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1. Introdução
“O mundo e a vida nada mais são do que uma grande teia de relações e conexões, e
o ser humano um fio particular dessa teia”. Maria Cândida Moraes
1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Bahia – FEBA. Pós-graduada em Psicopedagogia em Desenvolvimento de Recursos Humanos
– CEPOM. Pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior e em Supervisão Escolar – UCAM. Atua como Coordenadora Pedagógica do Ensino Médio
Instituição Particular, leciona Filosofia e Sociologia para o Ensino Médio em uma Instituição Pública – ESTADO, e leciona na REDE MUNICIPAL DO
SALVADOR.
2 Para Parpert e segundo a filosofia Logo, “o aprendizado acontece através do processo de a criança inteligente ‘ensinar’ o computador burro, ao invés de
audiovisual, Linguagem Logo - criada por Seymour Papert3 - e usá-la como meio de criação e
aprendizagem junto ao aprendiz.
Mas, o que vem a ser Linguagem Logo? Logo é, ao mesmo tempo, uma linguagem de
programação de alto nível, uma metodologia de ensino e uma filosofia educacional, veja a
tríade que analisaremos dentro deste tema: “linguagem, metodologia e filosofia”. O qual
propõe o uso do computador como ferramenta no processo educacional, permitindo que as
pessoas dominem conceitos mais profundos de Matemática, Ciências, Linguagem e em muitas
outras áreas do conhecimento. (PAPERT, 1985). A grande questão agora é utilizar esta tríade
de maneira à interdisciplinarizar às informações nas áreas de conhecimento, sem que haja
choques ou ruptura no processo de construção da aprendizagem.
LINGUAGEM
LOGO
2. Organizando as idéias
A partir dessas constatações preliminares, a título de organização didática nos estruturamos
em três partes. A primeira fundamenta-se na idéia de que os sistemas escolares terão de
escolher entre dois paradigmas de funcionamento: um paradigma do controle dogmático e um
paradigma do desenvolvimento da qualidade de aprendizagem interdisciplinar. Aqui estando
presente a Linguagem Logo, como uma ferramenta de estruturação para este processo de
mudança interdisciplinar.
aprendizagem apresenta o Logo que, mais do que uma linguagem de programação, é uma filosofia que, utilizando também os recursos computacionais,
torna possível uma nova concepção de ensino.
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Este é o espírito de uma sala de aula interdisciplinar: Onde “todos se tornam parceiros! Mas,
parceiros de quê? Da produção e construção de um conhecimento para uma escola melhor,
produtora de pessoas mais felizes (...). A obrigação é alternada pela satisfação, a arrogância
pela humildade, a solidão por cooperação, a especialização por generalidade, o grupo
homogêneo pelo heterogêneo, a reprodução pelo questionamento (...). Em síntese, numa sala
de aula interdisciplinar há ritual de encontro – no início, no meio e no fim” (FAZENDA,
1991).
Em conseqüência disso, pretende-se com uma fundamentação teórica baseada nos aspectos
que perpassam a construção do projeto político pedagógico, analisar, discutir e repensar o
planejamento educacional bem como modos de utilizar os aplicativos e ferramentas da
informática através de uma proposta real e contextualizada. Uma Proposta de Intervenção
Pluridisciplinar, citando aqui WERNECK (1993). Trata-se, ainda, de um processo que
envolverá diversas reflexões centradas “na ação, sobre - a - ação, e sobre-a-reflexão-na-ação”
dos educadores.
Logo: “o computador é uma ferramenta ‘burra’ que podem ser ‘ensinado’ pela criança
inteligente”. É baseada nessa proposta e fundamentada em Papert que reforça a necessidade
de inverter no papel e na atuação do computador que ao invés de um mero veículo de
informação para os alunos, o computador passa a ser uma ferramenta com a qual se podem
formalizar os seus conhecimentos intuitivos.
Dado o exposto, a intenção é romper a inércia dos professores diante dos desafios
contemporâneos, e como requisito básico para a atuação pedagógica faz-se necessário o uso
das TIC. As mesmas quando usadas na educação, podem provocar e mesmo exigir
movimentos e atuações conjuntas de alunos e professores para uma finalidade comum. A
inércia dos dois elementos chaves – professor e aluno – passará de uma fase para outra, é
claro se acontecer o encaminhamento deste processo voltado para uma educação inovadora de
estrutura cidadã. Essas tecnologias podem ser (e cada vez mais são) iniciadores de
movimentos. Portanto, são pontos de partida no processo educacional que fundamentará toda
a caminhada, pensando assim sabemos que são as energias que alteram o estado de inércia. É
necessário que o objetivo central e a metodologia sejam sempre abertos com a visão voltada
para o futuro.
Segundo FAZENDA (1998): “um olhar interdisciplinar atento recupera a magia das práticas,
a essência de seus movimentos,... Exercitar uma forma interdisciplinar de teorizar e praticar
educação demanda, antes de qualquer coisa, o exercício de uma atitude ambígua.”
O ser humano vive entre a confusão e o conhecer, aqui a aprendizagem nasce dos movimentos
contidos justamente nas dúvidas, nos conflitos, ambigüidades, nas perguntas/respostas, nas
certezas/incertezas que são vivenciadas a todo o momento na solução e alternativas de
problemas rotineiros. Para o individuo é necessário ao seu desenvolvimento superar, assumir,
atuar e principalmente agir nessa imprecisão do ser. A ambigüidade esta para o ser humano
assim como a interdisciplinaridade, a partir do momento em que ele esta entre a ‘cruz e a
espada’ do conhecimento, neste momento ocorre um desequilíbrio para que haja a
reestruturação do conhecimento que ele tanto busca. Partindo destas palavras antagônicas:
ambigüidade x interdisciplinaridade é que se processa a construção do conhecimento, a
dúvida e a buscar do saber, agora um saber contextualizado e interdisciplinar.
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Com isso, salienta-se que exigem muito dos submergidos em educação, principalmente
professor-aluno, visto que a articulação do conhecimento perpassará pela comparabilidade das
disciplinas, ou seja, o que cada área do conhecimento produz e como atua. Outro ponto
necessário a salientar é sobre as metas e o percurso do real para o possível, sendo necessária
uma reflexão conjunta na superação dos problemas surgidos, ou seja, analise coletivamente de
ambientes problemáticos comuns. As grandes diferenças entre as relações professor - aluno e
os métodos de aquisição de conhecimento de um para outro, também influenciará no processo
interdisciplinar, principalmente no uso das TIC, onde as diferenças de gerações são muitas
vezes objeto de aguda clivagem ideológica. Mas quando se examina todo o quadro, existe
certa uniformidade na textura suas relações professor-aluno, em termos daquilo que fazem,
mais do que daquilo que dizem e mais nitidamente, ainda, em se tratando de mudança de
comportamento, as semelhanças são surpreendentes. De uma maneira ou de outra todos
buscam pela mudança, pelo novo. É nesta crença que fundamentará e se concretizará o
percurso do real para o possível.
Tal intervenção nos aspectos educativos não constitui nada de novo na história da educação,
ao contrário, as intervenções aqui presidiram o seu nascimento ou pelo menos guia e auxilia
os seus primeiros passos. Esta situação se da não apenas em casos tão óbvios como o
manuseio do computador em sala de aula como suporte, mas também o conhecimento e
utilização crítica e questionadora de todos os outros recursos tecnológicos. Aspecto esse que
jamais deixou de ser de importância vital nas atividades escolares, mesmo no país mais
apegado ao tradicionalismo e a um rígido individualismo.
Ao articular todos esses conceitos, Papert propôs inicialmente chamada por ele de
“Linguagem de Programação Logo” que depois veio a se constituir a concepção
construcionista, suas idéias foram usadas em outros ambientes computacionais para além do
Logo. O uso do computador na concepção de Papert (construcionista) foi sugerido por ele no
período de 1985-1994, um período onde existiam outras idéias contrárias dos pensadores da
sociedade contemporânea, contudo as idéias foram inter-relacionadas, chegando à construção
de novos conhecimentos através dos pensadores da época como, por exemplo: Dewey, Paulo
Freire, Piaget e Vigotsky.
Cabe, pois, a comunidade escolar adotar o computador como uma ferramenta de trabalho tão
importante quanto o livro didático, através dos softwares educativos. Buscando também nas
políticas educacionais, subsídios para o apoio de tais projetos, como é o caso dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que traz em seu âmbito ideação de mudança e de quebra de
paradigmas.
continuada” com seus próprios recursos econômicos, embora muitas destas instituições de
ensino mostram-se dissociadas do contexto de atuação nas áreas de conhecimento do
educador que a procura. Não obstante a finalidade primeira do aperfeiçoamento do educador
deverá ser de qualificar profissionais em alto nível, capazes de produzir conhecimentos
aprofundados na realidade social e educacional, a partir da inserção da interdisciplinaridade e
de novas tecnologias na educação básica e superior. Além destes objetivos também devem
constar a informação e discussão em torno dos papéis que as novas tecnologias poderão
desempenhar no contexto educacional, extrapolando as questões da didática, dos métodos de
ensino e dos conteúdos curriculares, proporcionando uma transposição na área educacional.
Tendo em vista que o princípio educacional e as competências dos professores devem estar
atrelados e para que ao invés dos cursos Normal Superior – Licenciaturas, difundidos pelo
país em função da demanda e solicitação da LDB, preparem professores não dogmático ou
conformista e sim formadores com o espírito de pesquisa e ousadia intelectual.
PERRENOUD (2002). Então as chamadas ‘competências para ensinar no século XXI’ título
do livro de Perrenoud, para que ocorra é preciso uma superação no que diz respeito à
formação do educador, seja a continuada ou a inicial. Superação com escolhas ideológicas, no
sentido de repensar essa formação de acordo com o modelo de sociedade que estamos
inseridos, bem como o objetivo da escola e o papel e atuação do professor. Mas, que professor
quer formar? Conformista ou questionador? Tudo dependerá das ideologias embutidos na
instituição escolar, ou melhor, dizendo ideologias dos sistemas educacionais, contudo e
partindo do tema do artigo o professor do século XXI, deve perpassar por novos modelos e
novos conceitos, onde o foco esta na aprendizagem, no professor, nos recursos tecnológicos
disponíveis. Enfim segundo Tom Peters: “O foco não é mais a satisfação do aluno, mas o
sucesso do aluno”. E para alcançar o sucesso deste aluno, o professor tem que está bem
aparelhado e com suporte técnico e educacional.
Aqui merece citar os sete saberes fundamentais que a escola teria como missão de ensinar,
proposto por Edgar Morin:
As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão.
Os princípios de um conhecimento pertinente.
A condição humana.
A identidade terrestre.
O confronto com as incertezas.
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A compreensão.
A ética do gênero humano.
“Onde os saberes são considerados como um sistema complexo, aberto e flexível, que inter-
relaciona conceitos, idéias e teorias”. MORIN (1996). “A aprendizagem é aberta a novas
interconexões propiciadas por relações de parceria e reciprocidade”. FAZENDA (1994).
Neste caso a aprendizagem esta em movimento contínuo de construção e reconstrução! E para
que o professor tenha condições de criar espaço de ensino aprendizagem que possam garantir
essa circulação de conhecimento, é preciso reestruturar seu processo de formação, ou seja,
rever as políticas educacionais que trata desta formação, de modo a assumir a característica de
continuidade. Buscando em Maria Cândida Moraes5, reflexões sobre o educador frente às
inovações pedagógicas, a autora em seu livro: O paradigma educacional emergente, discute
referenciais teóricos na busca de um novo paradigma para a educação neste fim de milênio.
5 Maria Cândida Moraes, Mestre em Tecnologia Educacional pelo INPE e Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é
professora do Programa de Pós-graduação em Educação (Currículo) da PUC/SP. Foi coordenadora do Proinfo - Programa Nacional de Informática
Educativa do MEC, lança a idéia de uma nova escola onde o conhecimento é produto de uma constante construção, das interações e de enriquecimentos
mútuos de alunos e professores.
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secular: o positivismo, que deixou como legado influências fortes na nossa cultura e na nossa
educação, onde tudo era estudado em compartimentos fechados, perpassando ai o “currículo
oculto”. Pensar em interdisciplinarizar quebrando as estruturas enraizadas e tradicionais da
educação sem aliar-se as TIC cairia em um discurso vazio e não obteremos um produto em
aprendizagem satisfatório. Os dois tópicos unidos serão os responsáveis pelo novo, mudança
de enfoque na educação.
Vem de Martha Kohl (1996) uma instigante pergunta, que nos desafia a assumir de forma
mais responsável o compromisso inadiável com a questão da relação escola e as TIC: “Como
fica o lugar da escola, como instituição privilegiada na promoção do desenvolvimento do
sujeito nas sociedades letradas de hoje, com a marcante presença dos meios de comunicação
de massa e o crescente desenvolvimento da informática?”
(...) os esforços das reformas mais criativas são sistematicamente minados pela lógica do controle
político, que leva a uma padronização, regulação e inflexibilidade excessivas e acaba dificultando o
engajamento intelectual e emocional dos professores e impedindo que se tornem os principais agentes
políticos da mudança.
Pela observação dos pontos analisados: a formação do educador, bem como a relação
professor-aluno, a importância da interdisciplinaridade passando pelas TIC, entende-se que
apenas a construção de laboratórios de informática sem a adoção de certas experiências,
baseadas em um conjunto de pressupostos pedagógicos condizentes com a comunidade
escolar é um flagrante equívoco. Aliás, o que se pretende é viabilizar a adoção de exemplares
de informatização nas escolas em que o professor regular (aquele que ministra as disciplinas
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curriculares) atue verdadeiramente. Não obstante, sua atuação deve ser em parceria com as
áreas de conhecimento. É através dos ambientes educacionais e de cooperação que se
processa essa parceria e não com um profissional específico, capaz de “cuidar” apenas das
máquinas do laboratório de informática, onde se é ‘ensinado’ apenas o uso das ferramentas
sem nenhuma fundamentação teórica e crítica, ficando o uso pelo uso. (eis aí o grande
equívoco!)
PROFESSOR ALUNO
CONTEXTO
HISTÓRICO
3. Considerações Finais
Sabe-se que a escola atual não consegue fazer com que os alunos gostem de estudar e nem
conectem os seus estudos à prática ou às habilidades que ele gostaria de ter. Para enxergar
uma escola do futuro ou elaborar cenários prospectivos para a educação em nível
interdisciplinar, há necessidade de reconhecer que o educador ainda está em formação com
uma base enraizada no tradicionalismo. Entretanto espera-se que as universidades
proporcionem o conhecimento disciplinar, multidisciplinar e interdisciplinar que continuarão
a ser ampliados e cultivados na práxis pedagógica de cada professor formado dentro nesta
filosofia interdisciplinar.
4. Referências Bibliográficas
LITWIN, Edith. Tecnologia educacional: política, história e propostas. Brasil: Ed. Artes Médicas.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Tese (Doutorado em Educação, sob
orientação do professor Dr. José Armando Valente) – Departamento de Tecnologia Educacional INPE.
São Paulo: UNICAMP.
MORAES, Maria Cândida. Uma nova escola onde o conhecimento é produto de uma constante
construção. PROINFO/MEC - PUC/SP, São Paulo: abril. 1997.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortês. 2001.
MORIM, Edgar. A cabeça bem feita: Repensar a forma. Retomar o pensamento. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2000.
PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto
Alegre, Artes Médicas, 1994.
PAPERT, S. Mindstorms: Children, Computers and Powerful Ideas. 1980. Tradução Basic Books.
New York, 1985. Logo: Computadores e Educação. São Paulo. Editora Brasiliense, 1985.
PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI. Porto Alegre: Artmed
Editora, 2002.
SAMPAIO, Marisa. & LEITE, Lígia. Alfabetização tecnológica do professor. Petrópolis: Vozes,
1999.