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TEORIA ELEMENTAR DOS NUMEROS Edgard de Alencar Filho Ex-professor de GEOMETRIA ANALITICA e CALCULO da Escola Militar do Realengo e de MATEMATICA da Escola Preparatéria de Sio Paulo CIP-Brasil. Catalogacdo-na-Fonte Camara Brasileira do Livro, sP Alencar Filho, Edgard de, 1913- A353t Teoria elementar dos nimeros/Eagard de Alencar Filho. -- Sao Paulo : Nobel, 1981. Bibliografia. ISBN 35-213-0040-9 1, Nimeros - Teoria I, Titulo. 17. CDD=-512.31 1s. S12. 31-0333 Indices vara catalogo sistematico: 1. Teoria dos nimeros 512.31 (17.) 512.7 (13.) INDICE CAPITULO 1 ~ NUMEROS INTEIROS: NOGOES FUNDAMENTAIS 1.1 Nameros inteiros ....... 1.2 Propriedades dos inteiros F 1.3 Valor absoluto de um inteiro 1.4 Fatorial ss 1.5 Namero binomial .. m 1.6 Nimeros binomiais complementares . : 1.7 Mimeros binomiais consecutivos Exercicios . caPiTuLo 2 - INDUGAO MATEMATICA 2.1 Elemento minimo de um conjunto de inteiros 2.2 Principio da boa ordenacao . as 2.3 Prineipio de indugao finita ... a 2.4 Indugdo matematica ..... 2.5 2.6 Outras formas de indugao matendtica . Exercicios ...... detec eeeee seeeee CAPITULO 3 - SOMATORIOS E PRODUTORIOS Somatorios . Propriedades dos somatorios . Somatorios duplos .. Produtérios ...... Propriedades dos produtdrios Teorema do bindmio Triangulo de PASCAL Propriedades do triangulo de PASCAL .. Nimeros triangulares .............. Exercicios ....... teeee PELYLLULUY bo mUTAueone 13 14 16 13 20 21 21 25 31 32 34 35 37 40 45 47 49 50 52 53 55 57 59 61 65 CAPITULO 4 - DIVISIBILIDADE 4.1 Relagao de divisibilidade emZ..., 63 4.2 Conjunto dos divisores de um inteiro . sy TL 4.3 Divisores comuns de dois inteiros .. 72 4.4 Algoritmo da divisao 74 4.5 Paridade de um inteiro ..... - B IERQEGIGLOB! 5 Siaeoeee iene nase mig we. 80 CAPITULO 5 - MAXIMO DIVISOR COMUM 5.1 Maximo divisor comum de dois inteiros 84 5.2 Existéncia e unicidade do mde 385 5.3 Inteiros primos entre si ....... 89 5.4 Caracterizacao do mdc de dois inteiros . 93 5.5 Mde de varios inteiros ; 94 Exercicios .........., ry 96 CAPITULO 6 - ALGORITMO DE EUCLIDES. MINIMO MULTIPLO comuM -1 Algoritmo de EUCLIDES ............ +2 Maltiplos comms de dois inteiros . +3 Minimo miltiplo comum de dois inteiros 5 4 ac 5 Relagao entre o mdc eo me Mme de varios inteiros . Exercicios .........4. DAKAR CAPITULO 7 - NOMEROS PRIMOS 7.1 Nimeros primos e compostos .. 116 7.2 Teorema fundamental da Aritmatica LL 7.3. Formulas que dao primos ., +125 7.4 Crivo de ERATOSTENES ... +126 7.5 Primos gémeos aes Sa ane: 7.6 Sequéncias de inteiros consecutivos compostos128 7.7 Conjectura de GOLDBACH ...... vee eee e129 7.8 Método de fatoragao de FERMAT . ald, Exercicios ..... alae CAPITULO 8 - EQUACOES DIOFANTINAS LINEARES 8.1 Generalidades .........0., oa «137 8.2 Condigao de existéncia de solugao .. 138 8.3 Solugoes da equagao ax + by =c e139 Exercicios ., 146 CAPITULO 9 ~ CONGRUENCIAS 9.1 Inteiros congruentes 148 9.2 Caracterizagao de inteiros congruentes . 150 9.3. Propriedades das congruéncias . 152 9.4 Sistemas completos de restos . 159 Exercicios 162 CAPITULO 10 - CONGRUENCIAS LINEARES 10.1 Generalidades .. 165 10.2 Condigao de existéncia de solugao colt 10.3 Solugdes da congruéncia ax = b (mod. m) .... 168 10.4 Resolugao de equagoes diofantinas lineares por congruéncias .... Es ee DS 10.5 Inverso de um inteiro . 178 Exercicios sseseeeres 179 CAPITULO 11 - SISTEMAS DE CONGRUENCIAS LINEARES 11.1 Generalidades ....... te 181 11.2 Teorema do resto chinez 133 Exercicios ....seeeeeees 191 CAPITULO 12 - TEOREMAS DE FERMAT E WILSON 12.1 Teorema de FERMAT . 193 12.2 Teorema de WILSON . 199 Exercicios 203 CAPITULO 13 - DIVISORES DE UM INTETRO 13.1 Divisores de um inteiro . 205 13.2 Numero de divisores 208 13.3 Soma de divisores 212 13.4 Notagao 13.5 Produto de Exercicios CAPITULO 14 - FUNGOES ARITMETICAS 14.1 Conceito de fungao aritmética ....- 14.2 Fungoes aritmeticas miltiplicativas 14.3. Fungdo de MOBIUS .+e++eesesee 14.4 Fungoes aritméticas mltiplicativas completas 14.5 Fungao maior inteiro .....-.+sseseeeee ee waa 14.6 Formula de inversao de MOBIUS Exercicios CAPITULO 15 - FUNGAO E TEOREMA DE EULER 15.1 Fungao de EULER .... 15.2 Calculo de $(n) 15.3 Propriedades da fungdo de EULER . 15.4 Teorema de EULER ..... 15.5 Relagao entre as funcoes Exercicios ..seesseseeee CAPITULO 16 — NOMEROS PERFELTOS 16.1 Numeros perfeitos .... 16.2 Nimeros multiperfeitos . 16.3 Niimeros amigos ....... 16.4 Nimeros deficientes e abundantes 16.5 Nameros de MERSENNE 16.6 Nameros de FERMAT . Exercicios CAPITULO 17 ~ NOMEROS DE FIBONACCI 17.1 Sequéncias recorrentes . 17,2 Sequéncia de FIBONACCI . 17.3. Somas de niimeros de FIBONACCI 17.4 Soma dos quadrados de nimeros de FIBONACCT. 17.5 Identidades entre niimeros de FIBONACCI . 17.6 Propriedades dos niimeros de FIBONACCI Exercicios ........ CAPITULO 18 - TERNOS PITAGORICOS 18.1 Conceito de terno pitagdrico 18.2 FOrmulas que dao ternos pitagoricos . 18.3 Ternos pitagéricos primitivos ... 18.4 Propriedades dos ternos pitagdricos . Exercicios . CAPITULO 19 - CLASSES RESIDUAIS 19,1 Conceito de classe residual . 19.2 Propriedades das classes residuais 19.3 Conjunto das classes residuais . EBxercicios ..4.0+a0we « . 233 235 237 » 240 244 249 255 258 265 266 267 1 263 272 274 278 279 280 234 285 237 292 296 297 299 301 305 303 310 312 417 CAPITULO 20 - REPRESENTACAO DOS INTEIROS EM OUTRAS BASES. CRITERIOS DE DIVISIBILIDADE Representacao dos inteiros em outras bases.. Critérios de divisibilidade .... Critério de divisibilidade por 9 . Critério de divisibilidade por 11. Exercicios . 8sss ReRY Pera CAPITULO 21 - RAIZES PRIMITIVAS 21.1 Ordem de um inteiro médulo n . 21.2 Raiz primitiva de um inteiro Exercicios ...., 318 323 325 327 323 PREFACIO 0 conceito de nimero desempenha papel fundamental na eivi lizagao moderna, @ as ciéncias mais avangadas sao prec samente aquelas que mais empregam a linguagem dos name- ros. Alias, a Matematica vem se tornando cada vez mais ne Cess@ria em todos os ramos do conhecimento humano, desde a Fisica 4 Biologia, bem como nas ciéncias sociais(Econo- mia, Finangas, etc.). Até mesmo na Psicologia tem sido utilizada com éxito. 0 Livro que ora publicamos pela conceituada "Editora NO- BEL" tem por iinica finalidade fornecer aos estudantes as primeiras nogoes da “Teoria dos Nimeros". Desta forma pro curo contribuir, na medida das minhas forcas, para a me- lhoria do ensino da Matematica em nosso Pais, como,alias, venho fazendo ha muitos anos. Em cada um dos Capitulos do livro os conceitos sao defini, dos com precisdo e as proposicdes fundamentais pertinen= tes sdo todas demonstradas e, logo em seguida, exemplifi- cadas, tendo em vista o leitor que pela primeira vez abor da esta fascinante parte da Matematica pura. Além disso, cada Capitulo termina por um conjunto de Exercicios, numé ricos e tedricos, cujas respostas sao dadas no final do livro, os quais permitem completar a aprendizagem. Edgard de Alencar Filho capitulo 1 NUMEROS INTEIROS NOCOES FUNDAMENTAIS 1.1 NOMEROS INTETROS Os nimeros intetros ou apenas os intetros sio: »73,-2,-1,0,1,2,35... cujo conjunto representa-se pela letra Z, isto é: 2m Lenn -2,-1,0,1,2,3,... 3 Neste conjunto 2 destacam-se os seguintes euboonjuntos: (1) Conjunto 2* dos intedros nao nuloe (# 0): m= {xeZ|x#O}={41, +2, +3, 0.3 (2) Conjunto 2, dos intetros nao negativos (20): 2, ={x€Z[x>0}={0,1,2,3, ...} (3) Conjunto Z_ dos intetros nao positives (<0): 2_ = xe€ 2[x<0}= {0,-1,-2,-3, ...} 14 (4) Conjunto Z* dos intetros posttivos (> 0): 2 = {x€Z[x>0}={1,2,3,...} (5) Conjunto 2* dos tntetros negativos (<0): 2k ={xé2|x<0}={-1,-2,-3, ...} Os intetros postttvos sao também denominados intetros na- turats e por isso o conjunto dos inteiros positivos @ ha- bitualmente designado pela letra N(N = 2%), 1.2 PROPRIEDADES DOS INTEIROS © conjunto Z dos inteiros mmido das operagées de adigdo (+) e multiplicagao(.) possui as propriedades £ undamen- tais que a seguir enumeramos, onde a, bec sao intei- Tos quaisquer, isto @, elementos de 2: qa) (2) (3) (4) (5) (6) atb=bta (a+b) +e= O+asaie va = (-la a(b +c) = ab 0.a=0,e se e e ab =ba as(b +c) e lanza (abe = a(be) an-az=at (-a) =0 + ac ab = 0, entao a= 0 ou b=0. Tanbém existe una "relagdo de ordem" entre os inteiros, representada pelo sinal "<(menor que)", que possui as se guintes propriedades: (7) Se (8) Se (9) Se (10) Se (11) se 15 a#0, entao a<0 ou Ob2c, etc. | 1.3 VALOR ABSOLUTO DE UM INTETRO Definigdo 1.1 Chama-se valor abeoluto de um inteiro a,0 inteiro que se indica por |a|, e tal que a se az0 “a se a<0 Assim, p.ex [3 = 3 |-5] = -(-5) = 5 Consoante a definigao de |a|, para todo inteiro a, temos: 0 valor absoluto |a| de um inteiro a também pode ser de~ finido pelas igualdades: laj=Va, la] =max(-a,a) 17 onde denota a raiz quadrada nao negativa de a e max(-a,a) indica o maior dos dois inteiros -a e a. Assim, p.ex.: 1 -4[ = V ay? V6 2g [| -6! = max(-6,6) = 6 Teorema 1.1 Se ae b sao dois inteiros, entao: lab] = [al . |b] Demonstracao: Com efeito: Jab] = V (ab)? = Vary? eV a? , Vp? Teorema 1.2 Se ae b sao dois inteiros, entao: Ja + bl < fal+ |b] Demonstraga Com efeito, pela definicao de |a|, temos: -lal<¢adq@lal, - [b] <[bl< |b] Somando ordenadamente estas desigualdades, obtemos: (lal + Ib])0 ek dois inteiros tais que O com 1¢k (nt)*. Decompor o inteiro 565 numa soma de cinco inteiros im pares consecutivos. Achar todas as solugdes inteiras e positivas da equa- gio: (e+ L(y + 2) = dxy 26 10. Achar un inteiro positive de dois algarismos-que “se Ja igual ap quadruple da soma dos seus algarismos. Li. Achar o menor e o maior inteiro positive de a algaris mos. 12. Resolver a equaga (x + 2)! = 72.21, 13. Resolver a equagao: 14. Demonstrar: 15. Achar todas as solugoes inteiras e positivas da equa~ ior x? - y2 = 9g 16. Verificar que o quadrado de um inteiro nio pode termi “nar em 2, 3, 7 ou 8. 17. Reconstituir as adigoes: (a) 3* 76+ 244445 * 28 = 17838 (b) 5 * 23 + 40 * * + 1269 = 1 * 927 18. Reconstituir as subtracoes: (a) 1 * 256 ~ 431 * = a9 #6 (b) 63 * 1-43 % 25 % 96 19, 20. 21. 22, 23. 24. 27 © produto de um inteiro positivo de trés algarismos por 7 termina a direita por 638. Achar esse inteiro. Determinar quantos algarismos se empregam para nume- Tar todas as paginas de um livro que tem 2748 pagi- nas. Reconstituir as multiplicacdes: (a) 435 (b) 2*03 *6 #2 *6*0 4806 1305 14*1%* i 1*660 148986 Caleular a soma dos trés matores inteiros de, respec- tivamente, trés, quatro e cinco algarismos. Determinar a diferenga entre o maior inteiro com seis algarismos diferentes e 0 maior inteiro com cinco al- garismos também diferentes. i Um livro tem 1235 paginas. Determinar o numero de ve- zes que o algarismo 1 aparece na mumeracao das pagi- nas deste livro. 28 25. 26, 27. 28. bok 30. 31. 32. Reconstituir as divisoes: (a) # ae Be ae () *O*eL| kHR *91 32 59 6 ae Mostrar que o produto de quatro inteiros consecutivos, aumentado de 1, @ um quadrado perfeito. A soma dos quadrados de dois inteiros 2 3332 e um de- les @ 0 quadruplo do outro. Achar os dois inteiros. Sejam a e b dois inteiros. Demonstrar: max(a,b) = (a +b + [a - b])/2 min(a,b) = (a +b = Ja - b/)/2 Determinar o inteiro n>1 de modo que a soma 1i+ 204 3! +...+ af seja um quadrado perfeito, A média aritmética de dois inteiros positives €5ea média geométrica é 4. Achar os dois inteiros. Achar os cinco inteiros positivos consecutivos cuja soma dos quadrados @ igual a 2010. 0 resto por falta da raiz quadrada de um inteiro posi tivo € 135 eo resto por excesso @ 38. Achar esse in- teiro. 29 xi + 3(x = 2)! — 31 33, Resolver a equacio: PIGS 34, Achar o inteiro que deve ser somado a’cada um dos in- teiros 2, 6 e 14 para que, nesta ordem, formen uma proporeao continua. 35. Mostrar que o produto 12345679 x 9 x k, sendo k#0 um algarismo, @ kkk. kkk. kkk. 36. Achar o valor minimo de uma soma de 10 inteiros posi- tivos distintos, cada um dos quais se escreve com trés algarismos. 37. Mostrar que o produto 37037037 x 3.x k, sendo k #0 um algarismo, @ kkk. kkk.kkk. 38. Um estudante ao efetuar a multiplicagao de 7432 por tm certo inteiro achou o produto 1731656, tendo troca do, por engano, o algarismo das dezenas do multiplica dor, tomando um 3 em vez de 8. Achar o verdadeiro pro duto. 39. Achar o menor inteiro cujo produto por 21 @ um intei- ro formado apenas com algarismos 4. 40. Escreve-se a sequéncia natural dos inteiros positi- vos, sem separar os algarismos: 123456789101112131415... Determinar: 30 41. 42, 43. 4a. 45. 46. 47. (a) 0 4359 algarismo que se escreve; (b) 0 17569 algarismo que se escreve; (c) 0 123879 algarismo que se escreve. Escreve~se a sequéncia natural dos inteiros positi- vos pares, sem separar os algarismos: 24681012141618... Determinar o 25749 algarismo que se escreve. Reconstituir as multiplicagoes: (a) kaa ) ne a4 RRS ARR RE a eas teat ak 90329 36733 Mostrar que o produto de dois fatores entre 10 e 20 @ © décuplo da soma do primeiro com as unidades do se- gundo, mais o produto das unidades dos dois. Achar o menor inteiro positivo que multiplicado por 33 d@ um produto cujos algarismos sao todos 7. Os inteiros ae b sao tais que 4 (a€A e (YxEA) (a12} temo elemento minimo, que € 13 (minA = 13), porque 13€A e 13<¢x pa ra todo x€A, Exemplo 2.3 0 conjunto Z_ = {0,-1,-2,-3,...} dos intet- P08 nao positives ndo tem o elemento minimo, porque nao existe a€Z_ tal que a J mina Exemplo 2.5 0 conjunto A = {1,3,5,7,...} dos intetros posttivos impares @ um subconjunto nao vazio de 2, #acz,). Logo, pelo "Principio da boa ordenagao", A possuio ele- mento minimo (minA = 1), Exemplo 2 O conjunto P = {2,3,5,7,11,...} dos intet- vos primos @ um subconjunto nao vazio de 2.06 # PCZ,), Logo, pelo "Prinetpto da boa ordenagéo", P possuio ele- mento minimo (minP = 2). Teorema 2.2 (de ARCHIMEDES) Se a eb sao dois inteiros positivos quaisquer, entao existe um inteiro positivo n tal que na2b. Demonstragao: Suponhamos que a eb sao dois inteiros positivos para os quais na11; Gi) sea=9 e b=5, entaon= 1, porque 1.9>5, 2.3 PRINCEPIO DE typuGKO FINTTA Teorema 2.3 Seja S um subconjunto do conjunto N dos in- teiros positivos (SCN) que satisfaz as duas seguintes condicoes: (1) 1 pertence a § (1€5); (2) para todo inteiro, positivo k, se kes, entéo k+1€s, Nestas condigdes, S$ @ 0 conjunto N dos inteiros positi- vos: S =N, Demonstrag! Suponhamos, por absurdo, que $ nao @ 0 conjunto N dos in- teiros positivos (S #N) e seja X o conjunto de todos os 35 inteiros positivos que nao pertencem a S, isto é@: K={x| xen e xéS}=n-s Entao, X @ um subeonjunto nao vazio de N(d # XCN) e, pe- lo “Principio da boa ordenagdo", existe o elemento minino X de X(mink = x,). Pela condigéo (1), 1€8, de modo que x >1e, portanto, - 1 ¢um inteiro positivo que nao pertence a X. Logo, Xy — L€S e, pela condicdo (2), segue-se que (x-D)41 = = X)€S, 0 que & uma contradigao, pois, x,€ X= x= S, is to pron »yfS Assim sendo, X= gegen. Consoante este "Principio de tndugao finita", o nico sub, conjunto de N que satisfaz 3s condigdes (1) e (2) 30 ped prio N. 2.4 INDUGAO MATEMATICA Teorema 2.4 Seja P(n) uma proposicdo associada a cada in teiro positivo n e que satisfaz as duas seguintes condi- goes: (1) PQ) @ verdadeira; (2) para todo inteiro positive k, se P(e) @ verdadeira, entao P(k+1) também @ verdadeira. Nestas condigoes, a proposicao P(n) é verdadeira para to- do inteiro positivo n. 36 Demonstragao Seja S 0 conjunto de todos os inteiros positives n para os quais a proposigao P(n) @ verdadeira, isto é: S={n€N | P(n) é verdadeira } Pela condigdo (1), P(1) @ verdadeira e, portanto, 1€S.Pe la condigao (2), para todo inteire positivo k, se k€S,en tao k+l€S. Logo, o conjunto $ satisfaz as condigoes (1) e (2) do "Princtpto de indugéo fintta" e, portanto, SeN, isto @, a proposigdo P(N) é verdadeira para todo inteiro positivo n. NOTA, 0 teorema 2.4 @ geralmente denominado "Teorema da ‘indugao matenatica" ou "Prinetpto de indugao matemittca rs ea “demonstragao de uma proposigao usando-se este teorema chama-se "demonstragdo por indugao matemattca" ou "demons tragdo por indugio sobre xn" Na "demonstragdo por indugdo matemdtica" de uma dada pro- posigao P(n) @ obrigatério verificar que as condicées (1) e (2) sao ambas satisfeitas. A verificagao da condicgao(1) @ geralmente mito facil, mas a verificagao da condicao (2) implica em demonstrar o teorema auxtliar cuja hipote- se é: H: proposigao P(k) @ verdadeira, kEN denominada "tipétese de indugdo", e cuja tese ou conelu- so é: 7 T: proposigao P(k+l) € verdadeira. 37 2.5 EXEMPLOS DE DEMONSTRACAO POR INDUGAO MATEMATICA Exemplo 2.7 Demonstrar a proposigao: Pla) 2143454 ..+ Qn=1) w02, Vaew Demonstraga (1) PQ) € verdadeira, visto que 1 = 12 (2) A hipdtese de indug&o & que a proposigao: P(e): L4+34+5 4... + (2-1) ken é verdadeira. Adicionando 2k+1 a ambos os membros desta igualdade, ob temas: L4+345 4.0.4 (2kel) + (2ke1) = m2 + (2K+1) = (Kt1)? e isto significa que a proposicao P(k+1) @ verdadeira. Logo, pelo "Teorema da indugdo matemitica", a proposi- sao P(n) & verdadeira para todo inteiro positivo n. Exemplo 2.8 Demonstrar a proposicao: Cee , aie *) ta 7+ 2.a* se? ---* aay ae Ven Demonstragao (1) P(L1) @ verdadeira, visto que “Tal * (2) & hipétese de indugao € que 3 proposicao: 1 k Eke) “were | KEN 1 zat @ verdadeira. Adieionando 757 Tea @ anbos os menbros desta igualda de, obtemos: 1 1 "Ete * Tei ceay 1 122% kel i Tz ea . = BL k+l © Cer) (47 +1) (k+2) +2 e isto significa que a proposigao P(k+1) é verdadeira.Lo go, pelo "Teorema da indugao matematica", a proposicao P(n) @ verdadeira para todo inteiro positivo a. Exeniplo 2.9 Demonstrar a proposi¢ao: Pa): 3/(7"-a), ¥ nen Demonstragao: (1) PQ) é verdadeira, visto que 3{ (2? - 1). (2) A hipétese de indugéo que a propdsicio: Pw): a] -1), ken @ verdadeira. Portanto: 2h < 9 wig, com d€z © que implica: 39 22 (+1) 2 42k Ts 2p gk i 4.2 eg 24th age 4.3q + 3 = 3(4q + 1) isto @, a Proposicao P(k+1) @ verdadeira. Logo, pelo "Teg vema da indugdo matemdtica”, a Proposicao P(n) @ verdadei ra para todo inteiro positivo n. Exemplo 2.10 Demonstrar a Proposigao: P(a): 2">n, Ynew Demoustracao: () PCL) @ verdadeira, visto que 2! = 251, (2) A hipétese de indupéo & que a proposicao: P(k): >, ken @ verdadeira. Portanto: 2.2%> 2% on Moses tone 2 que implica: 2! >4 41, isto 3, a Proposicao P(k+1) @ verdadeira. Logo, pelo "eorema da indugdo matematica", 2 proposicao P(n) & verdadeira para todo inteiro positivo 40 2.6 OUTRAS FORMAS DA INDUCAO MATEMATICA Teorema 2.5 Seja r um inteiro positivo fixo e seja P(n) uma proposigao associada a cada inteiro n>r e que sa- tisfaz Gs duas seguintes condicgdes: (1) P(r) é verdadeira; (2) para todo inteiro kr, se P(k) @ verdadeira, entao P(k+1) também @ verdadeira. Nestas condigoes, P(n) @ verdadeira para todo inteiro n2r. Demonstraga Seja S$ o conjunto de todos os inteiros positivos n para os quais a proposicgao P(r + n - 1) @ verdadeira, isto é: S={n€N |P(r +n - 1) @ verdadeira } Pela condigao (1), P(r) = P(r + 1 - 1) @ verdadeira, isto &, 1€S. £, pela condigao (2), se P(r +k ~-1) é verda- deira, entao: P(r +k - 1) +1) = P(r + (k +1) - 1) também é verdadeira, isto €, se k€S, entao k+1ES. Lo go, pelo "Principio de indugao finita", S € 0 conjunto dos inteiros positivos: $= N, isto é, a proposicao P(r +n - 1) @ verdadeira para’tedo n€N, ou seja, o que @ a mesma coisa, a proposigao P(n) @ verdadeira para todo inteiro n2r. 41 Exemplo 1 Demonstrar a Proposicao: Pn): 272ne2, Yada Demonstragao: : (1) P(3) @ verdadeira, visto que 32 =9>2.3+127. 42 (2) Suponhamos, agora, que & verdadeira a proposigao: P(e): k2> 2ke1 * k23 Entao, temos: 2 + (2k#1) > (241) + (2k41) (k+1)? > 2Gc+1)# 2k > 2(ke1) + 6 e, portanto: (er)? > 2¢ke1) + 1 isto @, a proposigao P(k+1) @ verdadeira. Logo,pelo teo- rema 2.5, a proposigao P(n) @ verdadeira para todo intei- ro n>3. Observe-se que a proposigao P(n) @ falsa paran=len-= = 2, pois, temos: 2 caret e 2e2241 Teorema 2.6 Seja P(n) uma proposicao associada a cada inteiro positive ne que satisfaz as duas seguintes condi goes: (1) P(1) @ verdadeira; (2) para todo inteiro positivo k, se P(1),P(2),...,P(k) sao todas verdadeiras, entao P(k+1) também é verda deira, 43 Nestas condigoes, a proposicao P(n) & verdadeira para to do inteiro positive n. Demonstragao : Seja $ 0 conjunto de todos os inteiros positives n para os quais a proposicao P(n) @ verdadeira, isto é: S={n€N |P(n) @ verdadeira } Suponhamos, por absurdo, que $#N e sejaXo conjunto de todos os inteiros positivos que nao pertencem a S » is~ to é: i Ka{x|xen e xds}en-s Entao, X @ um subconjunto nao vazio de Ne, pelo "Princd- pto da boa ordenagao", existe 0 elemento minimo ide x (minX = 3), Pela condigao (1), 1€S, de modo que j>1, e como j Zo menor inteiro positivo que nao pertence a S, segue-se que aS proposigoes P(1), P(2),...,P(j-1) sao todas verdadei- ras, Entao, pela condigao (2), a proposigao P(j) € verda deira e j€S, o que é uma econtradigao, pois, j€X, isto , j¢S. Assim sendo, S=N ea proposigao P(n) & ver- dadeira para todo inteiro positivo n. Teorema 2.7 Seja r um inteiro positivo fixo e seja P(n) uma proposicdo associada a cada inteiro n%r e que sa- tisfaz as duas seguintes condicdes: 4a (1) P(x) @ verdadeira; (2) para todo inteiro k>r, se P(m) @ verdadeira para todo inteiro m tal que rr. Demonstrag: Seja S o conjunto de todos os inteiros nzr para os quais a proposicao P(n) @ falsa, isto é: S=({n€nN|n>r e P(n) é falsa} Suponhamos, por absurdo, que S nao @ vazio (S #$). En tao, pelo "Principio da boa ordenagdo", existe o elemen- to minimo j de S(minS = j). Pela condigao (1), r¢S, de modo que j>r, e por conse- guinte P(m) @ verdadeira para todo inteiro m tal que r¢m02, YY nes () 2%>03, Vinzi0 (ay tout, y aps 2: (e) nt>n?,” Yn (f) nom, = yn2r6 Demonstrar por "indugao matematica"; (a2) 2) @Q™), Wnen (6) 6] @? =n), Yuen 46 (e) 5[(s"- 35, Vnen (a) 24 (571), Ynen (7/31, Ynew (£) 81977), Ynen Denonstrar que 10! - 99 - 10 @ um miltiplo de 81 pa ra todo inteiro positivo n. da #0 hae, 2.4 Demonstrar que > +e ea & um inteiro positive pa ra todo n€N. CAPITULO 3 SOMATORIOS & PRODUTORIOS 3.1 SOMATORTOS Sejamos n>1 inteiros 4) :895+++,4,. Para indicar, de modo abreviado, a soma a, + a) +...+ a, desses n intei- ros usa-se a notagao: que se 18: "somatorio de a; de lan". Em particular, para n = 2,3,...,temos: 2 3 Ele wie, © ay; i a, = isl z 2 isl A letra i chama-se o indice do somatério e pode ser subs- tituida por qualquer outra diferente de aeden- é@ um indice mo. E os inteiros 1 e n que figuram abaixo e aci ma da letra grega maiiscula £ (sigma) chamam-se respecti vamente limite inferior e Limite superior do indice i 438 0 niimero de pareelas de um somatério é sempre igual’ Z di- ferenca entre’os limites superior e inferior do seu Indi- ce mais uma unidade. Se men sao dois inteiros, com m¢n, entao, por defini gao: n - M7 nt Sued * oa + iar ism Exemplo 3.1 Temos: 7 E E Si=5.14+5.245.3+5.4+5.545.645.7 = isl = 5 +104 15 + 20 + 25 + 30 + 35 = 140 4 © (8§-3) = (8.1-3) + (8.2-3) + (8.3-3) + (8.4-3) = jel =5+13+ 21 + 29 = 68 8 Bke2k = 3.29 + 4.24 4 5,25 4 6.25 4 7.97 8.28 ke3 = 24 + 64 + 160 + 384 + 896 + 2048 = 3576 Exemplo 3.2 Temos: 6 ¥ 2+448+16+32+64= 5 2h isl 15 1+3+54...4292 £ (2) -1) j=l 49 3.2 PROPRIEDADES DOS SOMATORIOS a Teorema 3.1 = (a. Demonstracao: Com efeito, desenvolvendo o primeiro membro, temos: a sy (a;4b;) = (a,+b)) ¥ (agtb) + * (a) ° = Caytaytent a.) + (bytbyte tb) = 2 a =f + Ib, ist * ist 2 Teorema 3.2 To a=na . isl Demonstragao: Teorema 3 Demonstragao: Consoante os dois teoremas anteriores, temos: 50 0 n n Zo (a;+a)= Ea, + 2 as f a, tna isl * isl * Get ef n 2 Teorena 3.4 E ka, =k E a, isl * i=l * Demonstragao: Com efeito, desenvolvendo o primeiro membro, temos: a a Eo kay = kay + kayte..t ka = k(aytayte eta) =k Ea, isl isl 20 Exémplo 3.3 Calcular = (Si + 2) isi Consoante os teoremas anteriores temos, sucessivamente: 20 20 20 20 & (Sit2) = £ Si+ £ 255 F it 20.26 isl isl ist isl = S5(L+ 2+... + 20) +40 = da + 20)20 + 40 = 5,210 + 40 = 1090 3.3 SOMATORIOS DUPLOS a Teorema 3.5 Eo a.. = i, jal 31 Demonstraga: Com efeito, desenvolvendo o primeiro membro, temos: n Boigu Ait et ag tag tag tee tag t i,jel teeta tay tata ou seja: a a 2 a aon Eoa,= 2 a.,+ Da.+..+ fam E La, atygen jer pay 25 ga gen ger 25 mon a 2 Teorema 3.6 = Lab, = fa. E b, ca gelisr*> J js. t ga J Demons tragao: Com efeito, pelo teorema 3.4, temos: moa nfo 2 EOE ab, 5 E abs |= © = jetist * 40 ja | ier 44 jel a nm =ity . 5% i-l jar 3 . Be Bribe Exemplo 3.4 Caleuiar £ £ 2734 jel isl Consoante o teorema 3.6, temos: ma oe BoE ais = Eats ado (2 + 2742703 + 3%) © jel ieL isl jet = 14.12 = 168 3.4 PRODUTGRIOS Sejam os n>1 inteiros 811855 »4,+ Para indicar, de mo do abreviado, o produto a,a,...a, desses n inteiros usa~ se a notagao: a T a, ie. + que se 1é: "produtorio de a; dela a’. Em particular, para n= 2,3,..., temos: 2 3 T a. =aa,, T 4; =e,a,a,, ..: ie, rt ia. i res A letra i chama-se o indice do produtério e pode ser subs tituida por qualquer outra diferente de aeden- éum indice mido. E os inteiros 1 e n que figuram abaixo e aci ma da letra grega maiiiscula I (pi) chamam-se respectiva- nente limite inferior e limite superior do indice i. 0 nimero de fatores de um produtério é sempre igual a di- ferenga entre os limites superior e inferior do seu indi~ ce mais uma unidade. 53 Se men sao dois inteiros, com mén, entao, por defi gio: Exemplo 3.5 Temos: 6 JW 3i = (3 -1) (3.2) (3.3) (3.4) (3.5) (3.6) = Aol 3,6.9.12.15.18 = 524880 4 ; TM (5j - 3) = (5.1 - 3)(5.2 = 3)(5.3 = 3)(5.4 - 3) = jel = 2.7.12.17 = 2856 Exemplo 3.6 Temos: 6 3,.9.27.81.243.729 = 1 3 isl 1.2.3...(n-1)n = al 3.5 PROPRIEDADES DOS PRODUTGRIOS. Teorema 3.7 54 Demonstragao: Com efeito, desenvolvendo o primeiro membro, temos: n ie ash. = (ayby) Canby)... (a,b) - (a,25-.+a,) (b, = Pores n oreby) “ z a,. n Teorema 3.8 T asa Demonstraga Seja a; =a para i= 1,2,...,n. Entao, temos: a a Hoae M apm ajay ..ap-aa sas at isl isl a Teorema 3.9 fl ka, = 35 5 15 35: 1 6 a1 1 ? 59 (ii) cada linha tem um elemento a mais que a linha an- terior; (iii) todas as linhas comegam e terminam por 1, visto que a. a, @=Qet (iv) os elementos da linha de ordem n+l sao precisa~ mente os coeficie ntes do desenvolvimento de n (a+b). Assim, p.ex., os elementos da setima linha sao os coefi- cientes do desenvolvimento de (a+b)®, 3.8 PROPRIEDADES DO TRIANGULO DE PASCAL 0 triangulo de PASCAL goza de indmeras propriedades, den- tre as quais destacam-se as seguintes: (1) Dois elementos de uma mesma linha, equidistantes dos extremos, sao iguais. E consequéncia da férmula (1) = ( dois nimeros n mk? binomiais complementares sao iguais. (11) A soma dos elementos da linha de ordem n+l @ igual a a2 £ consequencia da formula: + G+ G+ + GMO + GD) wt 60 (IIT) (Iv) Cada elemento de uma linha, a partir do segundo,’ é @ soma do elemento que lhe fica acima com o que es ta @ esquerda deste dltimo. E consequéncia da relagdo de STIFEL: n ny n+l. D+ @- ath Esta propriedade permite a construcao rapida e f4- cil do tritngulo de Pascan. A soma de um nilmero quaiquer de elementos consecu- tivos de uma coluna,a partir do primeiro, @ igual ao elemento que se encontra na intersegao da linha e da coluna imediatamente posteriores aquelas 2 que Pertence o ultimo dos elementos considerados. Esta propriedade resulta da formula: @ = dap + pts gt +e Assim, p.ex., a soma dos n primeiros elementos da segunda cola: 1. 2 k- n=1 2. Qs Ds Os ne CD, ® 3 igual a ("$4), isto &: L+2434 0.4 (ol) +n = OD 61 (V) A soma de um niimero qualquer de elementos consecuti vos de uma mesma diagonal, a partir de um elemento da primeira coluna, & igual ao elemento que se en- contra na mesma coluna do iltimo elemento considera do e imediatamente abaixo deste. Esta propriedade decorre da formula: n n-L. n-2 Ge) * Got) * ore te + OH Assim, p.ex., sao elementos consecutivos de uma mes ma diagonal: 7 Ae Sete (p> Ge GIs ween ¢ e, portanto: n+l. D+ D+ Qtr y= ab 3.9. NOMEROS TRIANGULARES Os inteiros que formam a tercetra coluna do triangulo de PASCAL: L=1, 35142, 6214+2+3 lO=1+2+4+3+4+4, 15 L+24+34+4645, 0... cada um dos quais @ a soma de inteiros consecutivos come gando por 1, chamam-se nimmeros triangulares, porque cada 62 um deles da o numero de pontos que podem ser ‘dispostos em forma de triGngulo equildtero, conforme mostram as figu- ras abaixo: abd & Denotando o n-Gsino niinero triangular por t,, as proprie~ dades do triangulo de PASCAL permitem afirmar que t_ tem para expressao* n+1 n(ntl) ‘ist @ que a soma S, dos n primeiros nimeros triangulares é da da pela férmila: ct2y . n(n#l) (n42) $256 Teorema 3.10 A soma de dois niimeros triangulares consecu tivos @ um quadrado perfeito. Demonstra¢ai Com efeito: 63 NOTA. Os pitagoricos relacionaram os inteiros com a Geome tria, introduzindo os nimeros poligonats : nimeros trian- gulares, nimeros quadriticos, niimeros pentagonats, etc. A razao desta nomenclatura geométrica resulta da represen tagao dos niimeros poligonais mediante Pontos dispostos em forma de triangulos, quadrados, pentagonos, etc., como mostram as figuras que se seguem: a BE aE re Denotando o n-ésimo nimero quadratico por q,> @ imediato n?, @ temos (Teorema 3.10): que a. 64 isto @, o n-ésimo niimero quadratico a soma do n-ésimo nimero triangular e do seu antecessor. Fste resultado os pitagéricos conheciam, e o demonstraram Separando os pontos e contando-os, no modo indicado nas figuras. A soma Sq dos n primeiros nimeros quadraticos dado pela formula: vi = n(n + 1)(2n + 1)/6 conforme Exercicio la. do Capitulo 2, 65 EXERCICIOS Calculer: Sag di (@y Fa () = 6 isl i=3 4 3 (eo) 2% (+1) +2) @) = Ke jel kel Calcular 3 2 3 (a) TT (3+i*) () Ts isl k=l 6 7 oe fc) TM (j-1) G41) (a) oT n/2 jn2 n=3 Usando o simbolo de somatérto, escrever as seguintes expressoes: (a) apby + aby * ab, + aydy (b) 3.6.5 + 4.5.6 + 5.6.7 +... K(k) (+2) Ge) apby3 + Agghyq * Apbg3 + 24043 + Azsbs3 66 Dizer se & verdadetro (V) ou falso (F): n n+3 n n (a) E (443) = fog (b) £ (244) =2+ Ea i=l is4 i=l i=l a» n 5 5 (ec) Mat = (May) (a) Day= Ea, f=1 isl i=0 isl Demonstrar: m n n m I May 1 tay, d=1 j=1 430 21 ae1 15 Demonstrar as seguintes propriedades dos niime vos triangulares: (a) Um niimero & triangular se e somente se da forma n(n + 1)/2, onde n é um inteiro positivo. (b) 0 inteiro n & um niimero triangular se e somente se 8n+l @ um quadrado perfeito (c) Se n & um niimero triangular, entdo 9nt1, 25n+3 e 49n+6 também sao niimeros trtangu- laves. Na sequéncia dos nimeros triangulares, achar (a) dois nimeros triangulares cuja soma e di- ferenga também sejam nimeros triangulares; (b) trés nimeros triangulares consecutivos cujo produto seja um quadrado perfeito; 10. 67 (c) trés nimeros triangulares consecutivos cuja soma seja um cuadrado perfeito. Demonstrar: (a) ) = tee LBS 0, nol 0 zr 2 n ) GY #2) 43th = th, not fe) Gy + 2) + 2B ee. e2) By a3”, nol 2+ GQ) + tet = My, nee Calcular o termo independente de x no desen- ‘ volvimento de Sx + 29 No desenvolvimento de (a +b)" os coeficien- tes do 3? e do 8¢ termos sao tguats. Calcular n. CAPITULO 4 DIVISIBILIDADE 4.1 RELAGAO DE DIVISIBILIDADE EM Z Definigao 4.1 sejam ae b dois inteiros, coma ¥# 0. Diz~ Se que a divide b se e somente se existe um inteiro q tal que b = aq. sque & @ um miltipio de a, que 2 um fator de & ou que bé divieivel por a. Se a divide b também se diz que a um divisor de b, Com a notagao "a|b" indica-se que a #0 divide b e, por- tanto, a notagao b. b" significa que a ¢ 0 n@o divide A relagdo "a divide b (a]b)" denomina-se visibilidade om 2. relagdo de di~ Se a @ um divisor de b, entdo va também Zum dtvtsor de 5, porque a igualdade b = aq implica b = (wa)(-q), da modo que os dévisores de um inteiro qualquer sao dois a dois iguais em valor absoluto ¢ de sinais opostos (olmd- 69 tricos), Assim, p.ex.: 2|6, porque 6 = 2.3 -5|30, porque 30 = (-5)(-6) 7|-21, porque -21 = 7(-3) afro, porque nao existe q€Z tal que 10 = 32 Teorema 4.1 Quaisquer que sejam os inteiros a, b e c,tem se: (1) al, lla e ala (2) Se all, entdo a= 41 (3) Se alb ese cla , entao ac|ba (4) Se alb ese b lc, entao ale (5) Se alb ese bla, entao a +b (6) Se alb, comb #0, entao [a/<|b| (7) Se alb ese ale, entao al(dxtcy), Vx,yez Demonstragao: (1) Com efeito: O#a.0, asl.a, asad (2) Com efeito, se ali, entao 1 = aq, com qé Z,o que 70 implica a=leq*=loua--leq=-l, asttly (3) Com efeito: alb ===> b= aq, com q€Z cld = a= cqy, com qe Z Portanto: Bd = (ac) (qq) => ac|bd (4) Com efeito: alb —>s- aq, com q€Z ble =e = ba, com aye Portanto: c= a(qa,—==> ale (5S) Com efeito: alb——>b = aq, com qéZ pla a + bay, com 4,€ 2 Portanto: a = a(qq,) aq, = 1S gy Tait 4 eae eo (6) Com efeito: isto é: 71 alb,b #0——>b=aq, g¥0 = [df = fal] al Como q #0, segue-se que {q/ 21 e, portanto: |b] > Jal (7) Com efeito: alb => b= aq, com q€Z ale c= aq, com ez Portanto, quaisquer que sejam os inteiros x e y: bxtcy = agxtaqyy = a(qxtqyy) —> al (bxtcy) Esta propriedade (7) admite uma Gbvia generalizacao; isto 6, se entAo, quaisquer que sejam os inteiros KpoXpreees al (byx, + box, + we + bax) Consoante as propriedades (1) e (4), a relagdo de divisibilidade Z @ reflemtva e transttiva, mas nao é stmétrica, porque, p.ex., 3/6 e 64. 4.2 CONJUNTO DOS DIVISORES DE UM INTEIRO 9 conjunto de todos os dévisores de um intefro qualquer a indica~se por D(a), isto é: 72 D(a) = {x€2* | xa } onde 2Z* denota o conjunto dos inteiros ndo nulos (# 0). Assim, p.ex.t D(O) ={x€ 2*| xla}= ze D(L) ={x€2Z*| x{1}= {-1,1} D(2) = {xe Ze] x[2}= (41, +2} D8) =(x€ ZA) x|-8}={H1, + E imediato que, para todo inteiro a, se tem D(a) = D(-a), € como a= a.l = (-a).(-1) Segue-se que 1, -1, 2 e -a so divisores dea, denomi- nados divisores triviats de a, Em particular, o inteiro 1 (ou -1) 86 admite divisores triviais. Qualquer que seja o intéiro a #0, se xfa, entao: -agxga——> D(a) C [Fa,a] e isto significa que qualquer inteiro a #0 tem um niime— to finito de divisores. 4.3 DIVISORES COMUNS DE DOIS INTEIROS Definigdéo 4.2 Chama-se divtsor comm de dois inteiros a eb todo inteiro d #0 tal que dja e dlb. 73 Em outros termos, divisor comin de dois inteiros ae b ¢ todo inteiro @ #0 que pertence simultaneamente aos con juntos D(a) e D(b). 9 conjunto de todos os divisores comms a dois inteiros a eb indica-se por D(a,b). Portanto, simbolicamente: D(a,b) ={x€z* | xja e x/b} ou seja: D(a,b) ={x€zZ*| xeD(a) e x€D(b) } e, portanto: D(a,b) = D(a)MD(b) A intersegao (1) @ uma operagdo comitativa, de modo’ que D(a,b) nao depende da ordem dos inteiros dados aeb, is- to &: D(a,b) = D(b,a). Como -1 e 1 sao divisores comms de dois inteiros quais-— quer a e b, segue-se que o conjunto D(a,b) dos divisores comuns de a e b munca & vazto: D(a,b) # >. Em particular, se a= b= 0, entao todo inteiro nao nulo éum divisor comun de a eb, isto 8: D(a,b) = 2%. Exemplo 4.1 Sejam os inteiros a= 12 eb = -15, Temos: D(12) ={+1, +2, +3, +4, 46, +12} D(-15) ={+1, +3, #5, +15} 74 Portanto: D(42,-15) = D(12)N DG15) ={ +1, +3} 4.4 ALGORITMO DA DIVISAO Teorema 4.2 Se ae b sao dois inteiros, com b>0, entao extetem e sao inicos os inteiros q e r que satisfazen as condigoes: a=ba+re O¢r0, temos b>1 e, portanto, para x = - [a|, resulta: a-bx=atblal >a+t jal 20 Assim sendo, pelo "Principio da boa ordenagdo", existe 0° elemento minimo x de $ tal que r20 e r=a-ba ou a=bqtr, com ges Além disso, temos rb, terfamos: 75 Osr-b=a-bqa-b=a-b@4 ler isto @, r nao seria o elemento minimo de S. Para demonstrar a wietdade de q © x, suponhamos que exis tem dois outros inteiros q, e r, tais que asbq +r) € O¢r, 0, nada ha que demonstrar, e se b<0, 76 entao |b] >0, e por conseguinte existem e sao inicos os inteiros q, e x tais que a= [Bla +r e Ogr< || ou seja, por ser a= B(-q)) +r e O¢r< |b] Portanto, extetem e sao imtcos os inteiros q = “4, er tais que a=ba+r oe O¢r<|bl Os inteiros q e r chamam-se respectivamente o quoctiente e o'resto na divisao de a por by Observe-se que b 2 dévdsor de a se e somente se 0 resto r= 0. Neste caso, temos a= bq ¢€ 0 quoctente gna dim visdo exata de a por b indfea-se tanSéa por pou a/b (q = 2 = afb), que se 1@ "a sobre b". Exemplo 4.2 Achar 0 quociente qeorestorna divisde de a= 59 por b = -14 que satisfazem As condigoes da al- gorttmo da divisao. Efetuando a divisao usual dos valores abeolutoe de a o b. obtemos: 59 = 14.443 77 © que implica: 59 = C14)(-4) +3 e 0¢3<]-14] Logo, 0 quociente q=-4 eo resto r = 3, Exemplo 4.3 Achar 0 quoctente qe 0 resto rna divisao de a= -79 por 6 = 11 que satisfazem as condigées do at gorttmo da divisan, Efetuando a divisao usual dos valores absolutos de a e b, obtemos: 79 = 11,7 +2 © que implica: “79 = 11(-7) -2 Como 0 termo r= -2<0 nao satisfaz 4 condigdo O¢rqeoer=1 “2s C7).145 © O<5<|-7]} —> quier-s 78 61 = (-7)(-8) +5 e 0<5<|-7]——>q = Beras5 759 = (-7).9 +4 O