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Aula 00

Conhecimentos Específicos para Consultor Legislativo - Área de


Regulação Econômica (base curso da ANP) - CLDF
Aula Demonstrativa – Intervenção do Estado na Economia
Professor: Sandro Monteiro
NOTAS DESTA 2ª EDIÇÃO
Em 21 de agosto de 2017, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)
publicou edital para seleção de Consultor Legislativo – Área de Regulação.
Decidimos então reeditar dois cursos ministrados entre 2015 e 2016 no âmbito
dos concursos de duas agências reguladoras federais: a Agência Nacional de Aviação
Civil (ANAC) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O Prof. Sandro Monteiro foi sucesso de aprovação na ocasião, suas apostilas
foram amplamente utilizadas, tendo sendo um dos poucos a lançar cursos sobre o
tema. Por exemplo, na segunda fase da ANAC, a partir do seu curso de Discursivas,
pelo menos vinte de seus alunos foram aprovados.
É uma oportunidade para um estudo focado, consistente, já que essa disciplina
não é típica dos concursos públicos, nem facilmente encontrada ou pesquisada. Há
poucos materiais disponíveis na língua portuguesa, e encontrar questões a respeito,
para treino, exige esforço e conhecimento prévio do assunto.
O Prof. Sandro Monteiro, entre tantas formações e experiências, é servidor
público federal, no cargo de Especialista em Regulação na Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (ANTAQ), e atua com ênfase na regulação econômica do setor
de transportes.
Os cursos relançados são:
Nome Antigo do Curso Novo Nome do Curso
DIREITO ECONÔMICO E DO Conhecimentos Específicos para Consultor
CONSUMIDOR PARA ESPECIALISTA EM Legislativo - Área de Regulação
REGULAÇÃO - ÁREA 1 DA ANAC Econômica (base curso da ANAC) - CLDF
NOÇÕES DE ESTRUTURA E REGULAÇÃO Conhecimentos Específicos para Consultor
DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA PARA Legislativo - Área de Regulação
TODOS OS CARGOS DA ANP. Econômica (base curso da ANP) - CLDF

Atendemos grande parte do Edital. A ementa a ser cumprida com esses


dois cursos é:
Regulação econômica: Estruturas de mercado: concorrência perfeita; monopólio;
concorrência monopolística; oligopólio e falhas de mercado. Instrumentos de regulação
econômica: controle de preço, quantidade, entrada e saída e outras variáveis.
Equilíbrio geral e eficiência econômica. Assimetria de informação. Medidas do
desempenho econômico. Constituição Federal e a função reguladora do Estado. Lei
Geral de Concessões e Permissões (Lei nº 8.987/1995). Regulação tarifária: equilíbrio
econômico e financeiro, qualidade adequada, modicidade e incentivo à eficiência.
Regulação por custo de serviço, por incentivo e por comparação. Evolução do papel do
Estado: funções alocativa, distributiva e estabilizadora. Mecanismos de intervenção
governamental: incentivos fiscais; subsídios financeiros; financiamentos públicos e
participação societária do Estado em empresas.
Relacionando o seu edital com este curso, temos:
Conteúdo do Edital do CLDF Aula o Aula do
curso da curso da
ANP ANAC
Estruturas de mercado: concorrência perfeita; monopólio; concorrência 03; 04 03
monopolística; oligopólio e falhas de mercado.
Instrumentos de regulação econômica: controle de preço, quantidade, 02 03
entrada e saída e outras variáveis.
Equilíbrio geral e eficiência econômica. 04 03
Assimetria de informação. 02
Medidas do desempenho econômico. 02
Desenvolvimento Econômico. Constituição Federal e a função reguladora do 00; 01 01 ; 02
Estado.
Lei Geral de Concessões e Permissões (Lei nº 8.987/1995). 06
Regulação tarifária: equilíbrio econômico e financeiro, qualidade adequada, 02
modicidade e incentivo à eficiência.
Regulação por custo de serviço, por incentivo e por comparação. 03
Evolução do papel do Estado: funções alocativa, distributiva e 00 01; 02
estabilizadora.
Mecanismos de intervenção governamental: incentivos fiscais; subsídios 01; 03; 05 02
financeiros; financiamentos públicos e participação societária do Estado em
empresas

Como é uma reedição de um curso passado, o conteúdo programático de


ambos os cursos é praticamente idêntico ao original, com pequenas
atualizações.
Nesta apostila, tratamos de apresentar a Aula 00 – Demonstrativa do
curso de Conhecimentos Específicos para Consultor Legislativo - Área de
Regulação Econômica (base curso da ANP) – CLDF. As aulas serão liberadas
conforme o cronograma abaixo indicado.

Aula 00 24/08/2017

Aula 01 27/08/2017

Aula 02 31/08/2017

Aula 03 04/09/2017

Aula 04 07/09/2017

Aula 05 11/09/2017

Aula 06 14/09/2017

Aula 07 20/09/2017

Aula Bônus 30/09/2017 (até 4


Revisão ao Vivo, on-line, por video horas de duração)
Aula Bônus – Propostas para a 09/10/2017 (a
Discursiva confirmar)

Além do conteúdo selecionado, uma das vantagens é a possibilidade de


enviar dúvidas pelo Fórum do curso, contando o meu apoio técnico nessa sua
empreitada. Além disso, para os matriculados, teremos uma aula final, de
revisão, ao vivo, pela Internet, onde dúvidas também poderão ser saneadas.
Além disso, postarei materiais extras, artigos técnicos, dissertações,
capítulos de livros e outros links úteis, de livre acesso, para seu estudo mais
direcionado. Em geral são os materiais usados para elaboração de questões.
Aproveite: uma das grandes dificuldades do candidato é focar no material certo,
não se perder em uma quantidade enorme de páginas. Farei essa seleção por ti.
Por fim, vocês sabem que o Prof. Sandro Monteiro foi, aqui no PONTO, o
orientador de conteúdo do curso que mais aprovou na segunda fase de
discursivas da ANAC. Sendo assim, iremos divulgar a proposta de 15 temas
para a sua redação de Consultor Legislativo – Área de Regulação Econômica da
CLDF. Conteúdo exclusivo1.
Então, nos vemos no Fórum e na aula ao vivo.
Bons estudos e boa sorte na prova.

Sandro Monteiro

https://www.facebook.com/MScSandroMonteiro.

1
Não inclui o recebimento nem correção de textos.
Aula 00

Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera


ANP 2015
Aula Demonstrativa – Intervenção do Estado na Economia
Professor: Sandro Monteiro
Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
Prof. Sandro Monteiro

Aula 00 – Aula Demonstrativa

Caro Amigo, seja bem-vindo ao Curso de Noções de estrutura e


regulação da indústria petrolífera, para o concurso da ANP 2015.
Em 11 de novembro de 2015, a Agência Nacional do Petróleo (ANP)
lançou edital para mais 34 novos cargos. Serão 14 Técnicos em Regulação e 20
Técnicos Administrativos. A prova ocorrerá em 30/01/2016. Veja aqui o edital,
e faça sua inscrição.
Este nosso curso trata de um dos principais itens do Edital da ANP. É
conteúdo dos Conhecimentos Gerais para todos os cargos. Estará na sua
prova, podendo ser até tema da discursiva.
Veja a programação do nosso curso.

Aula Conteúdo Programático Data


Aula Demonstrativa.
Intervenção do Estado na economia.
 Estado Regulador x Estado Provedor;
00 13/11
 A atividade econômica na Constituição de 1988;
 A implantação do modelo de agências no Brasil;
 Exercícios resolvidos e comentados
Agências Reguladoras. O papel da Agência Nacional do Petróleo
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
 As autarquias em regime especial;
01  A autonomia e independência das agências; 01/12
 Controle interno e externo;
 As agências reguladoras e o princípio da legalidade.
 Exercícios resolvidos e propostos
Teoria da Regulação.
 Teoria econômica da regulação (análise normativa x análise
positiva);
 Teoria da captura;
 Teoria do agente-principal (incluindo seleção adversa e risco moral)
02 14/12
e condicionamentos políticos (rent-seeking, revolving door, grupos
de pressão e falhas de governo).
 Formas de regulação: regulação por preço, regulação de entrada,
regulação de qualidade
• Exercícios resolvidos e propostos

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
Prof. Sandro Monteiro

Aula Conteúdo Programático Data


Noções da defesa da concorrência – parte I
 Os princípios da ordem econômica;
 O conceito de defesa da concorrência;
 Normas constitucionais e legais;
03 21/12
 A função das agências;
 Análise de mercado, práticas desleais e posição dominante:
mercado relevante; escolas de Chicago e de Harvard;
 Exercícios resolvidos e propostos
Noções da defesa da concorrência – parte 2
 Infrações à ordem econômica: a regra da razão e a regra “per se”,
aplicabilidade, desconsideração da personalidade jurídica,
territorialidade, repressão x prevenção;
 Estruturas da competição imperfeita: cartel, monopólio, truste,
04 28/12
práticas restritivas, oligopólio;
 Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência: a função,
competências e a estrutura do CADE; o papel do CADE x o papel
das agências reguladoras;
• Exercícios resolvidos e propostos
Evolução da indústria do petróleo. Modelo institucional brasileiro
do setor de petróleo e seus derivados. Geopolítica do petróleo.
Evolução da indústria do petróleo
 Do início da indústria no Brasil;
 O período de exclusividade da Petrobras (1954 até 1997). Da
fase terrestre até as águas ultra profundas;
 A indústria entre 1997 e 2002 (os primeiros leilões da ANP);
Geopolítica do petróleo.
 Contexto mundial (as duas grandes guerras mundiais, o papel
do USA e dos países do Oriente Médio;
05  O petróleo no Brasil e a Política Nacionalista- 05/01
Desenvolvimentista. O período do Regime Militar Brasileiro e a
era pós-Consenso de Washington;

Modelo institucional brasileiro do setor de petróleo e seus derivados.


 Aspectos regulatórios (bens públicos, exercício do monopólio,
estruturas não-competitivas, externalidades, custos de
transação, intervenção direta x indireta);
 A década de 1990 e a Nova Lei do Petróleo;
 A nova estrutura institucional (até antes do Pré-sal);

• Exercícios resolvidos
• Simulado Geopolítica e Evolução da indústria do petróleo

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7
Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
Prof. Sandro Monteiro

Aula Conteúdo Programático Data


Government take. Regime de concessão e partilha na indústria
do petróleo: características. Direitos e obrigações dos
concessionários. Sanções e penalidades. Pré-Sal.
 Royalties, Participação Especial, Bônus de Assinatura.
 Leiloes. O papel da PPSA. A capitalização da Petrobras e sua
preferência.
 Lei Federal 12.251/2010 (exploração mediante o contrato de
06 12/01
partilha);
 Lei Federal nº 8.987/1995 (regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos);
 Lei Federal nº 9.074/1995 (normas para outorga e prorrogações
das concessões e permissões de serviços públicos).

Exercícios propostos e resolvidos


Resumo geral.
07 22/01
• Simulado Final

Nesta aula demonstrativa entenderemos o surgimento das Agências


Reguladoras no Brasil, incluindo aspectos históricos que vão desde o século XIX
nos Estados Unidos da América, até a reforma do Estado brasileiro ocorrida nos
anos 1990. Falaremos como as agências estão inseridas dentro da Constituição
Federal de 1988 e qual foi o contexto da implantação desse modelo no Brasil.
Em nossas aulas trabalharemos primeiro a teoria. Depois a prática,
listando ao final de cada apostila uma sequência de questões dos últimos
concursos de agências reguladoras, incluindo meus comentários e dicas. Serão
mais de 200 exercícios selecionados de forma ideal para o seu concurso.
Quando for imprescindível definiremos termos técnicos sem que seja
preciso conhecimento prévio de outras disciplinas. Uma das vantagens deste
curso é a acessibilidade a todos: não é vital o conhecimento de complicados
conceitos de Microeconomia ou Direito, vamos esclarecer todos eles na medida
certa e da maneira exata da prova.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
Prof. Sandro Monteiro

Agora, uma breve apresentação minha.


Sandro Monteiro, paulistano, formou-se em Engenharia Elétrica há 16 anos. Possui o
título de Especialista em Gestão Pública pela Escola Nacional de Administração Pública
(ENAP, 2014) e de Mestre em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP, 2007)
onde estudou com ênfase a questão da regulação dos serviços públicos. Atuou por 11 anos
como gestor no setor de telecomunicações, em multinacional sueca. Desde 2011 é servidor
público federal, em Brasília, lidando diariamente com o tema da regulação, políticas públicas e
planejamento governamental. Como servidor cedido pelo Ministério do Planeamento
(MPOG), trabalhou por quatro anos no Ministério de Minas e Energia (MME), sendo membro
constante da Sala de Situação do PAC Energia, e foi um dos coordenadores que atuaram
monitorando e avaliando as obras de infraestrutura voltadas para a Copa do Mundo 2014.
Palestrante, foi também professor de faculdade particular e teve vários artigos publicados em
seminários e congressos especializados. Foi aprovado em vários concursos públicos, incluindo o
de Analista de Infraestrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Analista
Legislativo da Câmara dos Deputados; Especialista em Regulação da Agência Nacional
de Transportes Aquaviários (ANTAQ), onde está servindo atualmente. No PONTO, é
especializado em Gestão Pública (Administração Pública e Políticas Públicas), Economia da
Regulação (foco do Direito Administrativo e foco da Microeconomia), Legislação de Agências
Reguladoras e Infraestrutura (transportes e energia). Além das aulas de teoria e exercícios,
leciona no Ponto Recursos, no Ponto Discursivas e no Ponto Mais.
Na disciplina de Administração, já lecionei para vários concursos. Cito os concursos do
IBGE (Cesgranrio), do Tribunal Federal Regional (TRF) de SP (CESPE), Analista Administrativo e
Especialista em Regulação da ANAC (ESAF), Técnico em Regulação da ANP (Cesgranrio),
Analista do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (FGV), entre outros. Lecionei também
a matéria na segunda fase do concurso de Analista de Planejamento e Orçamento (APO), banca
ESAF (dois dez melhores colocados, cinco foram meus alunos). Lecionei Administração Pública
no concurso da FUNAI, também banca ESAF. Lecionei Administração para boa parte dos
aprovados finais na segunda fase de discursivas da ANAC 2015/2016. Neste segundo semestre
de 2017, estou lecionando para os concursos da ABIN (Cespe), TRF1, TRF5, STM e TJMS.

Envie suas dúvidas. Curta minha página e acompanhe outras dicas.


Bons estudos, e boa sorte na prova.

Sandro Monteiro
https://www.facebook.com/MScSandroMonteiro

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
Prof. Sandro Monteiro

SUMÁRIO

1. O ESTADO PROVEDOR X ESTADO REGULADOR...........................................................................11

DEFINIÇÃO DE ESTADO .......................................................................................................................................11


O ESTADO LIBERAL .............................................................................................................................................12
O ESTADO PROVEDOR (OU ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL, OU ESTADO SOCIAL) ...............................13
O ESTADO REGULADOR .......................................................................................................................................14

2. AGÊNCIAS REGULADORAS NO BRASIL ...........................................................................................16

A ATIVIDADE ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ..............................................................16


A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS .....................................20
O CONTEXTO DA IMPLANTAÇÃO DAS AGÊNCIAS NO BRASIL .........................................................................22

3. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS ....................................................................................................................25

4. LISTA DAS QUESTÕES .............................................................................................................................32

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
Prof. Sandro Monteiro

1. O ESTADO PROVEDOR X ESTADO REGULADOR

As Agências Reguladoras são aquelas autarquias federais ligadas aos


serviços públicos que estão sendo prestados pelas empresas privadas, ou seja,
pelo mercado. São responsáveis por implementar as políticas públicas
ministeriais, regulando ou supervisionando, em suas respectivas esferas e
atribuições, as atividades de prestação de serviços e de exploração da
infraestrutura exercidas por terceiros.
De fato, o modelo de Agências Reguladoras apareceu nos Estados Unidos
da América (EUA), ao final do século XIX. Nasceu de uma progressiva mudança
de concepção e de aprimoramento da intervenção estatal na economia. O
modelo americano para agências aponta que a regulação é necessária para
conter as possibilidades de abuso do poder econômico dos prestadores de
serviço público, ou seja, em defesa dos interesses da comunidade.

O modelo de Agências é uma evolução da função do Poder Legislativo norte-


americano. Anteriormente, existiam as chamadas comissões legislativas, que tinham a
função de analisar e fiscalizar determinados setores e ações governamentais. O
descompasso da atuação direta dessas comissões em relação à dinâmica acelerada da
economia americana, e a lentidão do processo legislativo convencional, fez necessário
delegar para agências externas parte do poder legislativo de produzir normas e de
fiscalizar as políticas públicas. No Brasil, curiosamente, as agências não derivaram do
Legislativo, mas sim do Poder Executivo.

Definição de Estado
Comecemos esta jornada falando do Estado. Diz-se que Estado, de uma
forma mais simples, é o conjunto de três elementos combinados: povo,
território e soberania. Modernamente, pensa-se necessário existir também uma
ordem jurídica superior (uma lei maior, geralmente uma Constituição).
Deste modo, o Estado é uma organização política, social e jurídica,
ocupando um território definido onde, normalmente, a lei máxima é uma
constituição. É dirigido por um governo que possui soberania reconhecida tanto
interna como externamente.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
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Poderemos perceber que o Estado se reinventa periodicamente,


adaptando-se às relações sociais dinâmicas. Entretanto, de forma a ordenar os
nossos estudos, podemos caracterizar o Estado, sob o aspecto econômico, em
três formas: o Liberal, o Provedor e o Regulador.
O Estado Liberal
Vamos inicialmente pensar na concepção liberal do Estado, que é aquela
defendida por John Locke no século XVII. Locke afirmou que os homens se
juntam em sociedades políticas e submetem-se a um governo central com a
finalidade principal de conservarem suas propriedades, pois a condição natural
das coisas e da humanidade não garante a propriedade.
Igualmente, há certos direitos fundamentais que devem ser garantidos,
principalmente as liberdades pessoal, política e econômica. Nesse Estado
Liberal, os direitos sociais representam direitos de participação no processo
político e na distribuição da riqueza produzida. Estas seriam as fronteiras e
deveres da intervenção do Estado.
Sob o ponto de vista econômico, no Estado Liberal vigora o sistema da
autonomia, ou seja, defende-se a separação total do plano político em relação
ao plano econômico (Governo contrapõe-se ao Mercado). As decisões
econômicas estarão sempre entregues aos cidadãos.
O mercado, ou seja, as relações econômicas, funcionaria a contento de
forma natural, sem a necessidade de intervenção dos governos, pois os
cidadãos, defendendo seus próprios interesses, tenderiam a trocar bens e
serviços de maneira ótima para toda a sociedade.
O caráter natural desse funcionamento do mercado veio a ser chamado
por Adam Smith, na obra clássica “A Riqueza das Nações” (The Wealth of
Nations), de “mão invisível”. No mercado, uma espécie de mão invisível guiaria
os seus operadores para as aplicações mais corretas de recursos. E, para que
essa mão invisível operasse corretamente, seria necessária a sua imunidade em
relação à influência dos governos.
No entanto, a falta de qualquer atuação estatal no ambiente econômico, a
mão invisível estava solta para que produzisse as chamadas falhas de
mercado. Essas falhas são fenômenos, ou condições, que impedem que a
economia alcance o máximo de eficiência.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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Uma falha de mercado típica é o poder de mercado que certas


indústrias têm em relação aos seus consumidores, especialmente quando
comercializam produtos que nenhum outro produz dentro de um mesmo
determinado território ou região. A ausência de produtos substitutos nesse
mesmo mercado poderá incitar ao produtor o desejo de aumentar seus preços,
sem que ocorra perda significativa de clientes.
A constatação das falhas do mercado levou à percepção que o Estado
Liberal, tal como imaginado pelos economistas clássicos, corresponderia mais a
um modelo simplificado do que a uma realidade concreta. O perfeito ajuste do
mercado de forma automática seria, em verdade, uma ficção.
Diante dessas imperfeições, sentiu-se a necessidade de o Estado passar a
interagir também como agente econômico, como produtor de bens e serviços,
provendo melhor as necessidades dos cidadãos. Viria então surgir, nas
primeiras décadas do século XX, o Estado Provedor.
O Estado Provedor (ou Estado do Bem-Estar Social, ou Estado Social)
O advento da crise de 1929 nos EUA tornou ainda mais evidente as falhas
de mercado e a impossibilidade do mercado resolver por conta própria os
problemas econômicos do capitalismo moderno. Cresceu o entendimento que o
Estado deveria participar mais ativamente da economia, principalmente
naqueles campos onde haveria mercados incompletos, ou, principalmente,
onde houvesse externalidade positivas.
Assim, o advento do Estado Provedor tomou possível a ampliação da
noção de serviço público, conceito que compreende o exercício, pelo Estado, de
atividades destinadas ao atendimento de necessidades básicas da generalidade
dos cidadãos, sem que cada um tenha que buscar pessoalmente a satisfação
delas. Atuando por substituição ao mercado, o Estado se estrutura e se move
para fazer frente às necessidades comuns, ou seja, satisfazer as necessidades
coletivas do público em geral.
Na verdade, o progresso técnico acelerado a partir da segunda metade do
século XIX abriu grande espaço para atuação do Estado em áreas até então
inexploradas, tais como a produção e distribuição de energia elétrica,
telecomunicações e transportes ferroviários, as quais exigiam, no mais das
vezes, conjunção de elevado montante de capital com o exercício de poderes de
coerção necessários para desapropriação de terrenos e imóveis.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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Podemos concluir que nesse Estado Provedor ocorreu a ampliação,


distorcida, da noção de serviço público, para abarcar atividades comerciais e
industriais. Percebe-se que as atividades econômicas assumidas pelo Estado
como serviço público, em grande parte, não eram tão somente aquelas
pressupunham o exercício de autoridade típica do Estado, mas tinham
verdadeira vocação de atividade econômica do tipo monopólio natural.
Diferentemente da atuação de contenção característica do pensamento
liberal, o modelo do Bem-Estar Social possui a peculiaridade de admitir, e até
mesmo exigir, a atuação do Estado como prestador de serviços e produtos de
bens. Assim sendo, do início do século XX até meados da década de 1970,
ocorreu verdadeiro processo gradual de publicatio - declaração legal de que a
atividade é de competência estatal, declarando diversas atividades econômicas
como serviço público.
O Estado cresceu, e ficou caro de manter. Endividou-se. Ademais, embora
tenha progredido na correção de algumas falhas de mercado, ficou evidente que
certas atividades são prestadas com mais eficiência pelo mercado do que pela
administração pública.
O Estado Regulador
Nas últimas décadas do século XX assistiu-se ao reaparecimento dos
ideais liberais, voltados a conter o crescimento do Estado, principalmente nos
países da Europa e da América Latina. Privatização e liberalização constituíram-
se em balizas fundamentais no plano interno, com a globalização atingindo
níveis impressionantes. Foi o chamado “neoliberalismo”.
O estadunidense John Williamson criou a expressão "Consenso de
Washington", em 1990, originalmente significando: "o mínimo denominador
comum de recomendações de políticas econômicas que estavam sendo
cogitadas pelas instituições financeiras baseadas em Washington D.C. e que
deveriam ser aplicadas nos países da América Latina, tais como eram suas
economias em 1989." Desde então, a expressão "Consenso de
Washington" vem sendo usada para abrigar todo um elenco de medidas e para
justificar políticas neoliberais.
Essas medidas foram inicialmente propostas em novembro de 1989.
Abaixo cito as mais pertinentes ao nosso estudo:
 Disciplina fiscal;
 Redução dos gastos públicos;
 Abertura comercial;
 Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições;

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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 Privatização das estatais;


 Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e
trabalhistas).
Você deve estar impressionado com a atualidade dessas medidas, como
elas rondam os noticiários do ano de 2015, e como os governantes brasileiros,
sem exceção, vem seguindo essas regras até os dias atuais.
Não só no Brasil, mas como em praticamente toda América Latina,
durante os anos 1980 e 1990 ocorreu intenso enxugamento da burocracia e
maciça privatização de empresas estatais, substituídas por mecanismos de
acompanhamento e fiscalização de empresas privadas.
A privatização deu-se do seguinte modo:
 Para as estatais que exerciam atividade econômica competitiva (a
exemplo das indústrias), a privatização ocorreu por meio da
transferência de controle acionário para empresas privadas ou
investidores estrangeiros (vendas de ações);
 Para as estatais que exerciam atividade típica de serviço público
(como empresas de telefonia, eletricidade e rodovias), a
transferência para o setor privado do controle e da exploração das
infraestruturas deu-se por meio dos contratos de concessão.
Segundo a ideia entre alguns doutrinadores, o pressuposto que
justificavam essa desestatização é que as empresas seriam mais eficientes se
controladas pelo mercado e administradas privadamente.

O Estado Regulador defende a subsidiariedade da atuação do Estado: só deve


ser estatal a atividade que não puder ser eficazmente controlada pelo mercado.

Além disso, difundiu-se a imagem de que a crise fiscal (que durou do fim
dos anos 1970 até o fim de 1980, na Europa, e até meados de 1990, no Brasil)
retirou do Estado a capacidade de investir nas empresas estatais, o que tornaria
aconselhável mais ainda privatizá-las.

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15
Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
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O regime tarifário do serviço pelo custo, então vigente para as


empresas estatais prestadoras de públicos, se pautava pelo repasse para as
tarifas de todos os custos incorridos e investimentos realizados na prestação do
serviço. Dessa forma, as empresas, além de não terem incentivos à redução de
custos, sentiam-se tentadas a fazerem investimentos de retorno duvidoso,
imprudentes. A prestação do serviço era ineficiente, seja do ponto de vista da
qualidade, seja do ponto de vista do custo. Os serviços públicos prestados pelo
Estado já não mais atendiam as necessidades coletivas a contento.
Mas para resolver esses problemas, seria necessário esse Estado
Regulador dar ênfase às chamadas AGÊNCIAS REGULADORAS, que devem ser
independentes ou autônomas, conforme o modelo norte-americano.

2. AGÊNCIAS REGULADORAS NO BRASIL

As Agências Reguladoras resultam da necessidade mais recente do Estado


brasileiro influir nas relações econômicas de modo diverso daquele pregado nas
décadas de 1950 a 1980. A partir da Constituição de 1988, a intervenção direta
do Estado na economia seria reduzida, empresas seriam desestatizadas, e
serviços públicos seriam concedidos às firmas privadas. Para tanto, era
necessário criar um sólido marco regulatório e impor uma forte regulação
econômica. Vejamos como isso ocorreu para os setores de infraestrutura,
incluindo o setor de transporte terrestre.
A atividade econômica na Constituição Federal de 1988
No Brasil, os anos 1970 foram marcados por um excesso de
permissividade constitucional que resultou na criação de inúmeras empresas
públicas e sociedades de economia mista, que passaram a assumir o que seria,
a priori, do setor privado, e ainda mais: assumir diretamente todos os serviços
públicos, inclusive aqueles que poderiam normalmente ser prestados pelas
empresas privadas. Era forte o dirigismo estatal.
Com a crise fiscal do início dos anos 1980, cujo marco mais
representativo foi o socorro que o Fundo Monetário Internacional – FMI deu à
economia brasileira em 1982, ficou evidente que se faziam necessárias amplas
reformas. O governo da época sofreu com muitas pressões internas e externas.

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16
Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
Aula 00 - Aula Demonstrativa
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A partir da democratização de 1985, o Congresso Constituinte de 1987-


1988 gerou muitas expectativas de inovação e de avanço em diversos campos
da sociedade. Algumas esperanças foram frustradas, mas no campo econômico
ocorreu relativo avanço.
Atualmente, as bases constitucionais do atual sistema econômico
brasileiro encontram-se dispostas no Título VII, “Da Ordem Econômica e
Financeira”, nos arts. 170 a 192 da Constituição Federal de 1988 (CF 88).
A ordem econômica concretizada na CF 88 é uma forma econômica
capitalista, porque ela se apoia inteiramente na propriedade privada dos meios
de produção e na livre iniciativa. Este fundamento está estabelecido no Art. 170
da Carta de 1988, em particular no seu parágrafo único:
“Art. 170 A ordem econômica, fundada ... na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, ..., observados os seguintes princípios: ...
II - propriedade privada; ...
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor; ...
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”

De fato, um dos pilares fundamentais da nova ordem econômica


brasileira, já antecipando as medidas previstas no “Consenso de Washington”
de novembro de 1989, consistiu na ideia de que o Estado deveria deixar de
atuar na seara das atividades produtivas e de serviços próprios do setor privado
(como ocorria até a década de 1980 em telecomunicações, energia, lavra e
exploração mineral, construção naval, transporte marítimo, indústria
aeronáutica, petroquímica, siderúrgica, etc.). O Estado deveria ser regulador.
Essa visão encontra-se refletida na CF 88, conforme se verifica nos
seguintes artigos:
“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá,
na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.”

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17
Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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Os Arts. 170, 173, 174 e 175 da CF 88 aparecem com frequências nas provas de
concursos de Agências ou assemelhados. Procure memorizá-los, algumas vezes
aparecem de forma literal.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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Vamos agora explicar em detalhes estes três últimos artigos.


No Art. 173, a CF 88 determinou que, “ressalvados os casos previstos
nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só
será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.
Ou seja, o Estado somente atuará diretamente em atividades econômicas
(com empresas estatais) de forma excepcional, subsidiária, quando
indispensável à segurança nacional (nesses casos quase sempre na forma de
monopólio estatal, a exemplo do serviço postal da empresa Correios, e do
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios
nucleares) ou quando houver relevante interesse coletivo (nesses casos quando
ainda inviável ao mercado prestar o serviço, como no caso da Infraero, que
prove a infraestrutura aeroportuária). De qualquer forma, deve estar “definidos
em lei” qual é a atividade econômica que está autorizada a ser prestada
diretamente pelo Estado.
E, no âmbito da intervenção indireta do Estado, o Art. 174 prescreve que
“como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.
O Estado, como agente normativo e regulador da atividade econômica é
aquele que a fiscaliza, a incentiva e a planeja, com a finalidade de assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.

Para fins do nosso concurso, especialmente quando pensamos na prova


discursiva, é preciso compreender bem a extensão das palavras fiscalizar, incentivar e
planejar que estão presentes no Art. 174 da CF 88.
O poder de fiscalizar, ou fiscalização, é aquele que autoriza o Estado a verificar
se os agentes econômicos estão cumprindo as normas que incidem sobre suas
respectivas atividades. Trata-se do chamado exercício do poder de polícia. Compete ao
Estado acompanhar as atividades econômicas de modo a apontar qualquer
descumprimento das normas pelo particular. Coíbe o abuso do poder econômico que
tenta dominar os mercados, eliminar da livre concorrência e aumentar de forma
arbitrária os lucros.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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O poder de incentivar, ou incentivo, é a mais moderada forma de presença do


Estado na economia. É conferir estímulo para o desenvolvimento econômico nacional.
Incentivar a economia ocorrerá em diversas formas, como, por exemplo, por meio do
financiamento público com condição especial (juros baixos) e de benefícios tributários
(isenção temporária de impostos). A própria CF 88 prevê algumas atividades que
devem ser objeto de incentivo: as microempresas e as empresas de pequeno porte
(art.170, IX e art.179 da Constituição).
O poder de planejar, ou planejamento, é o estudo e estabelecimento das
diretrizes e metas que deverão orientar a ação governamental, através de um plano
geral de governo, ou de planos setoriais e regionais de duração plurianual. Será feito
também pelas leis orçamentárias e da programação financeira de desembolso, que são
instrumentos básicos da administração pública. Os planos setoriais e programas
regionais são vinculantes para os órgãos de Estado (não podem deixar de considerá-los
ou cumpri-los). Mas, as empresas privadas só estarão a eles vinculados quando
aderirem, por vontade própria, aos projetos indicados, daí a terminologia que ao setor
privado o planejamento governamental é indicativo.

Ainda neste âmbito de intervenção indireta, o Estado cria infraestruturas,


estabelece restrições à instalação e funcionamento de atividades econômicas,
estabelece ressalvas à circulação e troca de produtos, ou, ainda, fomenta
determinados empreendimentos, dado seu interesse para a economia nacional.
Além disso, vimos que a regra do sistema econômico brasileiro é a livre
iniciativa. Contudo, como qualquer outro direito, esta liberdade não é absoluta.
Deve ser regrada na medida dos demais princípios constitucionais. Assim, ao
empresário cabe decidir sobre o que produzir, como produzir, o quanto produzir
e a que preço vender, mas há um limite.

A Constituição Federal de 1988 e a prestação dos serviços públicos


O Artigo 175 da CF 88 designou incumbência expressa ao Poder Público
(de acordo com as competências ditadas nos Arts. 21, 23 e 24 da CF 88) da
prestação dos serviços públicos. Poderá prestá-los diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação. Veja:

“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.”

Entendendo o Estado Regulador: uma vez garantida a participação


predominante do setor privado na exploração de atividades econômicas, o
constituinte tratou de garantir que o poder público também pudesse transferir a
execução dos serviços públicos para a empresa privada, desde que sob o
regime de concessão ou permissão.

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Noções de estrutura e regulação da indústria petrolífera
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Mas o constituinte colocou limites ao setor privado quando na prestação


de serviços públicos. Vejamos o texto da CF 88:
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.”
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.”

O parágrafo único do Art. 175 traz diretriz clara: “liberdade vigiada” ao


setor privado quando este estiver prestando serviço público.
Fica patente, portanto, que, se de um lado se buscou restringir as
possibilidades do Estado tomar parte de atividades econômicas até então sob
sua gestão direta para liberá-las ao setor privado, a CF 88 não permitiu que “a
mão invisível do mercado” agisse livremente nos considerados serviços
públicos.
A lei dispõe hoje sobre condições protetivas aos usuários dos serviços
públicos, dente as quais se destaca a obrigação de manter serviço adequado.

A respeito do controle dos serviços públicos, a própria CF 88 já previu a criação


de duas agências reguladoras:
a) A Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
“Art. 21. Compete à União:
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais.”

b) A Agência Nacional do Petróleo (ANP).


“Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; ...
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades
previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.
... § 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;”

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Essas são as duas únicas agências reguladoras previstas expressamente na CF


88, embora esta não tenha sido uma previsão do texto original de 1988. Vieram com
as emendas constitucionais nº 8 e nº 9, ambas de 1995.

O contexto da implantação das Agências no Brasil


Já comentamos sobre o Estado Provedor. Embora aqui no Brasil tenha
ocorrido o auge desse modelo entre os anos 1960 e 1970, nosso Estado sempre
desempenhou papel de destaque na produção de bens e na prestação de
serviços públicos, algumas vezes atuando de forma direta e em regime de
monopólio – absorvendo as atividades econômicas e tomando o lugar da
empresa privada. Não é um bom histórico, do ponto de visto do investidor.
Além disso, o modelo de agências reguladoras foi implantado no Brasil em
momento histórico bem peculiar - meados da década de 1990 -, no qual se
buscava conferir maior racionalidade à atuação do Estado, bem como abrir-se
espaço para a entrada de capitais privados, notadamente estrangeiros.
A abertura do país aos investimentos privados ocorreu por meio da
privatização do controle acionário de empresas do Estado e da introdução da
concorrência em setores explorados em regime de monopólio, como era o caso
da geração de energia elétrica e de determinadas fases da exploração do
petróleo.
Naquele momento, alterou-se substancialmente a forma de intervenção
do Estado na economia: em vez da assimilação para si de atividades
econômicas, o Estado passou a atuar primordialmente por meio da intervenção
indireta na economia. Seria necessária, para isso, uma reforma administrativa.

Reforma administrativa dos anos 1990


A reforma administrativa dos anos 1990 teve como objetivo diminuir o tamanho
do Estado e a quantidade de atividades a seu cargo: algumas foram devolvidas
integralmente à iniciativa privada, outras foram entregues à iniciativa privada por meio
de concessões, restando ao Estado a regulação e a fiscalização.
A reforma tornou-se imperativa nos anos 1990 por várias razões. Não apenas
ela se constituiu em uma resposta à crise fiscal generalizada, mas também como uma
forma de defender o Estado enquanto coisa pública, ou seja, de todos e para todos.

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Na verdade, o Estado brasileiro estava tomado por uma concepção


patrimonialista e burocrática. Tentava-se introduzir o modelo gerencial, tentativa
expressa na emenda constitucional nº 19, de 1998, que enxertou o termo “eficiência”
no Art. 37 da CF 88 (que prescreve os princípios que regem a administração pública).
A reforma gerencial de 1995 veio à tona com o intuito de pôr fim às práticas
clientelistas e patrimonialistas do antigo modelo, isto é, instalar uma administração
pautada nos “princípios da nova gestão pública” (new public management).
A reforma envolveu a delimitação mais precisa da área de atuação do Estado; a
distinção entre as atividades do núcleo estratégico; a separação entre a formulação de
políticas e sua execução; maior autonomia para as atividades executivas exclusivas do
Estado que adotarão a forma de “agências executivas”; maior autonomia para os
serviços sociais e científicos que o Estado presta; a descentralização dos serviços
sociais para estados e municípios, etc.
Bresser Pereira vai sintetizar esse pensamento neoliberal em 1995 no nosso
Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Segundo o PDRAE,
documento publicado durante a primeira gestão do então presidente Fernando
Henrique Cardoso, nas atividades exclusivas de Estado, a propriedade deveria ser
estatal. No outro extremo – o setor de bens e serviços para o mercado -, a produção
deveria ser realizada pelo setor privado.

A privatização de empresas estatais federais que exerciam atividades


econômicas sob o regime de serviço público e a abertura de setores da
economia à competição (liberalização) foi acompanhada da criação de agências
reguladoras federais, que viriam a praticar a regulação não mais pelo
desempenho da propriedade pública, mas a partir de uma atividade normativa.
Ainda deve ser acrescentado que inovações tecnológicas passaram a
demandar investimentos cada vez elevados para se manter a atualidade do
serviço, o que, aliada à crise fiscal do Estado, terminou por precipitar a solução
da privatização das empresas estatais prestadoras de serviços públicos e a
liberalização de setores reservados, operando-se verdadeira despublicatio do rol
de atividades prestadas pelo Estado como serviço público.

A liberalização de setores antes reservados ao Estado não representou


simplesmente a transferência de modelo de monopólio estatal para monopólio privado
regulado, mas, em alguns setores em que tal fosse possível, significou a completa
derrubada de monopólio em benefício da concorrência entre agentes privados
(liberalização).

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Avanços tecnológicos tornaram possível a criação de mercado em algumas


etapas de setores que possuíam características de monopólio natural (exemplo da
telefonia celular). Em um mesmo serviço, buscou-se promover a separação entre as
atividades potencialmente competitivas, a chamada desverticalização (a exemplo de
setor elétrico, de modo que as distribuidoras de energia elétrica não podem produzir a
energia que vendem, devem comprar numa leilão de outras empresas, pois a oferta é
competitiva).

Na esteira das privatizações, liberalizações e da desverticalização de


setores da economia, as primeiras agências a serem criadas foram a Agência
Nacional de Energia Elétrica - ANEEL; ainda em 1996; a Agência Nacional de
Telecomunicações – ANATEL e Agência Nacional do Petróleo – ANP, estas já em
1997.
A razão da escolha do modelo de agências reguladoras pode ser
encontrada em sua autonomia aumentada. Aos olhos dos investidores externos
o sinal era que a condução da economia brasileira ocorreria com base em
critérios técnicos, alheios à política partidária.
Como vimos, o histórico da intervenção estatal na economia era
desfavorável. “Era preciso vender o Brasil como um bom negócio, garantindo
aos investidores a manutenção dos contratos celebrados e o direito de
propriedade”. Caberia às agências conferir respeito aos contratos e estabilidade
às relações deles decorrentes.
A implantação de agências reguladoras no Brasil decorreu também da
aderência das políticas do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) às orientações do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional como condição para negociação de empréstimos internacionais.

A regulação por meio de agências reguladoras deveu-se à necessidade de edição


de normas para regular a economia, sem que na sua elaboração houvesse ingerências
do governo. Por meio do modelo de agências imagina-se obter a regulação da
economia sem interferência política.

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3. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

As questões a seguir são todas recentes. Note que estudando por esta apostila
de aula demonstrativa já somos capazes de resolver muitas questões.
================================================
Questão 01 (ANTT 2013). Em relação ao histórico e às características
dos órgãos reguladores no Brasil, julgue os itens subsequentes. O
Estado, ao exercer o papel de órgão regulador, cabe zelar pelo direito
dos investidores, que almejam um sistema regulatório estável, bem
como dos consumidores, que visam evitar preços abusivos e desejam
ter acesso a serviços de qualidade.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: É exatamente este o contexto em que as agências estão
inseridas. No Estado regulador predomina a livre iniciativa e o direito à
propriedade, mas sempre existirá, no âmbito dos serviços públicos, uma
“liberdade vigiada”, em especial quanto à obrigação de manter serviço
adequado.
Questão 02 (ANTT 2013). Em relação ao histórico e às características
dos órgãos reguladores no Brasil, julgue os itens subsequentes. A
criação dos órgãos reguladores no Brasil coincide com a assunção, pelo
Estado, de atividades empresariais típicas, em especial no setor de
infraestrutura, em um contexto de centralização política e
administrativa.
Gabarito: ERRADO.
Comentários: É justamente o inverso. A assertiva estaria correta se afirmasse
que “a criação dos órgãos reguladores no Brasil coincide com a renúncia, pelo
Estado, de atividades empresariais típicas, em especial no setor de
infraestrutura, em um contexto de descentralização política e administrativa”.

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Questão 03 (ANTAQ 2014). A criação das agências reguladoras advém


da política econômica adotada no Brasil na década de 90 do século XX,
quando ocorreram privatizações decorrentes do Plano Nacional de
Desestatização.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: Afirmação confirmada pelos nossos estudos nesta apostila. A
primeira versão do Plano Nacional de Desestatização foi lançada em 1990, no
mandato do Presidente Collor. A segunda, já foi em 1997, que deu novas
características ao plano, já no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Questão 04 (ANTAQ 2014). Dada a importância da ANTAQ como
autoridade administrativa independente das atividades portuárias e de
transporte aquaviário, ela figura entre as três primeiras agências
criadas com assento constitucional, ao lado da Agência Nacional do
Petróleo (ANP) e da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
Gabarito: ERRADO.
Comentários: Comentamos nesta apostila que as três primeiras agências foram
a ANEEL (1996), ANATEL (1997) e ANP (1997). São as que inauguraram o
modelo de agências no Brasil. A ANTAQ e ANTT surgiram em 2001, são de uma
segunda geração.
Questão 05 (ANTAQ 2014 Analista). O poder normativo das agências
reguladoras, cujo objetivo é atender à necessidade crescente de
normatividade baseada em questões técnicas com mínima influência
política, deve estar amparado em fundamento legal.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: As agências tem o objetivo de atender à necessidade crescente
de normatização, fiscalização e planejamento dos setores regulados. Por serem
questões fundamentadamente técnicas-econômicas, devem estar sob mínima
influência dos governos. A atuação das agências será norteada pelas políticas
públicas e pelas competências que foram delegadas a ela, ambas estabelecidas
em lei.

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Questão 06 (ANATEL 2014). As agências reguladoras no Brasil foram


criadas no governo Collor como instrumentos do Poder Executivo para
minimizarem os problemas econômicos relacionados à prestação dos
serviços públicos.
Gabarito: ERRADO.
Comentários: As agências reguladoras foram criadas no governo de FHC (na
sua maioria), e algumas já no governo do presidente Lula. Esse modelo de
intervenção estatal só surgiu no Brasil em 1996, com a criação da ANEEL.
Questão 07 (ANCINE 2013). Só é permitida a criação de empresa
estatal para a execução de atividades econômicas caso ela seja
indispensável à garantia da segurança nacional ou em caso de
relevante interesse coletivo.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: É o que prevê fielmente o texto constitucional (Art. 173
Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei).
Questão 08 (ANCINE 2013). Se uma empresa pública realiza atividade
econômica em concorrência com empresas privadas, a Constituição
permite, com a finalidade de dar à estatal maior capacidade de
concorrência, que a lei lhe confira algumas vantagens tributárias.
Gabarito: ERRADO.
Comentários: O Art. 170 da CF 88 diz que “as empresas públicas e as
sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado”.
Questão 09 (ANCINE 2013). Caso determinada atividade econômica
configure monopólio natural, não ocorre a hipótese fundamental de
criação ou manutenção de uma agência reguladora, já que não se
configura a possibilidade de concorrência.

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Gabarito: ERRADO.
Comentários: É justamente o inverso. Ocorrendo o monopólio natural, uma das
falhas de mercado, é fundamental a criação de agência reguladora para o setor
em questão, já que a falta de concorrência traz consigo diversas ineficiências
que somente com fiscalização e regulação poderão ser controladas.
Questão 10 (ANCINE 2013). As agências reguladoras têm as funções de
disciplinar a atuação dos agentes privados e proteger os consumidores
e, como foco principal, a pulverização da produção.
Gabarito: ERRADO.
Comentários: A primeira parte de assertiva está correta, mas o foco principal
das agências não é a pulverização da produção, que poderia ser entendida
como o incentivo ao aumento da competição entre produtores, ou o aumento
do número de empresas produtoras. Há mercados ou setores que ocorre o
chamado monopólio natural. Nesses casos o foco principal das agências será na
fiscalização ou normatização em busca do serviço adequado.
Questão 11 (ANCINE 2013). O Estado pode prover bens e serviços
diretamente, assumindo a condição de produtor, como também pode
transferir essa incumbência para o setor privado e regular sua atuação.
Nesse caso, poderá subsidiar tanto a produção como o consumo.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: Afirmação de acordo com a concepção de Estado Regulador, que
não deixa de procurar a justiça social.
Questão 12 (ANP 2012). Compete às agências reguladoras controlar as
atividades que constituem objeto de concessão ou permissão de serviço
público ou de atividade econômica monopolizada pelo Estado, a
exemplo da ANP.
Gabarito: CORRETO.

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Comentários: Afirmação dentro do nosso estudo nesta apostila. O Art. 175 da


CF 88 “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos”. O Estado, quando atua diretamente, geralmente exercerá
atividade monopolizada, mas mesmo assim não deixará de ser fiscalizado pela
agência reguladora, pois nesse contexto o Estado estará agindo como agente
econômico. Exemplo típico é o que ocorre na indústria do petróleo, mas existem
outros casos.
Questão 13 (ANS 2013). A criação e o ineditismo dos órgãos
reguladores na administração pública decorreram da reforma do Estado
instituída pelo Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado,
elaborado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso
Gabarito: CORRETO.
Comentários: Assertiva plenamente de acordo com os estudos desta apostila.
Questão 14 (ANAC 2012). Com relação ao papel do Estado regulador,
julgue os itens seguintes. Entre as atuações do Estado na atividade
econômica, está a tutela da liberdade de concorrência, que objetiva a
liberdade de ajustes dos mercados.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: Exatamente isto. A livre concorrência, prevista no Art. 170 da CF
88, é um princípio da ordem econômica brasileira, e caberá ao Estado a tutela
dessa liberdade. A livre iniciativa das empresas não poderá conter abusos, ou
arbitrariedades, como o aumento abusivo dos lucros ou a tentativa de domínio
de mercados.
Questão 15 (ANAC 2012). A regulação é utilizada para aumentar a
eficiência econômica do mercado.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: Justamente. É o que explica o modelo das agências: aumentar a
eficiência econômica, reduzir as falhas de mercado.

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Questão 16 (ANCINE 2012). A adoção da administração gerencial no


setor público propicia a flexibilização dos procedimentos operacionais
e, por consequência, rompe com a rigidez excessiva de regras.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: É isso mesmo. A administração gerencial, contexto no qual as
agências reguladoras estão inseridas, vem quebras paradigmas, entre eles o
excesso de regras, a rigidez de processos e o apego às normas. A agência terá
suas normas, mas quase sempre irá analisar as situações no caso concreto, e
decidirá sempre em direção ao aumento da eficiência.
Questão 17 (ANCINE 2012). O modelo burocrático tradicional,
priorizado pela CF e pelo direito administrativo brasileiro, baseia-se no
formalismo, no excesso de normas e na flexibilidade de procedimentos.
Gabarito: ERRADO.
Comentários: Questão quase certa, se não fosse o termo “flexibilidade dos
procedimentos”. O modelo burocrático, que as agências vêm a se contrapor, é
caracterizado pela sua inflexibilidade (rigidez).
Questão 18 (ANCINE 2012). No que se refere à evolução da
administração pública no Brasil após 1930, julgue os itens
subsequentes. O modelo da administração pública gerencial tem como
um dos seus pressupostos a centralização das decisões e funções do
Estado.
Gabarito: ERRADO.
Comentários: De acordo com o PDRAE, o modelo gerencial busca a
descentralização de funções. A adoção do modelo de agências é um exemplo de
descentralização. O Estado transferiu parte de suas competências para essas
autarquias de regime especial.
Questão 19 (ANCINE 2012). A respeito do Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado, julgue os seguintes itens. De acordo com o referido
plano, no núcleo estratégico do aparelho de Estado a propriedade ideal
deveria ser a pública, não a estatal.
Gabarito: ERRADA.
Comentários: Assertiva tenta confundir o candidato com os tipos de propriedade
pública e estatal, que são as mesmas.

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Questão 20 (ANCINE 2012). No denominado aparelho do Estado,


serviços não exclusivos correspondem ao setor em que o Estado atua
simultaneamente com outras organizações públicas não estatais e
privadas.
Gabarito: CORRETO.
Comentários: É isso mesmo. Os serviços não exclusivos de Estado são aqueles
em que é possível o Estado e o mercado atuarem com mútuo interesse, de
forma colaborativa. Podem ser prestados por ambos, individualmente, ou pelos
dois, de forma conjunta, através do modelo de Organizações Sociais (OS).

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4. LISTA DAS QUESTÕES

Questão 01 (ANTT 2013). O Estado, ao exercer o papel de órgão regulador,


cabe zelar pelo direito dos investidores, que almejam um sistema regulatório
estável, bem como dos consumidores, que visam evitar preços abusivos e
desejam ter acesso a serviços de qualidade.
Questão 02 (ANTT 2013). A criação dos órgãos reguladores no Brasil coincide
com a assunção, pelo Estado, de atividades empresariais típicas, em especial
no setor de infraestrutura, em um contexto de centralização política e
administrativa.
Questão 03 (ANTAQ 2014). A criação das agências reguladoras advém da
política econômica adotada no Brasil na década de 90 do século XX, quando
ocorreram privatizações decorrentes do Plano Nacional de Desestatização.
Questão 04 (ANTAQ 2014). Dada a importância da ANTAQ como autoridade
administrativa independente das atividades portuárias e de transporte
aquaviário, ela figura entre as três primeiras agências criadas com assento
constitucional, ao lado da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Agência
Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
Questão 05 (ANTAQ 2014 Analista). O poder normativo das agências
reguladoras, cujo objetivo é atender à necessidade crescente de
normatividade baseada em questões técnicas com mínima influência política,
deve estar amparado em fundamento legal.
Questão 06 (ANATEL 2014). As agências reguladoras no Brasil foram criadas
no governo Collor como instrumentos do Poder Executivo para minimizarem
os problemas econômicos relacionados à prestação dos serviços públicos.
Questão 07 (ANCINE 2013). Só é permitida a criação de empresa estatal para
a execução de atividades econômicas caso ela seja indispensável à garantia
da segurança nacional ou em caso de relevante interesse coletivo.
Questão 08 (ANCINE 2013). Se uma empresa pública realiza atividade
econômica em concorrência com empresas privadas, a Constituição permite,
com a finalidade de dar à estatal maior capacidade de concorrência, que a lei
lhe confira algumas vantagens tributárias.

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Questão 09 (ANCINE 2013). Caso determinada atividade econômica configure


monopólio natural, não ocorre a hipótese fundamental de criação ou
manutenção de uma agência reguladora, já que não se configura a
possibilidade de concorrência.
Questão 10 (ANCINE 2013). As agências reguladoras têm as funções de
disciplinar a atuação dos agentes privados e proteger os consumidores e,
como foco principal, a pulverização da produção.
Questão 11 (ANCINE 2013). O Estado pode prover bens e serviços
diretamente, assumindo a condição de produtor, como também pode
transferir essa incumbência para o setor privado e regular sua atuação. Nesse
caso, poderá subsidiar tanto a produção como o consumo.
Questão 12 (ANP 2012). Compete às agências reguladoras controlar as
atividades que constituem objeto de concessão ou permissão de serviço
público ou de atividade econômica monopolizada pelo Estado, a exemplo da
ANP.
Questão 13 (ANS 2013). A criação e o ineditismo dos órgãos reguladores na
administração pública decorreram da reforma do Estado instituída pelo Plano
Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, elaborado no governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso.
Questão 14 (ANAC 2012). Com relação ao papel do Estado regulador, julgue
os itens seguintes. Entre as atuações do Estado na atividade econômica, está
a tutela da liberdade de concorrência, que objetiva a liberdade de ajustes dos
mercados.
Questão 15 (ANAC 2012). A regulação é utilizada para aumentar a eficiência
econômica do mercado.
Questão 16 (ANCINE 2012). A adoção da administração gerencial no setor
público propicia a flexibilização dos procedimentos operacionais e, por
consequência, rompe com a rigidez excessiva de regras.
Questão 17 (ANCINE 2012). O modelo burocrático tradicional, priorizado pela
CF e pelo direito administrativo brasileiro, baseia-se no formalismo, no
excesso de normas e na flexibilidade de procedimentos.
Questão 18 (ANCINE 2012). No que se refere à evolução da administração
pública no Brasil após 1930, julgue os itens subsequentes. O modelo da
administração pública gerencial tem como um dos seus pressupostos a
centralização das decisões e funções do Estado.

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Questão 19 (ANCINE 2012). A respeito do Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado, julgue os seguintes itens. De acordo com o referido
plano, no núcleo estratégico do aparelho de Estado a propriedade ideal
deveria ser a pública, não a estatal.
Questão 20 (ANCINE 2012). No denominado aparelho do Estado, serviços não
exclusivos correspondem ao setor em que o Estado atua simultaneamente
com outras organizações públicas não estatais e privadas.

BIBILIOGRAFIA

[1] BONAVIDES, Paulo. Do Estado ao liberal ao Estado social. São Paulo:


Malheiros, 2007.

[2] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República do Brasil.


Brasília, DF: Constituição Federal.

[3] COSTA, Frederico Lustosa da. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos
de administração pública; 200 anos de reformas. Revista da Administração
Pública, v. 42, n. 5, p 829-874, 2008.

[4] COSTA, Frederico Lustosa da. Desburocratização e desestatização:


novas considerações sobre as prioridades brasileiras de reforma
administrativa na década de 80. Revista de Administração Pública, v. 18, n.
4, p. 72-87, 1984.

[5] COSTA, Frederico Lustosa da. Reforma do Estado: restrições e


escapismos no funcionamento das agências autônomas. Revista de
Administração Pública, v. 33, n. 2, p. 191-199, 1999.

[6] FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. São Paulo: Editora Nova


Cultural, 1988.

[7] MARE (Ministério da Administração e Reforma do Estado). Plano Diretor


da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: Presidência da República,
Câmara da Reforma do Estado, 1995.

[8] SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Editora Abril Cultural,
1983.

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1 C 6 E 11 C 16 C

2 E 7 C 12 C 17 E

3 C 8 E 13 C 18 E

4 E 9 E 14 C 19 E

5 C 10 E 15 C 20 C

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