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Plano de Aula - Centro de Massa

Rafael Risnik Romeiro - 6850243

1 Objetivos

Este documento entitulado ”Plano de Aula - Centro de Massa”tem por objetivo apresentar

a formualação de uma sequência de duas aulas para o ensino médio que discorrerá sobre o tema

centro de massa.

A aula será dividida em três momentos, caracterizados aqui pelas próximas três seções, a

saber:

i) Caracterização por meio de argumentação lógica e apresentação das expressões matemáticas;

ii) Identificação das caracterı́sticas dos corpos que alteram o centro de massa;

iii) Experimentação corporal: exercı́cio lúdico e de autopercepção a respeito da fı́sica do dia

a dia

Em alguns momentos deste documento, demonstrações argumentativas serão fornecidas

apenas para confirmar que o proposto funciona para o devido fim, geralmente adicionadas ao

texto entre parêntesis. Essas argumentações, no entanto, não serão apresentadas para os es-

tudantes ou serão apresentadas de maneira simplificada, uma vez que trata-se da aplicação de

conceitos deveras formais para o nı́vel médio de educação em fı́sica.

2 Apresentação e caracterização do conceito de centro de massa

A aula é iniciada a partir de uma situação desafio com o intuito de cativar os estudantes

e desafiá-los a pensar e discorrer sober o tema. Para que isto ocorra, pretende-se apresentar um

aparato simples, mas bastante curioso, que desafie as percepções comuns. Pode-se ser utilizado,

por exemplo, o passaro que é equilibrado pelo bico ou qualquer outro objeto extenso e rı́gido

que possua o centro de massa em um local fora do esperado por meio da distribuição irregular

de massa.

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A partir desta situação, definimos o centro de massa em um primeiro momento por meio

da seguinte sentença: ”O centro de massa é o ponto de equilı́brio de um corpo”. Aqui, após

a definição literal, existirão duas possibilidades: caso os estudantes já conheçam o conceito de

torque, ilustra-se matematicamente que o centro de massa é o ponto de torque nulo em um corpo

em equilı́brio (considerando é claro, que este ponto deve ser o ponto de sustentação, já que no

ponto de sustentação é aplicada a força normal. Em um corpo em equilı́brio o torque é nulo em

relaçao a qualquer ponto, a grande diferença é o ponto de aplicação da força normal), já que

equilibra-se neste ponto, e deduzir, de modo simplificado, a expressão que calcula o centro de

massa, caso contrário, o ideal é apresentar a expressão matemática que calcula o centro de massa

e convencê-los por meio de exemplos de sucessiva complexidade que a expressão matemática que

traduz o centro de massa deve ser de fato a apresentada. No primeiro caso os exemplos não

são descartados, eles apenas vem como um reforço do conceito ao invés de uma ferramenta de

convencimento. As expressões apresentadas serão:

PN PN
m1 x1 + m2 x2 + ... + mj xj + ... + mN xN i=1 mi xi mi xi
xCM = = PN = i=1 (1)
m1 + m2 + ... + mi + ... + mN i=1 mi
M

PN PN
m1 y1 + m2 y2 + ... + mj yj + ... + mN yN i=1 mi yi mi xi
yCM = = PN = i=1 (2)
m1 + m2 + ... + mi + ... + mN i=1 mi
M

PN PN
m1 z1 + m2 z2 + ... + mj zj + ... + mN zN i=1 mi zi m i zi
zCM = = PN = i=1 (3)
m1 + m2 + ... + mi + ... + mN i=1 mi
M

apesar dos estudantes de ensino médio não estarem familiarizados com o tratamento matemático

superior a duas dimensões, a apresentação das expressões nas três dimensões mostra-se impor-

tante para conhecimento e, caso sigam seus estudos nas ciências exatas superiores, para que

entrem em contato ao menos uma vez no ensino básico.

Os exemplos são construı́dos em dois sentidos: o primeiro deles é para o citado acima,

convencimento e reforço a respeito da expressão que calcula o centro de massa; o segundo é para

que comecemos a introduzir o centro de massa de certos corpos rı́gidos dotados de simetria, isso

será útil para a próxima seção da aula, em que serão apresentados aparatos experimentais. Os

exemplos serão construı́dos da seguinte forma:

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i) Discussão a respeito do centro de massa de um ponto. A grande questão neste momento

é ”Em que ponto devemos equilibrar um ponto?”;

ii) Discussão a respeito do centro de massa de uma barra homogênea. Aqui precisaremos

da experiência prévia dos estudantes e do entendimento de que uma barra homogênea

está equilibrada pelo meio da barra. Pode-se ainda utilizar um balança de pratos para a

verificação deste equilı́brio, já que os pratos são conectados por uma barra homogênea;

iii) Discussão a respeito do centro de massa de dois pontos. Utilizando a expressão matemática

apresentada, calcularemos o centro de massa de dois pontos. Neste exemplo surge pela

primeira vez a noção de que o centro de massa de um sistema pode estar fora dos pontos de

massa deste sistema. Uma analogia com a barra do exemplo anterior pode ser construı́da

ao identificarmos que, se cortarmos a barra ao meio, podemos concentrar a massa das duas

partes em quaisquer pontos equidistntes do centro que manteremos seu centro de massa

no mesmo lugar e, portanto, a barra se mantém equilibrada;

iv) Discussão a respeito do centro de massa de quatro pontos, extremos de uma cruz e equi-

distantes do centro. Este exemplo é introduzido como o primeiro exemplo que levará

eventualmente a conclusão de que o centro de massa de uma circunferência homogênea é

seu centro. A ideia é aumentar a quantidade de pontos ou girar estes quatro pontos em

diversas posições, sempre de maneira simétrica, para que, por indução lógica, os estudantes

concluam que o centro de massa de uma circunferência é seu centro;

v) Por fim, expandiremos o sentido de simetria e verificaremos que qualquer figura homogênea

com simetria (figuras simples - quadrados, retângulos, cubos e esferas) possui o centro de

massa em seu centro de simetria.

Após a conclusão desta parte de identificação do centro de massa pelo ponto de equilı́brio

e do cálculo de alguns centros de massa, com o objetivo de introduzir especificamente o centro

de massas do triângulo, apresentaremos o conceito de identificação por suspensão. Por meio da

construção de um triângulo de papelão, suspenderemos este triângulo a partir de dois pontos

e verificaremos geométricamente, por meio de medidas com régua, que o centro de massas é o

baricentro do triângulo.

Para a apresentação da identificação por suspensão, novamente utilizar-se-á a argumentação

a respeito do equilı́brio em relação ao torque. Ou seja, o objeto para na posição em que o tor-

que é nulo em relação ao ponto de aplicação da força normal, ou ponto de suspensão. Se aos

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estudantes o conceito de torque já exposto foi, o argumento é suficiente para o convencimento,

caso contrário, a realização do experimento em formas geométricas já exploradas (quadrados e

circunferências) deve ser suficiente para que fiquem convencidos da eficácia do método.

Deste modo, concluı́mos a identificação do centro de massa dos sistemas básicos, a saber:

pontos, conjunto de pontos, quadrados, triângulos e circunferências. Isto finaliza a primeira

aula.

A segunda aula sobre o tema inicia recuperando a definição de centro de massa a partir

de equilı́brio e relembrando o centro de massa das figuras identificadas na primeira. Neste

momento, com o intuito de expandir o domı́nio e o conceito de centro de massa dos estudantes,

introduzimos a noção de que o centro de massa é o ponto do corpo que possui o comportamento

de ponto material, caso o corpo fosse reduzido a um ponto material. Para ilustrar este conceito,

utilizaremos o trabalho de Dias et. al. de 2016, em que um martelo é lançado e a trajetória de

seus diferentes pontos é apresentada por meio de gráficos. Abaixo são apresentadas as figuras

do martelo utilizado com a identificação dos pontos acompanhados, do lançamento do martelo e

dos gráficos com as trajetórias destes pontos. Todas as figuras foram extraı́das diretamente do

trabalho citado.

Figura 1: Martelo utilizado com a identificação dos pontos que são acompanhados.

Figura 2: Imagem das posições sucessivas do martelo durante o lançamento.

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Figura 3: Gráficos obtidos para a trajetória de cada ponto acompanhado

Notemos que, a partir dos gráficos na figura 3, conseguimos identificar que o centro de

massa do martelo é o ponto E, uma vez que é o único a descrever uma parábola. No trabalho os

autores apresentam também uma regressão não linear para verificar qual das trajetórias melhor

reproduz uma trajetória parabólica e concluem que o ponto E é este ponto.

Este exemplo, no entanto, só é útil se os estudantes já conhecerem as propriedades do

movimento balı́stico, se este movimento não for ainda de domı́nio deles, o ideal é que mais

exemplos, com outros corpos, sejam apresentados para que notem que existe sempre um ponto

descrevendo um arco de parábola e que este ponto é justamente o centro de massa destes

corpos. A construção de videos em câmera lenta ou de modelos de lançamentos em câmera lenta

disponı́veis na internet para apresentação aos estudantes a respeito destes exemplos também

seria de extremo proveito.

Assim, concluı́mos a seção de apresentação e caracterização do conceito de centro de massa.

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3 Experimentos para identificação prática das caracterı́sticas

dos corpos que alteram o centro de massa

Retomando os centros de massa calculados na primeira aula, agora será colocado o desafio

a respeito da não simetria dos corpos. O que aconteceria se mudássemos a geometria? Ou

o que aconteceria se mudássemos a distribuição de massa de corpos simétricos (desse modo

quebrando a simetria do centro de massa)? Aqui será apresentado três aparatos experimetais

que consistirão de:

i) Uma barra homogênea de metal, um barbante para suspendê-la, uma haste para suspenção

e um conjunto de imãs para alteração da distribuição de massa da barra;

ii) Duas esferas de acrı́lico idênticas conectadas por uma barra de acrı́lico. As esferas são

ocas, permitindo que as preenchamos com lı́quidos. Brincando com as densidades dos

lı́quidos podemos criar diferentes distribuições de massa para este sistema (água e álcool

são suficientes para este aparato);

iii) Diversas placas planas quadradas de acrı́lico com furos em locais variados. O objetivo aqui

é, por suspensão, mostrar que o centro de massa é alterado quando retiramos massa e que

este deslocamento do centro de massa está ligado à posição e ao tamanho do furo (massa

retirada).

A primeira experiência consistirá em suspender a barra de metal e, por meio dos imãs,

alterar a distribuição de massas desta barra para verificarmos que o centro de massa se altera

quando alteramos a distribuição de massa de um corpo. Como a barra será colocada fora da

situação de equilı́brio sempre que colocarmos um imã, por estarmos adicionando massa, o centro

de massa será deslocado.

A segunda trata do mesmo princı́pio, mas agora com esferas. Por meio da adição de

lı́quidos iguais e, portanto, massas iguais nas duas, o sistema ficará equilı́brado no centro da

barra de acrı́lico, no entanto, ao adicionarmos lı́quidos de densidades diferentes a massa nas

esferas será distinta, assim, o centro de massa não mais estára no meio da barra que conecta as

esferas.

Por fim, as placas com furos servirão como situações desafio para os estudantes que estarão

acostumados até então com figuras delgadas. Nesta parte é interessante que pontuemos a con-

tribuição negativa dos furos para o cálculo do centro de massa, exemplificando numericamente

os cálculos que reproduzirão as medidas feitas nas placas por suspensão.

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Desta forma, passemos para a última parte da segunda aula.

4 Situações lúdicas e cotidianas: brincadeiras corporais e brin-

quedos

Neste momento, o objetivo é exemplificar com situações do dia a dia a presença do conceito

de centro de massa. As quatro situações experimentais que serão propostas são:

i) Requisitar que os estudantes tentem tocar os pés sem dobrar os joelhos enquanto encos-

tados em uma parede com o quadril e os calcanhares;

ii) Requisitar que os estudantes tentem se levantar de suas respectivas cadeiras sem inclinarem

seus corpos para frente;

iii) Requisitar que os estudantes tentem levantar uma perna enquanto o ombro e a outra perna

estão encostados em uma parede;

iv) Requisitar que os estudantes expliquem o princı́pio de funcionamento do tradicional brin-

quedo ”João bobo”(como existe uma concentração de massa muito grande nos pés do

boneco, ele volta sempre a ficar em pé e alinhado com seu centro de massa. De forma a

estabelecer uma analogia, trata-se de um experimento de suspensão às avessas);

Na ocasião, essas brincadeiras devem ser supervisionadas e sempre fundamentadas par-

tir dos conceitos construidos anteriormente. É sempre importante aproveitar tanto o caráter

integrativo da experiência corporal com o caráter cientı́fico. Por isso, após a realização destas

brincadeiras é interessante que os estudantes se reunam e que uma discussão seja estabelecida a

fim de interpretar e explicar os resultados obtidos.

Isto, por fim, conclui a segunda aula e este plano de aulas.

5 Bibliografia

1 DIAS, M. A.; CARVALHO, P. S.; RODRIGUES, M. How to determine the centre of mass

of bodies from imagem modelling. Physisc Education, v. 51, p. 1-7, 2016;

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