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Escola Secundária João de Deus

11º ano Biologia/Geologia Set. 2010


Ficha de Trabalho – Onde está armazenada a informação genética?
Nome _________________________________ N º _____ Turma ______ Prof. MJOliveira

A descoberta do DNA

O suporte físico da informação necessária para o desenvolvimento de um ser vivo permaneceu


desconhecido até meados do século XX. De facto, durante as primeiras décadas do século passado,
considerava-se que a informação necessária para formar um ser vivo estaria contida nas proteínas.
Esta ideia resultava de, nessa época, se conhecer uma impressionante diversidade de proteínas,
com estruturas bem complexas e por outro lado, de se saber que determinadas doenças hereditárias
estavam associadas à falta de determinadas enzimas.
Contudo, determinar o constituinte celular responsável pelo armazenamento e transmissão da
informação genética foi objecto de estudo de vários cientistas.
Em 1869, o bioquímico alemão Friedrich Miesher, isolou, a partir de células com grandes
núcleos, uma substância de elevado peso molecular a que chamou nucleína. Anos mais tarde, a
nucleína passou a ser designada por ácido desoxirribonucleico. No entanto, essa descoberta teve pouca
importância na época, porque essas moléculas foram consideradas demasiado simples para
albergarem a complexa informação que se esperava que o material genético contivesse.
Em 1928, os trabalhos realizados pelo bacteriologista inglês Frederick Griffith abriram caminho
para um conjunto de trabalhos experimentais que viriam a permitir identificar o material genético.
1. Identifica qual das estirpes
é patogénica para os ratos.

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2. Refere qual(quais) do(s) lote(s) pode(m) ser considerado(s) como controlo.


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3. Explica a sobrevivência dos ratos do terceiro lote.


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4. Procura explicar o surgimento de bactérias vivas do tipo S, no sangue dos ratos do lote 4.
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Griffith verificou que as bactérias do tipo R não eram patogénicas, enquanto que as do tipo S
provocavam pneumonia que conduzia os ratos à morte (a cápsula polissacarídica das bactérias S
protege-as do sistema imunitário dos ratos). Quando sujeitas ao calor, as bactérias do tipo S eram
mortas e, por isso, deixavam de conseguir provocar pneumonia.
O que mais espantou este investigador foi observar que, ao inocular os ratos com uma mistura
de bactérias vivas do tipo R com bactérias do tipo S mortas pelo calor, os ratos contraíam pneumonia e
morriam.
Griffith verificou ainda que surgiam bactérias vivas do tipo S no sangue destes últimos ratos. Este
facto sugeria que as bactérias do tipo S conseguiam transmitir a sua virulência às bactérias do tipo R,
que se tornariam patogénicas e capazes de provocar pneumonia.
Griffith não conseguiu explicar o fenómeno. Contudo uma possível explicação era a de que as
bactérias mortas do tipo S transmitiam alguma informação às bactérias do tipo R, de tal forma que estas
eram capazes de produzir uma cápsula, tornando-se, assim, virulentas. Essa informação deveria ser
transmitida por uma substância química, que ficou conhecida por princípio transformante, pelo facto
de transformar um tipo de bactérias noutro.

Em 1944, uma equipa


de investigadores norte-
americanos, Oswald Avery,
Colin MacLeod e Maclyn
McCarthy realizaram
experiências para determinar
a natureza química do
princípio transformante.

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Avery e os seus colaboradores suspeitavam que o DNA pudesse ser o “princípio transformante”.
Ao tratarem o DNA proveniente das bactérias tipo S com proteases e RNAases, não conseguiram evitar
a transformação das estirpes não virulentas em virulentas. Mas, ao fazerem o tratamento com enzimas
que degradam o DNA, a transformação foi impedida. Desta forma, estes investigadores concluíram que
o DNA era o princípio transformante, que passa das bactérias do tipo S mortas para as bactérias do tipo
R, dando-lhes a informação necessária para que estas produzam cápsula e se tornem virulentas.

Outros trabalhos de investigação da mesma equipa vieram confirmar a natureza química do


material genético. Avery e colaboradores extraíram os diferentes compostos químicos das bactérias S
mortas pelo calor e testaram-nos separadamente em bactérias R. Apenas nas células testadas com

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DNA ocorreu a transformação das bactérias R (Figura 1). Estes investigadores deduziram que o DNA
corresponde ao princípio transformante, que contém a informação genética.

Figura 1

Os trabalhos de Avery e seus colaboradores foram importantes para comprovar que o DNA era o
material genético das células. Contudo, tal não foi amplamente aceite pela comunidade científica de
então porque:

• O DNA, quando comparado com as proteínas, era quimicamente menos complexo, pelo que os
cientistas consideravam que eram as proteínas que continham a informação genética.

• a genética bacteriana ainda não estava desenvolvida, não sendo óbvio, na altura, que as
bactérias possuíam genes.

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Ao marcarem radioactivamente as proteínas e o DNA virais, Hershey e Chase puderam seguir o


trajecto destas moléculas. Verificaram que as proteínas, presentes na cápsula, não penetram na
bactéria, ao contrario do DNA.
Uma vez no interior da bactéria, o DNA viral toma o comando da célula bacteriana. Assim, a
bactéria passa a produzir cópias do DNA viral, bem como proteínas que irão constituir a cápsula dos
novos vírus.
Desta forma, ficou demonstrado que o DNA contém a informação necessária para a produção de
novos vírus, não havendo intervenção das proteínas virais. Assim estes investigadores puderam concluir
que o DNA é o suporte da informação genética e não as proteínas, reforçando os resultados de Avery e
dos seus colaboradores.

No início da década de 50 do séc. XX, foram produzidos trabalhos que conduziram à descoberta
da estrutura da molécula do DNA:
• Entre 1944 e 1950, Erwin Chargaff e os seus colaboradores analisaram amostras de DNA de
diferentes espécies, tendo verificado que existem diferenças entre espécies mas que para cada
espécie a quantidade de adenina era semelhante à de timina e a quantidade de citosina próxima
à de guanina (Figura 2)– regra de Chargaff.
• Em 1950, Maurice Wilkins e Rosalind Franklin, utilizando a difracção de raios X, bombardearam
amostras de DNA cristalizado, tendo obtido padrões que permitiram concluir que a molécula
deveria ter uma estrutura helicoidal (Figura 3).

Em 1953, com base nos resultados das experiências anteriores, James Watson e Francis Crick,
apresentaram na Universidade de Cambridge, o modelo da dupla hélice para o DNA (Figura 4).
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Erwin Chargaff – 1905-
2002
Bioquímico austríaco –
judeu que emigrou para os
EUA durante a era Nazi.

Figura 2

Figura 3

James Watson (n. 1928) biólogo americano e Francis


Figura 4
Crick (1916 – 2004) físico e bioquímico inglês
apresentaram em 1953 um modelo da estrutura do
DNA. Foram galardoados com o Prémio Nobel em
Fisiologia e Medicina em 1962.

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