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Jaime de Carvalho Almeida Filho

Legislação Profissional e Trabalhista

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Jaime de Carvalho Almeida Filho

Legislação Profissional e
Trabalhista

São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2016
Sumário
Capitulo 1: Quais são as diversas formas de atuação do profissional de Arquitetura e Urbanismo?
Introdução............................................................................................................................... 5
1.1 O profissional de arquitetura e urbanismo: Consultor, Colaborador ou Empreendedor................ 6
1.1.1 Arquiteto e Urbanista consultor.......................................................................................... 7
1.1.2 Arquiteto e Urbanista colaborador .................................................................................... 7
1.1.3 Arquiteto e Urbanista empreendedor.................................................................................. 7
1.2 A diversidade de atuação do arquiteto e urbanista.................................................................. 8
1.2.1 Projeto de Edificações ...................................................................................................... 9
1.2.2 Gerenciamento de obras ................................................................................................ 10
1.2.3 Execução de obras......................................................................................................... 10
1.2.4 Arquitetura de interiores ................................................................................................. 11
1.2.6 Arquitetura Paisagística.................................................................................................. 12
1.2.7 Comunicação Visual....................................................................................................... 13
1.2.8 Desenho Urbano............................................................................................................ 14
1.2.9 Planejamento Urbano e Territorial................................................................................... 15
1.2.10 Conforto Ambiental..................................................................................................... 15
1.2.11 Restauro e Conservação de Edifícios Históricos............................................................... 16
1.2.12 Pesquisa e Docência..................................................................................................... 17
1.2.13 Controle Urbano.......................................................................................................... 17
1.2.14 Representação Gráfica de Espaços................................................................................. 17
1.2.15 Arquitetura de Eventos.................................................................................................. 18
1.2.16 Assessoria Comercial.................................................................................................... 18
1.2.17 Assessoria Comercial.................................................................................................... 18
1.3 Atuação interdisciplinar..................................................................................................... 19
1.4 Papel social do arquiteto e urbanista................................................................................... 20
1.4.1 Responsabilidade social, ambiental e legal no exercício profissional.................................... 20
1.4.2 A conduta ética como diferencial profissional.................................................................... 21
Síntese................................................................................................................................... 22
Referências Bibliográficas......................................................................................................... 23
Capítulo 1
Quais são as Diversas formas
de atuação do profissional de
Arquitetura e Urbanismo?

Introdução
Ao decidir fazer um curso superior, você está escolhendo uma profissão. Ser um
profissional é abraçar uma área de conhecimento e desenvolver a partir dela uma
carreira. Para tanto, deve-se tomar consciência de que não somente o saber técnico
e científico específico será necessário, mas também um conjunto de conhecimentos
que permitam montar e executar um plano de carreira, relacionar-se com clientes,
empregados, empregadores e com a sociedade em geral. Lembre-se: a carreira pode
ser um negócio quando essa é sua vocação.

O exercício de uma profissão lhe abre portas e pode trazer realização pessoal e financeira.
Ao mesmo tempo, traz responsabilidades de diversas naturezas. É preciso conhecer os
parâmetros legais da atuação, como ponto de partida. Deve-se ir mais adiante e fazer
de seu trabalho um instrumento para a melhoria da sociedade. Nesse sentido, surgem
compromissos éticos, assim como a responsabilidade social e ambiental.

Um dos aspectos de importância para essas reflexões é discutir: quais são as diversas
formas de atuação do profissional em Arquitetura e Urbanismo? Você terá neste Capítulo
uma visão sobre os perfis profissionais típicos dos Arquitetos e Urbanistas de hoje, pois
a partir deles é possível distinguir conhecimentos importantes nos aspectos éticos e das
responsabilidades profissionais.

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1.1 O profissional de arquitetura e urbanismo:


Consultor, Colaborador ou Empreendedor
Ao escolher um curso superior, normalmente acumulamos boa dose de reflexão sobre o
objeto com o qual pretendemos trabalhar por muitos anos de nossas vidas. Desde a infância,
pais, familiares e professores procuram identificar vocações em cada pessoa: primeiramente,
tendências, inclinações para diferentes áreas de conhecimento, identificação com as disciplinas
escolares; depois de certo tempo, essas preocupações são incorporadas pela própria pessoa e
tornam-se mais específicas, buscando-se escolher não apenas uma área, mas determinado curso.
Além da afinidade, fatores como histórico familiar ou perspectivas de mercado e remuneração
são também levados em conta.

São reflexões tão importantes quanto difíceis. Quando ocorrem ao final do Ensino Médio, por
volta dos 18 anos, são por vezes tomadas com pouco conhecimento da vida profissional e, por
que não dizer, a respeito de nós mesmos. Não é à toa que muitos fazem suas escolhas, mas logo
nos primeiros anos de faculdade alteram esses rumos.

Para alguns, a escolha ocorre mais tarde, após o início da vida profissional, o que pode ajudar
na definição. A vivência no mundo do trabalho traz identificação com algumas profissões e
rejeição a outras. Amplia-se a visão para as oportunidades e novos caminhos, mas também são
expostas barreiras e dificuldades.

Para ajudar nessa escolha, há orientação dos pais, orientação vocacional, apoio nas escolas e
o mais importante: a interação com amigos, leituras e a curiosidade pelo mundo. Entretanto, em
todo esse processo, prevalece a preocupação com o objeto da escolha, com o que fazer, e pouco
se fala sobre como fazer, da forma de atuação. Esse é um aspecto de importância semelhante à
escolha do objeto de trabalho, que requer atenção e autoconhecimento e pode ser definidor da
satisfação e do sucesso em todas as profissões.

Em todas elas, e particularmente em Arquitetura e Urbanismo, há diversas formas de se atuar.


Uma das primeiras noções que adquirimos é que se trata de uma profissão liberal, conceito às
vezes confundido com o de trabalho autônomo.

NÓS QUEREMOS SABER!


O que é um profissional liberal?

Um profissional liberal é aquele que possui (CALDEIRA, 2009):

I. Conhecimento técnico (científico e/ou manual) sobre certa profissão;

II. Conhecimento atestado por meio de um diploma, conferido por uma escola
capacitada;

III. Profissão regulamentada;

IV. Livre exercício da atividade, e;

V. Relação intuito personae.

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Segundo a relação intuito personae, a contratação é feita em caráter de confiança entre contratante
e contratado, ou seja, o primeiro contrata o segundo porque confia em seu conhecimento e
capacidade técnica. Isso torna inerente ao exercício da profissão que aquele que a exerce tem
liberdade de tomar decisões com base em seu conhecimento técnico e consciência ética, e, na
mesma proporção, responsabilidade sobre os resultados de seu trabalho.

Essas características não se alteram quando o profissional é autônomo, empregado ou


empregador. Entretanto, o exercício da Arquitetura vem mudando com o tempo. De uma atividade
predominantemente autoral, com profissionais que concebiam seus projetos e faziam de seu
nome marcas do trabalho, vem se tornando mais empresarial, desenvolvida por equipes ou
mesmo instituições. Esses e outros fatores fizeram com que as antigas denominações se tornassem
insuficientes para descrever a forma de atuação diante do dinamismo do mercado de trabalho.
Mais adequado é caracterizar os perfis como Arquiteto e Urbanista consultor, colaborador ou
empreendedor, sabendo que os profissionais podem atuar ora de uma forma, ora de outra, ou
de modo que conciliem as características de dois ou até dos três perfis descritos.

Ao adotar essas denominações para Arquitetos e Urbanistas, podemos imaginar cada um deles
como:

1.1.1 Arquiteto e Urbanista consultor

É aquele que atua focado em questões exclusivamente técnicas sobre aspectos mais gerais ou mais
específicos da profissão. Exerce a atividade em caráter independente, de forma individual ou em
equipe, apoiando diretamente os clientes ou outros profissionais que o procuram em função de seu
notório conhecimento sobre o assunto. Não está intrinsecamente ligado a estruturas hierárquicas de
empresas, não coordena equipes de produção, não está à frente de ações comerciais ou de gestão,
quando se trata de gestão do negócio.

Pode atuar como autônomo ou como membro de uma organização em caráter permanente, desde
que mantida sua característica de consultor.

1.1.2 Arquiteto e Urbanista colaborador


É aquele que atua como membro de uma equipe, sendo responsável por uma ou mais tarefas em um
processo de produção. Tem uma relação hierárquica com a organização contratante e com os demais
membros da equipe, podendo exercer uma função de coordenação ou execução de tarefas. Pode ter
uma relação de trabalho permanente ou temporária com a organização, contratado por diferentes
instrumentos legais, como a contratação via CLT (consolidação das leis do trabalho), como Pessoa
Jurídica, como servidor público ou por instrumentos particulares de contratação.

1.1.3 Arquiteto e Urbanista empreendedor

É aquele que atua como líder de um grupo de trabalho, seja como proprietário de uma empresa,
desde uma micro até uma de grande porte, ou executivo de uma organização, com responsabilidades
diretivas. É responsável pela relação comercial com clientes, pelo desempenho da equipe e, em nível
estratégico, pela gestão do trabalho. Não significa que esteja isolado nessas funções, pois parcerias
são fundamentais ao empreendedorismo, na forma de sociedades, consórcios e outros tipos mais
complexos de associação. É responsável pela sustentabilidade do negócio nos aspectos empresariais,
legais, sociais e ambientais.

O melhor desempenho e a maior realização profissional estão ligados ao fato de cada profissional
se inserir no mercado de forma compatível com sua personalidade e estrutura pessoal, estando à
vontade no papel que lhe cabe. Isso o fará ter um bom desempenho: tanto reconhecimento quanto
remuneração crescem proporcionalmente. Diferentemente do que possa sugerir uma visão superficial
sobre carreiras, os bons resultados podem chegar por quaisquer dos caminhos escolhidos.

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A atuação do Arquiteto nos diferentes perfis pode ser vista como um processo evolutivo. No início
da atuação, o profissional pode ter predominantemente o perfil colaborador. Com o passar do
tempo e ganho de experiência, assim como pela continuidade do processo de formação, que cada
vez mais se estende ao longo da carreira, é natural que vá assumindo características de consultor
ou empreendedor, seguindo a chamada carreira Y (VERONEZZI, s.d.), ou seja, aquela que tem um
início comum para depois se ramificar para um desses caminhos. Esse é um processo comum, mas,
evidentemente, não único de evolução.

O exercício de reflexão e autoconhecimento é importante para que cada profissional construa seu
plano de carreira. Embora por vezes seja determinante seguir pelo caminho de oportunidades e entrar
pelas portas que se abrem, boas carreiras contam também com a autodeterminação de cada pessoa
na busca de seu espaço. Para tanto, esteja atento, pois há processos de formação diferenciados,
assim como decisões a serem tomadas, cujos resultados moldam os caminhos.

Outro aspecto importante da diversidade de formas de atuação do Arquiteto e Urbanista é a


possibilidade de trabalho nos setores público, privado ou terceiro setor, que é aquele cuja esfera
de atuação é pública, sem fins lucrativos, entretanto não estatal, como as ONGs (Organizações
Não Governamentais) e as OSCIPs (Organizações Sociais com Interesse Público) (BNDES, 2002). O
setor público trará a oportunidade de uma carreira estável, com atuação ligada a temas públicos,
nas esferas de edificações, urbanismo, planejamento urbano, habitação popular e outras. No setor
privado estarão as oportunidades ligadas ao mercado imobiliário e ao atendimento a Pessoas Físicas,
enquanto o terceiro setor abre o caminho do ativismo por causas de interesse coletivo.

1.2 A diversidade de atuação do arquiteto e


urbanista
Reconhecidas as diversas formas de atuação do Arquiteto e Urbanista quanto ao regime de trabalho,
podemos passar a tratar da diversidade quanto ao objeto, também importante para os objetivos
desta disciplina. Nesse campo, é vasta a possibilidade de nossa profissão. Segundo Frederick (2004,
p. 17), “um arquiteto sabe alguma coisa sobre tudo”, enquanto “um engenheiro sabe tudo sobre
alguma coisa”. Também afirma que “arquitetos são diretamente preocupados com a interface humana
com as coisas físicas”. Para além de distinguir a atuação desses dois profissionais que muitas vezes
trabalham de forma complementar, essas definições são fortes no sentido de pensar o Arquiteto como
um profissional mais generalista do que especialista, que entretanto pode até ser especialista em
qualquer aspecto concernente à profissão, sem perder a visão geral dos processos e das relações entre
partes e todo.

O elenco de possibilidades apresentadas a seguir não pretende estabelecer campos estanques de


atuação, muito menos abarcar todas as possibilidades existentes no atual mercado de trabalho. A
realidade do mercado é dinâmica: a cada dia surgem novas possibilidades e demandas. Alguns
profissionais transitam com facilidade entre vários campos, enquanto outros acabam se concentrando
em apenas um deles. Vamos explorar algumas das mais tradicionais formas de atuação e também
algumas mais recentes. Em todas elas há, sem dúvida, o mesmo núcleo comum de formação conceitual,
acrescido de conhecimentos tecnológicos específicos de cada uma. Para entender esse núcleo, temos
a definição de Lúcio Costa (1995), de 1940, que pode hoje ser extrapolada a todos os campos de
atuação do Arquiteto:

Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito
primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a
determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela
igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto
desde a germinação do projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
específico, certa margem final de opção entre os limites – máximo e mínimo – determinados
pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função
ou impostos pelo programa, cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele
tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a
forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.
(COSTA, 1995, p. 11).

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Os cursos de graduação se aprofundam de maneira diferente nas diversas áreas de atuação do
Arquiteto e Urbanista. Dada a grande abertura oferecida pela profissão, é natural que algumas
áreas, normalmente as mais tradicionais de atuação, sejam objeto de maior atenção, enquanto
outras são tratadas como disciplinas complementares, de maneira introdutória. Nesses casos, a
formação do profissional apenas inicia-se na graduação, sendo que cursos de pós-graduação e
o próprio exercício profissional a complementarão.

NÃO DEIXE DE LER...


Tudo aquilo que você puder, escrito por Lúcio Costa ou sobre Lúcio Costa, um dos
mais importantes nomes da Arquitetura brasileira, em teoria e prática. Conheça
sua obra em Arquitetura e sua vida. Há filmes em curta e longa metragem sobre
ele.

1.2.1 Projeto de Edificações


A atividade de projeto de edificações abrange todas as etapas de concepção e detalhamento do
projeto de edifícios. Inclui todos os tipos de edificações quanto ao uso (habitacional, educacional,
cultural, religioso, comercial, industrial, administrativo, esportivo, de saúde, lazer, comunicação,
de transporte, abastecimento, segurança); quanto à tipologia (edificações isoladas, geminadas,
torres, pavilhões, superpostas, cobertas ou descobertas, abertas ou fechadas); e ainda quanto
ao tipo de intervenção a realizar (construção nova, pré-fabricação, alteração com ampliação ou
modificação de construção existente, conservação, restauração, reconversão).

A realização de um projeto de Arquitetura tem como


premissas: um programa a ser atendido, o local em que se
implantará o edifício e o modo de construir a ser determinado.
Esse conjunto de premissas é elaborado graficamente em
um desenho que opera como mediador entre a ideia do
projeto e sua realização concreta (IAB-DF, s.d.).

Nesse sentido, o constante desenvolvimento de técnicas e


processos construtivos faz com que cada vez mais o projeto
arquitetônico não esteja restrito ao desenho do edifício em
si, mas estabeleça também a completa definição do processo Figura 1 – Exemplo de representação gráfi-
ca de projeto de edificações
de construção (NOVAES, 2002). Fonte: iStock- 57680432

É uma atividade regulada por normas técnicas, elaboradas pela ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas, por meio das NBR 13531 e NBR 13532. O Arquiteto será o responsável
técnico pelo projeto, perante todas as instâncias pertinentes.

Além do projeto arquitetônico propriamente dito, cabe ao Arquiteto a coordenação e a


compatibilização de projetos complementares, necessários à definição completa do edifício. De
acordo com as especificidades do edifício, serão definidos os projetos complementares, sendo os
mais frequentes: projeto de fundações; projeto estrutural; instalações elétricas e ar-condicionado;
instalações hidrossanitárias; lógica e redes; instalações de segurança e combate a incêndio;
paisagismo.

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1.2.2 Gerenciamento de obras

O Arquiteto pode atuar como gerenciador de obras, sejam


estas executadas a partir de projetos de sua autoria ou
de terceiros. Podemos entender como gerenciamento o
conjunto de atividades que têm como foco fazer com que
sejam cumpridos os objetivos de custo, prazo e qualidade na
execução de obra, evitando problemas quanto a atrasos e
aumento de custos (NEAIME, 2008).

Antes parte dos serviços oferecidos pelas construtoras, o


gerenciamento tornou-se uma atividade em si a partir do
Figura 2 – Planilhas de controle de exe-
cução de obras. aumento da complexidade das obras. Exige do profissional
Fonte: iStock- 26326715
elevado grau de conhecimento técnico em termos de normas,
compreensão de projeto, interpretação das especificações e procedimentos de execução, assim
como familiaridade com ferramentas e técnicas específicas, tais como softwares e modelos de
planejamento, para atingir os objetivos de cumprimento de prazos, custos e qualidade, entre
outros.

O gerenciamento permite uma avaliação correta das etapas de execução, analisando prazos de
entrega, tecnologias e equipamentos empregados e produtividade, sendo responsável por toda
a estratégia produtiva da obra. O gerenciador é, enfim, o representante do proprietário diante
dos executores da obra, contratada integralmente de uma construtora, ou em partes, conforme a
especialidade de cada fornecedor.
1.2.3 Execução de obras

A execução de obras civis é também atribuição de arquitetos, sejam elas executadas a partir de
projetos de sua autoria ou não, na condição de executante. Ao empreitar uma obra, ou etapas
dela, o profissional assumirá a tarefa de fornecer ao cliente todos os insumos necessários à
construção: mão de obra, materiais, ferramentas e equipamentos e outros, sendo nesse caso o
responsável técnico pela execução das obras. É também atividade definida por norma técnica,
a NBR 5671/1990.
São muitos os desdobramentos desta atividade. O profissional deverá:

• analisar os projetos e definir a aplicação de processos, materiais, componentes, subcomponentes,


equipamentos e ferramentas;
• contratar os subempreiteiros e os empreiteiros
técnicos, dirigindo os seus trabalhos;
• prover e administrar a mão de obra, de acordo com
a legislação trabalhista e previdenciária em vigor;
• assessorar ou se responsabilizar pela compra dos
materiais e pelo controle de qualidade e consumo na
obra;
• assumir toda a responsabildade pela obra a
executar, de acordo com as Normas Técnicas e com
o Código de Defesa do Consumidor;
• garantir ao proprietário o resultado final da obra
conforme o projetado e contratado. Figura 3 – Execução de obras de Arquitetura
Fonte: iStock- 21212117
Em obras de baixa complexidade, é comum os papéis de gerenciador e executante serem exercidos
por um mesmo profissional ou empresa. Quanto mais complexa a obra, mais importante, e
até mandatório, é que essas atividades sejam exercidas por agentes distintos, uma vez que ao
primeiro cabe orientar e fiscalizar o segundo.

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1.2.4 Arquitetura de interiores

Projetos de Arquitetura de grande envergadura incluem toda a concepção do edifício, desde sua
implantação no terreno até a utilização do espaço interno, incluindo mobiliário e componentes
da edificação. Esse processo não ocorre sempre, e frequentemente espaços são concebidos
de uma forma estandardizada, para que seus futuros ocupantes definam a forma de utilização
interna. É o caso das torres corporativas com suas plantas livres, dos espaços comerciais dos
shopping centers e até dos apartamentos ofertados pela indústria imobiliária.

Nesses casos, surge a Arquitetura de interiores, que irá definir a utilização do espaço interno a
partir de uma edificação já existente. É o caso também dos espaços que mudam de uso após um
tempo com determinada configuração.

Segundo a definição do escritório Casa 3 Arquitetura (s.d.), um projeto de Arquitetura de interiores


nada mais é que um conjunto de normas que envolvem fatores como ergonomia, luminotécnica,
acústica e térmica a serem implantadas no interior de ambientes residenciais, comerciais ou
corporativos, de acordo com as necessidades do espaço e das pessoas que irão compor esse
espaço. São preocupações desse projeto:

• Layout: definir a distribuição de usos e funções pelo edifício, a disposição dos móveis e dos
equipamentos e os espaços para circulação, racionalizando a utilização do espaço;
• Ergonomia: proporcionar conforto aos usuários pela interação do ser humano ao espaço e
equipamentos que o integram e pela adequação dos espaços à sua funcionalidade;
• Economia: obter o melhor uso de iluminação e ventilação naturais, assim como isolamento
acústico e térmico, minimizando o uso de sistemas consumidores de energia;
• Imagem: criar uma imagem do espaço adequada ao seu uso e à intenção do projeto, como
o aconchego a um projeto residencial, o arrojo ou a seriedade a um projeto empresarial, a
sofisticação a um projeto comercial etc.

Figura 4 – – Exemplo de representação gráfica em projeto de


Arquitetura de interiores. Fonte: iStock- 76111329

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1.2.5 Desenho de Produtos


O desenho de produto, ou design, é um vasto campo
de trabalho no qual Arquitetos tradicionalmente
atuam. Hoje, com o desenvolvimento dessa área de
conhecimento e do surgimento de escolas específicas,
pode-se entender a atuação do Arquiteto na interação
entre o Desenho de Produtos e a Arquitetura,
desenvolvendo projetos de mobiliário, acessórios
para edificações, componentes para toda gama de
produtos industriais finais destinados à construção civil,
e também produtos destinados a mobiliário urbano,
como suportes de sinalizações, abrigos de ônibus,
bancos, lixeiras, quiosques comerciais etc.
Figura 5 – Exemplo de produto industrial desti-
nado à construção civil O desenvolvimento desses produtos, segundo a
Fonte: iStock- 74929023 Escola de Belas Artes da UFRJ, implica avaliação e
conceituação das relações usuário/objeto através do domínio de técnicas de projeto, representação
técnica bidimensional, construção de modelos físicos e maquetes eletrônicas e de conhecimentos
no campo dos processos industriais de fabricação. Envolve a análise e o desenvolvimento do
design de produtos com ênfase em critérios funcionais, ergonômicos e estéticos. Essa atividade
profissional está relacionada à criação, à análise e ao desenvolvimento de conceitos formais de
produtos industriais e atua com base em métodos de design que aperfeiçoam sua função, valor
e aparência para benefício tanto do usuário quanto do fabricante.

NÓS QUEREMOS SABER!


Desenho de produto é o mesmo que Design ou Desenho industrial?

Sim, são diferentes denominações para o mesmo campo de conhecimento e atividade


profissional. A escolha do termo a utilizar pode resultar de pequenas nuances de
significado pretendidas por quem está usando, sem, entretanto, significar que se esteja
falando de outro tema.

1.2.6 Arquitetura Paisagística


A Arquitetura paisagística ou Arquitetura da paisagem trata dos espaços abertos, públicos ou
privados onde o Arquiteto lida com elementos naturais ou construídos, planejando a paisagem
ao longo do tempo. Abrange as características geográficas, hidrográficas, bióticas e humanas na
busca de um equilíbrio estético entre os vários componentes da paisagem urbana – vegetação,
área construída, espaços livres para circulação. Idealmente, deve ser minimamente agressiva à
natureza, mas dela tira proveito ao aliar a beleza vegetal com os espaços edificados.

O Arquiteto paisagista deve ir além de projetar belos jardins e paisagens para realizar um estudo
ambiental e social que alie o prazer estético aos usos e funções imaginados para uma edificação,
em busca da harmonia entre os vários elementos. O trabalho do paisagista é unir a natureza ao
meio urbano, procurando harmonizar essa convivência (CAU, s.d.).

Frequentemente, na configuração do mercado de trabalho, o projeto paisagístico é considerado


um dos projetos complementares aos projetos de edificações ou de desenho urbano, mas por
vezes é a essência do próprio projeto, como no caso de praças e parques. A atividade também é
por vezes confundida com o trabalho de jardinagem, para o qual é comum a utilização do termo
“paisagismo”.

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A ênfase dada aos elementos naturais não significa que o projeto paisagístico lide obrigatoriamente
com estes. Projetos de grande impacto paisagístico podem conter poucos ou nenhum elemento
natural, configurando o espaço aberto por meio de elementos construídos.

Figura 6 – Exemplo de representação gráfica de


Arquitetura paisagística.
Fonte: iStock- 77153467

1.2.7 Comunicação Visual

Comunicar é informar, transmitir uma mensagem. A Comunicação visual é a transmissão dessa


mensagem por meio de uma imagem. De modo semelhante ao Desenho de produto, é um campo
bastante vasto, em que a atuação do Arquiteto tem ênfase na interação da Comunicação visual
com a Arquitetura e o Desenho urbano. Alia concepção arquitetônica a diretrizes do Marketing e
da Publicidade, sendo uma especialidade que desperta cada vez mais interesse dos profissionais
(NAKAMURA; CICHINELI, 2015). Atividades como sinalização ambiental e urbana e programação
visual de edifícios fazem parte do escopo desse trabalho. Pode-se atuar em projetos corporativos e
residenciais realizados por grandes construtoras e incorporadoras, ou ainda em espaços públicos e
culturais.

Figura 7 – Comunicação visual aplicada ao


Urbanismo. Fonte: iStock- 55055954

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NÓS QUEREMOS SABER!


Comunicação visual é o mesmo que Design gráfico?

Sim, aqui também a diferença é de nomenclatura, mas a atividade em si, a mesma.


Entretanto, o termo Comunicação visual é também utilizado para caracterizar o trabalho
de gráficas que apenas executam produtos.

1.2.8 Desenho Urbano

O termo “Desenho urbano” pode ser entendido de diferentes maneiras quando diz respeito
à definição de campos de atuação do Arquiteto e Urbanista. Uma das possibilidades é o
desenvolvimento de Projeto de loteamentos e parcelamentos urbanos. Nessa atividade, o Arquiteto
desenvolve, trabalhando para agentes promotores de desenvolvimento urbano, como companhias
privadas e agentes públicos de promoção habitacional, o desenho de novas urbanizações. O
desenho urbano inclui a concepção geral do parcelamento, pelo desenho do sistema viário e
pela definição de áreas verdes, de lotes para uso público e privado.

Figura 8 – Esquema gráfico de um desenho


urbano. Fonte: iStock- 75533967

O Urbanista, em conjunto com outros profissionais, irá definir a concepção geral dos
sistemas de infraestrutura urbana, incluindo sistemas de captação, tratamento e distribuição
de água; coleta, tratamento e destinação de esgotos; sistemas de macro e microdrenagem;
terraplanagem, pavimentação e contenção de encostas, sistemas de energia e comunicação.
O Urbanista também irá fazer a coordenação e a compatibilização de cada um desses projetos
específicos, desenvolvidos por especialistas em cada área. Essa atividade pode até mesmo se
estender ao desenho de toda uma cidade, não apenas às suas áreas de expansão. Deverão ser
considerados na definição desse desenho fatores ambientais, econômicos, legais e estéticos,
além da integração com a cidade e o território do entorno.

Outra dimensão do Desenho urbano é de uma atividade que visa à transformação das formas
urbanas existentes e seus espaços, ao trabalhar a aparência, a disposição das construções e
as funcionalidades das cidades. Dessa forma, funciona como um instrumento para reduzir os
impactos negativos que a urbanização desequilibrada provoca no meio ambiente e possui papel
estratégico nos projetos de integração regional (PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS, s.d.).
O Arquiteto e Urbanista pode desenvolver projetos de recuperação ou de renovação urbana,
qualificação, transformação e adequação de espaços públicos, espaços de lazer, recreação
e cultura. Nesse campo, irá atuar em empresas privadas prestadoras de serviço para órgãos
públicos ou diretamente nestes. Também nesse caso, os projetos são complementados por
projetos específicos de infraestruturas, equipamentos ou mobiliários urbanos.

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1.2.9 Planejamento Urbano e Territorial

O Planejamento urbano engloba concepções, planos e programas de gestão de políticas públicas


por meio de ações que permitam harmonia entre intervenções no espaço urbano e o atendimento
às necessidades da população. O planejamento identifica as vocações locais e regionais de um
território, estabelece as regras de ocupação de solo e as políticas de desenvolvimento municipal,
buscando melhorar a qualidade de vida das pessoas (INSTITUTO ETHOS, s.d.).

Trata-se de um campo de atuação evidentemente interdisciplinar, em que o papel do Arquiteto


e Urbanista é central, exercendo frequentemente a coordenação desses processos. Requer forte
conhecimento e capacidade de trabalho com questões legais. São instrumentos do Planejamento
urbano: o Plano Diretor, as leis de zoneamento, uso e ocupação do solo, códigos de obras e
posturas, legislações de controle ambiental e urbano, além de outros específicos para intervenção
e reforma urbana.

Figura 9 – – Exemplo de representação gráfica


em planejamento urbano.
Fonte: iStock- 59579476

O Planejamento urbano é exercido por órgãos públicos que frequentemente contratam assessorias
de escritórios privados para o desenvolvimento de trabalhos. Nesse campo, vem crescendo a
participação de entidades de terceiro setor, que formulam propostas e mobilizam a sociedade
para reivindicar melhorias na qualidade de vida, além de prestarem assessoria a governos.

Na dimensão territorial, Arquitetos e Urbanistas atuam em conjunto com outros profissionais


na análise e planejamento da ocupação, prevendo tendências de crescimento de cidades em
diferentes regiões, de surgimento de novas ocupações e da demanda por recursos para atender
às necessidades advindas desse processo, avaliando a capacidade de suporte de cada território,
em termos econômicos e ambientais, para o provimento desses recursos.

1.2.10 Conforto Ambiental

A demanda por Arquitetura sustentável, que pressupõe a necessidade de avaliação de desempenho


e eficiência energética das edificações, aliada ao desejo de conforto pelos usuários, faz surgir
o campo de trabalho em conforto ambiental. Necessário e aplicável a todo tipo de projetos de
edificações, requer uma série de conhecimentos e técnicas bastante específicos, de forma a
configurar o trabalho, muitas vezes, como de uma assessoria aos desenvolvedores do projeto
arquitetônico (GONÇALVES; DUARTE, 2006).

O especialista em conforto ambiental irá aplicar metodologias para avaliar e projetar dispositivos
que adéquem as edificações em relação ao conforto térmico, acústico e luminotécnico. São
considerados fatores ligados à orientação solar e aos ventos: forma arquitetônica, arranjos
espaciais, zoneamento dos usos internos do edifício e geometria dos espaços internos;
características, condicionantes ambientais (vegetação, corpos d’água, ruído etc.) e tratamento

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do entorno imediato, assim como materiais da estrutura, das vedações internas e externas,
considerando desempenho térmico e cores; tratamento das fachadas e coberturas, de acordo com
a necessidade de proteção solar; áreas envidraçadas e de abertura, considerando a proporção
quanto à área de envoltória, o posicionamento na fachada e o tipo do fechamento, seja ele
vazado, transparente ou translúcido; detalhamento das proteções solares, considerando tipo e
dimensionamento, e detalhamento das esquadrias.

Figura 10 – Esquema gráfico para


análise de ventilação e iluminação de
edificação
Fonte: iStock- 22818077

1.2.11 Restauro e Conservação de Edifícios Históricos


O restauro e a conservação de edifícios de valor histórico são o objeto de atuação de muitos
Arquitetos. A graduação em Arquitetura dá ênfase ao estudo da História da Arquitetura, porém
raramente forma os estudantes para o exercício da atividade de restauro. No Brasil, o SPHAN –
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão do Governo Federal criado em 1931,
é a referência teórica e prática no setor, e sua atuação é complementada por diversos órgãos da
administração pública nos estados e municípios dedicados ao tema. Nesses órgãos atuam muitos
arquitetos, sendo que há também escritórios e profissionais autônomos dedicados à restauração.

A primeira dimensão desse campo é o estudo do patrimônio, o conhecimento das características


que levam um bem arquitetônico a ser considerado de valor histórico, os critérios que podem
levar a seu tombamento e preservação. Depois surgem o conhecimento de técnicas para a
análise e diagnóstico da situação dos imóveis e as técnicas, critérios e métodos de restauração e
conservação de edifícios. É uma atividade multidisciplinar, em que Arquitetos trabalham ao lado
de Arqueólogos, Historiadores, Químicos, Engenheiros e outros.

Figura 11 – Edifício Martinelli, primeiro arra-


nha-céu de São Paulo, restaurado em 1975.
Fonte: iStock- 27989436

16 Laureate- International Universities


1.2.12 Pesquisa e Docência

Em todas as profissões que são exercidas a partir de uma formação universitária abre-se o caminho da
atuação profissional em Pesquisa e Docência. Em geral, esse caminho é seguido quando o profissional
opta por dar continuidade ao seu processo de formação na pós-graduação, seguindo o caminho
dos cursos stricto sensu, que são os cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado oferecidos por
universidades e reconhecidos pelo Ministério da Educação, ou lato sensu, que são os cursos de menor
duração, oferecidos livremente por diversas instituições.

No caso do caminho acadêmico stricto sensu, surge conjuntamente a atividade de pesquisa. O Arquiteto
e Urbanista desenvolve, individualmente ou em grupos de pesquisa, a produção e a sistematização de
conhecimento a partir de sua prática profissional ou exclusivamente focado na pesquisa, que pode se
dar em qualquer campo de atuação, como os citados neste Capítulo, ou outros.

Particularmente no caso de Arquitetura, em que o objeto de estudo é o próprio fazer dos projetos, é
muito rica a relação entre prática e pesquisa. O professor Valter Caldana afirma que

[...] a partir da compreensão de que o processo de elaboração do projeto de arquitetura e


urbanismo é um espaço privilegiado para o exercício do binômio invenção/experimentação,
considera-se que o fazer e a busca da materialização da Arquitetura é o fio condutor e o
elemento de ligação entre três universos interdependentes – o ensino, a pesquisa e a prática
(CALDANA, 2012, p. 51).

A Docência, em cursos de graduação e pós-graduação, é exercida por muitos profissionais. É


particularmente comum nessa área conciliar atividades de escritório com aulas.
1.2.13 Controle Urbano
O Controle urbano é o conjunto de atividades relativas ao controle da aplicação de toda a
legislação que rege a vida urbana, incluindo construção, reforma, ampliação e demolição de
edifícios, utilização de áreas urbanas, legislação ambiental, leis de posturas e silêncio, leis e
normas de segurança, defesa civil e todo o espectro das legislações pertinentes. É uma atividade
exercida diretamente pela administração pública, com raras situações de terceirização de serviços
a particulares. Demanda o trabalho de grande número de Arquitetos nas atividades de análise a
aprovação de projetos e no trabalho de campo da fiscalização.

1.2.14 Representação Gráfica de Espaços


A representação gráfica sempre foi um aspecto importante na atividade de projetos. Com a
computação gráfica ampliaram-se as possibilidades de realização de representações, que a cada
vez mais aproximam a visão antecipada daquilo que será construído, valorizando efetivamente os
projetos. Muitos Arquitetos passaram a se especializar na utilização de ferramentas tecnológicas
para simulação de espaços, nos programas de computação gráfica bidimensional e tridimensional,
na construção de maquetes físicas ou eletrônicas, e trabalham para outros profissionais que
estão desenvolvendo projetos de grande envergadura, especialmente para a indústria imobiliária
e para a publicidade.

17
Legislação Profissional e Trabalhista Conteudo

Figura 12 - Representação arquitetônica


produzida por computação gráfica.
Fonte: iStock- 24652466

1.2.15 Arquitetura de Eventos


A realização de grandes eventos é um fator gerador de demanda para o trabalho de Arquitetos,
que nesse caso lidam com questões espaciais e estéticas semelhantes a outros segmentos,
com diferenças importantes no conhecimento para execução e montagem de estruturas leves,
provisórias. Atuam em eventos comerciais, como estandes em feiras eexposições, e em eventos
culturais, artísticos, esportivos, religiosos e festas particulares. O aspecto logístico é primordial,
e também outros, como custos, segurança e imagem.

1.2.16 Assessoria Comercial


A Assessoria comercial nos segmentos de vendas de materiais de construção, mobiliário,
marcenaria pré-fabricada e outros demanda também o trabalho de profissionais de Arquitetura,
que atuam em um espaço intermediário entre o vendedor tradicional e o consultor, facilitando
a compreensão do público para as características do material, analisando a demanda,
dimensionando tecnicamente quantidades e verificando a adequação do bem adquirido à
utilização pretendida pelo público.

1.2.17 Assessoria Comercial


O conhecimento específico de diversos profissionais é demandado para a realização de perícias
e avaliações do valor de imóveis em diversas situações. É atividade regulamentada por normas da
ABNT, com números 14653-1 a 14653-4. Os profissionais que atuam nesse segmento adquirem
essa competência em cursos de pós-graduação e na prática profissional.

São diversos os tipos de demanda: a justiça pode nomear peritos para avaliação do valor
de imóveis em disputas judiciais, assim como as partes envolvidas podem demandar perícias
próprias. Também pode haver perícias judiciais para avaliar situações de segurança em sinistro,
como desabamentos, incêndios. Também instituições financeiras utilizam esse tipo de serviço
quando imóveis são dados em garantia de créditos e, por fim, companhias seguradoras, para
efeito de estabelecimento de valores de cobertura e de condições de imóveis segurados.

18 Laureate- International Universities


NÓS QUEREMOS SABER!
Existem áreas de atuação mais e menos nobres em Arquitetura e Urbanismo? Existem
campos mais promissores?

Não. Para quem demanda um serviço, bom profissional será aquele que atendê-lo
adequadamente, seja qual for sua necessidade, desde a mais simples à mais complexa.
O que existe são profissionais com diferentes características e interesses pessoais, que
irão gostar e valorizar mais uma área do que outra. Todo campo é promissor: o sucesso
é decorrência de executar corretamente seu trabalho e de ir além das expectativas de
quem contratou. Isso ocorre com quem realiza aquilo com o que se identifica e tem
facilidade.

1.3 Atuação interdisciplinar


A interdisciplinaridade é intrínseca à Arquitetura, já que desde a sua definição é arte e técnica.
Porém, quanto mais se diversifica a atuação, mais prevalece essa característica. Não queremos
apenas dizer que o Arquiteto e Urbanista deva conhecer, em seu processo de formação, assuntos
oriundos de diversas áreas de conhecimento, mas que aqueles Arquitetos graduados agora
irão muito provavelmente trabalhar em equipes e parcerias formadas por profissionais com
experiências bastante distintas à sua.

Ao mesmo tempo que essa é uma perspectiva positiva em termos de ganhos de conhecimento
e possibilidade de obtenção de bons resultados nos trabalhos, exige do profissional outras
capacidades, além do seu próprio objeto de formação, uma vez que a interdisciplinaridade não é
apenas uma divisão do trabalho, em que cada especialista executa sua parte, mas sim o alcance
de novas concepções baseadas na soma de conhecimentos, que resultam em algo inédito, em
concretos avanços.

Avaliando as múltiplas possibilidades de atuação do Arquiteto tratadas neste Capítulo, pode-se


perceber a possibilidade de trabalho conjunto com profissionais de cerca de trinta diferentes
profissões com formação universitária, sabendo-se que em princípio essa interação pode se dar
mesmo com qualquer área de conhecimento, de acordo com a demanda de trabalho. Muitas
vezes a interação se dá simultaneamente com profissionais de diversas áreas, como é o caso dos
trabalhos em planejamento urbano e territorial.

O profissional que atua interdisciplinarmente tem que ser capaz de compreender e assimilar
as contribuições de seus pares e aplicá-las a seu campo de conhecimento. Precisa às vezes
avaliar e criticar as contribuições de outros campos. Esse exercício requer capacidade de
negociação, assimilação e administração de conflitos. Os Arquitetos, por sua formação ampla,
têm frequentemente destaque nessas equipes, exercendo por vezes a liderança e a coordenação
delas.

19
Legislação Profissional e Trabalhista Conteudo

1.4 Papel social do arquiteto e urbanista


Estamos discutindo, desde o início deste Capítulo, diversos aspectos do que o profissional de
Arquitetura e Urbanismo pode esperar de sua profissão, sobre a forma como atuar e os objetos
de seu interesse. Vamos discutir agora algo diferente disso: o que a sociedade espera desse
profissional?

Em uma sociedade desigual como a nossa, nem todos têm acesso ao Ensino Superior. Há
grandes avanços nesse sentido, mas a realidade ainda é difícil. Apenas 16% dos trabalhadores
brasileiros têm Ensino Superior completo. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Domicílios
(Pnad) divulgados pelo IBGE, nos três últimos meses de 2014, três em cada 10 pessoas da força
de trabalho brasileira não tinham sequer concluído o Ensino Fundamental.

Ao completar um curso universitário, você estará contribuindo para melhorar essa estatística,
mas ainda assim será parte de uma elite do país. Os profissionais que fazem parte desse grupo
têm um grande compromisso com o futuro, serão os responsáveis por liderar um processo de
mudanças que traga a melhoria da qualidade de vida e bem-estar de todos, pois essa conquista
ocorrerá quando pudermos viver em uma sociedade equilibrada, com oportunidades e justiça
social para todos.

Como se traduz, na prática profissional, esse compromisso?

A função social no exercício profissional consiste na prevalência do interesse público em relação


ao interesse privado na prática de uma atividade. A Arte, a Ciência ou a Arquitetura estarão
cumprindo sua função social quando sua prática gerar resultados que contribuam para a
construção do bem comum.

Traduzindo ao cotidiano da profissão, devemos perceber que o resultado de cada projeto


desenvolvido e executado por um Arquiteto impacta a vida não apenas de seu cliente e do
próprio profissional, mas também a cidade, o local onde está construído, o entorno imediato, o
meio ambiente. A Arquitetura possui muitos significados, e implantar uma obra é transmitir uma
mensagem. A qualidade dos espaços e a estética são elementos importantes da qualidade de
vida, e o Arquiteto deve lutar por eles. Preservando sempre o compromisso primordial com seu
cliente e com a técnica, o profissional deve estar atento a todas essas implicações e também ao
bem comum como valor, considerando os processos de execução e os resultados do trabalho.

Esse compromisso se amplia ainda mais quando o objeto do trabalho do Arquiteto e Urbanista
envolve diretamente o interesse público. As cidades, a moradia popular, o urbanismo, a paisagem
e a qualidade de vida nas cidades são elementos de atuação direta deste profissional, que
precisa estar engajado, como detentor de conhecimentos e como cidadão, na tarefa de construir
um futuro melhor.
1.4.1 Responsabilidade social, ambiental e legal no exercício profissional
A noção de papel social de que tratamos se complementa por duas discussões igualmente
importantes. Nesta seção trataremos da responsabilidade social, ambiental e legal no exercício
das profissões e teremos como baliza a Carta de Princípios do Instituto Ethos. No próximo, que
encerra este Capítulo, trataremos desse conceito de maneira mais específica para a Arquitetura e
Urbanismo, com a baliza do Código de Ética do Conselho de Arquitetura e Urbanismo.

Entende-se que a responsabilidade social, ambiental e legal é fundamentalmente


[...] reconhecer a responsabilidade pelos resultados e impactos das ações de nossa empresa
no meio natural e social afetados por nossas atividades empresariais e enviaremos todos os
esforços no sentido de conhecer e cumprir a legislação e de, voluntariamente, exceder nossas
obrigações naquilo que seja relevante para o bem-estar da coletividade. (INSTITUTO ETHOS,
s. d., p. 1.).

20 Laureate- International Universities


É importante entender que esse conceito vai além do papel social mencionado na seção anterior.
Ele nos propõe que todo o nosso exercício profissional, desde o mais singelo projeto de uma
pequena residência até o mais ambicioso projeto urbano, causa impactos no meio em que
vivemos tanto sociais como naturais. Devemos compreender a natureza e a dimensão desses
impactos, reconhecer que eles existem, trabalhar para que sejam extintos ou minimizados e,
finalmente, por uma adequada compensação, caso sejam de fato inevitáveis.

Suponha que você esteja projetando uma residência unifamiliar em um pequeno lote urbano.
Você nota que no quintal da casa vizinha há uma área de lazer e uma piscina infantil. Ao
posicionar sua edificação no terreno, você irá se preocupar com a distribuição dos ambientes,
com o programa de necessidades que seu cliente lhe solicitou e com a insolação da casa que
está projetando. Você verificará se essa construção vai sombrear a piscina da casa vizinha? Você
vai examinar alternativas para implantação? Qual delas atende à sua necessidade e minimiza
esse impacto? Você é profissional, precisa atender o cliente, mas está construindo a cidade. Você
será reconhecido no mercado não apenas pelo resultado imediato de um projeto, mas também
pela contribuição que dá à sociedade. Você faz parte dessa ampla comunidade e também sofre
os impactos dos trabalhos de terceiros. Não estamos sozinhos.

NÃO DEIXE DE LER...


Carta de Princípios do Ethos e navegar pelo site:

<http://www3.ethos.org.br>.

1.4.2 A conduta ética como diferencial profissional


O profissional de Arquitetura e Urbanismo se distinguirá no mercado de trabalho pela sua
capacidade e conhecimentos. Com o tempo, irá se tornar mais conhecido e passará a ser
lembrado, sendo provavelmente convidado a desempenhar trabalhos importantes. Este será o
caminho natural, desde que haja também, por parte das pessoas do seu convívio profissional,
o reconhecimento de um profissional ético, cumpridor de suas obrigações para com o interesse
público, com os contratantes, com a profissão e os colegas de trabalho e, finalmente, com o
Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).

O Conselho é o órgão fiscalizador da atividade profissional e estabelece as regras para


seu exercício. Suas regulamentações têm força de lei e seu cumprimento é obrigatório. São
estabelecidas por meio de regimento, resoluções, deliberações, portarias e atos declaratórios. São
centenas de documentos que o profissional consulta conforme suas necessidades. Incialmente,
é fundamental conhecer o Código de Ética (Resolução N° 52, de 6 de setembro de 2013),
que estabelece princípios, regras e recomendações que vão garantir direitos e deveres de seus
filiados. É fundamental a todos os profissionais conhecer e refletir sobre ele (CAU, 2013).

NÃO DEIXE DE LER...


Código de Ética dos Arquitetos e Urbanistas, no site

<http://caubr.org.br>.

Aproveite para navegar e conhecer mais sobre o Conselho.

21
Síntese
Legislação Profissional e Trabalhista Conteudo

Síntese
Neste Capítulo você construiu entendimentos iniciais de aspectos da carreira em Arquitetura e
Urbanismo, cujos elementos podem fortalecer suas reflexões sobre o futuro exercício da profissão.
Tratamos inicialmente do regime de trabalho em relação às características atuais do mercado,
mostrando as possibilidades de trabalho como consultor, colaborador ou empreendedor, e
lembramo-nos das opções de trabalho na iniciativa pública, privada ou no terceiro setor.

Em seguida elencamos os principais campos em que se desdobra a atuação do Arquiteto e


Urbanista, de acordo com o objeto de trabalho. Percorremos um caminho por 17 atividades com
as quais você se encontrará em sua trajetória.

Finalizamos com a introdução dos temas de responsabilidade social e ética profissional, em


relação aos quais recomendamos que você se aprofunde através das leituras sugeridas e que
faça desses aspectos objeto de reflexão constante em sua carreira.

22 Laureate- International Universities


Referências Bibliográficas
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Terceiro setor e
desenvolvimento social. Relato setorial, Brasília, n. 3, 2002.

CALDANA, Valter. Pesquisa em Projeto de Arquitetura e Urbanismo: Caminhos – Cadernos de


Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2012. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/
dhtm/seer/index.php/cpgau>. Acesso em: 2 dez. 2015.

CALDEIRA, Mirella D’angelo. A responsabilidade civil dos profissionais liberais. Revista da


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CASA 3 ARQUITITETURA. O que é arquitetura de interiores?, [s.d.]. Disponível em: <http://


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CAU – CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL. Paisagismo, [s.d.] Disponível


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______. Código de Ética – Resolução N° 52, 6 set. 2013.

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23
Legislação Profissional e Trabalhista Conteudo

Referências Bibliográficas
VERONEZZI, Felipe Veronezzi. O que é carreira em Y?, [s.d.]. Disponível em: <http://www.
guiadacarreira.com.br/carreira/o-que-e-carreira-em-y/>. Acesso em: 2 dez. 2015.

24 Laureate- International Universities

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