INTRODUÇÃO
OBJETO
O ponto de partida de sua doutrina foi seus estudos sobre a ciência do direito,
concentrado no jusnaturalismo. Sua teoria dizia que o pacto entre os membros de uma
sociedade deveria necessariamente ser feito um contrato anterior (original). Partindo
desta premissa, sustenta que se a autoridade suprema não cumpre suas obrigações para
com os súditos, ainda assim a obediência deve prevalecer.
PARADIGMA
Note-se que Jeremy Bentham não se deteve somente à análise teórica das idéias sobre o
homem como ser social e moral. Toda a sua estrutura doutrinária procurou a
aplicabilidade prática, dedicando-se a concepção da legislação de acordo com princípios
naturais no ser humano, buscando a codificação das leis com o intuito de tornar
acessível por qualquer pessoa.
Em sua obra intitulada “Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação” teve como
principal objetivo materializar seu principal ponto de vista com uma grande carga
axiológica. Bentham expôs de maneira pormenorizada efetiva aplicação do princípio da
utilidade, como fundamento de toda a conduta social e principalmente individual.
Inicialmente, se verifica a indagação dos sentimentos em uma escala de preferência,
onde o valor atribuído é levado em consideração o prazer que oferece nas circunstâncias
geradas. Na parte subseqüente do livro, são expostas outras opções que poderiam
induzir o homem a promover ações criadoras de felicidade (os castigos e recompensas),
adicionado os motivos determinantes e seus respectivos valores morais.
ESSÊNCIA DO UTILITARISMO
O entendimento da teoria proferida por Bentham e sustentada por seus seguidores era
que para a interpretação da norma deveria levar em consideração os efeitos reais
produzidos. A qualificação dos efeitos teria como base a utilidade, sendo o bom aquilo
que traz prazer e mau, o que causa dor. Complementando esta frase, sob o prisma social
bom e justo é tudo aquilo que tende a aumentar a felicidade geral.
SUA FILOSOFIA
Nesta linha de pensamento, as leis devem ser socialmente úteis e não meramente para
refletir algo abstrato. Acredita que quando os homens perseguem o prazer e evitam a
dor, Bentham chamou esse procedimento de “a true sacred” (uma verdade absoluta).
Supôs ainda que toda a moralidade poderia ser derivada do “self-interest enlightened”
em que uma pessoa que agissem sempre com vista a sua própria satisfação máxima ao
longo prazo agiria sempre conforme o direito.
Como dito anteriormente, o método designado para definir a quantidade (valor) das
condutas foi dado o nome de “cálculo”. Apesar do termo, que não está muito distante de
uma fórmula matemática, de onde consiste em uma engenhosa classificação das
espécies de ações, uma valoração de cada ato praticado por cada membro da sociedade.
“Mas o cálculo dos efeitos ou conseqüências não é uma tarefa fácil, ainda que se faça
com unidades numéricas, como pretendia Bentham nos seu famoso “cálculo
hedonista”, no qual as unidades de bem eram unidades de prazer.”[5]
ÉTICA
Este conjunto de padrões morais depende da sua obrigação - indivíduo - em relação a si
mesmo. No momento em que se constrói um sólido conjunto normativo, teremos a
capacidade de afetar a felicidade de outros que nos rodeiam: “A ética privada tem por
objetivo a felicidade, sendo este também o da legislação. A ética privada diz respeito a
cada membro, isto é, à felicidade e as ações de cada membro, de qualquer comunidade
que seja; a legislação, por sua vez, tem a mesma meta”[6]
MORAL X MORALIDADE
JUSTIÇA SOCIAL
Diante do conceito comum do bem e do mal, é necessário um juízo de valor que possa
efetivamente abranger todas as condutas individuais, classificando-as e definindo a
graduação perante o conjunto social. O utilitarismo utilizando o clássico critério
“meritório” na justiça, que aparece em Aristóteles. “De acordo com este ponto de vista,
o critério do mérito é a virtude, e a justiça consiste em distribuir o bem (felicidade)
tendo em conta a virtude.”[8] Sob uma segunda visão, igualitarista (que surge na teoria
democrática) onde o ser é considerado abstratamente, independentemente de suas
particularidades. Por fim, a terceira corrente é a contribuição do conceito marxista: “de
cada um, de acordo com sua capacidade; a cada um, de acordo com suas
necessidades”.
Na busca do ideal de justiça, sua teoria também colocou algumas responsabilidades para
o Estado. A primeira obrigação consiste em não deixar povos sofrerem necessidade. Isto
significa de garantir um nível de subsistência mínima, renda para assegurar a
sobrevivência de todos os cidadãos e a provisão da segurança aos indivíduos.
CONCLUSÃO
A teoria do utilitarismo visa a maior felicidade, não do próprio agente, mas a maior
felicidade ao maior número de pessoas envolvidas "the greatest happiness for the
greatest number". Também é defendida a nobreza de caráter, avaliada e classificada de
acordo com extensão de seus efeitos ao bem comum.
O comportamento moral manifesta-se na forma de hábitos e costumes. O objetivo do
estudo foi a influência deste fato na confecção da legislação, desde a motivação, sua
vigência e eficácia (efetividade). Insistindo que os indivíduos são os melhores juizes de
sua própria felicidade, Bentham teve uma tendência automática em optar pelo ideal da
não interferência por parte do governo. Entretanto, reconheceu que as ações individuais
de um indivíduo implicaram freqüentemente na felicidade de outro e que os indivíduos
não podem ter o incentivo ou a habilidade de coordenar as ações que melhoram a
utilidade agregada.
Referências bibliográficas
BACQUE, Jorge A. Derecho, filosofia y lenguaje. Buenos Aires: Astrea, 1976
BENTHAM, Jeremy. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução a ciência do direito. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 1997.
FRANKENA, Willian K. Etica. Rio de Janeiro : Zahar, 1969. 143p. (Curso moderno de
filosofia). Traducao de Ethics.
FREITAS, Juarez. As grandes linhas da filosofia do direito. Caxias do Sul: UCS, 1986.
MILL, John Stuart. O utilitarismo. São Paulo: Iluminuras, 2000.
SANCHEZ VASQUEZ, Adolfo. Ética. 14. ed. Rio de Janeiro: Civilizacao Brasileira,
1993.
Notas:
[1] FREITAS, Juarez. As grandes linhas da filosofia do direito. Caxias do Sul : UCS,
1986. p.44
[2] BACQUE, Jorge A. Derecho, filosofia y lenguaje. Buenos Aires: Astrea, 1976. xvi,
235p. (Coleccion mayor. Filosofia y derecho, 3). p.123
[3] FRANKENA, Willian K. Etica. Rio de Janeiro : Zahar, 1969. 143p. (Curso
moderno de filosofia). Traducao de Ethics. p.30-31
[4] Juristas dos países onde o sistema judiciário é o common law, especificamente
criado por Austin e Salmond, vieram a admitir o fetichismo dos textos e a função
mecânica da atividade judicial, induzindo a adoção de processos lógico-analíticos na
integração aplicação e interpretação do direito costumeiro e do direito derivados das
decisões da Corte da chancelaria.
[5] SANCHEZ VASQUEZ, Adolfo. Ética. 14. ed. Rio de Janeiro : Civilizacao
Brasileira, 1993. p. 174
[6] BENTHAM, Jeremy. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979 p.65
[7] MILL, John Stuart. O utilitarismo. São Paulo: Iluminuras, 2000. Tradução de: The
utilitarism. p.49
[8] FRANKENA, Willian K. Etica. Rio de Janeiro : Zahar, 1969. 143p. (Curso
moderno de filosofia). Traducao de Ethics. p.62