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Travvcko Sandee Regina Fegcinas Eorron Resvowsivan. ‘ow Nazar Covsnino Eortonat ‘Bu Fert Bas FICHA CATALOGRAFICA A preficio Charl Fegucra, Rio de Jancis radugio Sandra Regina pathia de Feud, 202 160 p. 5 23.em ISBN 85-85717-63-9 1. Adagio, 2. Picl 3. Pris FE thos. I. Felgucras, Sandra Regina. TL. Titulo, cpp-155.4 Companhia Freud ENDEREGO PARA CORRESPONDENCIA invice Cegonha e cientticidade, por Charles Melman, Introducio I. A demanda de adocio.. Hé um direito a adogio Estado deveria estimuulay a adogio?... pela rejeigio de candidatura - 28 E preciso ponderar a5 respOsts ususssnvnnnnsnnnnnnsnnnnnnsnin 29 2. © Pacto Civil de Solidariedade .... se ws 33 Os dois eos de fratura 33 see 53 on 54 4, Aescolha da criane Acescllsa caeural 34 (0 peso da Histo x Aft ao Cnt seg 2 59 59 61 Tadeo imelusis religion — ve vista de expeialisasreligises “Ano na rligi dae oor “padogt ea religido mucubana 65 65 66 67 68 68 69 6 5, As motivasoes 0 Outro que poderia mes, flimentoe rams coe coguinsefucer enender Recusa de fazer 0 Ut Procedimento pelo lado da vida ‘Saide preci e doengas graves. Pulido de vida e pulsio de morte fazer justiga ‘Acsclla do sexo da crianga : 7 Os celibatdrios 2 75 Luto da gravide : Or tres deejas - 79 O deseo de crianga que ert al. 80 Luto ¢ desejo inconsciente vee 81 O encontr0 .m 83 A crianga desejada ... 86 7. © que constitui a familia? Cortese continuidade... Adotar mais de wma erianga O Lago de sangue. Refevir-se ile scomplexos familiares. Deve-se proteger uma crianca adotiva de sua fratria biolégica’. A adoro como consegiténcia légica da acolhida O destino é sempre difeente.surns Ver as coisas do ponto de vista legal. = Por que se deve proteger uma crianga de sua fratria? Quando a erianca nao viveu com os pais de nascimento Os significantes “irmio” e “irma™.. A reVE1IGI0 vr A revelagia: quando e por qué? Nos te adotamos.. — 0 que 0 adulto exconde nado é necesariamente 0 que a crianga ee O direito de saber A verdade Dizer a verdade, sim, mas qual? Cultura e pais de origem ss i A adogio internacional é a solugao ideal para o problema de queda de natalidade na Europa’. Quando 0 abandono se mostra em todo 0 seu horror Um quadro elinico grave, mas néo irveve ular Adogao, cultura, enverto Pensar a cultura em tern Acompanhar o desejo Em que idade se deve adotar? As trésidades A familia de acolbi A familia de acolhie A angiistia em rel see 109 99 100 101 102 104 105 106 109 10 Ww 115 116 7 12 122 122 125 127 128 129 130. 141 squcer quem fil ae True dois pts o-oo a 8 Aue do verdadero 8 ticular. 148 ‘Uma partcularidade...Pa Apresarse docemente 151 12, E,no entanto, isso funciona « AGRADECIMENTOs Agradeso a todas as familias adotivas ea todas a criansas por tudo que elas ime trouxeram como reflexio, Em seguida agradego aos colegas que traba- Ibaram comigo € me enriqueceram com sua expetiéncia, muito pa mente a Claude Duméii jue deu seu tempo compartilhando comigo © tempo de reflexdo, ¢ Charles Melman ¢ Alain Vainer, deram a este livro Cegonha e cientificidade A cegonha parece hoje uma velha senhora muito fora de moda para exp car is criangas a chegada dos bebés. O rude positivismo que nos serve de sabedoria quer, de fato, que se Ihes conte como a sementinha de papai se implantou no ventre materno. Se julgarmos uma época por seus mitos, esse a fard parecer prenhe de uma pretensio abusiva. Porque a fibula es- asseg conde da crianga o essenci condigdes mecinicas ~ 20 encontro uma graga particular para vorné-lo bem-sucedido. Pouco importa que para alguns ela seja um dom de Deus, ou que ela que € necessi n cm um amor profano, Os psicanalistas tem bastante ex tenha sua oF perigncia sobre isso para saber que & preciso, no « poder terceiro para acender a chama geradora A conseqiiéncia nao é qualquer, ji que cle fae da dom que cle concede. Cabe a0s pais, depois, acei-lo ou ni Essa cortegio do mito corrente nos lembra que a crianga é um dom ¢ a intervensi que cabe a nés ado pois o peso da : acolhida do casal que a fibricou que sera de mento nos permite dis “Acommca ADOnn£ 8 FAMUAS mento de pais puramente simbsli- tancias condenaram a uma Par nga adotiva €um dom que deve set preservado suldade suporta a quota ¢ as feridas que as thes quetem infligt. A crianga arrsca-se nga puramente imagindria, muito pode vir impedir o ene para eles, que as cicun Oque ‘cos? Frequentementes cenquanto tal © que fealidades de seu desenvolvimento pais simblicos, uma tiinha bem feal que eles convidaram para ‘rio entenda a falta [faure) original de porque de inicio estard presen- a recair sobre o misté- a sr, para cles, cde ser assumida pela criat tal. E inevitdvel que ela, de sua parte, aque seus pais de leigdo se vam liberados — te apenas a generosidade de sua acolhida ~ farendo- fio ulposo de seu nascimento ¢ sobre seus proprios combros. ase enigma da origem deve ser explicitamente revelado? F quando? Nie incomum que, no contexto oficial que estamos abordando, ais para liberagio dos pais do que da crian- Itado. A dimensio da falta [fate] original — Jes eram puro amor ~ ressurge entao com busca enlouquecida de seus genitores gird de sua distancia em relagio a0s essa explicagio sirva, de fato, ace para a desculpa pelo res que nio diz respeito a eles, poise tama forga que engaja a crianga na Conhecemos a decepgio que su pais imagindrios que cla se atribuiu. Rico dessas experiéncias acumul: livto de Nazir Hamad pode contribuir para nos curar desse in! rental que continua a nos proteger dos problemas colocados pela filiagSo, gue nd resolvermos de forma tio eanhesta. Por aliviar esse peso, agradeci= ladas € notavelmente elaboradas, © fantilismo mentos Ihe sio enviados. Charles Melman INTRODUCGAO O mito de Edipo serviu, para Freud, como referé descob 1 , como referéncia em sua descoberta da cstruturagio do inconsciente. Ele também poderia nos ajudarn: daquilo que, justamente, néo se deve fazer quando se trata de adotar ou de dar uma crianga para adogio. Meu ol (0 que muito jd se escreveu sobre o édipo, mas pontuar-lhe algun: regnantes, como : oe ~a recusa do luto da este lustragio ivo nio é retomar pela enésima vez ; ade, a nosio do pai incerto; ela adquite, no caso da crianga Edipo, a dimensio da fraude materna que faz pouco do dese de seu marido, — a manutengio da crianga na ignorancia total de sua histria evidentemente, mas, gragas aos progressos da ci pode dar a um casal estéri] a possibilidade de ter tornou todo-poderasa. Permicir a uma mulher est hoje sem a i 40 de divindades. A Lurdes, mas deixa entender ¢ dé a ilusio de que ence mais distancia. © hospital e, principalmente, os s artificial, no que nos diz respeito, sio as novas ig mais a batina, mas roupa branca. A ciéne alguns especialistas fundamentalists, tem fem suas pot essas. Ela se interessa pelo'corpo a ponto de eliminar tudo que possa and a a oy Sense = poquo2ai rpiod ewsp “episd wn 9p jaassod “oP Nos op 9 wa8esuou ens ap spepian e win epes vied 2runs>p OwloD sewu ‘oro103d neu No wog ‘aIUBIOdiHO oWOD ‘0290 © euseouasap anb oruetuenusosop ap orSeisdo P oufeaen © ‘odo op epueLDp & > wn ap faded "aed nos v2 ootpeu oF edvasa anb op ousuria 9 epnu 9s epue eudaap arusuie>!Fop, onbo “onaysies “oor opod nos ap swow wi ‘eta “of tusour is e12woid 9 opSeaud essop Bb0 229 stuad op epeaud arusureasn(ur siqoosop 38 ‘uenb ted orSepu woo eujuou ep ebusiadso¥ equ: 10} ou Seu ep opr] oad anb o saps0u -»pod anb ws pee Wwo8s0 vas ap oew e esnae vy IPUIAIDN ew ap eu solRpIpue> 2p orberoyos eu ensous 25 sszan od opsu 10} ¥ gos axsope up es i around» psd nb esis tu esap ts 2}pou ep oxy sped epesodesop 9a ou ape "oP os, fenb eid ose, -euyp apeiuon ead ep 2019 3p sojdutox sosoumnu sou eutp voun 5 ‘sopnfxa snos sznpoud sod eqeoe vistsis pu oprnguonarinrap pied ee ns op olsrp 0 ‘apepypunzayut op mougisisd ta. earn Sb 32M “0194 na Jd wounUE 9 aoetoouy op onb om 50 seuesequus onfosu09 seuade ,sepue v apritios eppd seus siuswres:8oy DAO tYo>ut 0 reyn20 ‘onb eos ‘sooipow Hos ospenb assq #1 rdsoy op adinbo eppd > ootppus nos iod epequedwore esa sob quo yuautow ot 113489 9p opers9 nds 13193989p exed So wom PEE EepipueD ares aye anb eansz01 x oduoa notte aij oppo an ap eueisos) ‘eruouries onbyenb ero" ng sopeasoxsas3pspep -tsp0upott vad o]N OUNTE wn aud 2s oWH0> odz69 o mund 9p apeson ess anput soz9n x0d anb 0 "s1us}>suo>u nos ap opSedousp vu seuoruny paso ossod € 498 2p 0DsU1 0 9puta8 9 ‘oof op sti951 se auoypaqo owon opeiop -jsu03 odio wun 91q0s s9ges tum 40d 2ptiodsou 9s anb onno wn e au>y en -uoou 95 [ese9 0 ‘eongua|qoad fea euin wio> operuoyyep ‘opuendy “ebueys ap olpsap op ovasanb weiynoo sopepins ap oeSentonos ap eayjdusy ea anb o 2 eSuetn9 ap epuewiap & anb wo wo8earp ap 2199ds9 eumu euoisuny onains (© 2pnarjdure ens & epor wi e20[09 as orra{ns op ofasap op oxssonb v ‘ea ~jup20 eryeuroue eumyuse wreppAdr Ou soatpptm soureXD So opuENy -stodop-9s ou ‘sozaa sep ti -oreus eu ‘s1qoosop oubUmY o2IDIns © om2}> olno s1uaPsuOdUT ofssop UN 9p o ‘soiue ‘seus ‘oyueao{go ostuyi0 oxusmeUoDURy Wn 9p OWSIUEDSU! OF so9paqo anb eueuinbew eum ap 0 ogu 2880] nas ¥ ods09 0 aroutos “unIstg (9 9 edny x opuedeaso ‘anb o 3 “earppur errugiodiuo ep osseaeay op ¥219909 “Sop & ‘eroupisur eum wo ‘seuade 9 ‘orjoq] y atuessozz1u onus enSuEME 9p ewreyD © owes ‘odio> op ofasap Q “ol2sap m2s 9p apepyyea# & onetns © opuarouro: owos epure souaw ‘eo1Sojorg eSuel ep orn] op oUeqen ©OP -uviry}>ey ouroo pp 2s og sooyppus sunSje ap ranngdesa wupsisar Y jeuowoy, onuowreaea win wersaainsoud ‘oxauo ‘sOD1ppUr s( “nas2iUo>® OBL ‘91U>ut “Pago onus ‘onb ‘orSepunsay x seup>ey euapod 9s vo{Fupp oBSuaAID -U1 vss9 anb ap orxaraid 0 wo> ‘sedwion sep eradury eum rxed opSesado 9p wspus eum ‘eyeusoue Puunyuau wejnos ogy ab sues 2P 2075 $8 9p siodap ‘2a as e[g “2pepipunsayurt ap esned 20d es1¥9p022615 ee anb sayy essa o> wise 211006 odh09 op Opto wo? ASE TE 2P opeprepow eu ona{ns op ofesap 0 3e3]N20 € 9Pur cai oe eudoad epg ‘soSueae stias 20d vpepunusp 225 anb wa) ra se 9p en8p v 10> aqaq o eiop seo! 7 rune PuUIeS 2P ba ee oj-yurtmop ered odsoo 0 sowosnge awsrodi APN “naderai e ‘oseoe win sod ‘95g OZ HIAES OF ee ee ® s5uauiad odio ¢ “¥pougti02u09 2p oHUnn snes soar maT ” [annignABONWA SUAS AMEE © luce da crianga bioldgica 8¢ mostra como a proble- rota eamumasto do patrimério geneco dsimpossibildade de fazer um vipa dentico asi, de da a0 outro filo do amore, pot Fim, do sentimen- to de esar em divida com 0 outro que consente em recorrer 20 servigo de tim doador de esperma ou de évulo para fazer o filo que por sio casal nao eapar de fazer. A dogo implica eda um dos cOnjuges hum encaminha- enzo em que cada umm dees est da mesma forma investido no projeto Eles nfo estio submetidos ao real de um corpo que determina a chegada de ‘um filho de acordo com o que a diferenga dos sexos imp6e como repartisio das fancBes e dos papéis. Os candidatos a adogio so pais e maes a advir de ‘sua propria adogdo por uma crianga que nunca serd carne de sua carne, mas lho do desejo. Ea necessidade de estudar a posigao dos dois parcciros com relagio a0 projeto de adocio que ju a as entrevistas psicolégicas, particul mente quando 0 “isso deveria andar” justamente no anda; pois a verdadei- ta questio que se origina em semelhante impasse diz respeito a0 desejo inconsciente que cada um tem por seu parceito e pela crianga, Estamos, aqui, no coracio mesmo do Complexo de Edipo. Para que o Complexo de Etipo opere como uma fungio normativa, todas as situagées familiares s30 adequadas, contanto que a mae dirja seu desejo para outro que nao actian- a enquanto objeto de sua falta {mangue]. Pouco importa que o pai estejt presente ou ausente; 0 que conta para que ela entre no édipo & que a mic em si mesma seja castrada oduza, na sua relagio com seu filho, ess rcferéncia & palavra de um pai. Da mesma forma, que 0 pai manifeste seu desejo por essa mulher que é a mie de seu filho. Para que 0 édipo seja normativo, 0 desejo de cada um com rclagio 2° outro é a chave da nodulagio triangular, seja a crianga filho biol6gico o filho adotivo, Seo desejo pelo parceiro do sexo oposto vier falas, entt> mos entdo na monoparentalidade; no no sentido de um tinico pal, mas n° sentido dessa modalidade do desejo que exclui o outro em seus cil sulos pessoas de ter um flho, Tas situagBes poderiam explicar a estrilidade Psicoligica,talvez mesmo sejam até a razio oculta dos fracassos reperitives de inseminagées artificiais. Irnooucho Seassim fosse, a adogio abriria a via paraa obtengia de wi do sexo, feito sem a contribuigio do parceiro, ou seja, um fora miraculoso. nascido de uma fantasia de auto-engendramento, como nos contos ou nas 1 miticas que colocam esse ato na origem da humanidade. Sio muitas as pessoas ¢ as culturas que atribuem suas origens a um fendmeno de engendramento monossexual com uma evolugio posterior para a sepa- ragio e a diferenciagio dos dois sexos. A histria de Eva e Adio é um exem- plo disso, [Uma outta me vem & cabeca para ilustrar essa assergio: a de Gepeto, ‘o pai de Pindquio. Em sua car do: quando as pessoas se chateiam, fazem filhos. A cifta recorde de nasci- ‘mentos nove meses depois do corte de eletricidade em Nova lorque autor aa essa generalizacio. Gepeto estava s6. Ele gostaria muito de dividir sua vida com alguém, cde romper com sua sol dia, tevea idéia genial de fabricar uma marion uma ctianga. Uma fada caridosa insuflou Pindquio ¢ Gepeto, se reconheceram como pai € ‘nem mie pareciam faltar a qualquer um dos dois. O pai sonha filho, mas no com. her; em tod le 0 fez sozinhs ‘uma mulher; em todo caso, cle o fez sozinho, E se a fada deu sua ajuda foi somente enquanto Iho, mas nem rm mente com essa varinha que ela dew & cr moral, ou, pelo menos, acreditou nisso. Pois o gua moral, ogrilo falante, ficava esgotado de corter atris do diabo desse meni- no para chamé-lo a ordem, mas nio podia fazer nada. Pindquio Bozar a vida ¢ nfo ligava para as recomendacées do fada, Ble se dlivertiaem se fazer de bobo foi ago a mulher. Ele qu fo queria fazer de wma ueria set pai mas nio queria ver desse filho, A fada dé uma alma ¢ uma consci eel 18 ‘pcannca ADOT EU ALAS er mulher, € porque também nao teve mae. Desejar um scene tinos de concretizagio de seu desejo por fio. pa gendramento milagroso ou de auto. uma ad engendrament0- diante da carefa Por que, entio, a oniporencia da varinha magica fracassa por i ano, fil ~ de fazer obedecer? Se ha fracasso, primeiro, porque a varia info pode ter uma fungéo que a lei, enquanto inscrigéo, de forma alguma assegura. Ora, € essa lei, advinda de desejos reciprocos que igam um homem 2 Uma mulher inscrita nessa dinamica a hin que se abre para eranga ¢2forna sei de seu desejo. iio €o fo providencialaquele que vem no ponto cero pare sostentar a fantasia de uaa mulher sem filhos Ele se rorna o filho que sew marido néo consegue lhe dar. em torno desse ponto que 0 nao-dito ad- va amplitude. Um parcero exclui 0 ourro num processo de quite toda as somente a onipoténcia da fantasia opera. adogio em que De que fantasia se trata? se Mérope joga com a credulidade de seu exposo, nfo é pura ¢ 8 Ip, Seela simula a gravider, € porque ndo esti segu- relagio a essa plesmente para engat va de seu desejo por ele para se sustentar enquanro mac com crianga que ela tanto deseja adotar. Ser mie de uma criangs supée uma vefenci implicita a um genio, mas também ao descjo de um hhomem por uma mulher no momento em que esta apelaacle interrogando-o sobre eu desejo. A adogiio se dé nessa cquivaléncia entre uma crians detieuma trianga contigo. A crianga contigo nasce do luto da crianse det. Em medida em que um tal luto se di que a adocto pode ser contada come qualquer histéria de crianga criada numa selagao norm! Dessa forma, o que chamamos revelacio da histéria da crians da adogio perde sua razao de ser. Nao hé revelacaos hé uma histéria que vivida, que é construida, que se conta no dia-a- serd feita® medida qué © ulénco sobre ahistéria da adogéo se origins, de princiPio dua hisra singular do sujeito, da mae e do pui adorivos perman’s? de do e, por isso, continua a dar & adogio um carder cexcepcional até met? problematico. Ora, uma adogio feita logicamente, normalmenté, feita de uma crianca desejada. © percurso do combatente || com seus pals a no campo dia e cuja sintese é a historia perfaz até seu completamento feliz nos ensina m: mos o descjo de crianga, desejo que o cas mesmo modo que 0 casal adotivo. Se ele co sobre © que chama fecundo no experimenta do pn modo te no fundo, © mesmo, no do ncoscents no eta menos qe os candidat ad amie its deine schcnlganniata, udoomenrsometiecsp ops de constrangimentos que intrrogam a autenicid ede ere set quota eiaseas wilde Ge ecw ea ic poesod (Os analistas sabem re sitio ree continua a scr vivids onhecet, nos sonhos de seus pacientes, o lugs, do Presidente da Replica. Nao é raro ae alguns sonhem que 0 encon. Gu heexpem sua manela de pens 8 due algumas mulher ae Iacio com cle, © cas0 do Presidente Clinton repre ssonhem que tém uma re sere perf iustragio disso, Pouco importavao que se passava con ionic, o que contava eta a fantasia que isso havia suscitado no mundo, ‘Clinton nfo era mais Clinton, mas uma especie share de uma mortal e que souibe satisfzer Durante o tempo desse ¢250, de deus grego que sucumbiu ao cl seu dese com ela. O Presidente tempo pessoa fisica € uma fungé ‘Sio casos particulars. Hi que ocorre— do cal fecundo que demanda uma adogio¢ espero impr Gientemente quanto um casal estril. Voltaremos a isso mais adiance. pode ter esse lugar na fantasia, Ele a um sé (0 a meio caminho entre pai c Deus. 4 também aquele — pouco freqiiente, mas Por que se associam psis aos dispositivos de acolhida de candidatos? ‘Associando psiquiatras e psicdlogos aos dispositivos de aco! DDASS* querem, de algum modo, dispor de meios para melhor cons as candidatos i adosSo ¢ suas motivagées conscientes e inconscienes Pa no no sentido de det ‘em termos de um Em ob ‘0s que intervém no processo, trata-se de selecionar, dir sobre a aptidio ou no de um casal, mas, antes, cscolha que convenha tanto 8 crianga quanto a sua furura ades € as expectativs © scificam © sis tras palavras, eles deve considerar as sensibilid: tentes de uma parte ¢ de outra, Sao essas preacupasdes qu | dispositivo instalado. O psiquiatra e o psicélogo sio conduzidos a rece adogio, a escutar a demanda deles e relatd-la as equipes adidas? oscil ber oe cenvolvidas ™ * Direction Départementale de "Action Sanitsiteet Sociale (NT) ‘A otavon 0 Aoacko vagio. Eles nfo estio insritos da m: 5 da mesma forma no disposi © psiquiatratrabalha como profissional liberal aa (iliaininibes especalista a0 qual os candidatos se dirigem e cuia opiniio fivorivl ene cessiria para a continuagio dos procedimentos. ee P tos. O psiquiatra di, no sew de. Mas gobalmene, trata-se mais de uma formalidade que d eliminatri, pela simples razto de que o prquiara, pelo tte de seu pore focus desapileae twinilughiarese atime gee tee casal e aprofundar com ele 05 poucos fragmentos de informagi Si alot as ede econ tacansunloe aad ae dos candidatos ¢ s6 emite uma opiniao desfavorivel quando a patol vals cdm tendéncia a prestar atengio no que se dia entre as linhae algumas veres a se posicionar, di ngio dos casais para alguns aspectos problematicos da demanda deles, convidando-os a retoma teabalho a partir do que € percebide como prejudicial 3 scalida de uma ctianga, Cabe a eles assumir a respons seu procedimento. ndo a ai idade pela seqiie 1g0 da ASE, por outro lado, deve se pronun, War sobre sua decisio, ito de iio ¢ exigir uma contraprova. Ele par p el educadores e fu rativos. Pode ocorrer ~ € nio € aro — que os diversos met de aprovacio nao cheguem niges bastante conturbadas, que la por assistentes social datos ¢ . de uma parte e de 2s ancia de critérios mais OU MENOS Precisoy so da existénc olocase gest wre de um cxsal de candidates i Je € Veil publicada em 1978 _ ch M, Soul wa de Clément Lavnay: a rnp os rabalhadors sci ATs os diversos orgy men das peas adogbes. Os autores destacaram tr trsmos ou associagescTNOl anes fem apaecer um casa ipo que €deserio d verado e unido, rativamentejover, menos de cing ‘emcomum acordo, adotar uma crianga de poucs sree Deve cat elaro queatianga €acolhida por ees como se fosse filo ie sua pri are, Els dever aceitéta como cla & respeitando s fagt-laconhecer 0 mais cedo possivel que é uma ct ades intelectuais dela os ques seguinte mancita anos, Ele €etéiledesejay tériaesua pessoa, adotada e crif-la segundo as possibil Recomendacées que s6 podemos subscrever. Mas pricanalista me lvara air mais longe ea ter uma escuta diferente. ‘No contexto da ASE, eu recebia, portanto, postulantes, geralment« depois de seu encontro com o psiquinera. De certa forma, cls essa rodados. Com muita freqiéncia, néo viam a diferenga entre o psiquiat® « psicélogo,sobretudo quando um ¢ outro hes colocavar as mess SE guntas, Entio eles comentavam, um pouco cansados: “O psiquat #0 perguntou iso e nés lhe respondemos que...". A entrevista com 0 Ps gp dava uma impresio de déj-on; eles tinham cendéncia a voltar 2 6P tos da entrevista precedente para exprimit insavsfagdes ou aprofundst® que pensavam ter abordado mal antes. Algumas veres, s¢ instal ome espécie de prolongamento da primeira entrevista, Descobriarse, (0s postulantes tinham encontrado algo de seu inconsciente gras do psiquiatra, ou, 0 conttitio, que categoricamente passaram 3 essencial a posigio de sR eso se um rante®? Essa “segunda entrevista’, com o psicélogo, mostrava-s ha a impe™ ‘quanto parasitada pela primeira, na medida em que o casal cin * C.Launay M, Soule ¢ 1978. nM ‘A poor 8 sb0cko io de jf ter passado por um interrogatério na boa ¢ devida forma. “ nor peunt ment ip enna gies. Oo. oo -z muitas perguntas”. Ou, ainda: “O outro cu sso oa f ida: “O outro senhor nos pergantou isso ou 8 co preendemos por qué” 1 nfo perguntava; escutavae, de ver em quando, gun pom, Addr denier duee dcnara suprodes Dereon 2s pessoas ee expimiam de oura forma, pera surpress de um ou dos dos cBnjuges 20 mesmo tempo. Eles se olhavam e = dizim "Devers i ete eral ale espantados ¢ diziam "De ver- Aconteceu-me receber candidatos ainda sob 0 ef «contro precedente com o priquiata ae ere es anion havi equi dese iden- er seu mau humor. “Mas por qu com foda essa gente? Se pudésemas fier um lho norm aro a Depois, os dois se olhavam uum ou outro soltasse: “Voed entende 11 que o psiquiacra nos pergunto deve ser etendds orgs o candids vim defender pra : lircitos, mas também depositar suas queixas. pea negativo do en- Sebi ous aon ey E preciso, A revista Enfance’ ‘ ° publicou um artigo de uma psicd ‘Algumas reflexes sobre cr coin a claramente em termos dese de maruragio nos pos to para receber uma c uja candidarura tinham a ver com vere: u 6 cauign DOTWA EAS ANIME Aas conseiencisineseradassscitaes pola jee de lum candidatura O que tervel é que os casts tendem a viver a colsas.em termos de sormal¢anorinal ~ para nio dizer patoldpico. Esses termos adquirem en. aovpadaa sua amplicade, no vivido subjetvo dos postulances. Em outras falas o que no principio ea uma questo que dria respeito 3 norma rjc as eansforma, no vivido da rejeigio da candidacura, na confirmagio ‘dade. Uma senhora, apés uma recusa, comentou o segt! de sua anorm te; “sso agora me parece normal. Se a natureza quis que cu nio tivesse filho, é porque hé uma ravio coerente. Pela recusa da ASE de dar continui- dade a nosso pedido, voc8 vem confirmar-nos isso”. Contratiamente a outros colegas, as reagdes sensiveis me parecem participar de um processo de luto em curso. O mais importante é dar a tessa reagGes 0 tempo € os meios de se dizerem € se fazcrem ouvir. E 0 rctorno dessas queixas a0s que as formulam que determina, por fim, a ver~ dadcira nacureza de suas reagbes. Quando esse retorno tem como ¢feico mudar um pouquinho a natureza de seu discurso, os candidatos se mos- tram sob uma outra luz. ‘Quando alguma coisa da fragilidade de um casal, de seu sofrimentos se deixa ouvir, é porque ele esté muito confiante para que essa fragilidade tenha oma chance de ser dita. O casal sélido, refletido ¢ decidido que «stampava no inicio do encontio pouco a pouce se eclipsa dando a palavst 20s sujeitospostos& prova natcisicamente. Eu escuto suas respectivas hist ‘as, suas queixas — quanto & esterilidade, por exemplo — ¢ penso que 0 14 s faz aos pedacinhos, ali onde a escuta, a disposigao de receber permite aes i guano 2 formulagio é viva ou canhestra, eu me PEE novamente. E essencial ouvir novamente os candidatos, P° ‘Gus, quando 0 inconscience esté ativo, eles dificilmente permanecem "? ‘mesmo lugar de um encontro j jade ern nas dm encanto para outro, Ejustamente esa posi ‘muito mais que a0 psiquiatca — roria O Po, a deixar que a demanda se elabore, a caminhar com os candidatos* ‘a tomar a decisio com eles, Quando nos damoso tempo de ouviclos, elev dos a reat somos forsosamente uat a nosio de critétios. Trata-se de ajudar os candidate’ * A cena 2 noocko 2» compreenderem que nosso papel nfo consisteem cont em dirigita atengio deles para aie Feptesentar um obsticulo & integragio da etanca para as capacidades dos pais de oferecerem a mente b ‘mas, simplesmente, ‘spectos que poderiam 7 seu Novo contexto € la um acolhida “suficiente- para reomarapalavas de Wincor nt ei Em outra palavras, tratase de renviarthes, com tato, 0 que oui {us posiesrecfprocas em rao a procedmento de dogo a em relagio a seu deseo de eianga e ao lugar que cada umn ecapa novos refer ao deseo. Nio se adota uma crianga para agradare nerde ogg mulher. Nio regularizamos a questio da divida com i carn de ecerldade, por exemplo, oftreceadethe um fifo nec ae mee 5 filho que nfo pode- Quando eu percebia que minha andlise nfo se coadunava com a de- les, convidava os candidatos a procurarem alguma outra pessoa Se eles nfo tinham conseguido se fazer entender, a causa nio necessariamente Ihes era imputdvel. Talve isso estivesse relacionado a minha tesisténcia pessoal. Notei que uma semelhante posi¢io nio os chocava, a0 conttitio. Os colegas contatados por esses mesmos candidacos me telefonavam depois, e diseuti- amos 0 caso. Era interessante porque havia sempre coisas que passavam dlesperobides a um oa outro. Algrmas wees or candidate nueva de opinigo, renunciavam a adogio ou desejavam adiar sua data E preciso ponderar as respostas Nio ¢ ficil ixareritérios que constituiriam referéncias objetivas, As sim procedendo, attisean dade. Nio se pode, dar o tempo de ouvir os ea se tem o direito de ral, r ‘pccnanca ADOTIA ESUAS ARMS 30 «a filho, Elas descobrem, apés a menopausa, que € muito de se i desejo, 0 pal ica adotar uma crianga. Também vemos casais de tarde ¢ nos procuram Pal vara dade, juntos hd pouco rempo, que querer adotar uma crianga 3 pre onsaprar sua unio de algama mancira, fundando uma familia Casais homossexuais procuram 2 2 consticuir uma familia com criangas @ idosio para normalizar a relagao deles ¢ quem legar seu patriménio apés a morte Eis alguns excmplos nfo-exaustivos de demandas que podem nio ober satisfagio. Ora, se me parece importante ponderar nossas respostas, ¢ porque hi, por tris de tudo iso, elementos psiquicos a serem desvelados, tlementos que poderiam nos guar quanto ao caminho a seguir. Querer um filho depois da menopausa nada tem de escandaloso se as entrevistas no revelarem uma relacéo particular com a sexualidade como o desejo de ter tum filho fora do sexo, ou, ainda, como uma recusa do homem. A meno pausa é uma castracio ainda mais dolorosa para uma mulher quando ¢lt de nfo permane- ‘io tem filhos. A adogio poderia ser uma forma, para el cere morrersozinha, ou seja, de continuar narcisicamente agora que 0 re morte, Querer adotar nesse momen- ima. Nos nossos dias, a esperanga de vem lembré-la dessa inelutavel data: t0 € uma reagio perfetamente | vida parece colocar sob tensio essa realidade, na medida em que muitos vivem na solidéo, para ndo dizer no isolamento. _ Ea mesma coise para um casal idoso. Tudo depende da idade ds crianga ¢ do entorno familiar que ele poderia oferecer ao filo posterior mente, Divtsosargumentos sio apresentados para desaconselhat a coloc Sige Bequenas com pessoas em idade de serem 2¥6 2 pms di espe dificaldades qu ering crescda, dol dries eee ee eee eter en tee vvelhos onc eee completamente afta da raids 0 ficaGio remetea ume ae le de rapazinho, Essa questio relaciva 316°" ctiadas por um casa ide emails, Particular da castragao, pois as cra disancamens ee defrontadas com falas marcadas pot sig teen fico, Nesaidade,justamente, esse #2" quc a morte, creme retin ihada por tod, Ica Menos o sex, E muito di «1 89 & compar cia provocada pela homossexualidade- Al los os prof. na op? A cennNDA oF aoocto, ue ele qualficava tanto de profisional quanto de fee me esterilidade é um softimento que é preciso combate toa responder toda demanda. Ele nio via porque re que viviam como casal homosexual mor que recusta ade hers vs h que pediam um doador de esperma, Para ele, essa demanda € tio accitével quanto qualquer outra, na med em que tio humana quanto qualquer outra. Alids, quem poder nee quem poderia garantir a fel ‘idade de uma crianga? +R. Firydman, Dieu, da médecine oi a O Pacto Civil de Solidariedade Os dois eixos de fratura debate rumultuado que o Pacto Ci a dificuldade, para todos, de se posicionar quanto a sua sexual seu gozo, Como falar desse problema sem cair no extremo, como ceu com a deputada Christine Boutin, brandindo seu argumento 4 Biblia, num gesto de anjo exterminador, face 208 “Sodoma e Gor que os homossexuais representariam? Essa senhora, no en bobagens durance toda a sua fluente intervengio na Asse nal. Sua referéncia aos textos bil indo a estranha polémica levantada por essa propos- ts de lei, cai, por sua vee, no mesmo veio. Ela colacou sua posigio de deputada de esquerda & frente de tudo, em nome de pi olhos, fundamentais ¢ universais, que sio a liberdade, as dignidade das pessoas ¢ 0 Estado de Di da esquer. escreve do-se segui cla acrescentava: “Quanto a0s homossex: scntaré pata cles uma etapa possivel no se medicamente assistida, Nos escolhemos ~ como quase Curopeus que, bem antes de nds, ji adotarat sae aS ewes 1000 pois continuamos a querer pary us exces pipet POE” behtet go de um ie wma mac” + 2 ang rom que desagade a Catering Tasca e 8 esquerda, 4 7A parti dl a vontade dos cassis homosse. ue nada pode impede que ‘erecorrendo &s diversas técnicas que 9 ‘se vormarem pais recor i Iocan aservigo do cdadio, Os homossexuais tive. neat civilmente. A Tgreja, a0 menos na Europa do gos pecados ¢tentou recuperar o tem. cexperéneia most _xuais de se casarem © jentfico col am o di sito de se €2 Nore, perdoou Sodoma de seus an why casamentos antes julgados diabélicos. Recentemente,o dew razfo a um casal homossexual, con- progress

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