Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
1
Psicóloga, Especialista em Violência Doméstica, Mestranda em Gestão Social, Educação e
Desenvolvimento Local, Centro Universitário UNA. Analista de políticas públicas e Coordenadora de
CRAS, Prefeitura de Belo Horizonte. Professora da Especialização em Intervenção Psicossocial nas
Políticas Públicas, Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, Minas Gerais.
2
Psicóloga social e clínica, Mestre e Doutora em Educação, Pós-Doutorado em Psicologia
Social. Professora aposentada da UFMG. Pesquisadora e docente no Programa de Pós-Graduação em
Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, MG.
parte, buscamos articular algumas ideias sobre as tensões e o diálogo entre o campo
discursivo da PNAS e os saberes e práticas das diferentes disciplinas que se reúnem no
campo psi3, isto é, no campo discursivo das psicologias, aqui consideradas em sua
pluralidade.
Trabalhamos com a definição de discurso da Análise de Critica Discurso,
desenvolvida por Norman Fairclough (2001), que considera que o discurso é uma
prática de significação social associada às lutas pela hegemonia social. Nesse sentido,
procuramos formular questões que contribuam para a articulação do campo psi com os
objetivos de uma política baseada em direitos. A PNAS propõe o enfrentamento de
vulnerabilidades, o acesso aos direitos socioassistenciais e a promoção da cidadania.
Acreditamos que, no campo psi, isto exigiria tanto invenção de novos saberes e
práticas quanto reinvenção, adequação/transformação de saberes e práticas existentes.
3
Designamos por campo psi, um campo de conhecimentos que inclui a psicologia e outras áreas
(que assumimos não serem derivadas da psicologia) como a psicologia social, a psicologia comunitária
e a psicanálise. A formação na graduação em Psicologia, no Brasil, hoje, autoriza o profissional a atuar
em todas estas áreas.
A PNAS integra, junto com outras políticas públicas, o Sistema de Proteção
Social Brasileiro que, a partir da Constituição Federal de 1988, pode ser compreendido
como:
o conjunto de políticas e programas governamentais destinados à prestação
de bens e serviços e à transferência de renda, com o objetivo de cobertura
dos riscos sociais, garantia dos direitos sociais, equalização de
oportunidades e enfrentamento das condições de destituição e pobreza
(CARDOSO JUNIOR; JACCOUD, 2005, p. 194 in ANDRADE, 2011, p.
20).
Nesse sentido, a PNAS visa garantir seguranças básicas, ligadas aos direitos
socioassistenciais4, e definidas como: (1) Acesso à renda; (2) Acolhida (inserção na
rede de serviços e provisão das necessidades humanas); (3) convívio familiar e
comunitário; (4) desenvolvimento da autonomia individual e familiar; e (5)
sobrevivência a riscos circunstanciais (BRASIL, 2004).
Em 2005, começa a implantação do SUAS, que se divide em Proteção Social
Especial (PSE) e Proteção Social Básica (PSB). A PSE é dirigida a indivíduos,
famílias ou grupos em situação de violação de direitos e com vínculos familiares
ameaçados ou rompidos. A PSB atende indivíduos, famílias e grupos em situação de
vulnerabilidade decorrente de pobreza, exclusão e/ou violência, mas que mantêm os
seus vínculos de pertencimento social. Visa prevenir e enfrentar situações de
vulnerabilidades e riscos sociais por meio do desenvolvimento de potencialidades e
aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do
acesso aos direitos de cidadania (BRASIL, 2009).
O equipamento onde se desenvolve a PSB é o Centro de Referência da
Assistência Social (CRAS), localizado em territórios de alta vulnerabilidade social,
onde se busca trabalhar com as vulnerabilidades e potencialidades das famílias, dos
indivíduos e das redes sociais, fortalecendo as seguranças básicas e os direitos de
cidadania, especialmente aqueles designados como direitos socioassistenciais
(BRASIL, 2004; BRASIL, 2009).
4
Os direitos socioassistenciais são: 1) Todos os direitos de proteção social de assistência social
consagrados em Lei para todos 2) Direito de equidade rural-urbana na proteção social não contributiva
3) Direito de equidade social e de manifestação pública 4) Direito à igualdade do cidadão e cidadã de
acesso à rede socioassistencial 5) Direito do usuário à acessibilidade, qualidade e continuidade 6)
Direito em ter garantida a convivência familiar, comunitária e social 7) Direito à Proteção Social por
meio da intersetorialidade das políticas públicas 8) Direito à renda 9) Direito ao co-financiamento da
proteção social não contributiva 10) Direito ao controle social e à defesa dos direitos socioassistenciais.
Dentre as diretrizes fundamentais da PNAS encontramos a territorialização, a
intersetorialidade e a interdisciplinaridade (BRASIL, 2004). Neste artigo, enfocamos
estas diretrizes com o intuito de discutir a interdisciplinaridade e os desafios colocados
para a utilização das psicologias no SUAS.
Referencias