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Explicação da Xana – A formação do Reino de Portugal

História e Geografia de Portugal – 5.º Ano

D. Afonso Henriques e a luta pela


independência
Cristãos e Muçulmanos no período da Reconquista Cristã

1. A resistência cristã
Durante a ocupação muçulmana alguns nobres visigodos conseguiram refugiar-
se nas Astúrias (zona montanhosa no norte da Península ibérica). Foi a partir
deste local que os cristãos formaram núcleos de resistência contra os
Muçulmanos e no ano de 722 obtiveram a sua primeira grande vitória na
batalha de Covadonga, chefiados por Pelágio. Depois deste acontecimento
formou-se o reino das Astúrias.

2. A Reconquista Cristã
Foi então a partir das Astúrias e junto dos Pirenéus que se iniciou a Reconquista
Cristã, ou seja, os cristãos começaram a lutar contra os Muçulmanos para voltar
a conquistar as terras que perderam para os Muçulmanos.
Com o passar do tempo o reino das Astúrias deu lugar a outros reinos cristãos:
• Reino de Leão;
• Reino de Castela;
• Reino de Navarra;
• Reino de Aragão.
Cada reino tinha como objectivo conquistar terras a sul aos Muçulmanos de
forma a expulsá-los da Península Ibérica.
Foram precisos quase 800 anos para o conseguirem. Entretanto também houve
períodos de paz e confraternização. Cristãos e Muçulmanos foram-se
habituando a aceitar costumes e tradições diferentes dos seus.

3. Condado Portucalense
Durante a Reconquista Cristã os reis cristãos da Península Ibérica pediram
auxílio a outros reinos cristãos da Europa para reconquistar os territórios aos
Muçulmanos. Os cavaleiros que vieram ajudar na luta contra os Muçulmanos
chamavam-se cruzados.
A pedido de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram de França os
cruzados D. Raimundo e D. Henrique. Em troca pelos seus serviços os
cruzados receberam:

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 D. Raimundo: a mão da filha legítima do rei, D. Urraca, e o Condado de


Galiza;
 D. Henrique: a mão da filha ilegítima do rei, D. Teresa, e o Condado de
Portucale.
Estes condados pertenciam ao reino de Leão, por isso D. Henrique tinha que
prestar obediência, lealdade e auxílio militar ao rei D. Afonso VI. Em 1112
morre e como o seu filho, D. Afonso Henriques, apenas tinha 4 anos de idade,
ficou D. Teresa a governar o Condado Portucalense.

4. A luta pela independência


Em 1125, aos 16 anos, D. Afonso Henriques armou-se a si próprio cavaleiro,
como só faziam os reis. D. Afonso Henriques tinha como ambição concretizar o
desejo do seu pai D. Henrique: tornar o Condado Portucalense independente do
reino de Leão e Castela.
Nesta altura, D. Teresa mantinha uma relação amorosa com um fidalgo galego,
o conde Fernão Peres de Trava. Esta relação prejudicava a ambição de tornar o
Condado Portucalense independente. Por isso, apoiado por alguns nobres
portucalenses, D. Afonso Henriques revoltou-se contra a sua mãe.
Em 1128, D. Teresa é derrotada na batalha de S. Mamede por D. Afonso
Henriques, que passa a governar o Condado Portucalense.
D. Afonso Henriques passa a ter duas lutas:
 Luta contra D. Afonso VI para conseguir a independência do Condado
Portucalense;
 Luta contra os Muçulmanos para aumentar o território para sul.

5. O reino de Portugal
Para a formação de Portugal foram bastante importantes as seguintes batalhas:
 1136: batalha de Cerneja onde D. Afonso Henriques vence os galegos.
 1139: batalha de Ourique onde D. Afonso Henriques derrota os exércitos de
cinco reis mouros.
 1140: batalha em Arcos de Valdevez, D. Afonso Henriques vence novamente os
exércitos de D. Afonso VII.
Com estas vitórias de D. Afonso Henriques, D. Afonso VII, seu primo agora rei
de Leão e Castela, viu-se obrigado a fazer um acordo de paz – o Tratado de
Zamora. Neste tratado, assinado em 1143, Afonso VII concede a independência

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ao Condado Portucalense que passa a chamar-se reino de Portugal, e reconhece


D. Afonso Henriques como seu rei.

6. A conquista da linha do Tejo


Feita a paz com o rei de Leão e Castela, D. Afonso Henriques passou a
preocupar-se exclusivamente em conquistar territórios a sul aos mouros de
forma a alargar o território do reino de Portugal:
 1145: conquista definitiva de Leiria;
 1147: conquista de Santarém e Lisboa.
Na reconquista das terras aos mouros participou quase toda a população
portuguesa que podia pegar em armas:
 Senhores nobres e monges guerreiros: combatiam a cavalo, comandavam os
guerreiros e recebiam terras como recompensa pelos seus serviços prestados ao
rei;
 Homens do povo: combatiam a pé e eram a grande maioria dos combatentes.
Em algumas batalhas os portugueses foram ainda ajudados por cruzados bem
treinados e com armas próprias para atacar as muralhas, vindos do Norte da
Europa.

7. O reconhecimento do reino
Apesar de o rei Afonso VII ter reconhecido em 1143 D. Afonso Henriques como
rei de Portugal, o mesmo não aconteceu com o Papa.
O Papa era o chefe supremo da Igreja Católica e tinha muitos poderes. Os reis
cristãos lhe deviam total obediência e fidelidade. Para a independência de um
reino ser respeitada pelos outros reinos cristãos teria de ser reconhecida por ele.
Para obter este reconhecimento D. Afonso Henriques mandou
construir sés e igrejas e deu privilégios e regalias aos mosteiros.
Só em 1179 é que houve o reconhecimento por parte do papa Alexandre
III através de uma bula (documento escrito pelo papa).

8. Alargamento do território e definição de


fronteiras
Portugal foi uma monarquia desde 1143 até 1910, ou seja, durante este período
Portugal foi sempre governado por um rei.
A monarquia portuguesa era hereditária. Isto significa que quem sucede um rei
é o seu filho mais velho (o príncipe herdeiro).
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Depois da morte de D. Afonso Henriques sucederam-lhe:


 D. Sancho I;
 D. Afonso II;
 D. Sancho II;
 D. Afonso III;
 Etc…
Os primeiros 4 reis de Portugal, a seguir a D. Afonso Henriques, continuaram a
conquistar territórios aos mouros até que em 1249 D. Afonso III conquista
definitivamente o Algarve.
Entretanto, os limites do território não estavam totalmente definidos pois havia
zonas a norte e a este que ainda estavam em disputa com o reino de Leão e
Castela.
Só em 1297, com o Tratado de Alcanises, entre D. Dinis, rei de Portugal, e D.
Fernando, rei de Leão e Castela, ficaram definidas as fronteiras do território
português que assim se mantiveram aproximadamente até os dias de hoje.
Apenas em 1801 Espanha ocupou Olivença que já não faz parte de Portugal.

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Questões:
1) O que foi a reconquista cristã?
2) Como ficou chamada a primeira batalha que os cristãos venceram em
722 e quem a comandou?
3) Como ficou dividido o Reino das Astúrias?
4) Quem eram e qual o papel dos cruzados?
5) Houve dois cruzados que se destacaram pela valentia e coragem.
Quem foram?
6) De que forma D. Afonso VI agradeceu a ajudada por estes cruzados?
7) Quais as obrigações do Conde D. Henrique para com o rei?
8) Com a morte de D. Afonso VI, quem ficou a governar o Condado
Portucalense?
9) Porque razão D. Afonso Henriques se revoltou contra a própria mãe?
10) Qual o significado da Batalha de S. Mamede e em que ano ocorreu?
11) O que precisava D. Afonso Henriques para concretizar a
independência do Condado?
12) Qual a importância da batalha de Ourique para a concretização da
formação de Portugal?
13) Qual o significado do tratado de Zamora?
14) Qual a importância do rio Tejo para a defesa do território português?
15) Qual a importância do reconhecimento do rei pelo papa?
16) Em que ano e através do quê, o Papa Alexandre III, reconheceu D.
Afonso Henriques como rei de Portugal?
17) Até quando Portugal continuou a ser uma monarquia?
18) Quais os primeiros reis que sucederam a D. Afonso Henriques?
19) Quando se deu a conquista definitiva do Algarve?
20) Qual a importância do tratado de Alcanises?

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Respostas:
1) O que foi a reconquista cristã?
A reconquista cristã consiste num movimento de resistência dos cristãos
à ocupação dos muçulmanos na Península Ibérica e durou cerca de 8 séculos, ou
seja, os cristãos lutaram contra os muçulmanos para recuperarem os territórios
que tinham perdido e esta guerra durou cerca de 800 anos.

2) Como ficou chamada a primeira batalha que os cristãos venceram


em 722 e quem a comandou?
A primeira batalha que os cristãos venceram foi a Batalha de Covadonga,
em 722 e foi comandada por Pelágio, que era o fundador do Reino das Astúrias.

3) Como ficou dividido o Reino das Astúrias?


O reino das Astúrias ficou dividido em: Reino de Leão e Reino de Castela
(que mais tarde se juntaram e formaram o reino de Leão e Castela), o reino de
Navarra e o reino de Aragão.

4) Quem eram e qual o papel dos cruzados?


Os cruzados eram os cavaleiros que ajudaram os cristãos na luta contra
os muçulmanos. Durante a Reconquista Cristã os reis cristãos da Península
Ibérica pediram auxílio a outros reinos cristãos da Europa para reconquistar os
territórios aos Muçulmanos.

5) Houve dois cruzados que se destacaram pela valentia e coragem. Quem


foram?
A pedido de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram de França os
cruzados D. Raimundo e D. Henrique.

6) De que forma D. Afonso VI agradeceu a ajudada por estes cruzados?


Em troca pelos seus serviços os cruzados receberam:
 D. Raimundo: a mão da filha legítima do rei, D. Urraca, e
o Condado de Galiza;

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 D. Henrique: a mão da filha ilegítima do rei, D. Teresa, e


o Condado de Portucale.

7) Quais as obrigações do Conde D. Henrique para com o rei?


Estes condados pertenciam ao reino de Leão, por isso D. Henrique tinha
que prestar obediência, lealdade e auxílio militar ao rei D. Afonso VI.

8) Com a morte de D. Afonso VI, quem ficou a governar o Condado


Portucalense?
Em 1112 morre e como o seu filho, D. Afonso Henriques, apenas tinha 4
anos de idade, ficou D. Teresa a governar o Condado Portucalense.

9) Porque razão D. Afonso Henriques se revoltou contra a própria mãe?


Em 1125, aos 16 anos, D. Afonso Henriques armou-se a si
próprio cavaleiro, como só faziam os reis. D. Afonso Henriques tinha como
ambição concretizar o desejo do seu pai D. Henrique: tornar o Condado
Portucalense independente do reino de Leão e Castela.
Nesta altura, D. Teresa mantinha uma relação amorosa com um fidalgo
galego, o conde Fernão Peres de Trava. Esta relação prejudicava a ambição de
tornar o Condado Portucalense independente. Por isso, apoiado por alguns
nobres portucalenses, D. Afonso Henriques revoltou-se contra a sua mãe.

10) Qual o significado da Batalha de S. Mamede e em que ano ocorreu?


Em 1128, D. Teresa é derrotada na batalha de S. Mamede por D. Afonso
Henriques, que passa a governar o Condado Portucalense.

11) O que precisava D. Afonso Henriques para concretizar a independência


do Condado?
D. Afonso Henriques precisava de:
- Obter o reconhecimento por D. Afonso VII que era o rei de Leão e
Castela;
- Continuar a Reconquista para sul combatendo os muçulmanos;
- Ter a confirmação do papa para que os outros reinos cristãos
reconhecessem a independência do Condado Portucalense.

12) Qual a importância da batalha de Ourique para a concretização da


formação de Portugal?

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Para a formação de Portugal foi bastante importante, em 1139, a batalha


de Ourique onde D. Afonso Henriques derrota os exércitos de cinco reis
mouros/muçulmanos e é aclamado rei pelas tropas.

13) Qual o significado do tratado de Zamora?


Com estas vitórias de D. Afonso Henriques, D. Afonso VII, seu primo
agora rei de Leão e Castela, viu-se obrigado a fazer um acordo de paz –
o Tratado de Zamora. Neste tratado, assinado em 1143, Afonso VII concede a
independência ao Condado Portucalense que passa a chamar-se reino de
Portugal, e reconhece D. Afonso Henriques como seu rei.

14) Qual a importância do rio Tejo para a defesa do território português?


O Rio Tejo foi considerado uma barreira natural que assegurava a
fronteira entre o território cristão e o território muçulmano, ou seja, a
Norte estavam os cristãos e a Sul estavam os muçulmanos.

15) Qual a importância do reconhecimento do rei pelo papa?


Apesar de o rei Afonso VII ter reconhecido em 1143 D. Afonso Henriques
como rei de Portugal, o mesmo não aconteceu com o Papa.
O Papa era o chefe supremo da Igreja Católica e tinha muitos poderes. Os
reis cristãos deviam-lhe total obediência e fidelidade. Para a independência de
um reino ser respeitada pelos outros reinos cristãos teria de ser reconhecida por
ele. Para obter este reconhecimento D. Afonso Henriques tornou-se súbdito da
Santa Fé, colocando os seus serviços à disposição do Papa e perseguindo
muçulmanos já que eram considerados infiéis à fé cristã.

16) Em que ano e através do quê, o Papa Alexandre III, reconheceu D.


Afonso Henriques como rei de Portugal?
Só em 1179 é que houve o reconhecimento por parte do papa Alexandre
III através de uma Bula Manifestis Probatum (documento escrito pelo papa).

17) Até quando Portugal continuou a ser uma monarquia?


Portugal foi uma monarquia desde 1143 até 1910, ou seja, durante este período
Portugal foi sempre governado por um rei.
A monarquia portuguesa era hereditária. Isto significa que quem sucede um rei
é o seu filho mais velho (o príncipe herdeiro).

18) Quais os primeiros reis que sucederam a D. Afonso Henriques?


Depois da morte de D. Afonso Henriques sucederam-lhe:
8
Explicação da Xana – A formação do Reino de Portugal
História e Geografia de Portugal – 5.º Ano

 D. Sancho I;
 D. Afonso II;
 D. Sancho II;
 D. Afonso III;
 Etc…

19) Quando se deu a conquista definitiva do Algarve?


Os primeiros 4 reis de Portugal, a seguir a D. Afonso Henriques, continuaram a
conquistar territórios aos mouros até que em 1249 D. Afonso III conquista
definitivamente o Algarve.

20) Qual a importância do tratado de Alcanises?


Os limites do território não estavam totalmente definidos pois havia zonas a
norte e a este que ainda estavam em disputa com o reino de Leão e Castela.
Só em 1297, com o Tratado de Alcanises, entre D. Dinis, rei de Portugal, e D.
Fernando, rei de Leão e Castela, ficaram definidas as fronteiras do território
português que assim se mantiveram aproximadamente até os dias de hoje.
Apenas em 1801 Espanha ocupou Olivença que já não faz parte de Portugal.

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