiipomcitar Aquilo c o n t i d o sob este título são acrés-
c i m o s à exposição sistemática de minha filosofia e encontraria o seu lugar
mais apropriado nas edições desta minha obra principal. C o n t u d o , tinha

então de publicá-los c o m o podia, pois era bastante duvidoso se viveria

fim deste, é o suficiente." (N.T.)


1 " S e alguém que anda durante todo o dia chega ao
2 Ornatos c suplementos. (N. T.)

39
/lr/4

para ver esta t e r c e i r a e d i ç ã o . E s s e s a c r é s c i m o s s ã o e n c o n t r a d o s n o si


segiin- >j

X\t \,AJ^
d o t o m o d o s m e n c i o n a d o s parerga e f a c i l m e n t e se o s r e c o n h e c e r á n a s e n í -

dos „ píIulo , vaV II ô


c,©^ T
^><^ ^^
G

Frankfurf-sobrc-o-Meiw, setembro de iSy).

Livro primeiro
i J o mundo como representação

Primeira consideração

A representação submetida ao princípio de razão:


o objeto da experiência e da ciência

Sors de 1'enfance, ¡11111, réveille-toi!


fean-Jacques Rousseau.

I "Sai de tua infância, amigo, acorda! N. T.)

4.O
c,c^ 6

// " O m u n d o é minha representação." Esta é uma verdade que vale cm


relação a cada ser que vive e conhece, embora apenas o homem possa tra-
zê-la à consciência refletida e abstrata. E de fato o faz. Então nele aparece
a clarividência filosófica. T o r n a - s e - l h e claro e certo que não conhece sol
algum e terra alguma, mas sempre apenas um olho que vê um sol, uma
mão que toca tuna terra. Q u e o mundo a cercá-lo existe apenas c o m o re-
presentação, isto é, t ã o - s o m e n t e em relação a outrem, aquele que repre-
senta, ou seja, ele m e s m o . - Se alguma verdade pode ser expressa a priori, é
essa, pois é uma asserção da forma de toda experiência possível e imaginá-
vel, mais universal que qualquer outra, que tempo, espaço e causalidade,
pois todas essas já a pressupõem; e, se cada uma dessas formas, conhecidas
por t o d o s nós c o m o figuras particulares do princípio de razão, somente
valem para uma classe específica de representações, a divisão em sujeito e
o b j e t o , ao c o n t r á r i o , é a forma comum de todas as classes, unicamente sob
a qual é em geral possível pensar qualquer tipo de representação, abstrata
ou intuitiva, pura ou empírica. Verdade alguma é, portanto, mais certa,
mais independente de todas as outras e menos necessitada de uma prova
do que esta: o que existe para o conhecimento, portanto o mundo inteiro,
14 é // t ã o - s o m e n t e o b j e t o em relação ao sujeito, intuição de quem intui,
numa palavra, representação. Naturalmente isso vale tanto para o presente
q u a n t o para o passado e o futuro, tanto para o próximo quanto para o dis-
tante, pois é aplicável até mesmo ao tempo, bem c o m o ao espaço, única-

43
¿ ( romo representação
O mundo como von«

Arthur Schopenhauer
o , • . ,\ verdade, que
dem c o n d u z a - w L v e i
r
tem de ser
deveras séria e grave

e cada um justamente pode de e tem


idêntico Vpo
O lo n ã o t e r r í v e l ,
ido se diferencia. T u d o o que pertence e pode pertencer
mente nos quais tua»
licionado pelo
<ò para caaa
cada um, quanc
de dizer, soa
m undo é n ^
ade • —
V O n

imeico livro,
U
: : ; i ; v r o . é n c C e s S á r , o c o n s t a t

ao mundo está inevitavelmente investido desse estar-cond Até lá, c o n t u d o , portanto neste r. 'ado da c o g n o s c i b i U
sujeito, existindo apenas para este. O mundo é representação. mundo do qual t artimos, de o b j e t o
iradamente o lado do •csistência todo tip30
sep considerar sem rc
Nova essa verdade não é. Ela já se encontrava nas considerações cetteas
dAade, e, por conse
entinte (como logo a seguir exp icitaremos
das quais partiu Descartes. Berkeley, no entanto, foi o primeiro que a ex- . m e s m o o próprio corpo i o - o s mera representaça icao.

Ö
V
existente, ate resentaç,o, d e s i g n a
pressou decididamente, e prestou assim um serviço imortal a filosofia, mais tarde se torna-
r c p

melhor) apenas c o m o hstração, como espero que


embora o restante de sua doutrina não possa sustentar-se. O primeiio o outro lado
Aquilo do que se f a z aqui ;, única a constitui. D L

erro de Kant foi o menosprezo desse princípio, como é apontado no apên- 1 -, p sempre a v u e s . „ „ n p n t e REFRb
lado, mteirameni : f
rá certo a cada um, e scm V
de um
dice desta obra. — O quão cedo essa verdade fundamental foi con este e, U m a realidade que nao
do m u n d o . P o i s assim c o m o VONTADE. t e

pelos sábios da índia, na medida em que aparece c o m o o princípio básico inteiramente . ~- , „ . i de


SHNTAÇÃO, é, de o u t r o , inten q g c o i s a e m S

da filosofia védica atribuída a VYASA, testemunha-o W . Jones n o último fantas-


fosse nenhuma dessas duas, mas um objeto em si
de seus ensaios: On the philosophy of the Asiatics; Asiatic researches, V.IV, p-' 4 <J :
Kant, que infelizmente degenerou em suas m ã o s ) , é uma nao-coisa
fundamental tenet of the Vedanta school consisted not in denying the existence of matter, KV-* magónea, cuja aceitação é um fogo fátuo da filosofia.

that is of solidity, impenetrability, and extended figure (to deny which would he lunacy),
but in correcting the popular notion of it, and in contending that it has no essence indepen
Tais § 2
dent of mental perception; that existence and perceptibility are convertible terms
palavras exprimem adequadamente a convivência entre realidade e m p i r i c
' 1
U./-« m - K não é conhecido por ninguém é o
e idealidade transcendental. Aquele q u e tudo conhece mas nao c & r

r conseguinte, O sustentáculo d o mundo, a condição


Portanto, apenas do lado indicado, apenas na medida em que é repre- - lue aparece, de t o d o o b j e t o ,
S U J E I T O . E s t e e, po
1 5 sentação, consideramos o mundo neste primeiro livro. Todavia, // que se- pressuposta de tudo o qi ^ ^ . a si e n c o n t r a s e

universal e sempre f.
melhante consideração, sem prejuízo de sua verdade, seja unilateral, con- :existe, existe para o su) ^ ^ conhece, c m q u e

pois t u d o o que
mesmo cc o , contudo, já é o
seqüentemente produzida por uma abstração arbitrária, anuncia-se a cada om
mo o esse sujeito, t o adav.a, somente
não na medida em que é o b j e t o d o conhecimento. O b j e t o , presenta-
um pela resistência interior com a qual aceita o mundo c o m o sua mera re-
presentação. Aceitação a que, por outro lado, nunca pode furtar-se. A unl- seu c o r p o , que, desse p o n t o de vista, também denominamos repi
lateralidade dessa consideração, entretanto, o próximo livro complemen- São. Pois o c o r p o é o b j e t o entre// objetos e está submetido à lei deles, em-
[6
tará mediante uma verdade que não é tão imediatamente certa quanto .1 bora seja o b j e t o imediato.* Ele encontra-se, c o m o todos os o bmediante
o espaço, j e t o s da in-

verdade da qual partimos aqui e á qual só a investigação mais aprofunda- tuição, nas formas de t o d o conUcccv, n o tempo e Le que conhece.ante os
c nun-
nas formas ^ - « W o . entretanto, aquei
da, a abstração m a i s difícil, a separação do diferente e a u n i f i c a ç ã o d o dá., n,n4KWo.Os ,c,co « s . ,a o pressu-
.idade
F U a n

quais se u n iied a -
. _„mntra ris-
« c conuecido, não
não se
* ene
«*° "Zpluralidade M
nem seu oposto.
Ao sujeito, portanto, nao caut \
2 " O dogma fundamental da escola védica c o n s i s t e n ã o em n e g a r a e x i s t e n c i a da ma- poe m
île dizer,
teria, vale dizer, d
cia solide/., impenetrabilidade e e x t e n s ã o ( o q u e seria insensatez), f.acnu. 2 , d „ § 2 2 .
de razão &
mas em c o r r i g i r a n o ç ã o p o p u l a r dela e em a f i r m a r que a m a t é r i a n ã o p o s s u i e s s ê n c i a mneifto
Sobre a quádruplo raUdof
alguma i n d e p e n d e n t e da p e r c e p ç ã o m e n t a l , v i s t o q u e e x i s t ê n c i a e perceptibilidade
são t e r m o s i n t e r c a m b i á v e i s . " íN. T.i 45

44
Recomo representação
O niti» ¿o como vou
lo que de novo a par-
- o a r e c e ^ o t"ivt ;, ; e ; u p o n h o a q u . c o n s t a n t e m e n -
de razão aparece
e m O U L

Arthur Schopenhauer princípio


classes se continua, Vtc leitor. tudo
^ ^o ^que , ^ ^ , Y { p o l s

tição correta dessas ao


doesemp^P - . lugar necessário.
o seu lug
r L
de Nunca o conhecemos, mas ele é justamente o que conhece, onde quU tecoraoconheciQoto r ^ u l

que haja conhecimento. houvesse s


i nao W
Portanto, o mundo como representação, único aspecto no qual agpra
o consideramos, possui• duas
i irlic e<> msep
. . . J . essenciais, necessárias
metades inseoara- - e
entre íntu-
veis. Uma é o OBJETO, cuja forma é espaço e tempo, e, mediante e s t o , AjB , >- V <0 x W n s s a s apresentações^s e a
pluralidade. A outra, entretanto, o sujeito, não se encontra no espaÇ 0
. , todas as nossas p
p n t r e . d c r e p r e

A diferença capital cn t e ,penas UMA m

nem no tempo, pois está inteiro e indiviso em cada ser que representa. P ° r

ta o a s e abstratas. E s t * ^ " s o b r e a f a c e d a ^ p ^ ^
eitos - que ^ s o b « a * mais
i t i V

conseguinte, um único ser que representa, com o o b j e t o , c o m p l e m e n t a


d o s a m

mundo como representação tão integralmente quanto um milhão deles-


sentações, os cone
dadep r a f 0 r m
siva d o h o m e m , cuja capacK.»-- ,
adiante consideraremos tais t
Contudo, caso aquele único ser desaparecesse, então o mundo c o m o re j u * 7 Ã n * Mais adiante —
, e desde sempre foi nomeada RAZÃO. ívia
presentação não mais existiria. T a i s metades são, em conseqüência, tnsc
, c u » u c semi. porém, falaremos exclusi-
re
paráveis, mesmo para o pensamento: cada uma delas possui significação e presentações abstratas por s. mesmas, antes, P
vãmente sortante
existência apenas por e para a outra; cada uma existe com a outra e desapa P ^ r .mtiitTIVAS. Estas abrangem t o d o o
.mente das REPRESENTAÇÕES INTUI UVAS. dições, formas 5 do mundo
rece com ela. Elas se limitam imediatamente: onde começa o o b j e t o , te
sibilidade. Tran»-«. « °•- :' „ r « rl ab. aao
m
n «lado
s das suas
" condições, de
s e r o e d opos-o o t o S S

mina o sujeito. A comunidade desse limite mostra-se precisamente n ° ~*>r\nrtante de :

fato de as formas essenciais e universais de todo objeto — t e m p o , espaço e do


visive
causalidade — também poderem ser encontradas e completamente be- U » í. « « P O < « f * T^s cambem intuídos «
seus f e n ô m e n o s
cidas partindo-se do sujeito, sem o conhecimento do objeto, isto é, na li°
in abstracto por si e „50 É « m o um to c o n „ á t i o , » expe-
guagem de Kant, residem a priori em nossa consciência. T e r descoberto diatamente. Intuição ^ ' ^ ^ d e n t e desta que,
IS
isso é um dos méritos capitais de Kant, c bem grande. Afirmo, aderna * 18

São da experiência, n » . - d c
P e n d C n t
4a mtuição, va-
que o princípio de razão é a expressão comum para todas essas forvní do
£ d e l a > v i s t o c

riencia tem antes de ser pensada t o


objeto das quais estamos conscientes a priori, e que, portanto, tudo o q L l L

• , , r , An rpmoo, conheciaas u ..-


r

conhecemos a priori nada é senão exatamente o conteúdo do mencionado


propnedades d o espaço ^ „ i $ , „ e x p e r i ê n c i a ,
princípio, c do que se segue dele, no qual, pois, está propriamente expres- U para coda « « P - W ^ n o m e u c n s , o sobre o princípio dc
so todo o nosso conhecimento certo a priori. N o meu ensaio sobre o p r ' m
tudo tem de concordar. Eis p o qu • ^ ^ ^
I7 cípio de razão mostrei detalhadamente como qualquer // o b j e t o possíve" azão, considerei o tempo e o espaç , ,, c , õ r s <mc
r a m e m e e vazios de c o n t e ^ ^ ^ c i
r n t V r n r r

. . . U o uma classe especial de representações que m i p o r d n

está submetido a esse pr mcipio, ou seja, encontra-se em relação necess ária subsistem por si mesmas. U a é a propriedade d e s c o -
a s f o r m a s U

com outros objetos, de um lado sendo determinado, do o u t r o determi- berta por Kant de que J « * * » da intuição são
j discussão remeto ao
nando. Isso vai tão longe, que a existência inteira de todos os o b j e t o s , na Para um Fundamento
conce;1lO. da ética
qualidade de objetos, representações e nada mais, reporta-se de volta, sem
K a n - ,este
t tornou c o nfuso , \ . i s fundamentais b c m

exceção, àquela relação necessária de um com o o u t r o , consiste apenas nela bem como aos Vto
apêndice deste l i v r o , I
e, portanto, é completamente relativa. Adiante retomarei o assunto. M o s -
(in mordi § 6
trei ainda que, conforme as classes nas quais os objetos são agrupados se-
gundo a sua possibilidade aaueli r » 1 „ „ „ í • »»ral 47
b y l
* > 'iquua relação necessária expressa em g c t '
w u
vO
oV O mundo como vontade c como representação
A rthur Schopenhauer

I 9 possui apenas existência relativa, // existe apenas por c para um o u t r o que


intuivi/eis por si, independentes da experiência, e cognoscíveis segundo sua
se lhe assemelha, isto é, por sua vez também relativo. O essencial dessa v i -
inteira conformidade a leis, nisso baseando-se a matemática com sua infa-
são c antigo: Heráclito lamentava nela o fluxo eterno das coisas; Platão
libilidade. C o n t u d o , uma propriedade não menos digna de consideraç;
desvalorizava seu o b j e t o c o m o aqtiilo que sempre vem-a-ser, sem nunca
das mesmas é que, aqui, o princípio de razão, que determina t a n t o a expe-
ser; Espinosa o nomeou meros acidentes da substância única, existente e
riência c o m o lei de causalidade e motivação quanto o p e n s a m e n t o como
permanente; Kant contrapôs o assim conhecido, c o m o mero fenômeno, â
lei de Fundamentação dos j u í z o s , assume uma figura i n t e i r a m e n t e peui-
coisa-em-si; por fim, a sabedoria milenar dos indianos diz: " Trata-se de
liar, à qual dei o nome de PRINCÍPIO DM RAZÃO DE SER, que, n o tempo, e 5

MAIA, o véu da ilusão, que envolve os olhos dos mortais, deixando-lhes ver
a seqüência de seus m o m e n t o s e, no espaço, é a posição & j ^ w * p a r t e s
um mundo do qual não se pode falar que é nem que não é, pois asseme-
se determinam reciprocamente ao infinito.
lha-se ao sonho, ou ao reflexo do sol sobre a areia tomado a distância pelo
Q u e m compreendeu com clareza, a partir do m e n c i o n a d o ensaio in- andarilho c o m o água, ou ao pedaço de corda no chão que ele toma c o m o
trodutório, a identidade perfeita do conteúdo do princípio de razão em
uma serpente". ( T a i s comparações são encontradas, repetidas, em inume-
meio à diversidade de suas figuras, também I içará convencido do quão im-
ráveis passagens dos Vedas e dos Puranas.) O que todos pensam e dizem,
portante é precisamente o c o n h e c i m e n t o da mais simples de suas formas, entretanto, não passa daquilo que nós também agora consideramos, oti
reconhecida por nós no TEMPO, para a intelecção de sua essência mais in- seja: o mundo c o m o representação submetido ao princípio de razão.
tima. Assim c o m o no tempo cada m o m e n t o só existe na medida em qu<-
aniquila o precedente, seu pai, para por sua vez ser de novo rapidamente
aniquilado; assim c o m o passado e futuro (independentes das consequen § 4
cias de seu conteúdo) são tão nulos quanto qualquer s o n h o , o p r e s e n t e
entretanto, é somente o limite sem extensão e contínuo entre a m b o s - * s Q u e m reconheceu a forma do princípio de razão que aparece no tem-

sim também reconheceremos a mesma nulidade em todas as outras 1 ° ' " po puro c o m o tal e na qual se baseia toda numeração e cálculo, também

mas do princípio de razão, convencendo-nos de que, do m e s m o m o d o qu compreendeu toda a essência do tempo. Este nada mais é do que j u s t a -

o tempo, também o espaço e, c o m o este, tudo que se encontra simultânea* mente aquela forma do princípio de razão, e não possui nenhuma outra

mente nele e n o tempo, p o r t a n t o tudo o que resulta de causas e motivos. propriedade. S u c e s s ã o é toda a stia essência. — Q u e m , ademais, conheceu o
princípio de razão tal qual ele rege no mero espaço puramente intuído e s -
gotou com isso toda a essência do espaço, visto que este é, por c o m p l e t o ,

í O pnncíp.o de razão - nihil „, s i m m i o n t r ,„. / ) 0 ,„„^ ^ ^ ..^, - .


S i m u„„ t ã o - s o m e n t e a possibilidade das determinações recíprocas de suas partes,
razão pela qual é , o que s e aplica a totalidade dos fenômenos, possui, segundo 0 que se chama POSIÇÃO. A consideração pormenorizada desta, bem c o -
Schopenhauer, quatro raízes. I )aí o tema do seu doutorado, Sobre a quádrupla r * * m o a formulação dos resultados daí advindos em conceitos abstratos para
prtnapte de r„„o suficiente. As suas raízes são: , , " p r i n c í p i o d e r a z 5 o [ l c devir": a * emprego c ô m o d o , constitui o conteúdo de toda a geometria. — D o m e s m o
estão submettdas as representações da realidade, isto é, da experiência possível: D
m o d o , quem compreendeu a figura do princípio de razão que rege o c o n -
"princípio de razão de conhecer": a ele estão submetida!
as representações c e repre-
sentações, isto é. os conceitos; * teúdo daquelas formas // ( t e m p o e e s p a ç o j , da stia perceptibilidade, isto
I 10
•-/ i • i ' ni i a/ao ue ser i aqui mcntiui'»— / é, a matéria, p o r t a n t o a causalidade, também compreendeu a essência in-
° 1 C e S
; °
a s u b m e t i d a s
•< parte formal das representações, isto é, as intuições das for-
teira da matéria c o m o tal, pois esta é por completo apenas causalidade, d o
mas do senndo externo e interno dadas a priori, o espaço e o tempo: 4 > "princípio *
i'"" d c
» d o o sujeito do querer, isto é. o seu agir conform' •
a g l r : 3 C l c £ S t á s u b m e

lei cie motivação. 1N T 1


49

4&
O
Arthur
O
Schopenhauer
O mundo como
io vontade
vontad c como representação

m o s t r a d o , reside no fazer-efeito, na causalidade. T o d o s os inumeráveis


que cada um se convence tão logo reflita sobre i s s o . Ü ser da matéria e o
f e n ô m e n o s e estados pensáveis poderiam coexistir no espaço infinito, sem
seu fazer-efeito. Nenhum outro ser lhe é possível nem sequer pensável.
4

se limitarem, ou também se seguirem uns aos outros no tempo infinito,


Apenas como iazendo-efeito ela preenche o $$è° e
° F^jWPC^Í*" S ^ °
1 3 a

sem se incomodarem. Daí então que uma relação necessária entre tais fe-
sobre o objeto imediato 1
(ele mesmo matéria) condiciona a intuição, na
A0
i li
n ô m e n o s e uma regra // que os determine em conformidade com aquela
q u a l u m e amenté ela existe. A conseqüência da ação de qualquer objeto J
não seria de m o d o algum necessária, nem sequer aplicável. Por c o n s e q ü ê n -
material sobre um outro só é conhecida na medida em que este agora age
cia, se acaso em cada a no espaço e em cada mudança no tempo
diferentemente de antes sobre o objeto imediato, e c o n s i s t e apenas nisso
— e enquanto essas duas formas tiverem por si mesmas, sem conexão uma
Causa e efeito, portanto, são a essência inteira da matéria. S e u ser e seu ta-,
c o m a outra, o seu curso e persistenci a — não houvesse causalidade algu-
zer-efeito. (Detalhes sobre o assunto se encontram no ensaio sobre o
ma, e visto que esta constitui a essência propriamente dita da matéria, en-
princípio de razão, § 2 1 , p . 7 7 ) . Por conseguinte, o continente de qualquer
tão não haveria matéria alguma. N o entanto, a lei de causalidade adquire a
coisa material é, de maneira bastante acertada, nomeado WlRKI.ICHKirT,
sua significação e necessidade unicamente pelo lato de a essência da m u -
efetividade na língua alemã,* palavra muito m a i s significativa que Realttat-
dança não consistir apenas na alteração de estados em si, mas antes no f a t o
Aquilo sobre o que faz efeito é de novo
novo sempre
semnre m.irérm
matéria. SVn ser toda
Seu ser, toda a
a sua
sua agora U M estado, em seguida
de N O M E S M O L U G A R do espaço haver
essência, portanto, consiste apenas na mudança regular que U M A de suas ) 0 determinado, haver AQUI este es-
O U T R O e, N U M Ú N I C O e mesmo temp
partes produz na outra, por conseguinte é por c o m p l e t o relativa, c o n f o r -
tado, LÁ o u t r o . S ó essa limitação recíproca do tempo c do espaço fornece
me uma relação válida só no interior de seus limites, p o r t a n t o exatamente
a uma regra, segundo a qual a mudança tem de ocorrer, significação e ao
como o tempo e o espaço.
m e s m o t e m p o necessidade. Aquilo a ser determinado pela lei de causalida-
T e m p o e espaço, entretanto, cada um por si, são também representá- de não é, p o r t a n t o , a sucessão de estados no mero tempo, mas essa suces-
veis intuitivamente sem a matéria. Esta, contudo, não o é sem eles: a for- a um
um espaço
ferência a
são em referência espaço determinado; não a existência de estados
ma, que lhe é inseparável, pressupõe o ESPAÇO. O fazer-efeito da matér.a, num
num lugar
lugar qualquer, mas neste
qualquer, mas neste lugar e num tempo determinado. A m u -
no qual consiste toda a sua existência, concerne sempre a uma mudança, da segundo
dança, isto é, a alteração ocorrida segunc a lei causal, concerne, portanto,
portanto a uma determinação do TEMPO. C o n t u d o , t e m p o e espaço não a parte determinada do
sempre a uma parte determinada do espaço e a uma p;
sao apenas, cada um por si, pressupostos por ela, mas a essência dela é ão. Em conformidade com isso, a
t e m p o , SIMULTANEAMENTE e em unir
constituída pela união de ambos, exatamente porque a m a t é r . a , como da matéria
causalidade une espaço e tempo. V i m o s que a essência inteira cia
: espaço e
n a causalidade; logo, também nesta tem
c o n s i s t e n o fazer-efeito, p o r t a n t ovale dizer, ela tem de portar simultanéa-
4 No original, Wirken. (N. de estar unidos espaço e t e m p o , les se contradigam.
5 O corpo. íN. T.) m e n t e em si propriedades de ambos, por mais que e
* Mira in quibusdam rebus verhorn Aquilo que em cada um é por si impossível, ela tem de u n i r em si, p o r t a n t o
onmi (st, et consuttudo sermonts antiqui quaedam tfftcacissimi* "
_ _„
s palavras para expressar certas coi o fluxo c o n t í n u o do t e m p o com a perm;'anência rígida e imutável do espa-
uso da linguagem pelos antigos exprime muitas coisas de uma Iho- ço. Q u a n t o à indivisibilidade infinita, ela a possui de ambos. D e acordo
sa"j (Séneca, Epist. 8 1 ) .
com isso, e n c o n t r a m o s introduzida por ela, primeiramente, a SIMULTA-
6 Como se vê, a língua alemã possui dois ten
fmos para realidade, o de uso corrente NEIDADE, que não poderia se dar no mero tempo, alheio a toda coexistên-
Wirklichkeit, efetividade, realidade eletiva, e o de origem latina Realitàt. WtrkUchk^ 1

cia, nem no mero espaço, alheio a todo antes, depois ou agora. Mas o que
mais apropriado justamente porque deriva de wirlun, fazer-efeito. A realidade <
va, Wirklichkeit, pois, é um fazer-efeito, wirken, d<
sujeito que conhece. (N. T.)
5]

5>
C

•i
-'"undamentais da matéria a partir das formas conscientes a priori d o n o s s o

/lrífcnr Scbopcnbauer
v0\conhecer, baseia-se o reconhecimento das propriedades a priori daquela, a
citar, preenchimento d o espaço, isto é, impenetrabilidade, // vale dizer,
constitui propriamente a essência da efetividade é a S I M U l . l A N l - . U ^ ^ ^ ^ 1
I 13 eficácia, bem c o m o extensão, divisibilidade inlinita, permanência, ou seja,
muitos estados, pois só mediante a simultaneidade é possível a D ^ indestrutibilidade e, por fim, mobilidade. A gravidade, ao contrário, ape-
ÇÃO, já que esta só é cognoscível na alteração do que existe // suiniU'" 1
sar de sua universalidade, deve ser computada entre os c o n h e c i m e n t o s a
I 12
mente com aqtiilo que permanece.
1CLC. Todavia,
i « a ^ ^ ctambém
- • •só
• *por
r meio Afetei posteriori, apesar de K A N T , nos seus Princípios metafísicos da ciência da natureza,
U i S V

que permanece na alteração é que a alteração adquire, agora, o cara Dfr7l ( ^ v Q s e í k r a n z A ^ f e ) , a estabelecer c o m o cognoscível a priori.

MUDANÇA, isto M a s , d o m e s m o m o d o que o objeto em geral só existe para o sujeito


MUDANÇA, isto é,
é, a ^Aifir
a modificação da qualidade e da forma a despei
c o m o sua representação, também cada classe especial de representações só
permanência da S U B S T Â N C I A , vale dizer, da M A T É R I A . * N o mero
mundo seria rígido e imóvel: nenhuma sucessão, nenhuma mudança, existe para uma determinação igualmente especial d o sujeito, que se n o -

nhum fazer-efeito; com a supressão do fazer-efeito também seria s } meia faculdade de c o n h e c i m e n t o . O correlato subjetivo d o t e m p o e e s -
• - tudo s e f i a

paço neles m e s m o s , c o m o formas vazias, Kant denominou sensibilidade


midaa a representação da matéria. N o mero t e m p o , por sua vez, ^
fugidio: nenhuma permanência, nenhuma coexistência e, por conseg ^ ^ pura, expressão que pode ser conservada, pois Kant a b r i u aqui o caminho,
fugi
embora ela não seja apropriada, visto que a sensibilidade já pressupõe a
nad a de simultâneo, portanto nenhuma duração; logo, t a m b é m nen
matéria. O correlato subjetivo da matéria, ou causalidade, pois ambas são
matéri à. Apenas pela união de tempo e espaço ssurge a matéria, vale di/-
cr

uma coisa s ó , é o ENTENDIMENTO, que não é nada além disso. Conhecer


possibilidade da simultaneidade e,
e, com
c o m isso, da duração; mediante esta.
isso, da
permanência da substância a despeito cia mudança "cie
J B kseus
& u s eestados,
.l.dade é sua função exclusiva, sua única força, e se trata de uma

a causalforça, abarcando muito, de uso multifacetado e, não obstante, in-


i „ • . . .
9 e S S £
u
n C l a n
° U n b t e m
P ° e espaço, a matéria porta, sem exceção, *
* c . Ela certifica sua origem a partir d o espaço, em p a r t e ^ confundível em sua identidade n o meio de tod^s as suas aplicações. P o r
marca d ?
grande
,lrrraçã° r , n t o toda matéria, logo a efetividade in-
forma que lhe é inseparável; em especial, entretanto (visto que a alte
seu t u r n o , toda causalidade, portanto toda matei i a ,
i 5 oen " ' ' 1 1 1

pertence unicamente ao tempo, e neste somente, e por si, nacia e \


teira, existe s ó para o entendimento, através d o entendimento, n o enten-
n e n t e ) , medi;ante sua permanência ( s u b s t â n c i a ) , cuja c crte/a a priori ° s L

d i m e n t o . A primeira e mais simples aplicação, sempre presente, d o enten-


i cmP ' 0

duz por completo do espaço, A origem da matéria a partir a o


r

o é a intuição d o mundo efetivo. E s t e é, de f a t o , c o n h e c i m e n t o da


tod avia, manifesta-s
-se na qualidade ( aacidente),
c i d e n t e ) , sem
sem aa qual não a p a r t e dimente
L partir d o efeito; por conseguinte, toda intuição é intelectual. T o -
ipre causalidade, fazer-efeito
que é sempre fazer o sobre outra m,
matéria, p o r t a n t o m « " causa a
via, jamais se poderia cheg.iv a tal intuição se algum tipo de e f e i t o não
dança (un, conceito temporal). A legalidade desse fazer-efeito, n o entan- davia,
>sse c o n h e c i d o imediatamente, servindo assim c o m o p o n t o de partida.
to, r e l a c o n a - s e sempre ao espaço e ao tempo simultaneamente, e \ ^ fos
Este, cornudo, é o efeito sobre os corpos animais. N e s s e sentido, os c o r -
menre a p e , , , .„ possui s i g n i f i e ^ , . Q l ,„,^ entrar em — pos animais são os O B J E T O S I M E D I A T O S d o sujeito; a intuição de t o d o s
E M P
° r
S
" ; L U G
« « . determinação » qual exclusivamente os o u t r o s o b j e t o s é intermediada por eles. As mudanças que cada c o r p o
se estende o legtslar da causalidade. Nesta derivação das d e t e r m i n a ^ •mimai sofre são imediatamente conhecidas, isto é, sentidas, e, na medida
em q u e esse e f e i t o é de imediato relacionado â sua causa, origina-se a in-
tuição desta última c o m o um 0\>>\l.\0. T a l relação não é uma conclusão
* Que matéria e substância sejam uma coisa só, está desenvolvido no apênd* ce

at em conceitos abstratos, não ocorre por reflexão, nem com arbítrio, mas
** Isso o mostra também o fundamento da explicação kantiana da matéria, " q u e 1

o elemento móvel no espaço", pois o moviimento consiste apenas na uniïo û* I


ço e tempo. 53
Não do conhecimento do tempo, como K;ant qquer, o que 6 explicado no apên° lCÍ

5 2
\0
¿ c como representação

• m ç a s e c e g o s de n a s c e n ç a q u e

Arthur Schopenbauer
<<ò O apren
d r z a d o da v i s ã o p o r p a r t e e cru . .
é sentici
^ ^ ^

<=0 s 5 o s.ngular ao < I « « ~ ™ T d o s s l . ,do


m S **
f o r a m o p e r a d o s ; a vis
d o o s ór<
é i m e d i a t a , n e c e s s á r i a , c e r c a . T r a t a - s e d o m o d o de c o n h e c i m e n t o d o EN
J o i . C h e . . visão c o d"P'° ' l U a n d
° , , . . „ : „direitado dos objeto,
T E N D I M E N T O P U R O , s e m o q u a l n ã o haveria i n t u i ç ã o , m a s r e s t a r i a a p e - ão n o r m
l o c a d o s de s u a p o s i ç ;
a a b a f a d a , v e g e t a l , d a s m u d a n ç a s d o // o b j e t o i m e d i a t o , ~r de sua .magern encontrar-se ^ ^ z a d a da
nas uma conscienci, p o k r l

nao 115 apesar


q u e se s e g u i r i a m c o m p l e t a m e n t e i n s i g n i f i c a n t e s u mias
. às outras caso *° i n
! ! ? f u T l m e n t e , também o este
cores (que é mer
t i v e s s e m u m s e n t i d o c o m o d o r o u p r a z e r para a v o n t a d e . O r a , d o m e s m o e t o s exteriores, ^
o b ) d u e t o d a INTUIÇÃO
atividade d o o l h o ) aos irrefutáveis
m o d o q u e c o m o nascer do sol surge o m u n d o visível, t a m b é m o e n t e n _ t u d o são provas f u m e s , ro CONHECI-
q u s e ) a p u

reoscopio
m e n t o t r a n s f o r m a de U M S Ó g o l p e , m e d i a n t e s u a f u n ç ã o e x c l u s i v a e st e n s u a l , mas « » » b t a ^ ^
; S p A R T I R D O E F E I T O , pDOI
or
não é somente s hCAUSA
p i e s , a s e n s a ç ã o abafada, q u e nada d i z , e m i n t u i ç ã o . O q u e o o l h o , o o u v i E N T E N D I M E N T O DA ^
L O ^ ^ c o n h e c i m e n t o dé-
di- M E N T O PI
õ e a l e i de c a u s » » " - - ^ ^ a d e p nri-
e a m ã o sentem não é intuição; são meros dados. S ó q u a n d o o enten p o S S l b l l l d

conseqüência, pressupõe a - - ^ n d o sua s e g u

m e n t o passa d o e f e i t o à causa é q u e o m u n d o aparece c o m o m t u i ç a o es- da l e i d e


pende toda intuição, logo, toda e*pe ^ ^ q c o n h e c

tendido n o espaço, alterando-se segundo a figura, p e r m a n e c e n d o em toe caracterizou o ce-


leta. O contrário nao ^ ^ a i n e n i e o q u e
mana e comp
o tempo segundo a matéria, pois o e n t e n d i m e n t o une espaço e t e m p o . a c a b o u de s e r d i t o .
c a u s a l i d a d e d e p e n d e r da e x p e l e n i-» n>elo que
elo q ue a
r e p r e s e n t a ç ã o da MATÉRIA, i s t o é, p r o p r i e d a d e d e f a z e r e l e i t o . E s t e m
7 u n
exci
c l u S l V a m C P
hdade de toda experien
t i c i s m o h u m i a n o , refutável - c a u usai
sauaa^ — -- ~ •
d o c o m o r e p r e s e n t a ç ã o , da m e s m a f o r m a q u e se dá a p e n a s p e l o e n t e n d i

m e n t o , e x i s t e t a m b é m s ó para o e n t e n d i m e n t o . N o p r i m e i r o c a p í t u l o d o
Pois » independência do ""^LdencUd*
idenciad; a partir ^
cia, Uto é . , » . aprioridade, s 6 p o * « « s ó p o d e ser demonst a do
m e u e n s a i o Sobre a visão e as cores já havia e x p l a n a d o c o m o o e n t e n d i m e n t o , de .oda experiência dela: o P°'^ gens antea atada . o
a partir dos dados que os sentidos f o r n e c e m , p r o d u z a i n t u i ç ã o e com ' da maneira acmi indicada, e i ^ T L contido na intuteão em geral,
m e d i a n t e a c o m p a r a ç ã o d a s i m p r e s s õ e s r e c e b i d a s p e l o s diferentes s e n t i d,, causalidad'' |áesta c )leto na ref e r ê n -
seia, o conhecimento
dos do m e s m o o b j e t o , a criança aprende a intuir; c o m o j u s t a m e n t e s ó p ° r cujo domínio reside
c n i
resine a expenenc.a; e consiste por compj
aí se dá o e s c l a r e c i m e n t o de t a n t o s f e n ô m e n o s d o s s e n t i d o s : da v i s ã o SiO c a a priori à experiência, é por esta pressuposta como condição e não a
gu- iar c o m d o i s o l h o s , da v i s ã o d u p l a n o e s t r a b i s m o , d o v e r s i m u l t â n e o
de P essupõe. Todavia, isso não pode ser demonstrado da maneira ensaiada
r

o b j e t o s a p e s a r de eles s i t u a r e m - s e u m a t r á s d o o u t r o e m d i s t â n c i a s
P ° Kant, c por mim criticada no ensaio sobre o princípio de razão, § 2 3 .
r

guais, e tantas outras ilusões produzidas p o r u m a m u d a n ç a súbita n ° s


° l

g ã o s d o s e n t i d o . D e m a n e i r a m u i t o m a i s d e t a l h a d a e f u n d a m e n t a d a , CO

via, t r a t e i d e s s e t e m a t ã o i m p o r t a n t e na s e g u n d a e d i ç ã o d o e n s a i o s o b i e §5
p r i n c í p i o de r a z ã o , § 2 1 . T u d o o q u e f o i ali d i t o e n c o n t r a r i a a q u i o s e u
R«„* j j « e r4n e r r m d e m a l - e n t e n d i d o d e q u e , p o r s e r a
gar n e c e s s á r i o e, p o r t a n t o , t e r i a de s e r p r o p r i a m e n t e r e p e t i d o . P ° r
' C o n t u d o , g u a r d e m o - n o s cio gi a n c a i r
c o m o t e n h o quase tanta aversão em m e c o p i a r q u a n t o e m copiai" o s o ,elo c o n h e c i m e n t o da causalidade, existe u m a rela-
i n t u i ç ã o i n t e r m e d i a d a pel
t r o s , e n ã o e s t o u e m c o n d i ç õ e s de e x p o r o t e m a a q u i m e l h o r d o q u e lá
,a e e f e . t o e n t r e s u j e i t o e objeto. Antes, a m e s m a s ó t e m l u g a r ,
0

ção de caus; 1

f e i t o , r e m e t o o l e i t o r a o r e f e r i d o e n s a i o , e m v e z de a q u i r e p e t i - l o , PRESS
sempre, e n t r e o b j e t o imediato e mediato, sempre, pois, a p e n a s e n t r e o b j e -
pondo-o portanto como conhecido.
^S. Precisamente s o b r e a q u e l a pressuposição f a l s a a s s e n t a - s e a t o l a c o n -

rca da realidade d o m u n d o exterior, na qual se e n r e d a m d o g -


t r o v e r s i a acere;'

55
7 N o o r i g i n a l , Wírksamkeit, cjuc t a m b é m se p o d e r i a t r a d u z i r p o r e f i c á c i a . í N . ' •)

54
0
O mundo como vontade e como representação

¿ 3 com o ensinamento de que o b j e t o

ca e mesma coisa; cu. , ida, q


Arthur Schopenhauer
e representação são uma amume; o seu FAZER-EFEITO, exatamente neste
mente
objetos intuíveis é precisa xigir a existência d o o b j e t o ex-
matismo e ceticismo, o primeiro entrando em cena ora c o m o d e das coisas, e q u ^ .
i a u v a m s e r d a c o i s a e t e

sa,. e o efeito consistindo a e l e t i v a um ser a


como idealismo. O realismo põe o obieto c o m o caus; 1
|o do sujeito, b e m c ^ ^ à t u i uma
— *
r i - - • Corü°\ \
n e c o n S

sujeito. O idealismo fichtiano faz do objeto um eleito do sujeito.


b j e t o não
r e p t e S e
X > õ ' o ^U P r
m a n e i r a de
¿ 0

fazer efeito de um
T ¿ l Ú

entretanto - no que // nunca é demais insistir - , entre sujeito e o Ç^j^ diferente de seu tazer-ei hecimentodam o n l ü presentação,
nem um» o coni
há relação alguma segundo o princípio de razão, segue-se que contradição. iE i s poro que
t a como objeto mesmo - ^ . ^
î S e q m u n d ü

t,s#Y-
nem outra das duas aiirmações pode ser comprovada, e o ceticismo objeto intuida
i « —o o nanceicm e n t ó . d e pura, é
U e s i « m o causalidade pu.
c i s a l l d a

a da qual nada resta dele par ^


ataques vitoriosos a ambas. De tato, visto que a lei de causalidade já p ' c
for; \ e ele se a n u n -

de como sua condição a intuição e a experiência, e assim, não }"


o d e ser
D
intuido no espaço o J ° 0 ¡ 0 " ^ u i l o que anuncia de s.
n o tOT
^
a m \' í> suieito t perfeitamente real, sendono tod ^ ^ . ^ V ^ m m .
iprendida
pren desta (como
sç-çy o queria
i- H
V uNm\e ) ; segue-se
"o também qu
T
camente
, l e t o e trancai ricadonum
ia, l o é 0
e a^l i d a d e e m m c a o d„
objeto já precedem como primeira condiçãodição aa qualquer
qualq experiênci cía por c o m p l e t o e á a t P o ; J a ( t o

U¡ de causalidade. Trata-se , para o entenc dicionado


bém precedem ao princípio de razão em ge...
também geral, já que este e ap
forma de todo objeto, a maneira universal de sua aparição: o causalidade est

obstante, já pressupõe sempre o sujeito: por isso entre


entre os
os dois não \ 0
haver relação alguma de fundamento a conseqüência. M e u ensaio ^ sobre^o^ pelo e n t e n d i m e n t o
-o^^Xlutamenteaodogmatrc
princípio de razão mostrou justamente isso. O conteúdi -údo do princípio - suje,», temos de negar ate como algo
esse motivo, mas já porque , „ independi
,,„ dente ; e n

tal, ou seja.* realidade do n u ,do


da o , mexterior
o ^^ ntaçao,
razão é a forma essencial de todo objeto e precede a ele c o m o de contradição, sem : : : m i a n c c c r e p r c s c

M-cssm
a maneira universal de todo ser-obieto. Mas, desse m o d o , o o b j e t o \ . O munóo
a sua explanação inteiro d o s objetos é e pc.
eito q l l L
Precisamente p o r isso é, sem exceção e em toda a eternidade, condiciona
põe em toda parte o sujeito como seu correlato necessário. Suje do sujeito
A ou seja, possui idealidade transcendental. Desta perspec-
permanece sempre fora do domínio de validade do referido prinCÍp 1

uma ilusão. Ele se oferece c o m o é, c o m o re-


e x a t a m e ii-ite do pelo sujeito,
controvérsia sobre a realidade do mundo exterior baseia-se • -'^'-esentações cujo vínculo
;ntira nem - uma série de r e p r e s e » - ^ ^ l
parti- omp
m o r e e n s í v e
sobre a talsa extensão da validade do princípio de razão ao sujeito
em verdade como m... ^ ^ o t a l , - ^ £

do desse mal-entendid o ela nunca pôde entender a si me sm,',a.Odogm^ S


presentaçao, e Assim, o f i c a ç ã o mais u

comum é o princípio de razão


mo realista, ao considerar a representação c o m o eleito do o b j e t o , q tier s- Para o e n t e n d i m e n t o saudável, mesmo em sua sigm
>er-

parar representação e objeto, que no fundo são uma coisa so, assuré 11 i ,. c • rlara Meramente ao espírito pc
si lU' lh
-e lala uma linguagem perfeitamente clara. m e r . p j j de fato
uma causa completamente diferente da representação, um o b j e t o £ m vertido por sofismas pode ocorrer disputar acen
com
todas as vezes ocorre pelo uso incorreto do princípio de razão, quede m o d o
0

dependente do sujeito: algo n o todo impensável, pois, precis.amenté


ioi 1« -ntações entre si, não importa o seu tipo, mas <
objeto, este já pressupõe sempre de novo o sujeito e permanece, \
SOL
liga todas as represeiMto, ou com algo que não seria sujeito apenas nem objetos
objeto
sempre apenas uma sua representação. Contrapõe-se a ele o cetie ffl°
ve- algum as liga com o s u j e . - - . ^ ^ ^ ^ A

a mesma falsa pressuposição de que na representação se tem toda d o objeto; um absurdo, visto que
, c de outros ot
mas mero fundamento -, ce w
outros o b ;j e t o s . C^
r

aze*' a s o seO
s e m ? r e ¿

zes apenas o eleito, nunca a causa, p o r t a n t o conhece-se apenas o 1 ^


podem ser f u n d a m e n t o s em vei a acerca da i
•>od' jpesa pol
j // origem dessa
o o l ê m l C

E F E I T O , jamais o SF.R dos objetos. Fazer-efeito que, c o n t u d o , não p v

1 IR investigue mais a fundo


ter semelhança alguma com o ser, todavia falsamente assumida, ja q ' u

a i s a m e m e a»»uun«»i j - i ,
de causalidade é primeiro tomada a partirr da experiência, cuja re< d a * v a l i 57
>de
I 17 deve novamente assentar nela. E m face desses p r o c e d i m e n t o s , // t e m - 8

5 6
ft*
0 mundo como yon
o diferente da p u r a m e n t e e s -
<-m, por
outra origen,, por
a
inten e n t e empírica, n o r i a m

peculativa até agora mencionada, uma origem p r o p n


embora sempre suscitada de um ponto de vista especulativo. Dessa pers-
mundo exterior, então se encontrará que, além daquele falso uso c pectiva, possui um sentido muko mais compreensível que o anterior. T r a -
.daWuma
cípio de razão naquilo eme se encontra fora de seu domínio, am íeuinte. T e m o s sonhos. N ã o seria toda a vida um sonho? Ou,
-fe a fieurw
confusão especial envolvendo as suas figuras. N o u t r o s nvos, a " & a: há um critério seguro para distinguir o so-
ações ta-se do seg'
ais? A alegação de que o s o
que ele tem exclusivamente em referência aos conceitos ou rcpiesent dito de m a n e a r a m a i s pjreciss
" a ' i n t u i u efetiva não me-
nho da realidade, os íantasmi
"l
abstratas é aplicada às representações intuitivas, aos objetos i ç a i s , > ^
, menores que
que para
a
ambos presentes p.
sim, exige-se um fundamento do conhecer para objetos que não p nhado possui vivaci dade e clareza men nda teve
a LEMBRANÇA
os nineuém am
ter outro senão um fundamento do devir. As representações abstrata
8
rece ser levada em
de ra- luciona assim a q<
conceitos ligados em juízos, são regidas com certeza pelo principio poder efetuar a comparação,
zão, na medida em que cada uma delas tem seu valor, sua validade, ^ do s o n h e c o m a realidade ?^^~Z^ lei de causalidade
e n c a d e a d o das r e p r e s e ^ . » ^ ^ ^ „
c o | s , .
p ; l r t c u
existência inteira, aqui denominada V E R D A D E , única e exclusrvam
mediante a relação do juízo com algo fora dele, seu f u n d a m e n t o de eon diferencia a vida d o sonho . F o i c m , fíauras e
is, - • j ,vão em todas as suas n g u i a s , e
cimento, ao qual, portanto, sempre tem de ser referida. O s o b j e t o s ^
de laar se encaci
ebrado mer deria soar assim:
as representações intuitivas, ao contrário, são regidos pelo p r i n c i p

^^Up^.^T
10
tal encadeamento é q u e * — s ó p o d e. a— q

om°
razão não como princípio de razão de C O N H E C E R , mas de D E V I R - c

lo sonhos isolados. A l o r a cada


a ele p LONGO (a vida) tem encadeamento c o . . . -
lei de causalidade. Cada um de tais objetos paga o seu t r i b u t o
r

P n n c í p i o de razão, mas não o possui com os sonhos BREVES, embón-


fato de ter VINDQ-A-SER, isto é, ter surgido <
c o m o efeito de uma causa eles mesmos, possua o mesmo encadeamento. E n t r e estes e
V Eide al"
fundamento de conhecimento n ã o t e m v um destes, nel . . i g u i n t e , rompe-se a ponte e ambos se diferenciam. - N ã o
exigência, aqui, de um fundamento de conhecimento não tem vali ^ , • j „ « - i-<-'<" uma investigação sobre se algo
aquele, por c o n s e g u n . - . — ,
r t cr
, v ^ - j o- u n T [ l U D d

guma, nem sentido, mas pertence a uma classe c o m p l e t a m e n t e dii<- 1L

oUè, ibelecer segundo


estabelecer segundoessesse l i i unposswel,^ pou e > m i é J t

de objetos. E m função disso, o mundo intuitivo, por mais que se pc ^ foi sonhado seria muito , b r o a membro o encá- p m

aconteceu ou
neça nele, não desperta escrúpulo nem dúvida no contemplador. A q u l
, m o d o algum estamos em condições de seguir menu
A i j ,„,¡„ r n vivenciado e o m o m e n t o pre-
há erro nem verdade (confinados ao domínio abstrato da reflexão)- *\
i n l

ueamento causai entre cada acontecimento vivei v

o mundo se dá aberto aos sentidos e ao entendimento, c o m ingênua ve


sente, e nem por isso podemos considerá-los ^ aquele c otipom o sonhados. D a í n o r -
de como aquilo que é, como representação intuitiva, a desenvolver-se j v c tinoseguro para diferencia-
de investigação para
critério
cité seg
, 3 u t i ^ ° | - j d c O único c
z r m
do despertar,
galmente no vínculo da causalidade. deca- diferenciar o sonhe
< a

, ram e n t e empírico
A questão acerca da realidade do mundo exterior, tal qual a cotisl r;1

iiia- causal entre os aconteci-


io m«
S
i ã o entre os dois não é o u t r o senão o inteir
mos ate agora, sempre se originou de um engano da razão consigc idéame
o encadeamento
idid*
alçado a confusão geral, de modo que a questão so podia ser resp ont
lia se
11T
através d o qual, c o m certeza ^ ^ // s c n s í v c l e expressamente
:xame ««•
mediante o esclarecimento de: seu conteúdo. Após o exame da -essência ^ 1 20 mentos sonhados e os da vida espí' observação que H o b b c s
teira do princípio de razão, da relação entre sujeito e o b j e t o e da W rompidos. U m a prova esp'êndida
- dissofacilmente
rornt
- -~r t o m a m o s o s sonhos p o r t

propriamente dita da intuição sensível, a questão tinha de ser sup " 1 1111
, e mais ainda
I 19 justamente porque não lhe restou mais // significação alguma. S ó q u C ,., i- iona-io
• --oune^
realidade q u a n d o , sem
dtsso, algum p r o í b o
1
nu negocio
59
quando, além
8 Cf. m i n h a n o t a a o § ) . (N. T . )


— v
Te gg?
O Ci*
or —
51
Arthur Schopenhauer
I' c ^ o Q ^omo
II P o r fim, Calderon estava tão profundamente imbuído dessa visão,
representação

pensamentos e nos o c u p a t a n t o n o s o n h que procurou expressá-la num, por assim dizer, drama metafísico, intitu-
no quanto no despertar. Nesses ca;
a p e r t a r 6 quase tão pouco notado quanto o adormecer. Sonho t lado /! vida é sonho.
realidade H
conjuntamente, coniundindo-se. Resta então, obviameP Após essas muitas passagens poéticas, seja-me permitido expressar
te
• apenas a aphcação do critério kantiano: mas se, depois, c o n t o muita* uma comparação. A vida e os sonhos são folhas de um mesmo livro. A lei-

não2 T ' , °
e n c a d
At^ a l £ o
) o w ^ J a a n c i » ' . í^^ tura encadeada se chama vida real. Quando, porém, finda a hora da leitura
Habitual - o dia - e chega o tempo de descanso e recuperação, ainda folhe-
nao pode absolutamente ser est d , , l . \ fica". V

- f e d i d o se um evento o ' ^ f ^ ' l '"P ? e u c s c f C


amos com freqüência descontraídos, sem ordem e encadeamento, ora uma
foi sonhado. Aqui, de h
bastante ' °° < * o . Auui. de i a t e , é cra/«d°
foi s o n h a

Proximo de nós o parentesco íntimo e 'olha aqui, ora outra ali. Muitas vezes se trata de uma folha já lida, outras

•I :>-onbecid° e dc uma desconhecida, mas sempre folhas do mesmo livro. U m a folha lida
queremos nos envergonhar em admiti-lo, após ele ter sido i c e ^ assim isoladamente se encontra de fato fora do encadeamento com a leitu-
expresso por muitos espíritos magnânimos. O s Vedas e Puranas n a o ^ ra consistente e seqüencial do livro; todavia, não temos aí algo de m u i t o

de comparação melhor para todo o conhecimento do m u n d o etetrv discrepante, caso se pense que também o todo da leitura consistente e se-

eles chamam manto de Maia, nem empregam outra mais freqüente quencial começa e termina, d o mesmo modo, ao sabor d o m o m e n t o e, por

do que o sonho. Platão fala repetidas vezes que as pessoas vivem Y ^ isso, pode ser vista simplesmente
miente c o m o uma grande - folha .solada.
, e não tn- f

• dos
i a> 1
p «a nr aer emm dadavida
vidareal
re pelo fato d
em sonho, unicamente o filósofo se empenha em acordar. Píndaro ^ E m b o r a os sonhos isoiacios a t —
tervirem na concatenação da experiência que transcorre com constância
ç 1 3 5 ) : cjxtaç ovap av&po)Ttoç (umbreu somnium feomo); e S ó oc 9

Pela v,da, e o despertar indica tal diferença, justamente aquela concatena-


'Opto yap T\uaç ou5bv ovxaç aXko, TtTcnv d o da experiência já pertence à vida real c o m o sua forma; ora, o s o n h o
EtÔoÀ., baotnsp Çouev, t\ xotxpnv a x t a v . .•.„,,!' • • „ - . , r , M i i r í V i Assim, caso se tome o p o n t o de

(Ajax 1 2 5 ) cambem possui em si uma concatenação. n s o n n , r


iof.„ j • i • .„ , k então não se encontra em sua essên-
; tnifji
v m f K

°; > i * » * * vivimus, nihil v


' s t a do j u l g a m e n t o exterior a ambos, c m a o l « u
cliud esse competió, quam simulacra
( N e n i m

em wtnhram
el leve-
cia nenhuma diferença m ais determinada, e somos obrigados a conceder
'0
da é um l o n gTO
o sS oO nl l hi i o^ .
Ao lad aos poetas que a vic
« dos quais Shakes Se retornarmos dessa origem inteiramente independente, empírica, da
peare se coloca da maneira mais apreciável
questão acerca da realidade do mundo exterior, para a sua origem especu-
We arc such stuff
laria vimos ciue ela se apoia em primeiro lugar n o
As dreams arc made of a n d
our life 'ativa, e n c o n t r a r e m o s , c o m o vimos, que r o
h rounded with a sleep u r

(TempA.4, Sc. [) falso uso d o princípio de razão entre sujeito e o b j e t o e, em seguida, de


" o v o na c o n f u s ã o de suas figuras, na medida em que, de fato, o princípio
de razão de conhecer é aplicado a um domínio onde o que vale é o prmeí-
(.mi- • i
Pio de razão de devir. C o n t u pi>
d o , dificilmente
f o s se f o s s e essa
0 c o m questão
p l e t a m e nteria
t e d eocupado
stituída
fle maneir a t ã o c o n t í n u a o s WO ^ u m p c n s a m c n r o

9
"° e m c o sonho de
h o m

I 22
uma sombra." ¡\¡ t de c o n t e ú d o v e r d a d e i r o , // e em s ^ ^ e r - s e - i a e n t ã o de
IO "Vejo q r - T

que nos, viventes nada s ' bra* J

c o r r e t o e u m s e n t i d o c o m o sua Q U i m i . { o s é
fugidias." (N. T.) ' guras ilusórias, imagens de sor
S e n ã o fi
admitir que, só quando entraram na reflexão r

I "Somos feitos d
« t o f o que
l 0 m e s m 0

- a n o s s a b r e v e vida está rocdead**


O S s o n j
um sono." (N. i ' l w s e

6/

6o
O mundo como vontade e como representação
'"os dados. T o d a a essência da matéria consiste, c o m o foi mostrado, em
seu fazer-efeito. Causa e ei~eito, entretanto, existem apenas para o enten-
o- rtbur Schopenbauer dimento, que nada é senão o seu correlato subjetivo. M a s o entendimento
nunca seria usado, caso não houvesse algo mais, de onde ele partisse. E
aquelas forma e polêmica confusas, i n c o m p r e f n s i ^ este algo é t ã o - s o m e n t e a sensação dos sentidos, a consciência imediata
que assumir
ssão pura, que não se soube cncon
;im o penso. A expressão cn^- ^ das mudanças d o corpo, em virtude da qual este é objeto imediato. L o g o , a
do sentido maiss profundo
nrofundo daquela questão é: Q u e 6
é este m u n d o mtu
intu ^ possibilidade de conhecer o mundo intuitivo assenta-se em duas condi-

tirante o lato de ser minha representação? P o r acaso é aquilo de que ções. A primeira, PARA EXPRESSÁ-LO DE MANEIRA OBJETIVA, é a capaci-

consciente apenas uma vez como representação exatamente c o m o d o s corpos de fazerem efeito uns sobre os outros, de produzirem
1 -lo coi" " 1 10 lanças entre si: sem uma tal característica universal, intuição alguma
próprio corpo, do qual estou duplamente consciente, de um D 5 possível, m e s m o mediante a sensibilidade d o s corpos animais; se, t o -
dade de
REPRESENTAÇÃO, de outro c o m o VONTADE? - A explanação precisa ^ "avia, quisermos EXPRESSAR DE MANEIRA SiT.JETIVA essa mesma condi-
mudança
resposta afirmativa dessa questão constituirão o c o n t e ú d o d o segun ^ ção, então diremos que o entendimento, antes de tudo, torna a intuição
•a, e as conseqüências daí advindas pre seria
vro desta obra, e as conseqüências daí advindas preencherão a pait Possível, pois apenas dele se origina a lei de causalidade, a possibilidade de
davia,
rã,,-- i- • 1' ,,.,1,, -m^nis nara ele; em conseqüência, apenas
1
tante do escrito.

causa e efeito, que também vale apenas pcu.i , i r


§ 6 iv,,., j- i • .,«/ír> intuitivo. A segunda condição, entre-
iCU aS para e mediante ele existe o mundo tntuiuvu. r 5 s
Entrementes, estamos considerando tudo neste primou o livro ^ ^ , j , -nimal ou a propriedade de certos cor-
como representação, como objeto para um sujeito. O n o s s o pi°V ^ i n t o , e a sensibilidade d o corpo animai, ou p r

po, a partir do qual surge em cada um a intuição do m u n d o , vem t t r , . . 1 - ,,;,>irn As simples mudanças que o s
t

bé Pos em sor o b j e t o s imediatos d o sujeito, ms J- * ,


>ém só do lado da coemoscibilidade, logo, ele nos é somente u
órgãos d o s sentidosmediato sofrem algumde fora,para mediante
.- ação que lhes é especifica-
entação. Em verdade, a consciência de cada um, que ja se insui g '
mente adequada, jáexistem devem tão-somente
ser nomeadas representações,
para o conhecimento. na medida
^ . em
íxplanação dos outros objetos c o m o simples representações, resis ^
,, _ -~m dnr nem
* » digo que o corpo é CONHECIDO imediatamente, é OBJETO IMEDIATO.
n prazer, ou seja, não pos-
mais, caso o próprio corpo deva ser meramente representação. ISSO - ^ que semelhantes
Todavia, aqui não ações nao provocam
se deve cioi nem
tomar o conceito '
de o b j e t o n o sentido
t _ estrito
.... , . ,. 1 _, vontade, e, n ã o obstante, s ã o p e r -
d A„
e m significado . imediato - ialgum paraL ^ ; a v roon imediato
i^ , ?
r 3 a
ao fato de que a coisa-em-si, ao aparecer a cada um c o m o sou proP , d o corpo, que prece-
•-• . "~<mcnto. Nesse senú-
m n n K

po, é conhecida imediatamente, porém, quando se objetiva n o d o t e r m o , pois, -~p«vistem


o r meio tao-some
d o conhecimento r 1 r
objetos da intuição, só é conhecida de maneira mediata. S ó eme o ^ A„ 1 1. t con «tacão d o s sentidos, o c o r p o m e s m o
d
o u s o d o entendimento e e mera sensação uo
e

volvimento de nossa investigação torna necessária essa abstração, es ^


r

não se dá propriamente c o m o OBJETO, mas, antes, os corpos que fazem


do unil;
ateral de consideração, essa ruptura violenta do que coexiste c^ ^ efeito sobre ele. É que todo conhecimento de um o b j e t o propriamente
cialmente. E,m função disso, aquela resistência tem de sor, agora, ^ 1 L dir • t -Sn intuívcl no espaço, existe apenas para e
1
• 1 - seguintes vão c o v u p ^
acalmada pela expectativa de que as considerações ' t o , ou seja, de uma representação m t t m
d
s r r r
.-*c 11 vis somente após o seu uso. P o r -
montar a unilateralidadc das presentes, em favor do c o n h e c i m e n t o p 124
t-,
H
o e n t e n d i m e n t o , // \ogo, nao antes, mas some
, •
h

.; ,mcnff d i t o , 011 seta, c o m o representa


da essência do mundo.
t a n t o , o c o r p o c o m o objeto propriamente cuto, j h

Aeiui,
lui, portanto, o ».
corpo nos é o>bjeto
l imediato, isto é, aquela cep ^ 1 _» • , , , 1 . : J „ inatamente c o m o o s demais obie
Çao intuível n o espaço, só é conhecido, justame. j
I 23 tação que
ae constitui
cons para o sujeito o ponto de partida do c o n h e c Ü » ° * ^ c
i-*. j . ,. 1 lei d e causalidade na ação d e u m a d
J : J - em _. - 1-
na medida , de maneira mediata, pelo uso da6 JLei ae
t o s
que ela mesma, com suas mudanças conhecidas IME
mente, precede o uso da lei de causalidade e assim fornece a esta os pC*

62
O mundo como
, , ultima modalidade de conbe-
u # s t

Pois também esta conceitos

&7 ^ « m e n t o , n i o a razão, c J^ ^

liorna
entendimento,
Scbopenhauer
e m e n et oeleito
causa pertence semç
^somente -7^;C e lei natural não
rlem sei
suas partes sobre as outras, logo, na medida em que ^ abstratos po*- produzi-la. c o n h e c i d a i m ediata-
mão o toca. Por meio do mero sentimento ordinário não conhecemos • ^ »s de aparecer in
d,> se exteriorize, tem
• nvamente, antes
importa onde se
gura do nosso corpo, mas o fazemos apenas pelo c o n h e c i m e n "
sentação. Noutros termos, apenas no cérebro é que também
o t i ° so s
i .^rendimento, apt
mente pelo entencu
^ ^ ^ ^ ^
gravitação por
i ,s val e

po primeiramente se expõe como algo extenso, formad - - n-a- j essa lei, o


m c m
i fenômenos
d i a t a , do entendimento ^ e eranc
e s

dizer, um organismo. U m cego de nascença recebe essa represe n t a ç a og-4 :


:
mol-
in? 05 ime
sem
-CO
Hookes, bem como o na
dualmente, mediante os dados que o tato lhe fornece; um ceg~ ..if 8
ria mferir e const 1que
* W ° W
logo foi cc oon n
f f i o P ^ ; * e d.
nunca conheceria sua figura ou, quando m u i t o , a ir ti-i' betadeUvo«.«
i £ i 0

,foiadesco
G o e

!Ȓ>Comcsta
gradualmente a partir da ação de outros corpos des foi a descobe desmente um
aferir' i são simy-
„ . Ex-mente n o S n « - K s a s d £ s c o b e r t a
ido do conhecimento
s

ção, portanto, é que se deve compreender o que dizemos ao


- 0 seltne
mos ao corpo como objeto imediato. •ores físicas.
,sin ' ie otigetn das coves fc e f e i t o a can , jI ^ t o d a s a s causas
-~ obtetos
remontât imediato c c o t . S E „ter Í O i drfe-
D o que foi dito sé segue que todos ós corpos animais sao '. qtíg rápido da ideenridade da foi» c o m m u n ^ ^ f ^ ^ . ^
T a l intele a função
diatos, isto é, pontos de partida da intuição do m u n d o para o su) ^ cie m e s m o t i p o . i., ísm •po
' faz efeito sobre o seu corp
rente apenas segundo 0 grau, da única e me i e s descobertas
tudo
junto conhece e, justamente
com o mover-se por isso, condicionados
por motivos nunca é c o n h e cpor
i d o .el<J • '
)0t cr toe >ndimento,umapper'
ados o o r ele, e, rnto P° V pela qual um animal também uniu a causa que
guinte, o C A R Á T E R DA A N I M A L I D A D E , assim c o m o o movnnei do entena
c o m o o b j e t o n o espaço. P o r comeg ' ,cão 0)
citação é o caráter da planta. O inorgânico, todavia, não possui ^ Q
radeias dedutivas //' / abstracto.
rrno ã o , semelhantes á intuição e á exterionzaç
s

vimento senão o produzido por causas no sentido estrito cio t •oduto ão fixar em conceitos abstra-
M-m 9', uma o c o rc r l n c i a , n ã o o f " " < ) de longas,, .
esse assunto foi exposto detalhadamente no meu ensaio so)bre o \
L J i
a v/

servem \- isto é, torná-lo claro, vale


ratio
de razão, 2 edição, § 20, e na minha ética, primeiro ensaio, lU.
a
D C
° E s t a s últimas, ao c o n t r i interpretarem e descobrirem o seu
t o s o c o n h e c i m e n t o ime no conceber as relações causais
em Sobre a visão c as rores, § 1, textos aos quais remeto
dizer, p ô - l o na condição de os outros a ciência da natu-
D o exposto se infere que todos os animais possuem ente n | ci' lC

^ n t i d o . Aquela agudeza d o entendimento mas


mesmo os mais imperfeitos, pois todos conhecem o b j e t o s , e esse^ ^ q | uaos rri W»«»l»H^C
lim cl
' 2 6
dos o b j e t o s mediatos ene «Uras" »se uso
de // não
: L Lapenas na
A , enquanto no V
jrimei-
mento determina, como motivo, os seus m o v i m e n t o s . O enten
D C V C N I
a

dap' ' 1 1
, descobertas completas se pRUDE. ^ ã o , sagacic
ida- : n c U

o mesmo em todos os animais e homens, possui sempre e cm t reza (cujas rgúcta,p'


'mbém na vida prática, onde se chama
mesma forma simples; conhecimento da causalidade, passagem t —.>nre chamada
lis apropriadamente ar
leza e
causa e dest.i ao eleito, e nada mais. Porém o grau de sua ague ro uso serva
idamem seu sentido mais exa«.~, .
dos rata de
tensão de sua esfera cognitiva são extremamente diversos, variai de. T o m dimento a scvviço da vontade. N ã o obstante,
escíilonam de maneira múltipla, desde o grau mais baixo, que CO cor mente o enten mine-A podem ser traçados rigidamente, visto que se tr;
>oi dimento, já ativo em qualquer animal quan -
125 nas a relação causal entre o // objeto imediato e os m e d i a t o s - e,•1 , ^ tais c o n c e i t o s
entena Função que, na sua maior agudeza
al do m e s m o
r>o sofre a sua função igu no espaço-
seguinte, é suficiente para a passagem da ação que o coiq de
elevaáo* dos o
sa, intuindo esta como objeto no espaço - , até os graus mais CI do da intuição
65
conhecimento da conexão causal dos o b j e t o s meramente medi
si, que atinge até a compreensão das mais c o m p l e x a s c o n c a t e n a

64
mmdoco ovontadee
m como representação

gido para a passagem d o efeito no objeto imediato para o o b j e t o mediado


c o m o causa, portanto para a intuição, apreensão de um o b j e t o , pois j u s t a -
• fenômenos da natureza a causa„ desconhecida
c do
mente isso os torna animais, na medida em que lhes dá a possibilidade de
iteito dad"
ado e, assim, fornece à razão o estofo para o pensamento de r e g ^
movimento segundo motivos e, daí, a procura e obtenção dos alimentos.
^ ' v e r s a i s e leis da natureza; certas vezes, mediante o uso de causas conhe- in-
As plantas, em vez disso, têm apenas movimento por excitação, cuja
ç a s para alcançar efeitos intencionados, inventa máquinas c o m p l i c a « jrocu-
fluência imediata têm de esperar, senão definham, sem poderem pre
engenhosas; ou, empregada sobre a motivação, a referida função vê através
\ rá-los e o b t ê - l o s . N o s animais mais perfeitos admiramos sua sagacidade,
e, tece intrigas ardilosas, maquinações, ou também manipula h o m e *
0 0 , 1 1 0
nos cães, elefantes, macacos, raposas, cuja penetração B ü f f o n des-
m os motivos para os qua.s são receptivos, c o l o c a n d o - o s em movimen-
creveu com tanta maestria. E m semelhantes bichos mais inteligentes p o -
to segundo o seu b J

equinas munidas de rodas e alavafl' demos avaliar de maneira bem exata o quanto o entendimento consegue
c o m o má ^ ham i c
a

uzem ao f i m desejado. Carência de e n t em


ndd ii m
m ee n
n tt o
o s(
se >
s e
n i a ajuda da razão, ou seja, sem o conhecimento abstrato por conceiros;
ameute OBTU- em nós m e s m o s não o reconhecemos desse modo, já que, em nosso caso,
no sentido estrito do termo, ESTUPIDEZ e significa p r e c i s ; pçá° n c e

SIDADENO USO DA EE1 DE CAUSALIDADE, incapacidade para a t. ^ entendimento e razão sempre se apoiam mutuamente. E m conseqüência,

imediata da concatenação de causa e efeito, de m o t i v o e ação. cecci " 1 1 muitas vezes encontramos nos animais as exteriorizações d o entendimen-

não reconhece a concatenação dos fenômenos naturais onde eles ap r ^ $


r 0
to, ora acima, ora abaixo de nossa expectativa. Por um lado, nos surpreen-
por si mesmos, nem onde são intencionalmente c o n t r o l a d o s , i s t o _ de a sagacidade daquele elefante que, após ter atravessado várias pontes
por máquinas—por isso acredita candidamente em magias e m i a g 1 °m sua jornada pela Europa, recusou-se certa vez a entrar numa, sobre a
obtuso não observa que pessoas diferentes, aparentemente indepei qual viu o c o r t e j o de homens e cavalos, porque ela lhe parecia m u i t o leve-
umas das outras, na verdade agem conjuntamente de maneira cone mente construída para o seu peso. P o r outro, igualmente nos admira que
daí deixar-se com facilidade mistificar ou intricar; n ã o n o t a o s ° s inteligentes orangotangos não alimentem com madeira o fogo antes

C s OS
en
C o n t r a d o que os aquece: uma prova de que isso já exige ponderação, i m -

secretos de conselhos que lhe são dados, nem o s j u í z o s e x p t e ^.^^e 2 8


Possível sem conceitos // abstratos. Q u e o conhecimento de causa e efei-
Sempre lhe falta apenas uma coisa: argúcia espiritual, rapine/- f * ' c to, c o m o forma universal do entendimento, também seja inerente a priori
no uso da lei de causalidade, isto é, faculdade de e n t e n d i m e n t o - ^ de
, a
° S animais, é inteiramente certo graças ao fato de que tal c o n h e c i m e n t o
mais significativo, e, nesse
}ue conheci foi oaspecto
ri». , considerado, b a s t a n t e inStfUtl •a nós, a condição prévia de toda intuição d o mundo exte-
-,>rca d"
c o m cerca e

onze anoss intenvH


usidade que conberi ~ ' t ° d o imbeci n o
hes é, c o m o par;
mternado num ma -ciai disso, então se considere,
anicômio, q até possuía razão, // pois fala* rior. C a s o ainda se queira uma prova espeeií
va e compreendia, mas
u e

termos de entend K . f t , . „ filhote de cão não se aventura a pular


muitos
nos animais
animais.'T o d a s as Cimento se situava abaixo « Por exemplo, c o m o até mesmo um ninotc u l l , h

da ,„ • j >;, n n n i i i f prevê o eleito da gravidade de seu


Ção duma lente d
Z C S t
l u e
c a g a v a , ele se detinha na consider-' ua mesa, por mais que deseje, porque p i e &
e óculos q , , . . , _ - , easo especial a partir da experiência.
- \ f a z i a pendurada no pescoço e na qual ap"
w r n n í

p o , sem, c o n t u d o , conhecer este c a s o


f(

r
reciam refletidas a janela
j;
c o r
r

d Torl • , j ; „ , „ r o dos animais, temos de estar cm auar-


quarto e a copa da árvore atrás dela. T o d a s aS
1 (

vezes, ele
0
odavia, n o exame do entendimento aos «u
1
a
» p r e era assaltado de
S C I
se A~ _ _ „ . . . . ,< «vnrfssão d o i n s t i n t o , qualidade que lhe
grande admiração e alegria, nunca para n ã o lhe atribuir o que e cxprtssao u u ,
cansando de obse
a a

^71.1
3servá-la p m i ri • i ,-,,„111 -i razão; e n t e n d i m e n t o aquele que,
com « m espanto, visto o tie
c
- não entendia aZ7^\i¿*&
causal^ c o míp
L
p ll ee tt aa m
m ee n
n tt ee alheia,
alhel bem c o m o a i a/... i |
efeito análogo da atividade c o m b i n a d a
omens os " o e n t a n t o , f r e q ü e n t e m e n t e ia/- o e d a v i a , não cabe n o m o -
t o

riad
°s, nas d,rvl °*espécies^de*
crentes
nS
g U á
^ d o
a t e n d i m e n t o são bastante va
destes dois poderes. A explicitação desse • .

° ' ' s tpróximas


mais
, l i
u r e i e n r p c d. .a„l. <
p. i' ' " ", " ° ^ ™ ^ 6
m a s 0 a m , n a , S E

antas, existe tanto e n t e n d i m e n t o q u a n t o è e& 7

66
O unindo como vontade c
todas as estrelas n o horizonte, assume uma distancia maior em relação a
cias, avaliando-as c o m o objetos zcncszvcs conforme a perspectiva a t m o s -
férica, c o m o que a lua é tomada no horizonte c o m o m u , t o maior que n o
A rtbur Scbovenbauer
zénite e, ao mesmo tempo, considera-se a abóbada celeste mais estendida
'-•-ida. A mesma falsa avaliação de perspectiva at-
ento presente da exposição, mas encontrará o seu luga» n
" ^ na tU-
»'«-as. das quais ap " ° nic<
vro, quando considerarmos a harmonia ou a chamada te t o < , o
de fato estão,
Q a

. m e n t o s t a m b é m c ded do qui
Férica nos faz s u ° ' ptóx imas Blanc visto
de S a -
mosférte
? > m a i s

a» carente „ exempt, o Mont çoes


uso nos e
no é visível no ar transp
i n t u l

lS

Carência
RAZÃO em „de entendimento se
íclwnia L S T U I ' I I )l '/. C r ô n c r a /oí0:,>
t
para desvantagem
ikO em termos práticos reo
Lenche. T o d a s essas
Já a carência
fim, carê da F A C U L D A D E D E JUÍZO se ' i a m a S I M P L O R I H D A P H .
c
^ imp oss sem
imediatas d i a n t e de n ó s , INIJVV—
P * ™ 1 ou
dm, carência parcial o u ccompleta
p l de M H M ' . p„
to. E s t e pode prevenir o erro - isto é, o juízo
m p e t a d c M K M Ô j U A s c d w m a t o u C ü R A

devido lugar. A q > " r


, p verdadeiro, por exemplo, per
rém, consideraremos cada um desses temas em seu - apenas mediante um juízo o p o s t o c vcidadcn r
dizer um
V

, , An brilho mais fraco da lua e das estre-


conhecido corretamente pela RAZÃO é a V E R D A D E , vale cu—-• OVO
. r
. ar
d o conhecer in abstracto que a causa d omais
bruno , heci
n o n

abstrato com fundamento suficiente ( c l . o ensaio . - ..v„s áemo n o horizonte. F o i em, a


é a distancia s ina
las não todos os casos
a maior . .
to, § 29 s s . ) . A q u i l o c o n h e c i d o c o r r e t a m e n t e p>eel o H N I ^ rovnp' ho-
- -"»<-I m no
D l W

imediato do ilusão permanece em entos |

REALIDADE, ou seja, a passagem precisa, no o b


_ j,e t o
abstratos, pois - —
para a sua causa. À VERDADE se opõe o ERRO c o m o engano c. ^
fluênct a da razão, c
ENDíMENTO^ in
REALIDADE sc opõe a ILUSÃO como engano do E l > . N T
. SAIO
1 30
mem quanto no anima iimento
talhamento de tudo isso pode ser lido no primeiro capítulo do m c U
^ ntení
S A B E R ; unicame
nte ao e
sobre a visão e as cores.
re A A I11L 1UISÃN
A SÃO se rmandn um único
» dá quando único e rncsm 0
.
SC ' t i d o intuir
permiti
1

pode ser produzido por duas causas c o m p l e t a m e n t e d i f e r e n t e s ,


ião v
uma bastante freqüente; a outra, rara: o e n t e n d i m e n t o , que
uf- es §7
dado algum para distinguir qual das duas causas faz. e f e i t o , visto q i conjunte
refere ao s e

129 o mesmo, pressupõe em todas as vezes a causa habitual; ora, corno * » ^ do no que
bsetv ac do objeto nem
sa ser o timos
atividade não é reflexiva nem discursiva, mas direta e imediata, a c^' , Hela não pat vbos,
c amda p r e c » [ a
)Oe a ami
n t e a f a l s a ^ - f e i t a até a g ^ - ' ^ ^ ^ é m e ï
sa posta-se diante de nós como objeto intuído, justavue,
: 9

universal e
ia nLl
de nossa consideração a mais
cia. N o s ensaios recém-indicados mostre, c o m o nascem dessa m ^ forma ptitneü
aerada por nós
La
d o s u j e i t o , mas da RLPRLSLN"I AÇÃO, que
, r a consto
visão e o tato duplos quando os órgãos dos sentidos são trazido* a ^ Pois a divisão em sujeito e objeto é su
:
iutório),
posição inabitual: com o que justamente forneci uma prova > ^ ° n f
^ <\t mais essencial. Esta forma nela mesma foi a prime e causalida-
a t e n d o , n o principal, ao ensaiopaço
introc
de que a intuição existe apenas por e para o e n t e n d i m e n t o . Exemp ^ 1 sempte finadas, ^ ^ c t a , s a o o b-
( e m b o r a a q u,s
i outras que lhe são subordinadas, tempo, e:
c s s c n

tais enganos do entendimento, ou ilusões, são, ainda, o bastão de a P , COMO TAL, tam
em seguid txMias ao O B J 1 T O ; entretanto, c o m o i t o

cia quebrada ao ser submerso na água; a imagem n o s espelhos es «


djeto CeOcM
e, q u onOv T
êm ,
A Lay ., por sua vez, é essencial ao sujeito . . . .
que aparece atrás nas superfícies convexas, e b e m adiante nas SUp« r
.
bém podem ser encontradas a partir d o sujeito, isto é, conhecidas a priori
côncovas; bem como o aparente tamanho maior da lua n o
no zénite, o qual não é óptico, visto que, c o m o o mierômetro d e m
° * e n o 6 9

o olho apreende a lua no zénite até num angulo maior de visão do 1 Ü


^^
horizonte: é o entendimento que, c o m o causa d o b r i l h o fraco da l u 8

68
vO •6°
O mundo como vontade e como representação
Arthur Schopenhauer
das as exposições que a pressupõem têm de ser para mim um livro com

nesse sentido, podem ser vistas como o limite c o m u m entre s u j e i t o e obj sete selos. A coisa vai tão longe que (e isso é estranho c o n f e s s a r ) , no con-

to. Todas, no entanto, se deixam referir a uma expressão c o m u m , o princi- tato com aquelas doutrinas de profunda sabedoria, sempre me dá a im-

pio de razão, como mostrado detalhadamente no ensaio introdutório. pressão efe ouvir somente horríveis discursos vazios e, decerto, extrema-

Tal procedimento diferencia por inteiro o nosso m o d o de considera- mente tediosos.

ção de todas as filosofias saiadas até agora, que partiram ou do sujeito O s sistemas que partem do objeto sempre tiveram o mundo intuitivo

ou dlo objeto e, por conseguinte, procuraram explicar um a partir inteiro, e sua ordenação, c o m o problema. C o n t u d o , o objeto que tomam

outro, na verdade segundo o princípio de razão, de cuja jurisdição elirru- ^ c o m o p o n t o de partida nem sempre é este mundo, ou seu elemento funda-
mental, a matéria. Antes, é possível fazer uma classificação de tais siste-
namos a relação entre sujeito e objeto, deixando-a apenias a o o bjeto.
* m a s ^ o o K ^ m e as quatro classes de objetos possíveis• estabelecidas no
n n meu
meu
filosofia da identidade, nascida em nosso tempo e de t o d o s conheci a, p^
ensaio i n t r o d u t ó r i o . Assim, pode-se dizer que, da primeira daquelas clas-
deria não ser compreendida sob a citada oposição, na medida em q l l C 1

ses, ou do mundo real, partiram Tales e os jónicos, D e m ó c r i t o , Epicuro


torna o sujeito nem o objeto o ponto de partida p r o p r i a m e n t e dito, n i

um terceiro, o absoluto cognoscível por i n t u i ç ã o - r a c i o n a l T e|ue nao 1 G i o r d a n o Bruno e os materialistas franceses; da segunda, ou dos concei-
de tos abstratos, Espinosa (vale dizer, do conceito de substância, meramente
jeito nem objeto, mas o indiferenciado. Embora a ausência completa
qualquer inttiição-raciomal me impeça de falar da m e n c i ó n ada mdiferen- abstrato c que existe unicamente em sua definição) e, anteriormente, os
eiação e do abi«oluto, todavia, na medida em que t e n h o acesso a todos os eleatas; da terceira classe, vale dizer, do tempo, por conseguinte dos nú-

protocolos dos //eontempladores-racionaisT também a b e r t o s a nós pro- meros, os pitagóricos e a filosofia chinesa do I-Ching; por fim, da quarta
classe, isto é, do ato da vontade motivado pelo conhecimento, partiram os
nos, tenho de observar que a dita filosofia não pode ser excluída da o o-
?

I 32 escolásticos, que ensinavam uma // criação a partir do nada, mediante o


^ a n t e r i o r m e n t e estabelecida entre os dois erros, já que, apesar da
intelec- ato da vontade de um ser nessoal extramundano.
t , /
u l m
C n t r e S U J C , t
° e 0 b
Í « 0 (não pensável, e intuível apenas O p r o c e d i m e n t o objetivo pode ser desenvolvido mais c o n s e q ü e n t e -
luaimente ou PYT\B*', i ' ein
S1 o s d o j
L K
l X r i
^ d * por imersão nela;, a referida filosofia une e m e n t e e levado o mais longe possível quando se dá c o m o materialismo
» _ « t ç s quando se decompõe em duas disciplinas, a citar: o i d e a l * propriamente dito. E s t e pressupõe a matéria, j u n t o com o tempo e o espa-
mo transcendem al. que é a doutrina-do-eu de Pichte e, por conseqüenc
ço, c o m o subsistindo absolutamente, e salta por sobre a relação com o
em conformidade com o
princípio de razão, faz o o b j e t o ser pr< dúzia* o« sujeito, unicamente no qual tudo isso decerto existe. O materialismo as-
0

tecido fio a f
•o a partir do sujeito; c a filosofia da atureza,
n f " - que, s s e m c l h sume a lei de causalidade c o m o fio condutor, e com ela quer progredir, t o -
temente so
taz o s u j e i t o s u r g i r aos p o u c o s a p a r t i r d o o b j e t o m e d i a n t e o u mando-a c o m o uma ordenação de coisas a subsistir por si, veritas aeterna; 14

d e u m método d e n o m i n a fi-
em conseqüência, salta por sobre o entendimento, unicamente no qual e

fiJL
* " * notar ^ ^ ^ ™ é
P ^ ^ ^
para o qual existe a lei de causalidade. E n t ã o , tenta encontrar o primeiro e
de razão em várias R P *™*
0 0 C O B £ o a M
° P
ra mais simples estado da matéria, para, cm seguida, desenvolver todos os
construção Ora r « * e n u n
C l o a profunda sabedoria contida n«*"
o u t r o s a partir dele, ascendendo do mero mecanismo ao q u i m i s m o , pola-
v
edada por c o m p l e t o a m t u . ç ã o - d a - n i x a o , t ü

12 No original alemão Vernunft-A n<rh, „ , i = intuiÇ*


(N. T.) ~ Bebauung, I ernunj = r a z S o , Anschauung - 1 4 V e r d a d e e t e m a ( N T )

13 N o original alemão Vernunft-Anscbauer V c - , , - nntemP l a < l 0 Í


'
j ".nscoauer. Vernunft = razio, Anschauer — com« i
aquele que intui. (N, T.) '
V b . CX>
1
„ como vontade c'como representação
t 0
d o

/IrfAiir Schopenhauer y,A „ c J , rõr. bólido de suas explicitações, que uma redução a
r

sidera um fundamento tao soiicio cu s u . i a t ^ i


©
-5

V7V
; r

ridade, vegetação, animalidade. O t a , supondo que tudo isso desse certo, o i / . • r j . , f,, T i rhocíues e c o n t r a - c h o q u e s ) n ã o deixa
r P 1

último elo da cadeia seria a sensibilidade animal, o cconl ele ( s o b r e t u d o se o resultado lorem u i o q i u i j
onhecimento, q ' u e
™S * „ ,
jrtV . — -, ' ,fido de maneira inteiramente mediata e
portanto, agora, e « ™ em cena como uma mera modificação da matéria. nada a desejar - tudo isso e algo ciacio u l m a n e
e n ¿
condicionada, portanto, tem ^ , por c h r o

• •i « . « - n a L D i i i u u n í a mera m o a n i c a ^ a u «.» '• — subsistência meramente relativa, pois passou


U m
° P
C S t a d
° a Partir desta nela causalidade. Se c o m representa;
r o d u z i d
pela maquinaria e fabricação ^ ^
•rtir desta pela causalidade. Se c o m represent' ^ f o r m a s , t e m p o , espaço e causalidade, apenas conseguinte, entrou em suas
Soes intuitivas seguíssemovs o materialismo até este n o n i o , entao, ao <•
ave C M pOntO u
1

c o m o e x t e n s o n o espaço e fazendo efeito no tempo. devidoDàs epiaisdado


e algo se expôs
dessa
gat no ápice, seríamos subitamente assaltados pelo riso im x t m g - ' d^p. os \
maneira o materialismo pretende explicar inclusive o que é dado imediata-
deuses do Olimpo, na medida em que, c o m o despertando di 1 1 1
^ mente, a representação (na qual tudo existe) e, ao fim, até mesmo a vonta-
perceberíamos de repente que seu último resultado, laboriosam^ de, a partir da qual, antes, todas aquelas forças fundamentais, que se exte-
duzido, o conhecimento, já era pressuposto c o m o condição a s ranie
^ "^' 1 1

i 0
riorizam pelo fio condutor das causas (portanto legalmente) são na
te necessária no primeiríssimo ponto cie partida, a mera nvAtciia q verdade para se explicitar. - A afirmação de que o conhecimento é m o d i f i -
sávamos figurar, mas de fato tínhamos pensado t ã o - s o m e n t e n o cação da matéria, contrapõe-se sempre com igual direito a afirmação con-
que a representa, no olho que a vê, na mão que a sente, n o enten ^ trária, de que toda matéria é apenas modificação do conhecer do sujeito,

que a conhece. Assim, desvelar-se-ia a inesperada e enorme /'''"' 1" i0


, c o m o representação d o mesmo. N ã o obstante, o fim e ideal de qualquer

• subitamente se mostraria o último elo c o m o o p o n t o li"


pois i x o <do
- q u
_ riA • j / ç., An
n um materialismo desenvolvido até as suas
ciência da natureza e, no rtinclo, um iu*w
primeiro já pendia, e a cadeia formaria um círculo. O materialista
/At-: t - I , , , ; - , rsre é o o r nós aqui reconhecido c o m o
melha ao Barão de Münchh do
. . A

ultimas consequências. 1 odavia, este <- p«-" I


-alo, Hue. debatendo-.se na água e mont
p u x a e s t c
m„ r ! i _ „ „ „ r n n f i r m a uma o u t r a verdade, q u e r e -
manifestamente impossível, o que c o n i u i u s i
a c i m e n t ó sistemático guiado
«.ul*, c j nnsterior de que toda ciência n o sentido
133 JETlvo m a t e
? h s m o
a s i s t e en" 0
' > a í
' ] U C a a l
» m d i d a d e fundamen- sultara da nossa consideração p oqs i crazão, n u t , nunca alcança um fim último,
e

próprio do termo, compreendida c o m o conhec


•"ais
pelo fio c o n d u t o r d o princípio de razão, nun
j r l; -•, -To m m o l e t a e suficiente, // porque iam
niente f " ^ « « T ^ n J MATÉRIA c o m o // ^ 134
P (
A 6 S E A a c
nem pode fornecer uma explicação comj. ^ r i )
,„
R A . , j _ , n d o iamais vai além da representação,
m l

toca a essência mais íntima do m u n a o , j.m r s


S o t
> P nmíri,. P
primárias
; D-_ . , ent químicos fundamentaisI d e m
o s
i í relação de uma representação c o m
existente - a c e d e n d o assim, considera a mate
antes, basicamente, somente conhece a í u a ç . i u -5
ri outra.
t

e.aof ,o.,;J:° - P í d e l a • *azer surgir a nature/a org-


1 U t a m e n t e

sujeito c l m 1

d u e
conhece e rs i • A _ c M n n r e de dois dados básicos: um deles, sem

ta, - enquanto,
e m v e r d a d „ « P u c a a este de maneira
a s s i m
co«f Q u a l q u e r ciência parte sempre u c
• )á como tal, é condicionado <- . • j - , numa de suas figuras, c o m o óreanon; o u -
m a n
eiravariadapel r o
d U e , t O d 0 0 b
' e t i V 0
exceçao, é o princípio de razão numa cie s u a . 0 B

pondo-o,Lo g o
P
c 7 , C
*pue conhece e
,. r i i- -r A. - i d i uma delas, c o m o problema. Assim, p o r
t i o e o o b j e t o especifico de cacia uma r . , . r

completo O S C a
' a
° í „ « n a r o c o m o problema, e o princípio de razão
^tialismo' ° ' °^ Í t r a i a S U J e Í t 0 C o b e t i v o
desaparece p ^ exemplo, a geometria t e m o espaço c u i u w j . r r
' P l a n t o , a tentaria ,4 m o e
l i . i n t oqiic
q^ 1
j , .„,„„„. aritmética tem o t e m p o c o m o proble-
d a d o
Mediatamente a p de ser n o espaço c o m o organon, a ai u i i n ^ r r
.rivo-
M « í dad o mediatamente. T o d o o bjeti . . . i - j „ » f n o remoo c o m o órganon; a lógica t e m a
v
^•Huefaz-efeiJ ^ d o c

eon' ma, e o princípio de razão de ser n o l e n i ) . & . , .


•^-^o,natenal,qu a e r , a h s sino I; - i • „ , „ t i l c o m o problema, e o princípio de razão
0 o m l
conhecer c o m o o r
hgaçao d o s conceitos enquanto tal c o m u j
r

r h
j
seu c o .n j u n t o c o m o, prot história t e m os f a t o s h u m a n o s ocorridos em
ae conhecer c o m o organon, a i i i s l u h . .
«'Çnodc ,blema, e a lei de motivação c o m o órganon; a ciên-
Princípio. !N. T.)
1 5 P

73

7i
,-esentacão

mundo como
vannât como rev
O wund serão
h o d e s s ' antigo
0 'oie em dia percorrer de novo >decessores,
o
•! retornar ca
a re
alados e enver-
c
¿ .As o U v t o

Artfour Schopenbmitr tam lio,) do no segunc


todos os seus prec
obrigados, com assunto será objeto de exame detalhada
— V/' Ç*^ 1 i de eau-
da natureza, por
sua vez, tem a matéria c o m o problema, e a ci gonbados. O aqui mencionadas apenas de passagem, confrontam a ciência
cia lu T I O C O l ^ •óorio domínio. Ademais, esta, tomada como filoso-
salidade como órganon, logo, seu objetivo e lim último e, pe Aifirtddad
diticuldades como vimos, porta desde o nas-
estados da
MS seu propi
tor da causalidade, remeter um ao outro todos os possive dos uns da natureza em
/ameute derivar tais e s t a c fia. seria o materialismo, o qual, contudo, con da
matéria c, ao tim, a um único estado, e nov fia, seria o maten
estado. D o i s estados a morte no coração, porque salta por sobre o sujeito e as formas
dos outros, para, finalmente, derivá-los de um único -. cimento al quer atingir,
se dão para ela como extremos contrários: o estado da matéria n o qu do conhecer, que de fato já são pressupostos na matéria mais bruta, da
1 ela é 0
val desejaria p r i n c e
é o menos possível objeto imediato do sujeito, e o o u t r o n o qua•tac bru- qual C r i a r i a principiar, bem como no organismo,uomqu o l b o o u e os veia e
máximo possível objeto imediato: noutros termos, a matéria m o r
ta, estofo primário fundamental, e em seguida o organismo htm
0 lib ois "nenhum
Pois "nenhum ^ objete S
todo materialismo imp
'--«->"
* é
c Pa sentença
^ ^ - l que
o s torna
em p para
a l - asempre
s - mas

conheça, ate
a, o s e e * ' 1
U m
r e n d i m e n t o que
en
é se poae u . - .
primeiro é procurado pela ciência da natureza enquanto qtunuc estas são para a representação um sideroxylon. Por outro lado, a lei de cau-16

dois ex-
do pela ciência da natureza enquanto fisiologia. M a s até agora os ão e investigação da natureza que dela se seguem
a coi- à assunção segura de que, no tempo,
tremos não foram atingidos, só entre os dois é que se ganhou a g u l
salidade e s c o n s i d e r a ^
lõ-\ ' , -os, s ° necessariamente olexamente organizado deve ter sido
sa. T a m b é m as perspectivas futuras são sem esperança. O s quim c
^ ^ conduzem-nos existiram antes
do da matéria m a i s compi animais
os o mor-
a pressuposição de que tanto a divisão qualitativa c o m o a quantita qualquer
Precedidoe:de um mais simples, vale dizer, que c
matéria não pode ir ao infinito, procuram sempre limitar o númer dos homens, os peixes antes dos animais, as plantas antes destes e
a apen> s
r.4. • , i * • ronsenüência, a massa originária
elementos fundamentais, agora em cerca de 60. S e chegassem
ganico antes de qualquer orgameo; poi conséquent , g
a lei de bhoom
m°o g ^
dois, obteriam um jeito de remetê-los a apenas um, pois
J . „ c mres uue o primeiro olho pu-
da rnat**
, , • j i n

neidade conduz à pressuposição de um estado químico primário


passou por uma longa série ae> de mudanças antes aque bnu, ^ do
ntanto h

ria que precederia a todos os outros não essenciais a ela e n q u a n t o desse se abrir. E no e -. que se mundo inteiro permanece
- - .^stenaaolhodaquele
. - »«cidas* : sse//
p rpois
i m e itrao.-olho é o n . - . diador necessário
sempre depen dente - nertencido
;

que seriam apenas suas formas casuais, qualidades meramente acres


al e no qual unicamente existe o mundo, que sem
tado p ° d e o a um mseto;/- ^
ela enquanto tal. Por outro lado, é difícil entender c o m o tal estí 136 até me vez sequer. Pois o mundo é absoltita-
, u i mao sara o qua
ria alguma vez sofrer uma mudança química se n,ao houv esse um seg conhecimento, P tal, do sujeito que conhece co-
nfC-
estado para lazer eleito sobre ele. C o m isso, n o d o m í n i o químic ele não p o
de ser concebido uma la longa sene* temp<
"-'miporal
no
•uro representação, e precisa, enquanto ateria ascendeu de
135 senta-se o mesmo tipo de // embaraço com o qual se deparou U p i
e n t e
rep
c

,artm & culo de sua existência. Sim, roda aquei toda essa
domínio mecânico, ao ter de explicar c o m o um primeiro á t o m o p m o sustentácu danças, mediante as quais a ms
se desen-
direção originária de seu movimento. S i m , essa contradição que s' cheia de inumeráveis muO' do primeiro animal cognoscente,
:ia
c , aré a existene xnsada unicamente na identidade de
volve inteiramente por si mesma, impossível de ser evitada e resolvi forma a forma ate a só pode ser p < - taço e ! dessa
•^es consciên-
s c n
ela mesma, sò\ ^ ^ ¿ res
deria ser considerada de maneira bastante apropriada uma AN longa serie, -
t r e ?

química. Contradição que, assim c o m o se apresenta aqui n o p i n u t a consciência. ^


um
dois procurados extremos da ciência da natureza, também se m o s t i
1 , ^speraiV
segundo como sua contrapartida correspondente. - H á pouca z*\ ^ neo con«:
16 "Ferro-macáeira flag' ,mu-'
de alcançar esse outro extremo da ciência da natureza, pois se °^ . ^ sar uma
gas, par a ex
c c C
q

cada vez mais que nunca algo químico peide ser remetido a algo me 75
nem algo orgânico a algo químico, o u elétrico. Aqueles, p o r é m , cp' L

74
nliiÇ" 0

iefcomorepresu

V
O mundo como. este

descende o prir n t c «y tivesse p-lassa-


Arthur Sffcopmíwiier
Schopenhauer rimen-o p rese nao
nada. C o n t u d o , o p i ^ ia, tal como conse-
sim c o m o
do
, a l perde toda s n d > c a ç ã o c nao
: m A q u lg a\ c o m o se tosse o p " 30
cia, forma de seu conhecimento, sem a qual \ mente t
e tos« » ™ " \ , do « * > ente se apre-
U

, vemos de um lado a existencia o do algum c o m o mae


j i o

ores
nada. Assim, necessariamente

CS
•leito q qüência d o passado, segundo o p r i n c - endo a
nei r

do dependente do primeiro ser que conhece, por m a i s ivn\ 1


mesmo m o d o c o m o o fenômeno a preencher esse primeiro p.
to 4e c o n s t -
mimai cognoscente inteiramente
seja; de outro, vemos esse primeiro ,tl efeito de estados prévios a preencher aquele passado, segun
• • - -ede, na <-\ ' u

pendente de uma longa cadeia de causas e eleitos que o pr ^ ^. ^ senta como d e . - Q u e m aprecia interpretações mitológicas poc
visões c o n t r a d . t ó r i
aparece como um membro diminuto. Essas duas visões c o n derar c o m o descrição d o momento aqui exposto de aparecimento d o tem-
v ~ n«cimento de Cronos í x p o v o ç ) , o mais ,o-
pelas quais somos, de tato, conduzidos com igual necessidade, \
decerto ser denominadas uma ANTINOMIA da nossa 1 acuidade de cO
Ö po (destituído de c o m e ç o ) , ^ ^ , c ess . as oroduções
,ra o cruàa
q
do
cenano. p a l

vem ados
o s titãs, que,
"*" tendo ^ .de deuses
^ e ^ * ^ mais c o n s t -
P

cimento, e estabelecida como contrapartida daquela e n c o n t r a a 1 tu.*», n seguir


0

criabsnio,
céu e da terra, c o m o que a ra ^ o s j
u

meiro extremo da ciência da natureza (por seu turno a quádrupla a


mi a p ê n d ^ > roca e ine-
:a da sua filosofia ei Semelhante « P ^ ¿ que ^ ia red,
miaa de Kant será demonstrada, na critic
d ê n C

quente dos sistemas ^ cl a ^^ ,conl


este livro, como uma casuística sem base alguma). Todavia, a cO íüente
i n t u l V

adis 5 0 u coi-
e n c o n t r a s u a s« serve simultaneizmente para tornai ü..
que por último se apresenta necessariamente a nos m a s an-
e a causa
no fato de, para falar na linguagem de Kant, o tempo, o espaço vitáve numa o p o s i ç ã o insuperável, entre sujeito e o l ,
sali-
fenôme- ão
4 U e
. por sua vez, leva â procura da essência mais ínfima d o mundo, a
dade não pertencerem á coisa-em-si, mas exclusivamente ao se - 0b\ ' c

a
-em-si, não mais num desses dois elementos da representação
no, do qual são as formas, o eme, na minha linguagem, soa: o m u i c
úetamente diferente dela, não investido dessa onosiç
tivo como representação não é o único, mas apenas um lado ° {^¿,0 tes em algo comp
lúveb
1

al e inso Umento^ epatte


por assim dizer o seu lado exterior: o mundo ainda possui u n i OUtr originária, essenci r o a U

troceo
I \ - insta Oposto ao « p l t ó t a M ^ -
f M-ocec
J , m
: ^ o f o U o *<
dime
Q

completamente diferente, a sua essência mais íntima, o seu nuc ' ' ^
O .-" Z ontra-
L
Ü
mente a coisa-em-si. Este lado nós o consideraremos n o livro s g 138 zer originar-se o s u j e i » r T o c o n a
novo,
\/ i n t a o para daí querer p r o d u z » o se mim
nomeando-o, conforme a mais imediata de suas objetivações,
Porém, o mundo como representação, único considerado aqui s u w uni\
ersal e m t o e
l a f i l o
Í i ; t t i c o e « » t
nto ste , ela possui e m * . «
nas com a abertura do primeiro olho, sem cujo médium do conW
¡cimen do propriamente em ap me ne s que eia r ••¿ a

lho, ntc de ) ° - t ^ o > - - - ^ ; r t r a n s m i n o


r

o da filosoha-apare
d c c

não pode ser: portanto não existia anteriormente. O r a , sem esse Oi


pot üoe autêntico • da assim p \ ,rotoso o d

137 é, // fora do conhecimento, também não havia antes t e m p o algU** - 1


da. P o r m e n o s v j sotistic:a,
iino mais i - j j - _ ,
mteuina-- com o , s contra adversa-
j- -o c $ 1, c o r n

conta disso, o tempo não possui começo algum, mas t o d o c o i m - V em geral é t ã o - s o m M-ofun sonor
nele e, como é a forma mais universal da coanoscibilidade, a qual têm com gestos de seriedade . ^ pO*» ^ ^ M c 0

se adaptar todos os fenômenos por intermédio da cópula da caus


alidad fervor o mais vivo, senc fim ^ L^e adaptam aseireu

o tempo, com o primeiro conhecer, também está presente c o m im rios fracos, com o que p o * « ' a q u e k s oue - ' persegue , su
se
nitude completa em ambas as direções. O f e n ô m e n o que pree c a.U" mencionado Rtósofo, c o « u d e aU rentua a s e « nas
t I

ptimeiro presente tem de simultaneamente ser conhecido c o m o i g !


cias, faltou por \ d l d , imperturbável ,
na v<
salmentc e dependendo de uma série de f e n ô m e n o s que se esten <- , a de olhos p o s t o s
met
-i rpo 77
nuamente no passado, que, ele mesmo, é condicionado d o rnesm i
pelo primeiro presente, e vice-versa. Assim, também o passado,
O mundo como vontade e como representação
•s-ant, conseguiria superá-lo, repetindo nessa direção os erros cometidos
pelo dogmatismo anterior na direção oposta, e que justamente deu azo à
eritica de Kant. Assim, no principal, nada mudou com Fichte. O antigo
Arthur Schopmhautr
erro ítmdamental, a assunção de uma relação de fundamento a conseqüên-
DIO
r r oiopo'- 1 1 0 1 3
cia entre objeto e sujeito, permaneceu exatamente o mesmo. O principie
sse t o r n a i » « •
N ã o p o d e r i a ser s ~ d i f e r e n t e . D e f a t o , o f i l ó s o f o se t o r n a t i U » t ? Q

' r - de Pl-itaO' 1 de razão, por conseguinte, exatamente como outrora, conservou validade
p e r p l e x i d a d c da q u a
p e r p l e x i d a d e da q u a l t e n t a se s u b t r a i r e q u e é o 9 a ' u p c a S - c ^ 3 ,
1
a
acondicionada, e a coisa-em-si, em vez de, como anteriormente, ser posta
este t a m b é m d e n o m i n a d o u n i pcxÀ,a ( p v X o o a p i x o v n a & o ç . ' 4 ^ ^
•a e s t e , u c p e ' T no objeto, foi agora posta no sujeito do conhecer. O caráter completa-
ra o f i l ó s o f o i n a u t ê n t i c o d o a u t ê n t—
i c ow é%o f a t o , p a r a e s t e , d e a p e rovem
p ^*
p r o v i r da vvisão
isão d o m u n d o m e s m o , e n q u a n t o p para
ara o p r i m e i r o p y ^ mente relativo de ambos, a mostrar que a coisa-em-si, essência íntima do
Q

1
P\ > j J - ç.
AAtroo tÍOl
oi ° ' 0 L
mundo, não pode ser procurada neles, mas fora deles e de qualquer outr.i
p l e s m e n t e de u m l i v r o , de u m s i s t e m a já e x i s t e n t e , b s t e fa^' 1

de F i c b t e , p o i s ele se t o r n o u f i l ó s o f o a p e n a s c o m a c o i s a - nf ren t e i
existência relativa, permaneceu ignorado. E, como se Kant jamais tivesse
e

sem a qual m u i t o provavelmente teria e s c o l h i d o p r o f i s s ã o b e i _^ v 0


l 8 existido, o princípio de razão ainda é, em Fichte, àquilo que foi em todos

c o m m u i t o m a i s s u c e s s o , já eme p o s s u i t a l e n t o r e t ó r i c o s 1
^^ ^ p^rO os escolásticos, uma aeterna veritas. E, assim como por sobre os deuses dos

Caso, todavia, tivesse descido mais p r o f u n d a m e n t e n o s e n t t e n did° antigos ainda reinava o destino eterno, também por sobre o Deus dos es-
q u e o t o r n o u f i l ó s o f o - a Crítica àa razão pura d e K a n t —, te n a 1
^ colásticos ainda reinavam aquelas actcniae veritates, ou seja, as verdades me-
q u e o e s p í r i t o de sua d o u t r i n a c a p i t a l é e s t e : o p r i n c í p i o d e r a z a ^ ^ taíísicas, matemáticas e metúógicas, sendo que entre alguns ainda havia a
t r á r i o d o q u e d e s e j a t o d a a f i l o s o f i a e s c o l á s t i c a , n ã o é u m a veritas at\ y
alidade da lei moral. Tais veritates, por sua vez, não dependiam de nada.
• • - - d o m u l

seja, n ã o p o s s u i v a l i d a d e i n c o n d i c i o n a d a a n t e s , t o r a e a c i m a c ^ Por intermédio de sua necessidade existiam tanto Deus quanto o mundo.
m a s s o m e n t e validade relativa c c o n d i c i o n a d a , r e s t r i t a a o f e n ô m y Em Fichte, cm conformidade com o princípio de razão como uma tal vm-
-QUI ' 0

dendio a p a r e c e r c o m o n e x o n e c e s s á r i o d o e s p a ç o o u d o) tt ee imn pt —
o ,. o- u c , e
t a s
aeterna, o eu é fundamento do mundo ou do não-eu, do objeto, que é
1 5
Pol-cO^
justamente sua conseqüência, seu artefato. Fichte não entrou cm guarda
de c a u s a l i d a d e , o u c o m o lei d o f u n d a m e n t o de c o n h e c i m e on ot od .e s e r
Para inquirir e controlar o referido princípio. Se eu // devesse indicar a fi-
g u i n t e , a e s s ê n c i a í n t i m a áo m u n d o , a c o i s a - e m - s i , j a m a i s p o du* É
o r v

rnirl'i í^elr, n n rrmrli irni- ,-1 HO


8 a do princípio de razão que serve de fio condutor para Fichte
L,r
fazer o
t r a d a p e l o f i o c o n d u t o r cio p r i n c í p i o de r a z ã o , m a s t u d o a q u
^ c 0 is*'
139 l u z i d o a partir do eu, como uma teia feita pela aranha, mdi-
sempre dependente e relativo, sempre apenas f e n ô m e n o , / ^ [ (\^ "i • co S ó relacionauao - figura
-'-"-'onadas a esta
w
0

n-ao-eusev p r o d u z a » f " ? ,,. * ' n o , e i s d é d u i s de


I
em-si. A l é m disso, jamais concerne ao sujeito, m a s é tão-sonaen Ao\
s s o f t í

earia o princípio de razão de ser no esp , sofríveis deduções de


d o s o ,b j.e t o s , q u e j. u s t a m e n t e p o r i s s o n ã o s ã o c o i•s a s - e m - s«ii . N e s s e sem^ i -
r

quando o sujeito é dado, t a m b é m é dado de i m e d i a t o o o J e i » cianincaao aquema -


que adquirem algum sentido c • b _ c o n t c u d o do livro m a i s sem
c e - v e r s a . P o r t a n t o , n ã o se p o d e c h e g a r n e m d o o b j e t o a o s u j e i » ^ ^ s

como o eu, de si, produz e fabrica o f hnana, de resto indigna


ic

t e à q u e l e c o m o se s e g u í s s e m o s d o f u n d a m e n t o à s u a c o n s e q u ^
sentido e tedioso jamais escrito. - ^^ oposição tardiamen-
de t u d o i s s o F i c b t e n ã o o b s e r v o u u m m í n i m o s e q u e r . P a r a e l e , a U ^
t e menção, nos é interessante aqui ap •- o n s e q ü e n t e filosofia que
sa i n t e r e s s a n t e n o a s s u n t o era P A R T I R D O S U J E I T O - o q u e K a n t c - ^
relho materialismo, | -....^e oue parte do su-
te surgida ao v e m " ftc\vtvana toi « ^ ^ matériau;
- c o m o f i t o de m o s t r a r c o m o f a l s o o a t é e n t ã o p a r t i r d o o b j e t o , q u t
\
„ w i i s o o a t e e n t ã o p a r t i r eie> o u j e i . 0
parte d o o b j e t o , c o m o a _ ^ i m ? etcept ^ q g U

se
se tt o
o rr n
n aa rr aa a
a cc o
o ii ss aa -- ee m
m -- ss ii .. F
F ii cc b
b tt ee ,. ee n
n tt rr ee rt aa n
n rt n
o , tr o
nm o ui ee ss ss ee p
mm Daart tt iur ccio sUj ^
jeito. D o m e s m o modo m h a p o S t o d ^
c o m o a l g o e s s e n c i a l e, c o m o t o d o s o s i m i t a d poe n
v s eo u: q u e , a o c x ' b
1 1
^ c
r < ' - ^ c o m o 0

no p ô r o mais simples objeto l o s u ^ o


aplesowr-' ôroSU)ei
0 ? ô r
a o P

, f^bte, q* '
p l a
e a
° V

foi imperceptível a
1 7 "E•spanto - um
sentimento deveras filosófico". (N. T . ) P 79
18 Sc
o 9

Aopenhauer mesmo teve oportunidade de ouvir a retórica de Fichte pe»


a

mente, já que foi seu aluno na Universidade de Berlim, nos anos de 1 S i 1 - ~ 1


' '

78
Arthur Schopsnhaiier -6^ tf tí^ . r . « ^ d e r a r aquela classe de rcpre-
d-i se faz preciso conste
Antes, porém, aind
Cr 0 ' -lusvamente ao homem, cujo estofo sao os
sentaçoes que pertence e x c l u s m e- Q c o r r c l a t o s u b j

sim, toda dan " Í m


P " « P » ' v c I que coda dedução a pri**> C O N C E I T O S e seu c o r r e ato
- subjetivo, a s e n s i b i l i d a d e e o en-
tivo das representações consideradas até agora eram
seu turno ^ S C a
P ó i a s o b
^ " ' " a necessidade, que. P ° r

— i . A \ > í t . . . ' , „ > ; < aos animais.


tendimento, também atribuíveis
"ser n e c e s s á r i a ^ « princípio de razão, desde q * ^
n u e r e a i. l..,L .
™ , V C I
.*!o °
p r i n c í p i o
" d

d
e

c
U

r
m

a
launi iduaam
7 j
mee n
n t o ssuutfiicciieennttee " sac
o . ,
são
couce itp\ ^
footía n a d a m a s s c n 2 Q a

universal do o b i r „ P ,^ „ 0 j l; . çV\ §8
" " l i. t : " P i n" "t ' oL vj aj u pressupõe
1 , 1
o objeto, log*
picssupuc O
0 e n q U

a , U O
—•
ova e antes e exteriormente a ele, c o m o se pudesse p r o,duzi-lo
d u z i - L c engen-
¿rito CO'
O C o m o da luz imediata do sol á luz emprestada e refletida da lua, passa-
ml7d e S 8 U
1° " l C g a l
' d a d e
' ° P r O C c J l m m t o
que parte do suje ernos agora da representação intuitiva, imediata, auto-suficiente e que se
riof-
ca, e modo geral, o mesmo erro que o procedimento e x p o s t o ante a, á reflexão, isto é, aos conceitos abstratos e discursivos
mente que parte do objeto, vale dizer, assumir de antemão o que depois garante a si mesm do apenas a partir e em referência ao conheci-
da razão, que têm seu contetic nos mantemos intuindo de
z
- ou seja, o correlato necessário do seu p o n t o de partida.
po e m que
mento intuitivo . D u r a n t e o t e m f - dúvidas, er-
icncrc L
°!. . e S S e S e r t 0 S
g o s t o s d,ferencia-se o n o s s o p r o c e d i m e n t o c e r t o Inexistem perguntas
modo puro, tudo é claro, f i r m e , intuir, s a -
R.EPRFSTNT\ r  o " ^ ^ ^ P^' ° °bJCt° ™ " d ü SUÍCÍt°' ^ 1 1 0 5 d alénr, sentimos icalma n o
o d e ir
r a f u n . " T C O m o
P e . r o fato da consciência, cuia forma p r i * * '
n m
ros. N ã o se quer ir além, não se p c ~ Por conseguinte,
Hl
1 4 2
t.sfação no presente. A intuição se basta a si mesma.//tiel, c o m o a a u t ê n -
ob eto T , m i S e S S e n C Í a l > 6 3 d Í V Í S ã
° « - j e i t o e o b j e t o , a forma &
tudo o que se origina puramente dela e a ela e r m ^ pois la
d a¡quaisarecí
!ou" ; ° suas // diversas
diversas ftiguras,
i g u r a cada
cau » « * ° -
?

~
P n n C Í p i d c

* a obra de arte, nunca pode ser falso ou contradito t V


e. como
««ado, c e ' „!r. ' . * « F « s e n t a 6 e s , que, C ! a m e M e S U a c U s S e
- , • ,cma N o entanto, unto com o cu
L cena n„
S
mostrado, com o conhecimento de cada figura também se conhece a es-
h á
» ' S - ' " : „ encra. do,,,,'-
sencia da classe inteira, já que esta ( c o m o representação; nada mais i sc-
•A« abstrato, con, a tazao, d o u d a
l m e n t 0 | m u i n v a ,
n » aquela figura mesma. Assim, o tempo nada mais é senão o f u n d a r a "XO teórico, c u i d a d o e r e m o r s o no prático. • I
o ae existência nele, isto é, a sucessão; o espaço nada mais i 1

eau^bloÍ " ° ' ° ão por ele


ERRO pode imperar poi ^
?

" mesmo quem não é


r a Z a n C l C P O r t a n t 3 S Í t U a S ã 0 ; 11 m a t é r Í a m d A m a Í S é

usa i a e; o conceito (como logo m o s t r a r e m o s ; nada mais é senão


C u l 0 S , Í m P
e s e F

i re- ros, sufocando as m a


t v o s ludibriados. O erro é o inimigo
Í S n 0 b r e S P

J " * " a
° l u
» d a m e n t o de conhecimento. Essa relatividade c o m p k " eado por seus escravos ^ ^
enganado, é acorrem
versdT ° ° P ^ S o , tanto em sua forma ma.s uni"
m U n d C O m r e r e s e n t c
° n t r a o qual os mais sábios espíritos s e t o r n o u patrimônio
stijeito e o b j e t o ; quanto na subordinada a esta (princípio de I
a t a l h a desigual e apenas o que neia dedicar-lhe aten-
a o ) , indica,
—». w c om
moo dd ii tt oo . aquu,e a > a A
" i h
a g o r a

Procurada " um n" du ou cdeve


ser da humanidade. Por conseqüência, e acons^ ^ ^ eu domínio.
i a num
n u m lado
l a d o con
- i1 ' S S e n c i a
mais í n t i m a wd o m c o n i r A Q s e

São, já q ,e vamos adentrar o solo no q u ^^ r s e g u i r a vei dade


° A
APRESENTAÇÃO o c< a m e n t e 0 U t r 0
' T O T A L M
E N T E DIFERI L
ue se deve persegt
D e

tllU Embora tenha sido dito diversas vezes O


h t o l m c
diatam^rcerL H U C
7 r Ó X , n i
° ' "'° n c o m
p r o v a r á mediante
° a cada ser q u e v ¿ v e
imeiros capítulos d<
, , , . p o n d e m os quatro pi
o r r e s
apítulos corre»!
o estes sete primeiiros c
primeiro livro dos complementos.


8o
\])Í^ ° " ° " ' ° "" U,nd0COm V0 tade COm repnS aía0

uma figura completamente outra. Essa nova consciência, extremamente

ò° Arth
hur Schopenhauer
poderosa, reflexo abstrato de todo intuitivo
da razão, é a única coisa que confere ao homem aquela clareza de consciên-
em conceitos não intuitivos

! • roouepode^^ cia que tão decisivamente diferencia a sua da consciência d o animal e f a z o


nela, visto que V
mesmo quando não se vê nenhuma utilidade
q ü 1

j i -1 ir r , ^ rL> s p u s innãos irracionais. D e imediato


diata e aparecer quando menos se a espera, 1penso tci e • ; ^ c r r a di c a t
seu m o d o de vida tao direrente d o cie seus 1U11.IUM
uodo empenhado
que se deve estar do mesmo modo empenhado em
em descot
desc ^ n k«„ Aa. * « i f r i m e n t o . O s animais vivem exclusiva-
r

,e ;anteveja nele prejuízo algum, \ T o d o^ c ã^*


.mer erro, ainda eme não se
qualqi o n o m e m os supera em poder e s o i r n n u n u .
mente n o presente; já ele vive ao mesmo tempo no f u t u r o e n o passado.
bém ser mediato
3ÉM pode ser medi," e aparecer quando menos se o espe < • Eles satisfazem as necessidades d o momento; já ele cuida c o m preparar,-
traz veneno em seu interior. Se • <-••., r ~..;Ai An r e m o o e m cjue ainda n ã o vive.
m u i t o menos r ' e S

y vos artificiais d o seu hittuo, sim, cinda do tempo 1


homem o senhor da terra, então não há erros inocentes, m u ^ ^ ^ FW e i 1 , >, imnressão d o m o m e n t o , ao efeito d o m o -
r n

raes sucumbem p o r c o m p l e t o a impitss.iu


peitáveis e sagrados. E , para consolo daqueles que, de algum n ^ ^ ^ r a tivo intuitivo; já ele é determinado por conceitos abstratos independente-
alguma ocasião, despendem força e vida no nobre e difícil c o m ^ Q
mente d o presente. E i s por que o homem executa planos ponderados e age
• o ^! r i à c o n f o r m e máximas, sem observância do meio que o cerca c das impressões
o erro, não posso eximir-me de acrescentar: quando eamveidao r c e g oes
1

,, c o m o as corujas gjjg e r
• , A,, n n r exemplo, fazer friamente prepa-
existe, o erro pode jogar o seu jogo,.me
com as ocorujas e e os
os M
m oOr Ic e^ ggo- s P ^^¿ c m easuais d o m o m e n t o ; p o r isso pode, por excmpi , r r
ls corujas c

noite; porém, pode-se até esperar „ _ ,~,4-,,4r> ron hecida e exp 1


- e v o s a r t i f i c i a , para a própria morte, pode dissimular ate a inescrutabi-
de volta o sol pata o leste, mas não que a verdade conhecida e ^ ^ 0
íidade e levar consigo seu mistério ao túmulo; possui, por fim, uma e s c o -
maneira clara, plena, seja de novo reprimida, 19
e O antigo ^ ^ IL i • • ,™>m<; iíi abstracto é ciuc estes podem,
ma real entre diversos motivos, pois apenas w aosiu ,
ocupe, imperturbável, o seu amplo espaço. Eds aí a l o i ç a c a ^
r
v a <
-~t,c/-iÊnria trazer consmo o c o -
143 vitória é // dura e trabalhosa mas, uma vez alcançada, e de l C ) ^ ser encontrados simultaneamente na consciência, traz g
Tirante as representações até agora consideradas, vale ^^ c jí í , • Tssim medir reciprocamente seu

conforme a sua composição, remontam a tempo, espaço e ma é, nliecimento de que um exclui o outro e, assim, n u a Y
, 1
nrpnonderante, assumindo as
vemos
J S em referência íao objeto) ou a sensibilidade e entendimen 144 "Oder sobre a vontade, c o m o que o motivo preponaer. ,
'j i j ,r•„-!«• íiue dá assim sinais mconl tin-
conhecimento da causalidade
causa (se as vemos em referência ao SU) a
h a s , / / é a decisão ponderada da vomade, que cia
vemos em referencia ao da terra- j, . , . . , x i o é determinado pela impressão
u
eceu ainda i •
f
r r r

receu ainda, no homem somente, entre todos os habitantes si. mveis de sua índole. O animal, ao contrário, t r
-tra facuidl T 7 ' ^ m
os habitantes da terra, « * *
C I 0 m e m e

r , , . , , com? 1
i - , „ r , node restringir seu apetite, ate
mente nova c , ; despontou uma consciência c o . n p k * *
C O n h e C Í m e n t o
« u a i , Apenas o temor da pressão otesent, pode te g t
outra faculdade de conhecimento; des
minou R E F L E X Ã O ^ e com precisão infalível se d * * * r
, /!_• - o m omica
tal determiná-lo:
scu^ tem-se' air oi
mente
jP o n t o de o t e m o r se tornar hábito e, c;.o m r, ohomem,
tal,
0 r

além disso, PENSA e


vado do conheci ' ^ ^ P ^ ° ^ \ C S t a 6 U m a a a r ê n c i a posição por gestos
adestramento. e sons,sente
O animal o nue intui! o homem, ^ Linguagem que _ í op -
f
»ndame,ual m c
m e n
,T n t U U 1 V O
' ^ t C > d a V Í a
' a S S U m Í u n a t u r e Z 3
° tto S m,Lte ., Unguagem, ou os o a t o P •
^ K . A m b o s QUHRHM. E n q u a n t o o animal comuniG
S
,-niiiunica
^ sua
,. sensação
, e dis-
grego p o i s s 0 c m

T a
mbém o D r i n ' d l
7 e n t e s
' s
^ as formas d o c o n h e c i m e n t o i n t u i * ^ •ne.ro
• produto e instrumento i « « romunicaT seus^ pensamentos
p l * « ' aos ^ou-. 1

Posição p•o r gestos- . : _ e sons,


e m o homem " - ocultacomunica f
p o r ela. -Linguagem
P — P - de razão q rege t o d o s os o b j e t o s adqu.r.u < - P o r isso,que em égrego
o pn
g
a 5

italiano, linguagem « taxío sío indtcada é sinommo d


u c

n 5 o

&r»r „. JLÂ
s razão, ven, de IV™''»»»' » . ^ D £ n s a m e n t o s comume
19 N o
o n g m a l alemão veràrãngt, cuja substantivaçSo leva a Vtrir$ng» è< ^ ,n«l Hören, ouvir, •
mas «s unifica
iSg "n *« " a °conscen
; aluda d., lingoag«"
n u s a C
t 1 0 3 d a n K

i l c p n m i r e repressão s ã o vermos r e g i s t r a d o s na l í n g u a portuguesa já «


metade d o s é c . XV1U, p o r t a n t o c o e t â n e o s da o b r a p r i n c i p a l de S c h o p <
a

n h l U
v

^ ' ¿¡0
gJO


t^ ; : r ; u a. a çeõ e s , « - *
dos por palavras. S o m e n t e ^ "
-tantes
K
lr/
S
a

termo suas mais importantes


c

t e r m o s caros à psicanálise f r e u d i a n a e cuja a n t e c i p a ç ã o se v e r i f i c a , i n c l u a ^ impor •


notável paralelo t e ó r i c o , c m S c h o p e n h a u e r . P a r a i s s o , v e j a - s e m a i s adiante * 83
da l o u c u r a , livro t e r c e i r o , § J 6 . (N. T . )
V
O mundo como vontade c como representação

r.vtÍS , „ aoenas para multiplicar as confu


tamente estranho à filosofia e que serve apenas f
w

i „ „ filósofo remeteu de maneira rigo


soes. E notável c o m o até agora nenhum rixoso
soes. ii notável c o m o ate agui.i n<-
muitos indivíduos, a cooperação planejada de m u i t o s milhares de pess<*5j i • _ : ^ ^ r » c da razão a uma única c simpie
a civilização ''osa todas aquelas variadas exteriorizações da razão a uma única e simples
lização, opEstad
. -do.
J sem .c o mar a ciência,
• •
n - j ,,eriênC^
a m a n u t e n ç ã o de expc
(

anteriorees, a visão sumária do que é c nicaÇ' 1 função, reconhecível em todas elas e pela qual todas senam explicitadas, e
omuni num c o n c e i t o , a comu . c as % Sue por conseguinte constituiria a essência íntima propriamente dita da
da verdade, ;a propagação do erro, o I, v m i a s 1

p e n s a m e n t o e a licçao, os au^ já o h ,e razão. É certo, o insigne Locke no lissay on human undcrstandtng, livro 2, cap.
superstições. O anima
conhece a morte t ã o - s o m e n t e na morte, torna » § 1 0 e I I, atribui muito corretamente como caráter distintivo do homem
mem se
em relação ao animal os conceitos universais abstratos, e Leibmz o repete,
vida £ aproxima dela a cada hora com inteira consciência c isso
da ás vezes questionável, m e s m o para quem ainda não conheceu no & em concordância completa, nos Nouvcaux essays sur l'cntcndcmau humatn, livro
de
mesmo da vida Ó^V « r á t e r' ^contínua aniquilação. P r i n c i p a l m e n t 2- cap. II, § i o e 1 1 . S ó que, quando Locke, no livro 4 , cap. 1 7 , § 2 e 3, passa
vid \ . i. j x nn-de de vista por inteiro aquele
ia a morte é que o homem possui filosofias e religiões, embora seja » jj r n

a
explicação propriamente dita da razão, peicic cie \
> l
« r t o se aquilo que com justeza a p r e ç a m o s acima de t u d o na ação de *
l — ».»,... ]uon_/.ci apreciamos acima cie tuciu u» - v
t cráter determinante dela e incorre também em colocações oscilantes, inde-
guem, isto é, a retidão voluntária e , n n k r „ v , ^ ^ . ^ r . l a u i n a vez ten*
n, isto é, a retidão voluntária c a nobreza de caráter, alguma vez » terminadas, incompletas de expressões fragmentárias e derivadas sobre a
cer-
146 *esma. Até// Eeibn.z, nas passagens correspondentes de sua obra, proce-
« d o fruto de alguma daquelas duas. Por o u t r o lado, c o m o produtos
tos. de no t o d o d o m e s m o modo, porém mais confusamente c sem clareza. O
eligião, produções
o c l u s i v o s da filosofia e da religião, produções da
da razão,
razão, enconti
enconc ^
quão Kant tornou obscuro e falso o conceito da essência da razão, discuti-
s °opiniões
P « m a i s estranhas
estranhas e» ave
:iventureiras dos
. . . fclUUOUiuu
iil xó s- o
« f o«s. de divets
S e a S i n i õ
mais ,„ ,™
u ir
c i, i.i 4
i j . UUü d<-
—* - diversa
~ " M U

lo ,m -I ii i - 4 ; - . ,-Ure livro. Quem quiser, nesse sentido,


colas, bem como as práticas raras, ás vezes cruéis, dos padres de difere
lo
~ e i detalhadamente no apêndice deste n v i u . ,
religiões.
* » « ao trabalho do percorrer a massa de escritos filosóficos.que foram
E uma o todas es-
pinino concordante de tod os os t e m p o s e povos que
145 P e c a d o s desdo Kant reconhecerá que, assim c o n » as falhas do pr.nc.pe
co-
"
S a S
' ' o r i z a ç õ e s tão variad
C W l
variadas e amplas brotam de um p r m c í p ' 0 j . t.-h-uHVs e s D i r i t o s espalham sua
mtim do são expiadas pelo povo mte.ro, os erros dos grandes est
- daquela especial facti culdade do espírito que distingue o h o m e "
r

inflt * . í- - • ,c vezes por séculos, sim, aumen-


animal, chamad uencia nefasta por gerações inteiras, as veze f
iaCnSRAZÃO, ó ^ o y o ç , xo A . o i c m x o v , TO A . c W ,
T
o V l r i

Tode
Y
« " * > c proliferando, porfin,degenerando em monstruosidades. Dal se
dess u 8 - c o n h e c e r m u i t o bem as e x t e r i o r i z a d
C O n S e U e m

« n c l u i „ , „ rermos de Berkeley: F « « . f f " *


i-N j - , „ r M nossu só UMA função, o e o -
Ü S

- acuidade e dizem o que é e o que não é racional j u s t a m e n t e ah * *


l i a mesma forma que o entendimento possui ,
u t
a razão entra do , - 4 , „ v i e efeito, a intuição do mundo
cena, em oposição a outras capacidades e atri b u t °
r
s
e m
nhe c i m e n t o imediato da relação de causa c e n dom da descoberta,
h
° ' ™ » > e. r.nalme , ,ra f
,. * :., sagacidade e o
evid 0 á carência dela, não se poCde esp<*
nte o a

efetivo; e assim c o m o a intetigenci. & , „ , n i f e s t a m e n t e nada mais


"™'*>»i».m.,l, ,, .|, bé' 11

gente. O s f i l ó s o f o s de t o d o s os t e m p o ss tam
m i ! n u

falam efue, por mais variado que seja o seu » possui ape-
_ geral de modo concordante acerca desse c o n h e c i m e n t o univef*sai
r a n r / S o

e m

da razão,
s
ã o que exteriorizações daquela única tunçac
i
'an ; ri;m , ademais, t e T T ehos. Desta n.ca fun^o explici
4

algumas denominações particulares da «as UMA função, a lormaç


C
« freio dos afetos , A '
O m o esmos todos aqueles fenômenos ante-
e «, i i ' " c t o s e das pan « x õ e s e a capacidade de ar c o n c l u í
e s t a b e l e c e r p n n e í n i . . „ . . : . . . r." ' * « t •! capaciaa tam-
i-se bastante facilmente por si me
^„ediferencii da do homem da dos animars.
u
1

P ^ t p i o s universais até m e s m o onde estes são ce ai' t r

nu-,,,. '''orinente mencionados q


P-Xen7^ d! a
U
ni
T o d a
- . explanações da e M * *
determinação — ^^ ° « s,
- vagas, carentes d( de a r g * * , S c i l a n t
(N. T . )
unidade e , est* , queiram
embora todos ror opiniões,
-;,ini te f
p o n t o de convergência, a c e n t u a n d o ota lo " p'oucos h o m e n s pensam
° ' ««"orhacïo,
t a i , 1 | U d
ce
o assim umas das o u t r a s . A c r e
d i
isso 5

que muitos parte m d


a o posição enti aiip ' 1
à5
e razão e revelaçâ
• ^ t r a t o s , representações nao in-
\ „ b e são conceitos abstr, r n ú m e r o

que ela comunica e recebe ^ para - m p v e ^Z

Arthur Schopenhauer is, as


tuitivas, as quais,
quais, apesar
apesai dede tormau*^
toi *~-_ , —
representa,
n A m e
t

H» s e
' 'amenté pequeno, abarcam, compreendem e representam todos os
I* \ ~ão q rebati
incontáveis o b j e t o s d o mundo efetivo. P o r aí é explicável por que um ani-
O r a , é c m rete rência ao emprego ou não emprego dessa
mal nunca pode falar e mtelig.r, embora possua o instrumento da lingua-
t e r p e t a a b s o l u t ai m ei n t 1e tucli
lo o epie em geral c em qualquer temi
gem c também as representações intuitivas: justamente porque as palavras
m i n o u r a c i o n a l e não racional.* \ * /"Y^ «ndicam aquela classe de representações inteiramente peculiar, cujo corre-
lato subjetivo é a razão, não possuindo, assim, nenhum sentido e referen-
d a para os animais. D e s s e modo, a Linguagem, c o m o qualquer outro f e n ô -
, _ r .,An rs n i i p diferencia o h o m e m do

meno que creditamos á razão e c o m o tudo o que cuiciu


,„:. i , i - ! Anira e simples fonte: os conceitos,
O s conceitos formam uma classe particular de repre ^
4, s r é u * - 10
animal, pode ser explicitada por esta única e simpic
trada apenas no espírito do h o m e m , e diferente í o f o ^ " " ^ pinai * 1 5 1
//,. , ,ic n í n individuais, não intuitivas n o
148 //
ções intuitivas consideradas até agora. N ã o p o d e m o s , po - e 0 tC // representações abstratas e universais, nao íncm
"VA »
* m p o e n o espaço. Apenas em casos particulares passamos dos conceitos
c;ançar um c o n h e c i m e n t o evidente de sua essência, mas tao
147
* intuição, f o r m a n d o fantasmas c o m o intuitivos REPRESENTANTES DOS
conhecimento// abstrato e discursivo. Seria, pois, absurdo e . . - ^
CONCEITOS, aos quais, todavia, nunca são adequados. Isto mereceu abor-
fossem comprovados pela experiência - na medida em que esta e c
d e m e s p e c a i n o meu ensaio sobre o princípio de razão, § 2 8 , pelo que
endida c o m o o mundo externo real, que j u s t a m e n t e é representa?' 1
J
« * dispenso aqui de repetição. C o m o que foi ali dito compare-se o que
tiva - ou devessem ser trazidos perante os o l h o s , ou perante a a5
d e v e r a m H u m e n o décimo segundo dos seus Pbilosophical essays, p , 2 4 1 , e
c o m o os objetos mtuíveis. O s c o n c e i t o s permitem apenas pensar, n
Herder em sua Metacríúca (de resto um livro r u i m ) , parte 1, p . 2 7 4 (a Idéia
ttur, e tão-somente os efeitos que o' h" o m
n ue m iproduz
. por eles sao 0 j
a t ô n i c a , possível pela união de fantasia e razão, constituíra o tema p r m -
d aexperiência propriamente dita. É ' ' ^ í '' " g u a g e«n i , d a a ç ã o p i
da e x p e r i ê
C , N o , : m
; CI
P aill d
doo terceiro n u —
terceiro livro ,
d o presente e s c r i t o ).. j i u h — -
la e refletida, da ciência e de tudo o que delas r
E m b o r a , pois, os conceitos sejam desde o fundamento
, c a m ^ diferentes das
relação neces-
8 o basti > ^nif ' < ~ c o m o ob,*<
n u m a

- . . m a reí " " " ^ r e s -


r a f e X t e r n a
e s t a

representações intuitivas, ainda assim ^ segumte, p o r c o n


ra
P'dez e n ^ ^ d o 0 U ( l ' n 5
° é
" " t r a coisa senão um tel*
sana com estas, sem as quais nada seriai , , n C C C S S a r i a m e n t e co-
mo são • a n C e S
— • Q u e. lsignuicam,
" T p o i c i u , o*.«*-- ™ - m
n U , n , V a
. g ro ^
S Í n a Í S a r í t ó s

eonstitu, toda a sua essência e existência . ^ ^ ^ i n U U t , 0

' ' P°«-ém,


interpretados? Por acaso, quando alguémsemelhantes sinais?in O
tala, traduZ*
, C , , n

, ^. - —t , j pia, embora de tipo inteiramente espec . , n t c h c t e r o ê n e o . Por


g

discurso instantané;
eamente em imagens da fantasia, que voa ^_ primariamente figurado num e s t o t
° , f i ^ m a n e i r a bastante apropriada
~a com rapidez relâmpago, encadeadas, tia
mentam diante cie nós c •sso os conceitos podem ser ^ m m a d o ^ ^ a
e matizadas de acordo com a torrente d:as palavras e suas flexões
p o s s u i c s t S

t ...,-uc- •a a
i . r a durante
l1
representações de representações, ü p r ^ ,. c g c u m a classe de
cais? Qiue tumulto, então em nossa cabeç
nao ocorreria em nossa caDcça ^ a
uma fi ug ra p r ó p r i a ; e. assim c o m o a figM»? ^ g e s s ê n c i a completa
ção
Sã de um c iscurso ou a eitura de um livro! M a s de m o d o a l g
... a de um b\. p/acl
u

, ...dr/.ad°. representações também sempre cons ^ ^ , o


dessa f<orma. O sentido do discurso é imediatamente intelee
g i s s o j á v i m o S

tua ^, 1 ^
dela, na medida em que são representaçc, , ^ ^^ , a b s o l u t a m C nte
>ido e determinado de maneira precisa, sem que, via de í c g • 1

tempo é absolutamente s u C e S S 5
\ J e
u t a m C n t e causalidade e nada mais; -
imiscuam. E a razão que fala para a razão, sem sair de seu
situação e nada mais, a matéria e a ^s

Compare-se com este capítulo os § 2 6 e 2 7 da s e g u n d a eaiçi° do ensai°


p r i n c í p i o de razão.
O mundo como vontade c como representação

N ã o é uma característica essencial do conceito, c o m o muitas vezes se

> V
Arthur Schopcnhauer
e Y
diz, que ele abranja m u i t o em si, ou seja, que muitas outras representações
assim também a aiüsCSjT , -dota
• * dos c o n c e i t o s , ou da classe diz, que ele abranja m u i t o em si, ou seja,
csscnua Lümp 1
» '-.d-irnn d o fundamento
— svin^ii^,i cieis c u n é e n o s , n u intuitivas, ou mesmo abstratas estejam para ele na relação do fundamento
sentações abstratas - j V ^ V í s e d' 'mo
s, reside exclusivamente na relação que o p ' ' " 1L
de c o n h e c i m e n t o , isto é, sejam pensadas por ele. Eis aí uma sua caracterís-
tazão exprime nelas, vjra, c o m o tal relação
's- Ora, c o m o tal relação é a do f u n d a m e n t o de c ira' tica secundária e derivada, que, embora exista sempre potencialmente, não
nitcit'
mento, segue-se que a representação abstraia possui sua esse
•ie a representação abstrata oossui sua essência, ' e é scf cem de se dar sempre, e provém de o conceito ser representação de uma re-
r , ™ » ™ «":'. ™ f«'«suo
i a ç ã o com
com uma outra representação
represem q L1
1

presentação, isto é, possuir sua essência inteira e exclusivamente em sua


a n d a m e n t o de
" conhecimento.
^ " " e c i m e n t o . Esta
hsta última
última pode
pode ser
ser de
de ntvnovo um co** '
V e n c i a a outra representação,
referência representação. wra,
O r a , como ele — não é essa representação
ou r e p r é s e n t a i ,m.. . • ,,m s e ' lie

representação abstrata, que por sua vez também pod mesma, a qual muitas vezes pertence— — a * uma outra classe
„ n i , i outra classe completamente
completamente
i, " . qut- por sua vez tame
J
cie ter .
ínante fundamento
ite fundamento de de cconhecimento;
onherim^r "d. não ao intinito,
; „ f ; „ ™ noispois a sér> ' diferente de representações, // vale dizer, intuitivas, podendo possuir de-
e

mas
1 0

terminações temporais, e s p a ç a i s e em geral muitas outras referências que


fundamentos de conhecimento tem de findar num conce
não são pensadas de m a n e r a alguma no conceito, segue-se que muitas re-
reflpví
a n d a m e n t o no conhecimento mtuitivo. E m verd eito titie tem
I 49 nrAc» - i r . diferentes são pensadas pelo mesm o
reflexão estriba i ,, .
presentações não essencialmente ditei emes r r
tintivo' P O t l | ü c
" 4 . c o
° « u fundamento de d
m „ , i ' j , , ca nnf» esse valer para muitas

t :r
stas 1
conceito, isto é, podem ser nele subsuimdas. b o que esse va l
r ntasses
p«"c / ' das p o « u i — *eso
• coisas não é uma característica essencial do conceito, mas meramente aci-
rep
m e a s í o j
f p i o

^^ir::
Uma re,,,- ' ncj , referencia a outra repte cia '
S S e e
U a m
dental. Pode haver conceitos mediante os quais um único objeto real e
. . . u u d u w naqi ^ - exige, a o fim, uma r e f e r e , , a Pensado. T a i s conceitos, entretanto, são representações abstratas e univer-
uma representação de OUTRA classe. p^ s a e de modo algum particulares e intuitivas. Desse tipo, por exemplo, e o
im £ t j J» determinada, porém conhecida só
Aqueles conceitos que, c o m o especificado, referem-se a conceito que alguém faz de uma cidade determmaaa, j
um i - j ir. ceia aí nensada, o seu c o n c e i t o
to intuitivo não imediatamente, mas pela intermediação a Pela geografia. Embora apenas essa cidade seja ai pensa
outros conceitos, denominaram-se de preferência abstracta, • eoiit'
;íl-' 0,
j • • v , z u r r í s cidades que se diferenci-
t

Podena possivelmente servir para muitas outras ciaa | _


aqueles que possuem seu fundamento imediatamente n o mm ,tu' ' ci
- i r o oossui generalidade nao
;0l i r " apenas em certos aspectos. Logo, um conceito possu g
a i

vo, denominaram-se concreta. N o entanto, esta última d e n o m u s,^ , • i o m n t r á r i o , justamente p o r -


VlS Porque é abstraído de m u i t o s objetos, mas, ao centran , j y
bina muito inapropriadamente com os c o n c e i t o s p o r cia desc
rit*' r • ,-^o rio narricular. e essencial
i rept se que a generalidade, ou seja, a não determinação do pai ,
lit"
que também estes sempre ainda são abstracta e de m o d o algum^ : i a llltl i J , M 7 5 n anenas por isso podem
obscura da dife ' - ^ " ^ S O e s procedem de uma c o
das o c o n c e i t o c o m o representação abstrata da razão, apena t
a
,
ções intuitivas. T a i s denominações procedem cie uma consClí
dignificado referido n o
entanto, ser ^versas coisas ser pensadas mediante um mesmo c o n e c t o .
10 rs - , -arla conceito, justamente porque e re-
D o que foi dito se segue que cada concen j - l i
Pio cr,- • » i , os' c o m
" l oo "relação, virtude, investigas/
1
. • , , , - i s ' i i i i n i t c por isso, nao absolu-
¿oí
pio e t c ; exemplos do último tipo, ou os inapropriadamente C aiii a<- Presentacão abstrata e não intuitiva e, precisamente f
,. d e n o m i n a uma circunferencia
concreta, são os conceitos de "homem, pedra, cavalo" e t c . S e não dsse 1
emente determinada, possui aquilo que sf denomina um
comparação muito figurada e brincalhona, p o d e r - s e - i a de mane ira umiit • . onenas um único o b j e t o real que
fl
M

os esfera, m e s m o no caso em que exista apeias


0 U
> I
acertada denominar os últimos conceitos o andar térreo C os pt i me iros li i • . . - v i m o s une a esfera de um concei-
l h e
corresponde. Freqüentemente observamos que
andares superiores do edifício da reflexão.* . r>..,c At- outros conceitos, ou seja, que
U )
tem algo em c o m u m com as esferas d£ o u t r o !
m i e é nensada nos o u t r o s , e vice-
* C £ 5
e 6 do n parte é nele pensado a mesma coisa que e pí
8
s e g u n d o t o m o c ,
9

— • j;f»rer«re«: cada u m , o u pelo m e n o s um

4 ' - s a . Todavia, se forem conceitos d.lei entes, cicia \


Vc
Ö V 0 n ^ e con, represent

da outra:
„ cada uma, patte
' sferas encerram, eau
4) D u a s esi
Arthur Schopenhauer

o seu "T;" 0
° "° ° ÜUtl n5
Tal ó a relação d o sujeito
//

de tai 7 R e c o n , l e c c r e s s ; 1
''elação se chama J U L G A R . A e x p o s e
co fel' F * m C Í 0 d C f Í g U l
' a S C S
P a c Í a i S 6
sobremaneira um pensaren , erceira;masnãoapreencbem:
t

- - t m pruneuo lugar, este pensamento foi tido por G o t t f r i e d P f o *


feras estão contiidas numa t c ^
auadrados. Lambert, 5) D u as es
H « « , e se serva, cie quadrados.
q U Lamber dépens dele, ainda se s e r v i u *
.redimen^ 0

. IT P - P ° s t a s . Euler foi quem primeiro leven, o prece


S U e i
-ssa
°
1 t e r m
- l o s . E m que se b a s c a , em última L a n c i a , e
U S a n d o C Í l

// figuras espaciais-
1 51 analogia exata das relações dos conceitos e suas
V i l O ¿.

uma questão que não sei responder.


-*r. Para a lógica, c o n t u d o , é uma e i r e u
feras não se c o -
eitos cu) as es
* " * * » « A . » . c U c ô cpossam
s dc c o nser
c i texpostas
o . , a r f »U — * cone bora freqüen-
gundo a sua possibilidade, ou seja, a priori,, p 1 - m r a todos os terceiro em
E s t e ú l t i m o caso vaie j. « p r e li m s e m

mente por essas figuras, da seguinte maneira: »«re visto que 1 s c

xei»'
Por municam imediatamente, -emetidas a t a i s casos,
e

1) As esferas de dois conceitos são completamente iguais


de um
fufl da- temente m u i t o extenso, os ene ^
eitos \
, conversão, con- s
a

pio, os conceitos de necessidade c de conseqüência a partll ões de cone com sua


- de Bi " 51 1 T o d a s as combinações D o mes-
mento suficiente. D a mesma formai os conceitos de Riiiiii'" "'" 1 1 d a a t e o r i a d o s j ^ ^ fig-ura
• de san& podendo-se daí deduzir toera ^ * ^ ^ _ a p r e

(ruminantes e b i s s u l c o s j . T a m b é m os de vertebrados e animais ^ ). traposição, reciprocidade, disjunç- ^^ ^


c 0 S
a i s
da forma h i p o t é t i c a *
emente (embora aqui se pudesse objetar algo por causa dos an t^i mo m o d o a s p r o p r i e d a d e s d o s ju ZO , - ã o u»

^ ,deecadada mo
c C (

Trata-se de conceitos intercambiáveis, expostos por um unlC c a t e g L * do entendimento, com « J cjufaos pro-
significar tanto um quanto o outro conceito. qual é a combinação não
roaÍS
tarPente,bemcomo
vinda se

*?™ \_
orvo i ,. àxC rraw-T" d - categ°tia J s

1) A esfera de um conceito encerra n o todo a esfera de o u t r o c


dalidade (da qual o n fomento ^ fato de p o - 0

t ã o no binaç
exemplo. »
c S
i « ' 5 C O m
; ; ; a O O t
priedade dos juízos que . g o S S radiveß».P ¿ o

pode observar sobre as mención ^ ^ ^ ^ contém no to


das entr esfera, que
e r c e u a , e que
a

derem também ser com SC um a t

contida no todo por uma i de


quarta figura com a segu
novo ' - • • i m e i r a f i g u r a , o u s e j a , a s í n t e s e cie
ou em parte uma outra, e L, orime
c 1

risiYio da D do n o toed o o u em p a r -
esta combinação expõe o ° ^ " ^ c e i t o c<
s l l

ao
c o n

3) U m a esfera encerra duas ou , por suai vez v e z contém


conter o
ais esferas que se excluem e, conhece que
e

juízos pela qual se rec


mo tempo, preenchem a esfera: bém contid terceiro, qu*ccu) Y
u j a e x p o s i ç ã o pictótl-
te em o u t r o está tam i i « o . ^ ^ ' - que não es- £
o m i M d a s

contrário combin
primeiro; ou t a m b é m o , t , t e m o u - f S - : „ a n i a maes : r s S c a S !

c
a só
a s ó pode
p o d e naturalmente
n a t u r a l m e n t e ccons
u. n < J 0 , i u U t as

tao
Cão encerradas
encerradas n n i a tercei
n tui m '
Ql

9Q_
f f í 0 m o ri'pm«««í< !0

VO^ .\0 O munáo c o m o v a


CS ,i do procedimento
da razão expresso

X N ^ rSV" ÓC
contrario
EU c o saber geral do f ^
.observação
^ ^
r
, abstração
p
o r

1 *
monte od
con l à razão,
forma btido pela auto t
e essenci
a
a u t r

»cessano

53 maneira, nasce uma longa cadeia de // silogismos. - Semelhante ^


- tó\ „ ..-.XsöS^
^ j ,
n
de qualquer c
: tido. Tal proce nto em que K
abandonada a

cada caso
algum se desviará dele no mome
cismo dos conceitos, já relativamente bem abordado em m u i t o s m< ^
que em caso do é mais fácil c
manto pa>' u

pode servir de fundamento tanto para a teoria cios juízos l ' c u , , , v


~ ' f> si mesma. N e s s e sentid f i aura de uma lei
imundo a sua essência, em vez
c

3 ensinamento destes se torna bastante cv ^ ^


a silogística. C o m o epie o ensinamento c particular, proceder segundo a - y ^ p e d i m e n t o n rodas as outras
abstraído desse pi hora em tocias
cil, pois todas as suas regrcas são vistas, deduzidas e explicitadas a P ' regr tela o saber p r i m e n ^ au. norque, ecm
..--
l f
estigação do
essas '
¿

origem. Porém, não é necessário carregar a m e m ó r i a c o m c m» 8 ,opi


porque a lógica nunca pode ter para a lilosoiia uma utilidade prat ciências a regra geral t s t e j e 1 ^ ^ , z. róximo d a a

\Ji* 1 ' -• está p a r ><mO,i »erimaisp lu

apenas teórica. De lato, embora se possa dizer cpie a lógica c . - ^ c o o s c u l a r c o r n a d o » . «*•


M ^ d a d o semp« « ¡< é a

pensamento racional como o baixo tundamcntal para a musica, c, 1


j cessário d
cedimento necessário au ¡¡,^ .. a num l de um ü t U L

éncia
c >

s a regra geral daí abstraída, porque u


em termos menos precisos, que a ética está para a virtude c o m o a de nós do que a reg>" & sentar um
rtistav* 0 uro porque c muito mais fácil a ocorre
para a arte, tem-se de notar, em contrapartida, que nunca um a ^ ^ ¿ 0 razão mesma. M a i s seg í
bstrato ou em seu emprego do que se apre
sê-lo pelo estudo da estética, muito menos um caráter nobre p L
^ erro num tal saber a caso

da ética; que, muito antes cie Rameau, já se compunha musica CO . ^gji- proced' e a regra

lamente; e, ainda, que não é preciso cconscientizar-se do baixo fun


a
vem o m
seguinte
e n t o datato
a i
razão que contradiga sua essência e natureza. Daí pro-
tal para notar as desarmonias;5; cia
da mesma
m forma, não se precisa S nrOV! rluiu outra
raro: enquanto nas outras ciências a verdade
particular c o m do c
A > cr c o
<• -
1

para evitar ser enganado


ido por
por falsas conclusões.
conci Todavia, tem <- vl i-a° tem sempre de ser compi n u m
^°P
' a r c comprovada pela regra, na lógica se dá o.M-ro
C k u
regra e não na
contrário
na i e
a u
n a

dido que o baixo tundamcntal, embora não seja de grande utiH a


^éflÊ tiente d o s l ó g i c o s , se trovada
o b pelo
» ^caso ^particular.
t e s um Também a expe-
o mais lógica a n d

julgamento de uma composição musical, o é para o seu exercício- coisa do que a regra assertava, \ i r r
f a z C ¿ e t e _
bota cm g Cita P °
1 r t l
• j ' rível esforço, a y
a estética, e mesmo a ética, pode ter utilidade na prática, eiW
l
conclusão efetivamente feita \ ^ ^ dizivei ^ ^ .
se
in S e

ibém * lo ender deduz"


_M-etenci' •-„lar c o m g> -
muito menor e em geral apenas negativamente; p o r t a n t o , tam" „. sena o m e s m o que p ovimen-
cemos
lhes deve negar todo valor prático. M a s â lógica nada disso pode sc 1 ^ 1)(
gras gerais, aquilo que confie ; a Bns
io,
cil cie pois ela é meramente o saber iii abstracto daquilo que cada um , o u e í e , consultar n * e » ^ Q u £ f f l ^ ^ j s u a
r i a
con 1 0

concreto, ot dar c u
L o g o , t ã o p o u c o q u a n t o se p r e c i s a dela p a r a n ã o c o n e t 0 ; i
- ou ' fi^'r " f . " . lta o — : '
t
n
: ; : l J c s e . conservad»,
a c i c i a j-Mi 'i 1
'"^ L.yi a

p o u c o se r e c o r r e à aiud s a s
semeiha- a ^eequeccu. ranização e
iuda de suas regras p
,let *
• i
a S e M
a

um raciocínio correto, e até o mais erudito d o s l ó g i c o s a põe comi asa, a 1 1

mente de lado em seus pensamentos reais. O que foi dito se e X p ' ' 1 L
^ ' 5
5
' P « de ser sem utilidade prática, a lógica tem ac
e s

«2 Possui interesse filosófico como saber especial da // org


se segue. Cada ciência consiste num sistema de verdades gerais, p q valor
o 1 L
açã a seu
azão. P o r ser disciplina autônoma, acabada e perfeita, a subsistir
guinte abstratas: leis e regras em referência a alguma classe de objeto '
8

por si, em si c o n t ida,


c é legítimo tratá-la cientificamente e independente de
icte r l 1

rudo on *mais,
a i s , ppco.r t a n t o ensiná-la nas universidades. Mas quanto a s<_u .
caso particular que depois se acrescenta a essas leis é, a cada vez, o to <
> 0

proprio, ela o t ecebe de sua conexão com roda a tilosoiia na consideraçac


nado em conformidade com aquele saber geral, que vale sempre, v*
ir ^ d° onheeimento, e em verdade do conhecimento
q c racional
...... ou abstrato.

opreemprego do deuniversal é infinitamente mais este


fácil ocorre.
do que//
investlg f o r m i d a d e com isso, sua apresentação
Con
não deveria ter tanto a
1 54 o começo cada caso particular quando Em Q

vetd^'
: o n h c c i m c n t o abstrato e geral, uma vez. adquirid á mai s à *
quirido, sempre est ,st< r 93
do ae
que a investigação empírica do caso particular. C o m a Log«
vontade e como representação

AP
0 mundo como
a dialética
ou um
Arthur Schopenhauer em v ist a s do que « P " " " ••"> se D

em rm^sp r o c ada partido disputante


v \ * * ñ t í f i c a . A primeira c o » ^ - - - príncipe, — ci -
go prático, não dev ria c o m e r met o, ao
ma de uma ciencia dingnetda a al s enreciona-
r anu- tinha de estar semp
regras secas para a reta conversão, silogismos e t c , ma. procec
uma Jen«. u
dos os p o n t o s pendentes J -.' ~ *P - fc Uta
° Ln oc iipn s assim « ™ K S
'
o S p n

da pa mecimento da essência da razão e dos c o n c e i t o s e para


co consistia em enunciar i o r W m c o n c e r ^
consideração detain da do princípio de razão de conhecer. Pois a lógtÇ
de o colocar acima da investigação. l . ¥ § e e t c e b e u qu
meramente uma paráfrase deste, e, propriamente, apenas para o caso
l da investigação- U e p ^ ^ zir
te, apenas ao materi da
r i a d e d u

fundamento que fornece a verdade aos juízos não ser empírico ou metafí-
maneira de retornar á ver
oaoe^ C C
°tis S e
sobreasqo^^ S I t

:o, mas lógico ou metalógico. j u n t o com o princípio de razão de conhe- isso t i -


guia certas däncia. Observou-se que
¡lamentáis do p e n s a * ^ mações a partir dela seg elemento for-
cer devem-se mencionar as três restantes leis func havia concor
das a e l e ^ ausência de acordo prévio «,*3o mesma, o
j juízos de verdade metalógica, tão intimamente aparentaa;
to ou n o e essenci ' ^ ^ i d ' a e desacordo, aigu- l

nha de ser o processo próp houvesse


D , S C 0 n
l , n a a C é c n i c a
ateira da razão. A essência d o pensamento pro- nao ensamento de que
mal da investigação. E m b o r a aqui
edantismo ,re da dialética m e t ó -
1 " - n e n t e dito, ou seja, do j u í z o e do silogismo, pode ser exposta a p t f *
ma cabeça sistemática propensaJ^ ^ belo arremate d a ^ _ e c o n f o r

da ligação das esferas de conceitos, c o n f orme


or a maneiira d o esquema espa- edimento
ciai anteriormente mencionada e, disso tudo, podem-se cieduzu \
• nor ceons- esse proce d i m e n t o ^J^^LjXZ,
formal de toda adi
P
P r o C C a , l ,

^
^"~
cipi<»
ratos,
o s abstra
^ p r i n
c í p i

ítico que dica, se essa parte fosse exp Assentes


trução as regras do ajuizamento e do silogismo. O único uso \
lei da razão c o n s i g o mesma
de uma d i s p u " ° 'áo
a

se pode fazer da lógica é demonstrar ao adversário P ° o s acima da investigação, precisamente como as proposições
n t c in-
s t

apenas suas conclusões efetivamente falsas, mas também as taissame c c r n , d o à parte material da investigação que faziam o papel de // c â -
C O n
n

da Io- Ï57
nto a mesma, ao qual sempre se teria novamente de o b -
tentadas, chamand o-as pelo seu nome técnico. Esse distancíame
to da a none fixo da disputa J ~ . c i maneira, se queria reconhecer
dessa
gica em relação ao uso prático e a acentuação de sua conexão C o m l o que até então
servar e referir. N a medida em qu . J ^ ^ n t e aqui
estrmgir o seu connecim
filosofia, como capítulo desta, não deveria restri '•"••üntiva, foram-se d e s -
conscientemente como lei e e x p - i r a ms r i n C

mais d o que e agora. Pois hoje em dia quem não quiser permain « seguia tacitamente ou sc praticava d, perfeitas, como o pnn
nos principais assuntos, e ser computado na massa obtusa imersa, na cobrindo gradualmente expressões ma. « » ^ o to»
voíce, tem de estudar filosofia especulativa.
especulativa. O n o s s o século XIX e dpio de contradição, de r a » o d , silogística, como, por
loso Ba
156 cu o filosófico, o que não significa que ele tenha // filosofia OU at) * Mmf „ „„(/„- bem como as regras espe , r l l - „ J «*>«,
-ntep'
seja dominante nele, mas antes que está maduro para ela e, exata
for' 1111
exemplo, « P « ^ » ' ^ , isso ^ " ^ e r f e i t a s , pode-se. em
isso, sente a sua necessidade. T e m - s e aí um sinal de uma eleva ^ n d o

«on valet consequentia etc.


ção, até mesmo um p o n t o fixo na escala da cultura dos tempo- ^
les as coisas dades lógicas sao
mosamente, e antes de A r i s t o * * — ^ ^ c o m q u C
vera
Por menos uso prático que a lógica possua, n ã o se deve neg d 0 ,
n
Parte, n o t á - l o na maneira prolixa e
inventada
j
para i-
n ' práticos.
ms
n t •
Explico assim o seu n a s c i m e n t o ,
- ri. • Miro. Q L U

taal para cada um em particular, e


cu a b é m

entre os eleatas, megáricos e sofistas, o prazer pela disput a crest


pi-oecc-
ponto de quase chegar á mama, eles sentiram a necessidade de u m 1 am 21 O princípio de que o quevale P ^ ^ 0 vale P i n c l u s ã o a r a
do conse
al cai o que não vale para nenhum nada se segu
dimento metódici ç o para servir de guia em meio a con fusão na q « ratrvas
2 2 " D e premissas particulares o u * ^ T.)
quente ao iundamenio t m

Cf. os cap. 9 e 10 do segundo como.


95
8 cgr Poderoso d o s agentes d o mundo ou sob o conceito de não-racional, e este,

Arthur Scboptnhauer
la, n o rei,"- &
muitos q u u o g o s p u w » ^ » . Pnovadamente
° r sua vez, s oesseb o c oprocedimento
n c e i t o de impotência, fraqueza. Pode-se empregar re-
E m r - n r r esse procedimento em cada um dos conceitos ao qual c o n -
razidas a lume em muitos
sobre asdiálogos platônicos
controvérsias e, mclhoi ame
dos megáticos ac ' pa-' ^ duz o discurso. Quase sempi
1

T e a esfera de um conceito é cortada por diver-


liam p¡
facei pies leis lomeas c o tipo de esforço que despene . ^ ^ s, cada uma das qual Dessas tu d o d o m í n i o da
sas outras «nrerrando em si parte
L. 8, p. 1 2 2 e s s . ) . A r i s t ó t e l e s , - primeira, até m e s m o abrangendo multo D M » - - i r o ccon-
zê-las a lume (Sext. Emp., Adv. Matb álrimas esferas, on- Q p r i m C

/ \ V / r
i , rrou* - n
1

tanto, reuniu, ordenou, corrigiu o que foi antes e n c o n t r a d o e ^ tudo, ilumina-se apenas aquela na qua se <F ^ S o b r e c s s c artifício se
x r f e i ç ã o . Observando-se eeito, deixando as demais inobservadas f i s m a s mais
um nível incomparavelmente superior ae y £ t o J o s Q S s o

maneira como o curso da cultura grega preparou e permitiu qu baseiam propriamente todas as artes e e p ^ V( ./ ,is, cornutus
(1í
21
e t c , são
linados a * \ í C

bom termo o trabalho de Aristóteles, estaremos p o u c o me sutis, pois os sofismas lógicos, c o m o o " ^ " ^ ' e u ninguém an-
afl te

demasiado grosseiros para o emprego rea . ^ ^ esse funda-


ditar na afirmação de escritores persas, que J O N hiSS n o s relata
o e r s u a s ã o a

mo za da sot.stie
prejudicado por ela), a saber, que Kallistenes encontrara eentre os v.4« tes remeteu a naturez ompi
ibilidade, nem o e i m e n t o da razão. :

uma lógica acabada e a enviou ao seu tio Aristóteles (AsidtiC u


^ ito mento último de sua possi ,do de con
aria de
t • , • . icro é conforme o , t fini| g o s

p . 1 6 3 ) . - É fácil entender por que na triste Idade Media, p a r


^pti' própria dos conceitos, isto c, , ^ ,- du/iu a
ha exposição concit. nn

escolástico, enredado em fórmulas e palavras, zeloso na man reid ' 1 1


Em função disso, e como •mu c> \ - Ac oareca, por meio do diagrama ane-
tx
p l i c i t a r o tema, por mais iacil que ele paieea, L . . . ; T N M

tas devido á falta de todo conhecimento real, a lógica de A i i s t o t


c jja- ta II por mais -«feras conceituais se cortam iceipro-

sido muito bem-vinda. E fácil entender por que tal lógica, m :\0 »59 *°> // que procura mostrar c o m o as estei as
r
t se eleva-
1 1
• , „ - « arbitrariamente a e um
da em sua forma arábica, foi ardorosamente adotada e logo - ^ U C
^ n t e de maneira variada, e permitem passarmos ar bit
c a
pequen.
centro do saber. Apesar de a sua autoridade ter declinado des <- ^ ^ e
c
. . i r a . M a s espero que;ssa
° n c e i t o a o u t r o na direção que se -quem ninguém seja
a d u z i d o pelo diagrama a atribuir maior importância a c •""'"•na e
se conservou, todavia, até agora com o seu crédito de ciência a ^ Çp
ilosoi
rA cQ

i o r j . r ovno exemple) nusii a


1 58 prática, extremamente necessária. M e s m o em n o s s o s dias a /
ca, ^ ? c í P ^ v i s ó r i a exphcitacão d o que ela de fato pode te •, Ci o m .la
o pessoa que p<~ }

kantiana, que em sua pedra de toque provém em verdade da l ó g tlVo escolhi o c o n c e i t o a e » u - , d a peu 1
da
l C

nto ' de VIAGEM. S u a esfera corta o d o m í n i o d i . q u a t r o


sa

tou novo interesse por ela. D e fato, c o m o meio para o conheci- outras, cada uma das quais po,dendo ser atrav^
essência da razão, a lógica merece semelhante interesse. r igot ' 0 ela bem entenda, .«feras por seu turno, cortam outras
. duas ecomosefosseoun,
S>e
r : as conclusões corretas e exatas só se fazem pela observa
rvânciá' i U a d e C O m
° "»«»r
e k ! t

. dtaneamente
a esfer;-
leras, as vezes simu eu c a : : , ! „ „ , peias ,uais a pessoa <,u
m i n o , senq C

sa dï3 relação das esteras conceituais e só quando uma e...


îstera e: :sni? c l
Persuade escolhe arbitrariamente s
r a direção
fim, chega ao , mante
mente contida numa outra, e esta, por sua vez, por c o m p l e t o n —>a t e
1 r e

da ? co possível, até que, po. — outr a p o r t a s e . n - ^ V U m a

ra, e assim e que se reconhece que também a prime ira está c o n * ia-* 6 " t e n ç ã o . Para ir de uma estera , sem
a n o base
n l c n a

completo na terceira; ¡á a ARTE DE PERSUASÃO, ao contr—- v


desde o centro , o conceitor po rui pn ac e
s M
do J l ^
s C
d U
; ^^7 o l a d o
ou a est,
fraco doit»1
ouvinte,
deracão superficial das
numa consideração d a * relações d a c ,.«feras
r o l a r l e das esferas de conCí ' \ tal sofísi
Q
tistica pode trazei a loiq & ^¿ e S C O n f i e sei o i a «
sobr -' 1 111

minando-as de maneira parcial segundo as próprias inter silogística, de acordo com o que -
o n t r a apen> eít> s

porque, quando a esfera do c o n c e i t o c o n s i d e r a d o se ene


la* Eubulides). 'M-' '-'1

parte numa esteta e em parte numa terceira c o m p l e t a m e n t e difere ^ ^ do m é g a l o


f termos
inteiro na •
declarada contida por inteiro na primeira esfera, ou por 50- *3 " O mentiroso, ei velado, o chifrud'
•ti*
la de P
da, c o n f o r m e o que se intenta. P o r e x e m p l o , q u a n d o se taW ^ ais U l 1

97
llOl'.
pode-se de b o m grado subsumi-la sob o c o n c e i t o de força m

yd>_
N o fund o, a maioria das de A razão é de natureza feminina, só pode dar depois de ter recebido,
monstrações científicas e, em especial, das fr-
e n d o n a d a a si mesma possui apenas as formas destituídas de conteúdo
losóficas, é desse gênero. D o contrai
io, como seria possível que tantas coi-
b , « mesma possu. apen c p e t f e i t o só h:
16o C O l T i • .1 .. , o ncrffitO so ha OS CIOS
sas, em diferentes épocas, tivessem sido não apenas tomadas errônea»" 0
^ que opera. // Conhecimento rac o P p o r t ; m t o , s u f
prm-
(pois o erro mesmo possui uma origem diferente) mas demonstra ^ ^ quatro princípio» aos quais atrtbul ' « ^ „ d u , d o e de razão sufi-
comprovadas, para mais tarde ser reconhecidas c o m o fundamenta ^ cípios de identidade, de contradição, do ter ^ ^ j 4 „ í 0 É m a , s co-
falsas, como, por exemplo, a filosofia de Leibniz e W o l f f , a astronomi ciente do conhecer. Pois até mesmo o te p t M s u p 5 e «lacoesc

rr etC-* nhecimento racional perfeitamente pu •V ^ t a l , todavia, só exts-


Ptolomeu, a química de Stahl, a teoria das cores de N e w t o n etc. co„,b,nacòes da esferas conceitua*, t o nc S ^ ^ às qua.s se
« m depo,s das representações i n t u . t . v a P „ upoe. P «
Bonum zuBandl.58Soía
s

constitui roda a essência deles que, por cons g ^ ^ a o cone "


outro lado. na medida em que essa p r e s ^ ^ g c , , , , ma coscenc.
1 u

Mo determinado dos conceitos, mas 5 0


p a s s a r por orna c i e
dele, a lógica pode, sim. tomada adquire o seu comendo
Malum
pura da t L o E m rodas as d e m a , ^ P
t e f f l a t i c a , a P««< f ^
a partir das representações intumvas. N ^ i t qualqnere^
^ c o e U c . „ conhecida, m< « „ u f sabemos
JWW"
nencia. Na ciência pura da nature», .. o conteúdo da
Á
ouso da natureza antes de ^'^^'f^^
Provém do e n t e n d i m e n t o puro, ou , • a o ç 0 e üo t
causalidade, sua ligado com as * ^ fom es menemn
<Wis ciências, tudo aquilo que nao „ t d e t e r m » a d o s ,t
Pertence i experiência. SABER em geral srçm
s .

r í-
feos M K S

P
° * *> P^Pri" e»ptó°
r
re
- c c r exterior a si mes- P T; r0d
k

*» »W ripo de andamento suficente d con^ ^


« o í . * > VERDADEIROS. Umcamenteo con
Pois,é„- - f condicionado p e
não
U m !

Podemos p r o p i lame •ntc dizer que


l b
" ' ^ r°" - mm
ÍCmd
^Z
algo. embota possua,,, e o -
Media b e m dispõem de recordação e até
^ o isso, cada vez se
l a n t e se
impõe mais a q u e s t ã o de c o m 0
m c n t o intuitivo para o qual tam
alcança a CERTEZA, Atribuímos aos ani-
c l

° m o se FUNDAMENTAM OS
seiam o saber e a c i ê n c i a *
c
se'
em que se Juízos, nies * fantasia, comprovadas por s e u s sonhos. —
coin-
mai
lue, j u m o com a linguagem e a ação d e l i b e r a ^consciência, conceito este ,ue, embora
constituem o terceiro ã o importa seu tipo. his por que
g « n d e privilégio conferido ao h o m e m pela r a * * ' cide r a l n
0
coiii o de representação em gel

termo ciência, saber: c o n s -


a também carrega
2 4 Min Üi i l c l l ã ^ S C g U n d 0 t 0 m
°- 1
Pcrttigucs o l e n n o eonsciênci
saber, WlSSM
-
IT^U^?" ' ° °
> cj>Ld erriDutiao na n-,i,
1 8 d c
P a l a v r a s

•» .
e n
« = WISSEN e I T M / : W T . 7 / ^ ' P ° "
T ~ ncia. fN. T.)
Clê

P a i a v r a
ciencia, üVsvkw //,!/;. (N. T.)
99

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