Você está na página 1de 22

BIOENERGÉTICA

Na célula milhares de compostos estão a ser


sintetizados e degradados em simultâneo.

Metabolismo: é o conjunto de todas as reacções


envolvidas na manutenção deste estado dinâmico.

No geral as reacções metabólicas podem ser


divididas em dois grupos: reacções catabólicas e
reacções anabólicas.

O nosso organismo utiliza uma via catabólica


diferente para cada família de macromoléculas,
porém todas elas convergem para uma única via.

O principal propósito das diferentes vias catabólicas


é converter a energia química dos alimentos em
moléculas de ATP e obter ainda percursores para
síntese de determinados metabolitos.

1
A célula e a Mitocôndria

A célula animal típica possui inúmeros componentes


os quais servem para diferentes funções.

2
A mitocôndria é o organelo dos organismos
superiores onde ocorre a via catabólica comum.

3
Membrana interna

Cristas

Matriz Membrana externa

As enzimas do ciclo do ácido cítrico estão


essencialmente localizadas na matriz mitocondrial.

Os principais componentes da via catabólica comum

Existem duas partes comuns à via catabólica: 1ª ciclo do


ácido cítrico, 2ª fosforilação oxidativa.

É importante compreender a molécula de ATP.

As ligações P-O-P do anidrido fosfórico contém mais


energia química (7,3 kcal/mol) do que as ligações
C-O-P dum fosfoéster (3,4 kcal/mol).

Pi Pi Pi
ATP ADP AMP A
7,3 kcal/mol 7,3 kcal/mol 3,4 kcal/mol

4
O ATP e o ADP cotem ligações fosfato de elevada
energia.

O ATP é uma forma de armazenamento de energia


por um curto tempo de vida.
A molécula de ATP permanece na célula durante,
aproximadamente, 1 minuto.
Estimativas sugerem que durante um exercício
violento o corpo humano produz e degrada mais de
0,5 Kg de ATP por minuto (≃9.000.000 €/min).

Para além do ATP, outras moléculas podem também


ser utilizadas como moléculas armazenadoras de
energia, são elas as coenzimas NAD+ e FAD.

5
O
C NH2

Nicotinamida
N+
O
H H
H2C H H
Ribose
OH H

O NH2
-
O P O
N
O N
-
O P O ADP
O CH2 N
O N
H H
H H
OH H

NAD+

NH2
H3C CH3

N
N

H OH OH OH H O O
H2 N N
N N C C C C C O P O P O C
H H H H H O
- -
O O
O N H H
H H
N OH H
H O

Flavina Ribitol ADP

Riboflavina

FAD

6
As coenzimas NAD+ e FAD são muitas vezes vistas como
moléculas transportadoras de electrões.

Outra molécula importante nesta via catabólica comum é a


coenzima A (Co A), a qual é uma molécula transportadora
de um grupo acetilo.

A coenzima A também contém ADP, o qual está


ligado ao ácido pantoténico (uma das formulas
estruturais da vitamina B)

Ligação de elevada
energia

CoA S C CH3
O

7
CO2
HS CoA S CoA
COO-
Piruvato desidrogenase
C O C O
CH3 NAD+ CH3
NADH

8
Bioenergética: conversão dos
alimentos em energia
CO2
COO- HS-CoA S CoA
Piruvato
C O desidrogenase
C O
NAD+ CH3
CH3
NADH
Piruvato Acetil CoA

Reacções do ciclo do ácido cítrico

O ciclo do ácido cítrico também conhecido por ciclo


de Krebbs ou dos ácidos tricarboxílicos é constituído
por 8 passos:

1ª reacção: enzima citrato sintase

COO-
COO- HS-CoA CH2
S CoA C O H2O HO C COO-
C O + CH2 CH2
Citrato sintase
CH3 COO- COO-
Acetil CoA Oxaloacetato Citrato

∆G’º=-32,2 kJ/mol

Esta é a única reacção do ciclo do ácido cítrico na


qual há formação de uma ligação C-C.
S CoA
C O S CoA S CoA
C C O C O
H H H C C
H H H H

O- carbanião
AsP C
O

2ª reacção: enzima aconitase

COO- COO-
H2O
H2C COO- H2O CH2 CH2
HO C COO- aconitase C COO- aconitase H C COO-
H C COO- H2O C H2O HO CH
H - COO-
H COO

Citrato Cis-Aconitato 2R-3S-Isocitrato


∆G’º=13,3 kJ/mol

3ª reacção: enzima isocitrato desidrogenase

COO- COO- COO-


NAD(P)H+H+
CH2 +
CO2
CH2 CH2
NAD(P)
H C COO- Isocitrato HC COO- Isocitrato CH2
desidrogenase desidrogenase
HO CH C O C O
H+
COO-
COO- COO-

Oxalo
2R-3S-Isocitrato succinato α-cetoglutarato
∆G’º=-20,9 kJ/mol
4ª reacção: enzima α-cetoglutarato desidrogenase

COO- COO-
NADH
CH2 + CH2
NAD
CH2 α-cetoglutarato CH2
C O desidrogenase C O
HS-CoA
COO- CO2 S-CoA

α-cetoglutarato Succinil CoA

∆G’º=-33,5 kJ/mol

5ª reacção: enzima succinil-CoA sintase

COO- GTP HS-CoA COO-


CH2 GDP+Pi CH2
CH2 Succinil CoA H2C
C O sintase
COO-
S-CoA

Succinil CoA Succinato

∆G’º=-2,9 kJ/mol
COO-
1
CH2
CH2
C O
N His
S-CoA
O-
NH
O- P O
OH

COO- O 3
HS-CoA HS-CoA CH2 O- P N His
CH2 + -
+ O
COO-
H NH
C
CH2 -
O
H+
O
CH2
C O GDP+H+
2
O GDP+H+
GTP
O- P O
N
O- His GTP

NH
4

N His

NH

6ª reacção: enzima succinato desidrogenase

COO- FADH2 COO-


CH2 FAD CH
Succinato
H2C desidrogenase HC
COO- COO-

Succinato Fumarato

∆G’º=0 kJ/mol
7ª reacção: enzima fumarase

COO- H2O COO-


CH HO CH
Fumarase
HC HC H
COO- COO-

Fumarato L-Malato

∆G’º=-3,8 kJ/mol

8ª reacção: enzima L-Malato desidrogenase

COO- NADH + H+ COO-


HO C H NAD+ O C
Malato H2C
HC H desidrogenase
COO- COO-

L-Malato Oxaloacetato

∆G’º=29,7 kJ/mol
Como é que o ciclo do ácido cítrico leva à
produção de energia?

Numa das etapas há formação de uma molécula de


elevada energia (GTP) e noutras duas há conversão
de NAD+ em NADH e FAD em FADH2.

Estas coenzimas transportam H+ e electrões


(potencial redutor) que podem num processo
subsequente ser utilizadas para a síntese de ATP.

O ciclo para oxidação do acetato para além de


maximizar a conservação da energia obtida,
proporciona ainda materiais de partida para a
síntese de aminoácidos e proporciona um
excelente método para regulação da velocidade
das reacções catalíticas.

Reacção representativa da totalidade das reacções


do ciclo do ácido cítrico:

CH3COOH + 2H2O + 3NAD+ + FAD ⇌ 2CO2 +

3NADH + FADH2 + 3H+


O ciclo do ácido cítrico é controlado por um
mecanismo de feedback

Quando alguns dos produtos formados (ATP e


NADH) são acumulados, observa-se a inibição de
algumas enzimas do ciclo: citrato sintase, isocitrato
desidrogenase, α-cetoglutarato desidrogenase.

Quando a acetil-CoA é abundante, a velocidade do


ciclo é aumentada, sendo a enzima isocitrato
desidrogenase estimulada por ADP e NAD+.
Fosforilação oxidativa

As coenzimas reduzidas (NADH e FADH2) são


produtos finais do ciclo do ácido cítrico, que podem
reduzir o oxigénio a água:

4H+ + 4e- + O2 → 2H2O

Esta reacção altamente exotérmica é realizada em


diversas etapas, de forma a maximizar-se a
conservação da energia libertada.

A transferência dos electrões até ao oxigénio faz-se


através de várias enzimas de acordo com uma
determinada sequência.
São bombeados 6H+ por cada NADH oxidado e 4H+
por cada FADH2 oxidado.

Fosforilação e a bomba quimiosmótica

Peter Mitchell em 1961 formulou a teoria


quimiosmotica: a energia obtida da transferência de
electrões é conservada na formação de um
gradiente de protões.

A força motora que leva a que ocorra um


movimento espontâneo de iões das regiões de
maior concentração para as de menor concentração
leva a que os iões retornem à matriz através de
uma enzima transmembranar denominada por
ATPase/ATPsintase (complexo V).

Esta enzima catalisa a conversão de ADP em ATP:

ADP + Pi ⇄ ATP + H2O

Equações globais da fosforilação oxidativa

NADH+3ADP+½O2+3Pi+H+→NAD++3ATP+H2O
FADH2+2ADP+½O2+2Pi→FAD+2ATP+H2O

Rendimento energético

A energia libertada na cadeia transportadora de


electrões é conservada na molécula de ATP.

Por cada 2 protões que entram na matriz


mitocondrial ocorre a produção de uma molécula de
ATP.

Por cada grupo acetilo que entra no ciclo do ácido


cítrico são obtidos 3 NADH e 1 FADH2 mais 1 GTP.

3NADH x 3ATP/NADH = 9 ATP


1FADH2 x 2ATP/FADH2 = 2 ATP
1GTP = 1 ATP
12 ATP

C2+2O2+12ADP+12Pi → 12ATP + 2CO2

Você também pode gostar