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Amiga e amigo cicleiro, esse é um assunto em que 99% das questões são resolvidas com a
mera leitura atenta da letra da lei. Por isso, optamos por trazer uma FUC com transcrição dos
dispositivos mais incidentes em prova, alguns comentários para elucidar a sua leitura e, é claro, aquele
1% (não diz vagabundo!!) de juris (#AjudaMarcinho) que a gente adora. Simbora?
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Além disso, é importante observar que o direito ao meio ambiente equilibrado pressupõe o
cumprimento da obrigação de proteção ambiental.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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O meio ambiente saudável é classificado pela doutrina clássica como interesse difuso e
de terceira geração.2
Segundo recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, o grande risco oferecido, a
toda a humanidade, pelo dano ambiental, é um dos principais argumentos para que o direito a sua
reparação seja considerado imprescritível.
Cabe destacar nesse momento, por estarem expressamente previstas na Carta Magna
de 1988, duas ações constitucionais imprescindíveis para a efetiva proteção do meio ambiente como
interesse transindividual: a Ação Civil Pública e a Ação Popular Ambiental.
Os bens naturais situados no território nacional poderão sofrer, de alguma forma, influência
do Poder Público, pois, ainda que não sendo proprietário de todos os bens, o Estado pode instituir
regimes jurídicos específicos que afetem os recursos naturais. Nos termos da Lei de Política Nacional
do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), são recursos ambientais a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera,
a fauna e a flora.
Importante frisar que a expressão "bem de uso comum do povo" utilizada no caput do
artigo 225 da Constituição de 1988 não se refere à classificação dos bens públicos. Ao atribuir a
característica de bem de uso comum do povo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o intuito
do legislador constituinte foi o de reforçar a ideia de interesse transindividual no meio ambiente
saudável, tendo em vista a titularidade coletiva dos bens naturais. O Poder Público é mero gestor do
meio ambiente, que pode ser classificado como patrimônio público em sentido amplo, a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.
#OLHAOGANCHO
Art. 225, §4º, CF: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
2
A VUNESP (TJ/SP – 2013) considerou correta a seguinte assertiva: O direito ao meio ambiente, como direito de terceira
geração ou terceira dimensão, apresenta uma estrutura bifronte, cujo significado consiste em contemplar direito de defesa
e direito prestacional.
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dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
recursos naturais.
Ao atribuir a "titularidade" de alguns bens ambientais aos entes federados, a Constituição não
está outorgando a eles o domínio de todos esses bens. Como já analisado, o meio ambiente é um bem
de uso comum do povo, de titularidade coletiva. A União, os Estados ou os Municípios são os gestores
dos recursos naturais elencados na Constituição, sendo responsáveis, portanto, por sua administração
e por zelar pela sua adequada utilização e preservação, em benefício de toda a sociedade.
III - Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou
dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
Segundo os critérios definidos pela ANA (Agência Nacional de Águas), os trechos de rios que
compõem os cursos principais das bacias hidrográficas que transpassam ou compõem limites estaduais
são de domínio federal.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que os usuários
dos serviços de água mantenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a rede pública
de água.
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O decreto e a portaria estaduais também poderão proibir o abastecimento de água para as
casas por meio de poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede pública de
saneamento básico. STJ, 2ª Turma. REsp 1.306.093-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
28/05/2013 (Info 524).
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
VI - o mar territorial;
O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura
(cerca de 22 quilômetros), medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal
como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
Já a zona econômica exclusiva (ZEE) brasileira compreende uma faixa que se estende das
doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial.
A plataforma continental, por sua vez, compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas
que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu
território terrestre ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base.
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(...)
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
Assim, será considerado bem da União o potencial de energia hidráulica, mesmo que esteja
localizado em um rio cujo curso d' água seja restrito ao território estadual.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo
ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
ou compensação financeira por essa exploração.
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OFF TOPIC: SIM, isso cai em prova. Manda quem pode, obedece quem quer passar. Partiu memorizar
essa abençoada e útil informação.
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II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
3. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
Vale lembrar que, muito embora ao Município não tenha a Constituição instituído
competência legislativa exclusiva em matéria ambiental, nos termos do art. 30, I da CRFB/ 1988,
compete aos Municípios "legislar sobre assuntos de interesse local”.
O Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a União e o
Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja harmônico com
a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II, da CF/88).
O STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob qualquer forma, o emprego de
fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido município, inclusive para o preparo do
plantio e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras culturas.
Entendeu-se que seria necessário ponderar, de um lado, a proteção do meio ambiente obtida
com a proibição imediata da queima da cana e, de outro, a preservação dos empregos dos
trabalhadores que atuem neste setor. No caso, o STF entendeu que deveria prevalecer a garantia dos
empregos dos trabalhadores canavieiros, que merecem proteção diante do chamado progresso
tecnológico e da respectiva mecanização, ambos trazidos pela pretensão de proibição imediata da
colheita da cana mediante uso de fogo.
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Além disso, as normas federais que tratam sobre o assunto apontam para a necessidade de se
traçar um planejamento com o intuito de se extinguir gradativamente o uso do fogo como método
despalhador e facilitador para o corte da cana. Nesse sentido: Lei 12.651/2012 (art. 40) e Decreto
2.661/98. STF. Plenário. RE 586224/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015 (repercussão geral)
(Info 776).
#IMPORTANTE Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam
fundamentadamente. STF. 2ª Turma. ARE 748206 AgR/SC, Rel Min. Celso de Mello, julgado em
14/3/2017 (Info 857).
* #IMPORTANTE O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle
da poluição, quando se tratar de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por
decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que
emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig.
Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
(...)
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
* #IMPORTANTE: As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei
federal nº 9.055/95, que autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional.
Houve a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao
direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por
meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio
ambiente (art. 225, CF/88). STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874) STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa
Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886)4.
EXCLUSIVA: União.
(...)
(...)
4Esse julgado é muito importante. Você precisa ler todo e ter conhecimento da fundamentação para compreender, ok?
Que tal dar uma pausa na FUC e correr para os comentários do nosso amigo Marcinho? #AJUDAMARCINHO. Basta acessar
o link: http://www.dizerodireito.com.br/2017/09/e-proibida-utilizacao-de-qualquer-forma.html
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a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
(...)
(...)
(...)
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
(...)
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional.
A regulamentação para a divisão das competências administrativas deve se dar por lei
complementar.
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Somente em 08/12/2011 é que veio a LC 140, distribuindo as competências administrativas
ambientais entre a União, Estados, Municípios e DF.
Vale lembrar que a delegação de atribuições de um ente ao outro pode abarcar não só o
licenciamento, mas tantas outras, desde que o delegatário possua um conselho do meio ambiente e
um órgão ambiental próprio.
a) Exclusiva União
4. LC 140/2011:
* Como dito anteriormente, inexistia Lei Complementar para regulamentar o tema das
competências materiais comuns, conforme determinava o art. 23, parágrafo único, da CF. Seu art. 1º
estabelece que:
Art. 1º Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do
parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência
comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao
combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
A gestão é descentralizada para abranger a atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios. Também é democrática para assegurar a participação da população, com vários
instrumentos de inserção social. A gestão eficiente traduz a ideia de ecoeficiência que, nada mais é do
que a procura, cada vez mais, por tecnologias limpas que causem um menor impacto ambiental.
São os três pilares do direito ambiental: desenvolvimento econômico, com proteção ao meio
ambiente e com equidade social.
Este objetivo decorre do Princípio do Desenvolvimento Sustentável. Busca-se um meio termo
entre o crescimento da economia e a manutenção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado,
sempre com vista à redução da miséria.
Este é o grande objetivo desta lei complementar. Era, e ainda é, muito comum a briga entre as
esferas na tutela dos bens ambientais, principalmente no que concerne à competência para promover
o licenciamento ambiental 5 . Acontece muito de o IBAMA, (autarquia federal) e o órgão de
licenciamento estadual brigarem para ver quem irá conceder determinado licenciamento. Essa briga
ocorre tanto em um aspecto positivo (quem fará), quanto em um aspecto negativo (quem não precisa
fazer). Nada mais gera insegurança aos particulares do que este conflito e o grande objetivo desta lei é
harmonizar essa situação.
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as
peculiaridades regionais e locais.
Estas peculiaridades locais são respeitadas através da elaboração de políticas locais que
atendam às particularidades de cada região.
5
Trataremos do licenciamento em capítulo próprio. Segura aê!
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Art. 4º Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de
cooperação institucional:
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
Estudamos os Consórcios Públicos no Direito Administrativo, que são criados pelas entidades
políticas para atender a objetivos comuns. Na área ambiental estes consórcios públicos são muito
importantes, principalmente na esfera municipal, pois muitas vezes estes entes não contam com
recursos suficientes para arcar com determinadas competências sozinhos. Assim, os consórcios
Públicos acabam sendo grandes alternativas para lidar com tais problemas, pois podem permitir a
criação de órgãos ambientais que sirvam a mais de um município.
Art. 5º O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a
ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de
órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de
meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no
caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número
compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.
Estas comissões são instâncias de deliberação para harmonizar as políticas ambientais dos
entes. A nacional tem composição paritária entre as três esferas, assim como as estaduais. No Distrito
Federal, cuja estruturação é diferente das dos Estados, a comissão é bipartite com representantes do
poder público federal e do DF.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade. (Regulamento)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
O Supremo Tribunal Federal já se manifestou nesse sentido, afirmando que a norma inscrita
no art. 225, parágrafo 4°, da Constituição não atua, em tese, como impedimento jurídico a efetivação,
pela União Federal, de atividade expropriatória destinada a, por exemplo, promover e a executar
projetos de reforma agrária nas áreas referidas nesse preceito constitucional.
Em que pese a Constituição de 1988 não ter transformado os biomas em bens da União,
importante destacar que a qualificação destas áreas como “patrimônio nacional” pressupõe a
submissão destes bens a um regime especial de utilização direcionado à preservação dos seus
atributos naturais e à manutenção da integridade dos ecossistemas por eles compostos.
As terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental são bens da União (art. 20, II da
CRFB/ 1988) e podem ser classificadas como bens públicos de uso especial, por possuírem destinação
pública específica, qual seja, a proteção dos ecossistemas naturais. Por se tratarem de bens públicos
afetados a uma destinação pública, e em virtude de expressa previsão constitucional (artigo 225, § 5°
da CRFB/ 1988), as terras devolutas necessárias à proteção dos ecossistemas naturais são bens
públicos indisponíveis, outra característica dos bens públicos de uso especial.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Além disso, essa atividade é monopólio da União. Depreende-se da análise do artigo 177, V e
de seu parágrafo 1°, que apenas a União poderá realizar as atividades de pesquisa, lavra,
enriquecimento processamento, industrialização e comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, não havendo qualquer possibilidade de sua exploração por agentes econômicos que não
estejam associados à estrutura do Estado.
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Verifica-se, portanto, que toda a atividade nuclear desenvolvida no país está exclusivamente
centralizada na União, com exceção dos radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização
poderão ser autorizadas sob o regime de permissão, conforme as alíneas “b” e “c” do inciso XXIII do
caput do art. 21 da CRFB/ 1988.
*§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial
integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que
assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Houve a chamada reação legislativa com a promulgação da EC 96/2017: Veja a íntegra do § 7º que foi
inserido pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88:
Art. 225. (...) § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações
culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
#RELEMBRAR: Com essa novidade cabe relembrar as conclusões do STF na ADI 5105 sobre reação
legislativa (Info 801):
a) O STF não subtrai ex ante a faculdade de correção legislativa pelo constituinte reformador ou
legislador ordinário. Em outras palavras, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou
emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação
prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a
6
Mais informações em: http://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html.
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jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de
reversão jurisprudencial.
b) No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda
constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos
no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando
alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser
declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de
emendas.
c) No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a
jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao
legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura
legítima.
A novel legislação que frontalmente colida com a jurisprudência (leis in your face) se submete a um
controle de constitucionalidade mais rigoroso.
Para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e
jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo
promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa.
#SELIGANOSINÔNIMO #VAICAIRNASUAPROVA:
Reação retrógrada ou reação legislativa ou leis in your face.
6. JULGADOS PERTINENTES:
→ STF: “Energia nuclear. Competência legislativa da União. Artigo 22, XXVI, da Constituição
Federal. É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre atividades relacionadas ao setor nuclear
no âmbito regional, por violação da competência da União para legislar sobre atividades nucleares,
na qual se inclui a competência para fiscalizar a execução dessas atividades e legislar sobre a referida
fiscalização. Ação direta julgada procedente.” (ADI 1.575, de 07.04.2010).
→ STJ: “inexiste direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente. O tempo é incapaz
de curar ilegalidades ambientais de natureza permanente, pois parte dos sujeitos tutelados – as
gerações futuras – carece de voz e de representantes que falem ou se omitam em seu nome”.
Passagem do Resp 948.921, de 23.10.2007
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→ Ainda de acordo com a Corte Superior “em tema de direito ambiental, não se cogita em
direito adquirido à devastação, nem se admite a incidência da teoria do fato consumado” (Resp
1394025, de 08/10/2013).
→ STJ: “as normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja,
necessária a interpretação e a integração de acordo com o princípio hermenêutico in dúbio pro
natura” (Resp 1.367.923, de 27/08/2013).
DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigos 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 30 e 225.
LC 140/2011 Arts. 1º, 2º e 3º e 4º
8. BIBLIOGAFIA UTILIZADA: