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TRATAMENTOS TÉRMICOS E DE
SUPERFÍCIE
PMR 2202
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Para sólidos perfeitamente elásticos, o regime elástico pode ser descrito por uma
reta e as curvas de carregamento e descarregamento são idênticas. Este comportamento é
característico de materiais metálicos e cerâmicos. No caso da borracha, a tensão σ e a
deformação ε não são proporcionais, mas uma vez eliminada a força externa a deformação
retorna a zero.
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1.2.1 Encruamento.
A maior parte da energia gasta nos processos de conformação a frio é perdida na
forma de calor. Apenas 2 a 10% dessa energia é armazenada na forma de defeitos
cristalinos.
A conformação causa um aumento de defeitos cristalinos, e por conseqüência um
aumento de dureza do material metálico. A introdução de defeitos cristalinos,
principalmente discordâncias, durante o processo de deformação a frio e o aumento de
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Figura 5. Linhas de deformação dentro dos grãos de uma chapa de cobre encruada.
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Os materiais metálicos podem ser deformados tanto a quente como a frio. Durante o
processo de deformação a quente os defeitos são criados e logo após são eliminados. Com
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(a) (b)
Figura 10. Microestruturas características de (a) aço para construção mecânica (1030) e (b)
ferro fundido cinzento.
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500X 500X
500X 750X
Algumas formas de tratamentos térmicos que podem ser realizados nos aços são
apresentados na forma curvas de resfriamento contínuo nas figuras 13, 14 e 15.
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Não são necessários diagramas de resfriamento contínuo como no caso dos aços. Podemos
dividir os materiais não-ferrosos de várias formas, duas delas são:
1. Composição química. Os materiais não-ferrosos são muito utilizados na forma de
metais, como na forma de ligas. Por exemplo, o alumínio.
2. Processos de fabricação. Ligas eutéticas são muito utilizadas em fundição. Essas
ligas não apresentam boa conformabilidade, mas apresentam baixo ponto de fusão,
o que facilita seu processamento. Peças de formas complexas são usualmente
fabricadas por fundição. Já as ligas endurecíveis por precipitação, são bastante
utilizadas em processos onde existe necessidade de conformação mecânica e/ou
tratamentos térmicos.
Os tratamentos térmicos realizados em materiais não-ferrosos são um pouco diferentes
dos que são realizados nos aços. A exceção está aços inoxidáveis ferríticos e austeníticos,
nos quais são feitos tratamentos térmicos semelhantes aos dos materiais não-ferrosos. Os
tratamentos térmicos que são realizados nos materiais não-ferrosos e nos aços inoxidáveis
são:
1. Recozimento. Os tratamentos térmicos de recozimento podem objetivar a diminuição do
encruamento e causar uma diminuição de dureza do material metálico.
2. Homogeneização. Esse tratamento térmico visa homogeneizar a composição química do
material. Esse tratamento é comumente realizado em peças fundidas e seu tempo de
duração é bastante longo, podendo chegar a dias.
3. Solubilização. Esse tratamento térmico visa a eliminação de precipitados no material.
Esse tratamento é freqüentemente realizado em aços inoxidáveis, embora seja uma liga
ferrosa.
4. Envelhecimento. Esse tratamento visa o oposto da solubilização. O tratamento térmico
de evelhecimento (ou recozimento isotérmico) visa a formação de precipitados que
melhoram as propriedades mecânicas do material.
Existe um tipo de tratamento térmico que é comum aos materiais ferrosos e não-
ferrosos. Esse tratamento é conhecido como alívio de tensões e visa eliminar tensões
residuais, causadas por diferentes motivos (soldagem, conformação mecânica).
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1. Cementação.
É utilizada em aços carbono ou ligados com baixos teores de carbono (até 0,2%). O aço é
aquecido entre 870-950oC em atmosfera rica em carbono. O processo de cementação segue
a seguinte reação:
Fe + 2CO → Fe(C) + CO2
A atmosfera rica em carbono pode ser fornecida basicamente por gás, ou por um banho
(líquido) de sais. Neste último caso, além da incorporação do carbono, pode também ser
incorporado à superfície da peça também nitrogênio. Nesse caso a reação é dada por:
2NaCN + O2 → 2NaNCO
4NaNCO → Na2CO3 + CO + 2N
2. Nitretação.
É utilizada em aços carbono ou ligados, aço ferramenta e aços inoxidáveis. O aço é
aquecido entre 500-600oC em atmosfera rica em nitrogênio. Quando a atmosfera é gasosa o
gás utilizado contém amônia, que dissociada gera o nitrogênio. Outra forma de se obter o
nitrogênio dissociado, a partir do N2, pela formação de um plasma. Esse processo consiste
em colocar uma mistura de gases em um recipiente onde foi existe vácuo. Nesse recipiente
é estabelecida uma diferença de potencial, produzindo ionização dos gás nitrogênio. Esse
processo tem como vantagens menores problemas ambientais, melhor estabilidade
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ANEXOS
1. Transformações de fase em materiais metálicos.
A figura 1 apresenta um diagrama Eutético e a figura 2 apresenta um diagrama Eutético
esquemático.
A X1 X2 X3 B
Figura 2. Diagrama eutético esquemático. X1, composição da liga, X2 solubilidade
máxima de B em A, X3 solubilidade máxima de A em B.
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Reação eutética:
L→α + β
Reação eutetóide:
γ→α + β
Reação de precipitação (tratamento térmico de envelhecimento)
α→α + β
2. Difusão.
Difusão é um fenômeno de movimentação de átomos. No estado líquido os átomos
movimentam-se ao acaso. No estado sólido os átomos dos materiais metálicos podem
movimentar-se principalmente de duas formas de duas formas. Essas formas são por
interstícios e por troca com lacunas.
Átomos intersticiais (átomos pequenos: H, C, N, O, B) difundem pelos interstícios.
Átomos do metal e átomos substitucionais difundem por troca com lacunas. O esquema da
figura 3 ilustra os tipos de movimentação atômica.
O movimento dos átomos é termicamente ativado, isto é, quanto maior a temperatura maior
é a movimentação dos átomos. A relação matemática que descreve essa movimentação é
dada pelo coeficiente de difusão de um átomo em uma liga ou nele mesmo (D). Essa
relação é dada a seguir.
−Q
D = D0 exp( ) (m2/s)
RT
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Exercícios.
1. Calcule o coeficiente de difusão do carbono no γ-Fe (CFC) a 1000 oC.
−Q
Sabendo que D = D0 exp( ) com os dados da tabela acima tem-se:
RT
− 141520
D = 0,21exp( ) D=3,25x10-7 cm2/s
8,31x1273
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−Q
Sabendo que D = D0 exp( ) com os dados da tabela acima tem-se:
RT
− 141520
γ-Fe (CFC) D = 0, 21exp( ) D=1,03x10-7 cm2/s
8,31x1173
− 75780
α-Fe (CCC) D = 0,0079 exp( ) D=33,2x10-7 cm2/s
8,31x1173
Primeira Lei de Fick. A difusão pode ser tratada matematicamente de duas formas. O
primeiro tratamento fica estabelecido para condições estacionárias onde o fluxo de átomos
é dado por:
dC
J x = − D( )
dx
dC C − CB
O gradiente de concentração nesse caso é igual a A . D é o coeficiente de
dx x A − xB
difusão.
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Exercícios.
1. Uma placa de ferro é exposta a uma atmosfera rica em carbono de um lado e a uma
atmosfera pobre em carbono do outro a 700oC. Se a condição de estado estacionário for
alcançada, calcule o fluxo de carbono através da placa nas posições 5 e 10 mm dentro da
placa, sabendo-se que as concentrações de carbono nessas posições são 1,2 e 0,8 kg/m3,
respectivamente. Assuma que o coeficiente de difusão do carbono no ferro nesta
temperatura é 3x10-11 m2/s.
Sabendo-se que:
dC
J x = − D( )
dx
dC C − CB
O gradiente de concentração nesse caso é igual a A . D é o coeficiente de
dx x A − xB
difusão.
C A − CB 1,2 − 0,8
J x = − D( ) J x = −3 x10 −11 ( ) Jx=2,4x10-9 kg/m2s
x A − xB (5 − 10)10 −3
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Jx=3,6x10-6 kg/m2s
Placa de 0,2 m2 , 1 hora tem 3600 segundos logo:
kg
3,6 x10 −6 2
= 5 x10 −9 kg de Hidrogênio
0, 2m x3600 s
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Segunda Lei de Fick. O segundo tratamento para a difusão fica estabelecido para
condições não-estacionárias (perfil de concentração varia com o tempo) é dado por:
∂C ∂ ∂C
= (D ) , mas se considerarmos que o coeficiente de difusão é independente da
∂t ∂x ∂x
composição química tem-se que:
∂C ∂ 2C
= D( 2 )
∂t ∂x
Essa equação diferencial é conhecida como segunda lei de Fick. As figuras 5 e 6 mostram
perfis de concentração para o estado não-estacionário em diferentes períodos de tempo.
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Soluções para a segunda lei de Fick são possíveis desde que estabelecidas algumas
condições. Uma dessas soluções tem muita aplicação em tratamentos termo-químicos.
Considera-se uma placa semi-infinita, cuja concentração de soluto na superfície é mantida
constante. Para as seguintes condições de contorno t=0, C=C0 em 0 ≤ x ≤ ∞ e para t > 0,
C=C0 em x=0 e C=C0 em x=∞ tem-se:
Cx − Co x
= 1 − erf ( )
Cs − Co 2 Dt
Uma situação freqüente que pode ser equacionada utilizando a segunda lei de Fick é para o
caso onde há um empobrecimento em soluto na superfície. Isso pode ocorrer durante
tratamentos térmicos em temperaturas elevadas. Existem dois exemplos bastante comuns
que são a descarbonetação e de dezincificação em latões. Nestes casos, a segunda lei de
Fick tem a seguinte solução:
x
(Cx − Cs ) = (Co − Cs )erf ( )
2 Dt
Os valores da função erro de Gauss são tabelados e são apresentados na tabela 2.
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Exercícios.
1. Determine o tempo necessário para que um aço contento 0,2% em peso de carbono
tenha, numa posição 2 mm abaixo da superfície, um teor de carbono de 0,45%. Durante o
tratamento de cementação realizado a 1000 0C, o teor de carbono na superfície foi mantido
em 1,3%. O coeficiente de difusão do carbono neste aço é dado pela expressão:
− 32400
D = 10 −5 exp( ) ; (m2/s).
1,987T
Cx − Co x
Temos enriquecimento da superfície em carbono, logo = 1 − erf ( ),
Cs − Co 2 Dt
0,45 − 0,2 2 x10 −3
substituindo os valores tem-se = 1 − erf ( ),
1,3 − 0,2 2 2,74 x10 −11 t
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2 x10 −3 x
erf ( ) =0,7222 Para esse valor z = = 0,7678
−11
2 2,74 x10 t 2 Dt
2 x10 −3
= 0,7678 t= 13,2 horas
2 2,74 x10 −11 t
2. Nitrogênio de uma fase gasosa difunde em uma placa de ferro puro a 675 0C. Se a
concentração de nitrogênio na superfície for mantida em 0,2% em peso de nitrogênio, qual
será a concentração de nitrogênio 2 mm abaixo da superfície da placa após 25 horas. O
coeficiente de difusão do nitrogênio no ferro a 675 0C é D=1,9x10-11 m2/s.
Cx − Co x
Temos enriquecimento da superfície em nitrogênio, logo = 1 − erf ( ),
Cs − Co 2 Dt
Cx − 0 2 x10 −3
substituindo os valores tem-se = 1 − erf ( ),
0,2 − 0 2 1,9 x10 −1190000
Cx − 0
erf (0,7647) = 0,7203 Para esse valor = 1 − 0,7203 ; Cx=0,056 % em peso
0,2 − 0
de nitrogênio.
2 x10 −3
= 0,7678 t= 13,2 horas
2 2,74 x10 −11 t
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BIBLIOGRAFIA
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17. Lawrence H. Van Vlack. Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais. 4a
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