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Em TransCal1 estudamos dois modos de transferência de Agora estudaremos a convecção, que é a transferência de

calor: condução de calor (ou difusão térmica) e radiação calor entre uma superfície e um fluido em movimento
térmica. A condução de calor ocorre devido a transferência sobre essa superfície.
de energia de partículas mais energéticas para outras A convecção é uma combinação dos mecanismos de
menos energéticas, através das interações entre elas. condução (ou difusão), devido ao movimento molecular
aleatório, e advecção, devido ao movimento global, ou
Capítulo 6 macroscópico do fluido:
Introdução à Convecção Convecção = Condução + Advecção

6.1 As Camadas-Limite da Convecção


6.1.1 A Camada-Limite de Velocidade
Um fluido não desliza sobre as superfícies dos corpos
imersos, mas adere a elas.
Por atrito, a porção de fluido adjacente a parede retarda o
movimento da porção vizinha, que por sua vez retarda a
próxima, e assim por diante, formando uma região delgada
(fina), onde a velocidade do fluido aumenta de zero até
Como sempre em engenharia, primeiro entenderemos os valores próximos aos da corrente livre.
mecanismos físicos da convecção, e depois
desenvolveremos os meios para executar cálculos.
A camada-limite (ou de perturbação) é definida 6.1.2 A Camada-Limite Térmica
arbitrariamente (mas universalmente) como a distância da Do mesmo modo que uma camada-limite de velocidade se
superfície na qual forma se houver diferença de velocidades da superfície
para o fluido, uma camada-limite térmica se forma se
houver diferença de temperaturas.
A maior importância da camada-limite está na relação com
a tensão de cisalhamento na superfície e com o
coeficiente de atrito local:

onde

A espessura é definida como o valor de no qual

Utilizando a lei do resfriamento de Newton: Exercício: 1ª questão da prova substituta de 2016A e de


2016B
Note-se que a definição de é a mesma, pois: obtém-se: Para o resfriamento por ar de batatas, o coeficiente
combinado de transferência de calor por convecção,
radiação e evaporação, determinado experimentalmente,
Na camada adjacente à superfície não há movimento de fluido
está tabelado. Considere uma batata com 10 cm de
então a transferência de calor se dá por condução e, pela lei de diâmetro, inicialmente a 20°C, com uma condutividade
Fourier, obtém-se o fluxo térmico local na superfície: No caso de e serem constantes, a temperatura do térmica de 0,49 W/(m·K) e Velocidade Coeficiente de
fluido próximo à superfície vai se aproximando da refrigerada com ar a 5°C e a do ar (m/s) transferência de
temperatura da superfície, então diminui e, pela 1,1 m/s. Determine a taxa de
calor (W/(m²·K)
penúltima equação, diminui. transferência de calor e o
Nota do professor: o mais correto seria escrever que gradiente de temperatura na 0,66 14,0
Por fim, diminui, o que pode ser visto pela
superfície iniciais da batata. 1,00 19,1
última equação e pode ser imaginado sabendo que
aumenta e e são constantes. (Usar interpolação) 1,36 20,2
1,73 24,4
Solução 6.1.3 A Camada-Limite de Concentração A mistura binária de espécies químicas A e B escoa sobre
uma superfície. denota, com subscrito para superfície
e para corrente livre. Se elas forem diferentes
No caso de ar escoando sobre água, a espécie A é vapor
e o fluido é uma mistura binária de A e B que é ar.
Outro exemplo é o de sublimação, se a superfície for sólida.
A espessura é definida como o valor de no qual

A camada-limite de concentração é similar às camadas-


limite de velocidade e térmica. Se a concentração molar Em qualquer ponto com , a transferência de
(kmol/m³) de uma espécie A na superfície for diferente da uma espécie é devida à difusão e ao movimento global do
concentração sobre o fluido, haverá transferência da fluido (advecção).
espécie A por convecção.

O fluxo molar da espécie A (kmol Analogamente à lei do resfriamento de Newton: 6.1.4 Significado das Camadas-Limite
dado pela lei de Fick Para o escoamento sobre qualquer superfície sempre
onde (m/s) é o coeficiente de transferência de massa existirá uma camada-limite de velocidade e, portanto, uma
por convecção. força de atrito na superfície.
onde (m²/s) é o coeficiente de difusão binária. Observe A camada-limite térmica e, assim, a transferência de calor
Combinando as equações:
a analogia com a Lei de Fourier para difusão térmica. por convecção, só existirão se houver diferença de
Na superfície, o movimento do fluido pode ser desprezado, temperaturas.
e: A camada-limite de concentração e a transferência de
massa por convecção estarão presentes se houver
diferença de concentrações.
(O subscrito será suprimido nas próximas seções).
As três camadas-limite não precisam crescer na mesma Exercício: 1ª questão da 1ª prova de 2016A 6.2 Coeficientes Convectivos Locais e
taxa, então , e podem ser diferentes.
Os parâmetros-chave das camadas-limite são:
Esboce os perfis de temperatura de três camadas-limite
térmicas: (a) , ; (b) ,
Médios
coeficiente de atrito ; (c) , . Em cada esboço indique a 6.2.1 Transferência de Calor
temperatura na borda da camada-limite.
coeficiente de transferência de calor por convecção
Solução
coeficiente de transferência de massa por convecção

A taxa total de transferência de calor é a integral do fluxo 6.2.2 Transferência de Massa O fluxo molar (kmol (kmol/s), e
local: a concentração molar , multiplicados pela massa molar
(kg/kmol), levam ao fluxo mássico
taxa m (kg/s) e a concentração mássica
(kg/m³). Dessa maneira:
Define-se o coeficiente convectivo médio para que

então

No caso de placa plana:


Para se determinar o valor de ou supõe-se Exemplo 6.1 Solução
equilíbrio termodinâmico na interface entre o gás e a fase
líquida ou sólida. Então, a temperatura do vapor na
interface é igual à temperatura da superfície , e o vapor
se encontra em um estado saturado (Tabela A.6 para a
água).
Com uma boa aproximação, a concentração molar do vapor
na superfície também pode ser determinada a partir da
pressão de vapor, através da utilização da equação de
estado para um gás ideal:
Obtenha que a razão entre os coeficientes de transferência
de calor médio e local é 1,11, e represente graficamente
onde é a constante universal dos gases. Note que estes coeficientes.

Exemplo 6.2 Solução Exemplo 6.3


Obter a taxa mássica de sublimação por unidade de Obter o coeficiente de transferência de massa por
comprimento do cilindro de naftaleno sólido (repelente de Analogamente convecção local, a partir do gráfico de pressão parcial de
traças, ).
da distância de uma
superfície de água líquida.
Solução Exercício: 2ª questão da 1ª prova de 2016A
Considerando o vapor de água como gás ideal: em ar a 298 K e 1 atm tem . Para Esboce quatro gráficos de : (a) crescente com
outras temperaturas, esta tabela fornece a relação: concavidade para cima; (b) crescente com concavidade
para baixo; (c) decrescente com concavidade para cima; (d)
decrescente com concavidade para baixo. Em cada um
desses gráficos esboce .
Solução

0,1 atm = 0,101325 bar, da tabela A.6:

6.3 Escoamentos Laminar e As componentes verticais de velocidade, ou seja, o A transição do escoamento laminar para o turbulento é
afastamento do fluido da superfície, pode ser comprovado devida a mecanismos de gatilho, que se desenvolvem
Turbulento através de um volume de controle com uma das faces naturalmente no interior do fluido, ou por pequenos
sobre a superfície, onde vemos que mais fluido entra pela distúrbios devido a flutuações na corrente livre, a
6.3.1 Camadas-Limite de Velocidade Laminares e
face esquerda do que sai pela face direita. rugosidade superficial, ou a minúsculas vibrações na
Turbulentas
Na camada-limite laminar, é possível se identificar linhas de superfície.
corrente. Na zona de transição, a camada-limite tem O início da turbulência depende dos mecanismos de gatilho
comportamento às vezes laminar, e às vezes turbulento. serem ampliados ou atenuados, o que, por sua vez,
Na camada-limite turbulenta, o escoamento é altamente depende de:
irregular, com movimento tridimensional aleatório de
parcelas relativamente grandes do fluido.
é uma razão entre forças de inércia e forças viscosas,
então, se é baixo, os distúrbios são dissipados, caso
contrário, os mecanismos de gatilho são ampliados.
No escoamento turbulento, as flutuações de velocidade 6.3.2 Camadas-Limite Térmica e de Concentração de
fazem as partículas trocarem de camadas, então as Espécies, Laminares e Turbulentas
partículas das camadas mais lentas retardam as camadas A natureza do escoamento tem forte influência na
mais rápidas, e as partículas das camadas mais rápidas convecção. Como vimos na camada-limite de velocidade
aceleram as camadas mais lentas, de maneira que o perfil laminar, as camadas-limite térmica e de concentração
de velocidades turbulento torne-se mais plano. crescem no sentido do escoamento, os gradientes de
Desse modo, o gradiente de velocidades próximo a temperatura e de concentração da espécie no fluido
superfície torna-se maior e, então, é maior na porção adjacente sobre a superfície diminuem, e e diminuem.
turbulenta do que na porção laminar. Do mesmo modo que induz grandes gradientes de
O número de Reynolds crítico varia de velocidade em y = 0, a misturação turbulenta promove
aproximadamente até , dependendo da grandes gradientes de temperatura e de concentração de
rugosidade da superfície e do nível de turbulência na espécies adjacentes à superfície do sólido, assim como um
corrente livre. Utilizaremos aumento correspondente nos coeficientes de transferência
de calor e de massa ao longo da região de transição.

Esses efeitos estão ilustrados no gráfico a seguir. Exemplo 6.4 Medidas experimentais mostram que a água que está a 300
Água escoa a sobre uma placa com K, tem:

enquanto que, quando está a 350 K, tem

onde todos os valores estão em SI.


Determine os correspondentes .
NO GRÁFICO
As diferenças entre , e são bem menores no CONTÉM APENAS O H MÉDIO TOTAL
escoamento turbulento, devido a importância da difusão
ser bem menor.
Solução Comentários:
, 1. Observe como a forte dependência da viscosidade com 6.4 As Equações da Camada-Limite
a temperatura acarretou no significativo deslocamento
de e a um coeficiente convectivo médio que dobrou
de valor;
2. Observe como o coeficiente convectivo local da região
turbulenta também contribuiu para o aumento do valor
médio;
,
3. As variações com a posição do coeficiente convectivo
local não são tão significativos, dentro de cada região.

6.4.1 Equações da Camada-Limite para o Escoamento Laminar Desprezando as forças de campo, a geração de energia Especificando as condições de contorno, pode-se obter ,
térmica, e as reações químicas, e fazendo as aproximações , e nas diferentes camadas-limite laminares.
Para escoamento incompressível bidimensional em regime
para camadas-limite, as equações passam a ser: As duas primeiras equações podem ser desacopladas, para
permanente de fluido Newtoniano com viscosidade constante,
em coordenadas retangulares, as equações da conservação da obter e determinando-se sem se
massa, da qdm, da energia, e das espécies são: conhecer e .
Nosso tratamento estará restrito ao escoamento paralelo
laminar sobre uma placa plana. Outras soluções analíticas
são discutidas em textos avançados, e soluções detalhadas
podem ser obtidas através de técnicas numéricas
(diferenças finitas e elementos finitos).
Nosso tratamento também será restrito a escoamentos
incompressíveis, ou seja, líquidos ou gases com Mach
Observe a semelhança entre as últimas três equações menor do que 0,3 (ou 100 m/s para ar em condições
básicas, todas elas tem termos relacionados à advecção do ambientais)
lado esquerdo e um termo difusivo no lado direito.
6.5 Similaridade na Camada-Limite: As Substituindo-se as variáveis adimensionais nas equações
básicas, obtemos:
equações Normalizadas
6.5.1 Parâmetros de Similaridade da Camada-Limite Os três parâmetros de similaridade adimensionais que
aparecem, o número de Reynolds, Re, o número de
As equações da camada-limite são normalizadas a partir
Prandtl, Pr, e o número de Schmidt, Sc, permitem a
das variáveis adimensionais:
utilização de resultados para superfícies geometricamente
similares.

onde Contanto que os parâmetros de similaridade e as condições


de contorno adimensionais sejam os mesmos para dois
sendo um comprimento característico da superfície (por conjuntos de condições, as soluções dessas equações
exemplo, o comprimento da placa plana) e a velocidade à diferenciais são idênticas.
e as condições de contorno são
montante da superfície.

Exercício: 4ª questão da 1ª prova de 2015b Analogamente Analogamente:


Obtenha as equações básicas na forma adimensional.
Solução

Condições de contorno:

Então vale zero para qualquer ponto com


ordenada zero, o que significa que ele vai valer zero
também para o ponto , ou seja, .
Exercício: 2ª questão da 1ª prova de 2015b Exercício: 4ª questão da 1ª prova de 2016A
Obtenha o coeficiente de transferência de calor médio para Durante o resfriamento de laranjas, o coeficiente de
uma superfície onde o número de Nusselt na posição transferência de calor para convecção, radiação e
medida a partir da aresta frontal é dado por evaporação combinadas para velocidades do ar entre 0,11
. e 0,33 m/s é determinado experimentalmente e expresso
Solução como , onde o diâmetro é o
comprimento característico. As laranjas são refrigeradas
por ar a 5°C e 1 atm a velocidade de 0,5 m/s. Determinar
(a) a taxa inicial de transferência de calor de uma laranja
com 7 cm de diâmetro inicialmente a 15°C com uma
condutividade térmica de 0,50 W/(m·°C), (b) o gradiente
inicial de temperatura na superfície da laranja, e (c) o valor
do número de Nusselt.

Solução 6.5.2 Forma Funcional das Soluções


A velocidade foi corrigida na edição seguinte deste livro A solução de
para um valor entre 0,11 e 0,33 m/s.
T cp k
Pr
(K) (kg/m³) (kJ/(kg (m²/s) (m²/s)
tem a forma funcional:
250 1,3947 1,006 159,6 11,44 22,3 15,9 0,72
283 1,24002 1,0067 176,18 14,390 24,95 20,28 0,7114
300 1,1614 1,007 184,6 15,89 26,3 22,5 0,707
Como a distribuição de pressões depende da geometria da
superfície (e pode ser obtida de forma independente), a
presença de nesta equação representa a
influência da geometria na distribuição de velocidades.
A tensão de cisalhamento Esse resultado deve ser enfatizado, pois o é de Contudo, a equação
considerável importância para a engenharia: para uma
geometria especificada, a função que relaciona a e
é universalmente aplicável.
sugere que essa dependência pode ser simplificada:
e, portanto, o coeficiente de atrito
Resultados similares podem ser obtidos para os
coeficientes convectivos de transferência de calor e de
massa.
Mais uma vez o termo representa o efeito da
podem ser obtidos de Intuitivamente, podemos antecipar que depende das geometria da superfície.
propriedades do fluido , da velocidade do fluido
Com as variáveis adimensionais:
, da escala de comprimento e da geometria da
Assim, para uma dada geometria: superfície.

a qual sugere a definição do número de Nusselt:

Número de Sherwood:
A importância de uma expressão como essa deve ser
Então é o gradiente de temperatura adimensional na plenamente valorizada. Os valores de obtidos
superfície. Para uma geometria especificada: experimentalmente ou numericamente podem ser
representados em termos de somente três grupos Para uma geometria especificada:
adimensionais, em vez dos sete parâmetros dimensionais
está para a camada-limite térmica assim como está
originais. e o valor médio:
para a camada-limite de velocidade.
Analogamente, para o caso de transferência de massa no
Então, se esta função universal de for
escoamento de um gás sobre um líquido evaporando ou
conhecida, o fluxo térmico local pode ser obtido para
um sólido sublimando:
diferentes fluidos e diferentes valores de e . Obtivemos os parâmetros adimensionais para as camadas-
limite de convecção forçada a baixas velocidades através da
Além disso, como o coeficiente de transferência de calor adimensionalização das equações diferenciais básicas.
médio é obtido por integração ao longo do corpo:
Um procedimento alternativo envolveria o uso da análise Transferência de Calor Transferência de Massa
dimensional na forma do teorema pi de Buckingham.
Resumo
Escoamento de Fluidos

Exemplo 6.5 Solução


Para manter uma determinada temperatura superficial, o Caso 1. Para uma geometria especificada
calor transferido para uma pá de turbina é removido por
uma substância refrigerante que circula pelo seu interior.
Em testes experimentais, mediu-se o fluxo térmico em um Como não variou e das condições experimentais
ponto particular. para a condição deste caso, então é o mesmo. Além
disso, como não variou e , então também é o mesmo,
Determine o fluxo térmico em pontos equivalentes, para
e podemos calcular o do experimento e utilizá-lo para
duas novas condições mostradas.
este caso:
Caso 2 Comentários:
Novamente não variou e , e nem , pois 1. Se fosse diferente, então seria necessário saber a 6.7 Analogias das Camadas-Limite
dependência funcional de
2. As temperaturas do ar na camada-limite variam de O interesse da engenharia no comportamento das
Então é o mesmo. até . Desta forma, propriedades representativas camadas-limite está direcionado principalmente para ,
devem utilizar temperaturas médias e, então, (e ) e , através dos quais, pode-se calcular,
são um pouco diferentes. respectivamente, a tensão de cisalhamento na parede e as
taxas de transferência de calor e de massa por convecção.
3. A velocidade do som nessas condições é 736 m/s, então
o escoamento é incompressível nos dois casos. Se um
deles fosse compressível, não haveria similaridade.

6.7.1 A Analogia entre as Transferências de Calor e de Então, se for obtida a forma funcional de
Massa
Processos governados por equações com a mesma forma através, por exemplo, de experimentos, pode-se utilizar ou
são ditos análogos. para a mesma geometria a forma obtida para
Este é o caso da transferência de calor e de massa por
convecção. Ambas equações diferenciais estão simplesmente substituindo por e por . Lembrando que
relacionadas ao campo de velocidades através de . Os Antecipamos que, em geral,
parâmetros e assumem papéis análogos.
Assim, para uma geometria específica, as relações das tem-se
transferência de calor e de massa são intercambiáveis. Então:
Exemplo 6.6 Solução
Precisamos saber qual o resfriamento convectivo de um Tabela A.4, Hidrogênio:
suporte aerodinâmico bidimensional devido a um
escoamento de hidrogênio.
A molécula de hidrogênio é pequena e não pode vazar por Tabela A.4, Ar:
ser inflamável, então, em vez de se realizar experimentos
caros envolvendo hidrogênio pressurizado, utiliza-se um
suporte geometricamente similar em túnel de vento.
Note que os dados do hidrogênio disponíveis nas tabelas
Determine a requerida no experimento. correspondem a pressão de 1 atm ao invés de 2 atm.
Sabendo que se obteve uma perda térmica por unidade de Algumas propriedades ( , , e ) são bastante
comprimento do objeto normal à página de independentes da pressão, porém, e,
W/m, determine . consequentemente, , não são.

Supondo H2 um gás ideal, para uma mesma temperatura: Exemplo 6.7


Obter a concentração molar e o fluxo molar do vapor

medidas de temperatura e de fluxo térmico foram


efetuadas no primeiro sólido.
Utilizaremos que Assim:

Observe que , então é necessário que


Solução
Tabela A.4, Ar (50°C):

°C):

água-ar (50°C):

Utiliza-se a analogia entre as transferências de calor e de


massa.

Comentários: Exercício: 3ª questão da 1ª prova de 2015b


1- Foi utilizado a viscosidade cinemática do ar puro para Um modelo, que tem comprimento 1 m e temperatura
calcular superficial uniforme 400 K, quando colocado no ar
camada-limite de concentração é pequena; atmosférico, a uma temperatura de 300 K e a 100 m/s,
2- Para o caso 1, as propriedades do ar são avaliadas na perde calor a 20 kW/m². O protótipo tem comprimento 5
temperatura média do filme: m e mesma temperatura superficial, então qual será o seu
coeficiente convectivo médio se for colocado no ar também
a 300 K, mas a 20 m/s ?
Solução 6.7.3 A Analogia de Reynolds Consequentemente, as formas funcionais de , e ,
Para uma placa plana paralela ao escoamento, são equivalentes. Então:
e , com , as equações de camada-
limite possuem exatamente a mesma forma:

Incluindo o número de Stanton:

e o número de Stanton da transferência de massa:

obtém-se As analogias de Reynolds modificadas, ou analogias de Exercício: 3ª questão da 1ª prova de 2016A


Chilton-Colburn, possuem as formas O para-brisa de um carro tem 0,6 m de altura e 1,8 m de
comprimento, e tem um aquecedor que consome 50 W de
que é conhecida por analogia de Reynolds, e relaciona os energia elétrica quando está exposto a um vento paralelo a
parâmetros de engenharia chaves das camadas-limite de 1 atm, 0°C e 80 km/h, e a temperatura de sua superfície
velocidade, térmica e de concentração. exposta é de 4°C.
onde e são os fatores de Colburn, para as
As restrições desse resultado são as aproximações da Desconsiderando a transferência de calor da superfície
transferências de calor e de massa, respectivamente.
camada-limite, e e . interna e usando a analogia de Reynolds modificada,
Para escoamentos laminares estas equações servem determinar a força de arrasto que o vento exerce sobre o
Encontrou-se correções para que esta analogia possa ser
apenas quando , mas para escoamentos para-brisa.
aplicada em uma ampla faixa de e .
turbulentos elas são aproximadamente válidas para
qualquer .
Solução 6.7.2 Resfriamento Evaporativo Para estar com temperatura constante, a energia latente
Propriedades do ar Ocorre quando um líquido está em contato com um gás perdida pelo líquido tem que ser reposta por transferência
que não está saturado (menos do que 100% de umidade). de calor a partir de sua vizinhança, que pode ser por
T cp k
Pr convecção, radiação, ou por alguma outra adição de calor.
(K) (kg/m³) (kJ/(kg (m²/s) (m²/s) As moléculas do líquido tem um grau de agitação média
250 1,3947 1,006 159,6 11,44 22,3 15,9 0,72 correspondente a temperatura do líquido. A evaporação Supondo que o líquido esteja com temperatura constante
275 1,27735 1,0065 172,18 13,678 24,31 19,22 0,7135 ocorre com as moléculas que tem grau de agitação maior devido exclusivamente à convecção:
300 1,1614 1,007 184,6 15,89 26,3 22,5 0,707 do que a média e maior do que a necessária para superar a
energia de ligação na superfície, e estejam próximas à com
superfície.
Essas moléculas levam consigo uma parte desproporcional onde é o calor latente de vaporização do líquido, que é
da energia interna do líquido que então reduz sua a energia associada à mudança de fase.
temperatura. Este é o efeito de resfriamento.
Substituindo:

obtém-se As propriedades do gás (espécie B) , e devem ser as


da temperatura média da camada-limite térmica
, enquanto que o calor latente de
Utilizando a equação obtida a partir da analogia: vaporização da espécie A, , deve ser o da temperatura
da superfície .
Numerosas aplicações ambientais e industriais surgem em
e a lei do gás ideal situações nas quais o gás é o ar e o líquido é a água.

obtém-se o efeito de resfriamento evaporativo:


Exemplo 6.8 Solução
Um recipiente envolvido por um tecido que é Tabela A.4, ar (300 K): ,
continuamente umedecido com líquido altamente volátil , .
(agente umectante) pode ser usado para manter
Substituindo em
recipientes resfriados em regiões quentes e áridas.
Obtenha a temperatura do recipiente da figura.

obtém-se

onde
Poder-se-ia recalcular a temperatura do filme, obter novos
valores das propriedades, e se refazer os demais cálculos
para se chegar a uma temperatura mais exata,
iterativamente.

6.6 Interpretação Física dos é uma propriedade do fluido que mede a eficiência
relativa entre os transportes de qdm na camada-limite
Parâmetros Adimensionais hidrodinâmica, e de energia na camada-limite térmica:
Então, pode ser interpretado como a razão entre as
Através da equação forças de inércia e viscosas. Quando maior seu valor, maior
a importância das forças inerciais em relação às viscosas. Pelas tabelas dos anexos, vemos que em metais
líquidos, em óleos, e em gases.
Dessa maneira, determina a existência do escoamento
Observamos que as forças por unidade de massa tem a laminar ou turbulento. Então para metais líquidos , para óleos ,e
forma que, numa aproximação em termos de para gases .
Ele também influencia , pois o aumento de em um
ordem de grandeza fornece . ponto fixo sobre uma superfície fazem os efeitos da Sabe-se que, para camadas-limite laminares
A força de cisalhamento por unidade de massa está no lado viscosidade penetrarem menos na corrente livre, e
direito da equação e pode ser aproximada por . diminuir. sendo .
Consequentemente:
Analogamente, é uma propriedade do fluido que mede
a eficiência relativa entre os transportes de qdm na
camada-limite hidrodinâmica, e de massa na camada-limite
de concentração:

Para camadas-limite laminares

Outra propriedade adimensional dos fluidos é o número de


Lewis que é relevante para transferência simultânea de
calor e de massa por convecção:

onde, para a maioria das aplicações, .

Exercício: 1ª questão da 1ª prova de 2015b


Para um determinado fluido escoando sobre placa plana,
em convecção forçada tem-se que e em
convecção livre , onde , , e são
constantes.
Mostre que os coeficientes de transferência de calor local
são independentes da diferença de temperatura da
superfície para o ar na convecção forçada, enquanto que na
convecção livre, depende de
Sabendo que na convecção livre turbulenta ,
mostre que o coeficiente de transferência de calor não
varia com a coordenada .
Solução
6S.1 Dedução das Equações da A equação diferencial resultante, que fornece a base para a
Na convecção forçada: previsão da distribuição de temperaturas, agora requer o
Transf. Convectiva (Não cai na prova) conhecimento do campo de velocidades.
No Capítulo 2 aplicamos a conservação de energia em um Esse campo deve, por sua vez, ser determinado pela
Na convecção livre solução de equações diferenciais adicionais deduzidas com
volume de controle (VC) diferencial e deduzimos uma
equação diferencial que foi chamada de equação do calor. a aplicação da conservação de massa e da segunda lei de
Newton do movimento em um volume de controle
Se a substância não estiver estacionária, as condições se
diferencial.
tornam mais complexas. Por exemplo, se a conservação de
energia for aplicada em um volume de controle diferencial Nosso objetivo é deduzir equações diferenciais que possam
Na convecção livre turbulenta:
em um fluido em movimento, os efeitos do movimento do ser usadas para prever os campos de velocidades, de
fluido (advecção) sobre a transferência de energia através temperaturas e de concentrações de espécies no interior
das superfícies do volume de controle devem ser do fluido.
necessariamente considerados, em conjunto com aqueles
da condução.

Para simplificar essa dedução, restringimos nossa atenção Analogamente, a taxa líquida de massa que sai do VC pela
ao escoamento bidimensional em regime estacionário. direção é:
Consequentemente, uma profundidade unitária pode ser
atribuída para a direção z, desta forma fornecendo um
volume de controle diferencial com extensão .
E a massa que se acumula no VC é
6S.1.1 Conservação de Massa
Observe a figura: a vazão mássica que atravessa a face
esquerda é Assim, a conservação da massa leva a

e a que atravessa a face direita é

Então, a taxa líquida de massa que sai na direção é:


Em 3D ela é
6S.1.2 Segunda Lei do Movimento de Newton O primeiro índice do subscrito dos componentes da tensão
Dois tipos de força podem atuar sobre o fluido: forças de indica a orientação da superfície, pela direção da sua
corpo, que são proporcionais ao volume, e forças de normal (o sentido da normal é para fora do VC). O segundo
ou
superfície, que são proporcionais à área. índice representa a direção do componente da força.
Campos gravitacional, centrífugos, magnéticos e/ou
elétricos podem contribuir para a força de corpo total, e
esta forma é valida para qualquer sistema de coordenadas. designamos por X e Y os componentes nas direções x e y,
Esta equação se aplica a um fluido composto por uma única respectivamente, dessa força por unidade de volume de
espécie, assim como em misturas nas quais a difusão de fluido.
espécies e reações químicas podem estar ocorrendo. As forças de superfície Fs são devidas à pressão estática e
às tensões viscosas. Em qualquer ponto no interior do
fluido, a tensão viscosa pode ser decomposta em dois
componentes perpendiculares, os quais incluem uma
tensão normal e uma tensão de cisalhamento .

Todos os componentes da tensão mostrados são positivos, Os fluxos de qdm relevante para a direção estão
visto que a normal à superfície e o componente da força se mostrados na figura:
encontram no mesmo sentido.
Essas tensões devem desaparecer se a velocidade do
fluido, ou se o seu gradiente, for reduzida a zero. Nesse
sentido, as tensões viscosas normais não podem ser onde, se utilizou a regra da cadeia:
confundidas com a pressão estática, que não se reduz a
zero na ausência de velocidade.
O balanço de forças leva a
Então, a taxa líquida na qual a qdm na direção sai do VC é
Portanto, pela segunda lei de Newton:
Analogamente A obtenção destas relações é feita em cursos de pós-graduação.
Substituindo elas nas equações resultantes da aplicação da
segunda lei de Newton, obtém-se :
As parcelas do lado esquerdo de cada equação
representam a taxa líquida de saída de qdm do VC,
enquanto que as parcelas do lado direito representam as
forças líquidas viscosas e de pressão, e as forças de corpo. Para um fluido newtoniano:
As tensões viscosas estão associadas à deformação do
fluido e são funções de sua viscosidade e dos gradientes de
velocidade.
A tensão normal produz uma deformação linear no fluido,
enquanto uma tensão de cisalhamento produz uma
deformação angular.

No caso de fluido incompressível com viscosidade 6S.1.3 Conservação de Energia Os efeitos da energia potencial podem ser incluídas através
constante, e com a força da gravidade como única força de Aplicaremos a conservação da energia a um VC diferencial do trabalho efetuado pelas forças de campo, então, ao
campo: em um fluido viscoso com transferência de calor contrário do que é feito em termodinâmica, não as
incluiremos no transporte por advecção pelo movimento
global do fluido.
Assim, para a direção x, a taxa líquida na qual essa energia
entra no VC é
que tem a forma geral

Energia também é transferida através da superfície de


controle (SC) por processos moleculares: condução de calor
e transferência de energia através da difusão das espécies.
Entretanto, somente em escoamentos quimicamente
reativos que a difusão mássica das espécies influencia
consideravelmente as condições térmicas. Desta forma,
esse efeito é desprezado no presente desenvolvimento.
Para o processo de condução, a transferência líquida de
energia para o interior do volume de controle é A primeira parcela no lado direito representa o trabalho
efetuado pela força de campo e as demais o trabalho onde é a taxa na qual energia térmica é gerada por
líquido efetuado pelas forças de pressão e viscosas. unidade de volume.
A energia transferida por interações de trabalho, envolve Usando essas três equações, assim como as equações Essa expressão fornece uma forma geral da exigência de
forças de campo e de superfície. A taxa líquida na qual análogas para a direção y, a conservação da energia pode conservação da energia para o escoamento de um fluido
trabalho é efetuado sobre o fluido pelas forças na direção x ser escrita como viscoso com transferência de calor.
pode ser representada por

Uma forma mais conveniente para problemas de Além disso


transferência de calor, conhecida como equação da energia
térmica, é obtida multiplicando a primeira equação da lei
Então
de Newton por e a segunda por , subtraindo os
resultados, e com considerável manipulação algébrica: A primeira parcela no lado direito desta expressão tem sua
origem nas tensões de cisalhamento viscosas e as parcelas
restantes aparecem em função das tensões normais onde
viscosas. Todas elas levam em consideração a taxa na qual
trabalho mecânico é irreversivelmente convertido em
energia térmica devido aos efeitos viscosos no fluido.
onde representa uma conversão Se o fluido for incompressível, então, pela conservação da
reversível entre trabalho mecânico e energia térmica, e , massa A equação da energia térmica pode também ser escrita em
a dissipação viscosa, definida por
termos da entalpia do fluido
6S.1.4 Conservação de Espécies
Se o fluido viscoso é constituído por uma mistura binária na
qual há gradientes de concentração das espécies, ocorrerá
transporte relativo das espécies e a conservação da espécie
Se o fluido for um gás perfeito, então tem que ser satisfeita em cada ponto no fluido.
A forma pertinente da equação da conservação pode ser
obtida pela identificação dos processos que afetam o
transporte e a geração da espécie A em um VC diferencial
no fluido.
Se for uniforme: Considere o VC da figura. A espécie A pode ser
transportada por advecção (com a velocidade média da
mistura) e por difusão (relativa ao movimento médio da
mistura) em cada uma das direções coordenadas.

A concentração também pode ser afetada por reações


químicas e designamos a taxa na qual a massa da espécie A
é gerada por unidade de volume devido a tais reações por
. No caso de fluido incompressível, a conservação da espécie
A se simplifica para:
A taxa líquida na qual a espécie A entra no VC devido à onde, foi utilizado a lei de Fick
advecção na direção x é

ou, na forma molar,


Expressões análogas valem para a direção .
Então, a conservação da espécie A é:
Analogamente, a taxa líquida na qual a espécie A entra no que tem a forma vetorial:
VC devido à difusão na direção é
Exemplo 6S.1 1. Obter a forma apropriada da equação da continuidade. Solução
Uma das poucas situações nas quais soluções exatas para 2. Partindo da equação da qdm, determinar a distribuição
as equações de transferência convectiva podem ser obtidas de velocidades entre as placas.
envolve o que é chamado de escoamento paralelo, onde o 3. Partindo da equação da energia, determinar a
movimento do fluido ocorre somente em uma direção. distribuição de temperaturas entre as placas.
Considere um caso particular de escoamento paralelo 4. Considere condições nas quais o fluido que preenche o
envolvendo uma placa estacionária e outra em movimento, espaço entre as placas é óleo de motor com a distância
ambas com extensão infinita. entre elas de L = 3 mm. A velocidade da placa em Tabela A.8, óleo de motor (20°C): = 888,2 kg/m3, k =
O espaço entre as placas é preenchido por um fluido movimento é U = 10 m/s e as temperaturas nas placas 0,145 W/( -6 m2/s, = 0,799 /m2.
incompressível. Essa situação é conhecida por escoamento estacionária e em movimento são T0 = 10°C e TL = 30°C,
1. Para um fluido incompressível ( constante) e escoamen-
de Couette e ocorre, por exemplo, na lubrificação de um respectivamente. Calcule o fluxo térmico para cada
to paralelo ( ), a conservação da massa se reduz a
mancal. placa e determine a temperatura máxima no óleo.

Então, pode ser dito que o campo de velocidades encontra-


se completamente desenvolvido.
2. Para regime estacionário, escoamento paralelo,
escoamento desenvolvido, e sem forças de campo, a
segunda lei de Newton se reduz a 3. Com as mesmas hipóteses acima:

Não há gradiente de pressão neste problema, o movimento


do fluido é mantido pelo movimento relativo das placas, 4. Pela lei de Fourier
então:
Como as placas superior e inferior se encontram a temperaturas
uniformes, o campo de temperaturas também deve estar
completamente desenvolvido, então:
Comentários:
Devido ao efeito significativo da dissipação viscosa,
ocorre no óleo e há transferência de calor do óleo até
A localização do ponto onde a temperatura no óleo é mesmo para a placa quente. A distribuição de
máxima pode ser determinada por temperaturas é uma função da velocidade da placa em
As propriedades físicas foram avaliadas a (TL + T0)/2 = 20°C.
movimento e o efeito dessa velocidade é mostrado no
Para cálculos mais precisos, as propriedades deveriam ser
gráfico a seguir. Para velocidades inferiores a U1, a
obtidas em um valor mais apropriado para a temperatura
temperatura máxima corresponde à da placa quente. Para
média (por exemplo, T = 55°C).
U = 0 não há dissipação viscosa e a distribuição de
temperaturas é linear.

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