Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
A visão atual do ensino de Botânica ainda é o tradicional, onde a metodologia que predomina em sala de
aula é a expositiva, desestimulante para alunos e subvalorizado dentro do ensino de Ciências e Biologia.
Diante de tais constatações e na busca de alternativas que possam contribuir com a melhoria do ensino
de Botânica, é necessário que a qualidade das estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas no ensino
superior sejam revistas, tornando-se imprescindível a aplicação de metodologias que favoreçam e
enriqueçam esse processo. O presente trabalho objetivou avaliar a eficiência do uso de aulas práticas
como ferramenta auxiliar no processo ensino-aprendizagem da disciplina Morfologia e Anatomia de
Espermatófitas, do curso de Ciências Biológicas/CCS, da Universidade Estadual do Ceará. Para isso, os
alunos dessa disciplina responderam uma mesma questão de múltipla escolha antes da aula prática e
após a aula prática, a respeito do conteúdo teórico que foi ministrado na aula anterior. Depois, as
questões foram corrigidas através de um gabarito e foram atribuídas notas de 0 a 10 para cada aluno,
antes e após cada aula prática. Finalmente, foi utilizado o software Excel 2013 para a elaboração de um
gráfico com a média aritmética da notas obtidas pelos alunos antes e após cada aula prática. Verificaram-
se os seguintes resultados: o conteúdo com tema Reprodução das Fanerógamas foi o que obteve a
média mais baixa dentre as questões resolvidas antes da aula prática (nota 1); a Anatomia da Folha
obteve médias baixas e iguais (nota 3), tanto antes, quanto depois da aula prática; as questões que
perguntavam acerca da Anatomia da Flor e sobre a Aula de Campo, obtiveram médias máximas e iguais
(nota 10), tanto antes, quanto depois da aula prática; das quatorze práticas realizadas, apenas em duas
(Morfologia da Semente e Anatomia do Fruto), a transmissão do conteúdo teórico superou ao prático.
Podemos concluir que a aula prática é uma ferramenta eficiente no processo ensino-aprendizagem da
disciplina Morfologia e Anatomia de Espermatófitas, do curso de Ciências Biológicas/CCS, da
Universidade Estadual do Ceará.
Palavras-chaves: Botânica. Iniciação a docência. Didática.
1
Monitora da Disciplina Morfologia e Anatomia de Espermatófitas e Discente do Curso de Ciências
Biológicas, Laboratório de Ecofisiologia Vegetal, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do
Ceará
2
Doutor, Orientador e Docente do Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Ecofisiologia Vegetal,
Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará
2
Abstract
The current view of the teaching of Botany is still traditional, where the methodology that predominates in
the classroom is the expositive, discouraging for students and undervalued within the teaching of Science
and Biology. In view of such findings and in the search for alternatives that may contribute to the
improvement of Botany teaching, it is necessary that the quality of teaching-learning strategies used in
higher education be reviewed, making it imperative to apply methodologies that favor and enrich this
process. The present work aimed to evaluate the efficiency of the use of practical classes as an auxiliary
tool in the teaching-learning process of the Morphology and Anatomy of Spermatophyta, of the Biological
Sciences/CCS course of the Ceara State University. For this, the students of this discipline answered the
same question of multiple choice before the practical class and after the practical class, regarding the
theoretical content that was taught in the previous class. Then the questions were corrected through a
template and grades from 0 to 10 were assigned to each student before and after each practice class.
Finally, Excel 2013 software was used to compile a graph with the arithmetic mean of the grades obtained
by the students before and after each practical class. The following results were verified: the content with
the theme Phanerogamy Reproduction was the one that obtained the lowest mean among the questions
solved before the practical class (note 1); Leaf Anatomy obtained low and equal means (note 3), both
before and after the practical class; The questions that asked about the Flower's Anatomy and the Field
Class, obtained maximum and equal means (note 10), both before and after the practical class; Of the
fourteen practices performed, only in two (Seed Morphology and Fruit Anatomy), the transmission of the
theoretical content surpassed the practical one. We can conclude that the practical class is an efficient tool
in the teaching-learning process of the Morphology and Anatomy of Spermatophyta, from the Biological
Sciences/CCS course at the Ceara State University.
Keywords: Botany. Teaching initiation. Didactics.
INTRODUÇÃO
O programa de monitoria da disciplina de Morfologia e Anatomia das
Espermatófitas constitui-se como um espaço que permite a troca de
conhecimentos entre os monitores e os demais estudantes (PAULETTI et al.,
2013).
A aprendizagem significativa acontece quando a nova informação é
fixada em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do aluno
(LIMA et al., 2016), a monitoria funciona como uma ponte entre essa nova
informação e os conceitos preexistentes do aluno de graduação.
Durante as aulas práticas os alunos têm um contato direto com o
material biológico e são estimulados a fazerem desenhos do material
predisposto nas bancadas ou no microscópio. A aula prática é realizada com o
auxilio do monitor da disciplina, sendo supervisionado pelo professor
orientador. Neste sentido, a aula prática aproxima o aluno do que foi visto em
aulas teóricas (LIMA et al., 2016).
3
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida envolvendo os alunos da disciplina de
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas, que é ofertada no 4º semestre do
curso de licenciatura em Ciências Biológicas/CCS, da Universidade Estadual
do Ceará–UECE. Tal disciplina possui seis créditos, totalizando 102 horas/aula.
As aulas são teóricas e práticas, sendo as teóricas realizadas em sala de aula,
enquanto as práticas são realizadas no Laboratório de Botânica (LABOTAN),
após as aulas teóricas de cada assunto, o qual possui microscópios ópticos e
lupas estereoscópicas, a fim de visualizar as estruturas morfológicas e
anatômicas vegetais, respectivamente, durante as aulas práticas.
A presente pesquisa foi realizada com dez estudantes, devidamente
matriculados na supracitada disciplina, no semestre de 2016.2, durante 14
aulas práticas: morfologia da raiz, morfologia do caule, morfologia da folha,
morfologia da flor, morfologia da semente, morfologia do fruto, reprodução das
fanerógamas, anatomia da folha, anatomia da raiz, anatomia do caule,
anatomia da flor, anatomia da semente, anatomia do fruto e aula de campo.
Inicialmente foi elaborado um banco de questões de múltipla escolha, de
tal forma, que para cada assunto a ser abordado na prática, foi elaborado seis
questões. Para a elaboração destas questões, utilizou-se como base o
fundamento teórico de um PDF de aula prática que é disponibilizado via email
pela monitoria, antes da aula prática, o qual retrata uma revisão do que foi visto
na aula teórica, sobre determinado assunto. O material teórico disponível no
PDF contém a base teórica da aula, imagens que servem como exemplo,
procedimento metodológico da prática, estudo dirigido e pesquisa, que devem
ser respondidos e anexados ao relatório da aula. Portanto, vale salientar que
para o aluno que assistiu a aula teórica ou fez uma leitura previa do PDF de
aula prática, teoricamente, é plenamente possível responder as questões que
estão sendo aplicadas.
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As questões que foram aplicadas no laboratório antes e depois da aula
prática, serve como base para saber qual a dificuldade enfrentada pelos
alunos. Um exemplo disso pode ser verificado na Figura 1, onde o conteúdo
com tema Reprodução das Fanerógamas foi o que obteve a média mais baixa
dentre as questões resolvidas antes da aula prática (nota 1), indicando que
ministrar este assunto apenas com aula teórica, tona-o muito abstrato. Já a
questão que perguntava sobre a Anatomia da Folha obteve médias baixas e
iguais (nota 3), tanto antes, quanto depois da aula prática, portanto, é
necessário uma melhoria de como é abordado na prática, a fim de obter um
maior aprendizado. Por outro lado, as questões que perguntavam acerca da
Anatomia da Flor e sobre a Aula de Campo, obtiveram médias máximas e
iguais (nota 10), tanto antes, quanto depois da aula prática, sendo assim, neste
caso a transmissão do conhecimento teórico se igualou ao prático. Por fim,
observamos que das quatorze práticas realizadas, apenas em duas (Morfologia
da Semente e Anatomia do Fruto), a transmissão do conteúdo teórico superou
ao prático.
6
12
10 10 10 10 10 10
10
8 8
8 7 7
6 6 6 6 6 6 6 6
6 5 5 5 5
4 4
4 3 33
2 1
Figura 1. Média aritmética da notas obtidas pelos alunos antes e após cada
aula prática.
Valor equivalente de zero a dez. As barras azuis representam as médias antes
da aula prática e as barras laranjas representam as médias depois da aula
prática.
CONCLUSÕES
Conclui-se que ao realizar exercícios que avaliam o nível de
conhecimento de alunos da graduação, o professor orientador e o(s)
monitor(es) podem utilizar-se desse instrumento avaliativo para elaboração das
aulas práticas. Tendo como pressuposto uma base teórica, os resultados não
foram negativos, porém houveram casos em que um conteúdo se sobressaiu a
outro, com média muito baixa.
Por outro lado, algumas questões obtiveram resultados de médias
máximas tanto antes, quanto depois das aulas práticas. Isso se deve ao fato de
que os alunos assimilaram alguns conteúdos com menos dificuldade do que
em outros.
Esses dados servirão para informar em quais conteúdos os alunos
tiveram mais dificuldade. Sendo assim, o(s) monitor(es) e o professor
orientador poderão desenvolver outros métodos e/ou ferramentas didáticas que
ajudarão na absorção do conteúdo para os alunos.
Constatou-se que a aula prática, é uma ferramenta eficiente no processo
ensino-aprendizagem da disciplina Morfologia e Anatomia de Espermatófitas,
do curso de Ciências Biológicas/CCS, da Universidade Estadual do Ceará.
REFERÊNCIAS
ARRAIS, M. G. M; SOUSA, G. M.; MASRUA, M. L. A. O Ensino de botânica:
investigando dificuldades na prática docente. Revista da Associação
Brasileira de Ensino de Biologia, n. 7, p. 5409–5418, 2014.
9