e como representação
Arthur Schopenhauer
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FUNDAÇÃO E D I T O R A DA U N E S P
D iretoi-Prcs ide n te
José Castilho Marques Neto
Edítor-Executkio
Jézio Hernâni Bomfim üutierre
ne.***
Sérgio Vicente Motta
Editores-Assistentes
Anderson Nobara Primeiro T o m o
Denise Katchuian Dognini
Dida Bessana Q u a t r o livros, seguidos de um apêndice
que c o n t é m a crítica da filosofia kantiana
T r a d u ç ã o , Apresentação, N o t a s e Indices
Jair Barboza
7' reimpressão
ÜÑESP
o
© 2 0 0 5 da tradução brasileira Editora U N E S P
D i r e i t o s de publicação reservados à:
Fundação Editora da U N H S P ( F E L ) ; ^O 1
Sumário
Praça da Sé, 1 0 8
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Apresentação . 7
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C I P - Brasil. Catalogação na f o n t e
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, R
fefácio ã primeira edição 19
Livro terceiro
D o m u n d o c o m o representação . 233
Segunda consideração
Edi 1 filiada A representação independente do princípio de razão:
a Idéia platônica: o o b j e t o da arre
GÜEflD
\:...tl.iil'.it de EditorialM UltfveWHariM
Aaaoclaváu Itrasllelni ili
de America U l l n . i y i-l Caribe Editoras Unlverlltáriae
5
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Livro quarto
D o mundo c o m o vontade 35'
0
Segunda consideração
Alcançando o conhecimento de si, afirmação Apresentação
ou negação da Vontade de vida
tf U m livro q u e e m b r i a g a
Apêndice
AO V m
Crítica da filosofia kantiana . 321
N i e t z s c h e relata que seu encontro com O mundo como vontad,c e como re-
presentação, obra máxima de Schopenhauer, se deu ao entrar num antiquá-
rio em Leipzig, ano de I 8 6 5 , e ter sua atenção chamada para o livro ali ex-
p o s t o . C o m p r o u - o e teve a sua vida mudada para sempre. Ao iniciar a
leitura, não mais conseguiu se desapegar das páginas. Sentia-se embriaga-
do com as revelações ali feitas. Encontrara o seu "primeiro e único educa-
d o r " , que tinha escriro aquele livro para ele e lhe falava intimamente numa
linguagem perfeitamente clara. Sua confiança naquela forma de pensa-
m e n t o foi completa.
II
7
Arthur Schopenhauer
O O mundo como vontade e como representação
to, à beira de uma movimentada avenida. Mas a obra não me saía da mente, satisfeito sempre volta ao fim da fila, exigindo nova satisfação, com o qtie
a ponto de não ouvir mais o barulho dos e s c a p a m e n t O f c ' ^ ^ a P a n s i Q S o V a ilusão se renova. Se os desejos são satisfeitos muito rapidamente, sobre-
vêm o tédio; se demoram, sobrevêm a necessidade angustiosa. O primeiro
pelo dia seguinte. F assim, durante quatro dias seguidos de leitura, levei a
é mais c o m u m ás classes sociais ricas; esta última, ás classes sociais p o -
termo a última página da obra. T e m p o s depois compreendi perfeitamente
bres. Paliativos c o m i a tal estado de coisas são sobretudo os narcóticos e
o relato de Nietzsche. Dali em diante havia descoberto não só o f i l ó s o f o
"educador" com quem queria dialogar sobre a filosofia, mas um autor que as viagens cie turista imbos os casos o homem tenta fugir de si mes-
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mo, da própria condição, do seu "maior delito — ter nascido. A razão é
1
que não sabia alemão. Que fazer? Matriculei-me num curso do G o e t h e secundária em relação ao querer cósmico, é um mero m o m e n t o dele, e n i s -
Institut São Paulo. Dessa forme so o f i l ó s o f o revoluciona a tradição, para a qual o querer era um m o m e n -
indo Borges, aprendi alemão com o
intuito de ler no original e de traduzir Schopenhauei ü to do racional, c o m o Descartes exemplarmente indica em suas Meditações
Depois do mestrado e doutorado concluídos, nesse ínterim uma esta- ^ymttafisicas. O m, perde a proteção da faculdade racional, e os
cP
da de três anos na Alemanha (Frankfurt c G õ t t i n g e n ) c o m o bolsista do demônios do mundo são revelados, vê-se nitidamente o inferno do s o f r i -
Deutseher Akademischcr Austciuschciicnst (DAAL))/Sérv'i.ço Alemão de I n t e r c á m - m e n t o e da irrazão, comprovados pelas guerras e violências em seus aspec-
bio Acadêmico, iniciei em 2 0 0 1 a p r e s e n t e v e r s ã o . A g o r a , em 2 0 0 5 , t e n h o t o s mais tenebrosos.
o prazer de oferecer ao público de língua portuguesa uma das obras filo- O pano de fundo da filosofia schopenhaueriana, c o m o se vê, é o pessi-
sóficas mais marcantes do pensamento ocidental, imprescindível para o m i s m o metafísico. Este, e n t r e t a n t o , não impede tuna espécie de o t i m i s m o
vislumbre do horizonte em que se movem as chamadas filosofias do i m - >rático, proporcionado P pela eficiência da sabedoria de vida em nos desviar
de-se incluir a alegria da
de males. O t i m i s m o no qual, em certa medida, pocle-
pulso com sua reflexão sobre o irracional e o inconsciente, bem c o m o a
critica a esse irracional que também passa por uma crítica da razão, esta fruição estética da natureza e da arte, autêntico bálsamo para a existência
que não mais define o homem como uma substância essencialmente pen- fundamentalmente sofredora do ser humano. Foi esse papel conferido
sante. Nesse sentido, desmascara-se o narcisismo racional do h o m e m , pelo autor ao belo, que por instantes nos resgata do s o f r i m e n t o , por c o n -
pois ele não só se vê despido da primazia de unia razão legisladora que o seguinte o lugar da estética em sua filosofia, o que a levou a ser primeiro
conduz a um bom ///os mas também descobre o fundo sem f u n d a m e n t o da recebida e assimilada com entusiasmo por artistas. U m a fortuna receptiva
própria natureza. Um fundo volitivo, insaciável, desejante, sem o b j e t i v o que se deu também no Brasil, c o m o o demonstram os seus dois leitores
final definido, o que torna a existência absurda em sua ânsia de viver e o b - mais f a m o s o s , M a c h a d o de Assis e Augusto dos Anjos, que não apenas o
ter satisfação de desejos. Uma existência que é comparável a u m n e g ó c i o citam n o m i n a l m e n t e em crônicas, poemas, mas também se aproximam vá-
que não cobre os custos do investimento, pois ao fim sobrevêm, c o m o re- rias vezes em suas obras, conscientemente, de sua cosmovisão, num diálo-
compensa aos esforços, a morte. A bancarrota é certa. Para encarecer mais go qtie muitas vezes confunde as fronteiras da literatura com as da l i l o s o -
ainda esse cenário, a Vontade, coisa-em-si dos fenômenos do m u n d o , é lia. Q u e m leti O inundo e Quincas Borba ou Memórias póstumas de Brás Cubas de
uma autodiscórdia, crava os dentes na propria carne, o que se espelha no M a c h a d o de Assis concordará qtie, em muitos m o m e n t o s , há ali um diálo-
mundo diante de nós como a luta de todos contra rodos. " T o d a vida é s o - go rico e o r m m a l da literatura com a filosofia. Q u a n t o a A u g u s t o dos
frimento." E mesmo que os desejos sejam satisfeitos e levem ao alívio do Anjos, há um poema seti intitulado " O meu Nirvana", referência ao nirva-
sofrer, contra cada desejo satisfeito existem dez que não o são; e o desejo na schopenhaueriano da negação da V o n t a d e ocasionado pela intuição da
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O
Arthur Schopenhauer
^ Q O mundo como vontade c como representação
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I I
O mundo como vontade c como representação
Arthur Schopeiihauer
0
dores da condição humana, um no plano econômico, que envolve a luta de
classes, outro no plano metafísico-imanente, que envolve a autodiscórdia N e s s e instante, a negação da V o n t a d e é referida ao nada.
essencial do em-si, a Vontade cega e irracional, que se espelha em luta de
todos contra todos. O s dois diagnosticam o que há de mais real do m u n d o
como um mal radical - que se exprime em luta de classes ou de indivíduos,
na exploração e uso violento do semelhante sob diversas formas - c não
Este primeiro t o m o de O mundo como vontade l como representação se subdi-
estão contentes com ele: elogiam a sua supressão/superação (Aujbebitng ,
vide em quatro livros. D o i s elegem o tema da representação e dois o tema
um pela via da revolução política, que conduziria a um remo da liberda-
da V o n t a d e . Cada livro assume um ponto de vista diferente da considera-
de, outro pela via da supressão da individualidade, a viragem individual,
ção. O primeiro, sobre o mundo da "representação submetida ao princí-
que é a negação da Vontade, liberdade no místico. F aqui entra em cena
pio de razão", aborda os fenômenos da realidade dados no espaço, no tem-
outro aspecto de peso do pensamento de Schopenhaucr: foi o primeiro
po e na causalidade (princípio de razão do devir), tendo-se aí " o o b j e t o da
filósofo do Ocidente a propor uma intersecção visceral entre a filosofia
experiência e da ciência"; examina c o m o se constroem as imagens do mun-
oriental (budismo, pensamento vedanta) e a filosofia ocidental de inspi-
do, as intuições empíricas em nosso entendimento, e qual o papel da nossa
ração platónico-kantiana. Fmbora reivindicasse para si um " p e n s a m e n t o
faculdade de c o n h e c i m e n t o nessa tarefa; é prestado um tributo a episte-
único" e este se tenha desenhado desde a juventude, ainda assim, q u a n d o
mologia kantiana e aos ensinamentos vedantas, no sentido de que o véu de
da elaboração da sua obra máxima, em Dresden, o autor teve c o n t a t o c o m
Maia de nossa mente só permite conhecer fenômenos transitórios, não a
a literatura filosófica oriental em que c exposta a doutrina de que, por trás
coisa-em-si, pois o t e m p o , " f o r m a arquetípica" da linitude, torna tudo
dos acontecimentos, turvados por um véu de Maia, encontra-se a realida-
aquilo que nos aparece, perecível, um rio heraclitiano no qual não pode-
de última e verdadeira das coisas, alheia ao tempo e â mudança. Realidade
m o s entrar duas vezes, pois já somos outros e as águas mudaram. F aí que
essa sem começo e fim, idêntica e inalterável, a tudo animando. Fssa c o n -
se apresenta a angustiante condição humana de ser para a morte, com o
cepção reaparece justamente na noção de V o n t a d e cósmica (e Idéias pla-
n o s s o c o r p o orgânico. Mas c o m o não há males que não trazem um bem,
tônicas, arquétipos eternos e imutáveis da natureza, "atos originários do
tudo isso inspira ao filosofar, e a morre é declarada a musa da filosofia. O
em-si volitivo) una c indivisível, coisa-em-si imperecível da pluralidade
c o r p o animal, " o b j e t o imediato do c o n h e c i m e n t o " , p o n t o de partida para
dos fenômenos ilusórios regidos pelo chamado princípio de razão, forma
a apreensão cognitiva do mundo, é p o s t o no centro da teoria do c o n h e c i -
de conhecimento do entendimento ou cérebro, já radicada neste e que per-
m e n t o . F i s aí um dado importante para a c o n s t r u ç ã o de uma metafísica
mite ao indivíduo conhecer tão-somente as aparências das coisas, não a
imanente p ó s - K a n t e sua crítica aos dogmatismos metafísicos, ocupados
natureza íntima delas, p o r t a n t o o seu véu de Maia p r o p r i a m e n t e d i t o .
com indemonstráveis o b j e t o s transcendentes, além da experiência dos
Quanto ao papel do budismo em seu pensamento, é desempenhado espe-
sentidos ( D e u s , mundo, liberdade, imortalidade da a l m a ) .
cialmente no livro IV de O mundo, ou seja, na metafísica da ética, qtie trata
vO O mundo como vontade e com o rep resentaçao
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Arthur Schopenha
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Arthur Schopenhai*?*^^^
Seja pela teoria do conhecimento, metafísica da natureza, metafísica terceiro prefácio de O mundo), um ano antes de morrer ( 2 1 de setembro
do belo ou metafísica da ética, o autor pretende sempre ter â mão tuna de l 8 6 0 ) . Seguindo também a vontade dele, as palavras destacadas no
porta de entrada ao conteúdo de seu "pensamento único". U m a parte se t e x t o vão em VHRSALHTH, em vez de itálico c o m o é usual hoje em dia.
refere à outra c é por ela pressuposta. Apresenta uma " c o e s ã o o r g â n i c a " , N e s t e sentido, consultamos a edição de Ludger Lütkehatis (que acompa-
isto é, "uma tal em que cada parte tanto conserva o t o d o q u a n t o é por ele nha no principal a de DeussenJ por Haffmans Verlag, Ziirich: 1 9 8 8 , Bd.
conservada, nenhuma é a primeira ou a última, o todo ganha em clareza 1, que também serviu de apoio, mediante o seti Bcibuch, para as versões das
mediante cada parte, e a menor parte não pode ser plenamente c o m p r e e 5 f t - ( passagens em grego e latim. As minhas notas, em algarismos arábicos, são
dida sem que o todo já o tenha sido previamente" (prefácio á primeira edi- indicadas por ( N . T . ) , para diferenciá-las das notas de Schopenhauer indi-
ção). A prosa clara e bem ritmada (repetições) do f i l ó s o f o até nos p e r m i t e cadas com asterisco, em conformidade com o original.
começar a leitura de sua obra por qualquer um dos seus qtiatro livros, mas,
didaticamente, convém seguir a ordem por ele escolhida Nesta primeira versão esmerei-me para ser fiel a letra e ao espírito do
t e x t o , respeitando ao mesmo tempo o ritmo e a sonoridade da língua p o r -
tuguesa, tão diferentes da alemã. O ofício de traduzir textos filosóficos,
ainda mais um clássico, é inglório: os justos méritos são todos do autor do
texto e as críticas são todas para o tradutor: mas uma tradução errada pode
O leitor tem aqui a primeira versão integral - com três prefácios, cor- comprometer toda a recepção de uma lilosolia em língua estrangeira, o
pus da obra e a crítica da filosofia kantiana - diretamente da língua alemã que me consola, pelo cuidado exigido de mim e que me liga ao leitor pela
para a portuguesa, de O mundo como vontade e como representação. A n t e s já ha- confiança deste no que está lendo, um sentimento qtie me acompanhou
víamos sido agraciados com a competente tradução da crítica da f i l o s o f i a por t o d o o trabalho. A minha tradução n e m t e m o estilo "transcriativo' de
Kantiana por Maria Lúcia Cacciola e revista por R u b e n s T o r r e s F i l h o , edi- O d o r i c o M e n d e s , n e m se prende totalmente â letra do texto. Ela deseja
tada num volume da coleção " O s Pensadores", mesmo volume que trazia a em verdade igualar em qualidade o belo modelo, tanto no rigor conceituai
tradução de Wolfgang Leo Maar do livro terceiro. T a i s traduções em m u i - na beleza do fraseado s e m sotaques, a nós legado em filosofia por
quanto
tos momentos foram consultadas na solução de passagens difíceis e o b s - R u b e n s T o r r e s F i l h o . O u t r a tarefa inglória, pois de antemão sabia da im-
curas do texto original, auxílio também fornecido pela versão inglesa d possibilidade de realização de tal desejo. N o entanto, esta percepção s e r -
e
b. J. Payne, editora Dover. viu para eu moderar as minhas pretensões e assim descobrir, por aproxi-
O presente volume traz a paginação original indicada por duas barras mação e d i s t a n c i a m e n t o , um contraste com m e u mestre, que desembocou
verticais inclinadas no texto. As páginas em branco originais têm a n u m e - n u m estilo que procura s e r maximamente fiel ao original alemão e s e m s o -
ração omitida. T r a t a - s e só de uma aproximação possível dessa paginação, taques, s e m temer ousar na solução de passagens difíceis e complexas, cabí-
pois o fraseado em português não permite a colocação exata dos n ú m e r o s . veis na sintaxe e no léxico da língua portuguesa, cuja origem latina s e m dú-
Baseei-me para tal trabalho na edição Schopenhauers Sämtliche Werke, M u n i - vida oferece um leque de possibilidades expressivas extremamente rigoroso.
que: Piper Verlag 1 9 1 I - 1 9 2 6 , Bd. I, de Paul D e u s s e n (eminente o r i e n - As críticas e sugestões por parte dos leitores, tradutores, f i l ó s o f o s ou
talista, fundador e primeiro presidente da Sociedade S c h o p e n h a u e r da amantes da literatura cm geral serão bem-vindas e levadas em conta numa
Alemanha). Mesma edição que foi a base de minha tradução. T r a t a - s e do futura revisão. Para isto a exigência que faço é que sejam b e m - i n t e n c i o -
último formato autorizado pelo filósofo em setembro de 1 8 5 9 ídata do nadas. O meti e-mail: i b a r b o z a @ g m x . n e t
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Arthur Schopenhaucr
Jair Barboza
A maneira c o m o este livro deve ser lido, para assim poder ser c o m -
Agua Verde, em Curitiba, dezembro de 2004.
0* r<\#^ preendido, eis o que aqui me propus indicar. — O que deve ser c o m u n i c a -
do por ele é um pensamento único. C o n t u d o , apesar de todos os esforços,
não pude encontrar caminho mais breve para comunicá-lo do que t o d o
este livro. - C o n s i d e r o tal pensamento c o m o aquele que por m u i t o tempo
se procurou sob o nome de filosofia e cuja descoberta é considerada, pelas
pessoas versadas em história, tão impossível quanto a da pedra filosofal,
embora Plínio já lhes dissesse: Qiuvn multa non posse, priitsauam sint farta, judi-
canturP (Hist. nat., j , ;.)'
Q u a n d o se levam em conta os diferentes lados desse pensamento úni-
co a ser comunicado, ele se mostra c o m o aquilo que se nomeou seja M e t a -
física, seja Ética, seja Estética. E naturalmente ele tinha de ser tudo isso,
caso fosse o que, c o m o já mencionado, o considero.
U m S I S T E M A D E P E N S A M E N T O S tem sempre de possuir uma coesão
arquitetônica, ou seja, uma tal em que tima parte sustenta continuamente
a outra, e esta, por seu turno, não sustenta aquela; em que a pedra funda-
mental sustenta todas as partes, sem ser por elas sustentada; em qtie o
c i m o é sustentado, sem sustentar. Ao contrário, U M P E N S A M E N T O Ú N I -
C O , por mais abrangente que seja, guarda a mais perfeita unidade. Se, t o -
davia, em vista de sua comunicação, é d e c o m p o s t o em partes, então a c o e -
são destas tem de ser, por sua vez, orgânica, isto é, uma tal em qtie cada
parte tanto conserva o todo quanto é por ele conservada, nenhuma é a pri-
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'9
Arthur Schopenhauer
•A0°
O inundo como vontade c como representação
meira ou a última, o rodo ganha em clareza mediante cada parte, e a m e n o r o b r i g o u - m e a satislazer-me com quatro divisões principais, por assim di-
parte não pode ser plenamente compreendida sem que o t o d o já o tenha zer quatro p o n t o s de vista de um pensamento único. Em cada um desses
sido previamente. - U m livro tem de ter, entrementes, uma primeira o quatro livros é preciso sobretudo estar em guarda para não perder de vista,
uma última linha; nesse sentido, permanece sempre bastante dessemelhan- n o meio dos detalhes que necessariamente terão de ser tratados, o pensa-
te a um organismo, por mais que a este sempre se assemelhe em seu c o n - m e n t o capital ao qual pertencem e o progresso na exposição c o m o um
teúdo. Conseqüentemente, forma e estofo estarão aqui em c o n t r a d i ç ã o . t o d o . — Aqui, então, é feita a primeira, e c o m o as seguintes, exigência im-
Daí resulta facilmente que, sob tais circunstâncias, para penetrar na perativa ao leitor impolido ' a o filósofo, pois o leitor mesmo é por sua vez
exposição destes pensamentos, há apenas um c o n s e l h o : L E R O 1.1VRO também f i l ó s o f o ) .
DUAS V E Z E S , e, em verdade, a primeira vez com muita paciência, haurível A segunda exigência é que, antes do livro, leia-se a sua introdução, em-
da crença voluntária e espontânea de que o começo pressupõe o fim quase I bora esta não esreja contida nele, mas foi publicada cinco anos antes, com
tanto quanto o fim o começo, e precisamente assim cada parte anterior o título Sobre a quádrupla raiado princípio de razão suficiente, um ensaio filosófico. -
pressupõe quase tanto a posterior quanto esta aquela. D i g o " q u a s e , pois S e m familiaridade com essa introdução e propedêutica é completamente
de modo algum é absolutamente assim, e o que foi possível fazer para impossível a compreensão propriamente dita do presente escrito; o c o n t e -
priorizar tanto aquilo que, para ser entendido, tinha m e n o s necessidade údo daquele ensaio é sempre pressuposto aqui c o m o incluído na obra. D e
daquilo que se lhe seguia, como aquilo que em geral podia c o n t r i b u i r para resto, se aquele ensaio não tivesse precedido a esta em alguns anos, com
a maior compreensibilidade c clareza foi honesta e escrupulosamente f e i - certeza não estaria antecedendo-a c o m o sua introdução, mas seria incor-
to. E até poderia tê-lo conseguido em certo grau, se o leitor, o que é bas- porado ao primeiro livro, que agora, na medida em que lhe falta o que na-
tante natural, não pensasse durante a leitura só no que é i m e d i a t a m e n t e quele se encontra, mostra uma certa imperfeição por conta das lacunas
lido, mas também nas suas possíveis conseqüências, p e r m i t i n d o que as que têm de ser sempre preenchidas com referências ao mencionado ensaio.
muitas contradições das opiniões da época — presumivelmente as do leitor N o e n t a n t o , era tão c o n t r a a minha vontade copiar-me, ou com labor c o -
também - juntem-se ainda muitas outras contradições antecipadas e ima- locar de novo em outras palavras o que já foi dito de modo suficiente, que
ginárias. O que, então, é mero mal-entendido, embora não seja r e c o n h e c i - preferi este caminho, embora até pudesse fornecer aqui uma exposição
do como tal, sofrerá desaprovação vivaz, pois, apesar de a clareza l a b o r i o - melhor do c o n t e ú d o do ensaio, sobretudo depurando os conceitos o r i u n -
samente alcançada da exposição e a nitidez da expressão não p e r m i t i r e m dos da minha então excessiva ocupação com a filosofia kantiana, tais
dúvida sobre o sentido imediato do que foi dito, não podem, todavia, ex- c o m o categorias, sentidos externo e interno, e coisas semelhantes. Tais
primir ao mesmo tempo sua vinculação com o restante. P o r isso a p r i m e i - c o n c e i t o s estão lá apenas porque eu ainda não os havia examinado a fun-
ra leitura exige, c o m o dito, paciência, haurível da confiança de que na se- do; são, por c o n s e g u i n t e , apenas algo acessório e por i n t e i r o e x t e r i o r a
gunda leitura muito, ou tudo, será visto sob uma luz inteiramente nova. coisa principal. O leitor, então, mediante o c o n h e c i m e n t o m a i s íntimo do
Ademais, o sério empenho em favor da compreensibilidade plena e até presente escrito, fará automaticamente em seus pensamentos a correção
mesmo fácil num tema tão difícil tem de justificar aqui e ali a ocorrência de passagens do ensaio. - Porém, unicamente quando, por aquele ensaio,
de repetições. A construção orgânica, não encadeada, do t o d o t o r n o u ne- reconhecer-se o que é o princípio de razão e o seu significado, até onde vai
cessário em alguns momentos tratar duas vezes do m e s m o tema. Justa- o u não a sua validade, e que esse princípio não precede todas as coisas, que
mente essa construção e intercoesão de todas as partes impossibilitaram a o m u n d o inteiro não existe só c o m o sua conseqüência e em conformidade
divisão em capítulos e parágrafos, do contrário tão apreciável por mim, e com ele, por assim dizer c o m o seu corolário, mas antes tal princípio é
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OC T
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&5 p>°
Arthur Schopenhauer O mundo como vontade e como representação
•
tão-somente a forma na qual o objeto, qualquer que seja o seu tipo, é sem- i: dai se segui
obra mesma: ue que, c o m o a parte principal desta obra, ele t e m
nre condicionado pelo sujeito, é em toda parte conhecido, na medida e de ser l i ^ ^ ^ a j vezes. ^
que o sujeito é um indivíduo cognoscente — só assim torna-se possível pe- A filosofia de K A N T , portanto, é a única cuja familiaridade íntima é re-
netrar no método filosófico aqui seguido pela primeira vez, c o m p l e t a - querida para o que aqui será exposto. — Se, no entanto, o leitor já freqüen-
mente diferente de todos os precedentes. tou a escola do divino P L A T Ã O , estará ainda mais preparado e receptivo
Porém, a mesma aversão de me copiar literalmente, ou de dizer o m e s - para m e ouvir. M a s se, além disso, iniciou-se no pensamento dos V L D A S
mo pela segunda vez em outras e piores palavras, depois de ter antecipado (cujo acesso permitido pelo Upanixade, aos meus olhos, é a grande vanta-
as melhores, ocasionou uma segunda lacuna no primeiro livro da presente gem que este século ainda jovem tem a mostrar aos anteriores, pois penso
obra, pois omiti tudo aquilo que se encontra no primeiro capítulo do meu que a influência da literatura sânserita não será menos impactante que o
ensaio Sobre a visão e as cores, e que, do contrário, teria e n c o n t r a d o aqui l i t e - renascimento da literatura grega no século X V ) , se recebeu e assimilou o
ralmente o seu lugar. Assim, será aqui pressuposta também a familiarida- espírito da milenar sabedoria indiana, então estará preparado da melhor
de com esse pequeno escrito mais juvenil. maneira possível para ouvir o que tenho a dizer. N ã o lhe soará, c o m o a
Por fim, a terceira exigência ao leitor poderia ser p r e s s u p o s t a t a c i t a - m u i t o s , estranho ou mesmo hostil. Gostaria até de afirmar, caso não soe
m u i t o orgulhoso, que cada aforismo isolado e disperso que constitui o
mente, pois não é outra senão a familiaridade c o m o f e n ô m e n o mais im-
Upanixade pode ser deduzido c o m o conseqüência do pensamento c o m u n i -
portante que ocorreu ao longo dos últimos dois mil anos na f i l o s o f i a ,
cado por mim, embora este, inversamente, não esteja lá de modo algum já
que se deu tão perto de nós, a saber, os escritos capitais de K a n t . O e f e i -
contido.
to que eles provocam nos espíritos para os quais de f a t o falam é de f a t o
comparável, como já foi dito em outras ocasiões, à operação de catarata
em um cego. E, se quisermos prosseguir com a c o m p a r a ç ã o , e n t ã o o meu
objetivo aqui é o de colocar nas mãos daqueles que obtiveram s u c e s s o na Todavia, a maioria dos leitores já deve estar impaciente e talvez até ir-
operação um par de óculos de catarata, para c u j o uso a o p e r a ç ã o m e s m a é r o m p e n d o em repreensões, por algum tempo contidas com dificuldade, por
a condição mais necessária. - C o n t u d o , por mais que o meu p o n t o de eu submeter ao público um livro sob condições e exigências, das quais as
partida seja o que o grande Kant realizou, o estudo sério de seus e s c r i t o s duas primeiras são arrogantes, completamente imodestas, e isso num t e m -
fez-me descobrir erros significativos neles, os quais tive de separar e ex- po em que na Alemanha, anualmente, é tornada comum pelas editoras uma
por como repreensíveis, para assim poder pressupor e e m p r e g a r , p u r i f i - e n o r m e abundância de pensamentos próprios, em cerca de três mil obras
cado deles, o verdadeiro e maravilhoso de sua d o u t r i n a . T o d a v i a , para ricas em conteúdo, originais e de todo indispensáveis, bem como em incon-
não interromper e confundir a minha própria e x p o s i ç ã o com uma p o l ê - táveis p e r i ó d i c o s ou m e s m o jornais. N u m tempo em que, em especial,
mica constante contra Kant, reservei para esta um apêndice especial. não há a menor falta de filósofos muito profundos e originais e só na Ale-
Assim c o m o , seguindo o já dito, a minha obra pressupõe familiaridade manha vivem simultaneamente mais deles do que os inúmeros séculos su-
com a filosofia kantiana, também pressupõe familiaridade c o m esse cessivos tiveram a mostrar; c o m o , então, perguntaria o leitor indignado, é
apêndice. Levando tal dado em consideração, possível ler até o fim u m livro tão filigranoso e cheio de exigências?
seria a c o n s e l h á v e l ler pri-
meiro o apêndice, tanto mais que o seu c o n t e ú d o possui relação estreita O r a , c o m o não tenho nada a expressar contra tais reprimendas, espero
com o primeiro livro da presente obra. Por o u t r o lado, em razão da n a t u - pelo m e n o s receber a gratidão de tais leitores por tê-los alertado, a t e m p o ,
reza da coisa, é inevitável que também o apêndice se refira, aqui e ali, à de não perderem hora alguma com uni livro cuja leitura, sem o preenchi-
tf
O mundo
AO
como vontade c como representação
Arthur Schopcnhai
modestamente por aqueles poucos cujo modo de pensar incomum o acha- trivial. A primeira dessas sortes costuma estar reservada ao autor da verda-
rão fruível. De fato, fora as dificuldades e esforços que exige do leitor, de. - Mas a vida é breve e a verdade vive longamente, fazendo efeito na dis-
num tempo culto cujo saber atingiu o ponto magnífico no qual o parado- tii^llEligamos a
vÇ%tade.
,
xal e o falso são uma coisa só, como poderia alguém suportar a labuta de
Escrito em Dresden, agosto de 1818.
em quase todas as páginas lidar com pensamentos que contradizem dire- «r - s t í - >
tamente o que ele mesmo tomou como verdadeiro e para sempre estabele-
Porém, temo que ainda assim não serei perdoado. O l e i t o r que che-
gou até o prefácio, este que o rejeita, tendo pago em d i n h e i r o vivo pelo
livro, pode agora perguntar c o m o será indenizado. - M e u ú l t i m o refú-
gio, então, é lembrar-lhe que sabe usar de diversas maneiras um livro não
lido. Este livro pode, como muitos o u t r o s , preencher uma lacuna em sua
biblioteca, na qual, juntinho a outros, com certeza parecerá muito b o n i t o .
Ou ainda poderá colocá-lo na cômoda ou mesa de chá de sua amada. P o r
fim (com certeza o melhor e que eu em especial aconselho) pode fazer
uma resenha dele.
24 2
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Prefacio à segunda edição
o- ,6
6^
3^
N ã o aos c o n t e m p o r â n e o s nem aos c o m p a t r i o t a s , mas a humanidade
entrego a minha obra, agora completa, na confiança de que ela não lhe será
O* sem valor, m e s m o que este, c o m o sói ocorrer com tudo o que é bom, seja
reconhecido apenas m u i t o tardiamente. Pois apenas para a humanidade,
não para a geração que agora passa ocupada com a ilusão do m o m e n t o , é
* A filosofia hegeliana.
2
7
Arthur Schopenhautr vl O mundo como vontade e como representação
toda obra prenhe de valor precisa de longo tempo para ganhar a sua a u t o - no meio do t u m u l t o filosófico, c o m o durante a n o i t e invernal d o século
ridade, sobretudo se for de gênero instrutivo, não de e n t r e t e n i m e n t o ; nes- mais obscuro, envolta na m a i s rígida fé da Igreja, quando appenas c o m o
se meio tempo o falso brilha. Pois, unir a coisa com a aparência da coisa é doutrina s e c r e t a era comunicada a poucos adeptos, ou confiada somente
difícil, quando não impossível. Mas justamente esse é o curso deste m u n - i pergaminho. S i m , gostaria de dizer: época alguma poderia ser mais des-
do de carências e necessidades, ou seja, que tudo tem de lhes servir e estar favorável à filosofia do que aquela na qual é maltratada, de um lado, escan-
submetido. Por isso, precisamente, o mundo não é c o n s t i t u í d o de tal dalosamente c o m o instrumento de listado, de o u t r o , c o m o meio de s o -
modo que, nele, um empenho nobre e sublime, c o m o aquele em favor da brevivência. O u alguém acredita que, em meio a tal agitação e t u m u l t o , a
luz e da verdade, siga o seti caminho próprio, sem o b s t á c u l o s , e exista por verdade, da qual ninguém se ocupa, virá a lume? A verdade não é tima
si. Mas, mesmo quando semelhante empenho se pôde fazer valer e, por aí, huri, que se joga ao pescoço de quem não a deseja; antes, é uma donzela
o seu conceito foi introduzido, logo os interesses materiais, os fins pesso- tão difícil que mesmo quem tudo lhe sacrifica ainda não pode estar certo
ais se apossam dele, para torná-lo instrumento ou máscara próprios. 1'. m de seu favor.
conformidade com isso, após Kant ter devolvido à filosofia o seu prestí- Se por um lado os governos transformam a filosofia num meio para
gio, ela de imediato teve de se tornar, a partir de cima, i n s t r u m e n t o de fins seus fins estatais, por outro os eruditos vêem n o professorado filosófico
estatais e, a partir de baixo, de fins pessoais; embora, diga-se, nesse caso um ganho que os nutre c o m o qualquer outro; portanto, acotovelam-se em
não se trata dela, mas de seu sósia. Uma tal situação não nos deve surpre- t o r n o do governo s o b a proteção da boa maneira de pensar, vale dizer, a in-
ender, pois a inacreditável maioria dos homens, de acordo c o m a sua na- tenção de servir àqueles fins. li cumprem a palavra. N ã o a verdade, nem a
tureza, só é capaz de fins materiais; sim, não pode conceber o u t r o s . P o r clareza, nem Platão, nem Aristóteles, mas os fins para que foram contrata-
conseguinte, o empenho pela verdade é demasiado excêntrico para que dos são a stia estrela-guia, que também se tornam de imediato o critério
possamos esperar que todos, muitos ou alguns tomem parte dele. C a s o se do verdadeiro, do valioso, do digno de consideração, bem c o m o de seu
observe, como hoje na Alemanha, uma atividade notável, um e s f o r ç o g e - contrário. O que, portanto, não corresponde aos mencionados fins, mes-
ral, discursos e escritos em matéria de filosofia, é p e r m i t i d o c o m certeza mo que seja o mais importante e extraordinário em seu d o m í n i o de saber,
supor que, a despeito de todos os semblantes e a f i r m a ç õ e s , o verdadeiro é condenado, ou, quando parece perigoso, sufocado por um desprezo unâ-
primum mobile, a mola impulsora secreta de tal m o v i m e n t o , é t ã o - s ó de
1
nime. Observe-se a indignação em uníssono contra o panteísmo. Qual
natureza real, não ideal, vale dizer, o que se tem em vista são i n t e r e s s e s alma cândida acreditará que isso provém de convicção? — Pergunte-se:
pessoais, burocráticos, eclesiásticos, estatais, em uma palavra, materiais; c o m o também em geral a filosofia, decaída a ganha-pão, não deveria dege-
por conseqüência, meros fins partidários colocam em v i g o r o s o m o v i - nerar-se em sofística? Justamente porque se trata de coisa inevitável, e a
mento as tantas penas de pretensos f i l ó s o f o s . P o r c o n s e g u i n t e , i n t e n - regra " c a n t o a canção de quem me dá o pão de cada dia valeu em todos os
ções, não inteleeções,- são a estrela-guia de tais t u m t i l t u a d o r e s , a verda- tempos, o ganhar dinheiro com a filosofia foi para os antigos a marca
de sendo a última coisa ali pensada. Porém, esta não encontra partidái registrada do sofista. — Ademais, já que neste mundo, em toda parte, nada
ios.
Antes, ela pode percorrer de maneira tão calma e insuspeita o seu c a m i n se espera, nada se exige e nada se obtém por dinheiro a não ser mediocri-
io
dade, temos de nos haver com esta também aqui. Pm conformidade com
Sicht (visão), afirmada p e l o Ein de Hinsicht (intelecção). (N. T.) çulmanos. (N. T.)
l 8 2 9
Arthur Schopenhaucr
O mundo como vontade e como representação
* Fichte e Schelling.
" Hegel.
4 Referência ao conceito nuclear da filosofia de Fichte e da de Schelling. (N. T.)
6 Ou seja, o volume I (o presente) dos dois que compõem a obra principal do filóso-
5 Referência ao conceito hegeliano de espírito absoluto. ÍN. T.)
fo, complementada com tuna série de textos em 1 8 4 4 - (N. T.)
3°
3l
Arthur Schopenhatií^i^^^ O mundo
• AQ
como vontade e como representação
mesmo no espírito do leitor com a ajuda do segundo t o m o . A m b o s p o s - vel uso simultâneo de dois t o m o s na variedade e alívio que traz o trata-
suem, no sentido pleno do termo, uma relação de complementaridade um m e n t o do m e s m o o b j e t o pela mesma cabeça, no mesmo espírito, no en-
com o outro, na medida em que esta se baseia no fato de uma idade da vida tanto em anos bem diferentes. Entrementes, para o leitor que ainda não
do homem, em termos intelectuais, ser justamente o c o m p l e m e n t o d está familiarizado com a minha filosofia, é indispensável ler antes o pri-
n t o cia o u -
m e i r o t o m o , sem adições e suplementos, usando estes apenas numa se-
tra. Por isso se verá que não apenas cada tomo contém aquilo que o o u t r o
gunda leitura. D o contrário, ser-lhe-ia muito difícil conceber o sistema
não contém, mas também que o mérito de um reside precisamente naquilo
em sua coesão, a qual só no primeiro t o m o é apresentada, enquanto no se-
que falta ao outro. Se, portanto, a primeira metade da minha obra possui
g u n d o as doutrinas principais são isolada e pormenorizadamente funda-
em relação à segunda a vantagem daquilo que somente o f o g o da j u v e n t u -
mentadas e desenvolvidas por completo. M e s m o quem não se decida por
de e a energia da primeira concepção podem atribuir, ao c o n t r á r i o , a se-
uma segunda leitura do primeiro t o m o , fará melhor em ler o segundo por
gunda metade excederá a primeira mediante a maturidade e a elaboração
si m e s m o só depois daquele, na mesma seqüência de capítulos, que certa-
completa dos pensamentos, as quais pertencem unicamente aos f r u t o s de
m e n t e estão numa conexão não muito estreita uns com os outros, mas
um longo decurso de vida e às suas aplicações e diligências. Pois, quando
cujas lacunas serão completamente preenchidas pela lembrança do primei-
tinha a força para conceber originariamente os p e n s a m e n t o s fundamen-
ro t o m o , caso o leitor o lenha compreendido bem. Ademais, ele encontra-
tais de meu sistema e de imediato segui-lo em suas quatro ramificações,
rá em toda parte referência às passagens correspondentes do primeiro
destas retornando á unidade de seu tronco e, em seguida, e x p o n d o o t o d o
t o m o , no qual eu, para esse fim, indiquei na segunda edição, com núme-
de maneira clara, ainda não podia estar na condição de elaborar todas as
ros, os parágrafos que na primeira estavam divididos apenas com linhas.
partes desse sistema com o acabamento, a riqueza e a completude que só
|á no prefácio da primeira edição explicitei que a minha filosofia parte
uma meditação de muitos anos sobre elas o permite e que é exigida para
da kantiana e, por conseguinte, pressupõe uni c o n h e c i m e n t o bem funda-
explicitar e comprovar o sistema mediante inumeráveis fatos, apoiá-lo
m e n t a d o dela. Isso eu repilo aqui. Pois a doutrina de Kant produz em
nas mais diversas provas, iluminá-lo nitidamente de todos os lados, c o l o -
cada cabeça que a apreendeu uma profunda transformação, tão imensa,
car os diferentes pontos de vista em novo contraste, separar de forma pura
33
J 2
•AO Ö
Arthur Scbopenhaue
O O mundo como vontade c como representação
que é comparável a um renascimento espiritual. Apenas ela permit ivras, na qual o espirito em vao se martiriza e esgota para pensar algo, as
ver o realismo inato creditável à determinação originaria do intelecto, para suas cabeças se desorganizaram. Eles não precisam de crítica alguma da
o que nem Berkeley nem Malebranche são competentes; pois estes perma- razão, nem de filosofia: precisam de uma medicina mentis, primeiro c o m o
necem demasiadamente no geral, enquanto Kant vai ao particular, e em c a t á r t i c o , um petii cours dc scnscovtmunologic* em seguida tem-se de ver se
verdade de uma maneira que não conhece nem antecessores nem terá imi- entre eles ainda há alguém capaz de filosofia. - A doutrina kantiana, por-
tadores, e exerce efeito tão característico, e por assim dizer imediato, s o - tanto, não pode ser procurada em parte alguma a não ser cm suas obras.
r
bre o espírito, que este sofre uma desilusão profunda e em seguida mira Estas são sempre instrutivas, mesmo onde erram e falham. Em conse-
todas as coisas sob outra luz. S ó com isso estará o leitor receptivo aos es- qüência de sua originalidade vale para ele o que propriamente vale no grau
clarecimentos positivos que tenho a oferecer. Q u e m , e n t r e t a n t o , não d o - mais elevado para todos os filósofos autênticos: só se pode conhecê-los a
pensamentos desses
partir de seus escritos, não do relato de outrem. Pois os pt
mina a filosofia kantiana, está, por assim dizer, em estado de inocência,
espíritos extraordinários não podem sofrer a filtragem de uma cabeça ordi-
não importa o que tenha praticado, ou seja, permaneceu naquele realismo
nária. N a s c i d o s atrás das testas claras, elevadas, belamente configuradas,
natural e pueril no qual todos nascemos e que capacita para todas as coisas
c
sob as quais brilham olhos dardejanres, perdem toda força, vida e identi-
possíveis, menos para a filosofia; em conseqüência, em seu realismo natu-
ral está para a filosofia kantiana c o m o o menor de idade para o adulto.
o* dade q u a n d o t r a n s p o r t a d o s para os c ô m o d o s estreitos e t e t o rebaixado
do crânio apertado, contraído, afundado, do qual emanam olhares opacos
Que tal verdade soe paradoxal hoje em dia, o que de modo algum foi o caso
dirigidos a fins pessoais. Sim, pode-se dizer que tais tipos de cabeça produ-
nos primeiros trinta anos após a publicação da crítica da razão, procede do
zem efeito semelhante ao de espelhos curvos, nos quais tudo se desfigura
fato de, desde então, ter surgido uma geração que realmente não conhece
e deforma, perde a simetria de sua beleza, e apresentam uma caricatura.
Kant, ou o conhece de uma leitura rápida e impaciente, ou de um relato de
Apenas dc seus autores mesmos pode-se receber pensamentos filosóficos.
segunda mão, e isso porque, em conseqüência de uma direção ruim, perde
Por conseguinte, quem se sente impelido para a filosofia tem cie buscar os
seu tempo com filosofemas ordinários, com cabeças vulgares ou m e s m o so-
seus mestres imortais na serena santidade de suas obras. O s capítulos prin-
fistas cabeças-de-vento, que foram irresponsavelmente recomendados. Daí
cipais de cada um desses filósofos autênticos fornecerão cem vezes mais in-
a confusão dos primeiros conceitos e em geral a indizível rudeza e ausên-
telecção de suas doutrinas do que os comentários esforçados e entedian-
cia de graça que sobressaem do invólucro de preciosismo e pretensão pre-
tes feitos por cabeças comuns sobre os mesmos, que na maioria das vezes
sente nos ensaios filosóficos da geração assim educada. M a s incorre num
se e n c o n t r a m profundamente enraizados na filosofia da moda, ou em sua
erro incurável aquele que acredita poder conhecer algo da filosofia kantia-
opinião pessoal preferida. E surpreendente c o m o o público prefere essas
na a partir das apresentações de outros. Antes, tenho de alertar seriamente
apresentações de segunda mão. Aí de fato parece que a afinidade eletiva
sobre tais relações, sobretudo as do tempo recente. De fato, nestes últi-
faz efeito; em razão dela a natureza ordinária é atraída pela sua semelhante
mos anos caíram-me nas mãos escritos de hegelianos s o b r e a f i l o s o f i a
e, por conseqüência, preferirá ouvir da sua igual aquilo que um grande es-
kantiana que efetivamente se aproximam da fabula. C o m o poderiam ca-
pírito falou. Talvez isso se baseie no mesmo princípio da instrução mú-
beças corrompidas e perturbadas já na primeira juventude pelo sem-sentido
tua, segundo o qual as crianças aprendem melhor de outras crianças.
da hegeliaria acompanhar as investigações profundas de Kant? A c o s t u m a -
ram-se desde cedo a tomar o palavrório mais vazio por pensamentos filosó-
ficos, os sofismas mais pobres por sagacidade, e o disparate mais besta por
dialética, com o que, mediante a aceitação da c o m b i n a ç ã o alucinada de pa- "B revê curso de ssenso comum
34 35
o VA
do que é importante e significativo. A eficácia desse m é t o d o silencioso e berano, a vontade do ministério, os preceitos da religião oficial, os desejos
J
elevada mediante o barulho de corifeus, com o qual é lestejado reciproca- do editor, a conveniência dos estudantes, a boa camaradagem dos colegas,
mente o nascimento das crianças espirituais daqueles de mesma opinião, o curso da política do dia, os humores passageiros do público e muito,
obrigando o público a fixar-se nos gestos i m p o n e n t e s c o m os quais as m u i t o mais? O u que tem a ver a minha investigação silenciosa e séria da
saudações mútuas são aí feitas. Quem poderia desconhecer a finalidade verdade com os tumultos da cátedra e os bancos de sala de aula, cuja mola
desse procedimento? Decerto, nada há a objetar contra o princípioprimum impulsora mais íntima são sempre os fins pessoais? Antes, ambos os tipos
FILOSOFIA. Nesta se alojam, com mulher e filho, e, a despeito do povera t go c o m p r o m i s s o algum nem camaradagem. Ninguém encontrará em mim
nuda vai filosofia* de Petrarca, conseguiram o que queriam. Porém, a minha vantagem alguma, a não ser aquele que procura a verdade. N ã o pactuo
filosofia não veio a lume para que se possa viver dela. Falta-lhe o requisito com os partidos filosóficos do dia, pois todos perseguem suas intenções;
básico exigido para uma bem-dotada filosofia de cátedra, a citar, uma t e o - eu, ao c o n t r á r i o , tenho a oferecer simplesmente mtelecções, que não c o m -
logia especulativa, a qual justamente - apesar da severa crítica de Kant a binam com nenhuma daquelas intenções, pois não são talhadas para isso.
razão - d eve e tem de
íe ser o tema capital de toda filosofia, emb>ora uma tal Para que a minha filosofia ocupasse as cátedras, os tempos teriam de ser
filosofia tenha a tarefa de sempre discursar sobre coisas que ela abs( c o m p l e t a m e n t e o u t r o s . - Seria realmente algo notável que uma tal filoso-
mente não pode saber. Sim, a minha filosofia não estatui uma vez sequer a fia, da qtial absolutamente não se pode viver, ganhasse luz e ar, até mesmo
fábula, tão astutamente divisada pelos professores de filosofia e tão indis- estima universal! E n t r e t a n t o , contra isso, há unanimidade. Em meio a dis-
pensável para eles, de uma razão que conhece, intui, apreende imediata e putas e refutações o j o g o não seria fácil, sem falar que é um m é t o d o incer-
absolutamente, que se precisa apenas impor no princípio aos leitores para, to, visto que chama a atenção do público para a coisa, público este que,
mediante a leitura de meus escritos, poderia ter o gosto arruinado para as
lucubrações dos professores de filosofia. Pois quem saboreou o sério não
7 Primeiro vivei-, depois filosofar." íN. T.) se acostuma ao c ô m i c o , s o b r e t u d o se este for tedioso. Por isso, o sistema
8 Filosofia, vais pobre e nua." ^N. T.) d o silêncio, tão unanimemente aceito, é o único verdadeiro, e posso ape-
36 37
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Arthur Schopenhauer
39
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d o t o m o d o s m e n c i o n a d o s parerga e f a c i l m e n t e se o s r e c o n h e c e r á n a s e n í -
Livro primeiro
i J o mundo como representação
Primeira consideração
4.O
c,c^ 6
43
¿ ( romo representação
O mundo como von«
Arthur Schopenhauer
o , • . ,\ verdade, que
dem c o n d u z a - w L v e i
r
tem de ser
deveras séria e grave
imeico livro,
U
: : ; i ; v r o . é n c C e s S á r , o c o n s t a t
ao mundo está inevitavelmente investido desse estar-cond Até lá, c o n t u d o , portanto neste r. 'ado da c o g n o s c i b i U
sujeito, existindo apenas para este. O mundo é representação. mundo do qual t artimos, de o b j e t o
iradamente o lado do •csistência todo tip30
sep considerar sem rc
Nova essa verdade não é. Ela já se encontrava nas considerações cetteas
dAade, e, por conse
entinte (como logo a seguir exp icitaremos
das quais partiu Descartes. Berkeley, no entanto, foi o primeiro que a ex- . m e s m o o próprio corpo i o - o s mera representaça icao.
Ö
V
existente, ate resentaç,o, d e s i g n a
pressou decididamente, e prestou assim um serviço imortal a filosofia, mais tarde se torna-
r c p
erro de Kant foi o menosprezo desse princípio, como é apontado no apên- 1 -, p sempre a v u e s . „ „ n p n t e REFRb
lado, mteirameni : f
rá certo a cada um, e scm V
de um
dice desta obra. — O quão cedo essa verdade fundamental foi con este e, U m a realidade que nao
do m u n d o . P o i s assim c o m o VONTADE. t e
that is of solidity, impenetrability, and extended figure (to deny which would he lunacy),
but in correcting the popular notion of it, and in contending that it has no essence indepen
Tais § 2
dent of mental perception; that existence and perceptibility are convertible terms
palavras exprimem adequadamente a convivência entre realidade e m p i r i c
' 1
U./-« m - K não é conhecido por ninguém é o
e idealidade transcendental. Aquele q u e tudo conhece mas nao c & r
universal e sempre f.
melhante consideração, sem prejuízo de sua verdade, seja unilateral, con- :existe, existe para o su) ^ ^ conhece, c m q u e
pois t u d o o que
mesmo cc o , contudo, já é o
seqüentemente produzida por uma abstração arbitrária, anuncia-se a cada om
mo o esse sujeito, t o adav.a, somente
não na medida em que é o b j e t o d o conhecimento. O b j e t o , presenta-
um pela resistência interior com a qual aceita o mundo c o m o sua mera re-
presentação. Aceitação a que, por outro lado, nunca pode furtar-se. A unl- seu c o r p o , que, desse p o n t o de vista, também denominamos repi
lateralidade dessa consideração, entretanto, o próximo livro complemen- São. Pois o c o r p o é o b j e t o entre// objetos e está submetido à lei deles, em-
[6
tará mediante uma verdade que não é tão imediatamente certa quanto .1 bora seja o b j e t o imediato.* Ele encontra-se, c o m o todos os o bmediante
o espaço, j e t o s da in-
verdade da qual partimos aqui e á qual só a investigação mais aprofunda- tuição, nas formas de t o d o conUcccv, n o tempo e Le que conhece.ante os
c nun-
nas formas ^ - « W o . entretanto, aquei
da, a abstração m a i s difícil, a separação do diferente e a u n i f i c a ç ã o d o dá., n,n4KWo.Os ,c,co « s . ,a o pressu-
.idade
F U a n
quais se u n iied a -
. _„mntra ris-
« c conuecido, não
não se
* ene
«*° "Zpluralidade M
nem seu oposto.
Ao sujeito, portanto, nao caut \
2 " O dogma fundamental da escola védica c o n s i s t e n ã o em n e g a r a e x i s t e n c i a da ma- poe m
île dizer,
teria, vale dizer, d
cia solide/., impenetrabilidade e e x t e n s ã o ( o q u e seria insensatez), f.acnu. 2 , d „ § 2 2 .
de razão &
mas em c o r r i g i r a n o ç ã o p o p u l a r dela e em a f i r m a r que a m a t é r i a n ã o p o s s u i e s s ê n c i a mneifto
Sobre a quádruplo raUdof
alguma i n d e p e n d e n t e da p e r c e p ç ã o m e n t a l , v i s t o q u e e x i s t ê n c i a e perceptibilidade
são t e r m o s i n t e r c a m b i á v e i s . " íN. T.i 45
44
Recomo representação
O niti» ¿o como vou
lo que de novo a par-
- o a r e c e ^ o t"ivt ;, ; e ; u p o n h o a q u . c o n s t a n t e m e n -
de razão aparece
e m O U L
nem no tempo, pois está inteiro e indiviso em cada ser que representa. P ° r
ta o a s e abstratas. E s t * ^ " s o b r e a f a c e d a ^ p ^ ^
eitos - que ^ s o b « a * mais
i t i V
São da experiência, n » . - d c
P e n d C n t
4a mtuição, va-
que o princípio de razão é a expressão comum para todas essas forvní do
£ d e l a > v i s t o c
está submetido a esse pr mcipio, ou seja, encontra-se em relação necess ária subsistem por si mesmas. U a é a propriedade d e s c o -
a s f o r m a s U
com outros objetos, de um lado sendo determinado, do o u t r o determi- berta por Kant de que J « * * » da intuição são
j discussão remeto ao
nando. Isso vai tão longe, que a existência inteira de todos os o b j e t o s , na Para um Fundamento
conce;1lO. da ética
qualidade de objetos, representações e nada mais, reporta-se de volta, sem
K a n - ,este
t tornou c o nfuso , \ . i s fundamentais b c m
exceção, àquela relação necessária de um com o o u t r o , consiste apenas nela bem como aos Vto
apêndice deste l i v r o , I
e, portanto, é completamente relativa. Adiante retomarei o assunto. M o s -
(in mordi § 6
trei ainda que, conforme as classes nas quais os objetos são agrupados se-
gundo a sua possibilidade aaueli r » 1 „ „ „ í • »»ral 47
b y l
* > 'iquua relação necessária expressa em g c t '
w u
vO
oV O mundo como vontade c como representação
A rthur Schopenhauer
MAIA, o véu da ilusão, que envolve os olhos dos mortais, deixando-lhes ver
a seqüência de seus m o m e n t o s e, no espaço, é a posição & j ^ w * p a r t e s
um mundo do qual não se pode falar que é nem que não é, pois asseme-
se determinam reciprocamente ao infinito.
lha-se ao sonho, ou ao reflexo do sol sobre a areia tomado a distância pelo
Q u e m compreendeu com clareza, a partir do m e n c i o n a d o ensaio in- andarilho c o m o água, ou ao pedaço de corda no chão que ele toma c o m o
trodutório, a identidade perfeita do conteúdo do princípio de razão em
uma serpente". ( T a i s comparações são encontradas, repetidas, em inume-
meio à diversidade de suas figuras, também I içará convencido do quão im-
ráveis passagens dos Vedas e dos Puranas.) O que todos pensam e dizem,
portante é precisamente o c o n h e c i m e n t o da mais simples de suas formas, entretanto, não passa daquilo que nós também agora consideramos, oti
reconhecida por nós no TEMPO, para a intelecção de sua essência mais in- seja: o mundo c o m o representação submetido ao princípio de razão.
tima. Assim c o m o no tempo cada m o m e n t o só existe na medida em qu<-
aniquila o precedente, seu pai, para por sua vez ser de novo rapidamente
aniquilado; assim c o m o passado e futuro (independentes das consequen § 4
cias de seu conteúdo) são tão nulos quanto qualquer s o n h o , o p r e s e n t e
entretanto, é somente o limite sem extensão e contínuo entre a m b o s - * s Q u e m reconheceu a forma do princípio de razão que aparece no tem-
sim também reconheceremos a mesma nulidade em todas as outras 1 ° ' " po puro c o m o tal e na qual se baseia toda numeração e cálculo, também
mas do princípio de razão, convencendo-nos de que, do m e s m o m o d o qu compreendeu toda a essência do tempo. Este nada mais é do que j u s t a -
o tempo, também o espaço e, c o m o este, tudo que se encontra simultânea* mente aquela forma do princípio de razão, e não possui nenhuma outra
mente nele e n o tempo, p o r t a n t o tudo o que resulta de causas e motivos. propriedade. S u c e s s ã o é toda a stia essência. — Q u e m , ademais, conheceu o
princípio de razão tal qual ele rege no mero espaço puramente intuído e s -
gotou com isso toda a essência do espaço, visto que este é, por c o m p l e t o ,
4&
O
Arthur
O
Schopenhauer
O mundo como
io vontade
vontad c como representação
sem se incomodarem. Daí então que uma relação necessária entre tais fe-
sobre o objeto imediato 1
(ele mesmo matéria) condiciona a intuição, na
A0
i li
n ô m e n o s e uma regra // que os determine em conformidade com aquela
q u a l u m e amenté ela existe. A conseqüência da ação de qualquer objeto J
não seria de m o d o algum necessária, nem sequer aplicável. Por c o n s e q ü ê n -
material sobre um outro só é conhecida na medida em que este agora age
cia, se acaso em cada a no espaço e em cada mudança no tempo
diferentemente de antes sobre o objeto imediato, e c o n s i s t e apenas nisso
— e enquanto essas duas formas tiverem por si mesmas, sem conexão uma
Causa e efeito, portanto, são a essência inteira da matéria. S e u ser e seu ta-,
c o m a outra, o seu curso e persistenci a — não houvesse causalidade algu-
zer-efeito. (Detalhes sobre o assunto se encontram no ensaio sobre o
ma, e visto que esta constitui a essência propriamente dita da matéria, en-
princípio de razão, § 2 1 , p . 7 7 ) . Por conseguinte, o continente de qualquer
tão não haveria matéria alguma. N o entanto, a lei de causalidade adquire a
coisa material é, de maneira bastante acertada, nomeado WlRKI.ICHKirT,
sua significação e necessidade unicamente pelo lato de a essência da m u -
efetividade na língua alemã,* palavra muito m a i s significativa que Realttat-
dança não consistir apenas na alteração de estados em si, mas antes no f a t o
Aquilo sobre o que faz efeito é de novo
novo sempre
semnre m.irérm
matéria. SVn ser toda
Seu ser, toda a
a sua
sua agora U M estado, em seguida
de N O M E S M O L U G A R do espaço haver
essência, portanto, consiste apenas na mudança regular que U M A de suas ) 0 determinado, haver AQUI este es-
O U T R O e, N U M Ú N I C O e mesmo temp
partes produz na outra, por conseguinte é por c o m p l e t o relativa, c o n f o r -
tado, LÁ o u t r o . S ó essa limitação recíproca do tempo c do espaço fornece
me uma relação válida só no interior de seus limites, p o r t a n t o exatamente
a uma regra, segundo a qual a mudança tem de ocorrer, significação e ao
como o tempo e o espaço.
m e s m o t e m p o necessidade. Aquilo a ser determinado pela lei de causalida-
T e m p o e espaço, entretanto, cada um por si, são também representá- de não é, p o r t a n t o , a sucessão de estados no mero tempo, mas essa suces-
veis intuitivamente sem a matéria. Esta, contudo, não o é sem eles: a for- a um
um espaço
ferência a
são em referência espaço determinado; não a existência de estados
ma, que lhe é inseparável, pressupõe o ESPAÇO. O fazer-efeito da matér.a, num
num lugar
lugar qualquer, mas neste
qualquer, mas neste lugar e num tempo determinado. A m u -
no qual consiste toda a sua existência, concerne sempre a uma mudança, da segundo
dança, isto é, a alteração ocorrida segunc a lei causal, concerne, portanto,
portanto a uma determinação do TEMPO. C o n t u d o , t e m p o e espaço não a parte determinada do
sempre a uma parte determinada do espaço e a uma p;
sao apenas, cada um por si, pressupostos por ela, mas a essência dela é ão. Em conformidade com isso, a
t e m p o , SIMULTANEAMENTE e em unir
constituída pela união de ambos, exatamente porque a m a t é r . a , como da matéria
causalidade une espaço e tempo. V i m o s que a essência inteira cia
: espaço e
n a causalidade; logo, também nesta tem
c o n s i s t e n o fazer-efeito, p o r t a n t ovale dizer, ela tem de portar simultanéa-
4 No original, Wirken. (N. de estar unidos espaço e t e m p o , les se contradigam.
5 O corpo. íN. T.) m e n t e em si propriedades de ambos, por mais que e
* Mira in quibusdam rebus verhorn Aquilo que em cada um é por si impossível, ela tem de u n i r em si, p o r t a n t o
onmi (st, et consuttudo sermonts antiqui quaedam tfftcacissimi* "
_ _„
s palavras para expressar certas coi o fluxo c o n t í n u o do t e m p o com a perm;'anência rígida e imutável do espa-
uso da linguagem pelos antigos exprime muitas coisas de uma Iho- ço. Q u a n t o à indivisibilidade infinita, ela a possui de ambos. D e acordo
sa"j (Séneca, Epist. 8 1 ) .
com isso, e n c o n t r a m o s introduzida por ela, primeiramente, a SIMULTA-
6 Como se vê, a língua alemã possui dois ten
fmos para realidade, o de uso corrente NEIDADE, que não poderia se dar no mero tempo, alheio a toda coexistên-
Wirklichkeit, efetividade, realidade eletiva, e o de origem latina Realitàt. WtrkUchk^ 1
cia, nem no mero espaço, alheio a todo antes, depois ou agora. Mas o que
mais apropriado justamente porque deriva de wirlun, fazer-efeito. A realidade <
va, Wirklichkeit, pois, é um fazer-efeito, wirken, d<
sujeito que conhece. (N. T.)
5]
5>
C
•i
-'"undamentais da matéria a partir das formas conscientes a priori d o n o s s o
/lrífcnr Scbopcnbauer
v0\conhecer, baseia-se o reconhecimento das propriedades a priori daquela, a
citar, preenchimento d o espaço, isto é, impenetrabilidade, // vale dizer,
constitui propriamente a essência da efetividade é a S I M U l . l A N l - . U ^ ^ ^ ^ 1
I 13 eficácia, bem c o m o extensão, divisibilidade inlinita, permanência, ou seja,
muitos estados, pois só mediante a simultaneidade é possível a D ^ indestrutibilidade e, por fim, mobilidade. A gravidade, ao contrário, ape-
ÇÃO, já que esta só é cognoscível na alteração do que existe // suiniU'" 1
sar de sua universalidade, deve ser computada entre os c o n h e c i m e n t o s a
I 12
mente com aqtiilo que permanece.
1CLC. Todavia,
i « a ^ ^ ctambém
- • •só
• *por
r meio Afetei posteriori, apesar de K A N T , nos seus Princípios metafísicos da ciência da natureza,
U i S V
que permanece na alteração é que a alteração adquire, agora, o cara Dfr7l ( ^ v Q s e í k r a n z A ^ f e ) , a estabelecer c o m o cognoscível a priori.
nhum fazer-efeito; com a supressão do fazer-efeito também seria s } meia faculdade de c o n h e c i m e n t o . O correlato subjetivo d o t e m p o e e s -
• - tudo s e f i a
at em conceitos abstratos, não ocorre por reflexão, nem com arbítrio, mas
** Isso o mostra também o fundamento da explicação kantiana da matéria, " q u e 1
5 2
\0
¿ c como representação
• m ç a s e c e g o s de n a s c e n ç a q u e
Arthur Schopenbauer
<<ò O apren
d r z a d o da v i s ã o p o r p a r t e e cru . .
é sentici
^ ^ ^
reoscopio
m e n t o t r a n s f o r m a de U M S Ó g o l p e , m e d i a n t e s u a f u n ç ã o e x c l u s i v a e st e n s u a l , mas « » » b t a ^ ^
; S p A R T I R D O E F E I T O , pDOI
or
não é somente s hCAUSA
p i e s , a s e n s a ç ã o abafada, q u e nada d i z , e m i n t u i ç ã o . O q u e o o l h o , o o u v i E N T E N D I M E N T O DA ^
L O ^ ^ c o n h e c i m e n t o dé-
di- M E N T O PI
õ e a l e i de c a u s » » " - - ^ ^ a d e p nri-
e a m ã o sentem não é intuição; são meros dados. S ó q u a n d o o enten p o S S l b l l l d
m e n t o , e x i s t e t a m b é m s ó para o e n t e n d i m e n t o . N o p r i m e i r o c a p í t u l o d o
Pois » independência do ""^LdencUd*
idenciad; a partir ^
cia, Uto é . , » . aprioridade, s 6 p o * « « s ó p o d e ser demonst a do
m e u e n s a i o Sobre a visão e as cores já havia e x p l a n a d o c o m o o e n t e n d i m e n t o , de .oda experiência dela: o P°'^ gens antea atada . o
a partir dos dados que os sentidos f o r n e c e m , p r o d u z a i n t u i ç ã o e com ' da maneira acmi indicada, e i ^ T L contido na intuteão em geral,
m e d i a n t e a c o m p a r a ç ã o d a s i m p r e s s õ e s r e c e b i d a s p e l o s diferentes s e n t i d,, causalidad'' |áesta c )leto na ref e r ê n -
seia, o conhecimento
dos do m e s m o o b j e t o , a criança aprende a intuir; c o m o j u s t a m e n t e s ó p ° r cujo domínio reside
c n i
resine a expenenc.a; e consiste por compj
aí se dá o e s c l a r e c i m e n t o de t a n t o s f e n ô m e n o s d o s s e n t i d o s : da v i s ã o SiO c a a priori à experiência, é por esta pressuposta como condição e não a
gu- iar c o m d o i s o l h o s , da v i s ã o d u p l a n o e s t r a b i s m o , d o v e r s i m u l t â n e o
de P essupõe. Todavia, isso não pode ser demonstrado da maneira ensaiada
r
o b j e t o s a p e s a r de eles s i t u a r e m - s e u m a t r á s d o o u t r o e m d i s t â n c i a s
P ° Kant, c por mim criticada no ensaio sobre o princípio de razão, § 2 3 .
r
g ã o s d o s e n t i d o . D e m a n e i r a m u i t o m a i s d e t a l h a d a e f u n d a m e n t a d a , CO
via, t r a t e i d e s s e t e m a t ã o i m p o r t a n t e na s e g u n d a e d i ç ã o d o e n s a i o s o b i e §5
p r i n c í p i o de r a z ã o , § 2 1 . T u d o o q u e f o i ali d i t o e n c o n t r a r i a a q u i o s e u
R«„* j j « e r4n e r r m d e m a l - e n t e n d i d o d e q u e , p o r s e r a
gar n e c e s s á r i o e, p o r t a n t o , t e r i a de s e r p r o p r i a m e n t e r e p e t i d o . P ° r
' C o n t u d o , g u a r d e m o - n o s cio gi a n c a i r
c o m o t e n h o quase tanta aversão em m e c o p i a r q u a n t o e m copiai" o s o ,elo c o n h e c i m e n t o da causalidade, existe u m a rela-
i n t u i ç ã o i n t e r m e d i a d a pel
t r o s , e n ã o e s t o u e m c o n d i ç õ e s de e x p o r o t e m a a q u i m e l h o r d o q u e lá
,a e e f e . t o e n t r e s u j e i t o e objeto. Antes, a m e s m a s ó t e m l u g a r ,
0
ção de caus; 1
f e i t o , r e m e t o o l e i t o r a o r e f e r i d o e n s a i o , e m v e z de a q u i r e p e t i - l o , PRESS
sempre, e n t r e o b j e t o imediato e mediato, sempre, pois, a p e n a s e n t r e o b j e -
pondo-o portanto como conhecido.
^S. Precisamente s o b r e a q u e l a pressuposição f a l s a a s s e n t a - s e a t o l a c o n -
55
7 N o o r i g i n a l , Wírksamkeit, cjuc t a m b é m se p o d e r i a t r a d u z i r p o r e f i c á c i a . í N . ' •)
54
0
O mundo como vontade e como representação
fazer efeito de um
T ¿ l Ú
entretanto - no que // nunca é demais insistir - , entre sujeito e o Ç^j^ diferente de seu tazer-ei hecimentodam o n l ü presentação,
nem um» o coni
há relação alguma segundo o princípio de razão, segue-se que contradição. iE i s poro que
t a como objeto mesmo - ^ . ^
î S e q m u n d ü
t,s#Y-
nem outra das duas aiirmações pode ser comprovada, e o ceticismo objeto intuida
i « —o o nanceicm e n t ó . d e pura, é
U e s i « m o causalidade pu.
c i s a l l d a
M-cssm
a maneira universal de todo ser-obieto. Mas, desse m o d o , o o b j e t o \ . O munóo
a sua explanação inteiro d o s objetos é e pc.
eito q l l L
Precisamente p o r isso é, sem exceção e em toda a eternidade, condiciona
põe em toda parte o sujeito como seu correlato necessário. Suje do sujeito
A ou seja, possui idealidade transcendental. Desta perspec-
permanece sempre fora do domínio de validade do referido prinCÍp 1
parar representação e objeto, que no fundo são uma coisa so, assuré 11 i ,. c • rlara Meramente ao espírito pc
si lU' lh
-e lala uma linguagem perfeitamente clara. m e r . p j j de fato
uma causa completamente diferente da representação, um o b j e t o £ m vertido por sofismas pode ocorrer disputar acen
com
todas as vezes ocorre pelo uso incorreto do princípio de razão, quede m o d o
0
a mesma falsa pressuposição de que na representação se tem toda d o objeto; um absurdo, visto que
, c de outros ot
mas mero fundamento -, ce w
outros o b ;j e t o s . C^
r
aze*' a s o seO
s e m ? r e ¿
a i s a m e m e a»»uun«»i j - i ,
de causalidade é primeiro tomada a partirr da experiência, cuja re< d a * v a l i 57
>de
I 17 deve novamente assentar nela. E m face desses p r o c e d i m e n t o s , // t e m - 8
5 6
ft*
0 mundo como yon
o diferente da p u r a m e n t e e s -
<-m, por
outra origen,, por
a
inten e n t e empírica, n o r i a m
^^Up^.^T
10
tal encadeamento é q u e * — s ó p o d e. a— q
om°
razão não como princípio de razão de C O N H E C E R , mas de D E V I R - c
de objetos. E m função disso, o mundo intuitivo, por mais que se pc ^ foi sonhado seria muito , b r o a membro o encá- p m
aconteceu ou
neça nele, não desperta escrúpulo nem dúvida no contemplador. A q u l
, m o d o algum estamos em condições de seguir menu
A i j ,„,¡„ r n vivenciado e o m o m e n t o pre-
há erro nem verdade (confinados ao domínio abstrato da reflexão)- *\
i n l
, ram e n t e empírico
A questão acerca da realidade do mundo exterior, tal qual a cotisl r;1
propriamente dita da intuição sensível, a questão tinha de ser sup " 1 1111
, e mais ainda
I 19 justamente porque não lhe restou mais // significação alguma. S ó q u C ,., i- iona-io
• --oune^
realidade q u a n d o , sem
dtsso, algum p r o í b o
1
nu negocio
59
quando, além
8 Cf. m i n h a n o t a a o § ) . (N. T . )
5«
— v
Te gg?
O Ci*
or —
51
Arthur Schopenhauer
I' c ^ o Q ^omo
II P o r fim, Calderon estava tão profundamente imbuído dessa visão,
representação
pensamentos e nos o c u p a t a n t o n o s o n h que procurou expressá-la num, por assim dizer, drama metafísico, intitu-
no quanto no despertar. Nesses ca;
a p e r t a r 6 quase tão pouco notado quanto o adormecer. Sonho t lado /! vida é sonho.
realidade H
conjuntamente, coniundindo-se. Resta então, obviameP Após essas muitas passagens poéticas, seja-me permitido expressar
te
• apenas a aphcação do critério kantiano: mas se, depois, c o n t o muita* uma comparação. A vida e os sonhos são folhas de um mesmo livro. A lei-
não2 T ' , °
e n c a d
At^ a l £ o
) o w ^ J a a n c i » ' . í^^ tura encadeada se chama vida real. Quando, porém, finda a hora da leitura
Habitual - o dia - e chega o tempo de descanso e recuperação, ainda folhe-
nao pode absolutamente ser est d , , l . \ fica". V
Proximo de nós o parentesco íntimo e 'olha aqui, ora outra ali. Muitas vezes se trata de uma folha já lida, outras
•I :>-onbecid° e dc uma desconhecida, mas sempre folhas do mesmo livro. U m a folha lida
queremos nos envergonhar em admiti-lo, após ele ter sido i c e ^ assim isoladamente se encontra de fato fora do encadeamento com a leitu-
expresso por muitos espíritos magnânimos. O s Vedas e Puranas n a o ^ ra consistente e seqüencial do livro; todavia, não temos aí algo de m u i t o
de comparação melhor para todo o conhecimento do m u n d o etetrv discrepante, caso se pense que também o todo da leitura consistente e se-
eles chamam manto de Maia, nem empregam outra mais freqüente quencial começa e termina, d o mesmo modo, ao sabor d o m o m e n t o e, por
do que o sonho. Platão fala repetidas vezes que as pessoas vivem Y ^ isso, pode ser vista simplesmente
miente c o m o uma grande - folha .solada.
, e não tn- f
• dos
i a> 1
p «a nr aer emm dadavida
vidareal
re pelo fato d
em sonho, unicamente o filósofo se empenha em acordar. Píndaro ^ E m b o r a os sonhos isoiacios a t —
tervirem na concatenação da experiência que transcorre com constância
ç 1 3 5 ) : cjxtaç ovap av&po)Ttoç (umbreu somnium feomo); e S ó oc 9
em wtnhram
el leve-
cia nenhuma diferença m ais determinada, e somos obrigados a conceder
'0
da é um l o n gTO
o sS oO nl l hi i o^ .
Ao lad aos poetas que a vic
« dos quais Shakes Se retornarmos dessa origem inteiramente independente, empírica, da
peare se coloca da maneira mais apreciável
questão acerca da realidade do mundo exterior, para a sua origem especu-
We arc such stuff
laria vimos ciue ela se apoia em primeiro lugar n o
As dreams arc made of a n d
our life 'ativa, e n c o n t r a r e m o s , c o m o vimos, que r o
h rounded with a sleep u r
9
"° e m c o sonho de
h o m
I 22
uma sombra." ¡\¡ t de c o n t e ú d o v e r d a d e i r o , // e em s ^ ^ e r - s e - i a e n t ã o de
IO "Vejo q r - T
c o r r e t o e u m s e n t i d o c o m o sua Q U i m i . { o s é
fugidias." (N. T.) ' guras ilusórias, imagens de sor
S e n ã o fi
admitir que, só quando entraram na reflexão r
I "Somos feitos d
« t o f o que
l 0 m e s m 0
6/
6o
O mundo como vontade e como representação
'"os dados. T o d a a essência da matéria consiste, c o m o foi mostrado, em
seu fazer-efeito. Causa e ei~eito, entretanto, existem apenas para o enten-
o- rtbur Schopenbauer dimento, que nada é senão o seu correlato subjetivo. M a s o entendimento
nunca seria usado, caso não houvesse algo mais, de onde ele partisse. E
aquelas forma e polêmica confusas, i n c o m p r e f n s i ^ este algo é t ã o - s o m e n t e a sensação dos sentidos, a consciência imediata
que assumir
ssão pura, que não se soube cncon
;im o penso. A expressão cn^- ^ das mudanças d o corpo, em virtude da qual este é objeto imediato. L o g o , a
do sentido maiss profundo
nrofundo daquela questão é: Q u e 6
é este m u n d o mtu
intu ^ possibilidade de conhecer o mundo intuitivo assenta-se em duas condi-
tirante o lato de ser minha representação? P o r acaso é aquilo de que ções. A primeira, PARA EXPRESSÁ-LO DE MANEIRA OBJETIVA, é a capaci-
consciente apenas uma vez como representação exatamente c o m o d o s corpos de fazerem efeito uns sobre os outros, de produzirem
1 -lo coi" " 1 10 lanças entre si: sem uma tal característica universal, intuição alguma
próprio corpo, do qual estou duplamente consciente, de um D 5 possível, m e s m o mediante a sensibilidade d o s corpos animais; se, t o -
dade de
REPRESENTAÇÃO, de outro c o m o VONTADE? - A explanação precisa ^ "avia, quisermos EXPRESSAR DE MANEIRA SiT.JETIVA essa mesma condi-
mudança
resposta afirmativa dessa questão constituirão o c o n t e ú d o d o segun ^ ção, então diremos que o entendimento, antes de tudo, torna a intuição
•a, e as conseqüências daí advindas pre seria
vro desta obra, e as conseqüências daí advindas preencherão a pait Possível, pois apenas dele se origina a lei de causalidade, a possibilidade de
davia,
rã,,-- i- • 1' ,,.,1,, -m^nis nara ele; em conseqüência, apenas
1
tante do escrito.
po, a partir do qual surge em cada um a intuição do m u n d o , vem t t r , . . 1 - ,,;,>irn As simples mudanças que o s
t
Aeiui,
lui, portanto, o ».
corpo nos é o>bjeto
l imediato, isto é, aquela cep ^ 1 _» • , , , 1 . : J „ inatamente c o m o o s demais obie
Çao intuível n o espaço, só é conhecido, justame. j
I 23 tação que
ae constitui
cons para o sujeito o ponto de partida do c o n h e c Ü » ° * ^ c
i-*. j . ,. 1 lei d e causalidade na ação d e u m a d
J : J - em _. - 1-
na medida , de maneira mediata, pelo uso da6 JLei ae
t o s
que ela mesma, com suas mudanças conhecidas IME
mente, precede o uso da lei de causalidade e assim fornece a esta os pC*
62
O mundo como
, , ultima modalidade de conbe-
u # s t
&7 ^ « m e n t o , n i o a razão, c J^ ^
liorna
entendimento,
Scbopenhauer
e m e n et oeleito
causa pertence semç
^somente -7^;C e lei natural não
rlem sei
suas partes sobre as outras, logo, na medida em que ^ abstratos po*- produzi-la. c o n h e c i d a i m ediata-
mão o toca. Por meio do mero sentimento ordinário não conhecemos • ^ »s de aparecer in
d,> se exteriorize, tem
• nvamente, antes
importa onde se
gura do nosso corpo, mas o fazemos apenas pelo c o n h e c i m e n "
sentação. Noutros termos, apenas no cérebro é que também
o t i ° so s
i .^rendimento, apt
mente pelo entencu
^ ^ ^ ^ ^
gravitação por
i ,s val e
,foiadesco
G o e
!Ȓ>Comcsta
gradualmente a partir da ação de outros corpos des foi a descobe desmente um
aferir' i são simy-
„ . Ex-mente n o S n « - K s a s d £ s c o b e r t a
ido do conhecimento
s
vimento senão o produzido por causas no sentido estrito cio t •oduto ão fixar em conceitos abstra-
M-m 9', uma o c o rc r l n c i a , n ã o o f " " < ) de longas,, .
esse assunto foi exposto detalhadamente no meu ensaio so)bre o \
L J i
a v/
dap' ' 1 1
, descobertas completas se pRUDE. ^ ã o , sagacic
ida- : n c U
64
mmdoco ovontadee
m como representação
equinas munidas de rodas e alavafl' demos avaliar de maneira bem exata o quanto o entendimento consegue
c o m o má ^ ham i c
a
SIDADENO USO DA EE1 DE CAUSALIDADE, incapacidade para a t. ^ entendimento e razão sempre se apoiam mutuamente. E m conseqüência,
imediata da concatenação de causa e efeito, de m o t i v o e ação. cecci " 1 1 muitas vezes encontramos nos animais as exteriorizações d o entendimen-
C s OS
en
C o n t r a d o que os aquece: uma prova de que isso já exige ponderação, i m -
r
reciam refletidas a janela
j;
c o r
r
vezes, ele
0
odavia, n o exame do entendimento aos «u
1
a
» p r e era assaltado de
S C I
se A~ _ _ „ . . . . ,< «vnrfssão d o i n s t i n t o , qualidade que lhe
grande admiração e alegria, nunca para n ã o lhe atribuir o que e cxprtssao u u ,
cansando de obse
a a
^71.1
3servá-la p m i ri • i ,-,,„111 -i razão; e n t e n d i m e n t o aquele que,
com « m espanto, visto o tie
c
- não entendia aZ7^\i¿*&
causal^ c o míp
L
p ll ee tt aa m
m ee n
n tt ee alheia,
alhel bem c o m o a i a/... i |
efeito análogo da atividade c o m b i n a d a
omens os " o e n t a n t o , f r e q ü e n t e m e n t e ia/- o e d a v i a , não cabe n o m o -
t o
riad
°s, nas d,rvl °*espécies^de*
crentes
nS
g U á
^ d o
a t e n d i m e n t o são bastante va
destes dois poderes. A explicitação desse • .
66
O unindo como vontade c
todas as estrelas n o horizonte, assume uma distancia maior em relação a
cias, avaliando-as c o m o objetos zcncszvcs conforme a perspectiva a t m o s -
férica, c o m o que a lua é tomada no horizonte c o m o m u , t o maior que n o
A rtbur Scbovenbauer
zénite e, ao mesmo tempo, considera-se a abóbada celeste mais estendida
'-•-ida. A mesma falsa avaliação de perspectiva at-
ento presente da exposição, mas encontrará o seu luga» n
" ^ na tU-
»'«-as. das quais ap " ° nic<
vro, quando considerarmos a harmonia ou a chamada te t o < , o
de fato estão,
Q a
. m e n t o s t a m b é m c ded do qui
Férica nos faz s u ° ' ptóx imas Blanc visto
de S a -
mosférte
? > m a i s
lS
Carência
RAZÃO em „de entendimento se
íclwnia L S T U I ' I I )l '/. C r ô n c r a /oí0:,>
t
para desvantagem
ikO em termos práticos reo
Lenche. T o d a s essas
Já a carência
fim, carê da F A C U L D A D E D E JUÍZO se ' i a m a S I M P L O R I H D A P H .
c
^ imp oss sem
imediatas d i a n t e de n ó s , INIJVV—
P * ™ 1 ou
dm, carência parcial o u ccompleta
p l de M H M ' . p„
to. E s t e pode prevenir o erro - isto é, o juízo
m p e t a d c M K M Ô j U A s c d w m a t o u C ü R A
129 o mesmo, pressupõe em todas as vezes a causa habitual; ora, corno * » ^ do no que
bsetv ac do objeto nem
sa ser o timos
atividade não é reflexiva nem discursiva, mas direta e imediata, a c^' , Hela não pat vbos,
c amda p r e c » [ a
)Oe a ami
n t e a f a l s a ^ - f e i t a até a g ^ - ' ^ ^ ^ é m e ï
sa posta-se diante de nós como objeto intuído, justavue,
: 9
universal e
ia nLl
de nossa consideração a mais
cia. N o s ensaios recém-indicados mostre, c o m o nascem dessa m ^ forma ptitneü
aerada por nós
La
d o s u j e i t o , mas da RLPRLSLN"I AÇÃO, que
, r a consto
visão e o tato duplos quando os órgãos dos sentidos são trazido* a ^ Pois a divisão em sujeito e objeto é su
:
iutório),
posição inabitual: com o que justamente forneci uma prova > ^ ° n f
^ <\t mais essencial. Esta forma nela mesma foi a prime e causalida-
a t e n d o , n o principal, ao ensaiopaço
introc
de que a intuição existe apenas por e para o e n t e n d i m e n t o . Exemp ^ 1 sempte finadas, ^ ^ c t a , s a o o b-
( e m b o r a a q u,s
i outras que lhe são subordinadas, tempo, e:
c s s c n
tais enganos do entendimento, ou ilusões, são, ainda, o bastão de a P , COMO TAL, tam
em seguid txMias ao O B J 1 T O ; entretanto, c o m o i t o
68
vO •6°
O mundo como vontade e como representação
Arthur Schopenhauer
das as exposições que a pressupõem têm de ser para mim um livro com
nesse sentido, podem ser vistas como o limite c o m u m entre s u j e i t o e obj sete selos. A coisa vai tão longe que (e isso é estranho c o n f e s s a r ) , no con-
to. Todas, no entanto, se deixam referir a uma expressão c o m u m , o princi- tato com aquelas doutrinas de profunda sabedoria, sempre me dá a im-
pio de razão, como mostrado detalhadamente no ensaio introdutório. pressão efe ouvir somente horríveis discursos vazios e, decerto, extrema-
ção de todas as filosofias saiadas até agora, que partiram ou do sujeito O s sistemas que partem do objeto sempre tiveram o mundo intuitivo
ou dlo objeto e, por conseguinte, procuraram explicar um a partir inteiro, e sua ordenação, c o m o problema. C o n t u d o , o objeto que tomam
outro, na verdade segundo o princípio de razão, de cuja jurisdição elirru- ^ c o m o p o n t o de partida nem sempre é este mundo, ou seu elemento funda-
mental, a matéria. Antes, é possível fazer uma classificação de tais siste-
namos a relação entre sujeito e objeto, deixando-a apenias a o o bjeto.
* m a s ^ o o K ^ m e as quatro classes de objetos possíveis• estabelecidas no
n n meu
meu
filosofia da identidade, nascida em nosso tempo e de t o d o s conheci a, p^
ensaio i n t r o d u t ó r i o . Assim, pode-se dizer que, da primeira daquelas clas-
deria não ser compreendida sob a citada oposição, na medida em q l l C 1
um terceiro, o absoluto cognoscível por i n t u i ç ã o - r a c i o n a l T e|ue nao 1 G i o r d a n o Bruno e os materialistas franceses; da segunda, ou dos concei-
de tos abstratos, Espinosa (vale dizer, do conceito de substância, meramente
jeito nem objeto, mas o indiferenciado. Embora a ausência completa
qualquer inttiição-raciomal me impeça de falar da m e n c i ó n ada mdiferen- abstrato c que existe unicamente em sua definição) e, anteriormente, os
eiação e do abi«oluto, todavia, na medida em que t e n h o acesso a todos os eleatas; da terceira classe, vale dizer, do tempo, por conseguinte dos nú-
protocolos dos //eontempladores-racionaisT também a b e r t o s a nós pro- meros, os pitagóricos e a filosofia chinesa do I-Ching; por fim, da quarta
classe, isto é, do ato da vontade motivado pelo conhecimento, partiram os
nos, tenho de observar que a dita filosofia não pode ser excluída da o o-
?
tecido fio a f
•o a partir do sujeito; c a filosofia da atureza,
n f " - que, s s e m c l h sume a lei de causalidade c o m o fio condutor, e com ela quer progredir, t o -
temente so
taz o s u j e i t o s u r g i r aos p o u c o s a p a r t i r d o o b j e t o m e d i a n t e o u mando-a c o m o uma ordenação de coisas a subsistir por si, veritas aeterna; 14
d e u m método d e n o m i n a fi-
em conseqüência, salta por sobre o entendimento, unicamente no qual e
fiJL
* " * notar ^ ^ ^ ™ é
P ^ ^ ^
para o qual existe a lei de causalidade. E n t ã o , tenta encontrar o primeiro e
de razão em várias R P *™*
0 0 C O B £ o a M
° P
ra mais simples estado da matéria, para, cm seguida, desenvolver todos os
construção Ora r « * e n u n
C l o a profunda sabedoria contida n«*"
o u t r o s a partir dele, ascendendo do mero mecanismo ao q u i m i s m o , pola-
v
edada por c o m p l e t o a m t u . ç ã o - d a - n i x a o , t ü
/IrfAiir Schopenhauer y,A „ c J , rõr. bólido de suas explicitações, que uma redução a
r
V7V
; r
ridade, vegetação, animalidade. O t a , supondo que tudo isso desse certo, o i / . • r j . , f,, T i rhocíues e c o n t r a - c h o q u e s ) n ã o deixa
r P 1
último elo da cadeia seria a sensibilidade animal, o cconl ele ( s o b r e t u d o se o resultado lorem u i o q i u i j
onhecimento, q ' u e
™S * „ ,
jrtV . — -, ' ,fido de maneira inteiramente mediata e
portanto, agora, e « ™ em cena como uma mera modificação da matéria. nada a desejar - tudo isso e algo ciacio u l m a n e
e n ¿
condicionada, portanto, tem ^ , por c h r o
i 0
riorizam pelo fio condutor das causas (portanto legalmente) são na
te necessária no primeiríssimo ponto cie partida, a mera nvAtciia q verdade para se explicitar. - A afirmação de que o conhecimento é m o d i f i -
sávamos figurar, mas de fato tínhamos pensado t ã o - s o m e n t e n o cação da matéria, contrapõe-se sempre com igual direito a afirmação con-
que a representa, no olho que a vê, na mão que a sente, n o enten ^ trária, de que toda matéria é apenas modificação do conhecer do sujeito,
sujeito c l m 1
d u e
conhece e rs i • A _ c M n n r e de dois dados básicos: um deles, sem
ta, - enquanto,
e m v e r d a d „ « P u c a a este de maneira
a s s i m
co«f Q u a l q u e r ciência parte sempre u c
• )á como tal, é condicionado <- . • j - , numa de suas figuras, c o m o óreanon; o u -
m a n
eiravariadapel r o
d U e , t O d 0 0 b
' e t i V 0
exceçao, é o princípio de razão numa cie s u a . 0 B
pondo-o,Lo g o
P
c 7 , C
*pue conhece e
,. r i i- -r A. - i d i uma delas, c o m o problema. Assim, p o r
t i o e o o b j e t o especifico de cacia uma r . , . r
completo O S C a
' a
° í „ « n a r o c o m o problema, e o princípio de razão
^tialismo' ° ' °^ Í t r a i a S U J e Í t 0 C o b e t i v o
desaparece p ^ exemplo, a geometria t e m o espaço c u i u w j . r r
' P l a n t o , a tentaria ,4 m o e
l i . i n t oqiic
q^ 1
j , .„,„„„. aritmética tem o t e m p o c o m o proble-
d a d o
Mediatamente a p de ser n o espaço c o m o organon, a ai u i i n ^ r r
.rivo-
M « í dad o mediatamente. T o d o o bjeti . . . i - j „ » f n o remoo c o m o órganon; a lógica t e m a
v
^•Huefaz-efeiJ ^ d o c
r h
j
seu c o .n j u n t o c o m o, prot história t e m os f a t o s h u m a n o s ocorridos em
ae conhecer c o m o organon, a i i i s l u h . .
«'Çnodc ,blema, e a lei de motivação c o m o órganon; a ciên-
Princípio. !N. T.)
1 5 P
73
7i
,-esentacão
mundo como
vannât como rev
O wund serão
h o d e s s ' antigo
0 'oie em dia percorrer de novo >decessores,
o
•! retornar ca
a re
alados e enver-
c
¿ .As o U v t o
conheça, ate
a, o s e e * ' 1
U m
r e n d i m e n t o que
en
é se poae u . - .
primeiro é procurado pela ciência da natureza enquanto qtunuc estas são para a representação um sideroxylon. Por outro lado, a lei de cau-16
dois ex-
do pela ciência da natureza enquanto fisiologia. M a s até agora os ão e investigação da natureza que dela se seguem
a coi- à assunção segura de que, no tempo,
tremos não foram atingidos, só entre os dois é que se ganhou a g u l
salidade e s c o n s i d e r a ^
lõ-\ ' , -os, s ° necessariamente olexamente organizado deve ter sido
sa. T a m b é m as perspectivas futuras são sem esperança. O s quim c
^ ^ conduzem-nos existiram antes
do da matéria m a i s compi animais
os o mor-
a pressuposição de que tanto a divisão qualitativa c o m o a quantita qualquer
Precedidoe:de um mais simples, vale dizer, que c
matéria não pode ir ao infinito, procuram sempre limitar o númer dos homens, os peixes antes dos animais, as plantas antes destes e
a apen> s
r.4. • , i * • ronsenüência, a massa originária
elementos fundamentais, agora em cerca de 60. S e chegassem
ganico antes de qualquer orgameo; poi conséquent , g
a lei de bhoom
m°o g ^
dois, obteriam um jeito de remetê-los a apenas um, pois
J . „ c mres uue o primeiro olho pu-
da rnat**
, , • j i n
ria que precederia a todos os outros não essenciais a ela e n q u a n t o desse se abrir. E no e -. que se mundo inteiro permanece
- - .^stenaaolhodaquele
. - »«cidas* : sse//
p rpois
i m e itrao.-olho é o n . - . diador necessário
sempre depen dente - nertencido
;
,artm & culo de sua existência. Sim, roda aquei toda essa
domínio mecânico, ao ter de explicar c o m o um primeiro á t o m o p m o sustentácu danças, mediante as quais a ms
se desen-
direção originária de seu movimento. S i m , essa contradição que s' cheia de inumeráveis muO' do primeiro animal cognoscente,
:ia
c , aré a existene xnsada unicamente na identidade de
volve inteiramente por si mesma, impossível de ser evitada e resolvi forma a forma ate a só pode ser p < - taço e ! dessa
•^es consciên-
s c n
ela mesma, sò\ ^ ^ ¿ res
deria ser considerada de maneira bastante apropriada uma AN longa serie, -
t r e ?
cada vez mais que nunca algo químico peide ser remetido a algo me 75
nem algo orgânico a algo químico, o u elétrico. Aqueles, p o r é m , cp' L
74
nliiÇ" 0
iefcomorepresu
V
O mundo como. este
ores
nada. Assim, necessariamente
CS
•leito q qüência d o passado, segundo o p r i n c - endo a
nei r
pendente de uma longa cadeia de causas e eleitos que o pr ^ ^. ^ senta como d e . - Q u e m aprecia interpretações mitológicas poc
visões c o n t r a d . t ó r i
aparece como um membro diminuto. Essas duas visões c o n derar c o m o descrição d o momento aqui exposto de aparecimento d o tem-
v ~ n«cimento de Cronos í x p o v o ç ) , o mais ,o-
pelas quais somos, de tato, conduzidos com igual necessidade, \
decerto ser denominadas uma ANTINOMIA da nossa 1 acuidade de cO
Ö po (destituído de c o m e ç o ) , ^ ^ , c ess . as oroduções
,ra o cruàa
q
do
cenano. p a l
vem ados
o s titãs, que,
"*" tendo ^ .de deuses
^ e ^ * ^ mais c o n s t -
P
criabsnio,
céu e da terra, c o m o que a ra ^ o s j
u
adis 5 0 u coi-
e n c o n t r a s u a s« serve simultaneizmente para tornai ü..
que por último se apresenta necessariamente a nos m a s an-
e a causa
no fato de, para falar na linguagem de Kant, o tempo, o espaço vitáve numa o p o s i ç ã o insuperável, entre sujeito e o l ,
sali-
fenôme- ão
4 U e
. por sua vez, leva â procura da essência mais ínfima d o mundo, a
dade não pertencerem á coisa-em-si, mas exclusivamente ao se - 0b\ ' c
a
-em-si, não mais num desses dois elementos da representação
no, do qual são as formas, o eme, na minha linguagem, soa: o m u i c
úetamente diferente dela, não investido dessa onosiç
tivo como representação não é o único, mas apenas um lado ° {^¿,0 tes em algo comp
lúveb
1
troceo
I \ - insta Oposto ao « p l t ó t a M ^ -
f M-ocec
J , m
: ^ o f o U o *<
dime
Q
completamente diferente, a sua essência mais íntima, o seu nuc ' ' ^
O .-" Z ontra-
L
Ü
mente a coisa-em-si. Este lado nós o consideraremos n o livro s g 138 zer originar-se o s u j e i » r T o c o n a
novo,
\/ i n t a o para daí querer p r o d u z » o se mim
nomeando-o, conforme a mais imediata de suas objetivações,
Porém, o mundo como representação, único considerado aqui s u w uni\
ersal e m t o e
l a f i l o
Í i ; t t i c o e « » t
nto ste , ela possui e m * . «
nas com a abertura do primeiro olho, sem cujo médium do conW
¡cimen do propriamente em ap me ne s que eia r ••¿ a
o da filosoha-apare
d c c
conta disso, o tempo não possui começo algum, mas t o d o c o i m - V em geral é t ã o - s o m M-ofun sonor
nele e, como é a forma mais universal da coanoscibilidade, a qual têm com gestos de seriedade . ^ pO*» ^ ^ M c 0
o tempo, com o primeiro conhecer, também está presente c o m im rios fracos, com o que p o * « ' a q u e k s oue - ' persegue , su
se
nitude completa em ambas as direções. O f e n ô m e n o que pree c a.U" mencionado Rtósofo, c o « u d e aU rentua a s e « nas
t I
' r - de Pl-itaO' 1 de razão, por conseguinte, exatamente como outrora, conservou validade
p e r p l e x i d a d c da q u a
p e r p l e x i d a d e da q u a l t e n t a se s u b t r a i r e q u e é o 9 a ' u p c a S - c ^ 3 ,
1
a
acondicionada, e a coisa-em-si, em vez de, como anteriormente, ser posta
este t a m b é m d e n o m i n a d o u n i pcxÀ,a ( p v X o o a p i x o v n a & o ç . ' 4 ^ ^
•a e s t e , u c p e ' T no objeto, foi agora posta no sujeito do conhecer. O caráter completa-
ra o f i l ó s o f o i n a u t ê n t i c o d o a u t ê n t—
i c ow é%o f a t o , p a r a e s t e , d e a p e rovem
p ^*
p r o v i r da vvisão
isão d o m u n d o m e s m o , e n q u a n t o p para
ara o p r i m e i r o p y ^ mente relativo de ambos, a mostrar que a coisa-em-si, essência íntima do
Q
1
P\ > j J - ç.
AAtroo tÍOl
oi ° ' 0 L
mundo, não pode ser procurada neles, mas fora deles e de qualquer outr.i
p l e s m e n t e de u m l i v r o , de u m s i s t e m a já e x i s t e n t e , b s t e fa^' 1
de F i c b t e , p o i s ele se t o r n o u f i l ó s o f o a p e n a s c o m a c o i s a - nf ren t e i
existência relativa, permaneceu ignorado. E, como se Kant jamais tivesse
e
c o m m u i t o m a i s s u c e s s o , já eme p o s s u i t a l e n t o r e t ó r i c o s 1
^^ ^ p^rO os escolásticos, uma aeterna veritas. E, assim como por sobre os deuses dos
Caso, todavia, tivesse descido mais p r o f u n d a m e n t e n o s e n t t e n did° antigos ainda reinava o destino eterno, também por sobre o Deus dos es-
q u e o t o r n o u f i l ó s o f o - a Crítica àa razão pura d e K a n t —, te n a 1
^ colásticos ainda reinavam aquelas actcniae veritates, ou seja, as verdades me-
q u e o e s p í r i t o de sua d o u t r i n a c a p i t a l é e s t e : o p r i n c í p i o d e r a z a ^ ^ taíísicas, matemáticas e metúógicas, sendo que entre alguns ainda havia a
t r á r i o d o q u e d e s e j a t o d a a f i l o s o f i a e s c o l á s t i c a , n ã o é u m a veritas at\ y
alidade da lei moral. Tais veritates, por sua vez, não dependiam de nada.
• • - - d o m u l
seja, n ã o p o s s u i v a l i d a d e i n c o n d i c i o n a d a a n t e s , t o r a e a c i m a c ^ Por intermédio de sua necessidade existiam tanto Deus quanto o mundo.
m a s s o m e n t e validade relativa c c o n d i c i o n a d a , r e s t r i t a a o f e n ô m y Em Fichte, cm conformidade com o princípio de razão como uma tal vm-
-QUI ' 0
dendio a p a r e c e r c o m o n e x o n e c e s s á r i o d o e s p a ç o o u d o) tt ee imn pt —
o ,. o- u c , e
t a s
aeterna, o eu é fundamento do mundo ou do não-eu, do objeto, que é
1 5
Pol-cO^
justamente sua conseqüência, seu artefato. Fichte não entrou cm guarda
de c a u s a l i d a d e , o u c o m o lei d o f u n d a m e n t o de c o n h e c i m e on ot od .e s e r
Para inquirir e controlar o referido princípio. Se eu // devesse indicar a fi-
g u i n t e , a e s s ê n c i a í n t i m a áo m u n d o , a c o i s a - e m - s i , j a m a i s p o du* É
o r v
t e à q u e l e c o m o se s e g u í s s e m o s d o f u n d a m e n t o à s u a c o n s e q u ^
sentido e tedioso jamais escrito. - ^^ oposição tardiamen-
de t u d o i s s o F i c b t e n ã o o b s e r v o u u m m í n i m o s e q u e r . P a r a e l e , a U ^
t e menção, nos é interessante aqui ap •- o n s e q ü e n t e filosofia que
sa i n t e r e s s a n t e n o a s s u n t o era P A R T I R D O S U J E I T O - o q u e K a n t c - ^
relho materialismo, | -....^e oue parte do su-
te surgida ao v e m " ftc\vtvana toi « ^ ^ matériau;
- c o m o f i t o de m o s t r a r c o m o f a l s o o a t é e n t ã o p a r t i r d o o b j e t o , q u t
\
„ w i i s o o a t e e n t ã o p a r t i r eie> o u j e i . 0
parte d o o b j e t o , c o m o a _ ^ i m ? etcept ^ q g U
se
se tt o
o rr n
n aa rr aa a
a cc o
o ii ss aa -- ee m
m -- ss ii .. F
F ii cc b
b tt ee ,. ee n
n tt rr ee rt aa n
n rt n
o , tr o
nm o ui ee ss ss ee p
mm Daart tt iur ccio sUj ^
jeito. D o m e s m o modo m h a p o S t o d ^
c o m o a l g o e s s e n c i a l e, c o m o t o d o s o s i m i t a d poe n
v s eo u: q u e , a o c x ' b
1 1
^ c
r < ' - ^ c o m o 0
, f^bte, q* '
p l a
e a
° V
foi imperceptível a
1 7 "E•spanto - um
sentimento deveras filosófico". (N. T . ) P 79
18 Sc
o 9
78
Arthur Schopsnhaiier -6^ tf tí^ . r . « ^ d e r a r aquela classe de rcpre-
d-i se faz preciso conste
Antes, porém, aind
Cr 0 ' -lusvamente ao homem, cujo estofo sao os
sentaçoes que pertence e x c l u s m e- Q c o r r c l a t o s u b j
d
e
c
U
r
m
a
launi iduaam
7 j
mee n
n t o ssuutfiicciieennttee " sac
o . ,
são
couce itp\ ^
footía n a d a m a s s c n 2 Q a
universal do o b i r „ P ,^ „ 0 j l; . çV\ §8
" " l i. t : " P i n" "t ' oL vj aj u pressupõe
1 , 1
o objeto, log*
picssupuc O
0 e n q U
•
a , U O
—•
ova e antes e exteriormente a ele, c o m o se pudesse p r o,duzi-lo
d u z i - L c engen-
¿rito CO'
O C o m o da luz imediata do sol á luz emprestada e refletida da lua, passa-
ml7d e S 8 U
1° " l C g a l
' d a d e
' ° P r O C c J l m m t o
que parte do suje ernos agora da representação intuitiva, imediata, auto-suficiente e que se
riof-
ca, e modo geral, o mesmo erro que o procedimento e x p o s t o ante a, á reflexão, isto é, aos conceitos abstratos e discursivos
mente que parte do objeto, vale dizer, assumir de antemão o que depois garante a si mesm do apenas a partir e em referência ao conheci-
da razão, que têm seu contetic nos mantemos intuindo de
z
- ou seja, o correlato necessário do seu p o n t o de partida.
po e m que
mento intuitivo . D u r a n t e o t e m f - dúvidas, er-
icncrc L
°!. . e S S e S e r t 0 S
g o s t o s d,ferencia-se o n o s s o p r o c e d i m e n t o c e r t o Inexistem perguntas
modo puro, tudo é claro, f i r m e , intuir, s a -
R.EPRFSTNT\ r  o " ^ ^ ^ P^' ° °bJCt° ™ " d ü SUÍCÍt°' ^ 1 1 0 5 d alénr, sentimos icalma n o
o d e ir
r a f u n . " T C O m o
P e . r o fato da consciência, cuia forma p r i * * '
n m
ros. N ã o se quer ir além, não se p c ~ Por conseguinte,
Hl
1 4 2
t.sfação no presente. A intuição se basta a si mesma.//tiel, c o m o a a u t ê n -
ob eto T , m i S e S S e n C Í a l > 6 3 d Í V Í S ã
° « - j e i t o e o b j e t o , a forma &
tudo o que se origina puramente dela e a ela e r m ^ pois la
d a¡quaisarecí
!ou" ; ° suas // diversas
diversas ftiguras,
i g u r a cada
cau » « * ° -
?
~
P n n C Í p i d c
J " * " a
° l u
» d a m e n t o de conhecimento. Essa relatividade c o m p k " eado por seus escravos ^ ^
enganado, é acorrem
versdT ° ° P ^ S o , tanto em sua forma ma.s uni"
m U n d C O m r e r e s e n t c
° n t r a o qual os mais sábios espíritos s e t o r n o u patrimônio
stijeito e o b j e t o ; quanto na subordinada a esta (princípio de I
a t a l h a desigual e apenas o que neia dedicar-lhe aten-
a o ) , indica,
—». w c om
moo dd ii tt oo . aquu,e a > a A
" i h
a g o r a
8í
8o
\])Í^ ° " ° " ' ° "" U,nd0COm V0 tade COm repnS aía0
ò° Arth
hur Schopenhauer
poderosa, reflexo abstrato de todo intuitivo
da razão, é a única coisa que confere ao homem aquela clareza de consciên-
em conceitos não intuitivos
,, c o m o as corujas gjjg e r
• , A,, n n r exemplo, fazer friamente prepa-
existe, o erro pode jogar o seu jogo,.me
com as ocorujas e e os
os M
m oOr Ic e^ ggo- s P ^^¿ c m easuais d o m o m e n t o ; p o r isso pode, por excmpi , r r
ls corujas c
conforme a sua composição, remontam a tempo, espaço e ma é, nliecimento de que um exclui o outro e, assim, n u a Y
, 1
nrpnonderante, assumindo as
vemos
J S em referência íao objeto) ou a sensibilidade e entendimen 144 "Oder sobre a vontade, c o m o que o motivo preponaer. ,
'j i j ,r•„-!«• íiue dá assim sinais mconl tin-
conhecimento da causalidade
causa (se as vemos em referência ao SU) a
h a s , / / é a decisão ponderada da vomade, que cia
vemos em referencia ao da terra- j, . , . . , x i o é determinado pela impressão
u
eceu ainda i •
f
r r r
receu ainda, no homem somente, entre todos os habitantes si. mveis de sua índole. O animal, ao contrário, t r
-tra facuidl T 7 ' ^ m
os habitantes da terra, « * *
C I 0 m e m e
r , , . , , com? 1
i - , „ r , node restringir seu apetite, ate
mente nova c , ; despontou uma consciência c o . n p k * *
C O n h e C Í m e n t o
« u a i , Apenas o temor da pressão otesent, pode te g t
outra faculdade de conhecimento; des
minou R E F L E X Ã O ^ e com precisão infalível se d * * * r
, /!_• - o m omica
tal determiná-lo:
scu^ tem-se' air oi
mente
jP o n t o de o t e m o r se tornar hábito e, c;.o m r, ohomem,
tal,
0 r
T a
mbém o D r i n ' d l
7 e n t e s
' s
^ as formas d o c o n h e c i m e n t o i n t u i * ^ •ne.ro
• produto e instrumento i « « romunicaT seus^ pensamentos
p l * « ' aos ^ou-. 1
n 5 o
&r»r „. JLÂ
s razão, ven, de IV™''»»»' » . ^ D £ n s a m e n t o s comume
19 N o
o n g m a l alemão veràrãngt, cuja substantivaçSo leva a Vtrir$ng» è< ^ ,n«l Hören, ouvir, •
mas «s unifica
iSg "n *« " a °conscen
; aluda d., lingoag«"
n u s a C
t 1 0 3 d a n K
n h l U
v
^ ' ¿¡0
gJO
•
t^ ; : r ; u a. a çeõ e s , « - *
dos por palavras. S o m e n t e ^ "
-tantes
K
lr/
S
a
anteriorees, a visão sumária do que é c nicaÇ' 1 função, reconhecível em todas elas e pela qual todas senam explicitadas, e
omuni num c o n c e i t o , a comu . c as % Sue por conseguinte constituiria a essência íntima propriamente dita da
da verdade, ;a propagação do erro, o I, v m i a s 1
p e n s a m e n t o e a licçao, os au^ já o h ,e razão. É certo, o insigne Locke no lissay on human undcrstandtng, livro 2, cap.
superstições. O anima
conhece a morte t ã o - s o m e n t e na morte, torna » § 1 0 e I I, atribui muito corretamente como caráter distintivo do homem
mem se
em relação ao animal os conceitos universais abstratos, e Leibmz o repete,
vida £ aproxima dela a cada hora com inteira consciência c isso
da ás vezes questionável, m e s m o para quem ainda não conheceu no & em concordância completa, nos Nouvcaux essays sur l'cntcndcmau humatn, livro
de
mesmo da vida Ó^V « r á t e r' ^contínua aniquilação. P r i n c i p a l m e n t 2- cap. II, § i o e 1 1 . S ó que, quando Locke, no livro 4 , cap. 1 7 , § 2 e 3, passa
vid \ . i. j x nn-de de vista por inteiro aquele
ia a morte é que o homem possui filosofias e religiões, embora seja » jj r n
a
explicação propriamente dita da razão, peicic cie \
> l
« r t o se aquilo que com justeza a p r e ç a m o s acima de t u d o na ação de *
l — ».»,... ]uon_/.ci apreciamos acima cie tuciu u» - v
t cráter determinante dela e incorre também em colocações oscilantes, inde-
guem, isto é, a retidão voluntária e , n n k r „ v , ^ ^ . ^ r . l a u i n a vez ten*
n, isto é, a retidão voluntária c a nobreza de caráter, alguma vez » terminadas, incompletas de expressões fragmentárias e derivadas sobre a
cer-
146 *esma. Até// Eeibn.z, nas passagens correspondentes de sua obra, proce-
« d o fruto de alguma daquelas duas. Por o u t r o lado, c o m o produtos
tos. de no t o d o d o m e s m o modo, porém mais confusamente c sem clareza. O
eligião, produções
o c l u s i v o s da filosofia e da religião, produções da
da razão,
razão, enconti
enconc ^
quão Kant tornou obscuro e falso o conceito da essência da razão, discuti-
s °opiniões
P « m a i s estranhas
estranhas e» ave
:iventureiras dos
. . . fclUUOUiuu
iil xó s- o
« f o«s. de divets
S e a S i n i õ
mais ,„ ,™
u ir
c i, i.i 4
i j . UUü d<-
—* - diversa
~ " M U
Tode
Y
« " * > c proliferando, porfin,degenerando em monstruosidades. Dal se
dess u 8 - c o n h e c e r m u i t o bem as e x t e r i o r i z a d
C O n S e U e m
gente. O s f i l ó s o f o s de t o d o s os t e m p o ss tam
m i ! n u
falam efue, por mais variado que seja o seu » possui ape-
_ geral de modo concordante acerca desse c o n h e c i m e n t o univef*sai
r a n r / S o
e m
da razão,
s
ã o que exteriorizações daquela única tunçac
i
'an ; ri;m , ademais, t e T T ehos. Desta n.ca fun^o explici
4
H» s e
' 'amenté pequeno, abarcam, compreendem e representam todos os
I* \ ~ão q rebati
incontáveis o b j e t o s d o mundo efetivo. P o r aí é explicável por que um ani-
O r a , é c m rete rência ao emprego ou não emprego dessa
mal nunca pode falar e mtelig.r, embora possua o instrumento da lingua-
t e r p e t a a b s o l u t ai m ei n t 1e tucli
lo o epie em geral c em qualquer temi
gem c também as representações intuitivas: justamente porque as palavras
m i n o u r a c i o n a l e não racional.* \ * /"Y^ «ndicam aquela classe de representações inteiramente peculiar, cujo corre-
lato subjetivo é a razão, não possuindo, assim, nenhum sentido e referen-
d a para os animais. D e s s e modo, a Linguagem, c o m o qualquer outro f e n ô -
, _ r .,An rs n i i p diferencia o h o m e m do
discurso instantané;
eamente em imagens da fantasia, que voa ^_ primariamente figurado num e s t o t
° , f i ^ m a n e i r a bastante apropriada
~a com rapidez relâmpago, encadeadas, tia
mentam diante cie nós c •sso os conceitos podem ser ^ m m a d o ^ ^ a
e matizadas de acordo com a torrente d:as palavras e suas flexões
p o s s u i c s t S
t ...,-uc- •a a
i . r a durante
l1
representações de representações, ü p r ^ ,. c g c u m a classe de
cais? Qiue tumulto, então em nossa cabeç
nao ocorreria em nossa caDcça ^ a
uma fi ug ra p r ó p r i a ; e. assim c o m o a figM»? ^ g e s s ê n c i a completa
ção
Sã de um c iscurso ou a eitura de um livro! M a s de m o d o a l g
... a de um b\. p/acl
u
tua ^, 1 ^
dela, na medida em que são representaçc, , ^ ^^ , a b s o l u t a m C nte
>ido e determinado de maneira precisa, sem que, via de í c g • 1
tempo é absolutamente s u C e S S 5
\ J e
u t a m C n t e causalidade e nada mais; -
imiscuam. E a razão que fala para a razão, sem sair de seu
situação e nada mais, a matéria e a ^s
> V
Arthur Schopcnhauer
e Y
diz, que ele abranja m u i t o em si, ou seja, que muitas outras representações
assim também a aiüsCSjT , -dota
• * dos c o n c e i t o s , ou da classe diz, que ele abranja m u i t o em si, ou seja,
csscnua Lümp 1
» '-.d-irnn d o fundamento
— svin^ii^,i cieis c u n é e n o s , n u intuitivas, ou mesmo abstratas estejam para ele na relação do fundamento
sentações abstratas - j V ^ V í s e d' 'mo
s, reside exclusivamente na relação que o p ' ' " 1L
de c o n h e c i m e n t o , isto é, sejam pensadas por ele. Eis aí uma sua caracterís-
tazão exprime nelas, vjra, c o m o tal relação
's- Ora, c o m o tal relação é a do f u n d a m e n t o de c ira' tica secundária e derivada, que, embora exista sempre potencialmente, não
nitcit'
mento, segue-se que a representação abstraia possui sua esse
•ie a representação abstrata oossui sua essência, ' e é scf cem de se dar sempre, e provém de o conceito ser representação de uma re-
r , ™ » ™ «":'. ™ f«'«suo
i a ç ã o com
com uma outra representação
represem q L1
1
representação abstrata, que por sua vez também pod mesma, a qual muitas vezes pertence— — a * uma outra classe
„ n i , i outra classe completamente
completamente
i, " . qut- por sua vez tame
J
cie ter .
ínante fundamento
ite fundamento de de cconhecimento;
onherim^r "d. não ao intinito,
; „ f ; „ ™ noispois a sér> ' diferente de representações, // vale dizer, intuitivas, podendo possuir de-
e
mas
1 0
t :r
stas 1
conceito, isto é, podem ser nele subsuimdas. b o que esse va l
r ntasses
p«"c / ' das p o « u i — *eso
• coisas não é uma característica essencial do conceito, mas meramente aci-
rep
m e a s í o j
f p i o
^^ir::
Uma re,,,- ' ncj , referencia a outra repte cia '
S S e e
U a m
dental. Pode haver conceitos mediante os quais um único objeto real e
. . . u u d u w naqi ^ - exige, a o fim, uma r e f e r e , , a Pensado. T a i s conceitos, entretanto, são representações abstratas e univer-
uma representação de OUTRA classe. p^ s a e de modo algum particulares e intuitivas. Desse tipo, por exemplo, e o
im £ t j J» determinada, porém conhecida só
Aqueles conceitos que, c o m o especificado, referem-se a conceito que alguém faz de uma cidade determmaaa, j
um i - j ir. ceia aí nensada, o seu c o n c e i t o
to intuitivo não imediatamente, mas pela intermediação a Pela geografia. Embora apenas essa cidade seja ai pensa
outros conceitos, denominaram-se de preferência abstracta, • eoiit'
;íl-' 0,
j • • v , z u r r í s cidades que se diferenci-
t
da outra:
„ cada uma, patte
' sferas encerram, eau
4) D u a s esi
Arthur Schopenhauer
o seu "T;" 0
° "° ° ÜUtl n5
Tal ó a relação d o sujeito
//
de tai 7 R e c o n , l e c c r e s s ; 1
''elação se chama J U L G A R . A e x p o s e
co fel' F * m C Í 0 d C f Í g U l
' a S C S
P a c Í a i S 6
sobremaneira um pensaren , erceira;masnãoapreencbem:
t
// figuras espaciais-
1 51 analogia exata das relações dos conceitos e suas
V i l O ¿.
xei»'
Por municam imediatamente, -emetidas a t a i s casos,
e
^ ,deecadada mo
c C (
Trata-se de conceitos intercambiáveis, expostos por um unlC c a t e g L * do entendimento, com « J cjufaos pro-
significar tanto um quanto o outro conceito. qual é a combinação não
roaÍS
tarPente,bemcomo
vinda se
*?™ \_
orvo i ,. àxC rraw-T" d - categ°tia J s
t ã o no binaç
exemplo. »
c S
i « ' 5 C O m
; ; ; a O O t
priedade dos juízos que . g o S S radiveß».P ¿ o
risiYio da D do n o toed o o u em p a r -
esta combinação expõe o ° ^ " ^ c e i t o c<
s l l
ao
c o n
contrário combin
primeiro; ou t a m b é m o , t , t e m o u - f S - : „ a n i a maes : r s S c a S !
c
a só
a s ó pode
p o d e naturalmente
n a t u r a l m e n t e ccons
u. n < J 0 , i u U t as
tao
Cão encerradas
encerradas n n i a tercei
n tui m '
Ql
9Q_
f f í 0 m o ri'pm«««í< !0
X N ^ rSV" ÓC
contrario
EU c o saber geral do f ^
.observação
^ ^
r
, abstração
p
o r
1 *
monte od
con l à razão,
forma btido pela auto t
e essenci
a
a u t r
»cessano
cada caso
algum se desviará dele no mome
cismo dos conceitos, já relativamente bem abordado em m u i t o s m< ^
que em caso do é mais fácil c
manto pa>' u
éncia
c >
da ética; que, muito antes cie Rameau, já se compunha musica CO . ^gji- proced' e a regra
julgamento de uma composição musical, o é para o seu exercício- coisa do que a regra assertava, \ i r r
f a z C ¿ e t e _
bota cm g Cita P °
1 r t l
• j ' rível esforço, a y
a estética, e mesmo a ética, pode ter utilidade na prática, eiW
l
conclusão efetivamente feita \ ^ ^ dizivei ^ ^ .
se
in S e
concreto, ot dar c u
L o g o , t ã o p o u c o q u a n t o se p r e c i s a dela p a r a n ã o c o n e t 0 ; i
- ou ' fi^'r " f . " . lta o — : '
t
n
: ; : l J c s e . conservad»,
a c i c i a j-Mi 'i 1
'"^ L.yi a
p o u c o se r e c o r r e à aiud s a s
semeiha- a ^eequeccu. ranização e
iuda de suas regras p
,let *
• i
a S e M
a
mente de lado em seus pensamentos reais. O que foi dito se e X p ' ' 1 L
^ ' 5
5
' P « de ser sem utilidade prática, a lógica tem ac
e s
rudo on *mais,
a i s , ppco.r t a n t o ensiná-la nas universidades. Mas quanto a s<_u .
caso particular que depois se acrescenta a essas leis é, a cada vez, o to <
> 0
vetd^'
: o n h c c i m c n t o abstrato e geral, uma vez. adquirid á mai s à *
quirido, sempre est ,st< r 93
do ae
que a investigação empírica do caso particular. C o m a Log«
vontade e como representação
AP
0 mundo como
a dialética
ou um
Arthur Schopenhauer em v ist a s do que « P " " " ••"> se D
fundamento que fornece a verdade aos juízos não ser empírico ou metafí-
maneira de retornar á ver
oaoe^ C C
°tis S e
sobreasqo^^ S I t
^
^"~
cipi<»
ratos,
o s abstra
^ p r i n
c í p i
se pode fazer da lógica é demonstrar ao adversário P ° o s acima da investigação, precisamente como as proposições
n t c in-
s t
apenas suas conclusões efetivamente falsas, mas também as taissame c c r n , d o à parte material da investigação que faziam o papel de // c â -
C O n
n
da Io- Ï57
nto a mesma, ao qual sempre se teria novamente de o b -
tentadas, chamand o-as pelo seu nome técnico. Esse distancíame
to da a none fixo da disputa J ~ . c i maneira, se queria reconhecer
dessa
gica em relação ao uso prático e a acentuação de sua conexão C o m l o que até então
servar e referir. N a medida em qu . J ^ ^ n t e aqui
estrmgir o seu connecim
filosofia, como capítulo desta, não deveria restri '•"••üntiva, foram-se d e s -
conscientemente como lei e e x p - i r a ms r i n C
mais d o que e agora. Pois hoje em dia quem não quiser permain « seguia tacitamente ou sc praticava d, perfeitas, como o pnn
nos principais assuntos, e ser computado na massa obtusa imersa, na cobrindo gradualmente expressões ma. « » ^ o to»
voíce, tem de estudar filosofia especulativa.
especulativa. O n o s s o século XIX e dpio de contradição, de r a » o d , silogística, como, por
loso Ba
156 cu o filosófico, o que não significa que ele tenha // filosofia OU at) * Mmf „ „„(/„- bem como as regras espe , r l l - „ J «*>«,
-ntep'
seja dominante nele, mas antes que está maduro para ela e, exata
for' 1111
exemplo, « P « ^ » ' ^ , isso ^ " ^ e r f e i t a s , pode-se. em
isso, sente a sua necessidade. T e m - s e aí um sinal de uma eleva ^ n d o
Arthur Scboptnhauer
la, n o rei,"- &
muitos q u u o g o s p u w » ^ » . Pnovadamente
° r sua vez, s oesseb o c oprocedimento
n c e i t o de impotência, fraqueza. Pode-se empregar re-
E m r - n r r esse procedimento em cada um dos conceitos ao qual c o n -
razidas a lume em muitos
sobre asdiálogos platônicos
controvérsias e, mclhoi ame
dos megáticos ac ' pa-' ^ duz o discurso. Quase sempi
1
/ \ V / r
i , rrou* - n
1
tanto, reuniu, ordenou, corrigiu o que foi antes e n c o n t r a d o e ^ tudo, ilumina-se apenas aquela na qua se <F ^ S o b r e c s s c artifício se
x r f e i ç ã o . Observando-se eeito, deixando as demais inobservadas f i s m a s mais
um nível incomparavelmente superior ae y £ t o J o s Q S s o
maneira como o curso da cultura grega preparou e permitiu qu baseiam propriamente todas as artes e e p ^ V( ./ ,is, cornutus
(1í
21
e t c , são
linados a * \ í C
bom termo o trabalho de Aristóteles, estaremos p o u c o me sutis, pois os sofismas lógicos, c o m o o " ^ " ^ ' e u ninguém an-
afl te
mo za da sot.stie
prejudicado por ela), a saber, que Kallistenes encontrara eentre os v.4« tes remeteu a naturez ompi
ibilidade, nem o e i m e n t o da razão. :
sido muito bem-vinda. E fácil entender por que tal lógica, m :\0 »59 *°> // que procura mostrar c o m o as estei as
r
t se eleva-
1 1
• , „ - « arbitrariamente a e um
da em sua forma arábica, foi ardorosamente adotada e logo - ^ U C
^ n t e de maneira variada, e permitem passarmos ar bit
c a
pequen.
centro do saber. Apesar de a sua autoridade ter declinado des <- ^ ^ e
c
. . i r a . M a s espero que;ssa
° n c e i t o a o u t r o na direção que se -quem ninguém seja
a d u z i d o pelo diagrama a atribuir maior importância a c •""'"•na e
se conservou, todavia, até agora com o seu crédito de ciência a ^ Çp
ilosoi
rA cQ
kantiana, que em sua pedra de toque provém em verdade da l ó g tlVo escolhi o c o n c e i t o a e » u - , d a peu 1
da
l C
tou novo interesse por ela. D e fato, c o m o meio para o conheci- outras, cada uma das quais po,dendo ser atrav^
essência da razão, a lógica merece semelhante interesse. r igot ' 0 ela bem entenda, .«feras por seu turno, cortam outras
. duas ecomosefosseoun,
S>e
r : as conclusões corretas e exatas só se fazem pela observa
rvânciá' i U a d e C O m
° "»«»r
e k ! t
. dtaneamente
a esfer;-
leras, as vezes simu eu c a : : , ! „ „ , peias ,uais a pessoa <,u
m i n o , senq C
ra, e assim e que se reconhece que também a prime ira está c o n * ia-* 6 " t e n ç ã o . Para ir de uma estera , sem
a n o base
n l c n a
minando-as de maneira parcial segundo as próprias inter silogística, de acordo com o que -
o n t r a apen> eít> s
97
llOl'.
pode-se de b o m grado subsumi-la sob o c o n c e i t o de força m
yd>_
N o fund o, a maioria das de A razão é de natureza feminina, só pode dar depois de ter recebido,
monstrações científicas e, em especial, das fr-
e n d o n a d a a si mesma possui apenas as formas destituídas de conteúdo
losóficas, é desse gênero. D o contrai
io, como seria possível que tantas coi-
b , « mesma possu. apen c p e t f e i t o só h:
16o C O l T i • .1 .. , o ncrffitO so ha OS CIOS
sas, em diferentes épocas, tivessem sido não apenas tomadas errônea»" 0
^ que opera. // Conhecimento rac o P p o r t ; m t o , s u f
prm-
(pois o erro mesmo possui uma origem diferente) mas demonstra ^ ^ quatro princípio» aos quais atrtbul ' « ^ „ d u , d o e de razão sufi-
comprovadas, para mais tarde ser reconhecidas c o m o fundamenta ^ cípios de identidade, de contradição, do ter ^ ^ j 4 „ í 0 É m a , s co-
falsas, como, por exemplo, a filosofia de Leibniz e W o l f f , a astronomi ciente do conhecer. Pois até mesmo o te p t M s u p 5 e «lacoesc
r í-
feos M K S
P
° * *> P^Pri" e»ptó°
r
re
- c c r exterior a si mes- P T; r0d
k
° m o se FUNDAMENTAM OS
seiam o saber e a c i ê n c i a *
c
se'
em que se Juízos, nies * fantasia, comprovadas por s e u s sonhos. —
coin-
mai
lue, j u m o com a linguagem e a ação d e l i b e r a ^consciência, conceito este ,ue, embora
constituem o terceiro ã o importa seu tipo. his por que
g « n d e privilégio conferido ao h o m e m pela r a * * ' cide r a l n
0
coiii o de representação em gel
•» .
e n
« = WISSEN e I T M / : W T . 7 / ^ ' P ° "
T ~ ncia. fN. T.)
Clê
P a i a v r a
ciencia, üVsvkw //,!/;. (N. T.)
99
9ô