Você está na página 1de 31
2 Myran Sepulveda dos Santos oposto de revela le quer dizer com isso que a representagio humana desta catistrofe ndo é capaz de dar a exata dimensio do 0 &, Para evento, mas tem o efeito perverso de tornar banal o que ele, como o horror nao tem palavras para se descrever, o sentimento do horror nao pode ser o ponto de partida para a ago que procura descrever este horror (Bataille, 1995: 228-9). Acreditar na ruptura entre representagao e experiéncia nao significa dar a mao a irraciona- lidade e rejeitar totalmente as teorias do conhecimento, mas trazer & tona uma nova dimensio da experiéncia vivenciada, Em suma, a intengio de trazer em conjunto as diversas interpretagées sobre a meméria teve como objetivo mostrar os limit da teoria social em trabalhar com a meméria coletiva, A politica da justa meméria precisa se equilibrar entre as tentativas de imposigao do esquecimento ¢ a obsessio pelo passado. Mas é também necessirio aceitar a diversidade pois esse é um passo que rompe com a presungio de que cada novo quadro teérico seja capaz de esgotar os diversos componentes inerentes 4 realidade social examinada. & importante aceitarmos que hi varias formas de lidar com 0 passado e que todas ncias elas envolvem interesse, poder ¢ exclusdes. Lidar com expel miiltiplas no nos leva a descartar as diversas abordagens existentes, mas apenas a considerar © alcance € as conseqaencias das diversas formas de saber, para podermos nos utilizar delas com maior euidado. Pasta n°3O 3, oécie Capitulo | A Construgao Social da Memoria De um modo geral, podemos dizer que quando recordamos experiéncias vivenciadas anteriormente, temos a impressio que reconstruimos nosso passado de acordo com motivagdes estritamente importante para nés e muitas vezes pessoais. Lembramos do que guardamos algumas dessas lembrangas conosco, a salvo de comentarios diversos. Entretanto, esta constatagio, aparentemente indcua, de que nossas memérias sdo estritamente pessoais foi contestada nas primeiras décadas do século passado. Dois intelectuaii © socidlogo Maurice Halbwachs ¢ © psicélogo Frederic Charles Bartlett, estabeleceram, nas primeiras décadas do século XX, as bases tedricas que nos permitem rejeitar com maestria a separacdo rigida entre meméria ¢ sociedade ¢ defini a meméria como sendo uma construgdo social. A contribuigae desses autores para oconktecimento que vinha se acumulando sobre @ memeéria em outras areas, como psicologia e filosofia, foi mostrar que a meméria fazia parte de um processo social, em que individuos nao so vistos como seres humanos isolados, mas interagindo uns com os outros, ac longo de suas vidas © a partir de estruturas sociais determinadas. Enquanto admirador e discipulo de Emile Durkheim, Halbwachs deu prioridade ao social em suas andlises, negligenciando a investigagao das agdes e interagdes sociais. Por outro lado, Bartlett no fez jus as coersdes impostas por estruturas estabelecidas, Evidentemente que no se trata aqui de recuperar, sem qualquer critica, a abordagem destes autores. Eles procuraram universalizar abordagens que so parciais, pois nio dao conta nem mesmo da diversidade relativa & meméria constituida. Entretanto, € importante retomar questdes levantadas por eles sobre a meméria, que continuam atuais e que impdem limites as teorias sociolégicas que defendem a autonomia do ator social e de processos de construgao social, em relagaio ao passado. Myrian Sepdlveda dos Santos Em primeiro lugar, sera resgatada a observagdo de Maurice Hatbwachs de que individuos se recordam d sociais que os antecedem. Entretanto, ha ocasides em que os processos interativos responsaveis pelas construcées sociais so cruciais para compreendermos as memérias coletivas que se constituem. Enquanto Halbwachs deu énfase ao fato de que individuos recordam de acordo com quadros sociais, Bartlett destacou que individuos tém razoes intengdes com significados proprios no processo de construgio de suas memérias. Embora bem menos conhecido entre cientistas sociais, Frederic Bartlett nos deixow uma contribuigdo igualmente importante ao estudar os processos pelos quais os individuos constroem memérias coletivas. £ para o trabalho deixado por ele que a segunda parte desta investigago se volta ‘A teoria social deu grandes passos a parti dos questionamentos formulados por Halbwachs ¢ Bartlett durante @ primeira metade do culo passado. Sao diversas as abordagens teéricas que consideram simultaneamente aspectos relativos a estrutura ¢ as interagdes sociais. A terceira etapa deste capitulo sera investigar abordagens teéricas que enfatizam praticas reflexivas e representagdes simbélicas, pois elas tém se expandido bastante nas titimas déeadas, dando um novo sentido ao estudo de memérias coletivas. Como propésito de desenvolver o argumento de que construgdes do passado sio sustentadas por estruturas coletivas e criados por atores sociais, sem que estes dois movimentos possam ser considerados exeludentes, este trabalho procurara resgatar trés abordagens sociolégicas distintas a meméria coletiva com o intuito de mostrar que elas devem ser consideradas complementares € nio antagénicas. Nesse sentido, o retorno aos fundadores do conceito meméria social no € to excepcional como possa parecer Cabe, finalmente, observar que se abordagens funcionalistas © interacionistas foram unilaterais e se equivocaram ao estabelecer em nome do cientificismo visdes parciais no que tange 4 importéncia da estrutura ou da interagdo na construgéo de memérias coletivas, no ficam de fora da mesma critica as tentativas recentes de esgotar contradigdes imanentes & meméria através de novas sinteses tedricas. E, portant, tornando estas contribuigdes sobre meméria coletiva como complementares que nos propomos a investiga-las. ordo com estruturas j Memoria Coleve & 1. Memoria e Estrutura Social Halbwachs e Mortologia Social A. morfologia social, como a sociologia, apsia-se antes de tudo sobre as representagdes coletivas. Se nés con- centramos no: sa atengiio sobre estas formas materiais, € com a finalidade de descobrir, por detras dels, toda uma parte da psicologia coletiva, Pois a sociedade se insere no mundo material, e © pensamento do grupo encontra, has representagdes que decorrem das condigdes espaci- ais, um principio de regularidade e de estabilidade, da mesma maneira que © pensamento individua’ tem neces- sidade de perceber 0 corpo € 0 espago para se manter em equilibrio (Halbwachs, 1938: 18), A obra de Maurice Halbwachs é inegayelmente uma das que mais contribuiu para a compreensao do significado da meméria col tiva. Um de seus giandes méritos foi ter escrito sobre meméria coletiva numa época em que a meméria era compreendida primor- dialmente enquanto fendmeno individual ¢ subjetivo. O socidlogo afirmou, ha mais de 70 anos atrés, que individuos s6 se lembram de seus passados A medida que se colocam sob o poate de vista de uma ‘ou mais correntes do pensamento coletivo, Além disso, também foi ele quem enfatizou que tudo o que nés lembramos do passado faz parte de construgées sociais que so realizadas no presente, Embora hoje essas sejam premissas amplamente accitas, elas surgiram em um periodo em que o tema da meméria era ignorado pela antro- pologia, pela sociologia e até mesmo pela histéria. Marcel Proust, William James e Sigmund Freud, contemporaneos de Halbwachs, estavam todos a sta maneira voltados para 0 estudo da meméria como forma de conhecimento da realidade, amplamente fundada ‘em caracteristicas subjetivas. Halbwachs nasceu em Reims, em 1877, viveu em Paris no inicio do século, e foi um profundo conhecedor do debate filoséfico da Mytian Sepaiveda dos Santos época.* Durante sete anos, foi dis: Louis Bergson, voltando-se, logo a Seguir, para o estudo dos trabalhos nao publicados de Leibniz. O jovem estudante, pulo do filsofo francés Henri- no entanto, renunciou as assertivas filos6l 1s no s6 de Bergson, mas dos filésofos de seu tempo, ¢ procurow uma nova inspiragio teérica. Para compreendermos as teses de Halbwachs sobre memoria coletiva, é interessante observarmos qu ‘uma abordagem epistemolégica que fazia do estudo da estrutura material dos grupos © popula ponto de partida Halbwachs fez parte de uma importante geragdo de intelectuais, que procurava desenvolver uma ciéneia aplicada para resolver os problemas sociais, Nao foram poucos os que se voltaram para as da meméria esta articulad mazelas surgidas paralelamente aos grandes centros metropolitanos que se formavam, Dados da economia, psicologia, geografiae demografia foram utilizados para que o estudo do espaco urbane pudesse ser realizado segundo as bases da morfologia social A obra de Halbwachs pode ser compreendida a partir de seu vinculo com as correntes reformistas do socialismo de sua época, bem como com as teorias durkheimianas. Sempre esteve presente em seus escritos a énfase no conceito de solidariedade € a rejeigao a nogio de que a natureza humana fosse animads por impulsos subjetivos ou egoistas. A crenga no progresso democritico ¢ social fazia parte de seu mundo e a ela foi acoplada a defesa do espirito coletivo e da possibilidade de sua apreensao pelo método cientifico. A teoria funcionalista, portanto, oferecia uma alternativa nao s6 tedrica, mas também politica a diversos pensadores Halbwachs trilhou uma carreira bem sucedida na academia francesa. Em 1905, tornou-se colaborador do socidlogo francés Emile Durkheim. Em 1909, influenciado pelo economista socialista Frangois Simiand, seu amigo e também discfpulo de Durkheim, Halbwachs desenvolveu sua tese de doutorado, em Direito, sobre expropriagées © pregos dos terrenos em Paris. De acordo com 0 6. Para dados biogrificos sobre Maurice Halbwachs, ver, entre outros, imrodusio de J. Michel Alexandre para La mémoire collective, de M. Halbwachs (Alexandre, 1968) a introdugio de Mary Douglas para The Collective Bfemory (Douglas, 1983) Memoria Coletiva & Teoria Soca positivismo comtiano, os discipulos de Durkheim criticavam a autonomia da economia polit Neste periodo, Halbwachs compartilhou com econémica da revista de Durkheim, L'année sosiologique, No debate com as outras correntes da sociologia que se consolidavam na primeira metade do século XX, Halbwachs defendeu a tese de que formages religiosas, politicas ou econdmicas yagio de priticas a ¢ procuravam integré-la a sociologia. imiand a rubrica precisavam ser compreendidas a partir da invest coletivas. Somente o estudo empirico das formas por que os grupos sociais ou organismos se constituiam poderia explicar os interesses, formas de trabalho, servigos e situa grupos. A influéncia do positivismo mostrava-se bastante forte em sua critica as proposigdes tedricas que ndo renunciavam a critérios externos ao campo empirico e que prescindiam da comprova por fatos, Em 1913, destacou-se no meio académico por sua tese sobre 0s padrées de vida da classe trabalhadora. Desenvolveu a aborda- gem ja estabelecida por Durkheim sobre a natureza social de neces- sidades humanas, ao afirmar que o consumo de bens entre trabalha- dores nao poderia ser determinado nem pela renda do trabalhador, nem pela sua insergio na produgiio, mas sim pelos elos concretos de solidariedade que se formavam entre eles. Criou 0 conceito de modo de vida ou nivel de vida, Tal como seu mestre, limitou a andlise de motivagdes ¢ determinagses sociais ao estudo de padres de com- portamento socialmente mensuraveis. Halbwachs consolidou sua carreira como um especialista nos estudos sobre estatistica, economia politica, populacao e morfologia social. Em 1919, tornou-se professor de sociologia na Universidade de Estrasburgo, pouco tempo apés a re-anexasao desta a Franca. Apesar disso, a antiga universidade imperial ainda encontrava-se permeada pelos debates que marcavam a intelectualidade germanica, estando Halbwachs em estreito contato com 0 detate da época travado nos principais centros académicos europeus. Em 1920, publicou “Matiére et société”, na Revue philosophique. Nesse artigo, reiterou sua tese de que a consciéncia da classe operaria néo seria derivada de sua forma de inseredo na produgdo, mas de sua insersaio em quadros sosiais determinados, '$ assumidas por esses mesmos 8 Myrian Sepatveda dos Santos Mas foi soi jente a partir da publicagdo de Les cadres sociaux 192: maior visibilidade. Foi, de fa de la mémoire, © © trabalho de Halbwachs alcangow 0, 0 primeiro scholar a analisar de forma sistematica o carater social da meméria. fi preciso considerar, nto, que a esta altura de sua carreira, Halbwachs tinha -sos livros publicados, uma presenga reconhecida na comunidade académica internacional e artigos em diversas revistas académi como L’année sociologique, Les annales d'histoire économique et sociale, La revue critique e Revue philosophique. Suas teses sobre @ meméria fazem parte da perspectiva epistemolégica definida por ele como morfologia social. Seu estudo sobre a membéria social pode ser compreendido a partir da mesma tentativa de Durkheim de compreender o suicidio enquanto um fato social, Um fendmeno amplamente reconhecido como sendo determinado por questdes subjetivas passava a ser 0 objeto de estudos sistemiticos e comparativos de padres de comportamento. © livro publicado sobre os quadros sociais da meméria representa ainda hoje um dos trabalhos mais importantes sobre meméria coletiva com que podemos contar. Nesse livro, Halbwachs estabeleceu os prineipios fundamentais de uma teoria sobre meméria que foi desenvolvida cmpirica © tcoricamente em eseritos posteriores: Procurou lidar com a meméria enquanto um fato social em debate aberto com os principais pensadores de sua ¢poca, Se 0 livro de 1925 contém de forma implicita uma resposta do socidlogo as teorias filosdficas de Bergson, suas publicagdes posteriores irdo refletir 0 didlogo travado com teses académicas defendidas pelas diversas liderangas intelectuais que faziam parte do novo campo tedrico em que cle se encontrava. Era preciso encontrar respostas ais criticas levantadas principalmente pelo psicdlogo Charles Blondel ¢ pelo historiador Mare Bloch, ambos professores em Estrasburgo. Blondel fazia criticas a forma pela qual a meméria individual era reduzida ao fendmeno coletivo, enquanto Bloch, co-fundador da revista Annales,’ escreveu um artigo sarcdstico no en div cas 7. Em 1929, Lucien Febvre e Mare Bloch fundaram a escola © a revista Annales d'Histoire Economique et Sociale, que representou um marco no campo historiografico, Passava-se a criticar a histéria convencional que se voltava para & Memotia Col Va & Toot Sociat 9 criticando a tentativa de aplicar os eritérios de objetividade comprovagio empirica aos estudos sobre o pasado. Bloch defendia que Fatos histéricos eram produto da construgao ativa do historiador € rejeitava a perspectiva teérica adotada por Halbwachs. Para os historiadores da escola dos Annales, os estudos de memérias coletivas, como quaisquer outros, voltavam-se para a compree fo da salidade inerente as ages sociais € nao poderiam ser derivados de estudos empiricos sobre padrées de comportamento. Apesar da proximidade entre os historiadores da Ecole des Annales com as teses de Durkheim, intelectuais como Bloch defenderam a historia enquanto ciéneia interpretativa ¢ estabeleceram uma demareagio teérica importante no debate da época Em 1933, Halbwachs foi aceito como professor visitante na Universidade de Chicago e, em 1935, j4 consagrado por intimeras publicagdes, pelas contribuigdes para o campo da estatistica, e pela participagdo em intimeras instituigdes internacionais, foi nomeado professor na Sorbonne. Em 1938, publicou Morphologie sociale, que pode ser considerada a obra da maturidade em que ele consolida sua teoria social mais ampla. Defendeu a tese de que grupos sociais deveriam ser considerados a partir do estudo empirico sobre sua formacao ¢ no a partir de determinagdes ou causalidades constituidas nos campos da religio, politica e economia. Ao mesmo tempo, a distingao que fez entre morfologia geral ¢ morfologia de grupos especificos ampliou de forma significativa as premissas funcionalistas anteriores, pois possibilitou que grandes corrertes de pensamento fossem tratadas com certa autonomia © independentemente de representagées coletivas associadas a grupos especificos. A percepgiio de que individuos entram em contato com um grupo proximo e outro mais distante, esquema desenvoly:do em Morphologie sociale, levou Halbwachs a defender que 0 estuco da meméria deve ser o estudo do confronto de diversas esferas de interago. Os trés aanilise de jogos de poder, eventos € origens, enfatizando-se os campos de Forgas testruturais, que Ihe conferiam densidade, Atualmente a revista intitula-se Annales Economies, Société, Civilisations. Para uma andlise detalhada do percurso da Escola centre 1929 ¢ 1989, ver Burke (1990), 0 Mytlan Sepaiveds dos Santos trabalhos sobre men ia social que foram publicados apés 1938 representam a tentativa do socilogo de responder as criticas a seu trabalho de 1925 e explicitar uma abordagem funcionalista complexa a0 tratar da dinamica existente entre quadros sociais da meméria. coletiva de tes s6 conseguem lembrar e reproduzir Em 1939, escreveu um ensaio sobre a memér do que partituras musicais porque eles carregam con: socialmente que Ihes permite decodificar tempos ¢ ritmos das melodias, Segundo Halbwachs, uma parte das lembrangas que os thes possibilita identificar, decifrar executar miisicas, conserva-se em uma meméria coletiva que esta miisicos, afirm: 20 padres adquiridos misicos tém dos sons, ¢ qu presente em um s Dois anos mais tarde, desempenhou o papel de historiador desenvolvendo um estudo empirico sobre a tradigfo eristti, La topographie légendaire des Evangiles en terres saintes, em que mostrou a relag&io entre lendas que eram criadas ¢ recriadas continuamente ¢ determinados grupos sociais. Em 1950, apés sua morte, foi publicado 0 livro La mémoire collective, que reine uma istema de signos fixado no tempo e espago social série de manuscritos contendo reflexGes sobre meméria individual e coletiva, histéria, tempo ¢ espago." Em 1944, foi nomeado profe: France, sendo poucos meses depois preso pela Gestapo, 0 que or no prestigioso Collége de acontecera também niio s6 com seus parentes mais proximos, como com diversos de seus companheiros de academia. Mare Bloch morreu diante de um pelotio de fuzilamento nos arredores de Lyon. Halbwachs foi uma das vitimas do campo de concentragao de Buchenwald. Muitos intelectuais da época foram vitimas do nazismo fe, entre eles, como veremos ao longo deste trabalho, no foram Talbwachs teve, portanto, publicados ts livros e um artigo sobre meméria, sendo Les eadres sociaux de la mémoire, em 1925; La topographie légendaire des Evangites fen terre sainte, em 1941; La mémoire collective, em 1950 ¢ 0 artigo Chez les ‘musielens, em 1939. Entre as demais publicagbes, todas clas associadas & morfologia Social, ver, por exemplo, Les expropriations et les prix des terrains d Paris, 1909; La classe onvriare et les niveau de vie, 1912; La théarie de Vhomme moyen, 1913; Les origines du sentiment religieux d'aprés Durkheint, 1924; La population et les tracts de voies 4 Paris depuis cent ans, de 1928; Les causes du suicide, 1930; Lévolution des besoins das les classes ausriores, 1933; Lespéce huumaine, 1936; 6 Morphologie sociale, 1938. Memoria Coletia & Tela Soca! a poucos 05 que procuraram colocar a meméria enquanto forma de se contrapor barbaric, Embora nao fosse explicitado, a tarefa acadé , civiea ¢ moral mica era a um s6 tempo intelectu Antes de analisarmos a teoria de Halbwachs sobre os quadros sociais da meméria, é importante destacar que Halbwachs foi um autor que tinha come objetivo consolidar e desenvolver as bases objetivas social a ser aplicada para a compreensio da sociedade. Contemporaneamente muitos sdo 0s pensadores que 1, cienti ce cientifieas de uma teor aproximam 0 trabalho de Halbwachs tanto de Durkheim quanto de Weber, uma vez que é pos: uma certa autonomia entre representagdes coletivas € pri terativas.” Entretanto, a obra dos dois fundadores da soci pode ser diferenciada, entre outros motivos, pela procura de sentido em esferas diferenciadas da vida social, Durkheim priorizou a andlise do ritualismo simbélico ¢ institucional presente em priticas sociais ‘cl compreender que ambos estabeleceram € Weber a dinamica entre as diferentes esferas da vida social. Neste sentido, 0 elo entre Durkheim e Halbwachs & muito forte Embora Halbwachs tenha tido acesso no s6 ao trabalho de Weber como ao de varios de seus defensores em Estrasburgo, seu trabalho representou o desdobramento da vertente epistemoldgica estabelecida por Durkheim. Ao analisar 0 debate entre Max Weber ¢ Brentano sobre & possivel influéneia da ética protestante nas priticas capitalistas, Halbwachs afirmou que, para cle, ndo importavam as apreciagdes sobre a origem das atividades lucrativas, mas sim o fato de que estas atividades existiam. Para ele, a tarefa a ser desenvolvida consistia na investigacao da difusio destas atividades (Halbwachs, 1994: 253). Tal como Durkheim, ele estava preocupado em estabelecer praticas sociais, de quaisquer que fossem as esferas da vida social, como fatos sociais e investigd-las cientificamente. Eliminava, desse modo, da abordagem sociolégica a tentativa de explicar causas e conseqiiéneias dos fendmenos sociais. 5) Enquanto Mary Douglas, por exemplo, enfatiza a determinagio de representagSes coletivas sobre pritieas sociais, Gerard Namer dit destaque exatamente a maior fautonomia das representagies coletivas em Halbwachs, em uma referéncia clara aos ‘eseritos de Max Weber (Douglas, 1985; Namer, 2000),

Você também pode gostar